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LIDERANÇA
SERVIDORA
V EDIÇÃO
Juntos.
Conclui-se mais um ciclo da Academia de Líderes Ubuntu e abre-se uma etapa nova de
compromisso com o serviço à comunidade. Durante um ano, construímos uma visão parti-
lhada sobre o mundo que queremos e tornámo-nos parte ativa na construção desse novo
tempo. Assumimos a responsabilidade de ser construtores de pontes a tempo inteiro e de
descobrir sempre o ponto em cada margem do rio onde se pode construir a ligação com o
outro lado.
Juntos, interagindo e caminhando, fomo-nos inspirando em líderes de referência como
Mandela ou Luther King mas também em cada um/a de nós. No extraordinário e no
comum, no distante e no perto, encontrámos, mesmo ao nosso lado, vidas cheias de histó-
rias de esperança e de dor, de luz e de sombras, que nos mostraram o melhor da humanida-
de.
Juntos percorremos as etapas propostas para viajar até dentro de nós, conhecendo melhor
quem somos e, nesse caminho, ganhámos mais confiança em nós próprios. Não ignoramos
as nossas fragilidades e desafios, mas não nos deixamos paralisar por elas.
Juntos, descobrimos o segredo da resistência às adversidades e construímos a nossa capa-
cidade de transformar obstáculos em oportunidades. Ficámos mais fortes e capazes de ir
mais longe.
Juntos, aprendemos a sentir com o outro, num exercício de empatia, de quem conhece a
sua identidade, mas sabe que esta só se completa com as outras pessoas – “eu só sou
pessoa através das outras pessoas”. Tornamo-nos peritos em colocarmo-nos no lugar do
Outro e agir em conformidade.
Finalmente, juntos, demos mais sentido ao serviço. Ao serviço que promove a dignidade
humana ou a restaura quando esta se encontra ferida. Ao serviço que liberta e desenvolve.
Ao serviço que descobre o verdadeiro rosto humano em cada pessoa. Ao serviço que trans-
forma a alma e enche o coração.
Ser Ubuntu é tudo isto. E tudo o mais que em nós ecoou neste tempo e neste caminho.
Guardemos esse tesouro, para que possa dar muito fruto.
Rui Marques
Diretor da Academia Ubuntu
O QUE É?
A Academia de Líderes Ubuntu é um proje-
to de capacitação de jovens com elevado
potencial de liderança, provenientes de
contextos de exclusão social ou com apti-
dão para aí trabalharem, com o objetivo de
facilitar o desenvolvimento do seu poten-
cial, capacitando-os para a intervenção ade-
quada e eficaz nesses mesmos contextos.
Em 2019 acrescerá a capacitação prioritaria-
mente de educadores e professores com
vista à disseminação da metodologia no
país e no estrangeiro. A Academia de Líde-
res Ubuntu marcará também uma forte
presença em contexto escolar, trabalhando
diretamente com jovens a partir do 3º ano
do Ensino Básico até ao Ensino Secundário.
PARA QUEM?
Este programa destina-se a jovens dos 13
aos 35 anos, com elevado potencial de
liderança, provenientes de contextos vulne-
ráveis ou com disponibilidade e interesse
em trabalhar neles.
UBUNTU
Esta palavra, de origem sul-africana,
condensa uma filosofia humanista, transver-
sal e independente de qualquer país, cultu-
ra, religião ou afiliação política. Ubuntu
significa “Eu sou porque tu és”, ou seja, eu
só posso ser pessoa, através das outras
pessoas. O bem-estar e a felicidade indivi-
dual estão intimamente ligados ao bem-es-
ACADEMIA DE LÍDERES UBUNTU
tar e felicidade dos outros. Partindo do
pressuposto de que as nossas vidas estão
interligadas, que só nos tornamos comple-
tos na relação com o outro, ser Ubuntu, ao
contrário de uma visão de autossuficiência,
é acreditar numa humanidade comum e
interdependente. Este projeto visa desper-
tar uma nova identidade pessoal, concreti-
zando-se numa viagem interior que desafia
a forma como cada um se vê a si mesmo,
transformando pensamentos, desconstruin-
do crenças e promovendo atitudes que
constituem a base que sustenta a ação.
Pretende-se que cada participante, através
da filosofia Ubuntu, se torne capaz de lutar
pela mudança que quer ver no mundo.
LIDERANÇA SERVIDORA
O projeto tem na sua origem um referencial
de liderança específico, transversal a toda a
intervenção. A Liderança Servidora, focada
no bem comum, procura gerar consensos e
mobilizar a vontade coletiva na procura de
soluções para problemas concretos. Não se
pretende desenvolver um conceito de
liderança centrada num só indivíduo, na
verticalidade hierárquica ou na lógica do
poder. Ao invés, centra-se na capacidade de
uma pessoa, em registo relacional e interde-
pendente, potenciar as capacidades dos
outros em prol do bem comum. Assim, o
serviço, a empatia e a consciência de
responsabilidade social, são pilares essen-
ciais no percurso de crescimento de cada
participante.
METODOLOGIA
Enquanto programa de educação não-for-
mal, a Academia de Líderes Ubuntu assume
um modelo pedagógico centrado nos parti-
cipantes, através de uma abordagem parti-
cipativa e experiencial. A metodologia é
profundamente relacional na sua essência
conceptual, em sintonia com os princípios
da filosofia Ubuntu. Tendo em conta que se
pretende promover o desenvolvimento
integral de cada participante, a metodolo-
gia centra-se na tríade Ação–Reflexão-
–Aprendizagem. Dá-se particular importân-
cia à aprendizagem por modelos de refe-
rência (Role-models) que se concretiza em
três eixos: (1) O estudo de líderes de proje-
ção mundial que, nos seus contextos, foram
exemplo concreto da aplicabilidade da
filosofia Ubuntu [Nelson Mandela; Des-
mond Tutu; Martin Luther King; Mahatma
Gandhi; Santa Teresa de Calcutá; Aristides
de Sousa Mendes]; (2) A presença de convi-
dados que, ao partilharem as suas histórias
de vida, demonstram como é possível ser
veículo de mudança nos dias de hoje,
tornando-se fonte de inspiração e testemu-
nho de resiliência, superação e liderança; (3)
O contributo de cada participante que, pela
sua experiência e história de vida, é enqua-
drado como fonte de inspiração e aprendi-
zagem para outros.
Tendo em conta que se pretende promover
o desenvolvimento integral de cada partici-
pante, utilizam-se diversas ferramentas que
facilitam este processo. Assim, os recursos
lúdico-pedagógicos configuram-se como
essenciais no processo de aprendizagem e
reflexão dos temas propostos, nomeada-
mente, dinâmicas de ação-reflexão, filmes,
documentários, contos, músicas e textos.
Por sua vez, a Academia de Líderes Ubuntu
oferece um conjunto de experiências que
pretendem intensificar a aprendizagem
indutiva, desempenhando um impacto
fundamental no crescimento de cada parti-
cipante (ex. Visitas; Surf e Liderança;
Orquestra e liderança; Experiência de Servi-
ço). Adicionalmente, existem desafios
concretos, previstos ou imprevistos, que
configuram oportunidades de envolvimento
e crescimento (ex. Dia Mandela; Conferên-
cia Vidas Ubuntu).
Experiências
Ferramentas Desafios
Modelos
A palavra “Ubuntu” é, na verdade, uma
combinação de dois termos: “Ntu”, que
significa pessoa e “Ubu” que significa
tornar-se. Existe uma centralidade na
pessoa e na sua singularidade mas, simulta-
neamente, assume-se o processo que cada
um é chamado a fazer: Tornar-se pessoa.
Tornamo-nos pessoas na relação com o
outro e, neste sentido, o método Ubuntu
pretende o desenvolvimento de cinco com-
petências centrais, que estão na base do
processo de crescimento humano. Num
primeiro nível, trabalham-se competências
focadas no indivíduo, como o Autoconheci-
mento, a Autoconfiança e a Resiliência e,
num segundo nível, as competências
relacionais, indispensáveis ao desenvolvi-
mento integral dos participantes, como a
Empatia e do Serviço.
Autoconhecimento
O primeiro passo para uma verdadeira
transformação de vida implica uma viagem
interior: o conhecimento de si mesmo.
Saber (re)conhecer competências e fragili-
dades, dinâmicas de funcionamento pesso-
al e de gestão sócio emocional, é algo
fundamental para ajustar a perceção que
cada um tem de si próprio. Esta autoima-
gem condiciona, em grande medida, a
forma como cada um gere os obstáculos, as
barreiras, os sucessos e as vitórias que inevi-
tavelmente surgem no seu caminho. Assim,
a consciência realista das nossas potenciali-
dades e limitações é essencial, pois é aí que
reside a base e estrutura necessárias a qual-
quer processo de capacitação e liderança.
Autoconfiança
Como consequência inevitável do autoco-
nhecimento, conduzido mediante um olhar
verdadeiro e humanizador, surge o reconhe-
cimento de forças e potencialidades indivi-
duais. É na consciência de que em cada um
residem características que nos tornam
únicos e insubstituíveis, que se torna possí-
vel o reconhecimento apaziguador das
nossas qualidades e fragilidades, para que
possamos ser verdadeiros líderes ao serviço
da comunidade. A autoconfiança é fortale-
cida na medida em que, dotados de estra-
tégias e competências, cada um se possa
sentir capaz de atingir os objetivos e metas
a que se propõe. Deseja-se que cada parti-
cipante seja capaz de recusar narrativas de
resignação e auto-vitimização, tornando-se
autor da sua própria história, “senhor do
seu destino e capitão da sua alma”.
Resiliência
A resiliência concretiza-se na capacidade de
transformar problemas em oportunidades.
MÉTODO
Superar obstáculos é um desafio diário e
inevitável. Estes problemas, sejam eles
grandes ou pequenos, simples ou comple-
xos, desafiam cada um a superar, vencer,
perseverar e crescer. A capacidade de trans-
formar obstáculos em oportunidades, de
não se deixar vencer pelas fraquezas ou
pelo desespero, ultrapassando-os de forma
saudável e construtiva, surge como dimen-
são central a desenvolver, principalmente
quando falamos de liderança. A resiliência
permite olhar para os contratempos e
obstáculos com a certeza de que, depois de
ultrapassados, fortalecerão a capacidade de
lutar pelos objetivos e sonhos que movem
cada um. Assim, cada desafio ou dificulda-
de que se enfrenta com êxito fortalece a
vontade, a confiança e a capacidade de
vencer os obstáculos futuros.
Empatia
A empatia sintetiza a capacidade de ver e
entender o mundo através do ponto de
vista do outro. Cada participante é convida-
do a desenvolver esta competência,
descentrando-se de si mesmo, descons-
truindo preconceitos de forma a ser capaz
de assumir progressivamente a perspetiva
do outro. Assim, pretende-se que cada um
possa entender a essência Ubuntu, na
medida em que nos tornamos mais huma-
nos quando nos aproximamos e deixamos
completar pelo outro.
Serviço
O serviço e a liderança são, aparentemente,
conceitos antagónicos. Neste sentido, o
conceito de Liderança Servidora parece
encerrar em si um paradoxo. No entanto,
acredita-se que não é possível liderar sem
cuidar e respeitar os outros, servindo-os. O
serviço é uma dimensão essencial e é aqui
entendido como o espírito e forma de ser e
estar em relação. Ambiciona-se que cada
um possa adquirir as ferramentas de que
mais precisa, tornando-se agente ativo nas
suas comunidades. Conhecendo-se a si
próprio, confiando nos seus talentos, acre-
ditando na sua capacidade de superar as
adversidades, sentindo e entendendo com
o outro, cada participante encontra-se
pronto para servir, promovendo e restauran-
do a dignidade humana, nos contextos
onde se encontra.
RETRATOS
DO ANO
O início
O primeiro seminário da Academia de Líderes Ubuntu iniciou com a apresentação e explicitação da
filosofia Ubuntu e dos líderes inspiradores que estão na base do seu conceito e metodologia.
A apresentação de Nelson Mandela foi introduzida com a visualização do filme “Goodbye Bafana”,
que retrata a vida deste líder durante o tempo em que esteve na prisão e a relação que desenvolveu
com o seu carcereiro.
Para iniciar um processo de auto e heteroconhecimento do grupo foram realizadas as dinâmicas do
Speed Meeting e Bingo Humano.
Enquanto pilares e valores da Academia de Líderes Ubuntu, a empatia e a sua importância na
liderança servidora foram trabalhadas por meio da dinâmica os Balões.
O seminário terminou com um dos momentos mais importantes e simbólicos da Academia de Líde-
res Ubuntu - a entrega da declaração do compromisso de frequência no programa e das t-shirts
Ubuntu, sendo esta a primeira vez que os participantes vestem a t-shirt 466/65.
Eneagrama
Este seminário, focado no autoconhecimento, foi orientado pelo Professor José Luís Gonçalves (da
Escola Superior de Educação Paula Frassinetti). Os participantes receberam formação de Eneagra-
ma, uma ferramenta de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal que permite a identificação
do tipo de personalidade.
Foi visualizado o filme “Beleza Colateral” e pedido aos participantes que, na sequência da história
do filme, escrevessem uma carta e que a dirigem a si próprios. Esta carta foi entregue aos participan-
tes meses mais tarde.
No âmbito da 2º Conferência Ubuntu Global Network, realizada em abril, na África do Sul, foi apre-
sentada a experiência de visita da Academia de Líderes Ubuntu ao país, a partir do testemunho de
alguns animadores que participaram no evento e foi visualizado o vídeo da visita a Robben Island,
onde Nelson Mandela esteve preso.
Seminário I
Seminário II
Vencer Obstáculos, Ultrapassar Barreiras
Este seminário tinha como objetivos a promoção de situações de superação de obstáculos/barreiras
e a promoção da reflexão por meio do recurso a testemunhos/exemplos sobre perseverança, persis-
tência e superação, nomeadamente através da consciencialização dos desafios e obstáculos pesso-
ais superados/a superar, identificando aprendizagens consequentes. Nesse sentido, os participantes
foram permanentemente desafiados através de diferentes dinâmicas, jogos e partilhas.
O fim-de-semana começou com uma caminhada pela Serra da Estrela, através de um trilho de supe-
ração. Antes de iniciarem a caminhada, os participaram receberam dois postais com letras das músi-
cas ‘Tu és mais Forte’ e ‘Melhor de mim’. Ao som das duas músicas, os participantes fizeram a cami-
nhada inspirados pelas palavras de resiliência, superação e força expressas nas letras presentes nos
postais.
Para aprofundar a reflexão iniciada, os participantes visualizaram um vídeo que conta a história de
sobrevivência de Doaa Al Zamel, uma refugiada síria acolhida na Suécia. Depois, tiveram oportunida-
de de partilhar o seu testemunho, na primeira voz, através do seu relato de fuga e travessia no Medi-
terrâneo, até chegar à Grécia.
Enquanto testemunho de resiliência, neste seminário os participantes também tiveram a oportunida-
de conversar com Fábio Fonseca, participante da 4º Edição da Academia de Líderes Ubuntu, sobre
a experiência e a superação de desafios.
Ainda para promover a autoconfiança e a empatia, foram visualizados os filmes “Amigos Imprová-
veis” e “O Circo das Borboletas” criando espaço para a reflexão e debate de ambas as histórias.
Seminário III
Construir Pontes
Com os objetivos de promover uma cultura de diálogo e paz, de sistematizar as competências e desa-
fios inerentes à construção de pontes e de motivar e capacitar os participantes através de exemplos e
testemunhos de diálogo, este seminário iniciou com a apresentação das sete regras do pontífice, que
ajudaram a aprofundar a metáfora da construção de pontes.
Através da dinâmica os Derdianos, os participantes tiveram a oportunidade de desenvolver as suas
capacidades de análise de questões interculturais, as competências de comunicação, empatia e reso-
lução de conflitos. Para sensibilizar os participantes para a importância da construção de pontes, foi
introduzida a experiência da construção de pontes na África do Sul para o fim do Apartheid com a
visualização do filme “Endgame”. Para completar este momento, Jacqui Scheepers, uma convidada
sul-africana, partilhou a sua experiência pessoal de resolução de conflitos no seu país e a relevância
das competências de diálogo e mediação para a paz. Este seminário realizou-se em Aveiro, uma
cidade unida através de várias pontes. Usando dessa metáfora, os participantes passearam a pé pela
cidade para conhecer algumas destas pontes bem como a sua importância, contexto e história.
Seminário IV
Liderar como Mandela
Este fim de semana foi inspirado no modelo de liderança de Nelson Mandela durante e pós-Apar-
theid. Para introduzir e aprofundar o tema deste seminário, os participantes tiveram a oportunidade
de participar na conversa de dois convidados muito relevantes na história da África do Sul, John
Volmink e Willy Esterhuise. John Volmink é um grande pensador da filosofia Ubuntu e Esterhuise teve
um papel fundamental no processo de negociação que pôs fim ao Apartheid (a sua experiência
inspirou, mais tarde, a realização do filme “Endgame”, visualizado no seminário Construir Pontes).
Foco no papel do Nelson Mandela e no seu modelo de liderança, foi visualizado e discutido o filme
“Invictus”. Foi mais tarde promovido um debate com John Carlin, autor do livro que inspirou o filme,
presente neste seminário. Neste seminário foram também abordados outros modelos de liderança,
de diferentes contextos, e exploradas outras experiências de processos de reconciliação e paz,
nomeadamente o caso da Colômbia com o testemunho de dois colombianos que participaram na
Academia de Líderes Ubuntu na Colômbia (abril 2018), Melissa Gomez e Julian Martin. Através da
dinâmica Dar um passo em frente foi trabalhada com os participantes a promoção da empatia, da
tolerância e da igualdade, bem como a desconstrução de preconceitos e estereótipos.
Seminário V
Seminário VI
Coragem Cívica
“Não poderia agir de outra forma e assim aceito tudo o que me aconteceu com amor”. Estas pala-
vras são de Aristides de Sousa Mendes, líder português inspirador deste seminário dedicado à cora-
gem cívica. Inspirados por este herói do holocausto, os participantes refletiram sobre a coragem e
exploraram os pilares ubuntu da empatia e do serviço.
A sessão começou com um enquadramento histórico da 2ª Guerra Mundial. Foram explorados os
fatores que levaram a este acontecimento, incluindo a banalização do mal, a desumanização de um
grupo ou etnia e a manipulação.
