Revista|Fanzine literário edição 026 (outubro, novembro e dezembro - OP / MG).
Com a participação de:
ISABELA SARAMAGO / JÚNIO RICARDO MAGALHÃES / MARIA RITA FIETTO / ANA AZEVEDO / CRISTIANO STRACCIONI QUINTANA / JEFERSON ILHA / ANDITYAS SOARES DE MOURA COSTA MATOS / PAULINHO ASSUMPÇÃO / KARINE DIAS OLIVEIRA / MÁRCIO SILVA / LIVIA VARGAS GONZÁLEZ / CAIO MATEUS / JOÃO AIDAR / EDUARDO C. SOUZA / COLETIVO AMEOPOEMA E MUITO MAIS.
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Editado pela Editora AMEOPOEMA (@coletivoameopoema) em parceria com o @studiob2mr
2. AMEOPO MA
E
editora artesanal
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FANZINE #26
|
várias (os) colaboradoras (es)
revisão: participantes
edição e finalização: @studiob2m
organização: Ed. AMEOPOEMA | @coletivoameopoema
Ouro Preto, MG - 2022
outubro, novembro e dezembro - OP / MG
Visite: www.ameopoemaeditora.com
ISABELA SARAMAGO / /
JÚNIO RICARDO MAGALHÃES MARIA RITA FIETTO /
ANA AZEVEDO / CRISTIANO STRACCIONI QUINTANA / JEFERSON ILHA /
ANDITYAS SOARES DE MOURA COSTA MATOS / PAULINHO ASSUMPÇÃO /
KARINE DIAS OLIVEIRA / MÁRCIO SILVA / LIVIA VARGAS GONZÁLEZ /
CAIO MATEUS / JOÃO AIDAR / EDUARDO C. SOUZA /
COLETIVO AMEOPOEMA E MUITO MAIS
3. Júnio Ricardo Magalhães
arcanjo.junio@hotmail.com
Ilustração: @romulopherreira
Covardias registrada
Em preto e branco
Presente nulo, futuro turvo
Sociedade em pânico
Suas ladeira retratam
A verdade nua e crua
A fragrância da maldade
Exalam por suas ruas
Dia a dia cruel
Nos afogam no mar de fel
Ouro Preto sem paz
Ouro Preto sem amor
Ouro Preto sem comoção
Em cartaz o espetáculo do horror
Vida em apuros
Caminhando em becos obscuros
Onde se refugiar?
Por terras desconhecida caminho
Sangro em território inimigo
Ouro Preto sem massagem
Patrimônio histórico
Cultural da impunidade
4. Isabela Saramago
isaramago@terra.com.br
Sou o tempo da vida tida.
Sou o espelho do pensamento sensual.
Sou as lágrimas das emoções assumidas.
Sou a alegria do sentimento casual.
Eu sinto.
Sinto o presente, dispenso agonia.
Sinto a surpresa, expresso alegria.
Sinto o suspiro, proclamo vida.
Sinto a gloria, celebro vitória.
Eu quero.
Quero lutar pela alma renunciada.
Quero cantar meu desejo em rima.
Quero dançar na melodia do silêncio.
Quero escrever poesia, exercício do meu
[inconsciente.
Eu sou.
Sou a chave magistral
do quebra-cabeça chamado VIDA.
EU
SOU
5. Amor
Falta de beleza
Dependência, vício
Turbilhão disfarçado de sentimento calmo
Prisão sem discrição
Atrás de felicidades
Que tornam-se tristeza
Ao fim das certezas
Que se esgotam ao chegar a paixão
Que rasga seu peito
Provoca cortes ardentes
Que sangram as mesmas certezas
Agora tão incertas
Há beleza no amor quando ele chega ao seu fim
Ele dói, destrói
Mas depois se vê calmo
Como uma madrugada acordada de chuva
Onde cada gota
Torna-se lembrança.
Maria Rita Fietto
@mrfietto
REAL
AMOR
6. Eu odeio você
assim, como odeio os seus olhos
cor de chocolate.
Odeio o jeito
que você me faz amar você.
Assim, como você
me faz acordar
todo dia e sorri.
Fico triste
em saber que
é uma ferida
na minha Costa.
