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Ouro Preto, MG | 2012 -2023
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E
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FANZINE #27
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várias (os) colaboradoras (es)
revisão: participantes
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Ouro Preto, MG - 2023
Fevereiro e março - circulação impressa e digital
Visite: www.ameopoemaeditora.com
+ Carlos Barroso + Antonio Barros + Thaís Ajaya +
Cláudio Cunha Jr
Mo Maie + Emili Reis + Felipe Durán Thedim + Eduardo C Souza +
Sofia Brito + Júnia Gaião + Flavia Alves Santos + Aiub Serrão
Letycia Holanda + Elidiomar Ribeiro da Silva + Cecília Pereira
Rodrigo Pastor + Gabriella Casa Nova + Nico C. + Karine Dias Oliveira
Ana Júlia Poletto + Paulinho Assumpção + Coletivo AMEOPOEMA
e muito mais...
part
icip
antes
FANZINE #27
Notas (que não pagam nada)
A explosão das mentes acontece a todo
momento, a criação é como uma semente
que se estilhaça largada no asfalto ao sol
infernal de fevereiro.
Sentar aqui e escrever esse processo por
mais de 10 anos tem me deixado velho de
alma. Quando termino de escrever cada
editorial vejo no espelho o quão
insignificante somos frente a toda disputa
do dia a dia, e que a luta parece mais feita
para não deixarmos o barco afundar que
para navegar tranquilamente nesse mar
de merda.
Furo meus olhos para não furar todos os
botes salva vidas que se avistam nesse
oceano que desconheço cada dia mais.
a vida arde nessa terra, a vida come o
tempo da gente todo e nos deixa rastros
que destroem sonhos.
Viver dá uma caseira. Ainda bem que
estou virando poeta e não mercador de
velas para sétimo dia.
Rômulo Ferreira
VOCÊ
DE
POESIA?
GOSTA
GOSTA
GOSTA
kota se abana debaixo de um velho
imbondeiro, com seu kibukidilu feito da palha do
dendê.
é tarde de calor em angola e kota sorri,
arrodeada pelo olhar curioso e impaciente da
molekada sentada na areia vermelha.
kota kuku, a sábia vovó, vai tirando seus
benguês de dentro duma cabaça colorida,
ascendendo brilho de mil estrelas nos olhares das
crianças …
“os antigos diziam que todas as estórias do
mundo nasceram de uma cabaça – ombenji –
partida pela metade … por isso quando
encontramos uma cabaça pela savana ou perto do
rio, devemos respeitá-la, porque o som da cabaça é
voz de muxima, o som do coração …
kixandara, a aranha, foi quem primeiro
habitou ombenji – a cabaça – e teceu com seu fio
dourado as estórias de tata viangongo, o fogo e de
kilembe, a grande árvore da vida”.
as crianças se arrodeavam pra cantar com
kuku em mitendu, uma harmonia coral de belas
vozes ….
“kilembe, kilembe,
kilembe, kilembe …
kisekele…
kilembe, kilembe,
meu grãozinho de areia…”
a molekada cantava dançando em vozes
uma, reverberando alegria até os confins da terra.
quando terminaram o canto mitendu, se
assentaram e kota kuku tirou da cabaça colorida sua
velha maraca, lhe balançou no ar e sussurrou bem
baixinho:
“foi kixandara, a aranha, que chegou aos pés
de kilembe, a grande árvore e lhe perguntou:
'kilembe, kilembe … como foi que começou o
mundo?',
no que kilembe matutu balançou suas
galhas e disse à kixandara:
' dona aranha kixandara … antes, bem antes
do antes do antes, tudo que existia era uma linha
reta…'”
e a molekada chega nem respirava…
“'por muito tempo essa linha dançou sozinha,
até que um dia no meio desta linha nasceu uma
forma vazia, mbungi, o nada … de onde emergiu
muntu, corpo sol
kalunga, a força do fogo completa em si …
as chispas do fogo da kalunga se agitaram em
movimentos dançantes dentro de mbungi, até que
explodiu numa enorme tempestade, kimbwandènde,
fazendo jorrar na imensidão do espaço aberto
projéteis e constelaçõesde fogo cósmico.'”
e os ramos de kilembe, a árvore, balançavam
no ar quente da tarde de cambinda.
“'muito tempo se passou até que uma destas
estrelas se resfriou e virou um planeta verde, com
vida que respirava em potente abundância… do fogo
nasceu as águas e oceanos primitivos e os rolos do
presente, futuro e passado sopraram neste planeta o
pólen da vida, águas, gases e relâmpagos, gerando
bactérias, algas, caracóis, água vivas, estrelas do
mar, plantas marinhas …
depois viram florestas, montanhas, mares,
vulcões, rochas … e de belas paisagens nasceram
pequenas formas de vida animal, insetos, anfíbios,
mamíferos … que se transmutaram, cresceram, se
multiplicaram… e depois que tudo isso já estava vivo,
nasceu a pessoa humana, como ser de quatro pés e
quatro braços, que se separou entre macho e fêmea,
lumbu e muzita, com o passar do tempo' disse
kilembe matutu.
`por isso é que, entre nós, cada vez que uma
criança nasce, é como o nascer do sol, porque a
gente se lembra do começo de tudo, quando a força da
kalunga se manifestou em vida!”
kota kuku se sentou embaixo do imbondeiro e
voltou a se abanar sorrindo, com seu kibukidilu de
palha.
tirou de sua cabaça ombenji umas sementes
graúdase explicoupra molekada:
“dona aranha kixandara! está vendo o que
tenho aqui em minhas mãos? é o fogo ou a água que
podem despertar a dormência dessas semente de
imbondeiro … porque a água é o fogo e o fogo é a
água, e a kalunga é a mãe do tempo e das memórias
…”
Mo Maie, Senegal, junho de 2020
instagram.com/mo.maie
Estive sozinho, e não senti saudade. Passei mais um ano,
e não senti a idade. Uma vez fui soldado, e outra amante.