Este seminário contou com a participação da Professora Margarida Ramalho, autora do livro “O
Comboio de Luxemburgo – Os refugiados judeus que Portugal não salvou”, que trouxe histórias e
testemunhos de alguns refugiados que passaram por Portugal e a forma calorosa como foram acolhi-
dos na década de 40.
O fim-de-semana também foi marcado pela visualização do filme “O Cônsul de Bordéus”, filme de
Francisco Manso, que celebra a enorme coragem de Aristides de Sousa Mendes. O filme conta a
emotiva história sobre o reencontro de dois irmãos separados pela Guerra e enquadra o gesto de
desobediência civil e coragem cívica deste líder ubuntu.
A empatia, o exercício de nos colocarmos no lugar do outro, foi feita em diferentes dinâmicas ao
longo deste seminário, como o E se fosse eu? e a Linha.
Seminário VII e VIII
Vidas Ubuntu e Serviço
Este seminário teve como objetivo explorar os pilares da empatia, da resiliência e do serviço, assim como
a importância de conhecer e partilhar a história de vida. O seminário enquadrou os temas das Vidas
Ubuntu e do Serviço.
Os participantes tiveram a oportunidade de compreender as dinâmicas subjacentes ao conflito, nomeada-
mente as que estão relacionadas com a discriminação, a segregação e o racismo através da visualização,
reflexão e discussão do filme “Freedom Writers”.
O mesmo filme também foi utilizado para trabalhar as diferentes caraterísticas de liderança e refletir sobre
as estratégias e soluções para os conflitos.
A partilha de histórias de vida dos estudantes no filme, que lhes permitiu conhecer as histórias e os desafios
de cada um, foi uma das estratégias utilizadas na mediação dos conflitos da turma. Isto permitiu aos partici-
pantes refletirem e identificarem o personal storytelling como uma das estratégias para resolver os confli-
tos através do autoconhecimento e do conhecimento do outro.
Este fim-de-semana contou ainda com testemunhos de Salvador Mendes de Almeida, João Delicado e
voluntários do projeto Leigos para o Desenvolvimento, que partilharam as suas histórias de vida enquanto
exemplos de serviço às suas comunidades.
A visualização e reflexão do filme “Patch Adams” ajudou a aprofundar o tema do serviço.
Seminário IV
Vidas Ubuntu e Serviço
Este foi o último seminário da Academia de
Líderes Ubuntu, antes da Conferência Vidas
Ubuntu. Com o intuito de incentivar a herança
de Martin Luther King na vida pessoal e da
comunidade e de promover o autoconheci-
mento, foram desenvolvidos exercícios de
reflexão e técnicas de personal storytelling,
de forma a ajudar os participantes a estrutura-
rem a sua história de vida e atribuírem sentido
e novos significados aos momentos pessoais
mais marcantes, promovendo, simultanea-
mente, a autoconfiança e a resiliência.
Para aumentar o conhecimento de Martin
Luther King e refletir acerca do serviço e da
responsabilidade social, foi visualizado um
documentário sobre a vida deste líder inspira-
dor. Os temas de serviço, do sonho e empre-
endedorismo social foram igualmente apro-
fundados com a visualização do documentá-
rio “Quem se Importa” e pelas partilhas de
testemunhos de Mónica Rocha e Melo e Julia-
na Tibau (projeto Luta pela Paz, no Brasil) e de
alguns participantes da Academia de Líderes
Ubuntu que desenvolvem projetos sociais.
O vídeo da escritora Chimamanda Ngozi
Adichie - “O Perigo da História Única” – serviu
também para inspirar os participantes antes
de serem desafiados a refletir sobre a sua
própria história de vida através da dinâmica
Linha da vida.
Depois de um fim-de-semana de grandes
momentos de reflexão e inspiração e em jeito
de inspiração de caminho futuro, liderado
pelo sonho, cada participante subiu ao palco
para partilhar ‘Com a minha vida eu quero…’.
A VOZ DOS
PARCEIROS
Doaa Al Zamel
Refugiada Síria
A mensagem mais importante que gostava de
transmitir a estes jovens é que devem sempre
olhar de frente para os medos e quebrar o
medo e também o silêncio e sempre seguir em
frente porque é esta a geração que é responsá-
vel pela paz.
Padre Domingos da Fonseca
Presidente da Comissão Organizadora da
Conferência Nacional para a Consolidação
da Paz e do Desenvolvimento | Guiné
Ubuntu, pela profundidade do seu amor de
ser, conseguiu qualificar aquilo que o homem
precisa na sua essência. Vai ao encontro da
ansiedade do desejo mais profundo do ser
humano, por isso, toda a pessoa que compre-
ende o estilo de vida de Ubuntu, não pode não
aderir a este movimento. Porque antes de
tudo, ele é o primeiro a beneficiar, porque se
sente libertado, livre interiormente e revestido
de uma força vulcânica para enfrentar qualquer
problema existencial. Os jovens que estão
inseridos neste movimento estão a ser modela-
dos nesta espiritualidade Ubuntu para se
tornarem jovens dignos, combatentes, jovens
líderes para mudar qualquer situação social em
qualquer parte do mundo. É uma escola de
vida. É uma escola de aprendizagem daquilo
que constitui a essência do ser humano. Vive-
mos numa sociedade muito superficial. As
pessoas têm medo do autoconhecimento, da
autointeriorização, vivemos na superficialidade
e não nos conhecemos. Ubuntu é o caminho
de conhecimento de si mesmo, para ir ao
encontro dos outros.
Espero que, cada vez mais jovens integrem
este movimento, para contarmos com uma
juventude sã e que tenha consciência da
dignidade da pessoa humana, uma juventude
que se constrói para se transformar em instru-
mento de transformação da sociedade.
D. Carlos Ximenes Belo
Nobel da Paz | Timor
O mundo precisa de líderes que sejam forma-
dos em valores, sobretudo olhando também
para grandes figuras de homens e mulheres
que construíram o mundo com o seu sacrifício
ou até com o seu martírio, por isso louvo a
existência da Academia de Líderes Ubuntu.
Espero que este projeto também chegue a
Timor Leste para formar os nossos jovens.
Geoffrey Corry
Centro de Reconciliação Glencree | Irlanda
Acho que aqui construíram um movimento
poderoso de jovens líderes na filosofia Ubuntu.
Gostaria de introduzir este conceito, no sentido
de entusiasmar os jovens com quem já trabalha-
mos com esta filosofia e abordagem porque
precisamos de ter cada vez mais jovens ligados
à vida política que compreendam o que já acon-
teceu no seu país e trabalhar a partir daí.
Julian Marin
Centro Fé e Culturas | Colombia
A Academia de Líderes Ubuntu está a fazer um
grande esforço por consolidar, em diferentes
contextos, alguns processos para a formação de
profissionais e jovens comprometidos com a
paz e reconciliação. Definitivamente esta opor-
John Carlin
Jornalista, escritor e documentarista
Estou muitíssimo impressionado pelo que a
Academia de Líderes Ubuntu faz e inspira fazer
e estou muito agradecido e contente por, não
conhecendo a Academia de Líderes Ubuntu, ter
aceitado o convite de participar e poder assistir
ao trabalho que é feito.
tunidade é bastante importante para qualificar
os processos de mobilização comunitária, qua-
lificar o trabalho que fazem os líderes de orga-
nizações nos temas de paz, porque a metodo-
logia que construiu permite-nos entender de
maneira concreta e fácil como se pode melho-
rar as capacidades de liderança, especialmen-
te juvenil e de pessoas que a põem em prática
para transformar os seus contextos. É um
trabalho fundamental e permitiu-nos, no
contexto do nosso país, consolidar essa pers-
petiva de formação de líderes para a transfor-
mação para a paz e reconciliação.
Margarida Magalhães Ramalho
Historiadora | Portugal
De alguma forma, todos nós, enquanto seres
humanos no mundo global, a única forma de
levarmos isto a bom porto é percebermos que
todos temos ligação uns com os outros, e é
muito interessante ver este grupo de pessoas
tão jovens a ter já essa ideia de que é importan-
te servir: no fundo é resolver dar uma parte do
seu tempo e da sua vida em prol de toda a
gente. Para mim é isso a consciência cívica:
termos noção de que os outros podem ser nós
e vice-versa.
dade de atender a cada pessoa ao seu redor - é
fenomenal. Relembrou-me os tempos da minha
vida na aldeia, quando tínhamos convidados,
tudo girava à volta dos convidados, até se irem
embora independentemente do tempo que
ficavam. A atmosfera aqui é eletrificante, é tão
humana, é tão Ubuntu.
Martin Kalungu-Banda
Presencing Institute UK | Zâmbia
Estar aqui em Lisboa e experienciar as pessoas
da Academia de Líderes Ubuntu surpreendeu-
-me muito, na qualidade do serviço, na capaci-
Melissa Gomez
Centro Fé e Culturas | Colômbia
Creio que sou hoje uma privilegiada por ter a
oportunidade de conhecer a Academia de Líde-
res Ubuntu, por poder absorver esta metodolo-
gia e ser convidada a ser coformadora da Aca-
demia e ter a possibilidade de ver outras pesso-
as a enriquecer esta metodologia. No contexto
em que se encontra o meu país, há uma neces-
sidade de reconciliação. Sinto que chegou o
momento preciso para isto.
Nuno Delicado
Diretor Sport Impact | Portugal e Timor
Leste
Para mim servir comunidades é incluir-me a mim
na comunidade e pensar na comunidade como
parte de mim e eu como parte da comunidade.
Não é um trabalho altruísta mas sim um trabalho
por nós, como eu a comunidade, todos nós, e a
contribuição para que todos possamos viver
uma vida melhor. Na Sport Impact acreditamos
muito em “roubar” ideias: “roubar” conheci-
mento, “roubar” experiências, “roubar” a vida
dos outros de forma positiva para podermos
tornar nossas algumas ideias, experiências e
conhecimentos e podermos aplicá-las para
benefício de outros. Histórias de vida, as nossas
e as de outros, são o meio para podermos
“roubar”. Roubamos sabendo como é que
outros vivem, com que valores, ideias vivem,
roubamos também quando partilhamos e
ajudamos os outros a roubar as nossas ideias e
nos tornamos multiplicadores não só das nossas
ideias, conhecimentos e experiências como
também daquelas que já roubámos de outros.
Histórias de vida são um meio fantástico de nos
inspirarmos a nós próprios e de inspirarmos os
outros a construirmos vidas melhores. Eu sinto-
-me muito identificado no trabalho que fazemos
na Sport Impact com o que conheço da Acade-
mia de Líuderes Ubuntu, a ideia do autoconheci-
mento e autoconfiança como base para poder-
mos empoderar-nos, para podermos fazer
alguma coisa, a resiliência no sentido de traba-
lharmos de forma consistente e comprometida
para fazer algo acontecer, a empatia com o
outro e o serviço ao outro como formas de dedi-
carmos a vida a criar um mundo melhor à nossa
volta que pode ser um grande mundo ou um
pequeno mundo à nossa volta, todo o planeta.
Paula Guimarães
Fundação Montepio
A Fundação Montepio tem acompanhado o
crescimento da Academia de Líderes Ubuntu,
que excedeu todas as nossas expectativas. Tem
sido um sucesso neste processo de sementeira
a longo prazo de novos líderes, não só no terri-
tório português mas já noutros territórios. Acre-
ditamos profundamente que é este o caminho –
de incutir novos modelos, novos valores e
formas de estar, mais colaborativas nos jovens e
nas novas gerações. Tal como o mutualismo
sempre nos ensinou, é a muito longo prazo que
se constrói a mudança, e é isso que Academia
de Líderes Ubuntu faz, todos os dias.
Ricardo Alexandre
Jornalista | Portugal
Só o facto de haver gente que procura orientar
a sua conduta em sociedade de acordo com os
princípios que foram caros e que motivaram
Nelson Mandela, só por si é extremamente
positivo e uma mais valia para qualquer institui-
ção que ampara este tipo de abordagem.
Salvador Mendes De Almeida
Associação Salvador | Portugal
A integração das pessoas com deficiência é o
meu ponto de vista e da minha experiência
pessoal, através da relação com os outros: com
os familiares, terapeutas, com quem nos ajuda a
fazer o nosso dia-a-dia e descobrir também
aquilo que nos faz feliz: trabalharmos e fazer-
mos algo que faça sentido para nós neste cami-
nho de descoberta interior e dê sentido à nossa
vida.
O serviço e a preocupação com o bem-estar do
outro ao nosso lado é uma temática fundamen-
tal e só quem lida com organizações sociais e
não-governamentais tem essa experiência e
sabe que marcar a diferença na vida de outras
pessoas tem um prazer e uma recompensa
enormes no nosso dia-a-dia. Sei por experiên-
cia própria que tem um sabor altamente espe-
cial e dá outro sentido às nossas vidas, portanto
recomendo que partilhem as vossas experiên-
cias, os vossos projetos, porque só todos juntos
é que conseguimos fazer do local onde estamos
um sítio melhor para todos.
Willie Esterhuyse
Professor na Universidade de Stellenbosch
África do Sul
A razão pela qual tive contacto com a Academia
de Líderes Ubuntu foi para contar a minha histó-
ria, uma vez que estive envolvido no processo
de pré-negociação que acabou com o sistema
do Apartheid na África do Sul. O que eu reparei
na minha experiência aqui na Academia de
Líderes Ubuntu não foi apenas as coisas maravi-
lhosas que disseram acerca de Mandela e de
mim, mas a forma como esta nova geração inte-
gra e reencarna a essência de Ubuntu em
termos de “Tornar-me através do outro”.
PERFIL DOS
PARTICIPANTES
DA 5ªACADEMIA
DE LÍDERES UBUNTU
Quem sou? Adalmira da Silva, 29 anos
De onde sou? Guiné-Bissau
Na forma como me vejo: É-me difícil qualificar o
impacto da Academia na minha vida, no que
refere à forma como me vejo, uma vez que
entrei nesta família numa fase em que posso
dizer que tinha a autoestima igual a zero, sem
exagero. Fase em que não conseguia sequer
olhar-me ao espelho e reconhecer em mim algo
de interessante.
Na Academia, aprendi a conhecer-me melhor, a
aceitar aquilo que sou, tal como sou, e a gerir
melhor a minha ansiedade, que é um problema
que sempre tive e que dificultava muito a
relação comigo mesma. Na relação com os
outros: Esta incrível viagem que é a Academia
ajudou-me a ser mais tolerante e empática para
com os outros. A minha forma de estar e de me
relacionar com os meus, tanto a nível familiar
como profissional, melhorou bastante. Estou
numa fase em que aprendi que não devo espe-
rar muito dos outros, mas sim dar mais de mim
para os outros, aprender a pôr-me no lugar do
outro, tentar compreendê-lo e encontrar um
caminho/solução para ajudá-lo. Viver ao serviço
da humanidade. Saber gerir conflitos e procurar
sempre ser pontífice. Dou-me melhor com os
que me rodeiam hoje em dia. Na forma como
vejo o mundo: Desde que entrei para esta
«família», e depois desta viagem feita, vejo um
mundo diferente, cheio de esperança e com
pessoas que ainda acreditam na humanidade.
Partilhar esta caminhada com cada um dos
meus colegas e animadores, todas as vibrações
positivas e as dinâmicas emotivas, motivadoras
e transformadoras que vivemos, fizeram-me ter
mais fé e esperança de um mundo melhor e
mais humano, onde possamos todos aprender
e tomar consciência que só somos, porque os
outros são.
Agradeço a Deus, ao IPAV e a todos que, de
uma forma ou outra, fizeram com que a realiza-
ção deste meu grande sonho, que é pertencer à
família Ubuntu, seja possível! Um bem-haja e
que ponhamos todos em prática os ricos ensi-
namentos da Academia Ubuntu.
Quem sou? Adilson Albino Lé 26 anos
De onde sou? Guiné Bissau
Agradeço à Academia Ubuntu porque aqui
sinto-me em família, porque mesmo com as
minhas dificuldades linguísticas há sempre
pessoas que me querem ouvir.
Que impacto teve na forma como me vejo? Ao
longo deste período de formação, Ubuntu tem
tido um grande impacto na minha vida.
Apesar das dificuldades para me deslocar aos
locais do encontro para os seminários, por estar
a viver em Beja, nunca me cansei e nunca pensei
em desistir.
Ubuntu para mim é uma família, é um lugar
onde me sinto em casa, onde sinto a existência
e os sentidos da vida. As atividades e dinâmicas
fazem-me sentir que a vida tem muito mais do
que aquilo que penso e faço e que vale a pena
deixar um legado na medida do possível.
Hoje vejo-me com um autoconhecimento refor-
çado. Estou disposto a lutar pelos meus objeti-
vos, por mais dificuldades e desafios que me
apareçam pela frente.
Sempre gostei de participar em atividades de
organizações e associações e de fazer trabalhos
voluntários para a minha comunidade, mas a
minha participação nunca era profunda, só me
limitava a cumprir tarefas e não me envolvia na
gestão da organização. Isso acontecia por causa
da minha dificuldade em estabelecer relações e
da falta de autoconfiança. Mas hoje isso já não
representa uma dificuldade porque aprendi que
temos de derrotar as montanhas por mais altas
que sejam. Hoje vejo as coisas de uma maneira
diferente do que há anos atrás. Muita coisa hoje
mudou em mim. Hoje sou capaz de perceber e
relacionar-me com as diferenças, as diversidades
de pensamentos e sou capaz de lidar com dificul-
dades e frustrações. Isso me ajuda bastante.
Que impacto teve na relação com os outros?
Tem um grande impacto. Comecei a perceber e
a reconhecer a importância dos gestos das
outras pessoas para a minha convivência,
alegria e sucesso. É isto a filosofia Ubuntu - “eu
sou porque tu és”. Hoje sou Adilson Ié, porque,
duma forma direta ou indireta, algumas pessoas
contribuíram e contribuem para isso. Portanto,
é interessante criar boas relações.
Que impacto teve na forma como vejo o
mundo? Hoje vejo o mundo numa perspetiva
positiva, apesar dos constantes constrangimen-
tos. Hoje vejo que sou a parte daquele todo
que constrói o mundo. Então, se quero o
mundo mais belo e coeso, como sou uma parte
dele, tenho que lutar para deixá-lo melhor.
Acho que esse exercício da solidariedade com
o mundo, quando se pratica de verdade no dia
a dia, ensina-nos a conhecer o outro e a conhe-
cer as grandezas escondidas nas coisas peque-
nas. Isso implica também denunciar grandezas
em coisas falsas.
