Revista Coletiva (fanzine) editada e impressa pelo coletivo AMEOPOEMA.
Edição 031 com a participação de:
Cristiano Straccioni Quintana \ Antônio Barros \ Fabio da Silva Barbosa \ Paulinho Assumpção \ Elidiomar Ribeiro \ Renata Pereira \ Emili Reis \ Julliano Mendes \ Paula Ester \ Ana Paula Granello \ Sérgio Bernardo \ Gazy Andraus \ Rodrigo Dias \ Felipe Durán Thedim \ Camila Gomes \ Paula Costa \ The Ganmit \ Pedro Esteves \ Flavia Asantos \ Aldo Moraes \ Eduardo C Souza \ AnaLu Kattah \ Ana Galdino \ Cleuza Figueiredo | Coletivo AMEOPOEMA.
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2. AMEOPO MA
E
editora artesanal
ameopoemaeditora@gmail.com
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FANZINE #31
|
várias (os) colaboradoras (es)
revisão: participantes
edição e finalização: @ameopoemaeditora
organização: Ed. AMEOPOEMA | @coletivoameopoema
Ouro Preto, MG - fevereiro / março 2024
circulação impressa e digital
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part
icip
antes
Cristiano Straccioni Quintana Antônio Barros Fabio da Silva
Barbosa Paulinho Assumpção Elidiomar Ribeiro Renata Pereira
Emili Reis Julliano Mendes Paula Ester Ana Paula Granello
Sérgio Bernardo Gazy Andraus Rodrigo Dias Felipe Durán
Thedim Camila Gomes Paula Costa The Ganmit Pedro Esteves
Flavia Asantos Aldo Moraes Eduardo C Souza AnaLu Kattah
Ana Galdino Cleuza Figueiredo
4. Estou caminhando tranquilamente, sentindo a areia e a água gelada nos pés. O sol
aparece de vez em quando de forma tímida no meio das nuvens. Tudo do jeito que
eu gosto. Uma hora de paz caminhando pela praia, escutando o som das ondas.
Natureza. Vejo uma figura vindo na direção contrária. Espero não ser a mulher que
me confundiu com monge budista ou o cara que beijou minha cabeça no metrô
(certamente me confundindo com outra pessoa). O cara se aproxima e para na
minha frente, falando de forma desesperada: “Cara, eu vi o Ronaldinho dançando
ballet e bebendo espumante num copo Stanley de Capão da Canoa até Torres por
quatro horas. (Essa frase faz sentido para você, leitor ou leitora? Para mim não
fez). Voltei para o hotel e não conseguia dormir, pensando no sentido daquilo tudo
que o homem havia falado. Tentei inverter a ordem das palavras para ver se faria
sentido. Nada. No outro dia e nos dias seguintes saí na mesma hora para
caminhar, na esperança de achar o homem e perguntar o que ele queria dizer com
aquilo. Nada. Voltei para a mesma praia no ano seguinte e continuei procurando.
Nada. Todos os dias saia para caminhar no mesmo horário. Nada. Vi uma pessoa
vindo na direção contrária e resolvi perguntar: “Alguma vez aqui nessa praia, você
viu um cara dizendo que havia visto o Ronaldinho dançando ballet e bebendo
espumante num copo Stanley de Capão da Canoa até Torres por quatro horas?”
