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OS MOTIVOS DA INDISCIPLINA NA ESCOLA: A PERSPECTIVA DOS
ALUNOS
GOLBA, Mônica Aparecida de Macedo – UNIVALE-PR
monica_golba@hotmail.com
Área Temática: Violências nas escolas
Agência Financiadora: Não contou com financiamento
Resumo
Este artigo apresenta um estudo sobre os motivos da indisciplina escolar, segundo a
perspectiva de alunos. A indisciplina escolar tem se configurado um dos principais desafios
da educação contemporânea e diversas perspectivas de análise têm sido utilizadas para se
avançar a compreensão dessa questão. Neste trabalho exploramos uma alternativa de análise
ainda pouco destacada na pesquisa educacional, a perspectiva dos alunos. No texto,
inicialmente analisamos questões relativas a escola, aos alunos e a indisciplina escolar. Em
seguida discutimos o conceito de indisciplina, considerando quatro leituras teóricas distintas:
a indisciplina como algo inerente ao comportamento do aluno; como uma construção social
dentro das escolas; como um fenômeno de aprendizagem, e como algo originado na relação
professor-aluno. Mais adiante exploramos os motivos e sentidos da indisciplina escolar na
perspectiva de alunos. Este artigo está baseado na investigação que realizamos durante o
Mestrado em Educação, na qual recorremos a uma pesquisa do tipo etnográfico, que envolveu
o contato direto com um grupo de alunos do último ano do Ensino Fundamental. Ao longo do
contato com esses alunos percebemos suas perspectivas sobre indisciplina escolar, e a
importância destas para o avanço da compreensão dos processos e das intencionalidades
relacionadas as expressões de indisciplina. Com base na pesquisa realizada, aqui pretendemos
apresentar algumas contribuições ao estudo da indisciplina escolar. Entre os resultados da
pesquisa, destacamos que a perspectiva dos alunos revela não somente concepções próprias
sobre indisciplina escolar, mas também intencionalidades e sentidos que denunciam a
fragilidade e a inconsistência de determinadas práticas pedagógicas exercidas pelos
professores.
Palavras-chave: Educação. Indisciplina Escolar. Ensino Fundamental. Alunos.
Introdução
A indisciplina escolar configura-se, em nossos dias, como um desafio aos educadores
por ser intensamente vivenciada nas escolas. Apresenta-se também, segundo Garcia (1999),
como fonte de estresse nas relações interpessoais, particularmente quando associada a
conflitos em sala de aula. Mas, além de se constituir um “problema” aquele autor acrescenta
9833
que a indisciplina na escola tem algo a dizer sobre o ambiente escolar e sobre a própria
necessidade de avanço pedagógico e institucional. Trata-se, portanto, de um tema que ainda
deve ser amplamente debatido e investigado apesar dos muitos avanços realizados neste início
de século em questões relacionadas à educação.
Atendendo a esta preocupação, este artigo apresenta uma reflexão sobre a indisciplina
escolar na perspectiva de alunos. Partindo–se de reflexões sobre a escola, alunos e
indisciplina, para então fazer considerações conceituais, bem como destacando os motivos e
sentidos da indisciplina escolar na perspectiva dos alunos. Ao final, apresentamos algumas
considerações e possibilidades de pesquisas que viriam a contribuir com os estudos do tema
em questão.
A fonte desta reflexão foi a pesquisa que realizamos durante o mestrado em educação.
Através do método de pesquisa do tipo etnográfico mantivemos por um tempo considerável
contato com alunos da escolarização básica, sobretudo os alunos do último ano do Ensino
Fundamental. A proximidade com tais alunos possibilitou perceber que eles tinham uma
perspectiva sobre a indisciplina escolar e que investigá-la seria importante para o avanço da
compreensão dos processos e das intencionalidades que estão por detrás das expressões de
indisciplina.
O presente texto, portanto, pretende apresentar algumas contribuições relevantes
obtidas através dos dados da pesquisa. Desta forma almejamos contribuir com o debate
científico sobre indisciplina escolar, fornecendo elementos aos educadores para ampliarem as
percepções com relação à indisciplina escolar.
Refletindo sobre escola, indisciplina e alunos
A indisciplina escolar não é um fenômeno estático, está evoluindo nas escolas
(GARCIA, 1999). É como nos apresenta Amado (1999, p. 25): “quando falamos de
indisciplina, não falamos de um mesmo fenômeno, mas de uma diversidade de fenômenos por
detrás de uma mesma significação”.
Diante disso, nos propomos neste item refletir sobre a escola já que é ali que a
indisciplina é construída (GARCIA, 2005). E, também, refletindo sobre a escola pode-se
conhecer melhor seus atores sociais, especialmente os alunos, pois são eles que ajudam a tecer
o sentido de indisciplina, presente no contexto escolar.
9834
Analisando a história da educação, quando do advento da sociedade moderna,
verificamos que as funções relacionadas à Educação, até então de responsabilidade das
famílias, da igreja e da comunidade, foram sendo transferidas para uma instituição criada pela
sociedade – a escola. Portanto, foi o desenvolvimento histórico da humanidade que fez surgir
a necessidade de se criar e de se manter essa instituição especializada em fornecer às pessoas
as informações mínimas e a preparação adequada à vida social.
Vemos, então, que ao longo da sua história, a escola vem assumindo cada vez mais
características próprias, envolvendo desde aspectos relacionados com a comunidade onde está
inserida, com os valores morais e éticos preservados por ela, configurando-se uma instituição
onde as condições histórico-sociais são determinantes.
O que se espera da escola é que a mesma prepare os indivíduos para a vida política,
social e para o trabalho, desenvolvendo suas habilidades. Segundo Rodrigues (1993), a escola
deve ser um lugar de novos conhecimentos, possibilitando a articulação dos diversos
interesses dos variados setores da sociedade.
Outro aspecto relevante e que está relacionado com a função da escola e sua
importância para a sociedade reside no fato de que a escola passou a ser um importante
instrumento de transmissão do legado civilizacional, vivenciando momentos simultâneos de
criação-conservação, de tradição-inovação. Quando isso tudo acontece com equilíbrio pode-se
afirmar que a escola cumpre sua finalidade, passando a ser instrumento e espaço onde as
sociedades encontram para proporcionar educação, passando, então, a ser um instrumento de
cultura (MARQUES, 2001, p. 17).
Complementando, Estrela (1992) afirma que a primeira e principal função da escola
seria, naturalmente, a de transmitir a cultura. Para aquela autora, as outras funções
desempenhadas pela escola como a função política de preparar para a democracia, a função
social e a função de preparar para o mercado de trabalho articulam-se com a função natural e
principal que é a transmissão da cultura.