Uma vez hesitei, já na outra esperei. Tenho esquecido,
mas ando procurando. Antes de chegar, já fui aproximando.
Uma vez choveu, tive medo. Eu senti,
ajoelhei. Não passa, não chora.
O preço do amanhã?
talvez consiga pagar, depende da inflação.
Sou eu quem chama por três vezes a ignorância
Cláudio Cunha Jr
martellcesarclaudio@gmail.com
Algo muito maior que a própria sina?
Como se todo caminho percorrido fosse insuficiente,
Como se faltasse algo lógico
Como se ficasse somente o sórdido...
Como se o sabor, doce, fosse amargo
A brisa suave fosse um chicote árido.
Como se a própria sina fosse incompreensível.
Toda sorte um baque feroz.
E mesmo na tristeza, um sono tranquilo...
Thaís Ajaya
rizosferazine@gmail.com
BAQUE
dia a dia
diabólico
diabólico o dia
a dia
dia
a dia
a dia o dia
diabólico
a dia o dia
a dia
dia a dia o dia
diabólico
diabólico o dia
a dia
a dia
dia a dia
a dia o
diabólico
ia
ia
diabólico
diabólico
dia
Antonio Barros
artitude.ab@gmail.com
Se à noite não durmo meu amor
seja talvez para te olhar na paz dos sonhos
-estado vital despretensioso-
e então me alimentar dos teus suspiros;
porém, subitamente,
na cortina desse olhar, decididamente fechada,
imagino que me esqueces
e experimento o desconsolo de existir.
Depois lembro-me que pela manhã
serás tu, mulher, a encarar o meu sono, pesado
por te admirar teimosamente
no sufoco da madrugada - e dirás:
“Gosto tanto de te ver dormindo!”
Posso enfim descansar
para mais um dia.
Se dormes e repousas as palavras
o silêncio é, para mim, o maior dos sustos;
se durmo, e repouso as angústias
sou para ti uma fonte de ternura.
Quisera eu ser capaz da tua sabedoria
para descascar-me deste pânico…
Para viver na ternura,
tão somente na ternura
que só tu sabes sentir.
POEMA
DA
NOITE
Lâmpada
Gracejo
Lânguido
Lampejo
Doce
Desejo
Toque
Abraço
Beijo.
Madruga
Alma
Me suga
Calma
Pra dentro
De ti
Adentro:
Deci
Ao íntimo
Teu
Lampejo
Eduardo C Souza
eduardodesouza72@gmail.com
Sofia Brito
sofiabrito.fogo@gmail.com
Carlos Barroso
carlosbarrozo@hotmail.com
se
você
me
deixa
vou
ter
uma
tosse
de
cachorro
que
não
para
então
uma
zoeira
que
perpassa
corpo
e
alma
nem
uma
bagaceira
vai
recuperar
o
bagaço
dessa
carcaça
se
você
me
deixa
me
atrapalha
até
na
luta
contra
essa
canalha
o
sol
vai
pirar
por
tudo
—
e
tanto
que
ele
vaga
–
de
um
lado
a
outro
dessa
arcada
e
deixará
a
garagem
tranquila
da
Via
Láctea
para
cair
na
nossa
cara
se
você
me
deixa
o
que
colore
o
cálido
será
apenas
um
caldo
de
uma
espécie
cheia
de
recalques
e
não
haverá
lua
ou
rapinagem
para
envolver-nos,
nessa,
de
nós
dois,
uma
Trindade
(um poema lírico do abandono)
Nascido ao pôr do sol
Naquela tarde de domingo.
Morto ao sol nascer
Naquele choro,
Sem abrigo.
Plantei sementes de carinho
E colhi frutos de dor.
A árvore cresceu do ódio
Já conhecido, por amor.
Emili Reis
gabryelathainara15@gmail.com
AMOR Não temos mais um pseudo filósofo cuspindo falácias
não temos mais o nosso pão.
Quem nos alimentará com o chorume, o que virá
de antemão?
Somos gratos aos excrementos,
do suposto boquete sem dentadura,
da barca egípcia,
da apologia ao tabagismo
à idolatria embevecida por ódio e prazer.
Não temos mais fumaça ou carão, graças a Deus
vossos cus não estão em debate, somente
A razão.
UM ANO SEM RAZÃO
Felipe Durán Thedim
lipduran@gmail.com
ENTRE
CORPO
E
ALMA
Júnia Gaião
juniagaiao@gmail.com
Às vezes voo.
Pra levantar asas
aperto os olhos
até tudo virar nuvem
lanço o coração e vou
sem capa ou mágica.
Deixo o corpo
pendurado no armário
ou deitado na rede
ele que se entenda
com a traça e com a tarde.
Corpos voam na guerra
e nas tragédias
Mas as almas, de mãos dadas com anjos
ou pássaros,
levitam como ninguém mais sabe.
Às vezes morro.
E a cada imagem que passa
no túnel brilhante do voo
um frio no ventre
me lembra do corpo
esquecido na casa
Mas é dele que, como louca, eu corro.
Os massacres fazem parte da nossa realidade desde os tempos mais
remotos. Na modernidade não poderia ser diferente e este disparate, irmão
consangüíneo da barbárie está por todas as partes. Este monstro age usando
seus vários tentáculos para disseminar o medo e a miséria na população. A
cultura da violência está intrínseca na política da elite brasileira e os golpes são
constantes e certeiros.
