SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 3
Baixar para ler offline
REALISMO
Os autores realistas rejeitaram a idealização feita nas narrativas românticas, mas, de certo modo,
conservaram alguns traços do romance romântico, como a descrição da vida social e a análise psicológica
das personagens. Assim, com base na razão, na objetividade e na observação dos fatos e do
comportamento humano, o Realismo brasileiro aprofundou de modo singular nos romances a descrição do
ambiente, dos costumes urbanos e regionais e a análise do caráter do ser humano e dos conflitos
psicológicos.
O Naturalismo se distingue do Realismo por se aproximar mais estreitamente das teorias do
evolucionismo de Darwin, do positivismo de Comte e do determinismo de Taine, procurando explicar as
condutas humanas como resultado de fatores biológicos e sociais. Assim, para os naturalistas, elementos
como a hereditariedade e o meio social eram fatores condicionantes das atitudes e dos destinos de suas
personagens.
No Brasil, o Realismo e o Naturalismo tiveram repercussão entre 1870 e 1900, por influência direta de
escritores franceses, como Émile Zola, fundador do Naturalismo na França, e de escritores portugueses,
como Eça de Queirós.
As obras que marcam o início dessas tendências estéticas no Brasil são, respectivamente, Memórias
póstumas de Brás Cubas (1880), de Machado de Assis, e O mulato (1881), de Aluísio Azevedo.
Destacam-se também, na prosa realista, Raul Pompeia (1863-1895), com O Ateneu (1888), e, na prosa
naturalista, Inglês de Sousa (1853-1918), com O missionário (1882), e Adolfo Caminha (1867-1897),
com O bom crioulo (1895).
Machado de Assis
Além de ser o expoente do Realismo brasileiro, Machado de Assis é também um dos nossos principais
escritores.
Na vasta obra que produziu, o autor se notabilizou como um ficcionista que, em linguagem concisa e
permeada por ironia e ambiguidade, realizou uma profunda reflexão em torno dos conflitos psicológicos e
dos dramas da vida interior. Sua prosa equilibrada, sem excessos descritivos, retrata a paisagem urbana e o
homem cotidiano, envolto em suas contradições, incertezas, esperanças e fraquezas.
Nos primeiros romances que escreveu, como A mão e a luva (1874) e Iaiá Garcia (1878), ainda estão
presentes as características estruturais mais gerais do romance do século XIX, pois, embora os caracteres das
personagens tenham relevo nas narrativas, sobressai nestas a preocupação com a construção da trama.
A fase de maturidade do escritor se inicia com Memórias póstumas de Brás Cubas, obra publicada como
folhetim em 1880, na Revista Brasileira, e em forma de livro no ano seguinte. O romance, narrado em 1ª
pessoa por Brás Cubas, o “defunto autor”, é todo construído em torno da análise da interioridade das
personagens. Os fatos narrados desencadeiam, continuamente, reflexões a respeito tanto de traços
psicológicos e morais das personagens quanto da condição humana. São dessa fase também os romances
Quincas Borba (1891), Dom Casmurro (1899), Esaú e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908).
Principais características do Naturalismo
Como a estética naturalista é uma ramificação cientificista do Realismo, apresenta características próprias. O
Naturalismo está fortemente marcado pelas ideias científicas e sociológicas que varreram a Europa tais
como os ideais positivistas e suas verdades científicas; a corrente determinista que viu o homem como
produto do meio, do momento e da raça e a lei da seleção natural. Agora, vejamos o que é peculiar à estética
naturalista:
a) o romance de tese;
b) a perspectiva biológica do mundo (o homem é reduzido à condição de animal -> macho x fêmea -> o
instinto se sobrepõe à razão);
c) visão determinista (o meio e o contexto histórico têm influência);
d) personagens patológicos (personagens doentios: bêbados, incestuosos, prostitutas, devassos etc.)
– Não se preocupa com a psicologia dos personagens. Ela aparece de forma superficial; e) crítica social
explícita (anticlericais, antimonárquicos, antiburgueses);
f) detém-se nas camadas mais baixas da sociedade e nos aspectos mais torpes. Exibe a sexualidade. g) o
estilo é relegado a segundo plano. A crítica vem primeiro. Exibe-se uma linguagem vulgar, coloquial ou
cheia de termos científicos.
Aluísio Azevedo
O romancista Aluísio Azevedo se notabilizou pela habilidade de retratar agrupamentos humanos,
evidenciada em O cortiço e também em Casa de pensão.
Em suas obras, o autor, orientado pelos preceitos do Naturalismo, criou descrições objetivas e detalhadas do
ambiente e de cenas coletivas e delineou o comportamento de suas personagens conforme as teorias
científicas e filosóficas de seu tempo.
Principais marcas na obra do autor:
a) “Aproximação dom o falar português, os arcaísmos e lusitanismo presentes em O Mulato, O Cortiço”.
b) Recorre frequentemente à caricatura. Pela escrita “visualiza personagens e cenas”, “capta os traços mais
exteriores” – personagens tipos, ou seja, sem a profundidade psicológica machadiana. Embora naturalista,
Aluísio fez concessões ao gosto do leitor da época para poder sobreviver: escreveu ao lado de romances
naturalistas, romances românticos como Uma lágrima de mulher (1881), mesmo ano do polêmico romance
O Mulato, em cujo enredo exibiu as conhecidas figuras da sociedade maranhense da época (esse romance foi
um escândalo em São Luís). Em 1896, abandonou a carreira de escritor e ingressou na diplomacia
escrevendo, apenas correspondências diplomáticas. Seus romances apresentam “resíduos românticos,
documentação realista e experimentação naturalista”, marca da sua heterogeneidade. O Naturalismo atinge o
ponto máximo com a obra O Cortiço (1890), obra em que evidencia, mais uma vez, o fatalismo das forças
sociais e naturais sobre o homem (nesta obra, predominam os fatores sociais e a ênfase, dada pelo escritor,
ao agrupamento humano).
Romances: O Mulato, Casa de Pensão, O Coruja, O Homem, O Cortiço, O Livro de Uma Sogra.
Contos: Demônios e Pegadas.
Teatro: A Flor de Lis e Casa de Orates Crônicas: O Touro Negro (póstumas)

