O documento discute conceitos básicos da contabilidade, incluindo:
1) A construção de dados e informações contábeis através de contas, plano de contas e classificação de contas;
2) A natureza das contas patrimoniais e de resultados;
3) Como o prazo influencia a classificação das contas no ativo circulante, ativo não circulante e passivo circulante.
1. SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
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I. REVISÃO DE ALGUNS CONCEITOS BÁSICOS DA CIÊNCIA CONTÁBIL
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1.1. Fatos e atos administrativos
15
1.2. A construção dos dados e das informações contábeis
16
1.2.1. As contas
17
1.2.2. O plano de contas
17
1.2.3. O patrimônio
18
1.2.4. A natureza das contas
19
1.2.5. A influência dos prazos na classificação contábil
20
1.2.5.1. No grupo ativo
21
1.2.5.2. No grupo passivo
22
1.2.5.3. No grupo do patrimônio líquido
23
1.2.6. Onde a classificação não depende do prazo
24
1.3. Como operacionalizar os registros contábeis
24
1.3.1. A técnica dos lançamentos contábeis
25
1.3.1.1. O princípio da troca
25
1.3.1.2. Origem e destino – natureza da conta
26
1.4. A origem do débito e do crédito
28
1.5. Arquivando os fatos e atos contábeis – o diário
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1.6. Selecionando e acumulando os dados – o razão
30
1.7. Demonstrando a situação das contas – o balancete
31
12
2. 1.8. Demonstrando os resultados – demonstração de resultados
32
1.9. Representando o patrimônio – balanço patrimonial
33
1.10 Conclusão sobre os conceitos básicos
35
II. METODOLOGIA PROPOSTA PARA A FIXAÇÃO DOS CONCEITOS
37
2.1. A técnica dos efeitos contábeis sucessivos
37
2.2. Estruturas das demonstrações financeiras
42
2.2.1. Estrutura da demonstração de resultados do período
43
2.2.2. Estrutura do balanço patrimonial
45
2.2.3. Estrutura da demonstração de origens e aplicações de recursos
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2.2.4. Estrutura da demonstração de mutações do patrimônio líquido
49
2.3. Leitura dos dados contábeis para efeito de análise
49
III. ANÁLISE NA CONCEPÇÃO TRADICIONAL
53
3.1. O surgimento da análise de balanços
53
3.1.1. A contabilidade e a análise
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3.2. Conceito de análise das demonstrações
55
3.3. Os modelos usados na análise
56
3.3.1. Os coeficientes
57
3.3.2. Os quocientes
57
3.3.3. Os índices
58
3.4. Os principais coeficientes e índices
58
3.4.1. Coeficientes de liquidez
58
13
3. 3.4.2. Coeficientes de endividamento
59
3.4.3. Coeficientes de rentabilidade
59
3.4.4. Coeficientes de lucratividade
60
3.4.5. Coeficientes de rotatividade
60
3.5. As limitações no uso dos coeficientes
61
3.5.1. As limitações da análise quantitativa
62
3.6. A evolução dos modelos – a análise horizontal e vertical
64
3.6.1. A análise horizontal
65
3.6.2. A análise vertical
65
3.6.3. Exemplo das análises horizontal e vertical
66
3.6.3.1. Informações obtidas nas análises dos balanços
66
3.6.3.2. Exemplo das análises de uma DRE
68
3.6.3.3. Informações obtidas nas análises das DREs
68
14
4. I. REVISÃO DE ALGUNS CONCEITOS BÁSICOS DA
CIÊNCIA CONTÁBIL.
Muda o mercado, a economia, as organizações, os homens e os seus
enfoques.O que não muda é eterna
necessidade de uma ferramenta que auxilie e oriente todos esses
agentes, na mensuração, na análise e na
decisão de seus atos e ações.
Não há como trabalhar com análise, avaliar a performance de uma organização, até
mesmo tomar qualquer tipo de decisão sem considerar as informações contábeis. Em
última análise, desconsiderar a natureza dos dados e das informações contábeis e as suas
respectivas funções, é atrever-se participar ou atuar na gestão de empresas. Não precisa
saber contabilidade, mas conhecer os principais conceitos contábeis é condição
indispensável para gerir negócios.
1.1. FATOS E ATOS ADMINISTRATIVOS.
O processo ininterrupto e abrangente de qualquer atividade econômica provoca a todo
instante mesmo que a organização não esteja fisicamente funcionando (em recesso ou
fechada), alterações no seu patrimônio.
A rigor, a idéia de que somente os atos praticados pela administração da empresa
provocam uma operação e um registro contábil não procede. O patrimônio pode ser
alterado por atos praticados por outras pessoas que nada tem a ver com a empresa. Parece
paradoxal, mas é verdade. Uma instituição financeira pode, por estar autorizada pelo
administrador da empresa, efetuar um débito ou um crédito na conta da empresa no mesmo
dia em que ela estiver, por exemplo, fechada para balanço e que o seu administrador não
tenha praticado nenhum ato naquele sentido. Nem lá ele estava.
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5. Por questões conceituais deve ser dito que os fatos administrativos são ações
praticadas pelo administrador ou por terceiros por ele autorizados, que provocam de
alguma forma alterações no patrimônio da empresa. Por isso a contabilidade os registra.
Quanto aos atos administrativos ou contábeis deve ser dito que são atitudes tomadas
pelo administrador ou por terceiros por ele autorizados, que não provocam alterações no
patrimônio. Podem ou não ser registrados pela contabilidade dependendo da estrutura
contábil da organização.
No exemplo acima o ato (a atitude) do administrador autorizando o banco a promover
algum débito na conta da empresa provocou um fato (a ação) do banco que modificou o
patrimônio da empresa.
1.2. A CONSTRUÇÃO DOS DADOS E DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS.
A estruturação e a execução da contabilidade se dá através de conceitos, de
princípios, de postulados e de técnicas criadas pela ciência contábil. Este trabalho
pressupõe que o usuário já possui os conhecimentos básicos de contabilidade.
A proposta resume-se apenas em rever alguns conceitos básicos sobre as técnicas
contábeis, mais utilizados na análise contábil. Recomenda-se outros estudos para os
usuários que não dispõem de tais conhecimentos. As técnicas da construção da
contabilidade mais comuns ou básicas são:
1.2.1. AS CONTAS.
São ferramentas pelas quais os lançamentos (registros contábeis) se processam,
identificando e individualizando todas as operações da empresa. Pode-se dizer que são uma
espécie de arquivo no qual entram e saem as informações, sempre que a empresa efetua
uma operação (compra, venda, recebimentos, pagamentos etc.)
16
6. 1.2.2. O PLANO DE CONTAS.
É o instrumento onde são sistematizadas, classificadas e codificadas, todas contas
usadas em todos os registros contábeis. Usando a linguagem da informática é como se
fosse “uma pasta” onde estariam arquivadas (relacionadas) todas as “contas” (arquivos).
Para orientar e facilitar o seu uso, a sua estrutura deverá ser a seguinte:
a) As contas são criadas separadamente(individualizadas) para cada tipo de operação;
b) A individualização leva em consideração:
bO tipo de negócio da empresa (indústria, comércio, serviços etc.);
bA linha do negócio (atacado, varejo etc.)
bO tipo das operações que a empresa realiza (a prazo, a vista etc.);
bAs pessoas e as relações com elas mantidas (fornecedores, bancos,
clientes, empregados, diretores, sócios etc.)
bNatureza das operações (patrimoniais, resultados etc)
bOutros referenciais particulares à cada empresa (tipo de tributação etc).
O Plano de Contas é, portanto, um instrumento diferente para cada empresa e é
elaborado no início das suas atividades de acordo com a previsão das operações que ela irá
realizar. É flexível e pode ser alterado a qualquer momento em função de novas operações
ou de operações que não se realizem mais.
Para facilitar a localização, definir claramente a função, orientar a leitura e a análise; e
para atender aos princípios e fundamentos da contabilidade e das leis fiscais, as contas são
agrupadas e classificadas no plano de contas de acordo com sua natureza em grupos e/ou
subgrupos de contas.
1.2.3. O PATRIMÔNIO.
17
7. Antes de conceituar os grupos de contas é preciso definir claramente o que é
patrimônio, pois este será citado várias vezes ao longo deste trabalho. Pode-se defini-lo
como sendo o conjunto de bens, direitos e obrigações; ou ainda como a somatória dos
bens, direitos e obrigações da empresa, ou melhor, é o total dos bens e direitos (imóveis,
móveis, equipamentos, maquinas, veículos, estoques, contas a receber, valores financeiros
etc.) menos as dívidas para com (fornecedores, instituições financeiras, impostos,
empregados etc.)
Assim, os valores registrados nas contas representam na verdade, o patrimônio da
empresa e as suas variações.
1.2.4. NATUREZA DAS CONTAS.
Genericamente a natureza dos grupos, dos subgrupos ou das contas representa aquilo
que nelas é registrado. São separadas por dois grandes grupos:
1 PATRIMONIAIS – Representando o patrimônio. Conforme definição acima
um lado ficam os bens e direitos (ativo) e de outro ficam as obrigações
(passivo).
Por que são chamados de ativos e de passivos? – É simples.
b ATIVO – É aquilo que exerce uma ação; que age, funciona, trabalha,
move. Pelo conceito é a parte ativa da empresa que age, funcio-
na, trabalha, exerce ações e movimenta (imóveis, móveis, valores
financeiros, contas a receber, estoques, veículos, equipamentos, ins-
talações etc.)
bPASSIVO – É aquilo que sofre ou recebe uma ação ou impressão; atitude
passiva; que não atua; inerte; indiferente. Pelo conceito é a parte que
que não atua, que fica inerte ou indiferente a tudo o que está aconte-
cendo na empresa. São os credores da empresa (fornecedores, insti-
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8. tuições financeiras, governos, empregados em relação a seus salários
etc.)