Somos massacrados diariamente quando pagamos um absurdo pelo
preço do transporte coletivo; somos humilhados quando vemos nossos
parentes indígenas esmolando pelas esquinas das grandes cidades e
subjugados em suas próprias terras; somos violentados ao testemunharmos e
sofrermos racismo, lgbtfobia, misoginia, xenofobia, feninicídio e tantos outros
crimes de ódio. Os massacres estão presentes no nosso cotidiano. Os arcaicos
pregavam Olho por olho, dente por dente, contudo, ainda no século XXI, a
perversidade de cabeças ceifadas são ininterruptas e a banalização da
violência é algo desumano.
Muitas cabeças ainda hão de rolar e se não reivindicarmos, gritarmos,
sairmos às ruas para exigirmos mudanças, quiçá nossas cabeças ainda estarão
sobre nossos corpos. Sofremos massacres diariamente mas jamais
sucumbiremos as máfias partidárias que promovem seus ciclos famintas pelo
caos.
Somos diferentes mas somos um só povo, e como dissera Hannah
Arendt: A pluralidade é a condição da consciência humana pelo fato de sermos
todos os mesmos, isto é, humanos sem que ninguém seja exatamente igual a
qualquer pessoa que tenha existido, exista ou venha existir.
OS
MASSACRES
Aiub Serrão
serraoub@gmail.com
Deve ser onde anjos lavam as asas,
onde a tristeza dos dias arrebenta.
Onde se recuperam, e tentam,
em vão, criar novas esperanças,
mortas diariamente
por nossa ignorância
ilustração e texto:
Flavia Alves Santos
@luzesombras82
Vê esta calçada?
É o teu lugar
Se ajeita, se molda
Se põe a esperar
Que o mestre dos tempos já vem te buscar
Já sabe o teu nome, tua cara, tua senha
Já tem teu segredo, a tua intenção
Moleque atrevido
Esparro de homem
Garoto vadio
Quem sabe teu nome?
Oh, filho do asfalto e da pedra
Da poeira e da fumaça
Quem surrupiou teu destino?
E esvaziou teus olhos de menino?
Quem vai guardar teu retrato?
Diante da rua e de ninguém
É grande a avenida do mundo
Que te perde num segundo
E não aposta em tua história
Sem tempo, hora e direção
Quem iluminará tua sombra?
E numa sublime revelação
Nos dará o teu perdão?
Fetos absolvidos da vida
Hipnose tecnológica suicida
Orgias puritanas da salvação
Cega fé revelada em vão
Viagens delirantes da juventude
Rostos jocosos de luz
Reacionários e seus poderes vitalícios
Afagando o erário e a cruz
Castas crentes em sua pureza
Ideias metainteligíveis
Igarapés córregos de vileza
Bóiam fezes petrificadas
Pelo sol cruel e ciumento
Todos engodos humanos possíveis
Contidos nas artérias das urbes
Massacram a vida há tempos
Que adormece em seu sono lento
Caminha meticulosamente inerte
Para que mais uma morte desperte
POEMA
DA
MARGEM
Aiub Serrão
serraoub@gmail.com
Paulinho
Assumpção
paulo.assump@terra.com.br
Escrevo porque a palavra expressa o pensamento e comunica a ação
Escrevo sobre a vida porque da morte nada sei
Ouço aqui e ali, mas nada é certo.
Escrevo porque há de se propagar à letra, o canto e a melodia há de suavizar o pranto
Escrevo para que haja canção e a música movimente o corpo e me leve à dança
Escrevo para que haja o fato e se eu não puder falar, que o olhar diga e expressem em
gestos mímicos e venham a ser o ato de teatro ainda que em um único parágrafo
Escrevo porque hoje preciso ensinar o que aprendi ontem, porque a mundo gira e preciso
caminhar para tudo mudar no futuro
Escrevo porque hoje preciso aprender para ensinar amanhã; para que nada fique esquecido
no passado e seja definitivo
Escrevo para registrar o que vou deixar para outros; para que você possa fazer a partir do
que já existe
Escrevo para que se conheça o que a guerra faz e se estabeleça a paz quando o “melhor de
mim” sair do meu interior e ressurgir no papel
Escrevo hoje para que a esperança possa neste instante e seja ação de amor em todo
momento
Escrevo hoje porque somente a mim foi delegado o poder de mudar todas as coisas
A partir das coisas que já existe da criação de Deus. Eu acredito em mim e também em você
Que a escrita esclareça e incentive a fantasia e não deixe esmorecer a amizade e fortaleça o
amor
Ainda que a verdade seja áspera, que a palavra leve ao reconhecimento e faça sentido o
perdão e a compreensão venha como ponto final.
ESCREVENDO O FUTURO Letycia Holanda
bandoartecultura@gmail.com
Gabriella
Casa
Nova
@_chamberofreflection
verdadeiramente, quero incendiar nossa casa
usar um batom vermelho, subir nos meus melhores saltos
atear fogo com paixão em tudo: inclusive em mim.
fiz as malas pra partir correndo, não vi que tava na contramão
me desfiz em mil pedaços no negrume do asfalto
asas sujas, bolsas em punho, de cara na avenida
estatelada
(sem perder o arzinho prepotente de mulher astuta do terceiro milênio,
of course);
é muita coisa com pinta de fim do mundo…
começaram os tremores e antes de saber se vinham de dentro ou de fora eu fugi
meu copo ficou pra sempre vazio sobre a mesa numa nostalgia de dar dó
nostalgia dos afetos e outras tantas coisas mais banais.
por isso, preste atenção:
abro mão do autocentrismo e de qualquer forma de piedade
num rompante máximo de preservação
vislumbraremos hoje um lançamento sideral — one night only!
a catástrofe pode por na minha conta depois, assino embaixo com categoria;
só mais alguns passos e chegaremos ao topo, digo a mim mesma
e me respondo com o mais nobre silêncio,bastante elegância
num desbunde do caralho mas sem deixar de marchar um segundo.
mudando de tópica, parece que vai chover forte mais tarde
com risco de desmoronamentos etc e tal
oxalá leve embora toda essa desolação
mas entendo que destruir também pode ser uma necessidade.
gostaria de uma limonada se possível
e um cantinho pra me sentar e rezar por quem está mais protegido:
pouca coisa na vida passa de mera ilusão.
vergonhosamente, Deus sente prazer é na estética do medo.