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Realismo x Naturalismo
Realismo x NaturalismoRealismo x Naturalismo
Realismo x Naturalismoadenicio
 
Literatura Era Colonial
Literatura   Era Colonial Literatura   Era Colonial
Literatura Era Colonial CrisBiagio
 
Realismo & naturalismo
Realismo & naturalismoRealismo & naturalismo
Realismo & naturalismociadacatarse
 
O Realismo e o Naturalismo em Portugal
O Realismo e o Naturalismo em PortugalO Realismo e o Naturalismo em Portugal
O Realismo e o Naturalismo em PortugalHipolito Ximenes
 
Trabalho Portugues Ppt (((Editado)))
Trabalho Portugues Ppt  (((Editado)))Trabalho Portugues Ppt  (((Editado)))
Trabalho Portugues Ppt (((Editado)))Klelson Krieger
 
Revisando o realismo e o naturalismo, 02
Revisando o realismo e o naturalismo, 02Revisando o realismo e o naturalismo, 02
Revisando o realismo e o naturalismo, 02ma.no.el.ne.ves
 
Literatura - intertextualidade - leitura
Literatura - intertextualidade - leituraLiteratura - intertextualidade - leitura
Literatura - intertextualidade - leituraCrisBiagio
 
Paródias literárias – rpn (realismo, naturalismo e paranasianismo)
Paródias literárias – rpn (realismo, naturalismo e paranasianismo)Paródias literárias – rpn (realismo, naturalismo e paranasianismo)
Paródias literárias – rpn (realismo, naturalismo e paranasianismo)Josi Motta
 
Literatura - Realismo
Literatura - RealismoLiteratura - Realismo
Literatura - RealismoNAPNE
 

Mais procurados (20)