Ao refletirmos sobre a escola como instrumento de cultura, nos reportamos para o
aspecto da construção da cultura escolar. Na medida em que vai se institucionalizando através
de normas, regulamentações e interpretações a cultura escolar, vai sedo incorporada e
vivenciada pelo coletivo escolar. Assim, a cultura na percepção dos seus sujeitos, tais como
os alunos, pode fornecer pistas importantes sobre temas relevantes como a indisciplina
escolar.
9835
Ao ingressarem na escola, os alunos entram em contato com a cultura própria dessa
instituição, são influenciados por ela e podem influenciá-la também. No caso da indisciplina
escolar, parece-nos que ela se manifesta no contexto da transmissão cultural. Os alunos,
muitas vezes, resistem à cultura escolar, tentado impedir, não só o trabalho da escola, como o
trabalho da cultura em si.
Essa resistência pode ser entendida como uma fonte de indisciplina, tal como nos
sugere Amado (2001). Para aquele autor, a escola passa a ser um local de confronto ativo,
onde os alunos resistem a valores que se opõem aos seus, aos do seu grupo, dando origem ao
que ele denomina de contracultura. E a indisciplina poderia ser compreendida como
“resistência”.
Considerando a legislação educacional vigente, almeja-se a formação de um aluno
crítico, através do preparo para a cidadania. E, que esse aluno seja capaz de intervir sobre a
realidade que se apresenta, além de prepará-lo para o trabalho. Todavia, o que se apresenta,
muitas vezes, que exercitar o pensamento crítico dentro da escola, pode resultar em conflitos.
Os professores, de modo geral, não estão preparados ou não gostam de lidar com
alunos que recorrem à contestação como forma de expressão. Torna-se difícil para a escola,
sobretudo, para os professores, compreender que o aluo contestador é membro de uma
sociedade que avançou muito na superação de uma cultura de repressão e que não se
conforma com aulas “pouco interessantes”, descontextualizadas e baseadas em relações
autoritárias. Segundo Garcia (1999) esse descontentamento dos alunos precisa ser analisado
para além do rótulo de indisciplina, e ser pensado com expressão de uma consciência social
em formação.
Entendemos que, se a escola não avançar, sobretudo, aceitando que os alunos
exercitem o senso de cidadania, preparando-os para pensar e resolver conflitos, teremos
alunos inaptos a participar de importantes momentos onde são solicitados posicionamentos
frente às questões sociais e pedagógicas que norteia o trabalho da escola, sobretudo, as
relacionadas ao currículo escolar.
O desenvolvimento social do aluno e sua formação integral passaram, pois, a ser
prioridades no cotidiano escolar, trazendo mudanças à relação professor-aluno, e à visão do
que é escola hoje, e da própria noção de indisciplina, e de suas implicações e sentidos.
Sabe-se que a escola acolhe alunos de diferentes origens, social, cultural, étnica ou
econômica, abrigando uma população heterogênea, sem contar as disparidades cognitivas e
9836
afetivas entre o alunado (TARDIF, 2002, p. 129). Apesar disso, segundo Marques (2001), a
escola deve dar aos alunos as competências básicas e a cultura geral, comuns a todas as
ocupações nas sociedades tecnologicamente desenvolvidas (p. 37). E são esses alunos que, na
medida em que avançam em sua escolaridade, constroem suas perspectivas com relação à
escola e também com relação à indisciplina escolar.
Um número considerável de estudos já foram realizados considerando a perspectiva
dos alunos sobre a escola e sobre a indisciplina escolar. A partir de tais estudos observmos
que os alunos constroem visões sobre a escola, falam, criticam, deixam transparecer a vontade
que possuem de que a escola seja melhor, que ensine mais, de um jeito mais agradável e
diferente. Suas falas refletem o desejo de serem ouvidos, de participarem nas decisões e nos
planejamentos. A escola que lhes proporcionar e permitir tais participações, será a melhor, a
mais agradável, a diferente. Segundo aquela autora, em momento algum os alunos deixam
transparecer que a escola não é importante, embora deixem transparecer que não é “essa” a
escola que desejam. Compreendemos que os alunos, através, de suas perspectivas, ajudam a
compreender muitas situações que ocorrem no cotidiano escolar, dentre elas, as ligadas à
indisciplina escolar.
É relevante tentarmos conhecer as perspectivas dos alunos sobre a indisciplina escolar,
pelo fato de que, ao falarem, os alunos ressaltarão aspectos do conceito, das causas e dos
envolvidos com a indisciplina, dos possíveis encaminhamentos e das intencionalidades que
estão por detrás das expressões de indisciplina, sendo capazes de mostrar a relação entre as
expressões e as razões da indisciplina na escola.
O conceito de indisciplina
O conceito de indisciplina apresenta grande magnitude e complexidade como nos
aponta Garcia (1999) e De La Taille (1996). E ao analisarmos o conceito de indisciplina
devemos considerar esses aspectos. Outro aspecto que devemos considerar está relacionado
com a superação da noção de indisciplina como algo restrito ao comportamento do aluno, pois
o tema requer, segundo Oliveira (2004), reflexão profunda acerca da natureza das relações e
das interações que a constituem.
Vale considerar ainda que por se tratar de uma criação cultural o conceito de
indisciplina não é estático, uniforme, tampouco universal. Portanto, não podemos esperar
unanimidade quanto ao conceito, pois o mesmo estaria relacionado a diferentes valores e
9837
expectativas que variam conforme o contexto onde se insere. Assim, aquilo que a escola
estabelece como critérios para dizer se é uma expressão é ou não, uma expressão de
indisciplina, estaria sofrendo transformações ao longo do tempo e se diferenciando,
dependendo do contexto.
Neste texto, para fins de desenvolvimento conceitual apresentaremos as noções
relacionadas ao conceito de indisciplina em quatro grupos. De um lado, é possível
compreender a indisciplina como algo inerente ao comportamento do aluno. E as expressões
de indisciplina, na escola, estariam atreladas a alguns significados como: rebeldia,
intransigência, negação e desrespeito. Em complemento, pode-se considerar a disciplina como
algo socialmente construído, (GARCIA, 2005), e que tudo aquilo que se crê relacionado a ela
seria criado através da interação social dos atores que lá estão. Podemos considerar ainda, a
noção de indisciplina como um fenômeno de aprendizagem. Sob esta perspectiva, a
indisciplina seria entendida como a “incongruência entre os critérios e as expectativas
assumidos pela escola (que supostamente refletem o pensamento da comunidade escolar) em
termos de comportamento, atitudes, socialização, relacionamentos e desenvolvimento
cognitivo, e aquilo que demonstram os estudantes” (GARCIA, 1999, p. 102).