Ana Azevedo
anaazevedo.1293@gmail.com
Ilustração: @romulopherreira
O BRILHO DO SEUS
OLHOS
7. A nova direita
Olhos que não enxergam
Ouvidos que não ouvem
Cérebro que não raciocina
Coração que não ama
Êxtase
Orgulho eufórico de destruição
Um estado de ser destrutivo
De incompreensão
Incompreenseres
Abalo
O epicentro da imbecilidade
Contra humano
A nova direita
Ou
Os cristais sensíveis de não me toque
Jeferson Ilha
jeferson.ilha@yahoo.com
EPICENTRO
8. Cristiano Straccioni Quintana
artestraccioni@gmail.com
Janete começa a preparar a janta, lava e corta os ingredientes. Na TV está
passando a novela das oito. O molho está quase pronto, agora coloca a massa na
água quente. Prepara sempre comida para dois, mesmo sabendo que jantará
sozinha novamente (a massa até que ficou boa).
Nosso primeiro ano casados foi bem difícil, não faltava nada, mas também
não sobrava. Gastávamos todo o salário com aluguel e mercado. Não podíamos
sair muito e viajar tornou-se um sonho distante. Vivíamos de amor, como dizem.
Anos passaram e o dinheiro ficou escasso quando João foi demitido: corte
de custos na oficina. Crise, disse o patrão. Quando chega a crise o primeiro a
sofrer é o trabalhador. Fiquei com pena do João. Só ficava em casa triste olhando
para sua caixa de ferramentas. Vendeu tudo. Não aguentava chegar em casa e ver
ele daquele jeito. Eu disse que aquilo era temporário. Que iria conseguir um
emprego melhor. Não conseguiu.
Começou a sair de casa cedo e voltava tarde. No início dizia que estava
procurando emprego. Depois começou a dizer que estava procurando trabalho e
por fim que estava procurando qualquer coisa que desse dinheiro. Na hora não
entendi.
Desligo a TV e vou dormir. Sonho que estou caminhando com meu marido
ao lado. Estamos passeando no parque perto de casa. Ele conta uma piada e
damos uma boa gargalhada. Ele me abraça. Sinto seu cheiro.
No presídio, João sonha com Janete. Eles estão passeando no parque
perto de casa.
Ela conta uma piada. Os dois dão uma boa gargalhada. Ele a abraça. Ele
sente o cheiro de Janete.
JANETE
9. Nosso Senhor esfolado
Nosso Senhor dos machucados
dos joelhos descarnados
em carne viva avermelhados
açoitado cuspido batido
Nosso Senhor esfolado
Nosso Senhor curtido
de pele arrancada queimada
esturricadas bolhas a explodir
liberando os caldos de Sua agonia
Nosso Senhor esfolado
lapidado chicoteado
de mãos amarradas vendado
no pau de arara garroteado
Nosso Senhor sumido desaparecido
Nosso Senhor esfolado
Nosso Senhor esfolado
lembre-se
de Nosso Senhor esfolado
preso & fritado
na cadeira
do dragão
Andityas Soares de Moura Costa Matos
instagram.com/poesiandityas
legenda aurea 1:
DOPS
10. Serás senhor do mundo por um dia
O Rei dos humanos
Imperador das forças e das raças
Serás o que aplaude a mão que mata
Que fere, atira e maltrata
Aquele que sangra os destinos
Elimine o riso, a canção e os afetos
Proíba os amores possíveis
Seja o que não se apavora diante do infame
O que nunca se diz fraco
Não implora pela mão
E inventa histórias porque precisa vencer
Pequenos e desarmados
Nós estaremos diante de ti
Nossas defesas serão os livros que desprezas
As canções que não escutas
Os poemas que nunca lestes
A beleza que não conheces
Quando as palavras forem ditas tu fecharás os ouvidos
E quando todos estiverem na rua celebrando a vida
Tu estarás dentro da tua noite que não termina
AH! Como a poesia te humilhará
Nesse dia, todo o poder do mundo não será maior do que um verso
ÚLTIMA
QUERELA
Paulinho Assumpção
paulo.assump@terra.com.br
11. Hematomas // Hemorragia // Hemoglobina exposta
Sangue escorrendo // Já fora das veias // Nas vias de fato
Sangue coagulado // Incrustado na cara // Coragem
Quase-morte // Rastro // Resto
Insiste // Agride //Machuca
O coração resiste // Apanhando // Mas ainda batendo
Já quase fora do peito // Berrando // Se esgoelando
No limite // Taquicardia // já enfartando
Adrenalina, por favor!
