2. História da Psicologia Jurídica
A Historia da psicologia jurídica correlaciona-se com :
• a historia da pericial judicial,
• da psiquiatria ,
• do Direito penal e
• da Psicologia.
Unihorizontes - Graduação em Direito 2018
3. Pericia
“ O reconhecimento como os primeiros
peritos, que se tem noticia, coube aos
agrimensores que demarcavam as terras
em litígio no antigo Egito” (Caires, Maria
2003)
Palavra pericia vem de experiência de
pratica.
No campo da saúde ela tem forte
influencia da medicina e das ciências
biológicas.
Unihorizontes - Graduação em Direito 2018
4. Pericia e História:
“Essa prática foi aproveitada pelos povos hebreus, cuja civilização já
apontava outras práticas que envolviam questões médicas, tais
como: anulações de casamento, esterilidade e impotência,
homicídios e lesões corporais, procurando apurar a responsabilidade
penal dos indiciados.
Na Grécia Antiga, além de incorporarem a peritagem agrimensora,
recorriam também às parteiras como peritas ouvidas nas questões
judiciárias.
Ainda do Direito Romano, na vigência do século XI e sob a força e o
poder da Igreja, consta a referência, no Direito Canônico, que a
inspeção deveria ser realizada tanto pelo juiz como por
peritos.”( Caires , Maria 2003)
Unihorizontes - Graduação em Direito 2018
5. Perito-
• Da perícia não se pode, como do testemunho, dizer que é um
fato visto através do temperamento, mas é, pelo contrário,
um fato esclarecido pela técnica de um homem: uma técnica
que deve ser experimentada, e um homem que seja
culturalmente preparado, de maneira a poder, por definição,
ser chamado perito. (ALTAVILLA, 1981, p. 348).
Além disso, a testemunha falará a respeito do que percebeu
no momento da ocorrência do fato, e o perito falará sobre o
fato ao estudá-Io, e sempre, retrospectiva mentes , isento do
impacto emocional. Esses fatores, entre outros, permitem que
o mesmo atue de modo imparcial.(Caires, Maria 2003)
Unihorizontes - Graduação em Direito 2018
7. As leis romanas antigas já previam, segundo Paim
(1971,p. 7), a proteção aos alienados mentais, ao
destacarem que:
“procuravam colocar o doente mental sob a vigilância da
autoridade pública, estabelecendo-se medidas punitivas
para os casos de abandono ou negligência dos cuidados
indispensáveis ao enfermo,”
Mas não referiam explicitamente sobre o alienado mental
criminoso.
Unihorizontes - Graduação em Direito 2018
8. Vasquez (1996) refere que a Psiquiatria, enquanto prática
forense (embora não tendo, àquele tempo, essa
denominação),teve suas primeiras considerações no
Digesto de Justiniano I ( 527 D.C). Esse tratado distinguia,
basicamente, dois grande grupos de doenças mentais:
os "Furiosus", cuja loucura se manifestava por ideias
extravagantes, com excessos, violência e intervalos de lucidez, e
os "Mentecaptus", cujo transtorno mental era contínuo e sem
períodos de acalmia ou lucidez.
A partir destas leituras a primeira leitura de
inimputabilidade ocorreu diante de um matricídio.
Unihorizontes - Graduação em Direito 2018
9. • Na idade Media – o meio de verificação judicial era os
“juízos de Deus” e os Duelos. No primeiro a doença mental
era compreendida como “possesão demoníaca” e os
indivíduos possuídos por maus espíritos.
• Cabia-lhes como pena a tortura. Ou em alguns casos a
expiação, ou afastamento.
Unihorizontes - Graduação em Direito 2018
10. HISTORIA DA PSI JURIDICA :
• O primeiro médico que exerceu de fato a
função de perito, isto é, teve a função de opinar
sobre as condições mentais de indivíduos
envolvidos com a justiça foi Paul Zacchias.
• As atividades de Zacchias se transformaram
em uma publicação em 1650, sob o título
Questiones Medico-Legales (Questões Médico-
legais). Como resultado de sua obra, Zacchias é
reconhecido como o pai da Medicina Legal e o
fundador da Psicopatologia Forense
(disciplinaque estuda as doenças mentais e sua
relação com condutas delituosas).