No mundo, acho que se confunde muito gran-
dezas com grandinho, porque se virmos bem, a
corrida é mais para ter do que para ser. Anda-
mos à procura de coisas no exterior quando as
temos dentro de nós, como o sorriso, os abra-
ços, a empatia, a humildade, a solidariedade…
Enxergar o mundo deste jeito pode-nos ajudar
a ter um bom futuro.
Quem sou? Adilson Vieira, 23 anos
De onde sou? Guiné-Bissau
Pronunciar-me sobre o impacto que a Acade-
mia de Líderes Ubuntu teve em mim é algo tão
profundo que não é fácil descrever em poucas
palavras.
Mas, ficar sem, ao menos, tentar referir algo
seria um grande desperdício.
Fazendo uma autoanálise e autorrevisão, posso
dizer que interiormente os valores resgatados
na Academia de Líderes Ubuntu me fazem
sentir mais positivo.
Vejo-me como uma pessoa que adquiriu não só
os ensinamentos Ubuntu, mas também os
alicerces ou ferramentas capazes de me torna-
rem numa pessoa que uma sociedade necessita.
Posso afirmar que cresci bastante em termos de
humanidade e que os valores Ubuntu estão
enraizados interiormente para propagá-los
corretamente.
A diferença de cor, cultura, pensamento é algo
muito diversificante e muito rico. O viver na prática
a palavra Ubuntu "Eu sou porque tu és" é a melo-
dia arrepiante, é a vibração em que transmitirmos
os bons frutos que somos, pelo Bem que fazemos
uns pelos outros.
Poder perceber a empatia do outro incentiva a
trabalhar para que permaneça o conceito Ubuntu.
O mundo somos todos nós. Sem valores, a
sociedade continuaria no caos.
Compreendo que muitos líderes claramente
lideraram ao estilo Ubuntu com um único intui-
to: salvar o mundo.
Perante as situações de mal em que o mundo
está embrulhado, a Academia de Líderes
Ubuntu tem um impacto construtivo e salutar na
recuperação dos seres humanos. Pois é, claro
que o ser é recuperável.
De uma forma concludente, afirmo que o
mundo terá boas lideranças se cada um enten-
der que o nosso próximo é o prolongamento ou
réplica de nós mesmo.
Se todos investirem na liderança servidora,
obviamente que poderemos deixar o mundo
ainda de melhor forma do que o encontrarmos.
Quem sou? Ana Bento; 20 anos;
De onde sou? Porto
A Academia de Líderes Ubuntu entrou na minha
vida um pouco de paraquedas. Candidatei-me
como de forma automática, sem qualquer espe-
rança e na altura em que uma amigdalite me
encontrou, recebo a fantástica chamada de que
teria sido aceite naquela rotina mensal que
tanto eu ansiava.
A Academia conseguiu que eu me olhasse,
entendesse e compreendesse o que sou, o que
transpareço e o porquê desta personalidade a
que tantos classificam de ‘’complicada’’. Agora,
em vez de ignorar os meus defeitos ou até de os
querer esconder, mostro-os com orgulho e
tento mudar o que sei que ainda não está total-
mente correto em mim.
Após uma análise introspetiva também fui
capaz de entender que, apesar de uma pessoa
comum, como tantas outras no mundo, eu
posso e devo fazer a diferença. Uma diferença
pequena, grande? Não interessa, o que interes-
sa é fazer!
Todo este percurso também impactou a forma
de ver os outros e motivou-me a mudar a
ligação que mantenho com os que me rodeiam
porque afinal, ‘’eu sou porque tu és’’. Aprendi a
valorizar-me e, consequentemente, a valorizar
os outros e a tentar sempre perceber a história
de cada um antes de partir para pré-julgamen-
tos.
As partilhas, as dinâmicas, as atividades ou até
os jogos que nos foram apresentados, todos,
de alguma forma, tiveram um impacto na minha
vida e foram imprescindíveis para me fazer acre-
ditar que muitas das vezes que nos lamuriamos,
não existe razão possível para tal. Comecei a
valorizar pequenas coisas na minha vida para
que, um dia, quando olhe para trás, não possa
arrepender-me de nada.
A Academia e o lema Ubuntu ensinaram-me
que a vida é efêmera e que é deveras importan-
te entender o significado de “carpe diem” e
utilizá-lo religiosamente na nossa vida. Por isso,
agora, o importante é aproveitar e saborear
cada objetivo alcançado e enfrentar os dias
maus, não como uma derrota, mas sim como
uma aprendizagem.
Obrigada Ubuntus.
Quem sou? Ana Oliveira Ramos, 34 anos
De onde sou? Porto
Do reconhecimento à reinvenção
Sempre que me confronto com um exercício de
exploração de significado recorro a metáforas.
Sinto que é a via mais rica para transmitir algo
que é tão pessoal e indizível.
No que respeita à minha participação na 5.ª edição
da Academia de Líderes Ubuntu, a metáfora que
me ocorre de forma imediata é a do Espelho.
Todas as experiências que vivi ao longo da Aca-
demia promoveram um conhecimento mais
profundo acerca de quem sou. Permitiram que
me olhasse por dentro e através do tempo.
Obrigaram-me a olhar-me nos olhos.
Favoreceram, também, um movimento de reco-
nhecimento. Reconheci-me em mim (na medida
em que consolidei a importância dos meus valo-
res e o meu propósito), vi-me reconhecida (na
medida em que tomei consciência do meu valor
e do impacto que tenho nos outros, nomeada-
mente pelas suas palavras) e reconheci-me nos
outros (na medida em que me encontrei nas
palavras e experiências dos meus colegas e
nesta família Ubuntu – senti-me em casa).
Sempre fui uma Pessoa voltada para fora, atenta
aos outros. A Academia não me deu isso, refor-
çou. Deu-me, isso sim, a renovada e feliz consci-
ência – de forma tão nítida que tangível e
inquestionável – de que há uma fonte infinita de
energia e vontade no coração de cada um de
nós, motor de plena empatia e contributo.
Encontrei na Academia exemplos genuínos de
serviço que me fazem ter esperança no futuro.
Bebemos todos/as dessa fonte infinita e sabe-
mos ser capazes de mostrar aos outros que nos
alimentamos do mesmo combustível: amor.
“Construir Pontes”, “Liderança Servidora” e
“Coragem Cívica” foram dos temas mais impac-
tantes para mim. Deram-me a oportunidade de
nomear conceitos que tinham um sentido muito
inteiro no meu coração e que o meu vocabulá-
rio vislumbrava, mas não alcançava.
Gostava de acrescentar, que fui limpando este
espelho no decorrer da Academia e deixando
que me mostrasse que há muitas cores entre o
preto e o branco; que cada situação deve ser
olhada na plenitude do seu colorido e comple-
xidade, tendo o respeito como bússola.
Este espelho foi, também, janela para o mundo,
robustecendo a consciência de que o mundo é
a minha casa ou, dito de outra forma, no mundo
estarei sempre em casa e serei lar para quem de
mim precisar.
Sei que, apesar da Academia em si ter um fim,
este espelho Ubuntu estará sempre disponível,
porque faz parte de mim e de cada Pessoa que
comigo se cruzar. Poderei sempre ver-me, rever-
-me e ver os outros através dele.
Muito grata por esta experiência de encontro,
ressignificação e reinvenção.
Quem sou? Anaximandro Monteiro, 27 anos
De onde sou? Guiné-Bissau
Sou Anaximandro Ferreira Monteiro, guineen-
se, tenho 27 anos e aluno de Gestão de Recur-
sos Humanos no Instituto Superior de Ciências
Sócias e Políticas da Universidade de Lisboa.
Tive o privilégio de ser um dos participantes
desta 5ª Edição da Academia de Líderes
Ubuntu, à qual agradeço profundamente. De
uma forma resumida, foi uma experiência muito
desafiante e inspiradora para mim. Para melhor
debruçar-me sobre o impacto que a Academia
teve na minha vida vou me concentrar em três
eixos fundamentais: o impacto que teve na minha
vida; o Impacto que teve na minha relação com
os outros; o impacto que teve na forma como
vejo o Mundo.
O impacto que teve na minha vida: Para melhor
falar sobre este assunto, recorro a uma citação
que diz “A mudança não acontece por acaso, é
preciso fazer acontecer”. Dito isto, acho que
agora sou uma pessoa bastante diferente do que
quando entrei aqui na Academia. Vejo uma
mudança bastante positiva na minha vida, permi-
tiu-me conhecer-me a mim mesmo, explorar as
minhas qualidades e competências e desenvolver
o meu autoconhecimento.
O impacto que teve na minha relação com os
outros: Um dos pilares da Academia é a empatia.
Penso que ao longo desta minha experiência
trabalhei muito nesta minha relação com os
outros, a forma como lido com as pessoas agora
é diferente. Sou uma pessoa mais empática, mais
aberta, mais próxima dos outros, ou seja, permitiu
trabalhar muito a minha relação humana.
O impacto que teve na forma como vejo o
Mundo: Nesta matéria penso que ainda há um
longo caminho a percorrer. Continuo a ver muitas
desigualdades sociais no Mundo, continuo a ver
líderes que só servem a si mesmo, continuo a ver
a discriminação, o racismo, a xenofobia, o
medo... Por isso é muito importante continuar a
consciencializar mais pessoas a trabalhar sobretudo
os eixos da Liderança Servidora e do serviço. Julgo
que estas são as matérias essências para trabalhar
no sentido de termos um mundo mais justo.
E para terminar, agradeço a toda a equipa da coor-
denação da Academia de Líderes Ubuntu, em
especial ao Senhor Rui Marques pela forma conta-
giante e cordial como sempre me e nos tratou e a
toda equipa dos animadores e animadoras.
Um abraço, muito especial a todos os meus cole-
gas Ubuntus, e lembrem-se “Eu sou porque tu és“.
Quem sou? Ana Rita Ferreira, 23 anos
De onde sou? Guimarães
(Tu também.)
Ubuntu.
Sempre fui.
Hoje acordei com a certeza de querer mudar o
Mundo. Os meus olhos brilham e anseiam por
descobrir, por desmistificar, por distorcer a linha
entre o possível e o impossível e conquistar terre-
no ao “nunca antes feito”. Hoje acordei com a
certeza de que olho na direção certa, depois de
aprender que para mudar o mundo o essencial é
ouvir com muita atenção para lá do ruído, ver
para além do óbvio (atenção, pode requerer
algum contorcionismo) e agir, ainda que com
medo, de acordo com o que acredito. Hoje acor-
dei com a certeza de que o meu sonho não é só
meu. Hoje acordei com toda esta força.
Agora os outros parecem-me mais perto. A sua
estranha linguagem passou a ser o nosso dialeto.
As minhas ideias fixas parecem agora terem-se
moldado a algo abstrato, não sei bem distinguir o
quê (será um abraço?!). Da minha janela já não
olho sozinha e a paisagem parece bem mais vasta
– também os muros se moldaram e de forma
quase poética se mesclam com o resto do
quadro. Eles estão aqui, comigo, olhando na
mesma direção, acreditando nos mesmos valo-
res, partilhando comigo as desventuras e as
peripécias. Eles são assim, sempre presentes.
Eles são bem mais parecidos comigo do que
percebia. Eles deixaram de ser “eles” e passaram
a ser “nós”.
Pouco a pouco tomo consciência de mim. Olho
para onde não queria olhar, para descobrir que o
gelo derreteu e que a frieza e dureza já não preci-
sam de me defender. Começo a redescobrir-me,
num processo em que nunca sei se falta muito ou
pouco para o fim. Quanto mais procuro, mais há
para descobrir. E sinto-me bem. Imperfeita.
Humana. Humana. Imperfeita. No meio do reboli-
ço, as preocupações do dia-a-dia blindam-me.
Criam uma carapaça que enrijece sem que dê
conta e dou por mim apertada e sem ar, os olhos
a pedir que os feche e convenço-me que é só
mais uma hora e que é só hoje que fico assim
cansada.
Acordo e repito.
Levanto-me e, sem ter ainda completamente
despertado os meus pés já vão roboticamente no
mesmo caminho de ontem. De ontem e anteon-
tem.
Acordo.
Exausta.
Desafio-te agora ler o texto do fim para o início. A
vida corre no sentido que a levarmos. Às vezes
temos é de mudar a perspetiva. Assim aprendi.
A Academia de Líderes Ubuntu não é sobre
tornarmo-nos Ubuntu, mas antes sobre reconhe-
cermos o Ubuntu em nós. É redescobrimo-nos
valorizando as imperfeições, olhar os outros pela
lente da empatia, dispormo-nos a servir e ganhar
alento para sonharmos, sabendo que não esta-
mos sozinhos.
Obrigada Ubuntus.
Quem sou? Ângela Rodrigues, 32 anos
De onde sou? Lisboa
Queria começar este texto a dizer que adorei
participar na Academia de Líderes Ubuntu. A
Academia foi bastante enriquecedora em todos
os sentidos, o que torna bastante difícil de colo-
car tudo que sinto e penso em palavras. A Acade-
mia permitiu-me aprofundar os meus conheci-
mentos mais teóricos sobre Direitos Humanos e
liderança, mas acima de tudo, a Academia permi-
tiu-me conhecer pessoas incríveis que me ensina-
ram imensa coisa que levo para a vida. A Acade-
mia fez-me ver o “outro” com outros olhos, com
um olhar mais holístico e compreensivo- Fez-me
também perceber a importância da empatia e da
compaixão no percurso que é a vida, quer seja a
nível pessoal ou profissional. Mais do que isso, a
Academia fez-me evoluir e partilhar histórias da
minha própria vivência que até então nunca tive
falado em voz alta para ninguém fora do meu
círculo de confiança, e isso é bastante libertador.
A forma como o grupo se relacionou ao longo
deste ano foi incrível, algo que nunca senti ante-
riormente na minha vida. Seminário após seminá-
rio o sentimento de pertença e de companheiris-
mo foi aumentado e hoje sei que levo bons
amigos comigo. Acredito que o verdadeiro
impacto que a Academia teve em mim, pessoal e
profissionalmente, ainda está para vir. Foi tudo
bastante intenso e o tempo dirá a forma como
essas aprendizagens se irão revelar.
Quero agradecer do fundo do meu coração a
todos que fizeram este percurso comigo. Estare-
mos sempre juntos. Irmãos Ubuntus.
Quem sou? Bubacar Bari, 20 anos
De onde sou? Guiné-Bissau
Que impacto teve na forma como me vejo?
Vejo-me muito renovado, determinado, esperan-
çoso. Não podemos ignorar que a Academia
Ubuntu é um ótimo sítio para resgatar valores, se
quisermos. De lá voltei a ser a pessoa que eu era.
Mais humano, resiliente, e mais atento.
Que impacto teve na relação com os outros?
Ubuntu estimulou a minha capacidade de empa-
tia, hoje sinto-me uma pessoa mais aberta e
considero-me muito ponderado.
Que impacto teve na forma como vejo o mundo?
Hoje vejo o mundo em duas dimensões diferen-
tes: de um lado, com muita esperança por saber
que realmente existem pessoas que defendem
grandes causas e tudo o que querem é que
vivamos em comunhão e num mundo mais justo.
Por outro lado, muito revoltado por saber que a
hipocrisia ainda está presente nas almas das
pessoas e que na verdade não existe uma verda-
deira e real intenção de mudança, mas sim de
voltar a evangelizar tudo de novo.
Quero agradecer do fundo do meu coração a
todos que fizeram este percurso comigo. Estare-
mos sempre juntos. Irmãos Ubuntus.
Quem sou? Carolina Basto, 32 anos
De onde sou? Braga
Qual é o impacto que a Academia de Líderes
Ubuntu? Imaginem que passam a vossa vida intei-
ra à procura de um tesouro e que durante o cami-
nho encontram algumas pistas, que vos dizem
que estamos na direção certa. É isto que significa
a Academia de Líderes Ubuntu, um tesouro que
junta várias pistas que fui encontrando pelo cami-
nho. É uma ponte para a minha vida pessoal e
profissional, o ponto alto de minha valorização
pessoal e autoconhecimento, e a forma mais
profunda de chegar ao outro. É juntar as várias
peças da minha vida e fazer um puzzle, e é por
isso que é um tesouro.
Qual é o impacto que teve nos outros? Ainda é
cedo, mas vejo que se tem tornado num ponto
de partida para aprender a construir pontes com
a minha família, para aprender a valorizar-me e
dar o melhor de mim aos outros. Para me ajudar
na minha vida profissional a ser melhor psicóloga
e aprender a ser cada vez mais humana e empáti-
ca. Percebo que esta abordagem tem suscitado
alguma curiosidade na minha rede de contactos,
e espero que lhes dê sementes, para continua-
rem a fazer o mundo mais Ubuntu.
Qual é o impacto na forma como vejo o mundo?
Aprender que é mais aquilo que nos une do que
aquilo que nos separa. Todo o ser humano é
Ubuntu, independentemente da raça, religião,
percursos de vida, características pessoais, etc.
Sendo pessoa, tem o mesmo direito a ser valori-
zado, ser respeitado, ser amado, e aprender a ser
cada vez melhor. Apesar de ainda ter um longo
percurso pela frente, relativamente à aceitação
da diferença nos outros, sinto que é por aqui o
caminho, aprender a ser pessoa com as outras
pessoas, e aceitar o outro tal como ele é.
Quem sou? Célia, 28 anos
De onde sou? Seixal
Para mim a Academia Ubuntu foi uma peça de
um puzzle que tenho vindo a completar.
Algum contexto…
Há um ano atrás, tive a oportunidade de visitar
um dos países mais bonitos do mundo (para
mim): Moçambique. Depois de uma vida “não-
-muito-fácil-por-cá”, por motivos financeiros,
emocionais, profissionais e familiares, um bilhete
na mão para passar 6 meses fora num sítio tropi-
cal, era tudo o que estava a precisar. E a trabalhar.
E a fazer voluntariado. Só pensava para mim:
liberdade: check, paz de espírito: check, felicida-
de e sorriso no rosto: check check check!
Chegada a Moçambique. Tropicalidade: confere.
Praias à vista: Não senhor.
Maputo não é um paraíso de cidade mal se
chega, é uma cidade agitada, com algum trânsi-
to, muito poluída e vê-se, imediatamente, muita
pobreza ao sair do aeroporto. Mas se muitos não
gostam deste lado de Moçambique e preferem
as praias, o meu coração foi entregue à antiga
cidade de Lourenço Marques desde o primeiro
nano-segundo.