Aguentemos // Mais um pouquinho // Vai passar
E o cu segue sangrando // Quase-estupro
Mas enquanto houver pulso // Há luta
Porque quem tem cu // Até tem medo
Mas não se acovarda // Jamais!
TAQUICARDIA
Márcio Silva
marcio.fsc76@gmail.com
12. Banquete e poder
Vida descascada
Chão sem força
Vida amargurada!
Batalha diária no rastro desse chão
Buscando pouso digno para o corpo
Onde a mente possa descansar em paz
E o plantio... virar pão!
Não está sendo fácil encarar as estações
No entanto, a estrutura que ronca...
Tenta aliviar os fardos
Pois, ainda tem esperança nesta nação!
O “grito da Independência”
Hoje... são “falas” de defesa
Quem muito se cala... curva-se ao desrespeito
E, não põe comida na mesa!
CHÃO E PÃO
Karine Dias Oliveira
kadioliveira@yahoo.com.br
15. É preciso cuidar de nosso útero!
Porque nele se guardam medos, mágoas,
todo riso contido, tanto pó
retirado de armários mal fechados.
É preciso cuidar de nosso útero!
Porque nele se gestam dores, traumas,
todo tipo de câncer, mil feridas
sempre abertas, sangrando noite e dia.
É preciso cuidar de nosso útero!
Remover todo sangue coagulado
e esse lixo juntado desde muito.
É preciso limpá-lo todo dia.
Porque quando parimos nossos versos
a sujeira incrustada sai. Na marra!
FAXINA
Márcio Silva
marcio.fsc76@gmail.com
16. Desde antes de eu nascer, ondas de ultrassom já denunciavam:
eu não tenho útero!
Por muito tempo acreditei nisso, piamente.
Cresci.
Brincando com carrinhos, jogando futebol, empinando pipas.
Hoje, não mais.
Por algum motivo, isso me faz lembrar Clarice,
mulher amputada de sua terceira perna.
Outro dia, Angélica Freitas disse:
um útero é do tamanho de um punho.
Então é isso, pensei:
o útero é do tamanho do punho, que,
fechado, é do tamanho do coração.
Eis que, entre sístoles e diástoles,
sob pressão de 120 por 80, ou mais,
sinto fortes dores.
Como se esmurracem meu útero,
como se quisessem, na marra,
fazer-me abortar tudo que venho gestando.
As contrAções são inevitáveis.
Escrevo!
Nascem poemas.
ContrAções
17. João Aidar
fb.com/JoaoAidarFilho
cinzas e bela
(minhas)
palavras para ela
fáceis assim
tempo decorre
espaço percorre
entorno, em mim
rápido agora
o dia la fora
está bem afim
(nuvens, abóboras)
nadinha, agora
tudo bem, bom e sim
tolices
sorrises
oh, mundo econômico
sem vinco
sem mal parecer
sem ices
sem nomes
sem valer
sem doer
sem maldizer
sem amanhecer
sem você
03
poemas
João Aidar
com
no
seu
no
meu
no
céu
18. @ameopoemaeditora
facebok.com/ameopoema
Pessoal, após um longo
período de espera eis que
anunciamos as finais
etapas de nosso livro
coletivo, agora já são 12
anos, (10 anos +2) nosso
bonde nunca andou nos
trilhos mesmo. Eis a graça
da vida.
Vamos nos preparar pra
em julho fazermos umas
lives maneiras, fazermos
um baita sarau mundial pra
marcar bem a data.
QUEM VEM?
Em breve daremos mais detalhes, por hora ninguém sabe de muita
coisa, só que vai rolar e que será em julho de 2023. Acompanhe para
ficar em dia:
Livro coletivo de 10+2 anos do
Coletivo AMEOPOEMA
EM BREVE
Pessoal, eis meu novo livro (77 páginas, março 2021)
com poemas, feito totalmente de modo artesanal, em
casa, pelo próprio autor. O livro possui textos de
apresentação de Jorge Mautner, João Aidar e
Eduardo Sacramento.
O livro está sendo repassado a 25,00 com correio
incluso para todo Brasil - e vai com brinde.
PEDIDOS: (31) 9 7526 3996
Livro do autor e editor desta revista
LANÇAMENTO
Pôr do Sol nas Coisas
poemas inéditos
19. MUITO OBRIGADO PELA LEITURA
ATÉ A PRÓXIMA EDIÇÃO!
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