Unihorizontes - Graduação em Direito 2018
11. Phillippe Pinel (1745-
1826)
• O “Grande Internamento” e a criação do Hôpital
Général de Paris
• O “Grande Internamento”: Religião
• O “Grande Internamento”: Política
• O nascimento do hospital psiquiátrico
• O “ato libertador” de Phillippe Pinel, está ligado ao
reconhecimento da loucura como “doença mental”.
12. O desenvolvimento da Medicina Legal segue na
Europa com mais maturidade por volta do sec. XVII:
“Os cursos de Medicina Legal passam a ser
frequentados também por estudantes de Direito. [ ...]
Institutos Médico- Legais são fundados. As perícias são
regulamentadas. [...] a Inglaterra só tardiamente
desenvolveu os estudos de Medicina Legal: somente
em 1803 foi criada a primeira cadeira de Medicina
Legal. Em Portugal predomina [...] a orientação
teórica”.( Gomes , Helio 1977)
Unihorizontes - Graduação em Direito 2018
13. HISTORIA DA PSI JURIDICA :
INFLUÊNCIAS BIOLÓGICAS
Nesse contexto, a concepção biológica estabelece parâmetros
de referências e modelos para compreensão do
comportamento humano. O cientista britânico Francis Galton
( 1822 A 1909) , ao defender a conceituação frenológica
destacava que o princípio da compreensão da capacidade
humana, isto é, o caráter e as funções intelectuais, estavam
relacionados ao tamanho do crânio. Crânios grandes, pequenos
ou danificados explicariam determinados comportamentos
considerados socialmente inadequados.
Unihorizontes - Graduação em Direito 2018
16. HISTORIA DA PSI JURIDICA :
INFLUÊNCIAS BIOLÓGICAS
• Outra teoria de influência biológica foi a Antropologia
Criminal do médico italiano Cesare Lombroso (1835 A
1909) , a qual argumentava que a criminalidade era um
fenômeno hereditário.
• A hipótese de Lombroso enfatizava que era possível
identificar um indivíduo criminoso pelas suas
características físicas. Tese do criminoso nato.
Unihorizontes - Graduação em Direito 2018
17. Alphonse Bertillon
Unihorizontes - Graduação em Direito 2018
O pai de Bertillon era um estudioso
sobre as técnicas de Lombroso.
Alphonse começou a desenvolver os
estudos do pai após trabalhar em uma
repartição de registro da policia. Lá ele
começou a perceber que poderia
selecionar e identificar os criminosos
por suas características físicas que
eram únicas.
18. • A tentativa da compreensão da causa determinante desses
comportamentos (loucura, perversidade, maldade ou
crueldade) produziu também a chamada concepção médico-
moral, tendo como principal defensor o psiquiatra francês
Esquirol.
• Estas concepções estabeleciam ligações entre a loucura
individual e uma degeneração racial. Com esta
degenerescência, o fator causalidade de determinados
comportamentos era atribuído aos distúrbios morais, também
denominados de loucos morais (Serafim, 2003).Unihorizontes - Graduação em Direito 2018
HISTORIA DA PSI JURIDICA :
INFLUÊNCIAS BIOLÓGICAS
19. • A História da Loucura na
Idade Clássica de Michel
Foucault, livro publicado há
exatamente meio século,
inicia um novo modo de
abordagem sobre a loucura.
Se por um lado o autor
desnaturaliza a loucura
tomando-a como uma
construção histórica e social,
ele a relaciona com a razão
mostrando como há uma
afinidade no movimento de
instauração de ambas na
civilização ocidental.
• Trata-se de mostrar como,
para determinar-se, foi
necessário à Razão
estabelecer o seu Outro, a
Desrazão
Michel Foucault (1926-1984)
Foucault foi um intelectual francês
responsável por uma das obras mais
influentes do século XX. Dedicou-se a temas
como o poder, a subjetividade e a
epistemologia das ciências humanas
20. Final do séc. XIX e Séc. XX
• Perícia Psiquiátrica sobre a responsabilidade penal de
adultos – solicitação de avaliação psicológica (utilização de
testes psicológicos – psicométricos).