Fui feliz ali. No meu 12º andar, com rooftop priva-
do e uma vista sob a cidade, que nunca esquece-
rei. Com os meus 4 colegas e amigos de casa e
outros tantos que trago no “bolso”. Um país
onde as senhoras mais velhas tratamos por
“Mãe” e os senhores mais velhos tratamos por
“Pai”. Onde não existem passeios solitários,
porque haverá sempre alguma “Mamana” a
vender fruta ou algum amigo a querer genuina-
mente ser nosso amigo, mesmo só nos conhe-
cendo há 5 minutos. E porque não?
Estes 6 meses foram como que uma botija de gás
para mim, por isso quando regressei a Portugal
não estava preparada para voltar à vida “não-
-muito-fácil-de-cá”. Passei por uma grande
introspeção e tive algumas crises existenciais.
E dei início ao meu caminho.
Constatei que apenas 2 pessoas na vida me
tinham perguntado o que me fazia feliz e, curiosa-
mente, essas duas pessoas não me eram próxi-
mas, não foi um namorado, uma mãe, pai, primo,
amigo, vizinho que me fez a pergunta. Aconteceu
por mero acaso, uma vez em 2014, no final de uma
entrevista e outra, o ano passado, enquanto
conversava com um rapaz que encontrei numa
baía, em Maputo, enquanto fazia uma caminhada.
Logo após o meu regresso, comecei quase a
fazer listas de coisas que me faziam feliz, desde as
mais banais a projeções futuras, sonhos, objeti-
vos, quem quero ser? Ou quem sou agora.
Eventualmente, algumas respostas foram surgin-
do, mas nem sempre as nossas questões são
entendidas por quem nos é mais próximo. E
muitas das vezes, esta falta de entendimento não
se deve necessariamente à ignorância ou falta de
sensatez, mas porque não sentem literalmente as
frustrações na pele e nem todas as sensações ou
emoções são propriamente fáceis de descrever.
Quando aparece o Ubuntu, entendo que há mais
missionários por aí em busca do seu próprio
propósito. E se é bom de vez em quando sermos
um pouco “loucos” na vida, no outro de vez em
quando também é bom não nos sentirmos assim
tão loucos e sabermos que não estamos
sozinhos.
A Academia veio reforçar a minha jornada. Passa-
mos a vida a conhecer os outros, primeiro conhe-
cemos a família, depois os colegas, amigos, o
namorado ou namorada, estrangeiros, conheci-
dos, uma infinidade de gente e esquecemo-nos
que nós próprios somos a única pessoa com
quem vamos estar, sem dúvida alguma, até ao
final da vida. Pode ser um grandessíssimo clichê,
mas eu escolhi não o ignorar mais.
Como são feitas muitas dinâmicas introspetivas
na Academia às vezes damos por nós a ter que
pensar para sabermos qual é a nossa verdadeira
opinião sobre determinada temática ou o que
estamos a sentir, a resposta não é imediata. É
uma descoberta constante sobre quem somos. E
é uma descoberta constante dos outros, porque
estamos todos a fazer a mesma reflexão em
simultâneo. É a atmosfera ideal para quem se
quer encontrar.
Quem sou? Daniel Rodrigues, 26 anos
De onde sou? Lisboa
“Nothing can dim the light which shines from
within” – Maya Angelou
Numa sociedade e educação que muita vez nos
pregam o individualismo e a competição,
Ubuntu abre-nos os olhos para o que de verda-
de importa, que são as ligações que temos uns
com os outros, com o potencial de melhoria
que podemos ter no mundo se unirmos as mãos
e trabalharmos em conjunto. É no princípio que
eu somente existo devido ao outro que deve-
mos alicerçar esta nossa intervenção, que deve-
mos dar o máximo respeito possível ao outro e,
da mesma forma, ele retribuirá esse respeito a
outro. Isto teve e continua a ter impacto em
mim, pois impele-me a querer fazer mais, por
ver ao meu lado um bom número de pessoas a
querer remar contra a maré e trazer um bocado
de luz ao mundo!
Quem sou? Dionísia Nauana, 25 anos
De onde sou? Guiné-Bissau
Impacto da Academia de Líderes Ubuntu na
minha vida. Bem, o que posso dizer? A Acade-
mia de Líderes Ubuntu veio servir de alerta de
um certo modo para mim e exatamente por isso
teve um impacto enorme na minha vida,
despertou-me sobre e para muitas coisas não só
da minha vida, mas também na vida de todos
que rodeiam.
Passou a influenciar bastante a minha relação com
os outros. Comecei, por exemplo, a ter mais a
atenção de vincar a empatia e serviço aos outros.
Tudo isso acaba por refletir na sociedade onde
vivo, passando assim a ser um pequeno “grande”
passo para a mudança no mundo, espero eu!
Porque penso que a minha forma de ser, embora
interdependente da dos outros, influencia e é
influenciada pela forma de ser de todos à minha
volta, e aí pode entrar o “eu sou porque tu és”.
Obrigado Academia Ubuntu, passei a ser
porque vocês são!
Quem sou? Eliquete Afonso, 21 anos
De onde sou? São Tomé e Principe
Ubuntu foi uma das melhores experiências que
tive na minha vida. Hoje posso dizer “sou
capaz”. Capaz de enfrentar os meus medos.
Capaz de ultrapassar qualquer barreira que
seja. Capaz de pensar que amanhã será melhor
do que hoje. Capaz de tentar de novo.
Com o Ubuntu o meu nível de empatia melho-
rou. Agora é impossível não me colocar no lugar
do outro. Hoje tenho a consciência que um
sorriso pode salvar vidas. Já não vejo o mundo
dividido entre bom e o mau. Vejo em cada
pessoa um lado bom que deve ser valorizado e
aproveitado. Entretanto, também, vejo um lado
mau que pode ser melhorado. Portanto, só
tenho que agradecer a oportunidade que me
deram em tornar-me uma nova pessoa.
Obrigada Academia de Líderes Ubuntu.
Quem sou? Eveline Almeida, 22 anos
De onde sou? Cabo Verde
Um dos motivos que me fez entrar na Academia
de Líderes Ubuntu é a vontade de encontrar
pessoas com quem eu me identifico, pessoas
com as mesmas metas que eu, pessoas que
juntas podem lutar por um mundo melhor, pois
eu sei que esses são os líderes que farão toda a
diferença. Porém, na Academia eu encontrei
muito mais que esses líderes. Encontrei-me,
percebi o porquê de eu ser da forma como sou,
percebi a energia que explode dentro do meu
peito e ficou ainda mais claro o que quero
seguir na vida. Hoje olho para mim e percebo
que sou capaz de fazer a diferença neste
mundo, começando com os pequenos gestos.
Hoje eu sei que posso aprender muito sobre
liderança, estar entre os líderes. No entanto, sei
que todo impacto que eu possa causar depen-
de unicamente de mim, eu sou a mudança e
nunca devo esperar que todos se conscienciali-
zem que devemos mudar para que esta mudan-
ça aconteça, porque a mudança está em cada
um de nós. Fazer parte desta grande família
fez-me consciencializar que realmente existem
pessoas diferentes e que nem todos olham o
mundo assim como uma pessoa do Tipo 8 do
Eneagrama olha. Acredito que hoje consigo ser
mais tolerante, mais compreensiva quando vejo
pessoas passivas em relação a um ato desuma-
no, consigo perceber que cada ser humano é
um ser único, por isso cada um de nós precisa
de uma atenção especial e diferencial. O
mundo pode ser visto de várias formas, assim
como pode ser interpretado de várias formas, e
cabe a nós mesmos decidir como queremos
viver.
Às vezes o mundo parece um campo de bata-
lha, onde os maus vencem e os bons perdem.
Porém, ao longo da Academia, aprendi que
nem sempre isso acontece - aqueles que lutam,
aqueles que acreditam do fundo da alma nas
suas batalhas sempre saem vencedores, porque
todos aqueles lutam por qualquer causa
humana já são vencedores. Hoje olho à volta e
percebo que todo mundo pode ser um líder,
por mais impensável ou improvável que seja,
todo mundo pode dar mais de si.
Quem sou? Euclides Vieira,18 anos
De onde sou? Guiné-Bissau
Eu sempre vejo o mundo de uma maneira bem
diferente. Às vezes as pessoas exageram na
forma como veem as outras pessoas, dizem que
se vissem a necessidade do outro antes,
realmente o ajudariam no que ele precisasse.
Mas não acredito muito que isso aconteça na
maioria dos casos, porque andamos todos
concentrados em nós e nem nos apercebemos
quando alguém realmente precisa e necessita
da nossa ajuda. A solidariedade é uma palavra
que simboliza o espírito de união entre as
pessoas, acho que é uma palavra bem-dita, mas
que na realidade social não se aplica na prática.
O comportamento do homem na sociedade
ainda continua a ser egocêntrico, sempre com
receio do desconhecido, quando este não devia
ser o modo de agir e comportar do homem
perante a sociedade na qual está inserido. O
homem é o único ser animal capaz de interagir
entre si social e racionalmente, mas creio eu que
a Academia Ubuntu nos ensinou a viver para
servir o mundo. Isso deve de servir de aprendi-
zagem para todos nós e para com os outros que
não tiveram a oportunidade de frequentar Aca-
demia Ubuntu - o modo de comportar, o espíri-
to de partilha, que nos mostra que “o que é de
um” pode servir para todos se assim entender-
mos para o bem comum, de resiliência, de luta
e sacrifício para que a sociedade e as nossas
comunidades se tornem cada vez mais um lugar
muito melhor. Neste lugar onde o dever do
homem para com o homem é ser igual, muito
embora, a igualdade só exista na matemática,
nos Direitos Humanos isso não se aplica na
prática.
O grande desafio do Ubuntu é desafiar a lógica
da matemática... O Ubuntu é a prática que o
mundo precisa usar para mudar as suas táticas
mágicas de relacionamento entre homem +
sociedade + homem, para que haja um mundo
bem melhor, e muito diferente do atual.
Quem sou? Fatu Banora, 18 anos
De onde sou? Guiné-Bissau
Ao refletir sobre o impacto da Academia de
Líderes Ubuntu na minha vida, noto que esta
experiência só me fortaleceu e deu ainda mais
forças para continuar à procura do meu propósi-
to aqui na terra. Sinto que alguma coisa mudou
dentro de mim, já me sinto mais confiante e
capaz de mudar o mundo à minha volta. Se eu
pudesse ser um animal, seria uma borboleta,
pois ela só voa livremente depois de passar por
um processo longo e difícil. Eu vejo a evolução
humana como sendo igualzinha à das borbole-
tas, de tal maneira que parece que nada nos
corre bem e então percebemos que todo esse
processo só nos fortifica e dá ainda mais forças
para continuarmos a nossa caminhada. Certa-
mente, é dessa forma que vejo o meu percurso
na Academia Ubuntu. Relativamente à minha
relação com as outras pessoas, sinto-me uma
pessoa mais rica espiritualmente, no sentido em
que ganho sempre algo quando oiço as inspira-
doras histórias dos meus colegas, que de
alguma maneira me encorajam a ultrapassar
também os meus medos e frustrações. Sempre
que penso na forma como me relaciono com as
outras pessoas, vem-me à cabeça o lema da
Academia Ubuntu “Eu sou porque tu és”
porque realmente nós só somos verdadeiramen-
te felizes quando percebemos que ganhamos
muito mais com a compaixão, compreensão,
respeito, cuidado, partilha, empatia e, acima de
tudo, amor. Todos os líderes que trabalhamos ao
longo destes meses ensinaram-me que não
importa o contexto onde nos encontramos, não
importa a cor da nossa pele, a nossa religião,
mas sim aquilo que somos e o que fazemos para
ter um mundo melhor e mais justo.
Quem sou? Filipa Gama Pereira, 32 anos
De onde sou? Lisboa
Foi um ano (ou quase) “e pêras”!!! Ano que me
permitiu ser mais eu, em que me permiti parar,
pensar e saborear a vida! Ano em que reaprendi
a ouvir-me, a questionar o que realmente quero
e o que me faz feliz.
Que não faz mal ter dúvidas, pois o caminho
faz-se caminhando e se for necessário podemos
ajustar o leme pois “somos os capitães da nossa
alma e senhores do nosso destino”.
Durante o percurso na Academia fui refletindo
sobre a minha maneira de estar na vida, o que
me tornou mais consciente do meu verdadeiro
Eu e do meu potencial.
Foi tão reconfortante olhar com mais clareza
para o mundo e para os outros! Perceber as
pessoas inspiradoras que dedicam o seu tempo
para que o mundo seja um lugar mais bonito e
justo! Foi tão bom perceber a importância de
conhecer as “outras margens” e a importância
da empatia, partilha, diálogo e assertividade.
Estes meses todos reforçaram a minha fé na
Humanidade! Quando cada um de nós abre as
asas ajuda o outro a levantar um bocadinho os
pés do chão.
Juntos somos mais fortes!
Quem sou? Inês Caeiro, 31 anos
De onde sou? Porto
A Academia de Líderes Ubuntu é uma Escola
para a Vida! Quando me inscrevi antecipava um
programa inspirador e imaginava que o resulta-
do final só pudesse ser positivo. Mas participar
na Academia significou muito mais do que
aquilo que eu imaginava. Fui guiada através de
um percurso altamente inspirador, num cami-
nho marcado por muitas pessoas que diaria-
mente acreditam que podemos, juntos, cons-
truir um mundo melhor para todos! ACREDI-
TAR: talvez seja esta a palavra de ordem na Aca-
demia de Líderes Ubuntu. ACREDITAR em mim,
ACREDITAR nos outros e ACREDITAR que É
POSSIVEL tornar o mundo um lugar melhor.
Posso não conseguir chegar a todas as pessoas,
mas posso chegar a algumas e, só por essas, já
vale a pena. Participar na Academia de Líderes
Ubuntu fez-me perceber que, mais importante
do que o país onde nascemos, a família de onde
vimos ou a escola que frequentamos é o que
fazemos com toda a bagagem de conhecimen-
tos, competências, dons e talentos, luzes e som-
bras que carregamos. Com pequenos gestos de
amor podemos MESMO fazer a diferença!
Basta acreditar e arriscar dar o primeiro passo!
Quem sou? Inês Lages Almeida, 25 anos
De onde sou? Lisboa
Conhecer novas pessoas é onde me sinto mais
feliz. Conhecer as suas histórias, as suas formas
de ver o mundo, o que elas viveram, o que
querem viver... Foi esta troca, vulnerável e sem
receios, que encontrei na Academia de Líderes
Ubuntu. Sinto-me muito agradecida a todas as
pessoas que ao longo deste ano, direta e indire-
tamente, me trouxeram um pouco das suas
vidas e me permitiram sentir "em casa" sempre
que nos encontrávamos. Mais do que um
conjunto de fins de semana, dos convidados
que tivemos o prazer de receber, do conheci-
mento mais aprofundado que temos de cada
um dos líderes inspiradores desta Academia,
para mim, ser parte desta equipa são os
momentos em que, sem ninguém saber, me
deixa a pensar com a partilha que fez, com a
frase que disse, a história que contou. Se me
caracterizo como alguém comprometido e que
cumpre as metas que estabeleço para mim
própria, este ano foi um desafio que testou os
meus limites e vontades. Nem sempre foi fácil
conciliar tudo o que se passava na minha vida e
estar completamente dedicada, e esse foi sem
dúvida o meu maior desafio. A Academia
ajudou-me a testar essa dedicação, e perceber
a minha tolerância ao que me rodeia, ao tempo
com os outros e à necessidade, de mesmo entre
pessoas, me retirar para mim e "estar" com os
meus pensamentos. Fazer parte deste proces-
so, permitiu-me relembrar em mim alguns dos
valores Ubuntu que, já fazendo parte de quem
eu sou, por vezes desvaneceram e pareciam
adormecidos e deu-me força para continuar a
acreditar e dedicar-me à construção de uma
vida (pessoal e profissional) dedicada ao que
mais acredito e gosto, o Desenvolvimento.
Olhando em retrospetiva para este ano, é
impossível realçar os momentos mais importan-
tes de toda esta jornada, ou destacar apenas
alguns. Pensar que partilhei com dezenas de
pessoas dois dias por mês cheios de momentos
intensos e de aprendizagem sobre o outro é
algo que não se pode desvalorizar. Quantas
vezes passamos menos tempo com pessoas
que nos são queridas? Quantas vezes não apre-
ciamos os pequenos momentos que temos com
quem gostamos? Quantas vezes andamos a
correr e não estamos "no presente"? Para além
dos valores e da filosofia que nos une e em que
todos nos reconhecemos, unem-nos os
momentos, as experiências e aquelas partilhas
que alguém fez em segredo ou confidência.
Unem-nos as pessoas que levamos desta expe-
riência e o sentimento de pertença a um grupo,
que sem palavras serem necessárias, se sente
em conexão daqui para a frente. O melhor
destas experiências é isso mesmo, pertencer a
algo maior que nós, que dificilmente vamos
entender na totalidade, mas que nos faz sentido
e se encaixa no nosso Sonho. A Academia de
Líderes Ubuntu foi fundamental a fazer-me
perceber o quão importante é termos momen-
tos dedicados a nós na correria da vida, o quão
pequenos gestos do dia a dia podem ser impor-
tantes para os outros, e o quanto o mundo
precisa que mais gente sorria para a vida sem
constrangimentos.
Quem sou? Inês Lima França, 19 anos
De onde sou? Aveiro
Ubuntu lembra-nos da nossa interdependência
e neste caminho para o acordar da grande líder
que tenho dentro de mim, apercebi-me que sou
capaz de construir sorrisos, histórias e, o mais
importante, o caminho para a felicidade e o
sucesso, mas nunca sozinha. Na vida temos os
líderes e os seus seguidores, estes que, para
além de usufruírem das nossas lições, também
irão educar-nos e desafiar-nos a sermos melho-
res seres humanos, logo melhores líderes. Hoje
vejo uma Inês mais humana e corajosa.