Finalmente, é possível compreender a indisciplina como algo originado na relação
professor-aluno. E que a mesma implicaria, sempre, a contravenção de princípios,
regulamentos, contratos e ordens, discordando claramente dos objetivos do grupo ou da
instituição e provocando situações de perturbação das relações sociais no seu interior
(AMADO, 2001).
Destacamos ainda que, segundo Amado (2001), a manifestação concreta da
indisciplina se dá pelo não cumprimento das regras que presidem, orientam e estabelecem as
condições das tarefas e ainda, no desrespeito às normas e aos valores que fundamentam o são
convívio entre pares e a relação com o professor, enquanto pessoa e autoridade.
Os Motivos da Indisciplina na Perspectiva dos Alunos
Iniciamos este item explorando uma noção central articulada neste trabalho, o conceito
de perspectiva. Uma maneira de compreender a noção de perspectiva reside em relacioná-la
com as experiências de vida de uma pessoa. Particularmente em nossa pesquisa, perspectiva
inclui aspectos significativos do que os alunos trazem consigo das experiências com as
9838
situações de indisciplina na escola, o entendimento deles sobre o que é indisciplina, suas
causas, os possíveis encaminhamentos, quem está envolvido, os significados e as
intencionalidades que envolvem as expressões de indisciplina. Assim, a totalidade dessas
variáveis constitui então a perspectiva sobre a indisciplina. E foi conhecendo a perspectiva de
um grupo de alunos sobre a indisciplina que percebemos os motivos e sentidos da indisciplina
para eles.
Através da análise dos dados da pesquisa pudemos constatar a legitimidade da
indisciplina para os alunos. Eles, de fato, conseguem atribuir um motivo e um significado
para as expressões de indisciplina. Quando relatam as expressões de indisciplina, seja na sala
de aula ou fora dela, os alunos expõem os motivos que os levam a agir daquela maneira.
Percebemos ainda, através das falas, que o significado atribuído por eles seria de natureza
pedagógica, ou seja, que a indisciplina viria para denunciar a fragilidade da prática do
professor, através principalmente, da ausência de planejamento e de organização das aulas, o
que poderia, também, denunciar a fragilidade do currículo. Os alunos relatam muito bem essa
situação utilizando expressões como: “os professores entram na sala e ficam procurado o que
dar naquela aula”, “perguntam onde foi que pararam na última aula”, “as vezes esquecem que
tinham marcado prova”.
É interessante perceber que a leitura que os alunos fizeram da indisciplina, na sala de
aula e na escola, extrapola a leitura feita por seus professores. Para boa parte dos professores,
dos alunos investigados por nós, a indisciplina estaria atrelada ao comportamento dos alunos.
Portanto, tais professores tendem a relacionar a indisciplina mais as suas causas, sem atribuir-
lhes sentidos. Percebemos também que os professores tendem a focalizar mais os alunos
individualmente e não o grupo ou os subgrupos de alunos que estão presentes na sala de aula,
agindo assim, tais professores ignoram as forças sociais que determinam o comportamento
dos alunos. Os alunos, por sua vez, conseguem, tanto atribuir causas para a indisciplina como
também, apontar os sentidos da indisciplina, relacionando-os ao trabalho do professor.
A disciplina pode ser compreendida, pelos alunos, com sentidos distintos, em função
do espaço onde ocorre: dentro de sala de aula ou fora dela. Quando as expressões de
indisciplina ocorrem dentro da sala de aula teriam o sentido de interromper o processo aula ou
de afrontar o professor. Poderíamos entender que tais expressões de indisciplina estariam
sinalizando algo que precisa ser (re)pensado, (re)feito e (re)significado dentro de sala de aula,
sobretudo na dimensão da organização das aulas e do próprio currículo. Fora de sala de aula,
9839
as expressões de indisciplina refletiriam conflitos e disputas entre alunos e turmas. Neste
caso, os motivos apontados pelos seriam romper com a ordem estabelecida pela escola e gerar
conflitos. Embasando o que foi apresentado com relação a compreensão da indisciplina pelos
alunos trazemos a contribuição de Estrela (19861
apud AMADO, 2001, p. 112) que afirma
que a indisciplina, na escola, teria um caráter defensivo e um caráter ofensivo. O primeiro,
visando estabelecer um contraponto diante das situações consideradas, pelos alunos, como
pouco interessantes e ou ameaçadoras. O segundo, visando a obstrução da aula, seja por não
satisfazer às expectativas do alunado seja simplesmente por se recusarem a cumprir normas
estabelecidas.
A contribuição trazida pela autora anteriormente citada, somada à compreensão que os
alunos têm de que a indisciplina ocorre com sentidos distintos dependendo do espaço que
ocorre, vem reforçar a noção de indisciplina que consideramos a mais apropriada para analisar
as falas dos alunos, ou seja, compreender a indisciplina segundo Amado (2001), como uma
transgressão aos princípios, regulamentos, contratos e ordens que estão em discordância com
os objetivos do grupo ou da instituição, causado perturbações as relações sociais que ocorrem
no seu interior.
Para os alunos é aceitável reagir às práticas que consideram inadequadas e, portanto,
tais práticas não seriam expressões de indisciplina, ao contrário, reagir desta forma seria uma
demonstração de coragem e um ato de defesa àquilo que entendem como ameaça.
Na fala dos alunos podemos perceber que, uma vez estabelecidas as normas e as regras
que nortearão o processo aula, procuram respeitá-las com rigor, desde que as considerem
coerentes com aquilo que julgam certo ou errado. Ao transgredir as normas, fazem-no por não
compartilhar dos princípios norteadores de sua construção, ou por não participarem de sua
construção, ou ainda, por considerarem tais normas, inválidas ou pertinentes, portanto,
consideram importante participar da criação das normas, vendo significado, coerência e
justiça. Para os alunos, cabe ao professor implementar tais discussões e ações com relação a
construção de normas e regras. Além disso, é próprio do professor estabelecer níveis
toleráveis de ruído em sala de aula, alternativas de ação quando o trabalho de sala de aula
termina antes do planejado e o controle de quem entra ou sai da sala de aula. Quando essas
ações são implementadas tendo validação por parte dos alunos, eles, como já dissemos
anteriormente, irão respeitá-las com rigor.
1
ESTRELA, M. T. Une ètude sur I’Indiscipline em classe. Lisboa:INC, 1986.
9840
Suas falas denotam respeito para com os outros, principalmente, respeito aos
professores, sendo o respeito a forma adequada de tratamento entre as pessoas, segundo eles.
