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Seminário – Crimes Sociais
                Discurso Dra. Eliane Belfort


Cumprimento a todos e agradeço pela presença.

    Presença que demonstra o interesse da sociedade civil

pelo tema. Agradeço especialmente à nossa diretora, Rosa

Ramos, pela dedicação e competente coordenação deste

evento, ao professor doutor Celso Fiorillo, nosso parceiro

entusiasta de primeira hora, que não mediu esforços para

trazer a esse evento grandes nomes da academia e do mundo

jurídico, com expertises amplamente reconhecidas, como é

também o seu próprio nome, que engrandece esse debate.

    Agradeço também os nossos parceiros internos de todas

as horas, o ministro Sydney Sanches, presidente do Conjur,

Walter Lazzarini, presidente do Cosema, os diretores titulares

do Deinfra e do Decomtec, e a todos os palestrantes e

convidados para o debate, os nossos agradecimentos, em

nome da industria paulista e do presidente Paulo Skaf.




                                                             1
Este encontro, próximo às eleições, é muito oportuno, pois

os temas que serão debatidos, tenho a convicção, contribuirão

para um debate mais amplo sobre as chamadas reformas

políticas e para a proposta de investimento forte na educação

política do povo.

        Numa democracia, que é, em última instância, o nosso

horizonte de reflexão, o cidadão tem que se sentir responsável

pelo governo que elege. pesquisa cnt/census, de janeiro de

2010, dá conta que, aproximadamente 78% dos brasileiros não

confiam nunca, ou confiam poucas vezes no congresso

nacional. Daí a necessidade premente de educação política e

aprimoramento da nossa capacidade de fiscalização sobre os

fluxos financeiros que abastecem as campanhas eleitorais no

país.

        Dada a massificação necessária à comunicação numa

campanha, que tem de atingir milhões de eleitores, o dinheiro

disponível se torna uma variável fundamental na avaliação das

chances de vitória de um candidato. Quanto maior o eleitorado

                                                                 2
em disputa, maior o peso do orçamento da campanha. O que

tem trazido para a arena política hipocrisia e cinismo, pois a

corrupção torna-se quase a única maneira de sobrevivência

dos candidatos, mesmo os honestos.

    Sem     um    financiamento   unicamente    público   das

candidaturas, elas tendem a ser reféns dos grupos de interesse

que as apóiam.

    A sociedade tem esta percepção e o estudo da Fiesp, que

será apresentado pelo diretor titular do Decomtec, nos

comprova que o custo social imposto pela corrupção já é maior

do que a economia do gasto público, advinda do financiamento

privado. Grupos de interesse sempre cobram um forte ágio

pelo que pagaram.

    Atacar o problema de frente implica retomar o debate

sobre as definições entre o público e o privado e pensar numa

reforma da legislação que contemple o conjunto das forças

políticas e não apenas os agentes do estado. Essa ampliação




                                                             3
dos horizontes da análise ajuda a ver que a corrupção é um

risco para os fundamentos da democracia.

     Ao preferir os interesses privados aos interesses públicos,

mais do que transgredir a lei, atinge-se o núcleo do estado: sua

constituição.

     Uma reforma da legislação terá, necessariamente, que

levar em conta a ameaça representada pelos corruptos e o fato

de que a corrupção diz respeito à maneira como a sociedade,

como um todo, lida com a coisa pública.

     O estado de direito não sobrevive sem que todos os

atores   envolvidos   no    processo    de   corrupção    sejam

responsabilizados e sem a afirmação da superioridade do bem

público sobre o bem privado.

     Não quero aqui dizer que os crimes cometidos, por

funcionários públicos e cidadãos, não devam ser punidos

segundo a legislação vigente. Mas se quisermos levar em

conta a natureza verdadeiramente política da corrupção, será

preciso terminar, no nascedouro, as relações promíscuas entre

                                                               4
os   interesses   de   agentes     particulares   e     as   ações

governamentais.

     Sem uma definição clara das fronteiras entre o público e o

privado, e a extensão da punição a todos os agentes

corruptores, as diversas práticas ilegais que caracterizam a

corrupção   no    Brasil,serão   uma    ameaça        constante   à

manutenção do estado de direito.

Quando abandonamos o marco das leis fundamentais para

gerirmos a vida pública, com a lógica imediata das disputas

eleitorais, permitimos, como alertava Maquiavel, “que a

corrupção dos homens leve à destruição do corpo político.”

     Desejo a todos um excelente dia de trabalho e que

saiamos daqui prontos      para encararmos, em conjunto, os

grandes desafios que se colocam à nossa democracia.