ALERTA
DE
PRECIPITAÇÃO
PLUVIOMÉTRICA
Democracias caem quando
Não mais nos importamos
Em defendê-las
Quando normalizamos
Ataques
Às minorias
E, sob falso pretexto
Da liberdade
De expressão
Aceitamos ofensas
Aos poderes
Democraticamente constituídos
Aí, quando abrimos os olhos
Inês já é morta
E a democracia, idem.
CUIDADO!
Cecília Pereira
rpastoralves@gmail.com
Miro, luto
Me solto, me atiro.
Mas por quê tanto ódio?
Me fazes seu inimigo
Massacra-me
Mesmo sendo como eu
Martiriza-se e foge
Mas busca sempre o meu sofrer.
Somos um,
oh, abutre desgraçado!
Sente-se, sinta-se,
monstro desfigurado
CORPO
FALA
Elidiomar Ribeiro da Silva
elidiomar@gmail.com
Nada
mais
vale
Nada
mais
vale.
Só
a
vale,
que
já
tirou
o
Rio
Doce
do
nome
e
da
face
da
terra.
Nada
mais
vale
no
momento.
Só
o
minério,
seja
ouro
ou
excremento.
Nada
mais
vale.
O
rio
que
berra,
a
tribo
que
erra,
a
nave-mãe
Terra.
Nada
mais
valho.
Sou
como
um
carvalho
velho
que
acorda
cansado,
com
gotas
de
orvalho
da
noite
passada.
No
vale
onde
moro,
na
beira
da
estrada,
[tudo
olho
e
não
vejo
nada,
cúmplice
do
crime
da
inválida
sobre
os
desvalidos.
Mas
ver
eu
já
muito
fiz.
Vi
silvícolas
em
minha
copa,
carroças
de
minha
madeira,
banharam-me
com
sangue
das
tribos
derradeiras.
À
minha
frondosa
sombra
vi
também
surgirem
os
carros
cuspindo
desdém,
fumaça
e
fuligem.
Fuleiragem
fútil
do
bicho
homem.
Mas
juro,
por
tudo
o
que
vale,
seja
deus,
o
diabo,
buda,
shiva,
maomé,
exu,
ologum,
odé;
não
esperava
participar
desse
crime
por
inação.
Ver
envenenada
a
água
do
rio
onde
brotaram
meus
irmãos.
Hoje
nessa
vala
suja
onde
era
um
vale
inda
corre
o
sangue-rio.
Rico
em
minério
e
de
vida
inválido.
NADAMAISVALE
Rodrigo Pastor
rpastoralves@gmail.com
Opiniões bagunçadas nas mentes rasas
Que não alcançam os universos reais
Que não leem os recados da vida
No desalento em fuga...
Tempos sem regras
Falas sem efeitos
É preciso tombar pra visualizar o horizonte
Pois, nada é fácil!
Degraus são verticais
Que ressignificam os valores
Ao repousar os pés cansados
Em cada impulso para o amanhã...
A liberdade do peso é subjetiva
Porque cada coração tem a sua própria sintonia
E, enquanto a coragem não estiver em harmonia
É favor pra si mesmo... dar mais valor à vida!
CORAGEM
Karine Dias Oliveira
kadioliveira@yahoo.com.br
Por tudo a perder
Me lanço
Desabo ao longo de uma cidade fria
Afirmo minha presença
Proclamando a glória
De meu próprio acontecimento!
De certo, poucos me ouvem.
Há tantos que só passam...
Na tessitura da palavra
Ecoa o acúmulo dos dias.
O exílio da poeta
Se desfaz
Na neblina
Que devolve à cidade
Seu instinto de natureza.
Diante do mistério,
Meus passos são o destino do mundo.
A criança que me olha,
Sou eu!
Dona das definições e das renúncias
Há esperança nesse lugar de indiferenças!
Minha cara à tapa
É lei!
Enquanto o choro e o sangue
Escorrem
Pelas valas da humanidade.
Nico C.
nicolle.crys@gmail.com
Quantas vezes morri, quantos dias contei, quantas vezes amei, quem nunca chorou, que dia
é hoje, que noite foi aquela, que doce comi, qual bebida tomei, quem te chamou, por quem
você fugiu, para quem você voltou, quantos nós você desatou, quantos nós eu criei, que
vida eu quis, qual sonho morreu, quem ficou para trás, quem voou, quem correu, quem
parou, quem sentiu, qual cor você gosta, quem você quer, quem você já é, quem eu já sou,
quem eu fui, qual dia vivi, que dia nasci, quem você pariu, que música tocou, que música
ouviu, quem foi e não mais voltou, que medo é esse, que medo é aquele, que coragem veio,
quem você quer aqui, quem eu desconheço, quem você reconhece, que história é a sua, que
história é a nossa, que planeta é esse, que doença dói, que presente cura, quem somos,
quem nunca seremos, que hora é agora, o que você comeu, o que você quer, que livro é
esse, que cheiro tem, quem você quer ser, que pôr-do-sol é esse! xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
PERGUNTE-ME-SE
Ana Júlia Poletto
poemasenozmoscada.com.br
o próximo mês de fevereiro, será
Nl a n ç a d o o l i v r o d e p o e s i a
“ F i n i t u d e s ” , d e P a u l i n h o
Assumpção. Os textos publicados na obra
constituem a reunião de poemas escritos
ao longo de vários anos, expressando,
assim, diferentes momentos da trajetória
de vida do autor.