Saiu caminhando sem responder. Continuei voltando todos os anos questionando
as pessoas. Nada. A única alternativa seria ficar ali caminhando até obter a
resposta. Não voltei para o hotel e no final do verão fiquei morando na praia. Nunca
mais voltei para minha cidade. Comprei uma barraca e montei entre as dunas. O
primeiro inverno foi cruel. A primeira tempestade e a chuva de granizo que quase
acabou com minha moradia. Caminho pela praia e aproveito para pedir uns
trocados ou sobras de comidas dos veranistas. No inverno fico na frente de um
mercado pedindo dinheiro. Nem lembro mais qual era a frase
Ronaldinho
dançando ballet
e bebendo
espumante num
copo Stanley de
Capão da Canoa
até Torres
por quatro horas
Cristiano Straccioni Quintana
artestraccioni@gmail.com
5. Do fundo de seu porão
gritos e uivos em vão
Não suportava mais conviver
com a podre sociedade a lhe conter
Resolveu então elaborar um protesto
com vísceras, sangue e todo o resto
Sequestrou um padre, um pastor, um militar, um ministro e um delegado
para representar todo seu desagrado
Do padre e do pastor arrancou as pernas e os braços
Colocou as Partes de um no outro e os ajeitou em um fraterno abraço
Do militar e do delegado tirou apenas o escroto
Após terminarem de sangrar, colocou o de um na boca do outro
No ministro fez uma obra fecunda
Arrancou a cabeça e enfiou o nariz na ministerial bunda
Tinha ficado elegante, coisa para expor em museu
Nem ele acreditava que todo aquele talento era seu
O artista
do protesto
sangrento
Fabio da Silva Barbosa
fsb1975@yahoo.com.br
6. Eles vão te tirar a carne
A veia, a pele, o pensamento
A capacidade de amar e de dizer não
Eles vão expulsar o barulho das tuas memórias
O umbigo enrolado no ventre
O sorriso na boca, a unidade dos corpos
E a certeza do amor
Eles vão te tirar a ogiva
A bomba que tens no cérebro
O dente que não caiu
E os teus medos mais bonitos
Vão te afastar do risco
Da porta entreaberta, das perdições do amor
Acabar com a tua lógica, teu canto, com teus cisnes negros
Vão te amarrar no tronco
Beijar teu pescoço, teu peito, tuas mãos
Não os rejeite, seja pacífico e cordial
Alimente-os com tua obediência e sensatez
E eles aumentarão por osmose
Em discursos lógicos e sedutores
Nas crenças que matam e isolam
Por fim, pisarão nos teus pés
E pedirão desculpas por te tirarem o céu
Colocarão a corda em teu pescoço
E com leve sorriso te desejarão boa noite
Paulinho Assumpção
paulo.assump@terra.com.br
Hei!
7. Eu odeio a gramática
Odeio que me mandem
Já me irrita dizerem o que posso e nao posso falar
Imagina como eu devo e não devo falar
Esse povo me manda tudo errado
Que diferença faz um “s” no meio de duas vogais?
Que diferença faz um “n” antes de “p” e “b”?
Pelo menos o povo entende de o que eu falo
Quem me manda
sabe nem porque me manda.
sintido
ninhum
Victória Faria
@professorapoetafaria
não é sobre esperar que ele pare
para enfim poder viver.
é desacelerar e observar,
o que ele tem pra oferecer.
é ter coragem de dançar na chuva,
quando não há um teto pra te cobrir.
em alguma hora se encontrar sozinho
e ainda sim saber sorrir.
é ver o mundo com outros olhos,
e enxergar suas próprias cores.
perceber que ele não é tão mau
e não oferece apenas dores.
é aproveitar cada grão,
antes que caia o último na ampulheta.
para não acabar atrasado
por apenas fingir uma vida perfeita.
Tempo
Emili Reis
8. Tantas histórias guarda a cidade
mas e estórias, quantas delas são?
Há narrativas da realidade
Em cada muro, terreno ou chão
Também por aqui há oralidade
Do campo, no urbano há um quinhão
Bichos e causos, diversidade
brumas de monstros que medo nos dão
Relatos de quem já tem mais idade
Saberes que vêm de longe ou não
Entre a magia e a urbanidade
Visagens noturnas em comunhão
Todos buscando (in)sanidade
Seja real ou na imaginação
Se noite e lenda têm cumplicidade
Quando amanhece as lendas se vão
monstros
urbanos Elidiomar Ribeiro
elidiomar@gmail.com
É medo
Puro medo
Não digam que estou atônita
Não atribuam a imagem
Cravada em minha face
Ao desespero
Ou à ansiedade
É somente medo
Um medo absoluto
Um medo tão intenso
Que quase pode ser tocado
Medo
Da guerra iminente
Da morte em andamento
Desde o nascimento
Na qual não se pensa aos vinte
Mas que não sai da cabeça
Depois dos quarenta
Medo
Renata Pereira
renatafpereira@yahoo.com.br
10. e o mar,
Aquele que é infinito
Que afoga os aflitos
Que guarda os segredos
Dos velhos e lindos mitos?
por que a vida se faz de rogada
Nos mata a cada madrugada
Palpita , agita a estrada
Por onde passamos o tempo
E some a qualquer momento?
cadê a parte bonita da história
Da luta , sempre inglória
Do medo que corta a memória
Da farsa que a alma corrói
Da fúria que tudo destrói?
e o amar?
Amargo, sorrateiro e cruel
Faz-se doce, mas não fornece o mel
Só surpresas carregadas de fel
E a solidão de todo réu
Face
Doce Ana Paula Granello
paulagranello@gmail.com
Me despeço dessa fase que agora,
[não é mais a atual.
