SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 9
Baixar para ler offline
Contabilidade de Custos




________________________________________________________________________




   CONTABILIDADE DE CUSTOS


________________________________________________________________________




                           Versão Agosto/2010
Contabilidade de Custos

                                                    CUSTOS
Comparação entre a Contabilidade Gerencial e a Contabilidade
Financeira

Fator                           Contabilidade Financeira                     Contabilidade Gerencial
Usuários dos relatórios:        Externos e Internos.                         Internos.


                                                                             Objetivo especial de facilitar o planeja-
                                Facilitar a análise financeira para as
Objetivo dos relatórios:                                                     mento, controle, avaliação de desempe-
                                necessidades dos usuários externos.
                                                                             nho e tomada de decisão internamente


                                                                             Orçamentos, contabilidade por respon-
                                Balanço Patrimonial, Demonstração dos
                                                                             sabilidade, relatório de desempenho,
                                Resultados, Demonstração das Origens e
Forma dos relatórios:                                                        relatórios de custo, relatórios especiais
                                Aplicações de Recursos e Demonstração
                                                                             não rotineiros para facilitar a tomada de
                                das Mutações do Patrimônio Líquido
                                                                             decisão


                                Anual, trimestral e ocasionalmente
Freqüência dos relatórios:                                                   Quando necessário pela administração.
                                mensal.


Custos ou valores utilizados:   Primariamente históricos (passados ).        Históricos e esperados (previstos).


                                                                             Várias bases (moeda corrente, moeda
Bases de mensuração usadas
                                Moeda corrente                               estrangeira – moeda forte, medidas
para quantificar os dados:
                                                                             físicas, índices, etc.).


Restrições nas informações                                                   Nenhuma restrição, exceto as determi-
                                Princípios Contábeis Geralmente Aceitos.
fornecidas:                                                                  nadas pela administração .


                                                                             Utilização pesada de outras disciplinas,
                                                                             como economia, finanças, estatística,
Arcabouço teórico e técnico:    Ciência Contábil.
                                                                             pesquisa operacional e comportamento
                                                                             organizacional.


                                                                             Deve ser relevante e a tempo, podendo
Características da informação   Deve ser objetiva (sem viés), verificável,
                                                                             ser subjetiva, possuíndo menor verifi-
fornecida:                      relevante e a tempo.
                                                                             cabilidade e menor precisão.


                                                                             Orientada para o futuro, para facilitar o
                                                                             planejamento, controle e avaliação de
                                                                             desempenho antes do fato (para impor
Perspectiva dos relatórios:     Orientação histórica.
                                                                             metas), acoplada com uma orientação
                                                                             histórica para avaliar os resultados
                                                                             reais (para o controle posterior do fato).
Contabilidade de Custos
Breve Histórico da Contabilidade de Custos

Segundo os historiadores, a evolução dos sistemas de produção na civilização ocidental pode ser
dividida em duas grandes etapas.

A primeira etapa, que começa no princípio da Idade Média prolongando-se até o final do século XVI,
compreende os sistemas de produção conhecidos como “familiar”, “de corporações” ou “doméstico”.

Esses sistemas relativamente simples, apropriados a centros urbanos restritos, a condições de
concorrência limitada e a uma evolução tecnológica ainda incipiente, não requeriam sofisticados
artifícios contábeis para registro das operações realizadas ou apuração dos resultados obtidos.

Durante os primeiros séculos da Idade Média, o sistema de produção dominante era chamado
“sistema familiar”, no qual a maioria das necessidades das pessoas era atendida pelos membros da
sua família e seus agregados.

Excetuando-se umas poucas necessidades supridas através de trocas com vizinhos ou de compras em
primitivos e raros postos de vendas, tudo o mais era providenciado pela família que, além de
produzir (nas grandes extensões de terra então disponíveis) a maior parte dos alimentos requeridos,
construía habitações, cortava madeira para aquecimento, preparação dos alimentos e fabricação de
móveis e artefatos domésticos, criava animas para alimentação da carne e vestuário, bem como
desenvolvia atividades consideradas essenciais para a sobrevivência.

Com o passar do tempo e como decorrência direta do crescimento populacional, urbano e
tecnológico, o sistema produtivo foi gradualmente tornando-se menos simples e limitado e mais
complexo. Veio a época dos artesãos, na qual o sistema de produção predominante ficou conhecido
como “Sistema das Corporações”, porque os artesãos uniam-se em Corporações para defender-se de
dificuldades econômicas oriundas de competição indesejada e/ou associadas a doenças ou velhice.

A célula básica desse sistema era constituída por um mestre artesão e uns poucos ajudantes ou
aprendizes, cula atividade visava ao atendimento das necessidades de um mercado local ainda muito
limitado.

Esse mestre artesão era o único proprietário e contratador dos recursos que utilizava e, por isso
mesmo, dono do próprio negócio. Ele não vendia o seu trabalho; vendia um produto ou serviço final.
Era assim, de certa forma, independente.

Com a continuidade do crescimento dos mercados, das cidades e da tecnologia, novos modelos de
sistema produtivo começaram a disputar a hegemonia do sistema corporativo.

Um novo personagem invadiu a cena: o intermediário – que passou a negociar as encomendas e a
entregar ao mestre artesão as matérias-primas necessárias para atendê-las. Começava a acontecer
uma crescente limitação das responsabilidades e da independência do mestre artesão, anunciando o
advento da nova forma dominante de organização econômica: o sistema doméstico.

Nesse sistema, que prevaleceu até o final do século XVI, as atribuições do artesão e,
conseqüentemente, a sua independência, tornaram-se cada vez menos relevantes. Ainda era ele quem
orientava a produção em sua casa, com seus ajudantes e com ferramentas de sua propriedade, mas já
não mantinha contatos com o cliente final de seus produtos e nem era dono das matérias-primas que
utilizava.

Estava preparado o cenário para a segunda etapa do desenvolvimento dos modelos produtivos
ocidentais, iniciada no século XVII, com a crescente predominância do chamado sistema de
Contabilidade de Custos
produção fabril. Esse sistema começou a nascer quando o antigo intermediário (agora investido do
status de um verdadeiro empreendedor), percebendo que o sistema de produção doméstico não era
bastante ágil e nem bastante produtivo para atender a demanda crescente dos populosos centros
urbanos em franco desenvolvimento, passou a introduzir mudanças radicais na estrutura da
organização produtiva.

