1. REALISMO
Os autores realistas rejeitaram a idealização feita nas narrativas românticas, mas, de certo modo,
conservaram alguns traços do romance romântico, como a descrição da vida social e a análise psicológica
das personagens. Assim, com base na razão, na objetividade e na observação dos fatos e do
comportamento humano, o Realismo brasileiro aprofundou de modo singular nos romances a descrição do
ambiente, dos costumes urbanos e regionais e a análise do caráter do ser humano e dos conflitos
psicológicos.
O Naturalismo se distingue do Realismo por se aproximar mais estreitamente das teorias do
evolucionismo de Darwin, do positivismo de Comte e do determinismo de Taine, procurando explicar as
condutas humanas como resultado de fatores biológicos e sociais. Assim, para os naturalistas, elementos
como a hereditariedade e o meio social eram fatores condicionantes das atitudes e dos destinos de suas
personagens.
No Brasil, o Realismo e o Naturalismo tiveram repercussão entre 1870 e 1900, por influência direta de
escritores franceses, como Émile Zola, fundador do Naturalismo na França, e de escritores portugueses,
como Eça de Queirós.
As obras que marcam o início dessas tendências estéticas no Brasil são, respectivamente, Memórias
póstumas de Brás Cubas (1880), de Machado de Assis, e O mulato (1881), de Aluísio Azevedo.
Destacam-se também, na prosa realista, Raul Pompeia (1863-1895), com O Ateneu (1888), e, na prosa
naturalista, Inglês de Sousa (1853-1918), com O missionário (1882), e Adolfo Caminha (1867-1897),
com O bom crioulo (1895).
2. Machado de Assis
Além de ser o expoente do Realismo brasileiro, Machado de Assis é também um dos nossos principais
escritores.
Na vasta obra que produziu, o autor se notabilizou como um ficcionista que, em linguagem concisa e
permeada por ironia e ambiguidade, realizou uma profunda reflexão em torno dos conflitos psicológicos e
dos dramas da vida interior. Sua prosa equilibrada, sem excessos descritivos, retrata a paisagem urbana e o
homem cotidiano, envolto em suas contradições, incertezas, esperanças e fraquezas.
Nos primeiros romances que escreveu, como A mão e a luva (1874) e Iaiá Garcia (1878), ainda estão
presentes as características estruturais mais gerais do romance do século XIX, pois, embora os caracteres das
personagens tenham relevo nas narrativas, sobressai nestas a preocupação com a construção da trama.
A fase de maturidade do escritor se inicia com Memórias póstumas de Brás Cubas, obra publicada como
folhetim em 1880, na Revista Brasileira, e em forma de livro no ano seguinte. O romance, narrado em 1ª
pessoa por Brás Cubas, o “defunto autor”, é todo construído em torno da análise da interioridade das
personagens. Os fatos narrados desencadeiam, continuamente, reflexões a respeito tanto de traços
psicológicos e morais das personagens quanto da condição humana. São dessa fase também os romances
Quincas Borba (1891), Dom Casmurro (1899), Esaú e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908).
Principais características do Naturalismo
Como a estética naturalista é uma ramificação cientificista do Realismo, apresenta características próprias. O
Naturalismo está fortemente marcado pelas ideias científicas e sociológicas que varreram a Europa tais
como os ideais positivistas e suas verdades científicas; a corrente determinista que viu o homem como
produto do meio, do momento e da raça e a lei da seleção natural. Agora, vejamos o que é peculiar à estética
naturalista:
a) o romance de tese;
b) a perspectiva biológica do mundo (o homem é reduzido à condição de animal -> macho x fêmea -> o
instinto se sobrepõe à razão);
c) visão determinista (o meio e o contexto histórico têm influência);
d) personagens patológicos (personagens doentios: bêbados, incestuosos, prostitutas, devassos etc.)
– Não se preocupa com a psicologia dos personagens. Ela aparece de forma superficial; e) crítica social
explícita (anticlericais, antimonárquicos, antiburgueses);
f) detém-se nas camadas mais baixas da sociedade e nos aspectos mais torpes. Exibe a sexualidade. g) o
estilo é relegado a segundo plano. A crítica vem primeiro. Exibe-se uma linguagem vulgar, coloquial ou
cheia de termos científicos.
Aluísio Azevedo
O romancista Aluísio Azevedo se notabilizou pela habilidade de retratar agrupamentos humanos,
evidenciada em O cortiço e também em Casa de pensão.
Em suas obras, o autor, orientado pelos preceitos do Naturalismo, criou descrições objetivas e detalhadas do
ambiente e de cenas coletivas e delineou o comportamento de suas personagens conforme as teorias
científicas e filosóficas de seu tempo.
Principais marcas na obra do autor:
a) “Aproximação dom o falar português, os arcaísmos e lusitanismo presentes em O Mulato, O Cortiço”.
b) Recorre frequentemente à caricatura. Pela escrita “visualiza personagens e cenas”, “capta os traços mais
exteriores” – personagens tipos, ou seja, sem a profundidade psicológica machadiana. Embora naturalista,
Aluísio fez concessões ao gosto do leitor da época para poder sobreviver: escreveu ao lado de romances
naturalistas, romances românticos como Uma lágrima de mulher (1881), mesmo ano do polêmico romance
O Mulato, em cujo enredo exibiu as conhecidas figuras da sociedade maranhense da época (esse romance foi
um escândalo em São Luís). Em 1896, abandonou a carreira de escritor e ingressou na diplomacia
escrevendo, apenas correspondências diplomáticas. Seus romances apresentam “resíduos românticos,
documentação realista e experimentação naturalista”, marca da sua heterogeneidade. O Naturalismo atinge o
ponto máximo com a obra O Cortiço (1890), obra em que evidencia, mais uma vez, o fatalismo das forças
sociais e naturais sobre o homem (nesta obra, predominam os fatores sociais e a ênfase, dada pelo escritor,
ao agrupamento humano).
3. Romances: O Mulato, Casa de Pensão, O Coruja, O Homem, O Cortiço, O Livro de Uma Sogra.
Contos: Demônios e Pegadas.
Teatro: A Flor de Lis e Casa de Orates Crônicas: O Touro Negro (póstumas)