• Neste período não apenas na área jurídica, mas em outros
campos, como a Clínica, Psicologia Escolar e Industrial
predominam as práticas de avaliação e diagnóstico
psicológico.
• Institucionalização dos hospitais psiquiatricos, e dos
manicomios judiciais.
Unihorizontes - Graduação em Direito 2018
21. Conceitos Psicologia Juridica
• Psicologia Jurídica: uma das especialidades da Psicologia que se
relaciona com o sistema Justiça.
• Várias nomenclaturas:
1. Argentina - Psicologia Forense
2. Europa – Psicologia e Lei
3. Brasil - Psicologia Jurídica / Forense.
Unihorizontes - Graduação em Direito 2018
22. Definições
Psicologia Jurídica se refere “ao estudo, a partir da
perspectiva psicológica, de comportamentos
complexos atuais ou potenciais para o jurídico, os
efeitos de sua ocorrência, análise, compreensão e
eventual atuação sobre eles, em função do jurídico”.
Popolo (1996):
Adoção do termo Psicologia Jurídica:
Termo mais abrangente – refere-se ao Direito, incluindo
tanto os processos nos tribunais quanto aqueles que são
frutos da decisão judicial ou de interesse do jurídico ou do
Direito (segurança púbica, penitenciário, Conselho tutelar
etc). Unihorizontes - Graduação em Direito 2018
23. A Psicologia Jurídica na Atualidade
• Hoje a Psicologia Jurídica não se restringe à elaboração de psicodiagnóstico ou identificação de
psicopatologias.
• Presente em quase todos os Tribunais de Justiça dos Estados do país, em vários espaços de
atuação:Varas de Família, Infância e Juventude, Execução Penal, etc.
• Necessidade de compreender todos os condicionantes sociais e culturais constitutivos da
subjetividade humana, rompendo com a lógica estritamente individual (intrapsíquica) que
caracterizava a realização de perícias psicológicas. Nas ações de prevenção , execução e após
os atos ilicitos.
• Psicologia Jurídica: um novo olhar aos problemas do Direito e da Lei: “o psicólogo (...) vai
interpretar para os operadores do Direito a situação que está sendo observada, ou ainda
recontar o fato, a partir de um outro referencial”
• “Colaborar com os que chegam ao Sistema de Justiça para que possam compreender seu lugar
subjetivo, seu vínculo com a sociedade, assim (...) sugere uma função comprometida com esses
sujeitos de direito” (Brito, 205, p. 15). – Não se converter em juízes ocultos – determinar
sentenças.
Unihorizontes - Graduação em Direito 2018
25. No BRASIL
No Brasil, não diferente da história mundial, a prática
forense foi iniciada pela Psiquiatria, (melhor situando pela
medicina legal). Em 1814 é publicada a primeira matéria
sobre Medicina Legal e em 1835, durante o império, foi
promulgada a Lei de 04 de junho, que tornava
inimputáveis (não responsáveis por seus atos) os menores
de 14 anos e os alienados, hoje entendidos como doentes
mentais graves (Rigonatti e Barros, 2003).
A partir do início do século XX são inaugurados os
manicômios judiciários”para tratamento dos doentes
mentais criminosos (Rigonatti e Barros, 2003), todavia,
neste período, a ação de assistência destes casos era
estritamente médica.
Unihorizontes - Graduação em Direito 2018
26. Reforma psiquiatrica
• Segunda metade do século XX - Franco Basaglia
inicia radical crítica do tratamento e das instituições
psiquiátricas.
• O movimento da reforma psiquiátrica culminou,
então, em uma grande vitória, a promulgação da
Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001
27. Segunda Metade do Século XX
• Com o reconhecimento da profissão na década de 60 do século XX,
novas atribuições e práticas foram se incorporando à Psicologia,
principalmente em interface com outras Ciências e saberes.
• Décadas de 1970 e 1980 – primeiros registros de trabalhos de
psicólogos em instituições de Justiça no Brasil (perícia terceirizada):
saturação do mercado em Psicologia Clínica.
• 1985: 1o. Concurso público em São Paulo. Início da Década de 90 – luta
dos psicólogos para criação do cargo junto ao Poder Judiciário.