Condenam expressões de indisciplina nas aulas de professores que consideram “bons”,
“legais” e “parceiros”. Demonstram solidariedade e têm noção de companheirismo e de
espírito de equipe. Isso fica explicito nos momentos em que emprestam materiais uns para os
outros, acobertam atitudes inadequadas dos colegas e respeitam regras de convívio.
Percebemos através de nossas observaçõesque as experiências de solidariedade entre os
alunos são altamente educativas e, portanto, formativas, na medida em que servem ao seu
desenvolvimento social e pessoal. Assim, pode-se inferir que a escola deve deixar espaço para
o exercício da solidariedade, já que a autonomia dos alunos se desenvolve na medida em que
eles próprios criam e aplicam suas normas e critérios.
Assim sendo, os alunos sugerem como forma de enfrentamento às questões de
indisciplina, o diálogo como alternativa apropriada, o que refletiria uma busca de orientação
em relação às expectativas dos professores. Fato este comprovado por nós, ao percebermos,
nas observações em sala de aula, que os alunos, ao compreenderem, com clareza, o
significado do que lhes é solicitado, minimizam os eventos envolvendo expressões de
indisciplina na sala de aula, ou até propiciam a normalidade da aula.
Queremos destacar ainda, um aspecto que consideramos importante, o fato de
podermos da fala dos alunos, depreender, uma perspectiva sobre indisciplina escolar, que
estaria relacionada à produção de desordem. Isso nos é evidenciado nas diversas vezes em que
os alunos se referiram à indisciplina como “bagunça”. Mostraram-nos através das falas, que a
indisciplina estaria relacionada a dois diferentes níveis de comunicado. Um primeiro nível
seria o da indisciplina, como sinalizadora de algo que está incoerente ou que não corresponde
às expectativas. Neste caso, poderíamos incluir as normas e as regras que norteiam o processo
aula e os trabalhos na escola como um todo. O segundo nível seria o da indisciplina como
denunciante de práticas pedagógicas inconsistentes e frágeis. Neste caso, a indisciplina estaria
denunciando aulas “desinteressantes”, por conta de um currículo mal trabalhado, bem como
falta de planejamento e de organização do professor e da escola em geral. Evidenciamos que a
indisciplina se configura enquanto um caráter complexo na medida em que, os alunos não se
detêm apenas às causas, ou ao momento que acontece. Eles conseguem perceber outras
variáveis, além das causas, atribuindo às expressões significado e sentido.
9841
Considerações Finais
Pelo caráter complexo que envolve as questões de indisciplina escolar, muito há por se
fazer em termos de pesquisas científicas. Fazendo um levantamento dos trabalhos publicados
o número deles ainda está abaixo do que consideramos necessário para dar conta de embasar
encaminhamentos, reflexões, planos de ação e outras formas de enfrentamento das questões
relacionadas com a indisciplina escolar. A título de exemplo destacaríamos como veia
promissora, investigar junto aos alunos possíveis relações entre as expressões de indisciplina
e os aspectos das práticas escolares que lhes causam descontentamento ou as possíveis
relações entre a indisciplina na escola e a recusa em cumprir expectativas sobre serem sujeitos
passivos, ou saber dos alunos em que medida a indisciplina na escola interfere no currículo
praticado.
Reforçamos que, não se trata apenas de colocar em evidência o comportamento dos
alunos. Seria necessário focalizar todos os aspectos relacionados ao desenvolvimento social e
psicológico e que podem ter relação com as práticas educativas oferecida pelas escolas. Com
isso, queremos dizer que, o fato de o aluno não acompanhar os estudos e consequentemente
não aprender, pode ser o motivo de expressar indisciplina.
Assim, indicamos a necessidade de os cursos de formação de professores
contemplarem, de alguma forma, discussões sobre a indisciplina escolar, instrumentalizando
seus acadêmicos para tratar das questões de indisciplina que certamente os aguardam nas
escolas. E, aos professores em exercício, proporcionar também, através dos programas de
formação continuada, tal instrumentalização.
Finalmente, devemos destacar algumas possíveis contribuições deste trabalho para a
discussão científica sobre indisciplina escolar. Argumentamos que a leitura da indisciplina
escolar na perspectiva de alunos, é capaz de fornecer alternativas de entendimento não
somente sobre seus motivos, mas também possíveis elementos para fundamentar formas de
condução pedagógica do trabalho com as questões de indisciplina na escola. Além disso, esta
abordagem é capaz de fornecer elementos para os educadores ampliarem suas percepções em
relação as expressões de indisciplinas na escolas.
Uma outra contribuição reside em fornecer aos educadores, e particularmente ao
professores, uma perspectiva capaz de mostrar-lhes o quanto os alunos são capazes de
perceber fragilidades nas práticas pedagógicas. Nesse sentido, argumentamos quanto a
necessidade dos professores buscarem compreender melhor os motivos da indisciplina,
9842
aprendendo a reconhecer as necessidades que suas expressões podem estar comunicando.
Finalmente, entendendo que a indisciplina hoje representa um dos principais desafios as
escola, concordamos com Garcia (1999) quando afirma que mais que transformar nossas
escolas, precisamos reinventá-las.
REFERÊNCIAS
ABDALLA, Vilma. O que pensam os alunos sobre a escola noturna. São Paulo, Cortez,
2004.
AMADO, João da Silva. Indisciplina na aula: regras, tarefas e relação pedagógica.
Psicologia, Educação e Cultura, Lisboa, v. 3, n. 1, p. 53-72, 1999.
AMADO, João da Silva. Interacção pedagógica e indisciplina na aula. Porto: Asa, 2001.
DE LA TAILLE, Yves. A indisciplina e o sentimento de vergonha. In: AQUINO, J. G.
(Org.). Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. 8. ed. São Paulo: Summus,
1996. p. 9-23.
ESTRELA, Maria. Tereza. Relação pedagógica, disciplina e indisciplina na aula. 3. ed.
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GARCIA, Joe. Indisciplina na escola. Revista Paranaense de Desenvolvimento, Curitiba, n.
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GARCIA, Joe. A construção social da indisciplina na escola. In: SEMINÁRIO
INDISCIPLINA NA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA, 1, 2005. Curitiba. Anais...
Curitiba: UTP, 2005, p. 87-93.
MARQUES, Rui. Saber educar: guia do professor. Lisboa: Presença, 2001.
OLIVEIRA, Rosimary Lima Guilherme. As atitudes dos professores relacionadas à
indisciplina escolar. 2004. 189 f. Dissertação (Mestrado em Educação). Faculdades de
Ciências Humanas, Letras e Artes - Universidade Tuiuti do Paraná, Curitiba, 2004.