“Uma boa liderança é sobre experiências huma-
nas (…) é uma atividade humana que vem do
coração e leva em consideração o coração das
outras pessoas”, Lance Secretar. Para aprender-
mos com os outros, temos que saber ouvir,
avaliar o porque da sua opinião e saber aceitar
as ideias dos outros apesar de por vezes não
concordarmos com elas. Com a Academia pude
fortalecer três aspetos importantes para uma
boa comunicação - saber ouvir, compreender e
aceitar o que os outros dizem. As pessoas ao
meu redor já conseguem falar comigo sobre
mais assuntos, sem terem medo da minha
reação.
Aprendi a cativar as pessoas - “(…) - Cativar
quer dizer o quê?(…) – É uma coisa que toda a
gente se esquece - disse a raposa - quer dizer
criar laços (…)”, Antoine de Saint- Exupéry
O meu mundo era bem mais pequeno, menos
rico em cultura, em pessoas, em história e em
geografia. A partir da Academia pude retirar as
minhas correntes, estas que me prendiam à
monotonia de uma vida sem preocupações,
conhecendo novos países, histórias e popula-
ções que me demonstraram realidades diferen-
tes das que eu estava habituada.
Quem sou? Inês Moreira, 24 anos
De onde sou? Lisboa
Como em muitas outras coisas boas da vida,
conheci a Academia de Líderes Ubuntu a partir
de conversas cruzadas a meio de uma pausa de
café de almoço. O café chegou tarde, e fez com
que perdesse o primeiro seminário, mas a partir
daí não voltei a falhar nem um fim-de- semana.
Finda a jornada, é tempo de refletir sobre o que
ficou em mim desta Academia! Pelos temas
transversais e atuais que são abordados, é
inegável a forma como a Academia de Líderes
Ubuntu nos faz “desacelerar” e “nos obriga” a
sermos confrontados com a realidade, seja atra-
vés do forma como nos vemos a nós próprios, a
forma como nos relacionamos com os outros ou
a forma como passamos a ver o mundo. Para
mim, o mais marcante foram as dinâmicas de
empatia que fizemos em grupo. O exercício de
nos colocarmos na pele do outro (independen-
temente de quem esse outro é) é absolutamen-
te necessário para nos mantermos humanos no
nosso dia-a-dia, e infelizmente não são muitas
as oportunidades que temos para o praticar-
mos. Assim, estas dinâmicas foram verdadeiras
chamadas de atenção à facilidade com que nos
desprendemos desta qualidade, fazendo com
que criemos e alimentemos um cerco imaginá-
rio onde “nós” nos separamos “dos outros”.
Um exemplo deste embate de realidade foi o
seminário em que tivemos a oportunidade de
conhecer a Doha, uma mulher incrível com uma
história de vida mais do que inspiradora. Falar-
mos com alguém como a Doha permite desmis-
tificar a crise dos refugiados como algo distante
que só acontece aos outros. Além disso, o foco
no pilar do autoconhecimento dota-nos de
ferramentas que nos permitem clarificar a nossa
própria cabeça. Sonhos, motivações e pontos
de melhoria foram claramente identificados ao
longo deste ano e estão agora prontos para
serem trabalhados.
Assim, não posso deixar de recomendar que,
todos os que tenham oportunidade, participem
na Academia de Líderes Ubuntu, com a humil-
dade que lhe é característica.
Quem sou? Jacyra Gué, 28 anos
De onde sou? Setúbal
Fazer parte da Academia Líderes Ubuntu foi
uma experiência única, singular, libertadora,
estimulante e de valor acrescentado. Permitiu-
-me conhecer pessoas maravilhosas (uns verda-
deiros líderes), lugares únicos, experiências
únicas e tocantes. Hoje, felizmente posso
afirmar que já não sou a mesma Jacyra que
apareceu no primeiro seminário. A Academia
de Líderes Ubuntu deu-me ferramentas impor-
tantíssimas para a vida, ferramentas essa que
melhorou de forma significativa o meu autoco-
nhecimento, melhoria na minha autoestima,
qualidade de vida (psicológica), as minhas
limitações (fazendo delas pequenos desafios
diários). Por outro lado, a maneira como vejo o
mundo e outras pessoas mudou. Sou uma
pessoa muito mais sensível à dor alheia, consigo
aceitar melhor o modo e estilo de vidas das
pessoas sem julgá-la por isso e sou mais “dada
ao próximo”. O sentimento de “E se fosse eu”,
tomou uma dimensão enorme, pois leva-me
constantemente a pôr-me no lugar dos outros
de forma a tomar decisões em prol dos outros,
e de certa forma, do mundo. Para além das
várias valências e dos vários aprendizados que
pude levar da Academia de Líderes Ubuntu, as
que vou usar decididamente como pilares para
a minha vida, serão a Construção de Pontes e o
Serviço.
Quem sou? Joana Feliciano, 27 anos
De onde sou? Lisboa
Imagina um dia em que acordas ainda cansa-
do/a, sabes que vai ser uma semana longa e
tens mais tempo preenchido com tarefas e
trabalho do que tempo para ti e para os teus.
Apesar de te sentires assim e saberes o que tens
de enfrentar, tu levantas-te lentamente, pousas
um pé fora da cama e arrastas o outro. Ergues-
-te e fazes tudo aquilo que tens de fazer porque
sabes que isso tem muita força. Vais para o
ponto encontro para estar com muitas pessoas
logo pela manhã (sejas tu uma pessoa matinal
ou não), para um sítio que não sabes qual vai ser
e para fazer o que ainda também não sabes.
Mas tu vais na mesma. Sabes que força é essa?
A tua inabalável certeza que a existência neste
mundo não pode passar intacta sem saberes
qual o teu toque e como os outros que te
rodeiam conseguem te tocar no sítio que mais
te deixa desconfortável: o teu coração.
Ficas vulnerável porque vais percebendo que
tudo o que pensavas ser talvez tu sejas mais ou
até sejas menos, mas sabes que queres mudar
isso. Vais aprender a confiar e a viver em empa-
tia. Vais compreender-te a fundo olhando para
além da ponta do iceberg que tens dentro de ti.
Vais também entender os que te são mais próxi-
mos, mesmo que não os percebas nas suas
atitudes, aprendendo a julgar menos e a ajudar
mais.
Ubuntu é isto. Cada pessoa aprende a ser mais
no ‘nós’ mas não por isso descurando no seu
‘eu’.
Cada pessoa é Ubuntu mesmo que à partida
não o saiba porque pode não ter ainda sintoni-
zado nessa frequência. Pode não ter feito uma
devida - e acredito que merecida - pausa no seu
quotidiano para se questionar sobre o papel
que tem no mundo.
Umas das frases que mais me marcou por sentir
que me assentava na necessidade que tenho de
o potenciar nos vários meios (emprego, volunta-
riado, familiar, amigos, relacionamento, entre
outros) em que me insiro foi: “não devemos
permitir que alguém saia da nossa presença
sem se sentir melhor e mais feliz” de uma líder
servidora que certamente já ouviste falar, a
Madre Teresa de Calcutá.
Ubuntu tem sido um caminho com paragens
para muitos exemplos de resiliência que me
deixa sentir o meu redutor tamanho e em simul-
tâneo a inspiração de querer fazer a mudança
na superação de obstáculos. Mais do que inspi-
ração, este percurso tem dado as ferramentas
para sabermos trabalharmo-nos, ao mesmo
tempo que se trabalha com e para os outros. O
impacto real tem-se revelado na forma como
lido em relativização e consciência face aos
pequenos desafios (isto é, o que podem ser
considerados como problemas para alguns). Sei
como me moderar para me tornar humanamen-
te mais útil e feliz na construção de uma socie-
dade tolerante e em consciência cívica.
Deu-me também o incentivo necessário para
tirar da gaveta uma projeto que foca no lado
humano e inspirador que cada pessoa guarda
em si, o Solo Adventures. Nele as viagens são as
pessoas. Pretende empoderar e capacitar atra-
vés da partilha de lições de vida. Tudo isto
porque acredito que a mudança pode bem
estar a uma história de vida de distância e tu
também fazes parte dela.
Quem sou? Joana Soares, 38 anos
De onde sou? Guimarães
O impacto da Academia de Líderes Ubuntu
para mim foi algo que foi crescendo ao longo
da formação. A Academia tem esse dom: “pri-
meiro estranha-se, depois entranha-se”.
Quando damos por nós, aquele grupo de
pessoas fantásticas que vemos uma vez por mês
já faz parte das nossas relações, as dinâmicas
que partilhamos são cada vez mais significativas
e tudo está no lugar certo. A partilha é a maior
aprendizagem da Academia para mim, em
especial considerando-me eu, desde sempre,
alguém que está habituada a ouvir partilhas mas
a partilhar pouco.
Partilhando, conseguimos dar nome e lugar a
muitas coisas que ao longo da nossa vida fomos
pensando, em especial em relação ao serviço,
mas que, a mecânica da sociedade atual, nos
faz restringir para nós. A empatia é algo que
ainda está em rascunho na nossa sociedade. Aí
entra mais uma vez a Academia e o seu impacto
na forma como vemos os outros, como encon-
tramos pessoas que procuram ser mais e melhor
para o serviço, exemplos de força e de luta pela
mudança que desejam ver na sua sociedade.
Aprendemos muito uns com os outros, com os
animadores e partilhamos a oportunidade de
conhecer convidados fantásticos. As histórias
de vida e a Biblioteca Humana são momentos
especiais que levamos no coração, momentos
de aprendizagem, empatia, serviço e amor.
Cada história, cada rosto que se comove ao
falar dos seus protagonistas são momentos que
ficam guardados no coração e que levamos
para a vida. A Academia fez-me voltar a acredi-
tar que é possível um mundo melhor, mais justo
e os exemplos de liderança servidora que nos
foram presenteados fazem-me crer que um dia
será possível.
Quem sou? João Quissenguele, 27 anos
De onde sou? Angola
Sempre tive jeito para responder perguntas que
me têm sido feitas, mas talvez nunca tinha sido
antes questionado com tamanha seriedade,
pois dar uma resposta era algo trivial. Por quase
um mês venho tentando ganhar forças para
responder às três questões que me colocaram:
o impacto na forma como me vejo, na relação
com o outro e com o mundo.
A complexidade em respondê-las centra-se no
significado que elas carregam, porque sei que
estas respostas não são frutos de uma leitura
decorada muito menos conto de um filme de
Hollywood, mas é sim o resultado dos conheci-
mentos adquiridos durante um ano repleto de
surpresas, fruto dos conteúdos apresentados
em cada seminário, dinâmicas de grupo e histó-
rias de vida de cada um dos membros da Aca-
demia. Este tesouro adquirido deu-me confian-
ça para hoje eu estar pronto para responder às
três questões.
Que impacto teve na forma como me vejo? A
Academia vem tendo um impacto, considero
eu, vital para mim, pois aprendi que “por cada
eu que digo é outro eu”. A mesma justificou a
inquietude que por muitos anos tinha em
relação a mim mesmo, a Academia deu silogis-
mo as minhas premissas. Ser Ubuntu foi a
descoberta das minhas linhas de orientação,
hoje caminho pelo mundo como um jovem
repleto de autoconhecimento, autoconfiança,
empático, resiliente e pronto para servir.
Que impacto teve na relação com os outros?
Desde pequeno foi-me ensinado o amor ao
Quem sou? Júlia da Regina Sainda, 27 anos
De onde sou? Moçambique
Entrei no Ubuntu na fase certa na minha vida,
uma vez que já estava preparada para aceitar
qualquer realidade sem julgamentos. Fiquei
muito feliz quando fui admitida. Conheci pesso-
as muito empáticas, pessoas muito envolvidas
com a causa, pessoas dispostas a passar uma
mensagem positiva para as outras.
Aprendi muita coisa, fortaleci o meu espírito,
reforcei a minha vontade de contribuir para uma
sociedade mais justa, mais humana, mais sensí-
vel, em que cada um faz o que pode para trazer
o sorriso de outros irmãos, abraçando a causa
com que mais se identifica.
Foram trabalhadas temáticas que ajudavam as
pessoas a descobrirem novos horizontes, a
enfrentarem os seus próprios medos, a sonha-
rem e a lutar pelo que acreditam. Cada fim-de-
-semana era fortalecedor. Eu saía sempre com
força para dar mais um passo nos meus objeti-
vos.
Ubuntu também trouxe dilemas para a minha
vida. Para quem estava acostumada a atender
as vítimas de maus tratos severos, foi difícil para
mim ter de ouvir que é preciso dar uma chance
ao agressor, aquele que cometeu um crime.
Mas foi bom se ver reforçada a ideia do não
determinismo, desmistificar a ideia de associar
o “branco” a coisa má, e o “africano” a coisa
boa. Na verdade, esta frase vai para além do
que está escrito, existem pessoas más em todo
lado e pessoas boas em qualquer etnia. A cor
da pela não dita a mendicidade ou a riqueza, a
inteligência ou a ignorância, a arrogância ou a
sensatez de uma pessoa. É preciso darmos a
chance de conhecermo-nos uns aos outros em
dias diferentes, momentos e espaços diferentes
para que possamos ter uma ideia aproximada
sobre o outro. E porque não ajudarmo-nos a
sermos melhor?
próximo, mas à medida que nos vamos tornan-
do multiculturais somos confrontados com dife-
rentes pontos de vista e que muitos destes,
devido à sua capacidade persuasiva, põem em
jogo os nossos valores. Sempre procurei causar
impacto na vida das pessoas à minha volta, mas
sem abdicar de mim. Confesso já ter estado em
desequilíbrio devido a invasão de opiniões
materialistas e egocêntricas presentes no siste-
ma atual, mas Deus jamais deixa os seus servos
perderem-se.
Repentinamente surgiu a Academia que veio
corroborar a minha visão em relação o amor ao
próximo e a busca emergente de uma socieda-
de sem desigualdades. Vivo com a tatuagem de
um ser humano imperfeito, mas comprometido
em aperfeiçoar-se na busca de um ser melhor
para a sociedade, ser uma pessoa propagadora
de paz, amor, fraternidade e alegria aos quantos
que eu conseguir. Esta é a minha missão. Acre-
dito que os mais próximos de mim já vivem o
impacto e a energia proveniente das minhas
ações.
Que impacto teve na forma como vejo o
mundo? Vejo que, apesar da divergência de
opiniões relacionadas com o destino da huma-
nidade, o homem tem-se tornado cada vez mais
preocupado com o próximo. Tenho de admitir
que o testemunho deixado por grandes figuras,
no que concerne a justiça, liberdade, direitos
iguais e amor tem vindo a propagar-se em
quase todo o planeta. Ontem quem matava em
defesa da sua crença ou clã era um herói. Hoje é
um terrorista. Por isso, acredito que o mundo
está cada vez mais empático, a efetivação da
liberdade, a erradicação do ódio e do precon-
ceito são notórios nas novas gerações. Estou
seguro de que existe muito trabalho a ser feito,
mas sei que com um pouco de bem todos os
dias vamos inundar o planeta de paz e alegria a
curto prazo - “5g de vontade pesam mais que
50 kg de conhecimento e convicção”.
É preciso darmos uma chance de nos reinven-
tarmos a cada dia e de ajudarmos alguém a
explorar o máximo o que tem de positivo.
Em suma, Ubuntu foi simplesmente fortalece-
dor.
Quem sou? Louis Beete, 27 anos
De onde sou? Aveiro
Na forma como me vejo, teve um impacto
muito positivo. Hoje acredito mais em mim,
acredito que posso ser uma pessoa melhor para
as pessoas à minha volta, posso ajudar muita
gente e posso me ajudar a evoluir como pessoa.
.Na forma como me relaciono com os outros,
teve um impacto igualmente positivo. Percebi
que muitas vezes os nossos medos impedem-
-nos de comunicar ou interagir com outras
pessoas. Superando esses medos, a capacidade
e a probabilidade de fazer amigos aumenta
muito mais e no fim do dia isso é um passo para
um mundo melhor, mais unido. .
Como disse anteriormente, olho para o mundo
de uma forma diferente, com mais empatia,
nunca julgar antes de conhecer, pois as pessoas
também têm os seus medos, e se conseguirmos
ser superiores a esses medos, conseguiremos
comunicar e interagir com todo o mundo.
Quem sou? Mariana Carvalho, 25 anos
De onde sou? Vila Nova de Gaia
Que impacto teve na forma como me vejo?
A Academia Ubuntu apareceu numa fase muito
importante da minha vida e sem dúvida que
teve impacto em mim. Se por um lado o cami-
nho feito neste projeto me fez relembrar, afirmar
e reforçar os valores que quero seguir para o
resto da vida, por outro, também me deu mais
confiança e esperança para o futuro e para a
forma como posso fazer a diferença. Fez-me
continuar a acreditar, mais que nunca, que com
um simples gesto posso criar impacto na vida
dos outros.
Que impacto teve na relação com os outros?
Na relação com os outros, a Academia ensinou-
-me a prestar mais atenção ao que se passa à
minha volta. Não só a estar mais atenta aos
meus familiares e amigos, mas também a todas
as outras pessoas que se cruzam comigo diaria-
mente, seja numa fila de supermercado, no
local de trabalho ou numa viagem de metro.
Ensinou-me a praticar a escuta ativa, a não
julgar, a ter curiosidade pelo outro e a perceber
que todos nós temos as nossas histórias que
fazem com que sejamos aquilo que somos hoje.
Mas sobretudo que podemos fazer parte das
histórias do outro e torná-las ainda mais saboro-
sas, assim como, com a relação com o outro
podemos também tornar a nossa própria histó-
ria numa história mais bonita.
Que impacto teve na forma como vejo o
Mundo?
Com a Academia Ubuntu vejo o mundo como a
casa de todos e com espaço para todos, uma
casa que devemos proteger e cuidar, um lugar
inclusivo. Vejo o mundo como um lugar onde
todos têm o mesmo direito de pertencer, mas
também um lugar onde cada um de nós tem a
responsabilidade de defender e de ajudar
aqueles que são privados de usufruir da sua
própria casa de forma justa.
Vejo o mundo como um lugar ainda imperfeito,
mas bonito com todas as suas imperfeições e
cheio de esperança, onde acredito, graças à
Academia Ubuntu, que não há impossíveis.