Existe, porém, um certo elemento
que, de alguma forma, aproxima grande
parte dos poemas, que é a ideia de finitude,
daquilo que, de maneira irreversível,
sempre acaba ou não se completa, sejam
sentimentos, vivências, intenções –
mesmo as poéticas e políticas. São
poesias que surgiram não só a partir de
experiências vividas, mas também
observadas e compartilhadas.
Contudo, de certo modo, o autor
acredita que exista alguma espécie de
redenção que só se realizaria através da
Arte e da Poesia.
Interessados em adquirir o livro
poderão entrar em contato através do
email: paulo.assump@terra.com.br
Primeiro livro de poesia do autor Paulinho Assumpção
E em Julho, a terra vai tremer,
Lançamento do livro coletivo:
‘‘AMEOPOEMA: 10+2 anos
de poesia e outros experimentos’’
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Suplemento Acre 027 - Fevereiro + março 2023

  • 1. FANZINE #27 Ouro Preto, MG | 2012 -2023
  • 2. AMEOPO MA E editora artesanal ameopoemaeditora@gmail.com fb.com/ameopoema @coletivoamepoema FANZINE #27 | várias (os) colaboradoras (es) revisão: participantes edição e finalização: @studiográficob2m organização: Ed. AMEOPOEMA | @coletivoameopoema Ouro Preto, MG - 2023 Fevereiro e março - circulação impressa e digital Visite: www.ameopoemaeditora.com + Carlos Barroso + Antonio Barros + Thaís Ajaya + Cláudio Cunha Jr Mo Maie + Emili Reis + Felipe Durán Thedim + Eduardo C Souza + Sofia Brito + Júnia Gaião + Flavia Alves Santos + Aiub Serrão Letycia Holanda + Elidiomar Ribeiro da Silva + Cecília Pereira Rodrigo Pastor + Gabriella Casa Nova + Nico C. + Karine Dias Oliveira Ana Júlia Poletto + Paulinho Assumpção + Coletivo AMEOPOEMA e muito mais... part icip antes
  • 3. FANZINE #27 Notas (que não pagam nada) A explosão das mentes acontece a todo momento, a criação é como uma semente que se estilhaça largada no asfalto ao sol infernal de fevereiro. Sentar aqui e escrever esse processo por mais de 10 anos tem me deixado velho de alma. Quando termino de escrever cada editorial vejo no espelho o quão insignificante somos frente a toda disputa do dia a dia, e que a luta parece mais feita para não deixarmos o barco afundar que para navegar tranquilamente nesse mar de merda. Furo meus olhos para não furar todos os botes salva vidas que se avistam nesse oceano que desconheço cada dia mais. a vida arde nessa terra, a vida come o tempo da gente todo e nos deixa rastros que destroem sonhos. Viver dá uma caseira. Ainda bem que estou virando poeta e não mercador de velas para sétimo dia. Rômulo Ferreira VOCÊ DE POESIA? GOSTA GOSTA GOSTA
  • 4. kota se abana debaixo de um velho imbondeiro, com seu kibukidilu feito da palha do dendê. é tarde de calor em angola e kota sorri, arrodeada pelo olhar curioso e impaciente da molekada sentada na areia vermelha. kota kuku, a sábia vovó, vai tirando seus benguês de dentro duma cabaça colorida, ascendendo brilho de mil estrelas nos olhares das crianças … “os antigos diziam que todas as estórias do mundo nasceram de uma cabaça – ombenji – partida pela metade … por isso quando encontramos uma cabaça pela savana ou perto do rio, devemos respeitá-la, porque o som da cabaça é voz de muxima, o som do coração … kixandara, a aranha, foi quem primeiro habitou ombenji – a cabaça – e teceu com seu fio dourado as estórias de tata viangongo, o fogo e de kilembe, a grande árvore da vida”. as crianças se arrodeavam pra cantar com kuku em mitendu, uma harmonia coral de belas vozes …. “kilembe, kilembe, kilembe, kilembe … kisekele… kilembe, kilembe, meu grãozinho de areia…” a molekada cantava dançando em vozes uma, reverberando alegria até os confins da terra. quando terminaram o canto mitendu, se assentaram e kota kuku tirou da cabaça colorida sua velha maraca, lhe balançou no ar e sussurrou bem baixinho: “foi kixandara, a aranha, que chegou aos pés de kilembe, a grande árvore e lhe perguntou: 'kilembe, kilembe … como foi que começou o mundo?', no que kilembe matutu balançou suas galhas e disse à kixandara: ' dona aranha kixandara … antes, bem antes do antes do antes, tudo que existia era uma linha reta…'” e a molekada chega nem respirava… “'por muito tempo essa linha dançou sozinha, até que um dia no meio desta linha nasceu uma forma vazia, mbungi, o nada … de onde emergiu muntu, corpo sol