Romantismo,realismo
Romantismo,realismoRomantismo,realismo
Romantismo,realismo
 
Realismo
RealismoRealismo
Realismo
 
Realismo em Portugal
Realismo em PortugalRealismo em Portugal
Realismo em Portugal
 
REALISMO E NATURALISMO
REALISMO E NATURALISMOREALISMO E NATURALISMO
REALISMO E NATURALISMO
 
Cronologia E CaracteríSticas Dos Movimentos LiteráRios
Cronologia E CaracteríSticas Dos Movimentos LiteráRiosCronologia E CaracteríSticas Dos Movimentos LiteráRios
Cronologia E CaracteríSticas Dos Movimentos LiteráRios
 
Realismo x Naturalismo
Realismo x NaturalismoRealismo x Naturalismo
Realismo x Naturalismo
 
Literatura Era Colonial
Literatura   Era Colonial Literatura   Era Colonial
Literatura Era Colonial
 
Naturalismo
NaturalismoNaturalismo
Naturalismo
 
Realismo & naturalismo
Realismo & naturalismoRealismo & naturalismo
Realismo & naturalismo
 
O Realismo e o Naturalismo em Portugal
O Realismo e o Naturalismo em PortugalO Realismo e o Naturalismo em Portugal
O Realismo e o Naturalismo em Portugal
 
Realismo em portugal
Realismo em portugalRealismo em portugal
Realismo em portugal
 
Trabalho Portugues Ppt (((Editado)))
Trabalho Portugues Ppt  (((Editado)))Trabalho Portugues Ppt  (((Editado)))
Trabalho Portugues Ppt (((Editado)))
 
Machado de assis obras
Machado de assis   obrasMachado de assis   obras
Machado de assis obras
 
Estilo De éPoca
Estilo De éPocaEstilo De éPoca
Estilo De éPoca
 
Revisando o realismo e o naturalismo, 02
Revisando o realismo e o naturalismo, 02Revisando o realismo e o naturalismo, 02
Revisando o realismo e o naturalismo, 02
 
A literatura do século xix
A literatura do século xixA literatura do século xix
A literatura do século xix
 
Literatura - intertextualidade - leitura
Literatura - intertextualidade - leituraLiteratura - intertextualidade - leitura
Literatura - intertextualidade - leitura
 
Paródias literárias – rpn (realismo, naturalismo e paranasianismo)
Paródias literárias – rpn (realismo, naturalismo e paranasianismo)Paródias literárias – rpn (realismo, naturalismo e paranasianismo)
Paródias literárias – rpn (realismo, naturalismo e paranasianismo)
 
Ppt realismo (1)
Ppt realismo (1)Ppt realismo (1)
Ppt realismo (1)
 
Literatura - Realismo
Literatura - RealismoLiteratura - Realismo
Literatura - Realismo
 

Semelhante a Realismo e Naturalismo na Literatura Brasileira

Literaturas sobre realismo (2)
Literaturas sobre realismo (2)Literaturas sobre realismo (2)
Literaturas sobre realismo (2)Equipemundi2014
 
Slide realismo naturalismo 09 ago 13
Slide realismo  naturalismo 09 ago 13Slide realismo  naturalismo 09 ago 13
Slide realismo naturalismo 09 ago 13Ajudar Pessoas
 
Literatura: Primeira Geração Romântica Brasileira
Literatura: Primeira Geração Romântica BrasileiraLiteratura: Primeira Geração Romântica Brasileira
Literatura: Primeira Geração Romântica BrasileiraIngrit Silva Sampaio
 
Romantismo no brasil geral
Romantismo no brasil   geralRomantismo no brasil   geral
Romantismo no brasil geralVIVIAN TROMBINI
 
A cartomante - conto de misterio.pptx
A cartomante - conto de misterio.pptxA cartomante - conto de misterio.pptx
A cartomante - conto de misterio.pptxProfGihAlves
 
Romantismo no Brasil - Prosa
Romantismo no Brasil - ProsaRomantismo no Brasil - Prosa
Romantismo no Brasil - ProsaCynthia Funchal
 