Quem sou? Maria Sá Couto, 22 anos
De onde sou? Porto
Há uns dias participei numa formação. Assim
que cheguei sentei-me aleatoriamente num
lugar ao lado de uma rapariga. Ela chamava-se
Osana e eu não a conhecia. Ela apresentou-se e
eu não a conhecia. Até que, em conversa,
descobri que ela tinha sido participante da Aca-
demia de Líderes Ubuntu em Moçambique –
fiquei estupefacta e logo tão alegre e entusias-
mada! Rapidamente lhe contei que eu era
agora participante da Academia de Líderes
Ubuntu e demos um hi-5, símbolo dos 5 pilares
que, sem saber, partilhávamos. Demos um
abraço apertado e começámos a cantar uma
música que aprendemos na Academia. Ela
chamava-se Osana e eu não a conhecia. Ela
apresentou-se e eu não a conhecia. Mas logo ali
soubemos que tínhamos algo central que nos
unia – a identidade Ubuntu.
A Academia de Líderes Ubuntu proporcionou-
-me ter contacto com pessoas com quem, tal
como com a Osana, partilho valores e inten-
ções, causas e missões, ainda que à partida
pareça que não temos nada em comum. A Aca-
demia impactou, por isso, a forma como me
vejo no mundo – mais acompanhada nos meus
propósitos e vontades. Este sentimento de
pertença num mundo em que afinal tantos
partilhamos os mesmos valores, fez-me sentir
mais capaz de intervir e fazer a mudança –
deu-me força e motivação para agir.
Ao mesmo tempo, este mundo tornou-se mais
pequeno, mais próximo. Entrei com a sensação
de que este era um mundo repleto de realida-
des que desconhecia e das quais me sentia
afastada, mas ao longo dos seminários as
barreiras foram-se esbatendo e fui tendo
contacto com contextos que me eram distantes
e com vivências que me eram estranhas. Agora
sinto-me parte de um mundo integrado, com
menos fronteiras, onde sei que partilho dos
mesmos sonhos daqueles que estão do outro
lado da margem que nos separa.
A Academia transformou por isso, também, a
forma como vejo os outros – agora olhando
para o outro lado, procurando conhecer a outra
realidade e isso é francamente revolucionador!
Agora diante dos meus olhos procuro segurar a
lente da empatia e colocar-me, dentro do possí-
vel, no lugar dos outros. É um olhar de respeito
e de amor que a Academia nos desafia a ter.
Sinto que, respeitando mais o contexto indivi-
dual de cada um, me tenho tornado numa
pessoa mais atenta e cuidadosa; alguém que
procura olhar de uma outra janela que não a sua
e ser assim mais compreensiva e tolerante.
Mas, acima de tudo, a Academia, em mim, foi
além da razão (tão difícil de contornar) e tocou-
-me o coração – inspirando-me com testemu-
nhos e exemplos que têm sido cruciais na forma
como conduzo agora a minha vida.
A Academia foi para mim uma escola de inspira-
ção e testemunho que me permitiu um novo
modo de estar – refortalecido nos seus princí-
pios; empoderado por uma nova comunidade a
reforçado no exemplo de vida daqueles a quem
agora procuro seguir.
Obrigada, Academia de Líderes Ubuntu. Obri-
gada, IPAV.
Quem sou? Nádia Brás; 29 ano;
De onde sou? Lisboa
A Academia Ubuntu foi um percurso de reflexão
e descoberta. Foi ao mesmo tempo uma mon-
tanha e um casulo. Uma montanha pelo cami-
nho de aprendizagem e desafios e um casulo
pelo estágio que estes meses representam,
necessários para cimentar o que fomos vivendo
durante os seminários.
Fundamentais foram os que me acompanharam
neste percurso e os que se foram cruzando
connosco. Pelas partilhas e novas perspetivas
que me deixaram a pensar e pela inspiração dos
que caminham com tamanha vontade e amor
no bolso. A importância de saber conhecer a
história do outro na construção de relações
verdadeiras e sãs.
Também o legado das figuras Ubuntu apresen-
tadas e estudadas durante os seminários deixa-
ram em mim um sentido de esperança e
responsabilidade. Cresceu em mim uma inten-
ção de continuar um caminho de descoberta e
participação, agora de uma forma mais cons-
ciente, com mais ferramentas e com um olhar
mais atento e disponível.
Pelo caminho percorrido e pelo que ainda está
por percorrer, agradeço à Academia Ubuntu e a
todos os que contribuíram para a mesma.
Estamos juntos.
Quem sou? Namira Marcos Sanca, 30 anos
De onde sou? Guiné-Bissau
No âmbito da minha participação, naquele que
é o maior projeto de empoderamento juvenil, a
Academia Líderes Ubuntu tem um impacto
muito positivo, pela riqueza dos conteúdos,
tanto na forma quanto na matéria. Os pilares
que norteiam a formação são por si só um
grande instrumento de transformação de vida
de qualquer pessoa, independentemente da
sua convicção religiosa, cultural e étnico.
Os pilares são o autoconhecimento; a autocon-
fiança; a empatia; a resiliência e o serviço.
O discutir, analisar e trabalhar cada um destes
pilares, com os grandes convidados conhece-
dores de matéria, animadores, ubuntus e toda
equipa do IPAV foi muito importante para mim.
Muito importante porquê? Porque, a Academia
proporcionou-me um espaço muito privilegiado
e inovador de conhecimento e de partilha, em
que pude confrontar-me com diversas sensibili-
dades, ouvir e conhecer histórias de vidas reais
inspiradoras. Foi marcante para mim e convi-
dou-me muitas vezes a uma profunda reflexão,
introspeção e um conjunto de questionamento
sobre o significado e o sentido "do eu e do
outro", na qual cheguei a conclusão já chegado
por muitos que passaram por está formação e
não só - de que só existimos e realizamos atra-
vés da existência e realizações dos outros, que
no fundo outro não deixa de ser nós próprios.
Hoje, com o suporte destas ferramentas vejo-
-me uma pessoa melhor na relação com o outro,
uma pessoa com uma forte capacidade empáti-
ca e resiliente. Esta formação teve como maior
impacto o facto de poder partilhar e recolher
partilhas dos diferentes intervenientes na
mesma, em vários assuntos relacionado aos
Direitos Humanos em todo mundo e em cada
cultura em particular: a discriminação, a emigra-
ção, a guerra, a xenofobia. Permitiu-me desen-
volver um olhar crítico do mundo e e olhar para
trás e contemplar o que fiz por mim, pelo outro,
pela minha família, pela minha comunidade,
pela sociedade, pelo meu país e pelo mundo.
Esta capacidade refletiva e empática de com-
preender e de não julgar, de acolher e de não
excluir, de agir e não de recuar, de olhar para as
minhas forças, as minhas fraquezas, as ameaças
e oportunidade tenho para servir e não de
culpabilizar os outros ou o sistema.
Esta certeza está ancorada na ideia de Rui Mar-
ques - todas as pessoas podem ser grandes e
podem servir dentro das suas medidas).
Quem sou? Nancy Cardoso, 28 anos
De onde sou? Guiné Bissau
O impacto que Academia de Líderes Ubuntu
teve e tem tido na minha vida é extraordinário e
de suma importância. A começar pela tremenda
descoberta sobre o eu, através do autoconheci-
mento. Conhecer-me foi fundamental para eu
saber proteger-me, deu clareza sobre minha
vida e respondeu as dúvidas que eu própria
tinha sobre mim. Saber quem sou é a melhor
coisa que aconteceu em toda minha vida e digo
graças à Academia de Líderes Ubuntu. Também
através do eneagrama, ensinado logo no
segundo seminário, conheci as diferentes
personalidades (diferentes tipos de pessoas), o
que mudou muito a minha maneira de convi-
vência com as pessoas. Grande mudança foi
exatamente saber respeitar o ponto de vista do
outro, saber lidar com as diferenças que antes
tinha maior dificuldades.
A Academia de Líderes Ubuntu também veio
confirmar e consolidar em mim a ideia de que
todo o sonho, por mais grande/pequeno que
seja, é possível de concretização, basta pôr as
ações em prática e lutar. Mudou em mim a ideia
de que com a violência mudamos algo, e que,
por mais desfavorável a situação em que encon-
tramos, uma reação pacífica é sempre uma
melhor forma de manifestar o nosso desagrado.
Aprendi que o foco, a persistência, a coerência,
a determinação e a vontade, são as armas que
temos para usar contra qualquer barreira exis-
tente entre nós e os nossos sonhos.
Para finalizar, hoje mais que nunca acredito no
meu velho sonho de infância, sonho este que é
um dia ser Presidente da República do meu País
(Guiné-Bissau), sonho este que é puder fazer
daquele país um dos melhores do mundo. Fazer
feliz o povo da Guiné-Bissau é um dos meus
maiores sonhos e acredito que a Academia de
Líderes Ubuntu veio confirmar que isto é possí-
vel e trouxe ferramentas para realizar este meu
grande e velho sonho.
Quem sou? Nicolau Osório, 24 anos
De onde sou? Porto
Que impacto teve na forma como me vejo?
Pessoalmente acho que me fez menos arrogan-
te e fez-me perceber que não era especial e ao
mesmo tempo que o era. Inspirou-me a perce-
ber que eu tinha algo especial a dar à socieda-
de. O eneagrama fez-me aperceber de algumas
reações inconscientes que eu tenho e que só
posso trabalhar se estiver consciente. Ajudou-
-me a aceitar a minha unicidade e desafiou-me
a encontrar o lugar onde esta poderia ser mais
benéfica. Acho que me fez um bocadinho mais
humano!
Que impacto teve na relação com os outros?
Ajudou-me a abraçar ainda mais esta questão
da riqueza na diversidade e a perceber que,
apesar dos seus desafios, temos que aprender a
melhor maneira de explorar o melhor de cada
um. Acho que sempre fui tolerante nas relações
com outros, por isso acho que no meu caso
tornou-me mais assertivo.
Que impacto teve na forma como vejo o
mundo? A questão da desumanização que
praticamos constantemente abriu-me os olhos
para vários assuntos que vejo e conversas que
tenho e a perceber qual é o processo que nos
leva a perder a humanidade.
Em suma, a Academia fez-me ver o mundo de
um modo mais real, isto é, de que forma a
humanidade funciona e interage.
benéfica. Acho que me fez um bocadinho mais
humano!
Que impacto teve na relação com os outros?
Ajudou-me a abraçar ainda mais esta questão
da riqueza na diversidade e a perceber que,
apesar dos seus desafios, temos que aprender a
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um. Acho que sempre fui tolerante nas relações
com outros, por isso acho que no meu caso
tornou-me mais assertivo.
Que impacto teve na forma como vejo o
mundo? A questão da desumanização que
praticamos constantemente abriu-me os olhos
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5º edição da Academia de Líderes Ubuntu - Portugal

  • 2.
  • 3. Juntos. Conclui-se mais um ciclo da Academia de Líderes Ubuntu e abre-se uma etapa nova de compromisso com o serviço à comunidade. Durante um ano, construímos uma visão parti- lhada sobre o mundo que queremos e tornámo-nos parte ativa na construção desse novo tempo. Assumimos a responsabilidade de ser construtores de pontes a tempo inteiro e de descobrir sempre o ponto em cada margem do rio onde se pode construir a ligação com o outro lado. Juntos, interagindo e caminhando, fomo-nos inspirando em líderes de referência como Mandela ou Luther King mas também em cada um/a de nós. No extraordinário e no comum, no distante e no perto, encontrámos, mesmo ao nosso lado, vidas cheias de histó- rias de esperança e de dor, de luz e de sombras, que nos mostraram o melhor da humanida- de. Juntos percorremos as etapas propostas para viajar até dentro de nós, conhecendo melhor quem somos e, nesse caminho, ganhámos mais confiança em nós próprios. Não ignoramos as nossas fragilidades e desafios, mas não nos deixamos paralisar por elas. Juntos, descobrimos o segredo da resistência às adversidades e construímos a nossa capa- cidade de transformar obstáculos em oportunidades. Ficámos mais fortes e capazes de ir mais longe. Juntos, aprendemos a sentir com o outro, num exercício de empatia, de quem conhece a sua identidade, mas sabe que esta só se completa com as outras pessoas – “eu só sou pessoa através das outras pessoas”. Tornamo-nos peritos em colocarmo-nos no lugar do Outro e agir em conformidade. Finalmente, juntos, demos mais sentido ao serviço. Ao serviço que promove a dignidade humana ou a restaura quando esta se encontra ferida. Ao serviço que liberta e desenvolve. Ao serviço que descobre o verdadeiro rosto humano em cada pessoa. Ao serviço que trans- forma a alma e enche o coração. Ser Ubuntu é tudo isto. E tudo o mais que em nós ecoou neste tempo e neste caminho. Guardemos esse tesouro, para que possa dar muito fruto. Rui Marques Diretor da Academia Ubuntu
  • 4. O QUE É? A Academia de Líderes Ubuntu é um proje- to de capacitação de jovens com elevado potencial de liderança, provenientes de contextos de exclusão social ou com apti- dão para aí trabalharem, com o objetivo de facilitar o desenvolvimento do seu poten- cial, capacitando-os para a intervenção ade- quada e eficaz nesses mesmos contextos. Em 2019 acrescerá a capacitação prioritaria- mente de educadores e professores com vista à disseminação da metodologia no país e no estrangeiro. A Academia de Líde- res Ubuntu marcará também uma forte presença em contexto escolar, trabalhando diretamente com jovens a partir do 3º ano do Ensino Básico até ao Ensino Secundário. PARA QUEM? Este programa destina-se a jovens dos 13 aos 35 anos, com elevado potencial de liderança, provenientes de contextos vulne- ráveis ou com disponibilidade e interesse em trabalhar neles. UBUNTU Esta palavra, de origem sul-africana, condensa uma filosofia humanista, transver- sal e independente de qualquer país, cultu- ra, religião ou afiliação política. Ubuntu significa “Eu sou porque tu és”, ou seja, eu só posso ser pessoa, através das outras pessoas. O bem-estar e a felicidade indivi- dual estão intimamente ligados ao bem-es- ACADEMIA DE LÍDERES UBUNTU tar e felicidade dos outros. Partindo do pressuposto de que as nossas vidas estão interligadas, que só nos tornamos comple- tos na relação com o outro, ser Ubuntu, ao contrário de uma visão de autossuficiência, é acreditar numa humanidade comum e interdependente. Este projeto visa desper- tar uma nova identidade pessoal, concreti- zando-se numa viagem interior que desafia a forma como cada um se vê a si mesmo, transformando pensamentos, desconstruin- do crenças e promovendo atitudes que constituem a base que sustenta a ação. Pretende-se que cada participante, através da filosofia Ubuntu, se torne capaz de lutar pela mudança que quer ver no mundo. LIDERANÇA SERVIDORA O projeto tem na sua origem um referencial de liderança específico, transversal a toda a intervenção. A Liderança Servidora, focada no bem comum, procura gerar consensos e mobilizar a vontade coletiva na procura de soluções para problemas concretos. Não se pretende desenvolver um conceito de liderança centrada num só indivíduo, na verticalidade hierárquica ou na lógica do poder. Ao invés, centra-se na capacidade de uma pessoa, em registo relacional e interde- pendente, potenciar as capacidades dos outros em prol do bem comum. Assim, o serviço, a empatia e a consciência de responsabilidade social, são pilares essen- ciais no percurso de crescimento de cada participante.
  • 5. METODOLOGIA Enquanto programa de educação não-for- mal, a Academia de Líderes Ubuntu assume um modelo pedagógico centrado nos parti- cipantes, através de uma abordagem parti- cipativa e experiencial. A metodologia é profundamente relacional na sua essência conceptual, em sintonia com os princípios da filosofia Ubuntu. Tendo em conta que se pretende promover o desenvolvimento integral de cada participante, a metodolo- gia centra-se na tríade Ação–Reflexão- –Aprendizagem. Dá-se particular importân- cia à aprendizagem por modelos de refe- rência (Role-models) que se concretiza em três eixos: (1) O estudo de líderes de proje- ção mundial que, nos seus contextos, foram exemplo concreto da aplicabilidade da filosofia Ubuntu [Nelson Mandela; Des- mond Tutu; Martin Luther King; Mahatma Gandhi; Santa Teresa de Calcutá; Aristides de Sousa Mendes]; (2) A presença de convi- dados que, ao partilharem as suas histórias de vida, demonstram como é possível ser veículo de mudança nos dias de hoje, tornando-se fonte de inspiração e testemu- nho de resiliência, superação e liderança; (3) O contributo de cada participante que, pela sua experiência e história de vida, é enqua- drado como fonte de inspiração e aprendi- zagem para outros. Tendo em conta que se pretende promover o desenvolvimento integral de cada partici- pante, utilizam-se diversas ferramentas que facilitam este processo. Assim, os recursos lúdico-pedagógicos configuram-se como essenciais no processo de aprendizagem e reflexão dos temas propostos, nomeada- mente, dinâmicas de ação-reflexão, filmes, documentários, contos, músicas e textos. Por sua vez, a Academia de Líderes Ubuntu oferece um conjunto de experiências que pretendem intensificar a aprendizagem indutiva, desempenhando um impacto fundamental no crescimento de cada parti- cipante (ex. Visitas; Surf e Liderança; Orquestra e liderança; Experiência de Servi- ço). Adicionalmente, existem desafios concretos, previstos ou imprevistos, que configuram oportunidades de envolvimento e crescimento (ex. Dia Mandela; Conferên- cia Vidas Ubuntu). Experiências Ferramentas Desafios Modelos
  • 6. A palavra “Ubuntu” é, na verdade, uma combinação de dois termos: “Ntu”, que significa pessoa e “Ubu” que significa tornar-se. Existe uma centralidade na pessoa e na sua singularidade mas, simulta- neamente, assume-se o processo que cada um é chamado a fazer: Tornar-se pessoa. Tornamo-nos pessoas na relação com o outro e, neste sentido, o método Ubuntu pretende o desenvolvimento de cinco com- petências centrais, que estão na base do processo de crescimento humano. Num primeiro nível, trabalham-se competências focadas no indivíduo, como o Autoconheci- mento, a Autoconfiança e a Resiliência e, num segundo nível, as competências relacionais, indispensáveis ao desenvolvi- mento integral dos participantes, como a Empatia e do Serviço. Autoconhecimento O primeiro passo para uma verdadeira transformação de vida implica uma viagem interior: o conhecimento de si mesmo. Saber (re)conhecer competências e fragili- dades, dinâmicas de funcionamento pesso- al e de gestão sócio emocional, é algo fundamental para ajustar a perceção que cada um tem de si próprio. Esta autoima- gem condiciona, em grande medida, a forma como cada um gere os obstáculos, as barreiras, os sucessos e as vitórias que inevi- tavelmente surgem no seu caminho. Assim, a consciência realista das nossas potenciali- dades e limitações é essencial, pois é aí que reside a base e estrutura necessárias a qual- quer processo de capacitação e liderança. Autoconfiança Como consequência inevitável do autoco- nhecimento, conduzido mediante um olhar verdadeiro e humanizador, surge o reconhe- cimento de forças e potencialidades indivi- duais. É na consciência de que em cada um residem características que nos tornam únicos e insubstituíveis, que se torna possí- vel o reconhecimento apaziguador das nossas qualidades e fragilidades, para que possamos ser verdadeiros líderes ao serviço da comunidade. A autoconfiança é fortale- cida na medida em que, dotados de estra- tégias e competências, cada um se possa sentir capaz de atingir os objetivos e metas a que se propõe. Deseja-se que cada parti- cipante seja capaz de recusar narrativas de resignação e auto-vitimização, tornando-se autor da sua própria história, “senhor do seu destino e capitão da sua alma”. Resiliência A resiliência concretiza-se na capacidade de transformar problemas em oportunidades. MÉTODO
  • 7. Superar obstáculos é um desafio diário e inevitável. Estes problemas, sejam eles grandes ou pequenos, simples ou comple- xos, desafiam cada um a superar, vencer, perseverar e crescer. A capacidade de trans- formar obstáculos em oportunidades, de não se deixar vencer pelas fraquezas ou pelo desespero, ultrapassando-os de forma saudável e construtiva, surge como dimen- são central a desenvolver, principalmente quando falamos de liderança. A resiliência permite olhar para os contratempos e obstáculos com a certeza de que, depois de ultrapassados, fortalecerão a capacidade de lutar pelos objetivos e sonhos que movem cada um. Assim, cada desafio ou dificulda- de que se enfrenta com êxito fortalece a vontade, a confiança e a capacidade de vencer os obstáculos futuros. Empatia A empatia sintetiza a capacidade de ver e entender o mundo através do ponto de vista do outro. Cada participante é convida- do a desenvolver esta competência, descentrando-se de si mesmo, descons- truindo preconceitos de forma a ser capaz de assumir progressivamente a perspetiva do outro. Assim, pretende-se que cada um possa entender a essência Ubuntu, na medida em que nos tornamos mais huma- nos quando nos aproximamos e deixamos completar pelo outro. Serviço O serviço e a liderança são, aparentemente, conceitos antagónicos. Neste sentido, o conceito de Liderança Servidora parece encerrar em si um paradoxo. No entanto, acredita-se que não é possível liderar sem cuidar e respeitar os outros, servindo-os. O serviço é uma dimensão essencial e é aqui entendido como o espírito e forma de ser e estar em relação. Ambiciona-se que cada um possa adquirir as ferramentas de que mais precisa, tornando-se agente ativo nas suas comunidades. Conhecendo-se a si próprio, confiando nos seus talentos, acre- ditando na sua capacidade de superar as adversidades, sentindo e entendendo com o outro, cada participante encontra-se pronto para servir, promovendo e restauran- do a dignidade humana, nos contextos onde se encontra.