365 dias se foram.
Nada mais será igual.
Mais um ano se inicia.
O cenário muda.
A esperança e a possibilidade de
[dias melhores
Ocupam todos os cantos…
Os sorrisos alcançam os lábios
Não há mais prantos.
Mas, essa pseudo ideia de renovação
que aquece todo coração ainda que
[momentaneamente.
É apenas uma convenção social…
E passa gradativamente
ANO NOVO
Paula Ester
paulaester545@gmail.com
11. Épico ser!
Epílogo da vida!
Quão certeiro és.
Quão real existes?
Tua mente possui o labirinto da proeza.
Labor sem fim.
Quanto mais, maior sedes
Hipófise glandular
Epífise correspondente...
do que está dentro, ao que está no todo
Quantas cascas de noz vês?
Miríades estelares bailando com placidez...
Num espaço curvo e negro,
[silencioso acima de tudo
Mas jamais omisso e tortuoso
Jamais tiras a vida de qualquer que seja
Homem, planta, animal, pois Deus és!
Hipófise não mente
Epífise sustenta
Alma pregnante
Épica variável
Hipófise epifísica
Gazy Andraus
yzagandraus@gmail.com
Epífigenese
epifísica
Lembro de Dourados e seu oceano verde.
Sentia sede de mar,
e aproveitava qualquer rede.
Pelo caminho tinha cana, milho
mas eu não via o carnaval.
A bicicleta e seus pedais…
sinto falta da estrada
e dos milharais, tudo era constante, um desafio.
Numa selva de concreto, agora,
volto a sentir...me arrepio,
vejo a solidão das multidões
onde a beleza dos confetes e foliões
mascara o triste semblante
que dorme na calçada.
Na folia, dos reis e rainhas,
faraós e concubinas,
um poeta já dizia: “enquanto houver tristeza
sempre existirá alegria.”
CarnavialFelipe Durán Thedim
lipduran@gmail.com
12. Como nos veem
: habitantes de sítios à parte
os ainda severinos
parindo filhos
ao destino das marquises
párias
bêbados
sem alfabeto
vontade
meta
luz
filosofia
substratos amorfos do submundo.
Eles dão viadutos aos automóveis.
Nós que os tornamos tetos urbanos
sem jardins
mesas postas
camas brancas
e apenas existimos
defendidos por eles em palavras
nas câmaras
senados
gabinetes
olhando-os por trás dos vidros
mais longe que o sol
e tratados como quem se move
mais abaixo que o chão.
Sérgio Bernardo
tudovirapoesia@sapo.pt
Nós,
os mesmos Miseráveis
de Victor Hugo
13. Ainda resta no peito, vontade de gritar e falar
De deixar a mágoa sofrida, erguer a cabeça e lutar
O tempo passa e a gente cego não aproveita
Focamos em coisas banais e os sonhos são deixados pra trás
O tempo que passa e muita angústia se acumula
Acreditamos em mentiras e nos afogamos em um mar de ilusão
Porém, ainda resta no peito muita vontade de gritar e de falar
O tempo vai passando e a gente deixa de acreditar
Os sonhos vão ficando de lado, abrindo espaço para a depressão
Estamos cansados de esperar, tão cansados que estamos doentes
Mas no fundo queremos mudança, queremos que as coisas sejam diferentes
Ainda resta no peito, muita vontade de gritar e de falar
Vamos juntar essa raiva contida, erguer a cabeça e lutar
O tempo vai passar, mas não podemos deixar de acreditar
Todo sonho pode ser possível, basta sermos fortes e aprender a lutar
Ainda dá tempo de mudar, ainda dá tempo de sermos diferentes
Juntemos nossas forças e vamos à luta para fazer um mundo decente
Por que ainda resta aqui no peito, muita raiva contida e vontade de mudar
Rodrigo Dias
@diddscinefoto
@uzinagemzines
Ainda
Resta
14. Camila Gomes
poeta.camilagomes@outlook.com
Sai para dar uma volta
sem rumo, sem direção
Sai para dar uma volta
com dor no coração
Sentindo tristeza, dor e solidão
com as lágrimas caindo ao chão
Porque? Por que sou negro (a)
muita gente tem preconceito
Passei em frente a escola
e ouvi dois jovens falando de mim assim:
Olha só aquele negro
todo sujo, com as roupas
rasgadas e todo suado
Sou negro sim e estou suado sim
cansado, mas, feliz
pois trabalho no emprego que sempre escolhi
Sou digno, descente
trabalho em plantação
mas, sei honrar a minha gente
Com garra e determinação.