  • 5. kalunga, a força do fogo completa em si … as chispas do fogo da kalunga se agitaram em movimentos dançantes dentro de mbungi, até que explodiu numa enorme tempestade, kimbwandènde, fazendo jorrar na imensidão do espaço aberto projéteis e constelaçõesde fogo cósmico.'” e os ramos de kilembe, a árvore, balançavam no ar quente da tarde de cambinda. “'muito tempo se passou até que uma destas estrelas se resfriou e virou um planeta verde, com vida que respirava em potente abundância… do fogo nasceu as águas e oceanos primitivos e os rolos do presente, futuro e passado sopraram neste planeta o pólen da vida, águas, gases e relâmpagos, gerando bactérias, algas, caracóis, água vivas, estrelas do mar, plantas marinhas … depois viram florestas, montanhas, mares, vulcões, rochas … e de belas paisagens nasceram pequenas formas de vida animal, insetos, anfíbios, mamíferos … que se transmutaram, cresceram, se multiplicaram… e depois que tudo isso já estava vivo, nasceu a pessoa humana, como ser de quatro pés e quatro braços, que se separou entre macho e fêmea, lumbu e muzita, com o passar do tempo' disse kilembe matutu. `por isso é que, entre nós, cada vez que uma criança nasce, é como o nascer do sol, porque a gente se lembra do começo de tudo, quando a força da kalunga se manifestou em vida!” kota kuku se sentou embaixo do imbondeiro e voltou a se abanar sorrindo, com seu kibukidilu de palha. tirou de sua cabaça ombenji umas sementes graúdase explicoupra molekada: “dona aranha kixandara! está vendo o que tenho aqui em minhas mãos? é o fogo ou a água que podem despertar a dormência dessas semente de imbondeiro … porque a água é o fogo e o fogo é a água, e a kalunga é a mãe do tempo e das memórias …” Mo Maie, Senegal, junho de 2020 instagram.com/mo.maie
  • 6. Estive sozinho, e não senti saudade. Passei mais um ano, e não senti a idade. Uma vez fui soldado, e outra amante. Uma vez hesitei, já na outra esperei. Tenho esquecido, mas ando procurando. Antes de chegar, já fui aproximando. Uma vez choveu, tive medo. Eu senti, ajoelhei. Não passa, não chora. O preço do amanhã? talvez consiga pagar, depende da inflação. Sou eu quem chama por três vezes a ignorância Cláudio Cunha Jr martellcesarclaudio@gmail.com
  • 7. Algo muito maior que a própria sina? Como se todo caminho percorrido fosse insuficiente, Como se faltasse algo lógico Como se ficasse somente o sórdido... Como se o sabor, doce, fosse amargo A brisa suave fosse um chicote árido. Como se a própria sina fosse incompreensível. Toda sorte um baque feroz. E mesmo na tristeza, um sono tranquilo... Thaís Ajaya rizosferazine@gmail.com BAQUE dia a dia diabólico diabólico o dia a dia dia a dia a dia o dia diabólico a dia o dia a dia dia a dia o dia diabólico diabólico o dia a dia a dia dia a dia a dia o diabólico ia ia diabólico diabólico dia Antonio Barros artitude.ab@gmail.com
  • 8. Se à noite não durmo meu amor seja talvez para te olhar na paz dos sonhos -estado vital despretensioso- e então me alimentar dos teus suspiros; porém, subitamente, na cortina desse olhar, decididamente fechada, imagino que me esqueces e experimento o desconsolo de existir. Depois lembro-me que pela manhã serás tu, mulher, a encarar o meu sono, pesado por te admirar teimosamente no sufoco da madrugada - e dirás: “Gosto tanto de te ver dormindo!” Posso enfim descansar para mais um dia. Se dormes e repousas as palavras o silêncio é, para mim, o maior dos sustos; se durmo, e repouso as angústias sou para ti uma fonte de ternura. Quisera eu ser capaz da tua sabedoria para descascar-me deste pânico… Para viver na ternura, tão somente na ternura que só tu sabes sentir. POEMA DA NOITE Lâmpada Gracejo Lânguido Lampejo Doce Desejo Toque Abraço Beijo. Madruga Alma Me suga Calma Pra dentro De ti Adentro: Deci Ao íntimo Teu Lampejo Eduardo C Souza eduardodesouza72@gmail.com Sofia Brito sofiabrito.fogo@gmail.com
  • 10. Nascido ao pôr do sol Naquela tarde de domingo. Morto ao sol nascer Naquele choro, Sem abrigo. Plantei sementes de carinho E colhi frutos de dor. A árvore cresceu do ódio Já conhecido, por amor. Emili Reis gabryelathainara15@gmail.com AMOR Não temos mais um pseudo filósofo cuspindo falácias não temos mais o nosso pão. Quem nos alimentará com o chorume, o que virá de antemão? Somos gratos aos excrementos, do suposto boquete sem dentadura, da barca egípcia, da apologia ao tabagismo à idolatria embevecida por ódio e prazer. Não temos mais fumaça ou carão, graças a Deus vossos cus não estão em debate, somente A razão. UM ANO SEM RAZÃO Felipe Durán Thedim lipduran@gmail.com
  • 11. ENTRE CORPO E ALMA Júnia Gaião juniagaiao@gmail.com Às vezes voo. Pra levantar asas aperto os olhos até tudo virar nuvem lanço o coração e vou sem capa ou mágica. Deixo o corpo pendurado no armário ou deitado na rede ele que se entenda com a traça e com a tarde. Corpos voam na guerra e nas tragédias Mas as almas, de mãos dadas com anjos ou pássaros, levitam como ninguém mais sabe. Às vezes morro. E a cada imagem que passa no túnel brilhante do voo um frio no ventre me lembra do corpo esquecido na casa Mas é dele que, como louca, eu corro.