Levantando os vultosos capitais necessários, inventou a fábrica: tirou o artesão e seus ajudantes de
casa, transformou-os em simples assalariados, pondo-os a trabalhar em instalações e com
equipamentos de sua propriedade. Agora o mestre artesão de outras épocas (independente e bem
conceituado na sociedade) transformou-se em feitor ou supervisor de fábrica.

Foi com o início da predominância desse tipo de configuração econômica que a administração dos
negócios começou a reclamar uma Contabilidade de Custos.

Até então sempre houvera uma certa forma de registro contábil porque – segundo os historiadores –
os ganhos e perdas financeiros da humanidade sempre foram, de alguma forma, anotados, mesmo em
civilizações anteriores à Ocidental. Diz-se que a Contabilidade – naturalmente, em forma rudimentar
– já existe há milhares de anos: blocos de pedra, gravados por antigas civilizações, trazem registros
identificados pelos especialistas, como dados contábeis.

A arte de registrar tais dados evoluiu ao longo do tempo, acompanhando o crescimento das
transações econômicas e recebendo um impulso notável através das “partidas dobradas” inventadas
por um engenhoso frade veneziano do século XV.

Mesmo com esse avanço e com os aperfeiçoamentos anteriores, os procedimentos básicos da
chamada Contabilidade Geral, embora satisfatória para a maioria dos fins externos à empresa, não
atendia às necessidades administrativas da nova célula produtiva – a indústria – cuja gerência
financeira revelava aspectos mais complexos a cada dia.

Esse novo tipo de organização, à medida que se expandia, diversificava a sua produção e
experimentava competição crescente, reclamava informações que a Contabilidade Geral, apesar de
sua ininterrupta evolução, não podia gerar.

Adotando uma estrutura por departamento ou centro de custo, fabricando, simultaneamente, produtos
diferenciados em um ambiente cada vez mais competitivo, a atividade industrial exigia o
desenvolvimento de uma Contabilidade voltada para dentro, para suas necessidades administrativas
internas, e não uma Contabilidade voltada para fora, para suprir as necessidades de parceiros
externos (governo, acionistas, banqueiros, fornecedores, etc.).

Entretanto, mesmo para finalidades externas, a Contabilidade Geral (ainda refletindo, em grande
parte, o feitio assumido na época mercantilista) não se mostrava totalmente eficaz, principalmente
porque, em busca de rendas crescentes e de mecanismos de fiscalização cada vez mais rigorosos, o
Fisco já começava a espreitar por sobre os ombros dos contadores, esquadrinhando os seus
lançamentos e regulamentando a forma de calcular os valores sujeitos à tributação, o que se verifica
até hoje.

Não tardou até que fórmulas fossem estabelecidas para determinar esses valores e, como base dessas
fórmulas, surgiram métodos cada vez mais criteriosos para a avaliação de inventários. Segundo a
maioria dos historiadores, foi aí que teve início a Contabilidade de Custos propriamente dita. Por
isso é comum ouvir-se dizer que a origem do estudo dos custos empresariais está associada à
avaliação dos estoques – procedimento não só de finalidade externa, como também de expressiva
valia gerencial.
Contabilidade de Custos
Certamente algum tipo de avaliação de estoques, talvez exclusivamente relativo às matérias-primas,
já existia anteriormente à fase fabril do mundo ocidental. Mas a empresa fabril da segunda etapa da
nossa história, muito mais complexa, de propriedade diluída por um número crescente de sócios e
submetida aos rigores crescentes do Fisco, não podia se contentar com procedimentos primitivos e
parciais de atribuição de valores aos estoques.

Nessas empresas não se pode assumir que existem apenas estoques daquilo que é comprado pronto
(matérias-primas e material indireto), sendo imperativo admitir que, para a adequada apuração dos
resultados de cada período, existem ao menos outros dois estoques: o estoque de produtos em
elaboração ou em processamento, e o estoque de produtos acabados.

É óbvio que a avaliação desses estoques exige a apuração e a consolidação dos gastos envolvidos na
produção dos bens estocados: é preciso que sejam conhecidos os montantes de materiais, de mão-de-
obra e de gastos gerais de fabricação aplicados na produção de cada um desses bens.

Para definir esses valores, todo um sistema de registro, acompanhamento, apropriação e rateio de
gastos, bem como toda uma parafernália de lançamentos contábeis e controles paralelos e “extra-
oficiais”, tornam-se indispensáveis. Assim a Contabilidade de Custos, como um complexo e
coerente conjunto de técnicas e de procedimentos, começou a tomar forma.

Naturalmente, repetindo a história da Contabilidade Geral como decorrente, a Contabilidade de
Custos não nasceu completa, mas, aos poucos, entrou em processo evolutivo de constante
aperfeiçoamento que mantém até hoje, firmando-se e estabelecendo-se com características e
objetivos que a diferenciam da Contabilidade Geral.

Como se vê, as mudanças no ambiente econômico determinaram o aparecimento da Contabilidade
de Custos. Desde então, em função da continuidade das mudanças desse mesmo ambiente, a
importância da Contabilidade de Custos acentuou-se de forma marcante, chegando nos dias atuais,
com a chamada competição global, ao seu ponto máximo.

Do ambiente limitado vigente no tempo do “Sistema das Corporações”, quando anotações contábeis
primitivas eram suficientes para a orientação dos administradores da época, até o tempo do sistema
fabril, quando uma Contabilidade cada vez mais sofisticada passou a ser requerida, nota-se que a
expansão dos mercados e o conseqüente acirramento da competição, são os determinantes principais
da evolução dos procedimentos contábeis e, principalmente, da Contabilidade de Custos.
Contabilidade de Custos
Terminologia Básica

Como em qualquer área do conhecimento científico, a Contabilidade, e agora em especial a
Contabilidade de Custos, utiliza termos com significados técnicos, de forma a padronizar a
linguagem entre os profissionais, estudiosos e usuários deste campo específico do conhecimento.
Entre a terminologia contábil de custos, destacamos:

Gasto: Compra de um produto ou serviço qualquer, gerando sacrifício financeiro para a empresa
(desembolso), sacrifício esse representado pela entrega ou promessa de entrega de ativos
(normalmente dinheiro).

Desembolso: Pagamento resultante da aquisição de bens ou serviço.
Pode ocorrer antes, durante ou depois da entrega dos bens ou serviços comprados, portanto, pode
haver ou não defasagem em relação ao momento do gasto.