Realismo e Naturalismo - Literatura
Realismo e Naturalismo - LiteraturaRealismo e Naturalismo - Literatura
Realismo e Naturalismo - LiteraturaCynthia Funchal
 
realismo-naturalismo-2c2aa-sc3a9rie (1).ppt
realismo-naturalismo-2c2aa-sc3a9rie (1).pptrealismo-naturalismo-2c2aa-sc3a9rie (1).ppt
realismo-naturalismo-2c2aa-sc3a9rie (1).pptANDRESSASILVADESOUSA
 
realismo-naturalismo-2c2aa-sc3a9rie.ppt
realismo-naturalismo-2c2aa-sc3a9rie.pptrealismo-naturalismo-2c2aa-sc3a9rie.ppt
realismo-naturalismo-2c2aa-sc3a9rie.pptAliceEmanuelladeOliv
 
realismo-naturalismo resumo slides.ppt
realismo-naturalismo resumo slides.pptrealismo-naturalismo resumo slides.ppt
realismo-naturalismo resumo slides.pptCarlos100coliCoimbra
 
realismo-naturalismo-2c2aa-sc3a9rie.ppt
realismo-naturalismo-2c2aa-sc3a9rie.pptrealismo-naturalismo-2c2aa-sc3a9rie.ppt
realismo-naturalismo-2c2aa-sc3a9rie.pptLeandroBolivar1
 
Trabalho portugues realismo naturalismo
Trabalho portugues realismo naturalismoTrabalho portugues realismo naturalismo
Trabalho portugues realismo naturalismoLuizBraz9
 

Semelhante a Realismo e Naturalismo na Literatura Brasileira (20)

Literaturas sobre realismo (2)
Literaturas sobre realismo (2)Literaturas sobre realismo (2)
Literaturas sobre realismo (2)
 
Realismo
Realismo Realismo
Realismo
 
Realismo e naturalismo
Realismo e naturalismoRealismo e naturalismo
Realismo e naturalismo
 
Slide realismo naturalismo 09 ago 13
Slide realismo  naturalismo 09 ago 13Slide realismo  naturalismo 09 ago 13
Slide realismo naturalismo 09 ago 13
 
Literatura: Primeira Geração Romântica Brasileira
Literatura: Primeira Geração Romântica BrasileiraLiteratura: Primeira Geração Romântica Brasileira
Literatura: Primeira Geração Romântica Brasileira
 
Romantismo,realismo
Romantismo,realismoRomantismo,realismo
Romantismo,realismo
 
Realismo
RealismoRealismo
Realismo
 
Realismo
RealismoRealismo
Realismo
 
Romantismo no brasil geral
Romantismo no brasil   geralRomantismo no brasil   geral
Romantismo no brasil geral
 
Romantismo
RomantismoRomantismo
Romantismo
 
A cartomante - conto de misterio.pptx
A cartomante - conto de misterio.pptxA cartomante - conto de misterio.pptx
A cartomante - conto de misterio.pptx
 
Romantismo no Brasil - Prosa
Romantismo no Brasil - ProsaRomantismo no Brasil - Prosa
Romantismo no Brasil - Prosa
 
Realismo e Naturalismo - Literatura
Realismo e Naturalismo - LiteraturaRealismo e Naturalismo - Literatura
Realismo e Naturalismo - Literatura
 
Arte - Realismo
Arte - RealismoArte - Realismo
Arte - Realismo
 
Romantismo
RomantismoRomantismo
Romantismo
 
realismo-naturalismo-2c2aa-sc3a9rie (1).ppt
realismo-naturalismo-2c2aa-sc3a9rie (1).pptrealismo-naturalismo-2c2aa-sc3a9rie (1).ppt
realismo-naturalismo-2c2aa-sc3a9rie (1).ppt
 
realismo-naturalismo-2c2aa-sc3a9rie.ppt
realismo-naturalismo-2c2aa-sc3a9rie.pptrealismo-naturalismo-2c2aa-sc3a9rie.ppt
realismo-naturalismo-2c2aa-sc3a9rie.ppt
 
realismo-naturalismo resumo slides.ppt
realismo-naturalismo resumo slides.pptrealismo-naturalismo resumo slides.ppt
realismo-naturalismo resumo slides.ppt
 
realismo-naturalismo-2c2aa-sc3a9rie.ppt
realismo-naturalismo-2c2aa-sc3a9rie.pptrealismo-naturalismo-2c2aa-sc3a9rie.ppt
realismo-naturalismo-2c2aa-sc3a9rie.ppt
 
