O documento apresenta uma revisão da literatura sobre análise de domínio na ciência da informação. Aborda os principais conceitos como domínio, comunidade discursiva e as abordagens propostas por Hjørland, Tennis, entre outros. Também descreve brevemente a pesquisa da autora sobre epistemologia da organização do conhecimento.
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
Análise de Domínio: Teoria e Métodos
1. Análise de Domínio
Paula Carina de Araújo
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP)
Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Fulbright/CAPES Alumni (2016-2017)
paula.carina.a@gmail.com
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JULIO DE MESQUITA FILHO
FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
MÉTODOS DE PESQUISA APLICADOS À CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
2. Paula Carina de Araújo
Doutoranda em Ciência da Informação –
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita
Filho (UNESP) (2015-2019)
Visit Research - Fulbright/CAPES (2016-2017)
Visit Student – Information School na University of
Washington (2016-2017)
Bibliotecária – Universidade Federal do Paraná
(UFPR) (2008 – atual)
Seattle Public Library, Outubro de 2016.
3. Contextualização
Origem da Análise de Domínio
Ciência da Computação – James M. Neighbors (1980)
Com um significado diferente do proposto na Ciência da Informação.
4. Contextualização
Análise de Domínio na Organização do Conhecimento (OC)
1995 – O termo é associado pela primeira vez à Ciência da Informação
(CI) e OC por Birger Hjørland e Hanne Albrechtsen;
2002 – Birger Hjørland propõe as 11 abordagens da análise de domínio;
2003 – Joseph Tennis apresenta dois eixos para a análise de domínio;
5. Conceito
Domínio
Hjørland e Albrechtsen não apresentaram uma definição precisa de
domínio.
“pensamento ou comunidades discursivas, que são parte da divisão do
trabalho na sociedade”, (HJØRLAND; ALBRECHTSEN, 1995, p. 400,
tradução nossa).
6. Conceito
Domínio
“Poderia ser uma área do conhecimento, o conjunto de literatura sobre
um tópico, ou até mesmo um sistema de pessoas e práticas
trabalhando com uma linguagem comum”, (TENNIS, 2003, p. 191,
tradução nossa).
7. Conceito
Domínio
“Um domínio do conhecimento é para ser entendido como uma
demarcação de dado conhecimento, seja ancorado em um contexto
profissional ou não profissional”, (THELLEFSEN; THELLEFSEN, 2004, p.
179, tradução nossa).
8. Conceito
Domínio
“o conhecimento se constrói a partir da interação de unidades de
conhecimento que são os conceitos, os quais se articulam em
determinado domínio, refletindo o conhecimento de uma comunidade
discursiva em particular” . (THELLEFSEN; THELLEFSEN, 2004, p. 179,
tradução nossa).
9. Conceito
Domínio
“Um domínio é melhor compreendido como uma unidade de análise
para a construção de um Sistema de Organização do Conhecimento
(SOC). Isto é, um domínio é um grupo com uma base ontológica que
revela uma teleologia subjascente, um conjuntos de hipóteses comuns,
consenso epistemológico nas abordagens metodológicas, e semântica
social”, (SMIRAGLIA, 2012, p. 114, tradução nossa).
“Um domínio é um grupo que requer ou cria seu próprio sistema de
organização do conhecimento”, (SMIRAGLIA, 2014, p. 5, tradução
nossa).
10. Conceito
Domínio
Hjørland (2017, p. 439, tradução nossa) diz que “um domínio pode ser
uma disciplina, mas não precisa ser; ele pode ser distribuído em
múltiplas disciplinas ou especialidades ou ser uma não disciplina [...]”.
“Um domínio é um corpo de conhecimento, definido socialmente e
teoricamente como o conhecimento de um grupo de pessoas que
compartilha comprometimentos ontológicos e epistemológicos”,
(HJØRLAND, 2017, p. 441, tradução nossa).
11. Conceito
Domínio
“[...] é valioso o conceito de “domínio” como recurso para constituir
teoricamente objetos de investigação, assim como incorporar e fazer
justiça à história da ciência e à sua acumulação de conhecimentos”.
(LLOYD, 1995, p. 25).