PRECONCEITO Já renasci de várias cinzas para
arder por qualquer brasa. Porém,
existe uma fagulha. Aquela
fagulha que de longe, mesmo
que despretensiosamente
aquece e ilumina o meu olhar.
Seu sorriso irradia e sua voz
desliza pelo meu ouvido como
nota musical, que faz vibrar o
meu pulsar. Timidamente se
afasta e faz o meu pensar se
alinhar e como um despertador
me trazendo a realidade, me
fazendo lembrar que tudo são
apenas saudades do que não
v i v e m o s e q u e o u t r a s
oportunidades não teremos.
Paula Costa
15. Arte aqui fez me despir, da cabeça aos pés
Arte aqui fez Shakespeare recitar Hamlet
Jesus chorou ouvindo Brown numa fita cassete
Tipo Padre Lancellotti num disco de rap
Quando cê olha no meu olho, vê que vivo isso
Abri livro o Wander Lee Conceição Evaristo
Num Quarto de Despejo quando acende a luz
Era Carolina Maria de Jesus.
Vou entregar o seu presente tipo Reis Magos
Polícia mata igual K9 tipo três tragos
Devastador pro nosso povo como Olavo
Com a bota suja de sangue correndo atrás de escravo
Falei pros mano da quebrada que eu tinha plano
insano de salvar o mundo tipo Ariano
Sou Guimarães nesse Grande Sertão Veredas
Que nunca nos falte tinta e comida em cima da mesa
Arte salva mano, tenho certeza!
Se ela não me segura
Eu desço na correnteza.
Quero o peso da leveza de um Sérgio Vaz
O respeito dos meus parceiro quando olhar pra trás
Quem tá perdido na estrada é só seguir a luz,
de Negra Li de Dina Di pra ver Exú do Blues
Rap é a voz do povo que não tem voz
Como aprendi com Eduardo DW
“Eu brindo com os meus heróis!”
Pedro Esteves
pedroesteves.art@gmail.com
DO PÉ QUE
BROTOU CRIOLO
NÃO NASCERÃO
BOLSONAROS
16. Ao amanhecer ainda com os olhos com sono, uma sensação
de bem estar.
Um bom dia sorridente o corpo a espreguiçar a boca no bocejo
Pelo rosto escorre um lacrimejo histórias relembradas, jamais
serão contadas, tudo tão perfeito, uma noite longa ,intensa de
desejo.
cumplicidade, vaidade, vertigens, infinidade, de coisas
obsoletas, que causa um baile de borboletas no estômago
um sussurro ao pé do ouvido, um segredo revelado ,o âmago
um caso mal interpretado, várias vezes recordado, caçuados.
uma história de ficção ,onde o coadjuvante em ação etc e tal,
morre no final.
O Contexto The Ganmit
ganmitthe@gmail.com
Flavia ASantos
@luzesombras82
17. Estou como o novo homem
Sentado a beira de um rio
Olhando a vida por viés...
Estou como o novo homem
Abraçado aos cestos de poesia
Do sonho, vendo o que é melhor...
Estou como o novo homem
Saltando o tempo no espaço
Vivendo o arco da saudade
Beijando a musa, a harpa
O sono e o sonho da lira musical
Estou como o novo homem
Deitado dentro da floresta
Sorrindo, simples, como o vento.
Estou como o novo homem
Cansado e louco por viver
Como a avenida que não pára.
Estou como o novo homem
Parado ao céu que nos pertence
E ao astro-rei, o mesmo sol.
Estou como o novo homem
Escravo de um velho amor
Liberto, enfim, da solidão.
A
TRANSFORMAÇÃO
PELO
AMOR
Aldo Moraes
csm.consultoriadeprojetos@gmail.com
Rapto
Mórbido
Rápido
Sórdido
Magro
Pardo
Flagro
Fardo:
Bebo
Corro
Crio
Morro.
Verso
Proso
Mordo
Gozo
Guio
Durmo
Amanheço
Soturno.
Interrogo
Eu
Sou todo:
Meu.
Eu:
Eduardo C Souza
eduardodesouza72@gmail.com
18. Dois pesos, mais de quatro medidas
Para avaliar seu merecimento
Será que o direito ao sentimento
Nos proporciona dádivas?
Eu vejo disparate na política do afeto
Tão negligenciado para o sobrecarregado
Espírito exausto ante tanta imposição, tanto padrão...
Por que na seleção o amor vai pra quem tem mais condição?