Investimento: Gasto ativado (classificado no ativo) em função de sua vida útil ou de benefícios
atribuíveis a período(s) futuro(s).
Todos os desembolsos havidos pela aquisição de bens ou serviços (gastos) que são classificados nos
estoques, portanto no Ativo, para baixa ou amortização quando de sua venda, seu consumo,
desaparecimento ou de sua desvalorização são chamados de investimentos.
Os investimentos podem ser de diversas naturezas e de período de ativação variados. A matéria-
prima é um gasto classificado temporariamente como investimento circulante; a compra de uma
máquina é um gasto que se transforma em um investimento permanente; já as ações adquiridas de
outra empresa é um gasto classificado como investimento circulante ou permanente, dependendo da
intenção que levou a empresa à aquisição.

Custo: Gasto relativo à aquisição de um bem ou serviço utilizado (consumido) na produção de
outros bens ou serviços.
A depreciação de uma máquina utilizada no processo de fabricação de bens ou serviços é o
reconhecimento do custo de desgaste desta máquina que está classificada como investimento.

Despesa: Bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para obtenção de receitas.

Perda: Bem ou serviço consumidos de forma anormal e involuntária.
Exemplos: desfalque no caixa, perdas por inundações, greves ou incêndios, perda de veículos em
desastre, etc.
A perda difere da despesa porque enquanto na despesa ocorre o consumo para obtenção de receita, a
perda não está relacionada à geração de receita.

Ganho: É um lucro não relacionado à atividade operacional da empresa.
Exemplos: Venda de um bem do Ativo Permanente Imobilizado por valor superior ao saldo
registrado na Contabilidade (chamado ganho de capital), ganhos com a variação cambial, etc.

Custo de Produção do Período é a soma dos custos incorridos no período dentro da fábrica.

Custo da Produção Acabada é a soma dos custos contidos na produção acabada no período. Pode
conter Custos de Produção também de períodos anteriores existentes em unidades que só foram
concluídas no presente período.

Custo dos Produtos Vendidos é a soma dos custos incorridos na produção dos bens e serviços que
só agora estão sendo vendidos. Pode conter custos de produção de diversos períodos, caso os itens
vendidos tenham sido produzidos em diversas épocas diferentes.
Contabilidade de Custos
Os três conceitos são bastante distintos e não há nenhuma relação obrigatória entre seus valores no
que respeita a sua grandeza. Cada um pode ser maior ou menor que o outro em cada período,
dependendo das circunstâncias.




EXERCÍCIO

A empresa Máxima atua no mercado de produção de móveis na região de Itatiba. Em determinado
mês, incorreu nos seguintes gastos:
Compra de Matéria-prima: R$ 500.000,00
Devolução de 20% (vinte por cento) das compras acima
Mão-de-obra Direta: R$ 600.000,00
Custos Indiretos de Produção: R$ 400.000,00
Outras informações:
Estoque Inicial de Matéria-prima: R$120.000,00
Estoque Inicial de Produtos em Elaboração: R$ 180.000,00
Estoque Final de Produtos Acabados: R$ 200.000,00
Não havia outros estoques

Pede-se calcular:
a) o Custo de Produção do mês (CPP);
b) o Custo da Produção Acabada no mês (CPA); e
c) o Custo da Produção Vendida no mês (CPV).
Contabilidade de Custos




Classificação dos Custos

Os custos, segundo suas naturezas e comportamentos, podem ser agrupados em dois grupos distintos:
Diretos ou indiretos e fixos ou variáveis.



Custos Diretos
São aqueles facilmente mensuráveis no produto final, bastando apenas a aplicação de uma unidade
de medida de consumo. Por exemplo, as matérias-primas (quilos ou m² consumidos), mão-de-obra
direta (horas trabalhadas, etc.). Desta forma, os custos diretos estão relacionados aos produtos.



Custos Indiretos
Ao contrário dos custos diretos, os custos indiretos são de difícil atribuição aos produtos, exceto pela
aplicação de critérios de rateio, uma vez que não oferecem uma medida consistente e objetiva para
alocação aos produtos. Como exemplo, citamos os gastos gerais de fabricação.



Custos Fixos
São aqueles que independem do volume de produção, ou seja, existem mesmo que a empresa não
esteja operando. São típicos exemplos de custo fixo, os custos com aluguel e seguros, uma vez que
independem da quantidade de produtos produzidos.



Custos Variáveis
Os custos variáveis são aqueles que variam de acordo com a quantidade física produzida em um
período. Como exemplo, citamos a matéria-prima e a mão de obra direta.
Contabilidade de Custos
Esquema Básico da Contabilidade de Custos

Como o objetivo inicial da Contabilidade de Custos é a apuração do custo unitário do produto para
determinação dos valores do Estoque e do Custo do Produto Vendido, identificaremos abaixo, as
etapas para apuração dos valores de custos unitários de produção:



1ª Etapa: Separação dos Custos e Despesas
Nesta etapa torna-se necessário o perfeito entendimento e diferenciação do que é custo e do que é
despesa. Às despesas será dispensado tratamento contábil bastante diferente, pois, como já vimos, as
despesas são contabilizadas diretamente na no resultado, portando passando a serem apresentadas no
Demonstrativo do Resultado do Exercício.



2ª Etapa: Apropriação dos Custos Diretos
O passo seguinte é a apropriação dos custos diretos a cada um dos produtos elaborados pela empresa.
São exemplos de custos diretos a matéria-prima (ou materiais diretos) e a mão-de-obra direta
aplicadas na produção. Entretanto, torna-se necessário acrescentar que outros custos, desde que
possível a apropriação direta aos produtos podem ser considerados custos diretos.



3ª Etapa: Apropriação dos Custos Indiretos
Nesta terceira etapa, apropriamos os custos indiretos a cada um dos itens produzidos pela empresa.
Os custos indiretos são aqueles sobre os quais aplicamos um critério de rateio, o qual não se pode
afirmar atender o princípio de causa e efeito. De qualquer forma, e para manter a homogeneidade nos
exercícios a serem respondidos, o enunciado dos exercícios propostos indicarão o critério de rateio a
ser aplicado sobre os custos indiretos.