Obrigada.




                                                                  5

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Seminário de Crimes Sociais - Discurso de abertura.

  • 1. Seminário – Crimes Sociais Discurso Dra. Eliane Belfort Cumprimento a todos e agradeço pela presença. Presença que demonstra o interesse da sociedade civil pelo tema. Agradeço especialmente à nossa diretora, Rosa Ramos, pela dedicação e competente coordenação deste evento, ao professor doutor Celso Fiorillo, nosso parceiro entusiasta de primeira hora, que não mediu esforços para trazer a esse evento grandes nomes da academia e do mundo jurídico, com expertises amplamente reconhecidas, como é também o seu próprio nome, que engrandece esse debate. Agradeço também os nossos parceiros internos de todas as horas, o ministro Sydney Sanches, presidente do Conjur, Walter Lazzarini, presidente do Cosema, os diretores titulares do Deinfra e do Decomtec, e a todos os palestrantes e convidados para o debate, os nossos agradecimentos, em nome da industria paulista e do presidente Paulo Skaf. 1
  • 2. Este encontro, próximo às eleições, é muito oportuno, pois os temas que serão debatidos, tenho a convicção, contribuirão para um debate mais amplo sobre as chamadas reformas políticas e para a proposta de investimento forte na educação política do povo. Numa democracia, que é, em última instância, o nosso horizonte de reflexão, o cidadão tem que se sentir responsável pelo governo que elege. pesquisa cnt/census, de janeiro de 2010, dá conta que, aproximadamente 78% dos brasileiros não confiam nunca, ou confiam poucas vezes no congresso nacional. Daí a necessidade premente de educação política e aprimoramento da nossa capacidade de fiscalização sobre os fluxos financeiros que abastecem as campanhas eleitorais no país. Dada a massificação necessária à comunicação numa campanha, que tem de atingir milhões de eleitores, o dinheiro disponível se torna uma variável fundamental na avaliação das chances de vitória de um candidato. Quanto maior o eleitorado 2
  • 3. em disputa, maior o peso do orçamento da campanha. O que tem trazido para a arena política hipocrisia e cinismo, pois a corrupção torna-se quase a única maneira de sobrevivência dos candidatos, mesmo os honestos. Sem um financiamento unicamente público das candidaturas, elas tendem a ser reféns dos grupos de interesse que as apóiam. A sociedade tem esta percepção e o estudo da Fiesp, que será apresentado pelo diretor titular do Decomtec, nos comprova que o custo social imposto pela corrupção já é maior do que a economia do gasto público, advinda do financiamento privado. Grupos de interesse sempre cobram um forte ágio pelo que pagaram. Atacar o problema de frente implica retomar o debate sobre as definições entre o público e o privado e pensar numa reforma da legislação que contemple o conjunto das forças políticas e não apenas os agentes do estado. Essa ampliação 3
  • 4. dos horizontes da análise ajuda a ver que a corrupção é um risco para os fundamentos da democracia. Ao preferir os interesses privados aos interesses públicos, mais do que transgredir a lei, atinge-se o núcleo do estado: sua constituição. Uma reforma da legislação terá, necessariamente, que levar em conta a ameaça representada pelos corruptos e o fato de que a corrupção diz respeito à maneira como a sociedade, como um todo, lida com a coisa pública. O estado de direito não sobrevive sem que todos os atores envolvidos no processo de corrupção sejam responsabilizados e sem a afirmação da superioridade do bem público sobre o bem privado. Não quero aqui dizer que os crimes cometidos, por funcionários públicos e cidadãos, não devam ser punidos segundo a legislação vigente. Mas se quisermos levar em conta a natureza verdadeiramente política da corrupção, será preciso terminar, no nascedouro, as relações promíscuas entre 4
  • 5. os interesses de agentes particulares e as ações governamentais. Sem uma definição clara das fronteiras entre o público e o privado, e a extensão da punição a todos os agentes corruptores, as diversas práticas ilegais que caracterizam a corrupção no Brasil,serão uma ameaça constante à manutenção do estado de direito. Quando abandonamos o marco das leis fundamentais para gerirmos a vida pública, com a lógica imediata das disputas eleitorais, permitimos, como alertava Maquiavel, “que a corrupção dos homens leve à destruição do corpo político.” Desejo a todos um excelente dia de trabalho e que saiamos daqui prontos para encararmos, em conjunto, os grandes desafios que se colocam à nossa democracia. Obrigada. 5