  • 12. Os massacres fazem parte da nossa realidade desde os tempos mais remotos. Na modernidade não poderia ser diferente e este disparate, irmão consangüíneo da barbárie está por todas as partes. Este monstro age usando seus vários tentáculos para disseminar o medo e a miséria na população. A cultura da violência está intrínseca na política da elite brasileira e os golpes são constantes e certeiros. Somos massacrados diariamente quando pagamos um absurdo pelo preço do transporte coletivo; somos humilhados quando vemos nossos parentes indígenas esmolando pelas esquinas das grandes cidades e subjugados em suas próprias terras; somos violentados ao testemunharmos e sofrermos racismo, lgbtfobia, misoginia, xenofobia, feninicídio e tantos outros crimes de ódio. Os massacres estão presentes no nosso cotidiano. Os arcaicos pregavam Olho por olho, dente por dente, contudo, ainda no século XXI, a perversidade de cabeças ceifadas são ininterruptas e a banalização da violência é algo desumano. Muitas cabeças ainda hão de rolar e se não reivindicarmos, gritarmos, sairmos às ruas para exigirmos mudanças, quiçá nossas cabeças ainda estarão sobre nossos corpos. Sofremos massacres diariamente mas jamais sucumbiremos as máfias partidárias que promovem seus ciclos famintas pelo caos. Somos diferentes mas somos um só povo, e como dissera Hannah Arendt: A pluralidade é a condição da consciência humana pelo fato de sermos todos os mesmos, isto é, humanos sem que ninguém seja exatamente igual a qualquer pessoa que tenha existido, exista ou venha existir. OS MASSACRES Aiub Serrão serraoub@gmail.com
  • 13. Deve ser onde anjos lavam as asas, onde a tristeza dos dias arrebenta. Onde se recuperam, e tentam, em vão, criar novas esperanças, mortas diariamente por nossa ignorância ilustração e texto: Flavia Alves Santos @luzesombras82
  • 14. Vê esta calçada? É o teu lugar Se ajeita, se molda Se põe a esperar Que o mestre dos tempos já vem te buscar Já sabe o teu nome, tua cara, tua senha Já tem teu segredo, a tua intenção Moleque atrevido Esparro de homem Garoto vadio Quem sabe teu nome? Oh, filho do asfalto e da pedra Da poeira e da fumaça Quem surrupiou teu destino? E esvaziou teus olhos de menino? Quem vai guardar teu retrato? Diante da rua e de ninguém É grande a avenida do mundo Que te perde num segundo E não aposta em tua história Sem tempo, hora e direção Quem iluminará tua sombra? E numa sublime revelação Nos dará o teu perdão? Fetos absolvidos da vida Hipnose tecnológica suicida Orgias puritanas da salvação Cega fé revelada em vão Viagens delirantes da juventude Rostos jocosos de luz Reacionários e seus poderes vitalícios Afagando o erário e a cruz Castas crentes em sua pureza Ideias metainteligíveis Igarapés córregos de vileza Bóiam fezes petrificadas Pelo sol cruel e ciumento Todos engodos humanos possíveis Contidos nas artérias das urbes Massacram a vida há tempos Que adormece em seu sono lento Caminha meticulosamente inerte Para que mais uma morte desperte POEMA DA MARGEM Aiub Serrão serraoub@gmail.com Paulinho Assumpção paulo.assump@terra.com.br
  • 15. Escrevo porque a palavra expressa o pensamento e comunica a ação Escrevo sobre a vida porque da morte nada sei Ouço aqui e ali, mas nada é certo. Escrevo porque há de se propagar à letra, o canto e a melodia há de suavizar o pranto Escrevo para que haja canção e a música movimente o corpo e me leve à dança Escrevo para que haja o fato e se eu não puder falar, que o olhar diga e expressem em gestos mímicos e venham a ser o ato de teatro ainda que em um único parágrafo Escrevo porque hoje preciso ensinar o que aprendi ontem, porque a mundo gira e preciso caminhar para tudo mudar no futuro Escrevo porque hoje preciso aprender para ensinar amanhã; para que nada fique esquecido no passado e seja definitivo Escrevo para registrar o que vou deixar para outros; para que você possa fazer a partir do que já existe Escrevo para que se conheça o que a guerra faz e se estabeleça a paz quando o “melhor de mim” sair do meu interior e ressurgir no papel Escrevo hoje para que a esperança possa neste instante e seja ação de amor em todo momento Escrevo hoje porque somente a mim foi delegado o poder de mudar todas as coisas A partir das coisas que já existe da criação de Deus. Eu acredito em mim e também em você Que a escrita esclareça e incentive a fantasia e não deixe esmorecer a amizade e fortaleça o amor Ainda que a verdade seja áspera, que a palavra leve ao reconhecimento e faça sentido o perdão e a compreensão venha como ponto final. ESCREVENDO O FUTURO Letycia Holanda bandoartecultura@gmail.com
  • 16. Gabriella Casa Nova @_chamberofreflection verdadeiramente, quero incendiar nossa casa usar um batom vermelho, subir nos meus melhores saltos atear fogo com paixão em tudo: inclusive em mim. fiz as malas pra partir correndo, não vi que tava na contramão me desfiz em mil pedaços no negrume do asfalto asas sujas, bolsas em punho, de cara na avenida estatelada (sem perder o arzinho prepotente de mulher astuta do terceiro milênio, of course); é muita coisa com pinta de fim do mundo… começaram os tremores e antes de saber se vinham de dentro ou de fora eu fugi meu copo ficou pra sempre vazio sobre a mesa numa nostalgia de dar dó nostalgia dos afetos e outras tantas coisas mais banais. por isso, preste atenção: abro mão do autocentrismo e de qualquer forma de piedade num rompante máximo de preservação vislumbraremos hoje um lançamento sideral — one night only! a catástrofe pode por na minha conta depois, assino embaixo com categoria; só mais alguns passos e chegaremos ao topo, digo a mim mesma e me respondo com o mais nobre silêncio,bastante elegância num desbunde do caralho mas sem deixar de marchar um segundo. mudando de tópica, parece que vai chover forte mais tarde com risco de desmoronamentos etc e tal oxalá leve embora toda essa desolação mas entendo que destruir também pode ser uma necessidade. gostaria de uma limonada se possível e um cantinho pra me sentar e rezar por quem está mais protegido: pouca coisa na vida passa de mera ilusão. vergonhosamente, Deus sente prazer é na estética do medo. ALERTA DE PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA
  • 17. Democracias caem quando Não mais nos importamos Em defendê-las Quando normalizamos Ataques Às minorias E, sob falso pretexto Da liberdade De expressão Aceitamos ofensas Aos poderes Democraticamente constituídos Aí, quando abrimos os olhos Inês já é morta E a democracia, idem. CUIDADO! Cecília Pereira rpastoralves@gmail.com Miro, luto Me solto, me atiro. Mas por quê tanto ódio? Me fazes seu inimigo Massacra-me Mesmo sendo como eu Martiriza-se e foge Mas busca sempre o meu sofrer. Somos um, oh, abutre desgraçado! Sente-se, sinta-se, monstro desfigurado CORPO FALA Elidiomar Ribeiro da Silva elidiomar@gmail.com
  • 18. Nada mais vale Nada mais vale. Só a vale, que já tirou o Rio Doce do nome e da face da terra. Nada mais vale no momento. Só o minério, seja ouro ou excremento. Nada mais vale. O rio que berra, a tribo que erra, a nave-mãe Terra. Nada mais valho. Sou como um carvalho velho que acorda cansado, com gotas de orvalho da noite passada. No vale onde moro, na beira da estrada, [tudo olho e não vejo nada, cúmplice do crime da inválida sobre os desvalidos. Mas ver eu já muito fiz. Vi silvícolas em minha copa, carroças de minha madeira, banharam-me com sangue das tribos derradeiras. À minha frondosa sombra vi também surgirem os carros cuspindo desdém, fumaça e fuligem. Fuleiragem fútil do bicho homem. Mas juro, por tudo o que vale, seja deus, o diabo, buda, shiva, maomé, exu, ologum, odé; não esperava participar desse crime por inação. Ver envenenada a água do rio onde brotaram meus irmãos. Hoje nessa vala suja onde era um vale inda corre o sangue-rio. Rico em minério e de vida inválido. NADAMAISVALE Rodrigo Pastor rpastoralves@gmail.com
  • 19. Opiniões bagunçadas nas mentes rasas Que não alcançam os universos reais Que não leem os recados da vida No desalento em fuga... Tempos sem regras Falas sem efeitos É preciso tombar pra visualizar o horizonte Pois, nada é fácil! Degraus são verticais Que ressignificam os valores Ao repousar os pés cansados Em cada impulso para o amanhã... A liberdade do peso é subjetiva Porque cada coração tem a sua própria sintonia E, enquanto a coragem não estiver em harmonia É favor pra si mesmo... dar mais valor à vida! CORAGEM Karine Dias Oliveira kadioliveira@yahoo.com.br Por tudo a perder Me lanço Desabo ao longo de uma cidade fria Afirmo minha presença Proclamando a glória De meu próprio acontecimento! De certo, poucos me ouvem. Há tantos que só passam... Na tessitura da palavra Ecoa o acúmulo dos dias. O exílio da poeta Se desfaz Na neblina Que devolve à cidade Seu instinto de natureza. Diante do mistério, Meus passos são o destino do mundo. A criança que me olha, Sou eu! Dona das definições e das renúncias Há esperança nesse lugar de indiferenças! Minha cara à tapa É lei! Enquanto o choro e o sangue Escorrem Pelas valas da humanidade. Nico C. nicolle.crys@gmail.com
  • 20. Quantas vezes morri, quantos dias contei, quantas vezes amei, quem nunca chorou, que dia é hoje, que noite foi aquela, que doce comi, qual bebida tomei, quem te chamou, por quem você fugiu, para quem você voltou, quantos nós você desatou, quantos nós eu criei, que vida eu quis, qual sonho morreu, quem ficou para trás, quem voou, quem correu, quem parou, quem sentiu, qual cor você gosta, quem você quer, quem você já é, quem eu já sou, quem eu fui, qual dia vivi, que dia nasci, quem você pariu, que música tocou, que música ouviu, quem foi e não mais voltou, que medo é esse, que medo é aquele, que coragem veio, quem você quer aqui, quem eu desconheço, quem você reconhece, que história é a sua, que história é a nossa, que planeta é esse, que doença dói, que presente cura, quem somos, quem nunca seremos, que hora é agora, o que você comeu, o que você quer, que livro é esse, que cheiro tem, quem você quer ser, que pôr-do-sol é esse! xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx PERGUNTE-ME-SE Ana Júlia Poletto poemasenozmoscada.com.br
  • 21. o próximo mês de fevereiro, será Nl a n ç a d o o l i v r o d e p o e s i a “ F i n i t u d e s ” , d e P a u l i n h o Assumpção. Os textos publicados na obra constituem a reunião de poemas escritos ao longo de vários anos, expressando, assim, diferentes momentos da trajetória de vida do autor. Existe, porém, um certo elemento que, de alguma forma, aproxima grande parte dos poemas, que é a ideia de finitude, daquilo que, de maneira irreversível, sempre acaba ou não se completa, sejam sentimentos, vivências, intenções – mesmo as poéticas e políticas. São poesias que surgiram não só a partir de experiências vividas, mas também observadas e compartilhadas. Contudo, de certo modo, o autor acredita que exista alguma espécie de redenção que só se realizaria através da Arte e da Poesia. Interessados em adquirir o livro poderão entrar em contato através do email: paulo.assump@terra.com.br Primeiro livro de poesia do autor Paulinho Assumpção E em Julho, a terra vai tremer, Lançamento do livro coletivo: ‘‘AMEOPOEMA: 10+2 anos de poesia e outros experimentos’’ @coletivoameopoema facebok.com/ameopoema Finitudes
  • 22. MUITO OBRIGADO PELA LEITURA ATÉ A PRÓXIMA EDIÇÃO! ameopoemaeditora@gmail.com fb.com/ameopoema @coletivoameopoema COLABORE LIVREMENTE, MANDE UM PIX PRA INCENTIVAR NOVOS TRABALHOS: ameopoemaeditora@gmail.com Caso queira anunciar algum livro ou serviço cultural, entre em contato. Caso queira publicar seu livro (físico ou e-book) a baixo custo entre em contato, são esses trabalhos e doações que mantêm a revista viva. INTERVENHA NESTA REVISTA E MANDE UMA FOTO PRA GENTE EDITORA INDEPENDENTE