4ª Etapa: Cálculo do Custo Unitário e Determinação do CPV e Estoque Final
 Finalmente, após a apropriação dos custos diretos e indiretos aos produtos, podemos apontar os
custos totais de produção, que, dividindo-se pelas quantidades produzidas, teremos os custos
unitários.
Após calcular os custos unitários, multiplicamos pela quantidade vendida de temos o CPV (Custo
dos Produtos Vendidos). Multiplicamos os mesmos valores unitários pelas quantidades
remanescentes e teremos o valor do Estoque Final.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Arh 1. introdução à arh
Arh   1. introdução à arhArh   1. introdução à arh
Arh 1. introdução à arh
BernardoLima1
 
Apresentacao De Slides Em Powerpoint Sobre Administracao Financeira
Apresentacao De Slides Em Powerpoint Sobre Administracao FinanceiraApresentacao De Slides Em Powerpoint Sobre Administracao Financeira
Apresentacao De Slides Em Powerpoint Sobre Administracao Financeira
PPS Fã
 

Mais procurados (20)

Apostila de administração financeira e orçamentária I
Apostila de administração financeira e orçamentária IApostila de administração financeira e orçamentária I
Apostila de administração financeira e orçamentária I
 
Parte 1 - Habilidades do Líder
Parte 1 - Habilidades do LíderParte 1 - Habilidades do Líder
Parte 1 - Habilidades do Líder
 
FUNÇÕES DO GESTOR ORGANIZACIONAL
FUNÇÕES DO GESTOR ORGANIZACIONALFUNÇÕES DO GESTOR ORGANIZACIONAL
FUNÇÕES DO GESTOR ORGANIZACIONAL
 
CONTABILIDADE PARA NÃO CONTADORES
CONTABILIDADE PARA NÃO CONTADORESCONTABILIDADE PARA NÃO CONTADORES
CONTABILIDADE PARA NÃO CONTADORES
 
Controladoria: a ferramenta amiga dos Empreendedores
Controladoria: a ferramenta amiga dos EmpreendedoresControladoria: a ferramenta amiga dos Empreendedores
Controladoria: a ferramenta amiga dos Empreendedores
 
Noções de Administração Geral
Noções de Administração GeralNoções de Administração Geral
Noções de Administração Geral
 
Livro diario
Livro diarioLivro diario
Livro diario
 
8 gestão financeira
8 gestão financeira8 gestão financeira
8 gestão financeira
 
Administração científica 2012_01
Administração científica 2012_01Administração científica 2012_01
Administração científica 2012_01
 
Estrutura de capital
Estrutura de capitalEstrutura de capital
Estrutura de capital
 
Logística de suprimentos
Logística de suprimentosLogística de suprimentos
Logística de suprimentos
 
Introdução ao mercado de capitais
Introdução ao mercado de capitaisIntrodução ao mercado de capitais
Introdução ao mercado de capitais
 
Escrituração ContÁbil
Escrituração ContÁbilEscrituração ContÁbil
Escrituração ContÁbil
 
Aula gestão financeira - Aula 01
Aula gestão financeira - Aula 01Aula gestão financeira - Aula 01
Aula gestão financeira - Aula 01
 
Arh 1. introdução à arh
Arh   1. introdução à arhArh   1. introdução à arh
Arh 1. introdução à arh
 
03. Administração Científica
03. Administração Científica03. Administração Científica
03. Administração Científica
 
Distinção entre Cargo e função
Distinção entre Cargo e funçãoDistinção entre Cargo e função
Distinção entre Cargo e função
 
Apresentacao De Slides Em Powerpoint Sobre Administracao Financeira
Apresentacao De Slides Em Powerpoint Sobre Administracao FinanceiraApresentacao De Slides Em Powerpoint Sobre Administracao Financeira
Apresentacao De Slides Em Powerpoint Sobre Administracao Financeira
 
O papel e o ambiente da administração financeira
O papel e o ambiente da administração financeiraO papel e o ambiente da administração financeira
O papel e o ambiente da administração financeira
 
Departamentalização
DepartamentalizaçãoDepartamentalização
Departamentalização
 

Destaque

Contabil esquema basico de custos
Contabil esquema basico de custosContabil esquema basico de custos
Contabil esquema basico de custos
simuladocontabil
 
A postila contabilidade de custos
A postila contabilidade de custosA postila contabilidade de custos
A postila contabilidade de custos
simuladocontabil
 
Fundamentos da Contabilidade de Custos
Fundamentos da Contabilidade de CustosFundamentos da Contabilidade de Custos
Fundamentos da Contabilidade de Custos
elliando dias
 
Contabilidade de custos material prova 01
Contabilidade de custos   material prova 01Contabilidade de custos   material prova 01
Contabilidade de custos material prova 01
simuladocontabil
 
Contabilidade geral ii slides escrituracao
Contabilidade geral ii slides escrituracaoContabilidade geral ii slides escrituracao
Contabilidade geral ii slides escrituracao
capitulocontabil
 
Contabilidade de custos slides 01 e 02 - leonardo almeida - introdução e no...
Contabilidade de custos   slides 01 e 02 - leonardo almeida - introdução e no...Contabilidade de custos   slides 01 e 02 - leonardo almeida - introdução e no...
Contabilidade de custos slides 01 e 02 - leonardo almeida - introdução e no...
Leonardo Souza de Almeida
 
Caderno de administração ( fundamentos da contabilidade)
Caderno de administração ( fundamentos da contabilidade)Caderno de administração ( fundamentos da contabilidade)
Caderno de administração ( fundamentos da contabilidade)
Universidade de Pernambuco
 

Destaque (20)

Contabil esquema basico de custos
Contabil esquema basico de custosContabil esquema basico de custos
Contabil esquema basico de custos
 
Contabilidade de custos slides 07 - leonardo almeida - custeio por absorção...
Contabilidade de custos   slides 07 - leonardo almeida - custeio por absorção...Contabilidade de custos   slides 07 - leonardo almeida - custeio por absorção...
Contabilidade de custos slides 07 - leonardo almeida - custeio por absorção...
 
A postila contabilidade de custos
A postila contabilidade de custosA postila contabilidade de custos
A postila contabilidade de custos
 
Fundamentos da Contabilidade de Custos
Fundamentos da Contabilidade de CustosFundamentos da Contabilidade de Custos
Fundamentos da Contabilidade de Custos
 
Contabilidade de Custos - Conceitos Básicos
Contabilidade de Custos - Conceitos BásicosContabilidade de Custos - Conceitos Básicos
Contabilidade de Custos - Conceitos Básicos
 
Contabilidade de custos material prova 01
Contabilidade de custos   material prova 01Contabilidade de custos   material prova 01
Contabilidade de custos material prova 01
 
Custos diretos indiretos
Custos diretos indiretosCustos diretos indiretos
Custos diretos indiretos
 
Slide curso principios contabilidade e normas brasileiras de contabilidade
Slide curso principios contabilidade e normas brasileiras de contabilidadeSlide curso principios contabilidade e normas brasileiras de contabilidade
Slide curso principios contabilidade e normas brasileiras de contabilidade
 