• 2000: Título de Especialista em Psicologia Jurídica pelo CFP: atividades
relacionadas ao contexto das organizações de Justiça, incluindo
organizações que integram os poderes Judiciário, Executivo e o
Ministério Público.
Unihorizontes - Graduação em Direito 2018
28. Complexidade da Psicologia Jurídica
• Sobre a complexidade dos comportamentos que
interessam ao Jurídico Popolo (1996) considera a
multiplicidade de fatores que os determinam e que
devem ser levados em conta em uma perícia:
1. O contexto em que o fato aconteceu.
2. O contexto grupal e familiar (de origem e o atual).
3. A conduta (considerando o contexto cultural e
determinantes individuais – subjetivos).
• Estas considerações implicam em
1. reconhecer o limite da perícia – recorte da realidade;
2. verificar a validade dos instrumentos e referencial teórico
utilizados;
3. reconhecer a importância da compreensão
multidisciplinar do fenômeno estudado para melhor
abordá-lo em sua complexidade
Unihorizontes - Graduação em Direito 2018
29. Complexidade da Psicologia Jurídica
• A partir do exposto, deve-se considerar “que o conhecimento resultante da
perícia não representa a compreensão do indivíduo como um todo” (França,
2004, p. 75).
• Perícia = recorte parcial da realidade – não deve ser tomado como a verdade
sobre o sujeito – marca e rótulo.
• Além disso, a perícia não é a única possibilidade de atuação do psicólogo
jurídico. Dentre outras possibilidades, destacam-se:
1. Orientação e acompanhamento de casos.
2. Estudos que visem à prevenção
3. Estudos sobre os efeitos do Jurídico sobre a subjetividade do indivíduo.
Unihorizontes - Graduação em Direito 2018
30. Objetos de estudo da Psicologia
Jurídica
• Colegio Oficial de Psicólogos de España: “uma área de trabalho e investigação
psicológica especializada cujo objeto é o estudo do comportamento dos atores
jurídicos no âmbito do Direito, da Lei e da Justiça” (1998, 109).
• Questão: A psicologia jurídica estuda apenas o comportamento humano no âmbito
jurídico?
• Amplitude dos objetos de estudo da Psicologia – subjetividade humana.
• Assim, a Psicologia Jurídica “deve ir além do estudo de uma das manifestações da
subjetividade, ou seja, o estudo do comportamento. Devem ser seu objeto de
estudo as conseqüências das ações jurídicas sobre o indivíduo” (França, 2004, p.
76).
• Foucault – as práticas jurídicas e judiciárias determinam a subjetividade humana,
determinando as relações humanas.
Unihorizontes - Graduação em Direito 2018
31. Principais Subdivisões da Psicologia
Jurídica
1. Psicologia Jurídica e as questões da Infância e Juventude – abolição do termo “menor”.
2. Psicologia Jurídica e o Direito de Família: separação, disputa de guarda, regulamentação
de visita, destituição do poder familiar etc. - Perito e Assistente técnico.
3. Psicologia Jurídica e Direito Civil: acidentes de trabalho, casos de interdição etc.
4. Psicologia Penitenciária ou Carcerária: estudos sobre reeducandos, agentes de
segurança, egressos, penas alternativas etc.
5. Psicologia Criminal: delinqüência, perícia, criminologia etc.
6. Psicologia do Testemunho – estudos dos testemunhos nos processos criminais, falsas
memórias etc.
7. Psicologia Policial/Militar: treinamento e formação em Psicologia Policial, perícia em
Instituição Policial ou militar.
8. Mediação: no Direito de Família e Direito Penal.
9. Vitimologia:VDCA,Violência contra a mulher (perícia e atendimento).
10. Autópsia psicológica: avaliação psicológica retrospectiva com informações de terceiros.
Unihorizontes - Graduação em Direito 2018
32. O Primórdio da Psicologia aplicada ao
Direito
• Cinco fatores para avaliação do testemunho (MiraY López):
1. Modo como a pessoa percebeu o evento.
2. Modo como a memória o conservou.
3. Modo como a pessoa é capaz de evocá-lo.
4. Modo como quer evocá-lo.
5. Modo de expressá-lo.
Unihorizontes - Graduação em Direito 2018