12. Conceito
Domínio
“Domínio é um grupo de usuários, uma disciplina ou um campo amplo
de conhecimento responsável pela definição dos limites interpretativos
dos conceitos, já que o conhecimento se manifesta de forma específica.
Assim, são os domínios que condicionam a produção dos
conhecimentos, mas também são por si só um conjunto de
conhecimentos já produzidos. (AMORIM; CAFÉ, 2016, p. 14).
14. Conceito
Comunidade Discursiva
[...] é uma organização social que define a ordenação e limitação do
processo de comunicação em um domínio do conhecimento. As
comunidades discursivas são compostas por três elementos: atores,
instituições e serviços de informação [...], (AMORIM; CAFÉ, 2016, p. 13).
Profissionais da informação lidam com diversas comunidades discursivas,
não ficando restrita às acadêmicas. Comunidade discursiva pode ser vista
também como uma disciplina, (AMORIM; CAFÉ, 2016, p. 13).
16. Análise de Domínio
Hjorland e Albrechtsen (1995)
Paradigma de análise de domínio
1º - é um paradigma social, concebendo a CI como uma das ciências sociais;
2º é uma abordagem funcionalista, que busca entender as funções implícitas e explícitas da
informação e comunicação e traçar os mecanismos subjacentes ao comportamento
informacional a partir dessa percepção;
3º é uma abordagem filosófica-realista, que tenta encontrar as bases para a CI em
fatores que são externos às percepções individualistas-subjetivas dos usuários em
oposição a, por exemplo, os paradigmas comportamentais e cognitivos.
17. Análise de Domínio
Hjorland e Albrechtsen (1995)
Busca compreender as necessidades dos usuários de uma perspectiva
social.
Foco em um domínio do conhecimento ou no estudo comparativo de
diferentes domínios.
Principalmente inspirado pelo conhecimento sobre a estrutura de
informação nos domínios, pela sociologia do conhecimento e a teoria
do conhecimento.
18. Análise de Domínio
Hjørland (2002)
Propôs 11 abordagens da análise de domínio. Essas abordagens são
ferramentas para o estudo de um domínio.
1 Produção de obras de referência
2 Construção de linguagens de indexação (classificação e tesauro)
3 Pesquisa em indexação e recuperação de especialidades
4 Estudo de usuários
5 Estudos bibliométricos
6 Estudos históricos
19. Análise de Domínio
Hjørland (2002)
7 Estudos de gênero/tipologias documentais
8 Estudos epistemológicos e críticos
9 Estudos terminológicos
10 Comunicação científica
11 Cognição científica, conhecimento especializado e inteligência
artificial
20. Análise de Domínio
Hjørland (2002)
As abordagens não devem ser utilizadas isoladamente na análise de um
domínio. A riqueza está na combinação entre duas ou mais.
“A combinação das diversas abordagens na pesquisa em ciência da
informação irá, em minha visão, fortalecer a identidade da CI e
fortalecer a relação entre teoria e prática em CI”, (Hjørland, 2002, p.
451, tradução nossa).
21. Análise de Domínio
Exemplos de Uso das Abordagens
Um estudos bibliométricos pode ser combinado com a abordagem de
estudos epistemológicos e críticos.
Construção de linguagem de indexação com estudos bibliométricos
e/ou estudos epistemológicos e crítico.
Estudo de usuário com comunicação científica e/ou estudo
bibliométricos.
22. Análise de Domínio
Tennis (2003)
Delineou dois eixos e quatro parâmetro de análise baseados na
pesquisa de Hjørland.
Os eixos podem ser usados para a operacionalização da definição de
um domínio. Ou seja, estabelecer parâmetros sobre o domínio.
Área de modulação: extensão e nome
Graus de especialização: foco e intersecção
23. Análise de Domínio
Tennis (2003)
Área de modulação
Estabelece parâmetro para os nomes e a extensão do domínio.
A extensão é o escopo total do domínio.
Estabelece o que é incluído, o que não é incluído, e como o domínio é chamado.
Responde à pergunta:
Como se chama este domínio e o que ele cobre?
(TENNIS, 2003, p. 192-193, tradução nossa).
24. Análise de Domínio
Tennis (2003)
Graus de especialização
"[...] qualifica e estabelece a intensidade do domínio, (TENNIS, 2003, p. 193,
tradução nossa).