RODRIGUES, Nelson. Por uma nova escola: o transitório e o permanente na educação. 9.
ed. São Paulo: Cortez, 1993.
TARDIF, Maurice. Saberes docente e formação profissional. 2. ed. Petrópolis: Vozes,
2002.

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Os motivos da indisciplina na escola: a perspectiva dos alunos

  • 1. OS MOTIVOS DA INDISCIPLINA NA ESCOLA: A PERSPECTIVA DOS ALUNOS GOLBA, Mônica Aparecida de Macedo – UNIVALE-PR monica_golba@hotmail.com Área Temática: Violências nas escolas Agência Financiadora: Não contou com financiamento Resumo Este artigo apresenta um estudo sobre os motivos da indisciplina escolar, segundo a perspectiva de alunos. A indisciplina escolar tem se configurado um dos principais desafios da educação contemporânea e diversas perspectivas de análise têm sido utilizadas para se avançar a compreensão dessa questão. Neste trabalho exploramos uma alternativa de análise ainda pouco destacada na pesquisa educacional, a perspectiva dos alunos. No texto, inicialmente analisamos questões relativas a escola, aos alunos e a indisciplina escolar. Em seguida discutimos o conceito de indisciplina, considerando quatro leituras teóricas distintas: a indisciplina como algo inerente ao comportamento do aluno; como uma construção social dentro das escolas; como um fenômeno de aprendizagem, e como algo originado na relação professor-aluno. Mais adiante exploramos os motivos e sentidos da indisciplina escolar na perspectiva de alunos. Este artigo está baseado na investigação que realizamos durante o Mestrado em Educação, na qual recorremos a uma pesquisa do tipo etnográfico, que envolveu o contato direto com um grupo de alunos do último ano do Ensino Fundamental. Ao longo do contato com esses alunos percebemos suas perspectivas sobre indisciplina escolar, e a importância destas para o avanço da compreensão dos processos e das intencionalidades relacionadas as expressões de indisciplina. Com base na pesquisa realizada, aqui pretendemos apresentar algumas contribuições ao estudo da indisciplina escolar. Entre os resultados da pesquisa, destacamos que a perspectiva dos alunos revela não somente concepções próprias sobre indisciplina escolar, mas também intencionalidades e sentidos que denunciam a fragilidade e a inconsistência de determinadas práticas pedagógicas exercidas pelos professores. Palavras-chave: Educação. Indisciplina Escolar. Ensino Fundamental. Alunos. Introdução A indisciplina escolar configura-se, em nossos dias, como um desafio aos educadores por ser intensamente vivenciada nas escolas. Apresenta-se também, segundo Garcia (1999), como fonte de estresse nas relações interpessoais, particularmente quando associada a conflitos em sala de aula. Mas, além de se constituir um “problema” aquele autor acrescenta
  • 2. 9833 que a indisciplina na escola tem algo a dizer sobre o ambiente escolar e sobre a própria necessidade de avanço pedagógico e institucional. Trata-se, portanto, de um tema que ainda deve ser amplamente debatido e investigado apesar dos muitos avanços realizados neste início de século em questões relacionadas à educação. Atendendo a esta preocupação, este artigo apresenta uma reflexão sobre a indisciplina escolar na perspectiva de alunos. Partindo–se de reflexões sobre a escola, alunos e indisciplina, para então fazer considerações conceituais, bem como destacando os motivos e sentidos da indisciplina escolar na perspectiva dos alunos. Ao final, apresentamos algumas considerações e possibilidades de pesquisas que viriam a contribuir com os estudos do tema em questão. A fonte desta reflexão foi a pesquisa que realizamos durante o mestrado em educação. Através do método de pesquisa do tipo etnográfico mantivemos por um tempo considerável contato com alunos da escolarização básica, sobretudo os alunos do último ano do Ensino Fundamental. A proximidade com tais alunos possibilitou perceber que eles tinham uma perspectiva sobre a indisciplina escolar e que investigá-la seria importante para o avanço da compreensão dos processos e das intencionalidades que estão por detrás das expressões de indisciplina. O presente texto, portanto, pretende apresentar algumas contribuições relevantes obtidas através dos dados da pesquisa. Desta forma almejamos contribuir com o debate científico sobre indisciplina escolar, fornecendo elementos aos educadores para ampliarem as percepções com relação à indisciplina escolar. Refletindo sobre escola, indisciplina e alunos A indisciplina escolar não é um fenômeno estático, está evoluindo nas escolas (GARCIA, 1999). É como nos apresenta Amado (1999, p. 25): “quando falamos de indisciplina, não falamos de um mesmo fenômeno, mas de uma diversidade de fenômenos por detrás de uma mesma significação”. Diante disso, nos propomos neste item refletir sobre a escola já que é ali que a indisciplina é construída (GARCIA, 2005). E, também, refletindo sobre a escola pode-se conhecer melhor seus atores sociais, especialmente os alunos, pois são eles que ajudam a tecer o sentido de indisciplina, presente no contexto escolar.
  • 3. 9834 Analisando a história da educação, quando do advento da sociedade moderna, verificamos que as funções relacionadas à Educação, até então de responsabilidade das famílias, da igreja e da comunidade, foram sendo transferidas para uma instituição criada pela sociedade – a escola. Portanto, foi o desenvolvimento histórico da humanidade que fez surgir a necessidade de se criar e de se manter essa instituição especializada em fornecer às pessoas as informações mínimas e a preparação adequada à vida social. Vemos, então, que ao longo da sua história, a escola vem assumindo cada vez mais características próprias, envolvendo desde aspectos relacionados com a comunidade onde está inserida, com os valores morais e éticos preservados por ela, configurando-se uma instituição onde as condições histórico-sociais são determinantes. O que se espera da escola é que a mesma prepare os indivíduos para a vida política, social e para o trabalho, desenvolvendo suas habilidades. Segundo Rodrigues (1993), a escola deve ser um lugar de novos conhecimentos, possibilitando a articulação dos diversos interesses dos variados setores da sociedade. Outro aspecto relevante e que está relacionado com a função da escola e sua importância para a sociedade reside no fato de que a escola passou a ser um importante instrumento de transmissão do legado civilizacional, vivenciando momentos simultâneos de criação-conservação, de tradição-inovação. Quando isso tudo acontece com equilíbrio pode-se afirmar que a escola cumpre sua finalidade, passando a ser instrumento e espaço onde as sociedades encontram para proporcionar educação, passando, então, a ser um instrumento de cultura (MARQUES, 2001, p. 17). Complementando, Estrela (1992) afirma que a primeira e principal função da escola seria, naturalmente, a de transmitir a cultura. Para aquela autora, as outras funções desempenhadas pela escola como a função política de preparar para a democracia, a função social e a função de preparar para o mercado de trabalho articulam-se com a função natural e principal que é a transmissão da cultura. Ao refletirmos sobre a escola como instrumento de cultura, nos reportamos para o aspecto da construção da cultura escolar. Na medida em que vai se institucionalizando através de normas, regulamentações e interpretações a cultura escolar, vai sedo incorporada e vivenciada pelo coletivo escolar. Assim, a cultura na percepção dos seus sujeitos, tais como os alunos, pode fornecer pistas importantes sobre temas relevantes como a indisciplina escolar.