2 DE RESULTADOS – É composto de um lado pelas contas que demonstram o que pode
provocar aumento (variação) no patrimônio (as receitas) e de outro, pelas contas que
podem provocar uma redução (variação) no patrimônio (os custos e as despesas)
b RECEITAS – Podem ser operacionais que são aquelas que representam
as operações da empresa (venda de produtos – revenda de mercadorias –
receitas de serviços); e não operacionais advindas de operações que
nada tem a ver com as operações da empresa (receita de juros,
financeiras, serviços que não fazem parte das operações da empresa;
aluguéis que não fazem parte das operações da empresa; ganhos de
capital etc.)
b CUSTOS – É o custo dos produtos fabricados (matéria prima, materiais
secundários; mão de obra direta e indireta; e gastos gerais de fabricação
embalagens);custos das mercadorias vendidas (compras mais fretes, mais
Ipi); custos dos serviços vendidos (materais e mão de obra aplicados etc.)
b DESPESAS GERAIS – São aquelas que não estão diretamente ligadas ao
produto fabricado, à mercadoria vendida ou ao serviço prestado
(aluguéis, remuneração dirigentes, juros bancários, telefone, salários in-
diretos, comissões de vendas, energia elétrica, tributos etc)
Conhecendo todos os conceitos e definições acima é muito fácil estruturar um Plano
de Contas para qualquer empresa. A partir de tais conceitos e definições, são os detalhes
que definirão como estruturar um Plano de Contas.
O passo seguinte é classificar convenientemente os grupos, os subgrupos e as contas de
acordo com sua natureza e com o prazo.
1.2.5. A INFLUÊNCIA DO PRAZO NA CLASSIFICAÇÃO CONTÁBIL.
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9. Observar o prazo e a natureza das contas é determinante para a elaboração e para a
classificação dos grupos, dos subgrupos e das contas. Isso é feito levando-se em
consideração:
1.2.5.1. NO GRUPO ATIVO.
São classificados os grupos, os subgrupos e as contas de acordo com o prazo de sua
realização, isto é, são registrados de forma decrescente de acordo com o tempo que o
evento demandará para se transformar em recursos financeiros ou dinheiro disponível para
ser usado nas operações da empresa. Conceitual e convencionalmente são classificados da
seguinte forma:
1 Ativo circulante – nele são registradas as operações com os bens e os direitos que estão
circulando constantemente (dinheiro em caixa, saldo de bancos, estoques, contas a receber,
aplicações financeiras etc.), ou seja, que já são ou que se transformarão em recursos
financeiros dentro de um curto prazo.
Exemplo:
No subgrupo “contas a receber” que pertence ao grupo “ativo circulante” são
registradas as vendas a prazo e permite saber de quem e quanto a empresa terá para receber
de seus clientes. É lógico que se um cliente pagar uma duplicata o valor é imediatamente
baixado;
2 Realizável a longo – onde são registradas as operações com os bens e os direitos que
estão circulando, mas com um prazo maior (contas a receber de longo prazo) para se
realizarem e se tornarem valores financeiros.
EXEMPLO:
No subgrupo “contas a receber” com um prazo maior de vencimento, que pertence ao
grupo “realizável a longo” são registradas as vendas a prazo e permite saber de quem e
quanto a empresa terá para receber de seus clientes. É lógico que se um cliente pagar uma
duplicata o valor é imediatamente baixado;
20
10. 3 Permanente – Este grupo é subdivido em:
Imobilizado – neste subgrupo são registradas as operações com os bens que são usados
nas operações da empresa (máquinas, veículos, móveis, imóveis etc.);
EXEMPLO
No subgrupo “móveis e equipamentos” que pertence ao grupo “ativo permanente -
imobilizado”, são registrados os bens com esta característica e por ele pode-se saber quais
são os bens que a empresa possui, e quais são os seus valores;
Investimentos – no subgrupo de investimentos são registradas as operações com bens
e direitos que não são usados no dia-a-dia da empresa. Foram adquiridos com o objetivo de
dar rendas (imóveis de aluguéis, ações de outras empresas etc.)
Diferido – outro subgrupo do permanente em que são registrados os pagamentos
feitos, mas que ainda não são custos nem despesas isto é, que dependem de um
acontecimento futuro para que sejam assim, classificadas (gastos feitos antes da empresa
entrar em operações, despesas com pesquisas, despesas com projetos, juros pagos para os
sócios que já entraram com o capital e que ainda não está produzindo etc.) São chamados
de pré-operacionais;
1.2.5.2. NO GRUPO PASSIVO.
Na mesma linha de raciocínio, são classificados os grupos, os subgrupos e as contas,
agora de forma crescente que representam as obrigações (dívidas) de acordo com o tempo
de maturação, isto é, de acordo com o prazo que a empresa consegue, para pagá-los. Pelos
conceitos e pelas convenções são classificados em:
1 Passivo circulante – são registradas as operações relacionadas com as dívidas da
empresa e que vencem num curto prazo (fornecedores, salários, tributos, débitos com
bancos de curto prazo etc.)
EXEMPLO
No subgrupo “contas a pagar” que pertence ao grupo “passivo circulante” pode-se saber
para quem e quanto a empresa possui de obrigações a pagar. Quando ela efetua um
pagamento este é imediatamente baixado ou diminuído do saldo;
21
11. 2 Exigível a longo – onde são registradas as operações relacionadas com as dívidas da
empresa que vencem em prazos mais longos ( financiamentos, contas a pagar etc.)
EXEMPLO
No subgrupo “contas a pagar” com um prazo maior, que pertence ao grupo “exigível a
longo” pode-se saber para quem e quanto a empresa possui de obrigações a pagar. Quando
ela efetua um pagamento este é imediatamente baixado ou diminuído do saldo.
1.2.5.3. NO GRUPO PATRIMÕNIO LÍQUIDO.
Este grupo é fácil de ser entendido. Se pegarmos o primeiro grupo (ATIVO) veremos
que nele estão registrados todos os BENS E DIREITOS da empresa. No segundo grupo
(PASSIVO) estão registradas todas as DÍVIDAS da empresa.
Diminuindo o segundo do primeiro vai sobrar o valor líquido dos bens e direitos que a
empresa possui. É aí que ficam registrados: o capital que os sócios investiram mais os
eventuais lucros que eles ainda não retiraram da empresa menos os eventuais prejuízos que
tenham acontecido.
1.2.6. ONDE A CLASSIFICAÇÃO NÃO DEPENDE DO PRAZO.
A classificação das contas de RESULTADO (Receitas, custos e despesas) independem
do fator prazo, porque tanto faz vender no curto ou no longo prazo; tanto faz pagar as
despesas no curto ou no longo prazo, o resultado será teoricamente o mesmo.
22
12. Por questão de lógica, para se chegar a um resultado o primeiro fator é pressupor a
existência de uma receita. Daí a classificação das contas de receitas vêm em primeiro lugar
no Plano de Contas, seguida pela classificação dos custos e das despesas.
EXEMPLOS:
1 No subgrupo “vendas” que faz parte do grupo “resultados” pode-se saber o que e quanto
a empresa vendeu durante aquele período que se quer saber. Serve também para apurar o
resultado referente a um determinado período de tempo.
2 No subgrupo “despesas” é possível saber o quanto a empresa teve de despesas de um
determinado tipo, durante aquele período que se quer saber. Serve também para apurar o
resultado de um determinado período.
1.3. COMO OPERACIONALIZAR OS REGISTROS.
Conhecendo os conceitos e as definições acima, a elaboração do Plano de Contas não
será difícil. De posse dele o contador estará apto a registrar todos os atos e os fatos
administrativos e contábeis relacionados com as operações praticadas pela empresa. O
registro pela contabilidade de qualquer ato ou fato que ocorre no dia-a-dia da empresa na
linguagem técnica, é chamado de lançamento contábil.
1.3.1. A TÉCNICA DOS LANÇAMENTOS CONTÁBEIS.
A técnica utilizada para registrar os atos e os fatos contábeis é chamada de
partidas dobradas. Isso quer dizer que tudo o que acontece na empresa, alias a
exemplo de tudo o que acontece nas nossas vidas, possui uma causa e um efeito ao mesmo
tempo.
1.3.1.1. O PRINCÍPIO DA TROCA - CAUSA x EFEITO.
23
13. O princípio de causa x efeito está presente em tudo e na contabilidade não poderia ser
diferente. Nessa linha de raciocínio tudo que acontece têm uma origem e ao mesmo
tempo, um destino.
Uma causa x um efeito - Uma origem x um destino.
Um efeito x uma causa - Um destino x uma origem.
Explicando melhor. Tudo é representado por uma troca, isto é, nada acontece
isoladamente e por isso as operações da empresa são registradas pela técnica conhecida
como partida dobrada. Eis alguns exemplos:
EXEMPLOS DE ACONTECIMENTOS EM NOSSAS VIDAS.
a) RECEBER NOSSO SALÁRIO.
Nosso bolso ou nossa conta bancária é o destino (a quem nosso patrão destinou aquele
salário). A origem do salário é a força do trabalho que oferecemos em troca;
b) COMPRAMOS UMA MERCADORIA.
Ao comprarmos alguma mercadoria somos o destino, isto é, a quem a mercadoria foi
destinada? Em troca damos o dinheiro, cheque ou assinamos um documento assumindo
aquela dívida (origens), isto é, de onde originou aquela mercadoria?
a) CONSUMINDO ALGUMA COISA.
Quando consumirmos energia, água etc., estamos recebendo da Cia elétrica ou de Água
os seus serviços que são as origens. Em troca pagamos por esse uso, isto é, é para onde
destinamos o dinheiro - destino;
b) PAGAMENTO DE UMA CONTA.
Quando pagamos uma conta, o nosso credor é a quem destinamos o dinheiro, portanto,
é o destino. Em troca recebemos a nota ou o documento da dívida devidamente quitado
constituindo-se, portanto, na origem daquele gasto. É a sua origem.
c) VENDENDO ALGUMA COISA.