Gestão de crise em empresas
Gestão de crise em empresasGestão de crise em empresas
Gestão de crise em empresas
 
Gestão de projetos capa
Gestão de projetos capaGestão de projetos capa
Gestão de projetos capa
 
Contabilidade geral ii slides escrituracao
Contabilidade geral ii slides escrituracaoContabilidade geral ii slides escrituracao
Contabilidade geral ii slides escrituracao
 
Fundamentos de contabilidade i
Fundamentos de contabilidade iFundamentos de contabilidade i
Fundamentos de contabilidade i
 
Liderando em Tempos de Crise
Liderando em Tempos de CriseLiderando em Tempos de Crise
Liderando em Tempos de Crise
 
Contabilidade de custos slides 01 e 02 - leonardo almeida - introdução e no...
Contabilidade de custos   slides 01 e 02 - leonardo almeida - introdução e no...Contabilidade de custos   slides 01 e 02 - leonardo almeida - introdução e no...
Contabilidade de custos slides 01 e 02 - leonardo almeida - introdução e no...
 
Custos completo
Custos completoCustos completo
Custos completo
 
Atividade 05 criação do cpc e estrutura conceitual básica da Contabilidade
Atividade 05   criação do cpc e estrutura conceitual básica da ContabilidadeAtividade 05   criação do cpc e estrutura conceitual básica da Contabilidade
Atividade 05 criação do cpc e estrutura conceitual básica da Contabilidade
 
Caderno de administração ( fundamentos da contabilidade)
Caderno de administração ( fundamentos da contabilidade)Caderno de administração ( fundamentos da contabilidade)
Caderno de administração ( fundamentos da contabilidade)
 
Contabilidade de custos
Contabilidade de custosContabilidade de custos
Contabilidade de custos
 
Satisfação do cliente
Satisfação do clienteSatisfação do cliente
Satisfação do cliente
 
NBC TG 26 - APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
NBC TG 26-APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEISNBC TG 26-APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
NBC TG 26 - APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
 

Semelhante a Esquema básico da contabilidade de custos

Analise de balancos resumo
Analise de balancos resumoAnalise de balancos resumo
Analise de balancos resumo
albumina
 
Teoria da contabilidade slides contador
Teoria da contabilidade slides contadorTeoria da contabilidade slides contador
Teoria da contabilidade slides contador
gabaritocontabil
 
Artigo objetivos da contabilidade
Artigo objetivos da contabilidadeArtigo objetivos da contabilidade
Artigo objetivos da contabilidade
Jefferson Fernandes
 
Manual de contabilidade e relatórios financeiros e auditoria
Manual de contabilidade e relatórios financeiros e auditoriaManual de contabilidade e relatórios financeiros e auditoria
Manual de contabilidade e relatórios financeiros e auditoria
razonetecontabil
 

Semelhante a Esquema básico da contabilidade de custos (20)

Principios da contabidade
Principios da contabidadePrincipios da contabidade
Principios da contabidade
 
Apost contab 1
Apost contab 1Apost contab 1
Apost contab 1
 
Apresentacao contab gerencial
Apresentacao contab gerencialApresentacao contab gerencial
Apresentacao contab gerencial
 
Apostila aidc 2010_2
Apostila aidc 2010_2Apostila aidc 2010_2
Apostila aidc 2010_2
 
Analise de balancos resumo
Analise de balancos resumoAnalise de balancos resumo
Analise de balancos resumo
 
Teoria da contabilidade slides contador
Teoria da contabilidade slides contadorTeoria da contabilidade slides contador
Teoria da contabilidade slides contador
 
Apostila contabil pef
Apostila contabil pefApostila contabil pef
Apostila contabil pef
 
Apostila contabil pef
Apostila contabil pefApostila contabil pef
Apostila contabil pef
 
Análise das demonstrações
Análise das demonstraçõesAnálise das demonstrações
Análise das demonstrações
 
A Contabilidade Como Instrumento Gerencial.pptx
A Contabilidade Como Instrumento Gerencial.pptxA Contabilidade Como Instrumento Gerencial.pptx
A Contabilidade Como Instrumento Gerencial.pptx
 
UFCD 6217 - Gastos Rendimentos e Resultados.pptx
UFCD 6217 - Gastos   Rendimentos e Resultados.pptxUFCD 6217 - Gastos   Rendimentos e Resultados.pptx
UFCD 6217 - Gastos Rendimentos e Resultados.pptx
 
Apostila de custos
Apostila de custosApostila de custos
Apostila de custos
 
1029
10291029
1029
 
1029
10291029
1029
 
Artigo objetivos da contabilidade
Artigo objetivos da contabilidadeArtigo objetivos da contabilidade
Artigo objetivos da contabilidade
 
Aula 1
Aula 1Aula 1
Aula 1
 
Aula 1
Aula 1Aula 1
Aula 1
 
Auditoria ii
Auditoria iiAuditoria ii
Auditoria ii
 
Apostila de Contabilidade Gerencial v 310
Apostila de Contabilidade Gerencial v 310Apostila de Contabilidade Gerencial v 310
Apostila de Contabilidade Gerencial v 310
 
Manual de contabilidade e relatórios financeiros e auditoria
Manual de contabilidade e relatórios financeiros e auditoriaManual de contabilidade e relatórios financeiros e auditoria
Manual de contabilidade e relatórios financeiros e auditoria
 

Mais de simuladocontabil (20)

Contabilidade decifrada 10
Contabilidade decifrada 10Contabilidade decifrada 10
Contabilidade decifrada 10
 
Cb atividade1
Cb atividade1Cb atividade1
Cb atividade1
 
Dos produtos vendidos (cpv)
Dos produtos vendidos (cpv)Dos produtos vendidos (cpv)
Dos produtos vendidos (cpv)
 
Matematica rm triangulo retangulo
Matematica rm triangulo retanguloMatematica rm triangulo retangulo
Matematica rm triangulo retangulo
 
Gp impactos
Gp impactosGp impactos
Gp impactos
 
Contabilidade decifrada 05
Contabilidade decifrada 05Contabilidade decifrada 05
Contabilidade decifrada 05
 
Contabilidade basica peps ueps
Contabilidade basica peps uepsContabilidade basica peps ueps
Contabilidade basica peps ueps
 
Cetec ensino médio
Cetec ensino médioCetec ensino médio
Cetec ensino médio
 
Pfc tabela comparativa
Pfc tabela comparativaPfc tabela comparativa
Pfc tabela comparativa
 
Avaliação do ativo e passivo estoques
Avaliação do ativo e passivo estoquesAvaliação do ativo e passivo estoques
Avaliação do ativo e passivo estoques
 
