As cantigas de escárnio surgiram na Idade Média como críticas indiretas através de trocadilhos. Elas tinham como objetivo examinar tensões sociais e criticar pessoas próximas aos trovadores de forma irônica e ambígua para evitar represálias.
2. índice
Sua Origem
Oque é uma cantiga de escárnio?
Suas Características
Alguns exemplos de cantigas
3. Sua origem
As cantigas de escárnio surgiram na Idade Média entre os séculos XII e XIII, como as
primeiras manifestações literárias portuguesas. Essas cantigas tinham entre seus
objetivos examinar as tensões políticas e sociais das sociedades medievais através da
prática e poesia dos trovadores galego-portugueses. A partir daí, foram
desenvolvidos gêneros que traduzissem as mais diversas formas de expressões da
sociedade da época.
4. O que é uma cantiga de escárnio?
Nessa cantiga, o eu – lírico, faz uma crítica (sátira) indireta e com duplos sentidos a
alguém. Para os trovadores fazerem uma cantiga de escárnio, ele precisa compor uma
cantiga falando mal de alguém, ou seja, fazendo uma critica a alguma pessoa, através
de palavras de duplo sentido, ou seja, através de ambiguidades, trocadilhos e jogos
semânticos, através de um processo denominado pelos trovadores equívoco.
5. Um fato interessante é que essas cantigas eram originalmente escritas em
galaico-portuguesa na era do trovadorismo era muito comum, e um pouco
diferente do nosso português, como essa que temos hoje.
a seguir uma cantiga de escárnio escrita originalmente em galaico-
portuguesa.
- portuguesa
6. De vós, senhor, quer’eu dizer verdade
e nom ja sobr’[o] amor que vos ei:
senhor, bem [moor] é vossa torpicidade
de quantas outras eno mundo sei;
assi de fea come de maldade
nom vos vence oje senom filha dum rei
[Eu] nom vos amo nem me perderei,
u vos nom vir, por vós de soidade[...]
(Pero larouco)
7. Tradução:
Sobre vós, senhora, eu quero dizer verdade
e não já sobre o amor que tenho por vós:
senhora, bem maior é vossa estupidez
do que a de quantas outras conheço no mundo
tanto na feiura quanto na maldade
não vos vence hoje senão a filha de um rei
Eu não vos amo nem me perderei
de saudade por vós, quando não vos vir.
8. Explicação:
Indiretas: “senhora, bem maior é vossa estupidez
do que a de quantas outras conheço no mundo”
Uso da ironia e do equívoco: “Sobre vós, senhora, eu quero dizer verdade
e não já sobre o amor que tenho por vós;”
Nesta canção, o autor diz que já não canta mais sobre o amor entre ele e a senhora
citada, mais sim sobre a sua estupidez, feiura e maldade.
9. Suas Características
De forma mais genérica, estas cantigas tinham como característica central a crítica para certa
pessoa com existência real a qual consistia em alguém próximo ao trovador ou da mesma
classe social que ele.
O humor presente nestas cantigas era inserido durante a sua declamação pelos trovadores
com o uso de recursos de oratória com vozes e expressões verbais.
Neste caso, como a pessoa de quem se falava não podia ser divulgada o poeta deveria deixar
a criatividade fluir ao contar esta história com o uso de expressões e gestos bem irônicos
para demonstrar o que estava sendo dito no poema.
10. De forma mais genérica, estas cantigas tinham como característica central a crítica
para certa pessoa com existência real a qual consistia em alguém próximo ao
trovador ou da mesma classe social que ele.
O humor presente nestas cantigas era inserido durante a sua declamação pelos
trovadores com o uso de recursos de oratória com vozes e expressões verbais.
Neste caso, como a pessoa de quem se falava não podia ser divulgada o poeta
deveria deixar a criatividade fluir ao contar esta história com o uso de expressões e
gestos bem irônicos para demonstrar o que estava sendo dito no poema.
11. Alguns exemplos de cantigas
1
Ai, dona fea, foste-vos queixar
que vos nunca louv[o] em meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia! (…)
(João Garcia de Guilhade)
12. 2
A cada canto um grande conselheiro.
que nos quer governar cabana, e vinha,
não sabem governar sua cozinha,
e podem governar o mundo inteiro.
Em cada porta um frequentado olheiro,
que a vida do vizinho, e da vizinha
pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha,
para a levar à Praça, e ao Terreiro (...)
(Gregório de Matos e Guerra)