Quando vendemos alguma coisa (bem, mercadoria etc.) este bem é a origem do
dinheiro, do cheque ou do documento que garante que iremos receber. O nosso bolso, a
nossa conta bancária será o destino do dinheiro originário desta operação.
Assim por diante. Numa empresa nada é diferente. O que é um negócio senão uma
operação de troca isto é, onde existe um comprador levando um bem e em troca, dando ao
vendedor o dinheiro ou um título que garanta sua dívida. A única diferença é que na
empresa, as origens e os destinos são registrados pela contabilidade, ao mesmo tempo, ou
24
14. seja, os lançamentos contábeis sempre demonstram a origem e o destino da operação. São
as partidas dobradas.
1.3.1.2. ORIGENS E DESTINOS – NATUREZA DAS CONTAS.
Agora fica fácil explicar a razão de na contabilidade existir contas de natureza
devedora e contas de natureza credora. Como podemos observar até agora, na
contabilidade “quem ou aquilo que se recebe” tem a natureza de débito; e “quem ou aquilo
que se entrega”, tem a natureza de crédito.
Para desenvolver as suas atividades a empresa precisa de capitais para aplica-los nas
várias formas de trabalhar. SÃO OS DESTINOS:
a) Comprar imóveis, móveis, máquinas, equipamentos, veículos etc.
b) Comprar matérias primas, materiais secundários, embalagens (estoques) etc.,se for
uma indústria;
c) Comprar mercadorias para revender (estoques), se dedicar à atividade comercial;
d) Comprar materiais para aplicar nos serviços prestados (estoques) se for uma empresa
prestadora de serviços;
e) Financiar as vendas a prazo(clientes) até que receba;
f) Pagar todas as despesas (funcionários, energia, aluguel, telefone, impostos etc.);
g) Pagar os débitos com fornecedores(compras a prazo), com financiadores (bancos etc)
etc;
h) Pagar aos acionistas (sócios) os lucros e os dividendos da aplicação do capital.
Se para trabalhar ela recebe capitais para aplicar em tudo isso, e se já aprendemos que
“o que ou aquilo que se recebe” é débito, podemos concluir que todas as aplicações, nas
contas acima mencionadas, contabilmente falando tem a natureza DEVEDORA. Seus
saldos serão sempre DEVEDORES ou ZERO, jamais serão CREDORES. Sempre serão
debitadas quando ocorrerem tais fatos.
Por outro lado, para adquirir tudo isso a empresa busca os capitais. Aonde?
As principais modalidades ou FONTES de capitais utilizados pela empresa. São as
ORIGENS:
25
15. a) Recebe capitais dos acionistas(sócios) que aplicam na empresa;
b) Retém os lucros ou os prejuízos apurados sem distribuí-los para os sócios;
c) Fica devendo (recebe capitais) dos fornecedores através das compras a prazo, de
qualquer coisa;
d) Recebe capitais de instituições financeiras que emprestam para a empresa trabalhar;
e) Usa dos capitais destinados ao pagamento de tributos até o dia do vencimento, isto é,
recebe-os nas vendas e só paga depois;
f) Usa dos capitais destinados ao pagamento de funcionários, isto é, primeiro o
empregado trabalha para depois do final do mês receber;
g) Usa dos capitais destinados ao pagamento das despesas, isto é, primeiro usa a energia,
o telefone, a água etc. e só paga no vencimento.
h) Recebe capitais através de suas vendas a vista e a prazo(quando as recebe).
Se, aprendemos que “quem ou aquilo que se recebe” é CRÉDITO, todas
as contas que representarem alguma das origens acima terão sempre a natureza dos seus
saldos CREDORA. Seus saldos serão sempre CREDORES ou ZERO, jamais serão
DEVEDORES. Sempre serão creditadas quando ocorrerem tais fatos.
Nos casos previstos nas letras “a” e “b” acima chamamos de CAPITAIS PRÓPRIOS
(vindos dos sócios) e nos demais, de CAPITAIS DE TERCEIROS.
1.4. A ORIGEM DO DÉBITO E DO CRÉDITO.
Ainda usando de nossa vida para uma analogia, e ratificando o que foi visto no
subitem anterior, quando recebemos um favor de alguém, imediatamente dizemos ou
pensamos: fico devendo esse favor.
Se, recebemos nosso salário é porque, com ele, estamos pagando uma dívida que
tínhamos, ou seja, a obrigação de dar em troca a nossa força de trabalho;
Comprando – recebendo - uma mercadoria qualquer, assumimos uma dívida até que
venhamos pagá-la. Portanto somos devedores.
Ao recebermos a água em nossas torneiras ou a energia em nossa casa nos tornamos
devedores por estes serviços até que venhamos pagá-los;
26
16. Quando o nosso credor nos entrega um título qualquer que estava garantindo nossa
dívida, estamos recebendo algo que comprova que resgatamos aquela dívida, isto é,
passamos a dever outra coisa, no caso o dinheiro.
É nesta linha de raciocínio que se convencionou que as partidas dobradas sempre
possuem um “débito” para o “destino” e um “crédito” para a “origem” do mesmo valor e
ao mesmo tempo.
Isso mais nada é do que “somar” ou “subtrair” valores de cada conta, de acordo com a
operação e com a natureza da conta.
1.5. ARQUIVANDO OS FATOS CONTÁBEIS – O DIÁRIO.
Os atos e os fatos ocorrem todos os dias e a todos os momentos. Os seus registros na
contabilidade são feitos num livro chamado diário. Regra geral é um livro exigido por lei.
Mas, mesmo que não seja exigido como acontece em alguns tipos de empresas ou
atividades (micros e pequenas empresas etc.) é imprescindível para a administração da
empresa, pois é ali que ela encontra registrado tudo o que acontece, podendo assim
identificar todas as suas operações.
O que é mais importante, permite apurar os resultados obtidos (lucros ou prejuízos) a
qualquer hora que quiser e tomar várias decisões através de tais dados.
É, portanto, um livro que armazena todos os acontecimentos. É como se fosse um
diário de uma pessoa.
1.6. SELECIONANDO E ACUMULANDO OS DADOS – O RAZÃO.
Podem acontecer durante o dia, do mês ou do ano vários fatos e acontecimentos iguais
isto é, da mesma natureza (compras, vendas, pagamentos, recebimentos etc). Ocorre que
pelo diário, tais registros não obedecem nenhuma ordem de classificação de acordo com a
natureza do fato, isto é, eles são registrados no momento em que ocorrem
27
17. independentemente de que natureza eles sejam. Isso faz com que em relação à natureza
fiquem registrados de forma totalmente aleatória.
O razão é o livro cujos registros ocorrem concomitantemente ao registro no diário e
aos fatos têm por finalidade classifica-los por natureza; condensa-los pela somatória dos
débitos e créditos e acumulados (armazena-los) juntamente com outros fatos iguais
ocorridos anteriormente ou no mesmo período.
Isso quer dizer, por exemplo: se a empresa quiser saber o total das vendas ocorridas até
certa hora do dia, o total até o dia anterior, o total até o mês anterior etc. basta buscar o
arquivo da conta vendas que todos os valores estarão ali acumulados.Os dados ficam
guardados e vão aumentando ou diminuindo de acordo com os fatos. Significa que a
qualquer momento que se precisar de algum dado ele estará atualizado até aquele
momento. No razão as contas já estarão classificadas convenientemente.
1.7. DEMONSTRANDO A SITUAÇÃO DAS CONTAS – O BALANCETE.
A acumulação (somatória) dos débitos e créditos registrados em cada conta, alteram
ao longo do dia, do mês, do ano ou de qualquer período. Assim os seus saldos sempre são
alterados. No razão como foi dito, o saldo de cada conta estará sempre atualizado, podendo
ser consultado ou aferido a qualquer momento.
Ocorre que a empresa, em várias oportunidades, e para várias finalidades
(encerramento do período, tomar uma decisão, elaborar os demais demonstrativos
contábeis etc.) precisa visualizar ou usar todas as contas ao mesmo tempo. É para isso que
existe o Balancete de Verificação.
Para o balancete são transferidos os saldos atualizados de todas as contas, retirados do
razão. É, portanto um demonstrativo transitório fundamental para que em um determinado
28
18. momento seja possível processar o encerramento dos resultados do período e a elaboração
dos demais demonstrativos (Demonstração de Resultado, Balanço Patrimonial etc.).
Geralmente, é composto de duas colunas onde na primeira são registrados os saldos das
contas de NATUREZA DEVEDORA e na segunda, os saldos das contas de NATUREZA
CREDORA. Lembrando que a contabilidade sempre registra um débito e um crédito ao mesmo
tempo, o valor total duas colunas devem ser exatamente iguais.
1.8. APURANDO OS RESULTADOS. - DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS.
Toda organização necessita, para fins gerenciais, para tomar algumas decisões, para prestar
contas aos acionistas (sócios) ou para atender as exigências fiscais, de apurar o resultado de um
determinado período de funcionamento da empresa. Para isso usa-se um demonstrativo
chamado Demonstração de Resultados do Exercício ou simplesmente DRE.
O período a ser encerrado (apurado o resultado) depende da finalidade a que se destina,
mas as regras são as mesmas. Quando falamos em encerrado quer dizer que as contas de
resultado (receitas e despesas) são encerradas, ou melhor, zeradas, e que a diferença, sendo
lucro ou prejuízo irá somar (no caso de lucro) ou subtrair (no caso de prejuízo) o patrimônio
líquido.
Conclusão importante pode ser tomada. Se o resultado é somado ou diminuído do
Patrimônio Líquido; e se o resultado de uma empresa pertence aos acionistas (sócios) é óbvio
concluir que o grupo Patrimônio Líquido representa os CAPITAIS PRÓPRIOS aplicados na
empresa.