Trabalho portugues realismo naturalismo
Trabalho portugues realismo naturalismoTrabalho portugues realismo naturalismo
Trabalho portugues realismo naturalismo
 

Último

CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestreCIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestreElianeElika
 
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...licinioBorges
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...azulassessoria9
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADOcarolinacespedes23
 
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaRotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaronaldojacademico
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptMaiteFerreira4
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBAline Santana
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãIlda Bicacro
 
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfAula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfFernandaMota99
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números Mary Alvarenga
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelGilber Rubim Rangel
 
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptxPLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptxSamiraMiresVieiradeM
 
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdfNoções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdflucassilva721057
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfCamillaBrito19
 
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMCOMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMVanessaCavalcante37
 
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptx
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptxSlide língua portuguesa português 8 ano.pptx
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptxssuserf54fa01
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavrasMary Alvarenga
 
Atividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas GeográficasAtividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas Geográficasprofcamilamanz
 

Último (20)

CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestreCIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
 
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
 
Bullying, sai pra lá
Bullying,  sai pra láBullying,  sai pra lá
Bullying, sai pra lá
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
 
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaRotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
 
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfAula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
 
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptxPLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
 
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdfNoções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
 
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMCOMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
 
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptx
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptxSlide língua portuguesa português 8 ano.pptx
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptx
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavras
 
Atividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas GeográficasAtividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas Geográficas
 