  • 4. 9835 Ao ingressarem na escola, os alunos entram em contato com a cultura própria dessa instituição, são influenciados por ela e podem influenciá-la também. No caso da indisciplina escolar, parece-nos que ela se manifesta no contexto da transmissão cultural. Os alunos, muitas vezes, resistem à cultura escolar, tentado impedir, não só o trabalho da escola, como o trabalho da cultura em si. Essa resistência pode ser entendida como uma fonte de indisciplina, tal como nos sugere Amado (2001). Para aquele autor, a escola passa a ser um local de confronto ativo, onde os alunos resistem a valores que se opõem aos seus, aos do seu grupo, dando origem ao que ele denomina de contracultura. E a indisciplina poderia ser compreendida como “resistência”. Considerando a legislação educacional vigente, almeja-se a formação de um aluno crítico, através do preparo para a cidadania. E, que esse aluno seja capaz de intervir sobre a realidade que se apresenta, além de prepará-lo para o trabalho. Todavia, o que se apresenta, muitas vezes, que exercitar o pensamento crítico dentro da escola, pode resultar em conflitos. Os professores, de modo geral, não estão preparados ou não gostam de lidar com alunos que recorrem à contestação como forma de expressão. Torna-se difícil para a escola, sobretudo, para os professores, compreender que o aluo contestador é membro de uma sociedade que avançou muito na superação de uma cultura de repressão e que não se conforma com aulas “pouco interessantes”, descontextualizadas e baseadas em relações autoritárias. Segundo Garcia (1999) esse descontentamento dos alunos precisa ser analisado para além do rótulo de indisciplina, e ser pensado com expressão de uma consciência social em formação. Entendemos que, se a escola não avançar, sobretudo, aceitando que os alunos exercitem o senso de cidadania, preparando-os para pensar e resolver conflitos, teremos alunos inaptos a participar de importantes momentos onde são solicitados posicionamentos frente às questões sociais e pedagógicas que norteia o trabalho da escola, sobretudo, as relacionadas ao currículo escolar. O desenvolvimento social do aluno e sua formação integral passaram, pois, a ser prioridades no cotidiano escolar, trazendo mudanças à relação professor-aluno, e à visão do que é escola hoje, e da própria noção de indisciplina, e de suas implicações e sentidos. Sabe-se que a escola acolhe alunos de diferentes origens, social, cultural, étnica ou econômica, abrigando uma população heterogênea, sem contar as disparidades cognitivas e
  • 5. 9836 afetivas entre o alunado (TARDIF, 2002, p. 129). Apesar disso, segundo Marques (2001), a escola deve dar aos alunos as competências básicas e a cultura geral, comuns a todas as ocupações nas sociedades tecnologicamente desenvolvidas (p. 37). E são esses alunos que, na medida em que avançam em sua escolaridade, constroem suas perspectivas com relação à escola e também com relação à indisciplina escolar. Um número considerável de estudos já foram realizados considerando a perspectiva dos alunos sobre a escola e sobre a indisciplina escolar. A partir de tais estudos observmos que os alunos constroem visões sobre a escola, falam, criticam, deixam transparecer a vontade que possuem de que a escola seja melhor, que ensine mais, de um jeito mais agradável e diferente. Suas falas refletem o desejo de serem ouvidos, de participarem nas decisões e nos planejamentos. A escola que lhes proporcionar e permitir tais participações, será a melhor, a mais agradável, a diferente. Segundo aquela autora, em momento algum os alunos deixam transparecer que a escola não é importante, embora deixem transparecer que não é “essa” a escola que desejam. Compreendemos que os alunos, através, de suas perspectivas, ajudam a compreender muitas situações que ocorrem no cotidiano escolar, dentre elas, as ligadas à indisciplina escolar. É relevante tentarmos conhecer as perspectivas dos alunos sobre a indisciplina escolar, pelo fato de que, ao falarem, os alunos ressaltarão aspectos do conceito, das causas e dos envolvidos com a indisciplina, dos possíveis encaminhamentos e das intencionalidades que estão por detrás das expressões de indisciplina, sendo capazes de mostrar a relação entre as expressões e as razões da indisciplina na escola. O conceito de indisciplina O conceito de indisciplina apresenta grande magnitude e complexidade como nos aponta Garcia (1999) e De La Taille (1996). E ao analisarmos o conceito de indisciplina devemos considerar esses aspectos. Outro aspecto que devemos considerar está relacionado com a superação da noção de indisciplina como algo restrito ao comportamento do aluno, pois o tema requer, segundo Oliveira (2004), reflexão profunda acerca da natureza das relações e das interações que a constituem. Vale considerar ainda que por se tratar de uma criação cultural o conceito de indisciplina não é estático, uniforme, tampouco universal. Portanto, não podemos esperar unanimidade quanto ao conceito, pois o mesmo estaria relacionado a diferentes valores e
  • 6. 9837 expectativas que variam conforme o contexto onde se insere. Assim, aquilo que a escola estabelece como critérios para dizer se é uma expressão é ou não, uma expressão de indisciplina, estaria sofrendo transformações ao longo do tempo e se diferenciando, dependendo do contexto. Neste texto, para fins de desenvolvimento conceitual apresentaremos as noções relacionadas ao conceito de indisciplina em quatro grupos. De um lado, é possível compreender a indisciplina como algo inerente ao comportamento do aluno. E as expressões de indisciplina, na escola, estariam atreladas a alguns significados como: rebeldia, intransigência, negação e desrespeito. Em complemento, pode-se considerar a disciplina como algo socialmente construído, (GARCIA, 2005), e que tudo aquilo que se crê relacionado a ela seria criado através da interação social dos atores que lá estão. Podemos considerar ainda, a noção de indisciplina como um fenômeno de aprendizagem. Sob esta perspectiva, a indisciplina seria entendida como a “incongruência entre os critérios e as expectativas assumidos pela escola (que supostamente refletem o pensamento da comunidade escolar) em termos de comportamento, atitudes, socialização, relacionamentos e desenvolvimento cognitivo, e aquilo que demonstram os estudantes” (GARCIA, 1999, p. 102). Finalmente, é possível compreender a indisciplina como algo originado na