O procedimento é simples.
a) Retira-se do BALANCETE as contas de RESULTADOS na seguinte ordem:
29
19. b Relaciona as contas de receitas (vendas de produtos de fabricação própria, de
revenda de mercadorias ou de prestação de serviços) com os respectivos valores e
totais. A soma representa a RECEITA OPERACIONAL BRUTA.
b Do total acima diminuímos as DEDUÇÕES DAS RECEITAS que são os valores
referentes a (devoluções, abatimentos, descontos incondicionais, tributos incidentes
etc) chegando-se a um saldo que chamamos de RECEITA OPERACIONAL
LÍQUIDA.
b Da receita operacional líquida deduzimos os CUSTOS DOS PRODUTOS
VENDIDOS; O CUSTO DAS MERCADORIAS REVENDIDAS E/OU O CUSTO
DOS SERVIÇOS PRESTADOS. Ao resultado damos o nome de LUCRO
OPERACIONAL BRUTO.
bDo lucro operacional bruto deduzimos AS DESPESAS OPERACIONAIS e ao
resultado damos o nome de RESULTADO OPERACIONAL LÍQUIDO.
bAo resultado operacional líquido adicionamos ou subtraímos o RESULTADO NÃO
OPERACIONAL que é a somatória entre as RECEITAS NÃO OPERACIONAIS e as
DESPESAS NÃO OPERACIONAIS. Ao resultado chamamos de LUCRO OU
PREJUÍZO DO PERÍODO.
bDo resultado do período (se for lucro) deduzimos as PARTICIPAÇÕES (de
empregados ou sócios) ou DIVIDENDOS; noutra linha deduzimos os tributos
incidentes (Imposto de Rendas e Contribuição Social, se for o caso).
bDeduzidos os dois valores acima, finalmente, chegamos ao LUCRO OU
PREJUÍZO LIQUIDO DO PERÍODO, que é o valor que será somado ou diminuído
do PATRIMÔNIO LÍQUIDO, no balanço.
1.9. REPRESENTANDO O PATRIMÔNIO – O BALANÇO PATRIMONIAL.
Encerrado o período o fechamento do Balanço Patrimonial não oferece maiores
dificuldades. Reflete a situação da empresa naquele momento. A sua demonstração é
simples:
a) Recorrendo ao balancete de verificação transcrevemos as contas patrimoniais
ATIVAS, que farão parte do ATIVO, devidamente classificadas na seguinte ordem:
30
20. b As contas do Ativo Circulante representando os bens e direitos da empresa de
curto prazo (caixa, saldo de bancos, aplicações financeiras, contas a receber, estoques e
outras contas etc.)
b As contas do Realizável a Longo representando os bens e direitos da empresa de
longo prazo (aplicações de longo prazo, contas a receber de longo prazo etc.)
bAs contas do Permanente, com a devida subdivisão em Investimentos,
Imobilizado e Diferido.
bAo total destes três grupos damos o nome de TOTAL DO ATIVO.
b) Recorrendo ainda ao balancete de verificação transcrevemos as contas
PATRIMONIAIS PASSIVAS, subdivididas em:
bAs contas do PASSIVO CIRCULANTE representando as obrigações da empresa
de CURTO PRAZO (salários a pagar, tributos a pagar, fornecedores, empréstimos ou
financiamentos de curto prazo etc). A esse grupo incorporamos o que foi apurado na
Demonstração de Resultados referente à Participação de Empregados ou Sócios, aos
Dividendos a Pagar e à Provisão dos Tributos à Pagar, se for o caso (Imposto de
Rendas e Contribuição Social)
bAs contas do EXIGÍVEL A LONGO representando as obrigações da empresa de
LONGO PRAZO (empréstimos, financiamentos etc.)
bÀ soma dos dois grupos acima descritos chamamos de EXIGÍVEL TOTAL ou
de CAPITAIS DE TERCEIROS.
c) Recorrendo ainda ao balancete de verificação transcrevemos as contas que
compõem o PATRIMÔNIO LÍQUIDO (Capital, Reservas, Lucros ou Prejuízos
Acumulados etc.)
d) Recorrendo à Demonstração de Resultado transcrevemos o resultado final do
período. Se for lucro, somando aos Lucros Acumulados; se prejuízo, somando aos
Prejuízos Acumulados ou reduzindo os Lucros Acumulados.
e) À soma do EXIGÍVEL TOTAL, com o PATRIMÕNIO LÍQUIDO, chamamos de
TOTAL DO PASSIVO + O PATRIMÔNIO LÍQUIDO, que deve ser exatamente
igual ao ATIVO TOTAL.
1.10. ONCLUSÃO SOBRE OS CONCEITOS BÁSICOS..
31
21. A contabilidade passa a existir a partir da ocorrência de um ato ou de um fato
administrativo. Baseado numa planificação contábil (plano de contas) os fatos são
classificados por contas; são registrados no diário pelos lançamentos contábeis constituídos
por partidas dobradas (débitos e créditos concomitantes), e ao mesmo tempo são
individualizados por natureza, classificados e armazenados no razão.
A apresentação consolidada de tais dados é feita pelo Balancete de Verificação
permitindo assim uma visão total do patrimônio e o encerramento do resultado do período
pretendido.
O encerramento é feito através da Demonstração de Resultado do Exercício e,
imediatamente à organização do Balanço Patrimonial.
A partir desses conceitos básicos é perfeitamente possível elaborar os demais
demonstrativos contábeis como serão vistos à frente, tais como DOAR – Demonstração
das Origens e Aplicações de Recursos e da DMPL – Demonstração das Mutações do
Patrimônio Líquido.
Finalmente pode-se perceber pelos conceitos propostos, que a contabilidade se
processa numa ordem perfeitamente lógica, quebrando vários paradigmas existentes sobre
várias convenções existentes para as técnicas contábeis.
Depreende-se que os fatos contábeis vão formando um patrimônio que em algum
momento é apresentado pelas demonstrações.
Em outras palavras e de forma resumida os conceitos propostos são os mesmos
utilizados por HILÁRIO FRANCO (1992;25). A análise é posterior a tudo isso. Segundo
HILÁRIO FRANCO os meios de que se utiliza a contabilidade ou as técnicas contábeis
são:
Para atingir sua finalidade a contabilidade utiliza-se das seguintes técnicas contábeis:
1 Escrituração – registro dos fatos;
2 Demonstrações Contábeis (Balanços, inventários e outras) – exposição dos
fatos;
3 Auditoria – confirmação dos registros das demonstrações;
4 Análise de Balanços – análise e interpretação das demonstrações.
32
22. II. METODOLOGIA PROPOSTA PARA A FIXAÇÃO DOS
CONCEITOS CONTÁBEIS.
Registrar um...dois....cem... eventos contábeis, é simplesmente
dominar uma técnica; saber analisar todas as suas interferências
nas várias etapas da construção do patrimônio é ter o domínio
da informação; saber interpretar os seus efeitos na gestão e na
tomada de decisões; é dominar o conhecimento.
Um dos grandes problemas enfrentados na transmissão do conhecimento contábil está na
metodologia usada. O agente transmissor ainda insiste na idéia de que baterias e mais baterias
de exercícios, principalmente sobre lançamentos contábeis e sobre fechamento das
demonstrações, possam ajudar o aprendiz a fixar conceitos e entender a mecânica contábil. Isso
tem sido um grande engano.
A experiência tem demonstrado que limitar o número de eventos contábeis usando em
contrapartida a técnica de “efeitos contábeis sucessivos”; permitindo ao aprendiz acompanhar e
avaliar do todo processo até a interpretação final, é infinitamente mais proveitoso.
2.1. A TÉCNICA DOS EFEITOS CONTÁBEIS SUCESSIVOS.
Consiste em trabalhar com apenas dois ou três eventos contábeis demonstrando todas as
fases contábeis até a interpretação final dos resultados. Supondo que no dia 30/11/x0,
levantando o balancete de verificação da empresa tenhamos encontrado os seguintes saldos de
contas:
BALANCETE DE VERIFICAÇÃO DO PERÍODO 01/01/x0 a 30/11/x0
C O N T A S SALDOS EM 30/11/X0
Cód TÍTULOS DÉBITO CRÉDITO
001 Caixa 20
002 Bancos 3.100
003 Contas a receber 6.480
004 Estoques 13.650
33
23. 011 Contas a receber longo prazo 420
021 Móveis e utensílios 9.930
031 Fornecedores 12.300
032 Salários a pagar 1.030
033 Tributos a pagar 1.320
041 Financiamentos de longo prazo 7.460
051 Capital 6.430
052 Lucros acumulados 12.530
054 Prejuízos acumulados ( 6.570)
061 Despesas diversas 6.650
062 Despesas com salários 6.910
063 Despesas com aluguéis 2.990
071 Receitas de vendas 36.300
074 Tributos sobre vendas ( 1.050)
072 Rendas de aplicações financeiras 1.010
080 Custo das mercadorias vendidas 20.610
TOTAIS 70.760 70.760
Pedir ao aluno que efetue todos os lançamentos e que feche o balanço é solicitar
apenas a aplicação das técnicas contábeis, sem analisar com maiores cuidados o que cada
evento provoca no patrimônio.
Entretanto se trabalharmos com cada evento, construindo toda interferência que ele
provoca no patrimônio será mais fácil explica-los; assim como será mais fácil para o
aprendiz fixar os conceitos. Para facilitar o trabalho ao invés de usar do razão em “T” é
mais fácil usar uma ficha de contabilidade para cada conta movimentada.
Suponhamos ainda que em dezembro XO tenham ocorrido os seguintes eventos:
- Discutindo apenas o evento “a” -
a. Compras de mercadorias $ 8.610 sendo $ 4.300 a prazo e $ 4.310 a vista pago em
cheque;
O que deve ser explicado que a empresa recebeu mercadorias que foram para os
estoques para serem vendidas posteriormente. Em troca das mercadorias a empresa
entregou ao fornecedor um titulo (duplicata) $ 4.300 e um cheque de $ 4.310.
Ao invés de concentrar esforços em saber a quem o que se debita ou se credita é mais
fácil demonstrar quais as contas que foram movimentadas, pelas fichas de contabilidade
fica mais claro.
Pelo evento é fácil identificar que foram movimentadas as contas de ESTOQUES,
FORNECEDORES, E BANCOS, nas quais deverão ser lançados os respectivos valores.