Indices
IndicesIndices
Indices
 
Resumo ativo
Resumo ativoResumo ativo
Resumo ativo
 
Principios de contabilidade
Principios de contabilidadePrincipios de contabilidade
Principios de contabilidade
 
Patrimonio
PatrimonioPatrimonio
Patrimonio
 
Contabilidade decifrada 15
Contabilidade decifrada 15Contabilidade decifrada 15
Contabilidade decifrada 15
 
Ganhos e perdas
Ganhos e perdasGanhos e perdas
Ganhos e perdas
 
Apostila etec pfo
Apostila etec   pfoApostila etec   pfo
Apostila etec pfo
 
Contabilidade decifrada 09
Contabilidade decifrada 09Contabilidade decifrada 09
Contabilidade decifrada 09
 
Custo das mercadoria vendidas
Custo das mercadoria vendidasCusto das mercadoria vendidas
Custo das mercadoria vendidas
 
Encerramento do exercicio
Encerramento do exercicioEncerramento do exercicio
Encerramento do exercicio
 

Esquema básico da contabilidade de custos

  • 1. Contabilidade de Custos ________________________________________________________________________ CONTABILIDADE DE CUSTOS ________________________________________________________________________ Versão Agosto/2010
  • 2. Contabilidade de Custos CUSTOS Comparação entre a Contabilidade Gerencial e a Contabilidade Financeira Fator Contabilidade Financeira Contabilidade Gerencial Usuários dos relatórios: Externos e Internos. Internos. Objetivo especial de facilitar o planeja- Facilitar a análise financeira para as Objetivo dos relatórios: mento, controle, avaliação de desempe- necessidades dos usuários externos. nho e tomada de decisão internamente Orçamentos, contabilidade por respon- Balanço Patrimonial, Demonstração dos sabilidade, relatório de desempenho, Resultados, Demonstração das Origens e Forma dos relatórios: relatórios de custo, relatórios especiais Aplicações de Recursos e Demonstração não rotineiros para facilitar a tomada de das Mutações do Patrimônio Líquido decisão Anual, trimestral e ocasionalmente Freqüência dos relatórios: Quando necessário pela administração. mensal. Custos ou valores utilizados: Primariamente históricos (passados ). Históricos e esperados (previstos). Várias bases (moeda corrente, moeda Bases de mensuração usadas Moeda corrente estrangeira – moeda forte, medidas para quantificar os dados: físicas, índices, etc.). Restrições nas informações Nenhuma restrição, exceto as determi- Princípios Contábeis Geralmente Aceitos. fornecidas: nadas pela administração . Utilização pesada de outras disciplinas, como economia, finanças, estatística, Arcabouço teórico e técnico: Ciência Contábil. pesquisa operacional e comportamento organizacional. Deve ser relevante e a tempo, podendo Características da informação Deve ser objetiva (sem viés), verificável, ser subjetiva, possuíndo menor verifi- fornecida: relevante e a tempo. cabilidade e menor precisão. Orientada para o futuro, para facilitar o planejamento, controle e avaliação de desempenho antes do fato (para impor Perspectiva dos relatórios: Orientação histórica. metas), acoplada com uma orientação histórica para avaliar os resultados reais (para o controle posterior do fato).
  • 3. Contabilidade de Custos Breve Histórico da Contabilidade de Custos Segundo os historiadores, a evolução dos sistemas de produção na civilização ocidental pode ser dividida em duas grandes etapas. A primeira etapa, que começa no princípio da Idade Média prolongando-se até o final do século XVI, compreende os sistemas de produção conhecidos como “familiar”, “de corporações” ou “doméstico”. Esses sistemas relativamente simples, apropriados a centros urbanos restritos, a condições de concorrência limitada e a uma evolução tecnológica ainda incipiente, não requeriam sofisticados artifícios contábeis para registro das operações realizadas ou apuração dos resultados obtidos. Durante os primeiros séculos da Idade Média, o sistema de produção dominante era chamado “sistema familiar”, no qual a maioria das necessidades das pessoas era atendida pelos membros da sua família e seus agregados. Excetuando-se umas poucas necessidades supridas através de trocas com vizinhos ou de compras em primitivos e raros postos de vendas, tudo o mais era providenciado pela família que, além de produzir (nas grandes extensões de terra então disponíveis) a maior parte dos alimentos requeridos, construía habitações, cortava madeira para aquecimento, preparação dos alimentos e fabricação de móveis e artefatos domésticos, criava animas para alimentação da carne e vestuário, bem como desenvolvia atividades consideradas essenciais para a sobrevivência. Com o passar do tempo e como decorrência direta do crescimento populacional, urbano e tecnológico, o sistema produtivo foi gradualmente tornando-se menos simples e limitado e mais complexo. Veio a época dos artesãos, na qual o sistema de produção predominante ficou conhecido como “Sistema das Corporações”, porque os artesãos uniam-se em Corporações para defender-se de dificuldades econômicas oriundas de competição indesejada e/ou associadas a doenças ou velhice. A célula básica desse sistema era constituída por um mestre artesão e uns poucos ajudantes ou aprendizes, cula atividade visava ao atendimento das necessidades de um mercado local ainda muito limitado. Esse mestre artesão era o único proprietário e contratador dos recursos que utilizava e, por isso mesmo, dono do próprio negócio. Ele não vendia o seu trabalho; vendia um produto ou serviço final. Era assim, de certa forma, independente. Com a continuidade do crescimento dos mercados, das cidades e da tecnologia, novos modelos de sistema produtivo começaram a disputar a hegemonia do sistema corporativo. Um novo personagem invadiu a cena: o intermediário – que passou a negociar as encomendas e a entregar ao mestre artesão as matérias-primas necessárias para atendê-las. Começava a acontecer uma crescente limitação das responsabilidades e da independência do mestre artesão, anunciando o advento da nova forma dominante de organização econômica: o sistema doméstico. Nesse sistema, que prevaleceu até o final do século XVI, as atribuições do artesão e, conseqüentemente, a sua independência, tornaram-se cada vez menos relevantes. Ainda era ele quem orientava a produção em sua casa, com seus ajudantes e com ferramentas de sua propriedade, mas já não mantinha contatos com o cliente final de seus produtos e nem era dono das matérias-primas que utilizava. Estava preparado o cenário para a segunda etapa do desenvolvimento dos modelos produtivos ocidentais, iniciada no século XVII, com a crescente predominância do chamado sistema de