relação professor-aluno. E que a mesma implicaria, sempre, a contravenção de princípios, regulamentos, contratos e ordens, discordando claramente dos objetivos do grupo ou da instituição e provocando situações de perturbação das relações sociais no seu interior (AMADO, 2001). Destacamos ainda que, segundo Amado (2001), a manifestação concreta da indisciplina se dá pelo não cumprimento das regras que presidem, orientam e estabelecem as condições das tarefas e ainda, no desrespeito às normas e aos valores que fundamentam o são convívio entre pares e a relação com o professor, enquanto pessoa e autoridade. Os Motivos da Indisciplina na Perspectiva dos Alunos Iniciamos este item explorando uma noção central articulada neste trabalho, o conceito de perspectiva. Uma maneira de compreender a noção de perspectiva reside em relacioná-la com as experiências de vida de uma pessoa. Particularmente em nossa pesquisa, perspectiva inclui aspectos significativos do que os alunos trazem consigo das experiências com as
  • 7. 9838 situações de indisciplina na escola, o entendimento deles sobre o que é indisciplina, suas causas, os possíveis encaminhamentos, quem está envolvido, os significados e as intencionalidades que envolvem as expressões de indisciplina. Assim, a totalidade dessas variáveis constitui então a perspectiva sobre a indisciplina. E foi conhecendo a perspectiva de um grupo de alunos sobre a indisciplina que percebemos os motivos e sentidos da indisciplina para eles. Através da análise dos dados da pesquisa pudemos constatar a legitimidade da indisciplina para os alunos. Eles, de fato, conseguem atribuir um motivo e um significado para as expressões de indisciplina. Quando relatam as expressões de indisciplina, seja na sala de aula ou fora dela, os alunos expõem os motivos que os levam a agir daquela maneira. Percebemos ainda, através das falas, que o significado atribuído por eles seria de natureza pedagógica, ou seja, que a indisciplina viria para denunciar a fragilidade da prática do professor, através principalmente, da ausência de planejamento e de organização das aulas, o que poderia, também, denunciar a fragilidade do currículo. Os alunos relatam muito bem essa situação utilizando expressões como: “os professores entram na sala e ficam procurado o que dar naquela aula”, “perguntam onde foi que pararam na última aula”, “as vezes esquecem que tinham marcado prova”. É interessante perceber que a leitura que os alunos fizeram da indisciplina, na sala de aula e na escola, extrapola a leitura feita por seus professores. Para boa parte dos professores, dos alunos investigados por nós, a indisciplina estaria atrelada ao comportamento dos alunos. Portanto, tais professores tendem a relacionar a indisciplina mais as suas causas, sem atribuir- lhes sentidos. Percebemos também que os professores tendem a focalizar mais os alunos individualmente e não o grupo ou os subgrupos de alunos que estão presentes na sala de aula, agindo assim, tais professores ignoram as forças sociais que determinam o comportamento dos alunos. Os alunos, por sua vez, conseguem, tanto atribuir causas para a indisciplina como também, apontar os sentidos da indisciplina, relacionando-os ao trabalho do professor. A disciplina pode ser compreendida, pelos alunos, com sentidos distintos, em função do espaço onde ocorre: dentro de sala de aula ou fora dela. Quando as expressões de indisciplina ocorrem dentro da sala de aula teriam o sentido de interromper o processo aula ou de afrontar o professor. Poderíamos entender que tais expressões de indisciplina estariam sinalizando algo que precisa ser (re)pensado, (re)feito e (re)significado dentro de sala de aula, sobretudo na dimensão da organização das aulas e do próprio currículo. Fora de sala de aula,
  • 8. 9839 as expressões de indisciplina refletiriam conflitos e disputas entre alunos e turmas. Neste caso, os motivos apontados pelos seriam romper com a ordem estabelecida pela escola e gerar conflitos. Embasando o que foi apresentado com relação a compreensão da indisciplina pelos alunos trazemos a contribuição de Estrela (19861 apud AMADO, 2001, p. 112) que afirma que a indisciplina, na escola, teria um caráter defensivo e um caráter ofensivo. O primeiro, visando estabelecer um contraponto diante das situações consideradas, pelos alunos, como pouco interessantes e ou ameaçadoras. O segundo, visando a obstrução da aula, seja por não satisfazer às expectativas do alunado seja simplesmente por se recusarem a cumprir normas estabelecidas. A contribuição trazida pela autora anteriormente citada, somada à compreensão que os alunos têm de que a indisciplina ocorre com sentidos distintos dependendo do espaço que ocorre, vem reforçar a noção de indisciplina que consideramos a mais apropriada para analisar as falas dos alunos, ou seja, compreender a indisciplina segundo Amado (2001), como uma transgressão aos princípios, regulamentos, contratos e ordens que estão em discordância com os objetivos do grupo ou da instituição, causado perturbações as relações sociais que ocorrem no seu interior. Para os alunos é aceitável reagir às práticas que consideram inadequadas e, portanto, tais práticas não seriam expressões de indisciplina, ao contrário, reagir desta forma seria uma demonstração de coragem e um ato de defesa àquilo que entendem como ameaça. Na fala dos alunos podemos perceber que, uma vez estabelecidas as normas e as regras que nortearão o processo aula, procuram respeitá-las com rigor, desde que as considerem coerentes com aquilo que julgam certo ou errado. Ao transgredir as normas, fazem-no por não compartilhar dos princípios norteadores de sua construção, ou por não participarem de sua construção, ou ainda, por considerarem tais normas, inválidas ou pertinentes, portanto, consideram importante participar da criação das normas, vendo significado, coerência e justiça. Para os alunos, cabe ao professor implementar tais discussões e ações com relação a construção de normas e regras. Além disso, é próprio do professor estabelecer níveis toleráveis de ruído em sala de aula, alternativas de ação quando o trabalho de sala de aula termina antes do planejado e o controle de quem entra ou sai da sala de aula. Quando essas ações são implementadas tendo validação por parte dos alunos, eles, como já dissemos anteriormente, irão respeitá-las com rigor. 1 ESTRELA, M. T. Une ètude sur I’Indiscipline em classe. Lisboa:INC, 1986.