Basta orientar o aprendiz que deve buscar o saldo anterior de cada conta na
contabilidade (balancete) e lançar o evento
FICHA DE CONTABILIDADE
CONTA: ESTOQUES
Cód Data H I S T Ó R I C O Débito Crédito Saldo D/C
34
24. 004 Saldo anterior 13.650 D
004 0/12/0 Compra nesta data 8.610 22.260 D
FICHA DE CONTABILIDADE
CONTA: FORNECEDORES
Cód Data H I S T Ó R I C O Débito Crédito Saldo D/C
031 Saldo anterior 12.300 C
031 Compras a prazo nesta data 4.300 16.600 C
FICHA DE CONTABILIDADE
CONTA: BANCOS
Cód Data H I S T Ó R I C O Débito Crédito Saldo D/C
002 Saldo anterior 3.100 D
002 Cheque n º .... pagto. Compras 4.310 1.210 C
Uma discussão frutífera pode ser desencadeada após o feitio dos lançamentos
correspondentes ao primeiro evento. Vejamos:
a) Pode-se fixar melhor o conceito de “débito” na conta de estoques pelo fato de ser uma
conta de natureza devedora, quando aumenta, soma-se outro débito.
b) Permite fixar também o conceito de “crédito” na conta de Bancos, pois sendo uma
conta de natureza devedora, quando diminuída deve-se fazer um crédito.
c) A mesma fixação é feita na conta de fornecedores que sendo de natureza credora,
quando aumenta, deve-se fazer um crédito.
d) Facilita explicar o conceito de “o que se recebe” é débito, observando o que aconteceu
na contabilidade quando a empresa recebeu os estoques; explicando também o conceito
de “o que se entrega” é crédito, observando que ao entregar o cheque (creditou-se ao
banco) e ao entregar a duplicata creditou-se ao fornecedor. Reforça o conceito de troca
e das partidas dobradas.
Além de todos os aspectos envolvendo a mecânica da contabilidade, é indiscutível que
o mais importante ao se trabalhar com essa metodologia é a discussão sobre as funções e
sobre a importância da contabilidade; sobre o patrimônio e sobre a gestão de empresas.
Alguns exemplos discutíveis em relação ao primeiro evento:
a) Pode-se demonstrar que o ATIVO (bens e direitos) não foi aumentado em $ 8.610
pela entrada dos estoques como pode parecer, pois $ 4.310 apenas mudou de lugar,
35
25. isto é, saiu do banco e foi para os estoques. O que aumentou no ATIVO foi apenas $
4.300 nos estoques (compra a prazo) mas, por outro lado o PASSIVO (obrigações) foi
também aumentado em $ 4.300 pela parte a prazo, da compra.
b) Logo, pode-se concluir que na verdade o PATRIMÔNIO da empresa não foi
aumentado em $ 4.310 (8.610 – 4.300), como poderia se imaginar a primeira vista. O
fato serve para discutir o conceito de que o patrimônio somente cresce mediante
novos investimentos ou mediante resultados positivos ocorridos nas operações da
empresa.
c) Falando de gestão, na discussão de um evento como este é pertinente discutir a
necessidade da empresa criar estratégias para aumentar o giro dos estoques evitando
deixa-los parado.
d) No campo da análise é interessante discutir que a atitude de comprar parte das
mercadorias a prazo aumenta o grau de risco da empresa via endividamento, pois se
não vender os estoques no mesmo prazo obtido do fornecedor seguramente terá os
custos onerados. Sugere discutir também estratégias para as vendas a prazo
compatíveis com as compras.
e) Ainda no campo da análise fica claro que a liquidez (capacidade de pagamento) de
curto prazo (imediata) diminuiu, pois aplicou recursos disponíveis (dinheiro em
banco) em estoques.
Daí por diante, uma discussão abrangente sobre os efeitos de um evento contábil
seguramente facilitará o entendimento das funções e dos conceitos contábeis; permitirá ao
aprendiz criar uma visão muito mais ampla sobre a contabilidade enriquecendo os seus
conhecimentos.
Indubitavelmente é mais produtivo do que ficar simplesmente repetindo técnicas de
lançamentos, conceitos de débitos e créditos e a mecânica de fechamento. A mudança é
radical passando do “como fazer”, para o “porquê fazer”.
SUGESTÃO: Experimente trabalhar todos demais eventos ocorridos no mês de dezembro
de X0 conforme sugestão, da mesma forma.
a) Vendas de $ 10.500 sendo $ 4.000 a prazo e $ 6.500 a vista; e que o custo total
destas mercadorias vendidas seja de $ 4.200;
b) Os tributos sobre as vendas acima são de $ 305;
c) Pagamento em cheque dos salários de novembro $ 1.030;
d) Elaboração da folha de dezembro no valor de $ 1.100 que será paga no início de
janeiro de x1;
e) Pagamento de aluguéis em dinheiro $ 270;
36
26. f) Recebimento de contas a receber $ 2.620;
g) Depósito feito na conta bancária $ 8.300
Deve-se lembrar que o ideal seria criar uma planilha para o balancete e, a cada
evento, demonstrando as alterações. Após o preenchimento das fichas de contabilidade e
da discussão de cada evento será possível elaborar o balancete de verificação em 31/12/x0,
que será o seguinte:
BALANCETE DE VERIFICAÇÃO DO PERÍODO 01/01/x0 a 31/12/x0
C O N T A S SALDOS EM 31/12/X0
Códi TÍTULOS DÉBITO CRÉDITO
go
001 Caixa 570
002 Bancos 6.060
003 Contas a receber 7.860
004 Estoques 18.060
011 Contas a receber longo prazo 420
021 Móveis e utensílios 9.930
031 Fornecedores 16.600
032 Salários a pagar 1.l00
033 Tributos a pagar 1.625
041 Financiamentos de longo prazo 7.460
051 Capital 6.430
052 Lucros acumulados 12.530
054 Prejuízos acumulados ( 6.570)
061 Despesas diversas 6.650
062 Despesas com salários 8.010
063 Despesas com aluguéis 3.260
071 Receitas de vendas 46.800
074 Tributos sobre vendas ( 1.355)
072 Rendas de aplicações financeiras 1.010
080 Custo das mercadorias vendidas 24.810
TOTAIS 85.630 85.630
2.2. ESTRUTURAS DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS.
De posse do balancete de verificação é possível elaborar as demonstrações financeiras.
Todas as demonstrações possuem finalidades específicas embora todas tenham uma
finalidade comum, ou seja, resumir em um determinado momento os registros dos atos e
fatos praticados pela empresa dentro de um determinado período para que sejam usados das
mais diferentes formas.
37
27. Alguns períodos ou momentos também são determinados por lei, outros, são definidos
de acordo com o interesse da própria organização. Da mesma forma são as demonstrações
algumas são exigidas por leis especiais outras não.
As principais demonstrações financeiras exigidas pela legislação do imposto de rendas
e pela Lei das sociedades anônimas, aplicáveis também aos demais tipos de sociedade são:
a) Demonstração de Resultados;
b) Balanço Patrimonial;
c) Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos;
d) Demonstração de Mutações do Patrimônio Líquido.
Suas estruturas básicas também são regulamentadas ou normatizadas. Esta
exigência faz sentido porque uma das principais funções das demonstrações é classificar os
eventos administrativos, os atos ou os fatos contábeis em grupos representativos de eventos
patrimoniais ou do próprio patrimônio.
Embora não existam modelos exigidos por lei a praxe contábil conseguiu criar
estruturas que facilitam a leitura de tais demonstrações. Uma particularidade é importante.
Para efeito de análise em muitos casos há a necessidade de readequar a estrutura
demonstrada ou de reclassificar algumas contas ou grupos no sentido de facilitar os
trabalhos e dar valor real à análise.
2.2.1. ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS DO EXERCÍCIO.
A lógica para se chegar a um resultado é que das Receitas sejam deduzidos os Custos e
as Despesas. Sua elaboração não oferece dificuldades. Deve-se lembrar que todas as
demonstrações nascerão da demonstração provisória chamada de Balancete de Verificação
demonstrada linhas atrás. A primeira demonstração a ser fechada é a Demonstração de
Resultados do Exercício (DRE).
Para facilitar o raciocínio basta separar no Balancete de Verificação, as contas que
geram RESULTADOS (Receitas, Custos e Despesas), das contas PATRIMONIAIS para
podermos encerrar o período.
38
28. CONTAS DE RESULTADOS
C O N T A S SALDOS EM 31/12/X1
Cód TÍTULOS DÉBITO CRÉDITO
Despesas diversas 6 .650
Despesas com salários 8.010
Despesas com aluguéis 3.260
Receitas de vendas 46.800
Tributos sobre vendas ( 1.355)
Rendas de aplicações financeiras 1.010
Custo das mercadorias vendidas 24.810
TOTAIS 42.730 46.455
Como se pode observar há uma diferença entre as duas colunas de $ 3.725 que é
seguramente o resultado do período. Basta-nos transportar aquelas informações para a
demonstração própria para comprovar. As contas patrimoniais que sobraram no balancete
são:
CONTAS PATRIMONIAIS
C O N T A S SALDOS EM 31/12/X1
Código TÍTULOS DÉBITO CRÉDITO
001 Caixa 570
002 Bancos 6.060
003 Contas a receber 7.860
004 Estoques 18.060
011 Contas a receber longo prazo 420
021 Móveis e utensílios 9.930
031 Fornecedores 16.600
032 Salários a pagar 1.100
033 Tributos a pagar 1.625
041 Financiamentos de longo prazo 7.460
051 Capital 6.430
052 Lucros acumulados 12.530
054 Prejuízos acumulados ( 6.570)
TOTAIS 42.900 39.175
A diferença entre as duas colunas é a mesma, ou seja, $3.725. Isso dá a certeza de que
o resultado será $3.725. Com ele é possível fechar o balanço.
