O governo admitiu um grande desvio nas contas públicas devido à arrecadação de menos impostos do que o esperado. Novas medidas de austeridade podem ser necessárias para cumprir a meta do déficit de 4,5% em 2012. O ministro das finanças disse que o ajuste sem precedentes no país traz riscos e incertezas significativas.

1. Governo admite significativo desvio nas contas públicas
Podem vir aí novas medidas de austeridade. Os números ainda não são conhecidos, mas já se sabe que o
Estado arrecadou menos do que esperava em impostos nos primeiros cinco meses do ano.
O ministro das Finanças admitiu, esta quinta-feira, que o cumprimento da execução orçamental deste
ano poderá estar em risco. O anúncio foi feito por Vítor Gaspar no final de uma reunião com os seus
homólogos europeus, no Luxemburgo.
Vítor Gaspar antecipou os números da execução orçamental relativos ao período entre Janeiro e Maio,
que serão divulgados esta sexta-feira. "Estes dados disponíveis traduzem um aumento significativo nos
riscos e incertezas que estão associadas às expectativas orçamentais. O Governo está determinado a
cumprir o tecto para o défice de 4,5% para 2012, mas estamos totalmente conscientes de que o esforço
necessário para atingir este valor é muito importante", declarou.
O ministro das Finanças atribui esta evolução a uma diminuição da receita e a factores externos que não
identificou. E fez questão de sublinhar que o facto de se estar a proceder a um ajustamento de uma
dimensão sem precedentes na história do país acarreta riscos e incertezas.
Neste contexto, Gaspar reiterou que Portugal continua a contar com a solidariedade dos parceiros
europeus para fazer face a problemas que não sejam da sua responsabilidade. E em relação à questão
de Portugal não precisar de mais tempo, nem de mais dinheiro, o ministro introduziu uma nuance.
"A nossa posição é que não tomaremos a iniciativa de pedir nem mais tempo nem mais dinheiro", disse
o ministro das Finanças, em conferência de imprensa, no final de um encontro com os seus homólogos
europeus, durante o qual ficaram definidos os calendários para o arranque do resgate financeiro da
banca espanhola e do regresso da "troika" à Grécia, na sequência das eleições legislativas do último fim-
de-semana.
Os números exactos vão ser conhecidos durante o dia de hoje, quando hoje a Direcção-Geral do
Orçamento publicar a Execução Orçamental de Maio, que faz as contas às receitas e despesa do Estado.