  • 9. 9840 Suas falas denotam respeito para com os outros, principalmente, respeito aos professores, sendo o respeito a forma adequada de tratamento entre as pessoas, segundo eles. Condenam expressões de indisciplina nas aulas de professores que consideram “bons”, “legais” e “parceiros”. Demonstram solidariedade e têm noção de companheirismo e de espírito de equipe. Isso fica explicito nos momentos em que emprestam materiais uns para os outros, acobertam atitudes inadequadas dos colegas e respeitam regras de convívio. Percebemos através de nossas observaçõesque as experiências de solidariedade entre os alunos são altamente educativas e, portanto, formativas, na medida em que servem ao seu desenvolvimento social e pessoal. Assim, pode-se inferir que a escola deve deixar espaço para o exercício da solidariedade, já que a autonomia dos alunos se desenvolve na medida em que eles próprios criam e aplicam suas normas e critérios. Assim sendo, os alunos sugerem como forma de enfrentamento às questões de indisciplina, o diálogo como alternativa apropriada, o que refletiria uma busca de orientação em relação às expectativas dos professores. Fato este comprovado por nós, ao percebermos, nas observações em sala de aula, que os alunos, ao compreenderem, com clareza, o significado do que lhes é solicitado, minimizam os eventos envolvendo expressões de indisciplina na sala de aula, ou até propiciam a normalidade da aula. Queremos destacar ainda, um aspecto que consideramos importante, o fato de podermos da fala dos alunos, depreender, uma perspectiva sobre indisciplina escolar, que estaria relacionada à produção de desordem. Isso nos é evidenciado nas diversas vezes em que os alunos se referiram à indisciplina como “bagunça”. Mostraram-nos através das falas, que a indisciplina estaria relacionada a dois diferentes níveis de comunicado. Um primeiro nível seria o da indisciplina, como sinalizadora de algo que está incoerente ou que não corresponde às expectativas. Neste caso, poderíamos incluir as normas e as regras que norteiam o processo aula e os trabalhos na escola como um todo. O segundo nível seria o da indisciplina como denunciante de práticas pedagógicas inconsistentes e frágeis. Neste caso, a indisciplina estaria denunciando aulas “desinteressantes”, por conta de um currículo mal trabalhado, bem como falta de planejamento e de organização do professor e da escola em geral. Evidenciamos que a indisciplina se configura enquanto um caráter complexo na medida em que, os alunos não se detêm apenas às causas, ou ao momento que acontece. Eles conseguem perceber outras variáveis, além das causas, atribuindo às expressões significado e sentido.
  • 10. 9841 Considerações Finais Pelo caráter complexo que envolve as questões de indisciplina escolar, muito há por se fazer em termos de pesquisas científicas. Fazendo um levantamento dos trabalhos publicados o número deles ainda está abaixo do que consideramos necessário para dar conta de embasar encaminhamentos, reflexões, planos de ação e outras formas de enfrentamento das questões relacionadas com a indisciplina escolar. A título de exemplo destacaríamos como veia promissora, investigar junto aos alunos possíveis relações entre as expressões de indisciplina e os aspectos das práticas escolares que lhes causam descontentamento ou as possíveis relações entre a indisciplina na escola e a recusa em cumprir expectativas sobre serem sujeitos passivos, ou saber dos alunos em que medida a indisciplina na escola interfere no currículo praticado. Reforçamos que, não se trata apenas de colocar em evidência o comportamento dos alunos. Seria necessário focalizar todos os aspectos relacionados ao desenvolvimento social e psicológico e que podem ter relação com as práticas educativas oferecida pelas escolas. Com isso, queremos dizer que, o fato de o aluno não acompanhar os estudos e consequentemente não aprender, pode ser o motivo de expressar indisciplina. Assim, indicamos a necessidade de os cursos de formação de professores contemplarem, de alguma forma, discussões sobre a indisciplina escolar, instrumentalizando seus acadêmicos para tratar das questões de indisciplina que certamente os aguardam nas escolas. E, aos professores em exercício, proporcionar também, através dos programas de formação continuada, tal instrumentalização. Finalmente, devemos destacar algumas possíveis contribuições deste trabalho para a discussão científica sobre indisciplina escolar. Argumentamos que a leitura da indisciplina escolar na perspectiva de alunos, é capaz de fornecer alternativas de entendimento não somente sobre seus motivos, mas também possíveis elementos para fundamentar formas de condução pedagógica do trabalho com as questões de indisciplina na escola. Além disso, esta abordagem é capaz de fornecer elementos para os educadores ampliarem suas percepções em relação as expressões de indisciplinas na escolas. Uma outra contribuição reside em fornecer aos educadores, e particularmente ao professores, uma perspectiva capaz de mostrar-lhes o quanto os alunos são capazes de perceber fragilidades nas práticas pedagógicas. Nesse sentido, argumentamos quanto a necessidade dos professores buscarem compreender melhor os motivos da indisciplina,
  • 11. 9842 aprendendo a reconhecer as necessidades que suas expressões podem estar comunicando. Finalmente, entendendo que a indisciplina hoje representa um dos principais desafios as escola, concordamos com Garcia (1999) quando afirma que mais que transformar nossas escolas, precisamos reinventá-las. REFERÊNCIAS ABDALLA, Vilma. O que pensam os alunos sobre a escola noturna. São Paulo, Cortez, 2004. AMADO, João da Silva. Indisciplina na aula: regras, tarefas e relação pedagógica. Psicologia, Educação e Cultura, Lisboa, v. 3, n. 1, p. 53-72, 1999. AMADO, João da Silva. Interacção pedagógica e indisciplina na aula. Porto: Asa, 2001. DE LA TAILLE, Yves. A indisciplina e o sentimento de vergonha. In: AQUINO, J. G. (Org.). Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. 8. ed. São Paulo: Summus, 1996. p. 9-23. ESTRELA, Maria. Tereza. Relação pedagógica, disciplina e indisciplina na aula. 3. ed. Porto: Porto, 1992. GARCIA, Joe. Indisciplina na escola. Revista Paranaense de Desenvolvimento, Curitiba, n. 95, p. 101-108, jan./abr. 1999. GARCIA, Joe. A construção social da indisciplina na escola. In: SEMINÁRIO INDISCIPLINA NA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA, 1, 2005. Curitiba. Anais... Curitiba: UTP, 2005, p. 87-93. MARQUES, Rui. Saber educar: guia do professor. Lisboa: Presença, 2001. OLIVEIRA, Rosimary Lima Guilherme. As atitudes dos professores relacionadas à indisciplina escolar. 2004. 189 f. Dissertação (Mestrado em Educação). Faculdades de Ciências Humanas, Letras e Artes - Universidade Tuiuti do Paraná, Curitiba, 2004. RODRIGUES, Nelson. Por uma nova escola: o transitório e o permanente na educação. 9. ed. São Paulo: Cortez, 1993. TARDIF, Maurice. Saberes docente e formação profissional. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.