Basta agora transportar as contas de resultados para a DEMONSTRAÇÃO DE
RESULTADOS DO EXERCÍCIO, destinada a apurar o lucro ou o prejuízo.
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS DE 01/01/X0 a 31/12/X0
N +/- VALORES
= C O N T A S PARCIAIS TOTAIS
1 (+) Receita operacional bruta 46.800
2 (-) Deduções das receitas
Devoluções de vendas -
Tributos sobre vendas 1.355 1.355
3 (=) Receita operacional líquida ( 1 – 2 ) 45.445
4 (-) Custo das mercadorias vendidas 24.810
5 (=) Resultado operacional bruto (3 – 4 ) 20.635
6 (-) Despesas operacionais
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29. (-) Despesas diversas 6.650
(-) Despesas salários 8.010
(-) Despesas com aluguéis 3.260 17.920
7 (=) Resultado operacional liquido ( 5 – 6 ) 2.715
8 (+ / -) Resultado não operacional (R – D) 1.010
9 (=) Resultado líquido ( 7 – 8 ) 3.725
10 (-) Imposto de rendas e contrib. social -
11 (=) Lucro líquido após tributos (9 – 10) 3.725
Realmente o valor do resultado é $3.725. Este resultado irá compor as contas
patrimoniais e permitirá o fechamento do balanço. Basta transportar as contas patrimoniais
que foram separadas e o resultado da DRE para o balanço.
Quando o resultado for lucro, pode ser somado aos lucros anteriores, diminuir prejuízos
acumulados ou ficar separado no patrimônio líquido. Se for prejuízo pode ser somado a
prejuízos anteriores, compensados com lucros anteriores ou ficar destacado no patrimônio
líquido.
O saldo anterior de lucros acumulados era $12.530
Lucro apurado no período $ 3.725 = $16.255
2.2.2. ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL
Há estudiosos que já consolidaram algumas convenções sobre a estrutura gráfica das
demonstrações embora legalmente isso não exista. Mas em respeito às autoridades que são
e em razão do bom “layout” que defendem, a práxis contábil as adota. Como exemplo de
uma demonstração sugerida por um autor, IUDÍCIBUS (1988;51).
O autor entende que embora sendo uma convenção, o balanço patrimonial deva ser
constituído de duas colunas: a coluna do lado esquerdo, destinada ao Ativo, e a do lado
direito destinada ao Passivo e ao Patrimônio Líquido.
Já que é convenção poderia ser colocado, por exemplo, em primeiro lugar ou em cima o
grupo Ativo e em segundo lugar ou logo abaixo, o Passivo e o Patrimônio Líquido.
Mas, falando de estrutura na acepção estrita da palavra não é se referir a exposição
gráfica das demonstrações. É se referir à estrutura das demonstrações no que diz respeito à
disposição, à classificação e à lógica dos dados que nelas são expostos. Aí sim, existem
normas e princípios mínimos a serem seguidos.
40
30. Nesse caso e como já foi visto, exige-se que os grupos ou as contas do ativo sejam
colocados numa ordem crescente de prazo em que poderão ser realizados.
Explica-se assim a razão de que todos os Balanços Patrimoniais reflitam os bens e
direitos na seguinte ordem: Circulante, Realizável a Longo e Permanente; que um Ativo
Circulante espelhe suas contas na seguinte ordem: Disponibilidades, Valores em Contas
Bancárias, Valores em Aplicações Financeiras de Curto Prazo, Contas a Receber, Estoques
e daí por diante.
Pelo lado do Passivo e do Patrimônio Líquido o raciocínio é o mesmo isto é, os grupos
e as contas são colocados numa ordem crescente, mas agora, do prazo de maturação isto é,
do prazo que tais recursos serão exigidos da empresa.
Assim explica-se a razão de serem representados na seguinte ordem: Passivo
Circulante, Exigível a Longo e Patrimônio Líquido; que o Passivo Circulante disponha-se
pelos débitos operacionais de curto prazo: salários a pagar, tributos a recolher,
fornecedores, empréstimos de curto prazo etc. É o que se pode notar com a demonstração
do Balanço Patrimonial, a seguir.
BALANÇO PATRIMONIAL ENCERRADO EM 31/12/X0
ATIVO VALOR PASSIVO E PL VALOR
CIRCULANTE 32.550 CIRCULANTE 19.325
Caixa 570 Fornecedores 16.600
Bancos 6.060 Salários a pagar 1.100
Contas a receber 7.860 Tributos a pagar 1.625
Estoques 18.060 EXIGÍVEL A LONGO 7.460
Financiamentos longo prazo 7.460
EXIGÍVEL TOTAL 26.785
REALIZÁVEL A LONGO 420 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 16.115
Contas de longo prazo 420 Capital 6.430
PERMANENTE 9.930 Lucros acumulados 16.255
Móveis e utensílios 9.930 Prejuízos acumulados (6.570)
TOTAL DO ATIVO 42.900 PASSIVO + P.L. 42.900
2.2.3. ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÂO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DE
RECURSOS.
As demais demonstrações primam muito pela lógica.
Na Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) pela lógica demonstra-se
primeiramente em que os recursos foram aplicados e em segundo lugar, demonstra-se de
onde eles vieram. Forma-se pela ordem: primeiramente as origens e depois as aplicações
ou destinos. Para efeito de análise essas estruturas são muito importantes.
41
31. Entretanto, segue a lógica. A rigor não existe um modelo padrão para esta
demonstração. Todas variam de acordo com o tipo e com o número de eventos ocorridos
durante o período.
Para efeito de análise de gestão a utilidade da DOAR é muito limitada pelos seguintes
fatores:
a) Como todas as demonstrações se compõe de dados do passado;
b) Sua disposição inicial ou fundamento parte dos grupos não circulantes para se
chegar à variação do Capital Circulante Líquido (CCL) que é o que interessa. Tal
fato esconde vários fatos que ocorreram no curto prazo ou nos últimos dias do
período levantado
Diante de tais observações sua validade, para efeito de análise, não vai além de
informar a influências das depreciações e das amortizações ou das aplicações em
permanente e investimentos financeiros; ou ainda detectar os valores das variações
monetárias ou cambiais que não afetam o Caixa.
Mas, a rigor, talvez seja a única demonstração contábil que pudesse ser chamada de
Demonstração Financeira.
As demais demonstram situações patrimoniais (Balanço Patrimonial e Demonstração
de Mutações do Patrimônio Líquido); situações econômicas (Demonstração de
Resultados).
Fundamentalmente tem por função demonstrar a variação dos capitais circulantes entre
dois períodos.
DEMONSTRAÇÃO DE ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS
ENTRE DOIS EXERCÍCIOS.
TIPO DE VARIAÇÕES PERIODOS
20x0 20x1 Variação
1 ORIGENS DOS RECURSOS
1.1 OPERACIONAIS
(+/-) Resultado líquido do exercício
(+) Depreciações e Amortizações do Permanente
(+/-) Correção integral do Patrimônio
(+) Variação monetária ou cambial do Exigível
(-) Variação monetária ou cambial do Real. Longo
(+) Baixas do Permanente
1.2 DOS SÓCIOS OU DE TERCEIROS
(+) Redução do Realizável a Longo
(+) Dividendos recebidos e a receber
1.3 TOTAL DAS ORIGENS
2 APLICAÇÕES DOS RECURSOS
2.1. (+) Dividendos pagos e a pagar
2.2.(+) Aumento do Realizável a Longo
2.3 (+) Aumento do Permanente
42
32. 2.4 (+) Redução do Exigível a Longo
2.5 (=) TOTAL DAS APLICAÇÕES
3 Aumento ou diminuição do CCL (1.3 – 2.5)
4 Variação do CCL ( Ativo Circulante – Passivo Circulante)
2.2.4. ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO
LÍQUIDO.
É uma análise no sentido de informar como ocorreram as variações do Patrimônio
Líquido (Capital – Lucros – Reservas - Dividendos).
Refere-se também sobre informações do passado embora para efeito de análise de
gestão possa informar:
a) O processo de investimento de capitais.
b) A atualização do dos ativos a valor de mercado (reavaliação).
c) Os reinvestimentos dos resultados ou capitalização.
d) Os destinos dos resultados do período.
DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
OCORRÊNCIAS Capital Reservas de Reservas de Lucros
Correção Lucros Acumulados
1 SALDOS INICIAIS – 31/12/x0
2 OCORRÊNCIAS DO PERÍODO
(+/-) Aumento de capital
(+) Aumento de capital em moeda
(+) Reavaliação de ativos
(+/-) Resultado da Correção do
Patrimônio
(+/-) Lucro ou Prejuízo do período
3 SALDO EM 31/12/x1
2.3. LEITURA DOS DADOS CONTÁBEIS PARA EFEITO DE ANÁLISE.
Os conceitos dos componentes patrimoniais também são definidos por legislações
especiais, basicamente pela Lei 6.404/96 e Dec. Lei 1.598/97. Mas para serem utilizados
como fontes de análise devem ser traduzidos em linguagem de análise, muito diferente
43
33. pois, é a partir daí que se consegue entender a contabilidade como fonte de informações
indispensáveis à gestão das empresas.
A partir do momento em que os dados são transformados em informações, já é início de
um trabalho de análise. É mais ou menos nessa linha de pensamento que DANTE
MATARAZZO (1991:22) dá o seu conceito sobre os objetivos da análise das
demonstrações – “A análise de balanços tem por objetivo extrair informações das
Demonstrações Financeiras para a tomada de decisão”.
O comentário do autor separa, portanto, o Contador do Analista sendo que o primeiro
preocupa-se com dados e o segundo preocupa-se em traduzir dados em informações. Um
melhor entendimento poderia ser retirado das seguintes comparações:
GRUPO ATIVO
G LEITURA COM BASE LEITURA COM BASE
NOS CONCEITOS CONTÁBEIS. NOS CONCEITOS DE ANÁLISE
a) É estratégico para investimentos e
a) Bens direitos, destinos ou sensível aos efeitos inflacionários,
aplicações de capitais de curto fazendo parte do ativo operacional e do
prazo; ainda ativo real de CCL.