  • 4. Contabilidade de Custos produção fabril. Esse sistema começou a nascer quando o antigo intermediário (agora investido do status de um verdadeiro empreendedor), percebendo que o sistema de produção doméstico não era bastante ágil e nem bastante produtivo para atender a demanda crescente dos populosos centros urbanos em franco desenvolvimento, passou a introduzir mudanças radicais na estrutura da organização produtiva. Levantando os vultosos capitais necessários, inventou a fábrica: tirou o artesão e seus ajudantes de casa, transformou-os em simples assalariados, pondo-os a trabalhar em instalações e com equipamentos de sua propriedade. Agora o mestre artesão de outras épocas (independente e bem conceituado na sociedade) transformou-se em feitor ou supervisor de fábrica. Foi com o início da predominância desse tipo de configuração econômica que a administração dos negócios começou a reclamar uma Contabilidade de Custos. Até então sempre houvera uma certa forma de registro contábil porque – segundo os historiadores – os ganhos e perdas financeiros da humanidade sempre foram, de alguma forma, anotados, mesmo em civilizações anteriores à Ocidental. Diz-se que a Contabilidade – naturalmente, em forma rudimentar – já existe há milhares de anos: blocos de pedra, gravados por antigas civilizações, trazem registros identificados pelos especialistas, como dados contábeis. A arte de registrar tais dados evoluiu ao longo do tempo, acompanhando o crescimento das transações econômicas e recebendo um impulso notável através das “partidas dobradas” inventadas por um engenhoso frade veneziano do século XV. Mesmo com esse avanço e com os aperfeiçoamentos anteriores, os procedimentos básicos da chamada Contabilidade Geral, embora satisfatória para a maioria dos fins externos à empresa, não atendia às necessidades administrativas da nova célula produtiva – a indústria – cuja gerência financeira revelava aspectos mais complexos a cada dia. Esse novo tipo de organização, à medida que se expandia, diversificava a sua produção e experimentava competição crescente, reclamava informações que a Contabilidade Geral, apesar de sua ininterrupta evolução, não podia gerar. Adotando uma estrutura por departamento ou centro de custo, fabricando, simultaneamente, produtos diferenciados em um ambiente cada vez mais competitivo, a atividade industrial exigia o desenvolvimento de uma Contabilidade voltada para dentro, para suas necessidades administrativas internas, e não uma Contabilidade voltada para fora, para suprir as necessidades de parceiros externos (governo, acionistas, banqueiros, fornecedores, etc.). Entretanto, mesmo para finalidades externas, a Contabilidade Geral (ainda refletindo, em grande parte, o feitio assumido na época mercantilista) não se mostrava totalmente eficaz, principalmente porque, em busca de rendas crescentes e de mecanismos de fiscalização cada vez mais rigorosos, o Fisco já começava a espreitar por sobre os ombros dos contadores, esquadrinhando os seus lançamentos e regulamentando a forma de calcular os valores sujeitos à tributação, o que se verifica até hoje. Não tardou até que fórmulas fossem estabelecidas para determinar esses valores e, como base dessas fórmulas, surgiram métodos cada vez mais criteriosos para a avaliação de inventários. Segundo a maioria dos historiadores, foi aí que teve início a Contabilidade de Custos propriamente dita. Por isso é comum ouvir-se dizer que a origem do estudo dos custos empresariais está associada à avaliação dos estoques – procedimento não só de finalidade externa, como também de expressiva valia gerencial.
  • 5. Contabilidade de Custos Certamente algum tipo de avaliação de estoques, talvez exclusivamente relativo às matérias-primas, já existia anteriormente à fase fabril do mundo ocidental. Mas a empresa fabril da segunda etapa da nossa história, muito mais complexa, de propriedade diluída por um número crescente de sócios e submetida aos rigores crescentes do Fisco, não podia se contentar com procedimentos primitivos e parciais de atribuição de valores aos estoques. Nessas empresas não se pode assumir que existem apenas estoques daquilo que é comprado pronto (matérias-primas e material indireto), sendo imperativo admitir que, para a adequada apuração dos resultados de cada período, existem ao menos outros dois estoques: o estoque de produtos em elaboração ou em processamento, e o estoque de produtos acabados. É óbvio que a avaliação desses estoques exige a apuração e a consolidação dos gastos envolvidos na produção dos bens estocados: é preciso que sejam conhecidos os montantes de materiais, de mão-de- obra e de gastos gerais de fabricação aplicados na produção de cada um desses bens. Para definir esses valores, todo um sistema de registro, acompanhamento, apropriação e rateio de gastos, bem como toda uma parafernália de lançamentos contábeis e controles paralelos e “extra- oficiais”, tornam-se indispensáveis. Assim a Contabilidade de Custos, como um complexo e coerente conjunto de técnicas e de procedimentos, começou a tomar forma. Naturalmente, repetindo a história da Contabilidade Geral como decorrente, a Contabilidade de Custos não nasceu completa, mas, aos poucos, entrou em processo evolutivo de constante aperfeiçoamento que mantém até hoje, firmando-se e estabelecendo-se com características e objetivos que a diferenciam da Contabilidade Geral. Como se vê, as mudanças no ambiente econômico determinaram o aparecimento da Contabilidade de Custos. Desde então, em função da continuidade das mudanças desse mesmo ambiente, a importância da Contabilidade de Custos acentuou-se de forma marcante, chegando nos dias atuais, com a chamada competição global, ao seu ponto máximo. Do ambiente limitado vigente no tempo do “Sistema das Corporações”, quando anotações contábeis primitivas eram suficientes para a orientação dos administradores da época, até o tempo do sistema fabril, quando uma Contabilidade cada vez mais sofisticada passou a ser requerida, nota-se que a expansão dos mercados e o conseqüente acirramento da competição, são os determinantes principais da evolução dos procedimentos contábeis e, principalmente, da Contabilidade de Custos.