Realismo e Naturalismo na Literatura Brasileira

  • 1. REALISMO Os autores realistas rejeitaram a idealização feita nas narrativas românticas, mas, de certo modo, conservaram alguns traços do romance romântico, como a descrição da vida social e a análise psicológica das personagens. Assim, com base na razão, na objetividade e na observação dos fatos e do comportamento humano, o Realismo brasileiro aprofundou de modo singular nos romances a descrição do ambiente, dos costumes urbanos e regionais e a análise do caráter do ser humano e dos conflitos psicológicos. O Naturalismo se distingue do Realismo por se aproximar mais estreitamente das teorias do evolucionismo de Darwin, do positivismo de Comte e do determinismo de Taine, procurando explicar as condutas humanas como resultado de fatores biológicos e sociais. Assim, para os naturalistas, elementos como a hereditariedade e o meio social eram fatores condicionantes das atitudes e dos destinos de suas personagens. No Brasil, o Realismo e o Naturalismo tiveram repercussão entre 1870 e 1900, por influência direta de escritores franceses, como Émile Zola, fundador do Naturalismo na França, e de escritores portugueses, como Eça de Queirós. As obras que marcam o início dessas tendências estéticas no Brasil são, respectivamente, Memórias póstumas de Brás Cubas (1880), de Machado de Assis, e O mulato (1881), de Aluísio Azevedo. Destacam-se também, na prosa realista, Raul Pompeia (1863-1895), com O Ateneu (1888), e, na prosa naturalista, Inglês de Sousa (1853-1918), com O missionário (1882), e Adolfo Caminha (1867-1897), com O bom crioulo (1895).
  • 2. Machado de Assis Além de ser o expoente do Realismo brasileiro, Machado de Assis é também um dos nossos principais escritores. Na vasta obra que produziu, o autor se notabilizou como um ficcionista que, em linguagem concisa e permeada por ironia e ambiguidade, realizou uma profunda reflexão em torno dos conflitos psicológicos e dos dramas da vida interior. Sua prosa equilibrada, sem excessos descritivos, retrata a paisagem urbana e o homem cotidiano, envolto em suas contradições, incertezas, esperanças e fraquezas. Nos primeiros romances que escreveu, como A mão e a luva (1874) e Iaiá Garcia (1878), ainda estão presentes as características estruturais mais gerais do romance do século XIX, pois, embora os caracteres das personagens tenham relevo nas narrativas, sobressai nestas a preocupação com a construção da trama. A fase de maturidade do escritor se inicia com Memórias póstumas de Brás Cubas, obra publicada como folhetim em 1880, na Revista Brasileira, e em forma de livro no ano seguinte. O romance, narrado em 1ª pessoa por Brás Cubas, o “defunto autor”, é todo construído em torno da análise da interioridade das personagens. Os fatos narrados desencadeiam, continuamente, reflexões a respeito tanto de traços psicológicos e morais das personagens quanto da condição humana. São dessa fase também os romances Quincas Borba (1891), Dom Casmurro (1899), Esaú e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908). Principais características do Naturalismo Como a estética naturalista é uma ramificação cientificista do Realismo, apresenta características próprias. O Naturalismo está fortemente marcado pelas ideias científicas e sociológicas que varreram a Europa tais como os ideais positivistas e suas verdades científicas; a corrente determinista que viu o homem como produto do meio, do momento e da raça e a lei da seleção natural. Agora, vejamos o que é peculiar à estética naturalista: a) o romance de tese; b) a perspectiva biológica do mundo (o homem é reduzido à condição de animal -> macho x fêmea -> o instinto se sobrepõe à razão); c) visão determinista (o meio e o contexto histórico têm influência); d) personagens patológicos (personagens doentios: bêbados, incestuosos, prostitutas, devassos etc.) – Não se preocupa com a psicologia dos personagens. Ela aparece de forma superficial; e) crítica social explícita (anticlericais, antimonárquicos, antiburgueses); f) detém-se nas camadas mais baixas da sociedade e nos aspectos mais torpes. Exibe a sexualidade. g) o estilo é relegado a segundo plano. A crítica vem primeiro. Exibe-se uma linguagem vulgar, coloquial ou cheia de termos científicos. Aluísio Azevedo O romancista Aluísio Azevedo se notabilizou pela habilidade de retratar agrupamentos humanos, evidenciada em O cortiço e também em Casa de pensão. Em suas obras, o autor, orientado pelos preceitos do Naturalismo, criou descrições objetivas e detalhadas do ambiente e de cenas coletivas e delineou o comportamento de suas personagens conforme as teorias científicas e filosóficas de seu tempo. Principais marcas na obra do autor: a) “Aproximação dom o falar português, os arcaísmos e lusitanismo presentes em O Mulato, O Cortiço”. b) Recorre frequentemente à caricatura. Pela escrita “visualiza personagens e cenas”, “capta os traços mais exteriores” – personagens tipos, ou seja, sem a profundidade psicológica machadiana. Embora naturalista, Aluísio fez concessões ao gosto do leitor da época para poder sobreviver: escreveu ao lado de romances naturalistas, romances românticos como Uma lágrima de mulher (1881), mesmo ano do polêmico romance O Mulato, em cujo enredo exibiu as conhecidas figuras da sociedade maranhense da época (esse romance foi um escândalo em São Luís). Em 1896, abandonou a carreira de escritor e ingressou na diplomacia escrevendo, apenas correspondências diplomáticas. Seus romances apresentam “resíduos românticos, documentação realista e experimentação naturalista”, marca da sua heterogeneidade. O Naturalismo atinge o ponto máximo com a obra O Cortiço (1890), obra em que evidencia, mais uma vez, o fatalismo das forças sociais e naturais sobre o homem (nesta obra, predominam os fatores sociais e a ênfase, dada pelo escritor, ao agrupamento humano).
  • 3. Romances: O Mulato, Casa de Pensão, O Coruja, O Homem, O Cortiço, O Livro de Uma Sogra. Contos: Demônios e Pegadas. Teatro: A Flor de Lis e Casa de Orates Crônicas: O Touro Negro (póstumas)