Se a pele é branca, é jovem de classe média
Se é preta, é traficante
O esforço da mulher com jornada tripla
Pra muitos é irrelevante...
Eu quero um mundo com carinho descapitalizado
Voltado ao real, sem ser idealizado.
AnaLu Kattah
anakattaharte@gmail.com
Disparate
19. Estrada da Purificação Cleuza Figueiredo
azuelcrocha@hotmail.com
Entrar
por
esses
sítios
É
adentrar
na
história;
Caminheiros,
é
um
convite
a
voltar
no
tempo.
Dizem
que
o
imperador
andou
por
essas
plagas...
Parte
da
Estrada
Real
Da
então
Vila
Rica
Que
do
veio
aurífero
negro
E
do
muito
sangue
d'áfrica
Conjuga-se,
hoje,
Ouro
Preto!...
Podemos
avistar
Aves
de
espécies
variadas,
E
outros
tantos
animais;
Que
ao
som
de
passos
fogem
esbaforidos;
E
uma
vegetação
de
rara
beleza,
É
a
mesma
d’outrora
atapetando
o
chão;
Aqui
faço
ponto:
Onde
o
botânico
poderia
apurar
e
escolher
..
Um
pouco
à
frente,
uma
curva
mais
acentuada,
Deparamos
com
um
nicho
ecológico
envolto
em
mistério;
Uma
lenda
ou
um
fato
adormecido?
Em
toda
a
sua
extensão,
Extasiamos
com
idílicos
panoramas;
E
do
mirante,
um
olhar
mais
demorado,
Deveras,
há
de
fitar
um
nascer
do
sol
bacante
[entre
folhas
rendadas
Tecendo
colóquio;
Ou
um
devaneio
d’outros
momentos
longínquos:
Seria
um
carrear
d'ouro
sob
as
estrelas,
nas
noites
de
estio?
Ou
um
pernoite
sob
a
coberta
do
céu?
Por
um
momento
se
ouve
o
cantar
de
uma
fonte
silente.
Onde
se
pode
descansar
os
pés
cansados
de
andarilho.
A
pedra
limosa,
guardiã
Abriga
a
era
entrelaçada...
Tudo
ali
parece
conspirar:
Suspiros
de
amor,
Ideais
naufragados,
Lamentos;
Correntes
que
nos
mantém
ainda
em
degredo...
A
religiosidade
permeia
em
cada
canto;
Como
uma
oração
que
nos
chega
em
sinfonia
com
o
vento
e
Pedisse
passagem...e
as
montanhas
retumbam
num
eco,
Passai!...
Oh,
mãe
Das
Dores;
Apiedai
dessas
almas
idas
E
nós
dê
guarida,
Para
a
proteção
Desse
relicário
de
tamanha
noção
A
estrada
da
Purificação!...
20. Por um instante, o mundo parou de girar.
O Sol parou com o processo de fusão, pelo qual produz toneladas de Hélio para enviar o calor à Terra...
Não há calor na Terra.
Exceto pelo calor da fissão nuclear, processo oposto que libera Energia em um curto espaço de tempo e envia
calor
muito calor e então...
Há calor na Terra.
Há o calor do abraço
[da mãe que protege o seu filho dos destroços e
Morrem ambos]
Mas há muita, há muita esperança!
[Pediu a menina que escrevesse em seu túmulo antes de morrer e
Não foi encontrada
(Inteira)]
Então se fez o silêncio.
Exceto pelo grito da criança embaixo dos destroços que felizmente já foi abafado pelo som dos mísseis
Ou de uma outra criança
Mas busquemos a paz!
Cujas pás incessantemente reviram escombros em cima dos que jaz
Mas busquemos esperança!
Aquela que dança sobre a corda
“Cada vez que a história adormece, o som das balas a acorda”1
Então se fez o som.
Pois acordes os que ainda dormem!
Para que a corda os enforque
Então tudo se fez e, no último dia, descansou por vários dias.
Antes que as suas mãos arranquem as estrelas dos céus
Rumam os seus pés aos ramos de Oliveira
Jamais ofuscado por qualquer brilho de qualquer estrela
“Você vê aquela nuvem cinzenta acima? Horas atrás era uma coluna de fumaça
E ontem era a nossa casa”1
1: Trechos retirados dos escritos de Hiba Kamal Abu Nada, poetisa Palestina morta por Israel.
Ana Galdino
machadoa180@gmail.com
21. MUITO OBRIGADO PELA LEITURA
ATÉ A PRÓXIMA EDIÇÃO!
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