  • 6. Contabilidade de Custos Terminologia Básica Como em qualquer área do conhecimento científico, a Contabilidade, e agora em especial a Contabilidade de Custos, utiliza termos com significados técnicos, de forma a padronizar a linguagem entre os profissionais, estudiosos e usuários deste campo específico do conhecimento. Entre a terminologia contábil de custos, destacamos: Gasto: Compra de um produto ou serviço qualquer, gerando sacrifício financeiro para a empresa (desembolso), sacrifício esse representado pela entrega ou promessa de entrega de ativos (normalmente dinheiro). Desembolso: Pagamento resultante da aquisição de bens ou serviço. Pode ocorrer antes, durante ou depois da entrega dos bens ou serviços comprados, portanto, pode haver ou não defasagem em relação ao momento do gasto. Investimento: Gasto ativado (classificado no ativo) em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a período(s) futuro(s). Todos os desembolsos havidos pela aquisição de bens ou serviços (gastos) que são classificados nos estoques, portanto no Ativo, para baixa ou amortização quando de sua venda, seu consumo, desaparecimento ou de sua desvalorização são chamados de investimentos. Os investimentos podem ser de diversas naturezas e de período de ativação variados. A matéria- prima é um gasto classificado temporariamente como investimento circulante; a compra de uma máquina é um gasto que se transforma em um investimento permanente; já as ações adquiridas de outra empresa é um gasto classificado como investimento circulante ou permanente, dependendo da intenção que levou a empresa à aquisição. Custo: Gasto relativo à aquisição de um bem ou serviço utilizado (consumido) na produção de outros bens ou serviços. A depreciação de uma máquina utilizada no processo de fabricação de bens ou serviços é o reconhecimento do custo de desgaste desta máquina que está classificada como investimento. Despesa: Bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para obtenção de receitas. Perda: Bem ou serviço consumidos de forma anormal e involuntária. Exemplos: desfalque no caixa, perdas por inundações, greves ou incêndios, perda de veículos em desastre, etc. A perda difere da despesa porque enquanto na despesa ocorre o consumo para obtenção de receita, a perda não está relacionada à geração de receita. Ganho: É um lucro não relacionado à atividade operacional da empresa. Exemplos: Venda de um bem do Ativo Permanente Imobilizado por valor superior ao saldo registrado na Contabilidade (chamado ganho de capital), ganhos com a variação cambial, etc. Custo de Produção do Período é a soma dos custos incorridos no período dentro da fábrica. Custo da Produção Acabada é a soma dos custos contidos na produção acabada no período. Pode conter Custos de Produção também de períodos anteriores existentes em unidades que só foram concluídas no presente período. Custo dos Produtos Vendidos é a soma dos custos incorridos na produção dos bens e serviços que só agora estão sendo vendidos. Pode conter custos de produção de diversos períodos, caso os itens vendidos tenham sido produzidos em diversas épocas diferentes.
  • 7. Contabilidade de Custos Os três conceitos são bastante distintos e não há nenhuma relação obrigatória entre seus valores no que respeita a sua grandeza. Cada um pode ser maior ou menor que o outro em cada período, dependendo das circunstâncias. EXERCÍCIO A empresa Máxima atua no mercado de produção de móveis na região de Itatiba. Em determinado mês, incorreu nos seguintes gastos: Compra de Matéria-prima: R$ 500.000,00 Devolução de 20% (vinte por cento) das compras acima Mão-de-obra Direta: R$ 600.000,00 Custos Indiretos de Produção: R$ 400.000,00 Outras informações: Estoque Inicial de Matéria-prima: R$120.000,00 Estoque Inicial de Produtos em Elaboração: R$ 180.000,00 Estoque Final de Produtos Acabados: R$ 200.000,00 Não havia outros estoques Pede-se calcular: a) o Custo de Produção do mês (CPP); b) o Custo da Produção Acabada no mês (CPA); e c) o Custo da Produção Vendida no mês (CPV).
  • 8. Contabilidade de Custos Classificação dos Custos Os custos, segundo suas naturezas e comportamentos, podem ser agrupados em dois grupos distintos: Diretos ou indiretos e fixos ou variáveis. Custos Diretos São aqueles facilmente mensuráveis no produto final, bastando apenas a aplicação de uma unidade de medida de consumo. Por exemplo, as matérias-primas (quilos ou m² consumidos), mão-de-obra direta (horas trabalhadas, etc.). Desta forma, os custos diretos estão relacionados aos produtos. Custos Indiretos Ao contrário dos custos diretos, os custos indiretos são de difícil atribuição aos produtos, exceto pela aplicação de critérios de rateio, uma vez que não oferecem uma medida consistente e objetiva para alocação aos produtos. Como exemplo, citamos os gastos gerais de fabricação. Custos Fixos São aqueles que independem do volume de produção, ou seja, existem mesmo que a empresa não esteja operando. São típicos exemplos de custo fixo, os custos com aluguel e seguros, uma vez que independem da quantidade de produtos produzidos. Custos Variáveis Os custos variáveis são aqueles que variam de acordo com a quantidade física produzida em um período. Como exemplo, citamos a matéria-prima e a mão de obra direta.
  • 9. Contabilidade de Custos Esquema Básico da Contabilidade de Custos Como o objetivo inicial da Contabilidade de Custos é a apuração do custo unitário do produto para determinação dos valores do Estoque e do Custo do Produto Vendido, identificaremos abaixo, as etapas para apuração dos valores de custos unitários de produção: 1ª Etapa: Separação dos Custos e Despesas Nesta etapa torna-se necessário o perfeito entendimento e diferenciação do que é custo e do que é despesa. Às despesas será dispensado tratamento contábil bastante diferente, pois, como já vimos, as despesas são contabilizadas diretamente na no resultado, portando passando a serem apresentadas no Demonstrativo do Resultado do Exercício. 2ª Etapa: Apropriação dos Custos Diretos O passo seguinte é a apropriação dos custos diretos a cada um dos produtos elaborados pela empresa. São exemplos de custos diretos a matéria-prima (ou materiais diretos) e a mão-de-obra direta aplicadas na produção. Entretanto, torna-se necessário acrescentar que outros custos, desde que possível a apropriação direta aos produtos podem ser considerados custos diretos. 3ª Etapa: Apropriação dos Custos Indiretos Nesta terceira etapa, apropriamos os custos indiretos a cada um dos itens produzidos pela empresa. Os custos indiretos são aqueles sobre os quais aplicamos um critério de rateio, o qual não se pode afirmar atender o princípio de causa e efeito. De qualquer forma, e para manter a homogeneidade nos exercícios a serem respondidos, o enunciado dos exercícios propostos indicarão o critério de rateio a ser aplicado sobre os custos indiretos. 4ª Etapa: Cálculo do Custo Unitário e Determinação do CPV e Estoque Final Finalmente, após a apropriação dos custos diretos e indiretos aos produtos, podemos apontar os custos totais de produção, que, dividindo-se pelas quantidades produzidas, teremos os custos unitários. Após calcular os custos unitários, multiplicamos pela quantidade vendida de temos o CPV (Custo dos Produtos Vendidos). Multiplicamos os mesmos valores unitários pelas quantidades remanescentes e teremos o valor do Estoque Final.