  • 9. O início O primeiro seminário da Academia de Líderes Ubuntu iniciou com a apresentação e explicitação da filosofia Ubuntu e dos líderes inspiradores que estão na base do seu conceito e metodologia. A apresentação de Nelson Mandela foi introduzida com a visualização do filme “Goodbye Bafana”, que retrata a vida deste líder durante o tempo em que esteve na prisão e a relação que desenvolveu com o seu carcereiro. Para iniciar um processo de auto e heteroconhecimento do grupo foram realizadas as dinâmicas do Speed Meeting e Bingo Humano. Enquanto pilares e valores da Academia de Líderes Ubuntu, a empatia e a sua importância na liderança servidora foram trabalhadas por meio da dinâmica os Balões. O seminário terminou com um dos momentos mais importantes e simbólicos da Academia de Líde- res Ubuntu - a entrega da declaração do compromisso de frequência no programa e das t-shirts Ubuntu, sendo esta a primeira vez que os participantes vestem a t-shirt 466/65. Eneagrama Este seminário, focado no autoconhecimento, foi orientado pelo Professor José Luís Gonçalves (da Escola Superior de Educação Paula Frassinetti). Os participantes receberam formação de Eneagra- ma, uma ferramenta de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal que permite a identificação do tipo de personalidade. Foi visualizado o filme “Beleza Colateral” e pedido aos participantes que, na sequência da história do filme, escrevessem uma carta e que a dirigem a si próprios. Esta carta foi entregue aos participan- tes meses mais tarde. No âmbito da 2º Conferência Ubuntu Global Network, realizada em abril, na África do Sul, foi apre- sentada a experiência de visita da Academia de Líderes Ubuntu ao país, a partir do testemunho de alguns animadores que participaram no evento e foi visualizado o vídeo da visita a Robben Island, onde Nelson Mandela esteve preso. Seminário I Seminário II
  • 10. Vencer Obstáculos, Ultrapassar Barreiras Este seminário tinha como objetivos a promoção de situações de superação de obstáculos/barreiras e a promoção da reflexão por meio do recurso a testemunhos/exemplos sobre perseverança, persis- tência e superação, nomeadamente através da consciencialização dos desafios e obstáculos pesso- ais superados/a superar, identificando aprendizagens consequentes. Nesse sentido, os participantes foram permanentemente desafiados através de diferentes dinâmicas, jogos e partilhas. O fim-de-semana começou com uma caminhada pela Serra da Estrela, através de um trilho de supe- ração. Antes de iniciarem a caminhada, os participaram receberam dois postais com letras das músi- cas ‘Tu és mais Forte’ e ‘Melhor de mim’. Ao som das duas músicas, os participantes fizeram a cami- nhada inspirados pelas palavras de resiliência, superação e força expressas nas letras presentes nos postais. Para aprofundar a reflexão iniciada, os participantes visualizaram um vídeo que conta a história de sobrevivência de Doaa Al Zamel, uma refugiada síria acolhida na Suécia. Depois, tiveram oportunida- de de partilhar o seu testemunho, na primeira voz, através do seu relato de fuga e travessia no Medi- terrâneo, até chegar à Grécia. Enquanto testemunho de resiliência, neste seminário os participantes também tiveram a oportunida- de conversar com Fábio Fonseca, participante da 4º Edição da Academia de Líderes Ubuntu, sobre a experiência e a superação de desafios. Ainda para promover a autoconfiança e a empatia, foram visualizados os filmes “Amigos Imprová- veis” e “O Circo das Borboletas” criando espaço para a reflexão e debate de ambas as histórias. Seminário III
  • 11. Construir Pontes Com os objetivos de promover uma cultura de diálogo e paz, de sistematizar as competências e desa- fios inerentes à construção de pontes e de motivar e capacitar os participantes através de exemplos e testemunhos de diálogo, este seminário iniciou com a apresentação das sete regras do pontífice, que ajudaram a aprofundar a metáfora da construção de pontes. Através da dinâmica os Derdianos, os participantes tiveram a oportunidade de desenvolver as suas capacidades de análise de questões interculturais, as competências de comunicação, empatia e reso- lução de conflitos. Para sensibilizar os participantes para a importância da construção de pontes, foi introduzida a experiência da construção de pontes na África do Sul para o fim do Apartheid com a visualização do filme “Endgame”. Para completar este momento, Jacqui Scheepers, uma convidada sul-africana, partilhou a sua experiência pessoal de resolução de conflitos no seu país e a relevância das competências de diálogo e mediação para a paz. Este seminário realizou-se em Aveiro, uma cidade unida através de várias pontes. Usando dessa metáfora, os participantes passearam a pé pela cidade para conhecer algumas destas pontes bem como a sua importância, contexto e história. Seminário IV Liderar como Mandela Este fim de semana foi inspirado no modelo de liderança de Nelson Mandela durante e pós-Apar- theid. Para introduzir e aprofundar o tema deste seminário, os participantes tiveram a oportunidade de participar na conversa de dois convidados muito relevantes na história da África do Sul, John Volmink e Willy Esterhuise. John Volmink é um grande pensador da filosofia Ubuntu e Esterhuise teve um papel fundamental no processo de negociação que pôs fim ao Apartheid (a sua experiência inspirou, mais tarde, a realização do filme “Endgame”, visualizado no seminário Construir Pontes). Foco no papel do Nelson Mandela e no seu modelo de liderança, foi visualizado e discutido o filme “Invictus”. Foi mais tarde promovido um debate com John Carlin, autor do livro que inspirou o filme, presente neste seminário. Neste seminário foram também abordados outros modelos de liderança, de diferentes contextos, e exploradas outras experiências de processos de reconciliação e paz, nomeadamente o caso da Colômbia com o testemunho de dois colombianos que participaram na Academia de Líderes Ubuntu na Colômbia (abril 2018), Melissa Gomez e Julian Martin. Através da dinâmica Dar um passo em frente foi trabalhada com os participantes a promoção da empatia, da tolerância e da igualdade, bem como a desconstrução de preconceitos e estereótipos. Seminário V
  • 12. Seminário VI Coragem Cívica “Não poderia agir de outra forma e assim aceito tudo o que me aconteceu com amor”. Estas pala- vras são de Aristides de Sousa Mendes, líder português inspirador deste seminário dedicado à cora- gem cívica. Inspirados por este herói do holocausto, os participantes refletiram sobre a coragem e exploraram os pilares ubuntu da empatia e do serviço. A sessão começou com um enquadramento histórico da 2ª Guerra Mundial. Foram explorados os fatores que levaram a este acontecimento, incluindo a banalização do mal, a desumanização de um grupo ou etnia e a manipulação. Este seminário contou com a participação da Professora Margarida Ramalho, autora do livro “O Comboio de Luxemburgo – Os refugiados judeus que Portugal não salvou”, que trouxe histórias e testemunhos de alguns refugiados que passaram por Portugal e a forma calorosa como foram acolhi- dos na década de 40. O fim-de-semana também foi marcado pela visualização do filme “O Cônsul de Bordéus”, filme de Francisco Manso, que celebra a enorme coragem de Aristides de Sousa Mendes. O filme conta a emotiva história sobre o reencontro de dois irmãos separados pela Guerra e enquadra o gesto de desobediência civil e coragem cívica deste líder ubuntu. A empatia, o exercício de nos colocarmos no lugar do outro, foi feita em diferentes dinâmicas ao longo deste seminário, como o E se fosse eu? e a Linha.
  • 13. Seminário VII e VIII Vidas Ubuntu e Serviço Este seminário teve como objetivo explorar os pilares da empatia, da resiliência e do serviço, assim como a importância de conhecer e partilhar a história de vida. O seminário enquadrou os temas das Vidas Ubuntu e do Serviço. Os participantes tiveram a oportunidade de compreender as dinâmicas subjacentes ao conflito, nomeada- mente as que estão relacionadas com a discriminação, a segregação e o racismo através da visualização, reflexão e discussão do filme “Freedom Writers”. O mesmo filme também foi utilizado para trabalhar as diferentes caraterísticas de liderança e refletir sobre as estratégias e soluções para os conflitos. A partilha de histórias de vida dos estudantes no filme, que lhes permitiu conhecer as histórias e os desafios de cada um, foi uma das estratégias utilizadas na mediação dos conflitos da turma. Isto permitiu aos partici- pantes refletirem e identificarem o personal storytelling como uma das estratégias para resolver os confli- tos através do autoconhecimento e do conhecimento do outro. Este fim-de-semana contou ainda com testemunhos de Salvador Mendes de Almeida, João Delicado e voluntários do projeto Leigos para o Desenvolvimento, que partilharam as suas histórias de vida enquanto exemplos de serviço às suas comunidades. A visualização e reflexão do filme “Patch Adams” ajudou a aprofundar o tema do serviço.
  • 14. Seminário IV Vidas Ubuntu e Serviço Este foi o último seminário da Academia de Líderes Ubuntu, antes da Conferência Vidas Ubuntu. Com o intuito de incentivar a herança de Martin Luther King na vida pessoal e da comunidade e de promover o autoconheci- mento, foram desenvolvidos exercícios de reflexão e técnicas de personal storytelling, de forma a ajudar os participantes a estrutura- rem a sua história de vida e atribuírem sentido e novos significados aos momentos pessoais mais marcantes, promovendo, simultanea- mente, a autoconfiança e a resiliência. Para aumentar o conhecimento de Martin Luther King e refletir acerca do serviço e da responsabilidade social, foi visualizado um documentário sobre a vida deste líder inspira- dor. Os temas de serviço, do sonho e empre- endedorismo social foram igualmente apro- fundados com a visualização do documentá- rio “Quem se Importa” e pelas partilhas de testemunhos de Mónica Rocha e Melo e Julia- na Tibau (projeto Luta pela Paz, no Brasil) e de alguns participantes da Academia de Líderes Ubuntu que desenvolvem projetos sociais. O vídeo da escritora Chimamanda Ngozi Adichie - “O Perigo da História Única” – serviu também para inspirar os participantes antes de serem desafiados a refletir sobre a sua própria história de vida através da dinâmica Linha da vida. Depois de um fim-de-semana de grandes momentos de reflexão e inspiração e em jeito de inspiração de caminho futuro, liderado pelo sonho, cada participante subiu ao palco para partilhar ‘Com a minha vida eu quero…’.
  • 16. Doaa Al Zamel Refugiada Síria A mensagem mais importante que gostava de transmitir a estes jovens é que devem sempre olhar de frente para os medos e quebrar o medo e também o silêncio e sempre seguir em frente porque é esta a geração que é responsá- vel pela paz. Padre Domingos da Fonseca Presidente da Comissão Organizadora da Conferência Nacional para a Consolidação da Paz e do Desenvolvimento | Guiné Ubuntu, pela profundidade do seu amor de ser, conseguiu qualificar aquilo que o homem precisa na sua essência. Vai ao encontro da ansiedade do desejo mais profundo do ser humano, por isso, toda a pessoa que compre- ende o estilo de vida de Ubuntu, não pode não aderir a este movimento. Porque antes de tudo, ele é o primeiro a beneficiar, porque se sente libertado, livre interiormente e revestido de uma força vulcânica para enfrentar qualquer problema existencial. Os jovens que estão inseridos neste movimento estão a ser modela- dos nesta espiritualidade Ubuntu para se tornarem jovens dignos, combatentes, jovens líderes para mudar qualquer situação social em qualquer parte do mundo. É uma escola de vida. É uma escola de aprendizagem daquilo que constitui a essência do ser humano. Vive- mos numa sociedade muito superficial. As pessoas têm medo do autoconhecimento, da autointeriorização, vivemos na superficialidade e não nos conhecemos. Ubuntu é o caminho de conhecimento de si mesmo, para ir ao encontro dos outros. Espero que, cada vez mais jovens integrem este movimento, para contarmos com uma juventude sã e que tenha consciência da dignidade da pessoa humana, uma juventude que se constrói para se transformar em instru- mento de transformação da sociedade. D. Carlos Ximenes Belo Nobel da Paz | Timor O mundo precisa de líderes que sejam forma- dos em valores, sobretudo olhando também para grandes figuras de homens e mulheres que construíram o mundo com o seu sacrifício ou até com o seu martírio, por isso louvo a existência da Academia de Líderes Ubuntu. Espero que este projeto também chegue a Timor Leste para formar os nossos jovens.
  • 17. Geoffrey Corry Centro de Reconciliação Glencree | Irlanda Acho que aqui construíram um movimento poderoso de jovens líderes na filosofia Ubuntu. Gostaria de introduzir este conceito, no sentido de entusiasmar os jovens com quem já trabalha- mos com esta filosofia e abordagem porque precisamos de ter cada vez mais jovens ligados à vida política que compreendam o que já acon- teceu no seu país e trabalhar a partir daí. Julian Marin Centro Fé e Culturas | Colombia A Academia de Líderes Ubuntu está a fazer um grande esforço por consolidar, em diferentes contextos, alguns processos para a formação de profissionais e jovens comprometidos com a paz e reconciliação. Definitivamente esta opor- John Carlin Jornalista, escritor e documentarista Estou muitíssimo impressionado pelo que a Academia de Líderes Ubuntu faz e inspira fazer e estou muito agradecido e contente por, não conhecendo a Academia de Líderes Ubuntu, ter aceitado o convite de participar e poder assistir ao trabalho que é feito. tunidade é bastante importante para qualificar os processos de mobilização comunitária, qua- lificar o trabalho que fazem os líderes de orga- nizações nos temas de paz, porque a metodo- logia que construiu permite-nos entender de maneira concreta e fácil como se pode melho- rar as capacidades de liderança, especialmen- te juvenil e de pessoas que a põem em prática para transformar os seus contextos. É um trabalho fundamental e permitiu-nos, no contexto do nosso país, consolidar essa pers- petiva de formação de líderes para a transfor- mação para a paz e reconciliação.
  • 18. Margarida Magalhães Ramalho Historiadora | Portugal De alguma forma, todos nós, enquanto seres humanos no mundo global, a única forma de levarmos isto a bom porto é percebermos que todos temos ligação uns com os outros, e é muito interessante ver este grupo de pessoas tão jovens a ter já essa ideia de que é importan- te servir: no fundo é resolver dar uma parte do seu tempo e da sua vida em prol de toda a gente. Para mim é isso a consciência cívica: termos noção de que os outros podem ser nós e vice-versa. dade de atender a cada pessoa ao seu redor - é fenomenal. Relembrou-me os tempos da minha vida na aldeia, quando tínhamos convidados, tudo girava à volta dos convidados, até se irem embora independentemente do tempo que ficavam. A atmosfera aqui é eletrificante, é tão humana, é tão Ubuntu. Martin Kalungu-Banda Presencing Institute UK | Zâmbia Estar aqui em Lisboa e experienciar as pessoas da Academia de Líderes Ubuntu surpreendeu- -me muito, na qualidade do serviço, na capaci- Melissa Gomez Centro Fé e Culturas | Colômbia Creio que sou hoje uma privilegiada por ter a oportunidade de conhecer a Academia de Líde- res Ubuntu, por poder absorver esta metodolo- gia e ser convidada a ser coformadora da Aca- demia e ter a possibilidade de ver outras pesso- as a enriquecer esta metodologia. No contexto em que se encontra o meu país, há uma neces- sidade de reconciliação. Sinto que chegou o momento preciso para isto.