AC curto prazo. b) Sua redução pode representar a redução
do capital de giro ou a remessa de
b) Parte do capital de giro a curto recursos para o longo prazo.
e do CCL. c) Deve ser financiado pelos créditos
operacionais;
d) O importante não é o seu volume, mas a
sua dinâmica (o giro).
G LEITURA COM BASE LEITURA COM BASE
NOS CONCEITOS CONTÁBEIS NOS CONCEITOS DE ANÁLISE
a) Seu aumento implica na absorção de
recursos do curto prazo ou do
a) Bens e direitos, aplicações ou permanente, no primeiro caso interferindo
destinos de capital de longo na liquidez;
RL prazo. b) Deve ser financiado por recursos de longo
prazo.
b) Parte do capital de giro de c) São os recursos que mais sofrem com os
longo prazo efeitos inflacionários, pois tem um giro
menor do que o AC.
d) É parte do ativo operacional, mas não do
CCL
G LEITURA COM BASE LEITURA COM BASE
NOS CONCEITOS CONTÁBEIS NOS CONCEITOS DE ANÁLISE
a) Os investimentos permanentes devem ser
limitados, evitados ou substituídos. No
São investimentos em bens de uso, máximo devem ser financiados por
de renda e em gastos pré- recursos de longo prazo ou próprios.
PER operacionais. b) São insensíveis aos efeitos inflacionários.
c) O uso deve ser racionalizado ao máximo,
pois gera custos financeiros e não
financeiros.
44
34. GRUPO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO
G LEITURA COM BASE LEITURA COM BASE
NOS CONCEITOS CONTÁBEIS NOS CONCEITOS DE ANÁLISE
a) São origens, fontes de capitais a) Não deve ser privilegiado, exceto as
ou obrigações de curto; ou dívidas operacionais não onerosas; deve
PC ainda capitais de terceiros de financiar ativos de curto prazo.
curto. b) A sua qualidade é determinante, pois
b) Passivo operacional e parte do compromete a liquidez e gera custo.
CCG e CCL e do Exig. Total. c) Seu aumento pode significar redução de
c) Passivo real de curto. origens de longo prazo.
a) É a melhor fonte de capitais de terceiros
a) Obrigações, origens de e deve financiar investimentos de longo
capitais ou passivo prazo, mas a sua qualidade também é
operacional ou real de longo importante;
EL prazo; b) Seu aumento implica na remessa de
b) Parte exigível total e do CG de recursos para o curto ou para o longo
longo prazo. prazo;
c) Não deve ser reduzido para aumentar
fontes de curto prazo;
G LEITURA COM BASE LEITURA COM BASE
NOS CONCEITOS CONTÁBEIS NOS CONCEITOS DE ANÁLISE
a) Capitais próprios ou origens a) Deve ser privilegiado por não ser
próprias; oneroso.
b) Diferença entre ativo e b) Reflete a performance, a dimensão e a
PL passivo; evolução da empresa e o nível de
c) Compõe-se de capital lucros e remuneração sobre os capitais investidos
reservas; c) Altera-se pelos aportes, pelos resultados
d) Patrimônio social; e pelas reavaliações;
GRUPO DE RECEITAS, CUSTOS E DESPESAS
G LEITURA COM BASE LEITURA COM BASE
NOS CONCEITOS CONTÁBEIS NOS CONCEITOS DE ANÁLISE
a) As eficiências operacional mercadológica
a) É Resultado da própria e financeira são determinantes no seu
atividade. volume.
ROP b) Reflete a capacidade de b) Um aumento de valor não significa
produção. necessariamente melhorias nos resultados
c) O preço é baseado nos custos c) Depende mais das variáveis externas do
que internas e o preço é determinado pelo
mercado.
a)São dispêndios necessários à a) Seu volume depende fundamentalmente
obtenção das receitas. das eficiências mercadológica, financeira
b) É o custo de produção de e operacional da organização.
comercialização ou dos b) Orienta, mas não é determinante na
CUSTO serviços, determinante do preço a formação do preço, pois depende de
ser praticado e nos resultados. variáveis internas e externas.
c) São fixos, semifixos, c) Deve ser considerado agregado aos
variáveis ou semivariáveis. produtos mercadorias ou serviços,
embora exercendo influência nos
resultados.
a) Seu volume depende fundamentalmente
das eficiências mercadológica,
financeira e operacional da organização.
a) São despesas necessárias b) Orienta, mas não é determinante na
DOP à obtenção de receitas. formação do preço, pois depende de
variáveis internas e externas.
45
35. b) Podem ser fixas ou c) Em análise as despesas financeiras não
variáveis. são necessárias à atividade operacionais
d) devem ser consideradas como agregado
embora exerçam influência nos
resultados..
GRUPO DO RESULTADO
G LEITURA COM BASE LEITURA COM BASE
NOS CONCEITOS CONTÁBEIS NOS CONCEITOS DE ANÁLISE
a) É a diferença entre as receitas a) Depende das eficiências e das eficácias
os custos e as despesas da empresa nos aspectos operacional,
demonstrando o efeito do financeiro e mercadológico.
trabalho de uma empresa. b) Não existe limite máximo, mas deve ter
RESUL b) Pode ser operacional ou não um parâmetro mínimo conhecido antes
operacional, dependo do tipo das operações.
das receitas, dos custos e das c) É o indicador seguro que define a
despesas. atratividade da empresa p/o investidor
III. A ANÁLISE NA CONCEPÇÃO TRADICIONAL.
Há determinados conceitos, fundamentos e princípios que são
imutáveis pela própria essência, e por isso
circunstanciam e institucionalizam a ciência a que servem nas suas
mais diversas variações.
3.1. O SURGIMENTO DA ANÁLISE DE BALANÇO.
Muitas definições e conceitos sobre a análise são explorados pelos autores das mais
variadas escolas de contabilidade. Para alguns como DANTE MATARAZO (1991;26) a
46
36. análise surgiu e prosperou dentro do sistema bancário no final do século XIX mas no
Brasil somente começou a ser difundida no final dos anos 70.
Alias a SERASA empresa conhecida no Brasil por trabalhar nessa área, foi criada em
1.968. É, portanto uma parte da ciência contábil relativamente nova.
Segundo o autor, a análise de balanços tornou-se obrigatória nos EEUU em 1.915
quando o Federal Reserv Board (Banco Central do EEUU) definiu que somente poderia
negociar títulos com empresas que apresentassem os seus balanços aos bancos. A
concessão de crédito foi, portanto, uma das primeiras finalidades da análise de balanços.
Em 1.918 o FED (Banco Central Americano) normatizou as apresentações das
demonstrações para efeito de análise criando inclusive, formulários padronizados para que
fossem apresentados pelas empresas como orientador das operações bancárias.
3.1.1. A CONTABILIDADE E A ANÁLISE.
Segundo vários autores a contabilidade e a análise muito embora, esta última somente
tenha se difundido no Brasil a partir da década de 70, nasceram juntas.
Aliás, IUDÍCIBUS (1988;19) vai mais longe. Para ele a necessidade de analisar as
demonstrações é pelo menos tão antiga quanto à própria origem de tais peças.
O mesmo autor, na mesma obra a análise de balanços (sic) deve ser entendida como
uma técnica cheia de possibilidades, mas também com várias limitações. Mais aponta
problemas a serem investigados do que soluções.
É sintomática a necessidade de mudar a forma de analisar a partir do momento que a
própria contabilidade deixa de responder às necessidades de várias outras informações
utilizadas na gestão de empresas.
DRUCKER (1995:69) emérito conhecedor da arte de administrar entende que existem
dois grandes desafios para a gestão moderna. O primeiro é como obter os dados
necessários, testa-los e juntá-los ao sistema de informações existente; o segundo é saber
como tornar os dados eficazes, para o processo de decisões em uma organização.
Lembrando a contabilidade o autor diz que as empresas dependem de dados internos
como custos, ou de hipóteses não testadas a respeito do exterior. De uma ou de outra forma
47
37. ele afirma: “as empresas estão tentando voar com uma asa só”. Referindo especificamente
à contabilidade ele diz:
“As pessoas normalmente consideram a contabilidade como sendo “financeira”. Mas
isto é válido somente para a parte que lida com ativos, passivos e fluxos de caixa; esta é
apenas uma pequena parte da contabilidade moderna. A maior parte desta lida
com operações ao invés de finanças e, para a contabilidade operacional, o dinheiro
é simplesmente uma anotação e uma linguagem para expressar eventos não-monetários.
A contabilidade está sendo abalada até as raízes por movimentos de reforma que virão
fazer com que ela deixe de ser financeira, e se torne operacional....A contabilidade
tornou-se a área intelectualmente mais desafiadora no campo gerencial e a
mais turbulenta.”.
3.2. CONCEITOS DE ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES.
Eisnsten já dizia: “Tudo deve ser tão simples, quanto mais simples puder ser, e nunca
ainda mais simplificável”.
É partindo dessa crua verdade que deve se propor alguns conceitos de análise das
demonstrações. Simplificar é a palavra de ordem.
Simplificar os dados em coeficientes, índices, quocientes ou percentuais para com isso
conseguir simplificar as suas leituras; detectar e simplificar as suas causas; simplificar o
estudo de seus efeitos e racionalizar estratégias futuras.
Analisar é conhecer o todo pelas partes que o compõe. Filosoficamente é um processo
por meio do qual se sobe do composto ao simples, dos efeitos às causas.
Matematicamente falando analisar é produzir um conjunto de operações que permite
produzir um espectro a fim de se tirar uma conclusão.
Como instrumento de gestão (englobando todos os conceitos), é um conjunto de
diagnósticos setoriais da organização, traduzindo os efeitos e as causas dos resultados
obtidos pelo processo administrativo e produzindo espectros sobre o futuro do patrimônio
gerido, orientado pelas representações de suas partes.