"Ao qualificar um domínio, sua extensão é diminuída e sua intensidade é
aumentada", (TENNIS, 2003, p. 193, tradução nossa).
Foco
Intersecção
25. Análise de Domínio
Tennis (2003)
Graus de especialização: foco
"Foco, como um grau de especialização, é um parâmetro usado para
qualificar um domínio, e fazendo isso, aumenta sua intensidade,
diminuindo sua extensão", (TENNIS, 2003, p. 194, tradução nossa).
Religião Budismo
Comunidades
monásticas
budistas
26. Análise de Domínio
Tennis (2003)
Graus de especialização: intersecção
"Geralmente, o que é percebido como um domínio estabelecido tem uma
intersecção com outro domínio", (TENNIS, 2003, p. 194, tradução nossa).
"Cria uma tensão entre as partes envolvidas, propósitos, e operações do
domínio", (TENNIS, 2003, p. 194, tradução nossa).
Pode gerar um novo nome para o domínio, (TENNIS, 2003).
27. Análise de Domínio
Tennis (2003)
Graus de especialização: intersecção
Exemplos de Intersecção: Ética biomédica, Pensamento feminista, etc.
28. Análise de Domínio
Tennis (2003)
"Graus de especialização oferece uma forma da análise de domínio
qualificar um domínio. Foco e intersecção aumentam a intensidade do
domínio. E, fazendo isso, delineia o que é estudado na análise do
domínio", (TENNIS, 2003, p. 194, tradução nossa).
29. Análise de Domínio
Castanha e Grácio (2014)
A análise de domínio contribui para o desenvolvimento de estudo
bibliométricos e reforçam a necessidade de aplicar análises
epistemológicas, sociológicas e históricas a esses estudos.
Castanha e Grácio (2015)
Propõe uma nova abordagem da análise de domínio: Estudos de
Genealogia Acadêmica.
30. Análise de Domínio
Castanha e Grácio (2015)
São estudos da herança intelectual,
operacionalizada pelas relações
interdependentes entre os alunos e
seus orientadores (SUGIMOTO, 2014).
É um tipo específico de rede social,
caracterizada como árvore, e de
colaboração científica, uma vez que
seus atores são os orientadores e
orientandos.
31. Análise de Domínio
Guimarães e Tognoli (2015)
Discute a aplicabilidade da análise de domínio na Arquivologia.
O princípio da proveniência é discutido como uma nova abordagem da
análise de domínio.
“Proveniência garante que o contexto de criação dos registros ou documentos é
mantida”. (GUIMARÃES; TOGNOLI, 2015, p. 565, tradução nossa).
32. Análise de Domínio
Smiraglia (2015)
Propõe uma revisão das 11 abordagens:
Exclui a terceira e a décima abordagem: Indexação e recuperação de
especialidades; Comunicação científica.
Adiciona duas outras: Semântica de bases de dado e análise do
discurso.
33. Análise de Domínio
Hjorland (2017)
“Análise de domínio é uma teoria sobre e uma abordagem para a
biblioteconomia, ciência da informação e organização do
conhecimento. Os objetos da organização do conhecimento podem ser
generalizados para serem, em particular, sobre Sistemas de
Organização do Conhecimento (SOC) e Processos de Organização do
Conhecimento (POC) (por exemplo o sistema de classificação e o
processo de classificação)”, (Hjørland, 2017, p. 437, tradução nossa).
34. Análise de Domínio
Bufrem e Freitas (2015)
Interdomínio
[...] um processo relacional, representado em um espaço comum entre
dois ou mais domínios ou campos do conhecimento.
Ciência da
Informação
Sociologia
35. Análise de Domínio
Freitas (2017)
Interdomínio
“[...] considera os Estudos Métricos da Informação como um
interdomínio estabelecido entre a Ciência da Informação (CI) e outros
campos do conhecimento, em que o conhecimento gerado depende da
amálgama dos conhecimentos oriundos de ambos os campos”,
(FREITAS, 2017, p. 6).
Ciência da
Informação
Medicina
36. Minha Pesquisa
Epistemologia da Organização do Conhecimento
Descrever a concepção de epistemologia no periódico Knowledge
Organization por meio da metateoria.
