2. Estamos, mesmo, no Brasil?!
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Três figurões da cúpula petista. Três representantes genuínos do poder instalado neste país há mais de 10 anos. E os três:!
José Dirceu, Delúbio Soares e José Genuíno na cadeia, condenados pelos crimes de corrupção ativa, peculato, formação de quadrilha…
A pergunta: será que o sorriso continua o mesmo?
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Detenções mostram que político também pode ir para a cadeia e
servem de alerta para governantes, legisladores e administradores
públicos, opinam especialistas.
Oito anos depois da denúncia, o processo do mensalão começa a ter
seu desfecho com as condenações e primeiras prisões dos envolvidos
no esquema. Antes disso, poucos imaginavam que o processo, um
dos mais emblemáticos da luta contra a corrupção no Brasil, pudesse
terminar com políticos do alto escalão condenados e presos.
Para alguns especialistas, a decisão do Supremo Tribunal Federal
(STF) é também simbólica e, ao mesmo tempo, um marco na história
do Judiciário. Ela abre precedentes num país onde a tradição era não
prender políticos, principalmente do alto escalão, envolvidos em
casos de corrupção.
"As condenações do mensalão vão gerar uma mudança cultural muito grande no país”.
Pela primeira vez na história, o STF condena políticos de alto escalão e os manda para a prisão", diz Josmar Verillo, vice-presidente da Amarribo, braço
brasileiro da ONG Transparência Internacional. "Essa decisão tem um efeito educativo muito grande também de inibir a corrupção, e vai abrir um precedente
muito grande."
O professor de Comunicação Política da Universidade Mackenzie, Roberto Gondo, diz que com a condenação dos acusados, criou-se um novo momento
paradigmático que explicita que a prática ilícita de desvio de verbas e a má utilização de recursos públicos, bem como o tráfico de influência, são passíveis de
punição, mesmo quando os acusados pertencem aos altos escalões da República."Dessa forma, é possível afirmar que o processo de julgamento do mensalão
contribuiu positivamente para elevar a preocupação dos demais atores políticos com relação à sua atuação no poder público", afirma Gondo.
Ele diz, ainda, que a imagem do Poder Judiciário como instância legítima e idônea tende a aumentar depois das condenações, mas o julgamento do mensalão
ainda não é suficiente para fomentar por completo um sentimento de rigor no combate da corrupção no país, opina. "É um processo lento, gradual e cultural,
que deverá ser absorvido pela população no sentido de acompanhar de modo mais rigoroso seus representantes, e pressionar por intermédio dos meios
disponíveis, a apuração dos fatos e possíveis condenações", diz.
Prisão domiciliar seria vista como "pizza"
Gil Castello Branco, fundador e secretário-geral da Associação Contas Abertas, diz que apenas 1.479 pessoas estão presas por crimes contra a administração
pública como, por exemplo, peculato, concussão e corrupção passiva. O número representa apenas 0,3% do total de presos no Brasil e mostra a dificuldade e a
lentidão da Justiça. "Não há, no Brasil, uma cultura histórica de se punir crimes de corrupção. É muito mais usual punir um ladrão que roubou uma pessoa do
que o roubo do Estado", afirma Castello Branco. "Mas quem rouba o Estado rouba a todos nós. Por isso, esses crimes deveriam ter prioridade de julgamento, já
que são muito mais graves que o crime contra somente uma pessoa."
O especialista diz que, além de servir de alerta para os políticos, a prisão de alguns "mensaleiros" deve mudar o estigma de que a Justiça brasileira condena
somente negros e pobres. Ele espera que as condenações da alta cúpula política não sejam todas revertidas em prisão domiciliar. "Se acontecer, isso será visto
como 'pizza' pela sociedade brasileira."
A expectativa dos brasileiros é que o julgamento do mensalão não seja um caso isolado. Há vários outros casos de corrupção ainda parados na Justiça,
principalmente envolvendo políticos.
"Há uma expectativa da sociedade de que esses fatos sejam um marco e sirvam de advertência para políticos que achavam que tudo era possível em nome da
política, até mesmo a constituição de um caixa dois.", defende Castello Branco. Para o especialista, a prisão dos políticos do mensalão mostra a solidificação da
democracia brasileira, já que instituições dos três poderes funcionaram de forma exemplar. Ele cita a atuação do STF de forma transparente, com sessões
televisionadas; e as prisões efetuadas pela Polícia Federal, que é um órgão do Poder Executivo, com implicações no Poder Legislativo.
"Todos os poderes da República se viram envolvidos nesta decisão e funcionaram, mesmo que alguns possam criticar um rigor maior ou menor. Mas o fato é
que os poderes atuaram e chegaram a essa decisão, que tem um cunho democrático. Isso mostra como a democracia brasileira está amadurecida, apesar de ser
ser recente”, conclui Castello Branco.
Boletim Informativo | Biagini Advogados
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