Para HILÁRIO FRANCO (1992;93,97)
“Analisar uma demonstração é decompô-la nas partes que a formam, para
melhor interpretação de seus componentes...é a decomposição dos fenômenos
patrimoniais em seus elementos mais simples e irredutíveis”.
LOPES SÁ (1981;13) um dos grandes cientistas da contabilidade usa o comportamento
humano para explicar o trabalho de análise. Segundo ele é latente no espírito humano o
desejo de conhecer as partes de um todo.
48
38. “O método de conhecer as partes de um objeto, de um idéia, ou de qualquer coisa,
é o método analítico.... Analisar é dividir um objeto em partes para conhecer bem
tudo aquilo de que é feito um todo....Análise é, pois, um caminho de entendimentos
através das partes ou elementos de um conjunto. ...Busca-se o mais simples para
conhecer como se estrutura e como funciona o mais complexo”.
O autor citado defende a diversidade dos procedimentos de análise de acordo com
cada tipo de atividade econômica.
É uma idéia que lança desafios mostrando que o trabalho de análise não possui receitas
iguais para os mesmos números, e que vai além da mera tradução dos números expressos
nas demonstrações.
Referindo-se às normas internacionais de contabilidade, ressalta também que os
procedimentos de análise variam de país para país.
3.3. OS MODELOS USADOS NA ANÁLISE.
Segundo MATARAZZO (1991;27) Alexander Wall, considerado pai da Análise de
Balanços, apresentou em 1.919 o modelo de análise que usa os índices. O princípio não foi
modificado, mas os tipos de índices, hoje estão bastante diferentes. Os índices é um dos
modelos mais utilizado até hoje.
A partir de 1.931, a Dan & Badstreet, empresa americana encarregada de análise de
empresas, começou a divulgar os índices padrão de várias atividades econômicas
americanas.
Na década de 30 apareceu o primeiro modelo de análise de rentabilidade, para as
empresas, conhecido até hoje como Du Pont, (análise do ROI – Return on Investiment) que
decompõe a taxa de retorno em taxas de margem de lucro e de giro dos negócios.
O modelo de índices sofreu várias modificações conceituais e as mais conhecidas são.
3.3.1. OS COEFICIENTES.
49
39. É a relação de uma parte com o todo isto é, com uma grandeza maior. Para HILÁRIO
FRANCO (1992;97) “coeficiente é a determinação da percentagem de cada conta ou grupo
de contas em relação ao seu conjunto.”
Exemplo: Ativo Circulante relacionado com o Ativo Total;ou Contas a receber
com o Ativo Total.
3.3.2. OS QUOCIENTES.
É uma relação entre os componentes de um conjunto homogêneo. HILÁRIO FRANCO
assim definiu: “é o estabelecimento da relação entre componentes de um mesmo conjunto”
Exemplo: Caixa relacionado com o Ativo Circulante; ou Ativo Circulante relacionado
com o Ativo Total.
Segundo IUDÍCIBUS o uso dos quocientes tem como finalidade principal permitir aos
analistas visualizar e extrair tendências e compará-los com os padrões preestabelecidos. É
em outras palavras ver o passado e através dele, fornecer algumas atitudes que deverão ser
aplicadas no futuro.
3.3.3. OS ÍNDICES.
Designa os valores de uma mesma variável isto é, a posição de um elemento no quadro.
Geralmente são relações entre dois coeficientes. Para MATATARAZZO (1991;96)
50
40. “Ïndice é uma relação entre contas ou grupos de contas das Demonstrações Financei
ras, que visa evidenciar determinado aspecto da situação econômica ou financeira de
uma empresa...fornecendo uma visão ampla da situação econômica ou financeira
da empresa”.
HILÁRIO FRANCO conceitua índice da seguinte forma: “é a comparação
entre componentes do conjunto em sucessivos períodos”.
3.4. OS PRINCIPAIS COEFICIENTES E ÍNDICES.
Regra geral a análise das demonstrações financeiras é feita mediante a tradução dos
dados ou valores, em coeficientes ou índices permitindo assim a sua tradução em
informações. Os principais grupos de coeficientes e índices são:
3.4.1. COEFICIENTES DE LIQUIDEZ.
Medem a capacidade que a empresa possui de pagar suas obrigações com base nos
próprios recursos circulantes. É parte da análise financeira da empresa. Para IUDÍCIBUS a
análise financeira por quocientes é um dos instrumentos de avaliação mais importantes no
desenvolvimento da contabilidade.
Por unanimidade dos autores considera-se que tais coeficientes representam o quanto a
empresa possui em unidade monetária (real) para pagar cada unidade monetária (real) de
dívida. Assim, como parâmetro usa-se dizer que estando ele acima de 1,00 a empresa está
como uma capacidade de pagamento ideal.
3.4.2. COEFICIENTES DE ENDIVIDAMENTO.
51
41. São relações que demonstram o grau de comprometimento dos ativos circulantes da
empresa (ativo circulante e/ou realizável a longo) perante terceiros (dívidas).
É também unanimidade entre os autores, até por questões matemáticas, a avaliação de
que quando esse coeficiente é superior a 0,50 indica que a empresa começa a pertencer
mais terceiros do que aos próprios componentes da sociedade.
3.4.3. COEFICIENTES DE RENTABILIDADE.
Revelam a capacidade de retorno dos investimentos, isto é, demonstra o percentual de
lucro gerado pelos capitais investidos. É uma análise que segundo os estudiosos revela a
real capacidade que a empresa possui e obter resultados em função de suas atividades
principais (operacionais)
3.4.4. COEFICIENTES DE LUCRATIVIDADE.
Demonstram a capacidade que a empresa possui de obter retorno através da aplicação
de capitais nas suas atividades operacionais.
Segundo a maioria dos autores é uma análise de suma importância na visão do
investidor, que interessa saber a capacidade da empresa de conseguir resultados com os
capitais que nela são investidos;
3.4.4. COEFICIENTES DE ROTATIVIDADE.
Demonstra a velocidade com que os recursos giram tanto pelos destinos quanto pelas
origens de capitais.
Considerando que o poder de ganho da organização está condicionado a dois fatores
básicos, margem e giro esse estudo é da mais alta importância principalmente porque numa
economia altamente competitiva, o fator margem é determinado pelo mercado.
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42. Assim, a capacidade de dar velocidade aos recursos aplicados é determinante na análise
da administração.
3.5. AS LIMITAÇÕES DO USO DOS COEFICIENTES.
Os coeficientes, quocientes e índices são fórmulas matemáticas que traduzem os
dados em informações.
Não havendo regras rígidas as fórmulas variam de acordo com uma série de fatores
como a informação que se quer criar; de acordo com o tipo da empresa ou do negócio;
dentro do espaço temporal a que se destina; de acordo com a finalidade a que se destinam;
em função da criatividade e da sensibilidade do analista; muda de acordo com o enfoque
específico que se quer dar ao estudo etc.
Além das fórmulas já consagradas muitas outras já surgiram e ainda surgirão.
Assemelha-se, entretanto, que sempre haverá limitações e que jamais o assunto poderá ser
considerado como esgotado.
WOLFGANG ( 1997:34) dá uma grande lição a esse respeito. Segundo ele:
“ O bom-senso (common sense) é, sem dúvida, a base mais sólida para sermos
lógicos, práticos e claros. Afinal, o bom-senso é um aliado da lógica, praticidade e
clareza. O entusiasmo ou pessimismo em excesso e a falta de informações mínimas
são inimigos do bom-senso. Não devemos confundir arrojo ou medo com bom-senso.
O bom-senso fortalece e sustenta mais concretamennte idéias e conclusões.....Contudo,
o bom-senso implica a necessidade de certo conhecimento técnico, pesquisa
e questionamento....Por outro lado, o conhecido feeling (percepção, sentimento)
muitas vezes pode ser (e é) invocado para tentar explicar algum fenômeno na análise....
O feeling, mesmo sendo de origem subjetiva, implica certa sustentação lógica...”
É exatamente isso que se pretende. Primeiramente é preciso deixar claro que o bom
senso e os estudos já provaram que a análise através do coeficiente e índices, já prestou
grandes serviços à gestão e aos negócios.
Por outro lado há estudiosos, raros com certeza, que abominam a importância de tais
estudos como instrumentos de gestão, dado exatamente às suas limitações.
53
43. O que deve ter faltado é o bom senso isto é, certo conhecimento específico e técnico,
pesquisas e questionamento. É o que está sendo feito agora por uma nova safra de
estudiosos sobre o tema.
O que se questiona é se os coeficientes e índices são verdades ou inverdades
absolutas. Nem uma coisa nem outra.
Questiona-se também se o conhecimento sobre o ambiente, sobre o mercado e o
feeling não oferecem lógicas suficientes para enriquecer e robustecer um trabalho de
análise. Isso pode ser perfeitamente testado.
3.5.1. AS LIMITAÇÕES DA ANÁLISE QUANTITATIVA.
Não há como discutir a limitação do estudo feito através de coeficiente e de índices
vez que se referem a dados e às informações passadas. Sobretudo, não trabalham com um
cenário maior de informações.
Ensaios e opiniões de vários autores quando sinalizam e até mesmo enfatizam as
limitações desse tipo de análise (uso de coeficiente e de índices) é uma máxima.
MATARAZZO (1991;31) é enfático:
“A análise de balanços tradicional detém-se exclusivamente no passado da
empresa, por serem os dados do passado os únicos contidos nas
demonstrações financeiras”.
IUDÍCIBUS (1988:175) deixa muito claro que o uso dos quocientes oferece grandes
limitações mesmo que comparados com: a) com a série histórica da própria empresa, b)
com algum padrão previamente estabelecido, c) com quocientes análogos de empresas
pertencente ao mesmo mercado, d) com certos parâmetros de interesse regional, nacional
ou internacional.
O mesmo autor na mesma obra (183) é taxativo que a análise onde se leva em conta
apenas os valores das demonstrações financeiras possui uma limitação adicional que é não
considerar as quantidades físicas expressas naqueles valores. Defende a análise que se leva
em conta a eficiência e a produtividade dos fatores.
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