Orientador: Prof .Dr. José Augusto Chaves Guimarães
Coorientador: Prof. Dr. Joseph Tennis
37. Minha Pesquisa
Delimitação do Domínio
Área de modulação
Domínio: Organização do conhecimento
Extensão: Epistemologia da organização do conhecimento
Grau de especialização
Foco: Produção científica sobre epistemologia da OC publicada no periódico
Knowledge Organization.
Intersecção: Epistemologia
Organização
do
Conhecimento
Filosofia
38. Minha Pesquisa
Epistemologia da Organização do Conhecimento
32 artigos sobre Epistemologia da Organização do Conhecimento
publicados no periódico Knowledge Organization.
Abordagens: Estudos bibliométricos; estudos epistemológicos e
críticos; comunicação científica.
39. Referências
AMORIM, I. S.; CAFÉ, L. M. A. Os conceitos de comunidade discursiva, domínio e linguagem na
análise de domínio Hjørlandiana. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA
INFORMAÇÃO, 17., Salvador, BA. Anais... Salvador, BA: UFBA, 2016. p. 1-21. Disponível em:
http://www.brapci.inf.br/index.php/article/download/47994 Acesso em 8 abr. 2018.
CASTANHA, R.; GRACIO, M. Bibliometrics contribution to the metatheoretical and domain analysis
studies. Knowledge Organization, v. 41, n. 2, p. 171–174, 2014.
CASTANHA, R.; GRACIO, M. Estudos de genealogia acadêmica como abordagem para análise de
domínio. In: GUIMARÃES, J. A. C.; DODEBEI, V. (Eds.). . Organização do conhecimento e
diversidade cultural. Marília, SP: FUNDEP; ISKO-Brasil, 2015. p. 108-116. (Estudos Avançados
em Organização do Conhecimento), v.3.
GUIMARÃES, J. A. C.; TOGNOLI, N. B. Provenance as a Domain Analysis Approach in Archival
Knowledge Organization. Knowledge Organization, n. 8, p. 562–569, 2015.
40. Referências
HJØRLAND, B. Domain analysis in information science: Eleven approaches – traditional as well as
innovative. Journal of Documentation, v. 58, n. 4, p. 422–462, ago. 2002.
HJØRLAND, B. Domain analysis. Knowledge Organization, v. 44, n. 6, p. 436–464, nov. 2017.
(Reviews of Concepts in Knowledge Organization).
HJØRLAND, B.; ALBRECHTSEN, H. Toward a new horizon in information science: domain-analysis.
Journal of The American Society for information Science, v. 46, n. 6, p. 400–425, 1995.
LLOYD, C. As estruturas da história. Rio de Janeiro: Zahar, 1995.
NEIGHBORS, J.M. Software construction using componentes: technical report 160, Department of
Information and Computer Sciences. Irvine, CA : University of California, 1980.
41. Referências
SMIRAGLIA, R.P.. Epistemology of domain analysis. In: SMIRAGLIA, R.P., LEE, H. (Eds.), Cultural
frames of knowledge. Ergon: W€urzburg, 2012. p. 111–124.
SUGIMOTO, C.R. Academic Genealogy. In: CRONIN, B.; SUGIMOTO, C.R.(Eds.). Beyond bibliometrics:
harnessing multidimensional indicators at scholarly impact. Cambridge: MIT Press, 2014.
TENNIS, J. T. Two axes of domains for domain analysis. Knowledge Organization, v. 30, n. 3/4, p.
191–195, 2003.
TENNIS, J. T. What does domain analysis look like in form, function and genre? Brazilian Journal of
Information Science: Research Trends, v. 6, n. 1, 2012.
THELLEFSEN, T.L.; THELLEFSEN, M.M. Pragmatic semiotics and knowledge organization. Knowledge
Organization, v. 31, n. 3, p.177-187, 2004.
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Commons Attibution 4.0 International Licence.
Licença de uso
44. Paula Carina de Araújo
paula.carina.a@gmail.com
Suzzallo Library – University of Washington
Seattle, WA.
Notas do Editor
Cognição científico, conhecimento especializado e IA fornecem “modelos mentais de um domínio” ou, ainda, “métodos para obter conhecimento de modo a produzir sistemas especialistas”.