  • 19. Nuno Delicado Diretor Sport Impact | Portugal e Timor Leste Para mim servir comunidades é incluir-me a mim na comunidade e pensar na comunidade como parte de mim e eu como parte da comunidade. Não é um trabalho altruísta mas sim um trabalho por nós, como eu a comunidade, todos nós, e a contribuição para que todos possamos viver uma vida melhor. Na Sport Impact acreditamos muito em “roubar” ideias: “roubar” conheci- mento, “roubar” experiências, “roubar” a vida dos outros de forma positiva para podermos tornar nossas algumas ideias, experiências e conhecimentos e podermos aplicá-las para benefício de outros. Histórias de vida, as nossas e as de outros, são o meio para podermos “roubar”. Roubamos sabendo como é que outros vivem, com que valores, ideias vivem, roubamos também quando partilhamos e ajudamos os outros a roubar as nossas ideias e nos tornamos multiplicadores não só das nossas ideias, conhecimentos e experiências como também daquelas que já roubámos de outros. Histórias de vida são um meio fantástico de nos inspirarmos a nós próprios e de inspirarmos os outros a construirmos vidas melhores. Eu sinto- -me muito identificado no trabalho que fazemos na Sport Impact com o que conheço da Acade- mia de Líuderes Ubuntu, a ideia do autoconheci- mento e autoconfiança como base para poder- mos empoderar-nos, para podermos fazer alguma coisa, a resiliência no sentido de traba- lharmos de forma consistente e comprometida para fazer algo acontecer, a empatia com o outro e o serviço ao outro como formas de dedi- carmos a vida a criar um mundo melhor à nossa volta que pode ser um grande mundo ou um pequeno mundo à nossa volta, todo o planeta. Paula Guimarães Fundação Montepio A Fundação Montepio tem acompanhado o crescimento da Academia de Líderes Ubuntu, que excedeu todas as nossas expectativas. Tem sido um sucesso neste processo de sementeira a longo prazo de novos líderes, não só no terri- tório português mas já noutros territórios. Acre- ditamos profundamente que é este o caminho – de incutir novos modelos, novos valores e formas de estar, mais colaborativas nos jovens e nas novas gerações. Tal como o mutualismo sempre nos ensinou, é a muito longo prazo que se constrói a mudança, e é isso que Academia de Líderes Ubuntu faz, todos os dias.
  • 20. Ricardo Alexandre Jornalista | Portugal Só o facto de haver gente que procura orientar a sua conduta em sociedade de acordo com os princípios que foram caros e que motivaram Nelson Mandela, só por si é extremamente positivo e uma mais valia para qualquer institui- ção que ampara este tipo de abordagem. Salvador Mendes De Almeida Associação Salvador | Portugal A integração das pessoas com deficiência é o meu ponto de vista e da minha experiência pessoal, através da relação com os outros: com os familiares, terapeutas, com quem nos ajuda a fazer o nosso dia-a-dia e descobrir também aquilo que nos faz feliz: trabalharmos e fazer- mos algo que faça sentido para nós neste cami- nho de descoberta interior e dê sentido à nossa vida. O serviço e a preocupação com o bem-estar do outro ao nosso lado é uma temática fundamen- tal e só quem lida com organizações sociais e não-governamentais tem essa experiência e sabe que marcar a diferença na vida de outras pessoas tem um prazer e uma recompensa enormes no nosso dia-a-dia. Sei por experiên- cia própria que tem um sabor altamente espe- cial e dá outro sentido às nossas vidas, portanto recomendo que partilhem as vossas experiên- cias, os vossos projetos, porque só todos juntos é que conseguimos fazer do local onde estamos um sítio melhor para todos. Willie Esterhuyse Professor na Universidade de Stellenbosch África do Sul A razão pela qual tive contacto com a Academia de Líderes Ubuntu foi para contar a minha histó- ria, uma vez que estive envolvido no processo de pré-negociação que acabou com o sistema do Apartheid na África do Sul. O que eu reparei na minha experiência aqui na Academia de Líderes Ubuntu não foi apenas as coisas maravi- lhosas que disseram acerca de Mandela e de mim, mas a forma como esta nova geração inte- gra e reencarna a essência de Ubuntu em termos de “Tornar-me através do outro”.
  • 22. Quem sou? Adalmira da Silva, 29 anos De onde sou? Guiné-Bissau Na forma como me vejo: É-me difícil qualificar o impacto da Academia na minha vida, no que refere à forma como me vejo, uma vez que entrei nesta família numa fase em que posso dizer que tinha a autoestima igual a zero, sem exagero. Fase em que não conseguia sequer olhar-me ao espelho e reconhecer em mim algo de interessante. Na Academia, aprendi a conhecer-me melhor, a aceitar aquilo que sou, tal como sou, e a gerir melhor a minha ansiedade, que é um problema que sempre tive e que dificultava muito a relação comigo mesma. Na relação com os outros: Esta incrível viagem que é a Academia ajudou-me a ser mais tolerante e empática para com os outros. A minha forma de estar e de me relacionar com os meus, tanto a nível familiar como profissional, melhorou bastante. Estou numa fase em que aprendi que não devo espe- rar muito dos outros, mas sim dar mais de mim para os outros, aprender a pôr-me no lugar do outro, tentar compreendê-lo e encontrar um caminho/solução para ajudá-lo. Viver ao serviço da humanidade. Saber gerir conflitos e procurar sempre ser pontífice. Dou-me melhor com os que me rodeiam hoje em dia. Na forma como vejo o mundo: Desde que entrei para esta «família», e depois desta viagem feita, vejo um mundo diferente, cheio de esperança e com pessoas que ainda acreditam na humanidade. Partilhar esta caminhada com cada um dos meus colegas e animadores, todas as vibrações positivas e as dinâmicas emotivas, motivadoras e transformadoras que vivemos, fizeram-me ter mais fé e esperança de um mundo melhor e mais humano, onde possamos todos aprender e tomar consciência que só somos, porque os outros são. Agradeço a Deus, ao IPAV e a todos que, de uma forma ou outra, fizeram com que a realiza- ção deste meu grande sonho, que é pertencer à família Ubuntu, seja possível! Um bem-haja e que ponhamos todos em prática os ricos ensi- namentos da Academia Ubuntu. Quem sou? Adilson Albino Lé 26 anos De onde sou? Guiné Bissau Agradeço à Academia Ubuntu porque aqui sinto-me em família, porque mesmo com as minhas dificuldades linguísticas há sempre pessoas que me querem ouvir. Que impacto teve na forma como me vejo? Ao longo deste período de formação, Ubuntu tem tido um grande impacto na minha vida. Apesar das dificuldades para me deslocar aos locais do encontro para os seminários, por estar a viver em Beja, nunca me cansei e nunca pensei em desistir. Ubuntu para mim é uma família, é um lugar onde me sinto em casa, onde sinto a existência e os sentidos da vida. As atividades e dinâmicas fazem-me sentir que a vida tem muito mais do que aquilo que penso e faço e que vale a pena deixar um legado na medida do possível. Hoje vejo-me com um autoconhecimento refor- çado. Estou disposto a lutar pelos meus objeti- vos, por mais dificuldades e desafios que me apareçam pela frente. Sempre gostei de participar em atividades de organizações e associações e de fazer trabalhos voluntários para a minha comunidade, mas a minha participação nunca era profunda, só me limitava a cumprir tarefas e não me envolvia na gestão da organização. Isso acontecia por causa da minha dificuldade em estabelecer relações e da falta de autoconfiança. Mas hoje isso já não representa uma dificuldade porque aprendi que temos de derrotar as montanhas por mais altas que sejam. Hoje vejo as coisas de uma maneira diferente do que há anos atrás. Muita coisa hoje mudou em mim. Hoje sou capaz de perceber e relacionar-me com as diferenças, as diversidades de pensamentos e sou capaz de lidar com dificul- dades e frustrações. Isso me ajuda bastante.
  • 23. Que impacto teve na relação com os outros? Tem um grande impacto. Comecei a perceber e a reconhecer a importância dos gestos das outras pessoas para a minha convivência, alegria e sucesso. É isto a filosofia Ubuntu - “eu sou porque tu és”. Hoje sou Adilson Ié, porque, duma forma direta ou indireta, algumas pessoas contribuíram e contribuem para isso. Portanto, é interessante criar boas relações. Que impacto teve na forma como vejo o mundo? Hoje vejo o mundo numa perspetiva positiva, apesar dos constantes constrangimen- tos. Hoje vejo que sou a parte daquele todo que constrói o mundo. Então, se quero o mundo mais belo e coeso, como sou uma parte dele, tenho que lutar para deixá-lo melhor. Acho que esse exercício da solidariedade com o mundo, quando se pratica de verdade no dia a dia, ensina-nos a conhecer o outro e a conhe- cer as grandezas escondidas nas coisas peque- nas. Isso implica também denunciar grandezas em coisas falsas. No mundo, acho que se confunde muito gran- dezas com grandinho, porque se virmos bem, a corrida é mais para ter do que para ser. Anda- mos à procura de coisas no exterior quando as temos dentro de nós, como o sorriso, os abra- ços, a empatia, a humildade, a solidariedade… Enxergar o mundo deste jeito pode-nos ajudar a ter um bom futuro. Quem sou? Adilson Vieira, 23 anos De onde sou? Guiné-Bissau Pronunciar-me sobre o impacto que a Acade- mia de Líderes Ubuntu teve em mim é algo tão profundo que não é fácil descrever em poucas palavras. Mas, ficar sem, ao menos, tentar referir algo seria um grande desperdício. Fazendo uma autoanálise e autorrevisão, posso dizer que interiormente os valores resgatados na Academia de Líderes Ubuntu me fazem sentir mais positivo. Vejo-me como uma pessoa que adquiriu não só os ensinamentos Ubuntu, mas também os alicerces ou ferramentas capazes de me torna- rem numa pessoa que uma sociedade necessita. Posso afirmar que cresci bastante em termos de humanidade e que os valores Ubuntu estão enraizados interiormente para propagá-los corretamente. A diferença de cor, cultura, pensamento é algo muito diversificante e muito rico. O viver na prática a palavra Ubuntu "Eu sou porque tu és" é a melo- dia arrepiante, é a vibração em que transmitirmos os bons frutos que somos, pelo Bem que fazemos uns pelos outros. Poder perceber a empatia do outro incentiva a trabalhar para que permaneça o conceito Ubuntu. O mundo somos todos nós. Sem valores, a sociedade continuaria no caos. Compreendo que muitos líderes claramente lideraram ao estilo Ubuntu com um único intui- to: salvar o mundo. Perante as situações de mal em que o mundo está embrulhado, a Academia de Líderes Ubuntu tem um impacto construtivo e salutar na recuperação dos seres humanos. Pois é, claro que o ser é recuperável. De uma forma concludente, afirmo que o mundo terá boas lideranças se cada um enten- der que o nosso próximo é o prolongamento ou réplica de nós mesmo. Se todos investirem na liderança servidora, obviamente que poderemos deixar o mundo ainda de melhor forma do que o encontrarmos. Quem sou? Ana Bento; 20 anos; De onde sou? Porto A Academia de Líderes Ubuntu entrou na minha vida um pouco de paraquedas. Candidatei-me como de forma automática, sem qualquer espe- rança e na altura em que uma amigdalite me
  • 24. encontrou, recebo a fantástica chamada de que teria sido aceite naquela rotina mensal que tanto eu ansiava. A Academia conseguiu que eu me olhasse, entendesse e compreendesse o que sou, o que transpareço e o porquê desta personalidade a que tantos classificam de ‘’complicada’’. Agora, em vez de ignorar os meus defeitos ou até de os querer esconder, mostro-os com orgulho e tento mudar o que sei que ainda não está total- mente correto em mim. Após uma análise introspetiva também fui capaz de entender que, apesar de uma pessoa comum, como tantas outras no mundo, eu posso e devo fazer a diferença. Uma diferença pequena, grande? Não interessa, o que interes- sa é fazer! Todo este percurso também impactou a forma de ver os outros e motivou-me a mudar a ligação que mantenho com os que me rodeiam porque afinal, ‘’eu sou porque tu és’’. Aprendi a valorizar-me e, consequentemente, a valorizar os outros e a tentar sempre perceber a história de cada um antes de partir para pré-julgamen- tos. As partilhas, as dinâmicas, as atividades ou até os jogos que nos foram apresentados, todos, de alguma forma, tiveram um impacto na minha vida e foram imprescindíveis para me fazer acre- ditar que muitas das vezes que nos lamuriamos, não existe razão possível para tal. Comecei a valorizar pequenas coisas na minha vida para que, um dia, quando olhe para trás, não possa arrepender-me de nada. A Academia e o lema Ubuntu ensinaram-me que a vida é efêmera e que é deveras importan- te entender o significado de “carpe diem” e utilizá-lo religiosamente na nossa vida. Por isso, agora, o importante é aproveitar e saborear cada objetivo alcançado e enfrentar os dias maus, não como uma derrota, mas sim como uma aprendizagem. Obrigada Ubuntus. Quem sou? Ana Oliveira Ramos, 34 anos De onde sou? Porto Do reconhecimento à reinvenção Sempre que me confronto com um exercício de exploração de significado recorro a metáforas. Sinto que é a via mais rica para transmitir algo que é tão pessoal e indizível. No que respeita à minha participação na 5.ª edição da Academia de Líderes Ubuntu, a metáfora que me ocorre de forma imediata é a do Espelho. Todas as experiências que vivi ao longo da Aca- demia promoveram um conhecimento mais profundo acerca de quem sou. Permitiram que me olhasse por dentro e através do tempo. Obrigaram-me a olhar-me nos olhos. Favoreceram, também, um movimento de reco- nhecimento. Reconheci-me em mim (na medida em que consolidei a importância dos meus valo- res e o meu propósito), vi-me reconhecida (na medida em que tomei consciência do meu valor e do impacto que tenho nos outros, nomeada- mente pelas suas palavras) e reconheci-me nos outros (na medida em que me encontrei nas palavras e experiências dos meus colegas e nesta família Ubuntu – senti-me em casa). Sempre fui uma Pessoa voltada para fora, atenta aos outros. A Academia não me deu isso, refor- çou. Deu-me, isso sim, a renovada e feliz consci- ência – de forma tão nítida que tangível e inquestionável – de que há uma fonte infinita de energia e vontade no coração de cada um de nós, motor de plena empatia e contributo. Encontrei na Academia exemplos genuínos de serviço que me fazem ter esperança no futuro. Bebemos todos/as dessa fonte infinita e sabe- mos ser capazes de mostrar aos outros que nos alimentamos do mesmo combustível: amor. “Construir Pontes”, “Liderança Servidora” e “Coragem Cívica” foram dos temas mais impac- tantes para mim. Deram-me a oportunidade de nomear conceitos que tinham um sentido muito inteiro no meu coração e que o meu vocabulá- rio vislumbrava, mas não alcançava.
  • 25. Gostava de acrescentar, que fui limpando este espelho no decorrer da Academia e deixando que me mostrasse que há muitas cores entre o preto e o branco; que cada situação deve ser olhada na plenitude do seu colorido e comple- xidade, tendo o respeito como bússola. Este espelho foi, também, janela para o mundo, robustecendo a consciência de que o mundo é a minha casa ou, dito de outra forma, no mundo estarei sempre em casa e serei lar para quem de mim precisar. Sei que, apesar da Academia em si ter um fim, este espelho Ubuntu estará sempre disponível, porque faz parte de mim e de cada Pessoa que comigo se cruzar. Poderei sempre ver-me, rever- -me e ver os outros através dele. Muito grata por esta experiência de encontro, ressignificação e reinvenção. Quem sou? Anaximandro Monteiro, 27 anos De onde sou? Guiné-Bissau Sou Anaximandro Ferreira Monteiro, guineen- se, tenho 27 anos e aluno de Gestão de Recur- sos Humanos no Instituto Superior de Ciências Sócias e Políticas da Universidade de Lisboa. Tive o privilégio de ser um dos participantes desta 5ª Edição da Academia de Líderes Ubuntu, à qual agradeço profundamente. De uma forma resumida, foi uma experiência muito desafiante e inspiradora para mim. Para melhor debruçar-me sobre o impacto que a Academia teve na minha vida vou me concentrar em três eixos fundamentais: o impacto que teve na minha vida; o Impacto que teve na minha relação com os outros; o impacto que teve na forma como vejo o Mundo. O impacto que teve na minha vida: Para melhor falar sobre este assunto, recorro a uma citação que diz “A mudança não acontece por acaso, é preciso fazer acontecer”. Dito isto, acho que agora sou uma pessoa bastante diferente do que quando entrei aqui na Academia. Vejo uma mudança bastante positiva na minha vida, permi- tiu-me conhecer-me a mim mesmo, explorar as minhas qualidades e competências e desenvolver o meu autoconhecimento. O impacto que teve na minha relação com os outros: Um dos pilares da Academia é a empatia. Penso que ao longo desta minha experiência trabalhei muito nesta minha relação com os outros, a forma como lido com as pessoas agora é diferente. Sou uma pessoa mais empática, mais aberta, mais próxima dos outros, ou seja, permitiu trabalhar muito a minha relação humana. O impacto que teve na forma como vejo o Mundo: Nesta matéria penso que ainda há um longo caminho a percorrer. Continuo a ver muitas desigualdades sociais no Mundo, continuo a ver líderes que só servem a si mesmo, continuo a ver a discriminação, o racismo, a xenofobia, o medo... Por isso é muito importante continuar a consciencializar mais pessoas a trabalhar sobretudo os eixos da Liderança Servidora e do serviço. Julgo que estas são as matérias essências para trabalhar no sentido de termos um mundo mais justo. E para terminar, agradeço a toda a equipa da coor- denação da Academia de Líderes Ubuntu, em especial ao Senhor Rui Marques pela forma conta- giante e cordial como sempre me e nos tratou e a toda equipa dos animadores e animadoras. Um abraço, muito especial a todos os meus cole- gas Ubuntus, e lembrem-se “Eu sou porque tu és“. Quem sou? Ana Rita Ferreira, 23 anos De onde sou? Guimarães (Tu também.) Ubuntu. Sempre fui. Hoje acordei com a certeza de querer mudar o Mundo. Os meus olhos brilham e anseiam por descobrir, por desmistificar, por distorcer a linha entre o possível e o impossível e conquistar terre- no ao “nunca antes feito”. Hoje acordei com a certeza de que olho na direção certa, depois de aprender que para mudar o mundo o essencial é ouvir com muita atenção para lá do ruído, ver
  • 26. para além do óbvio (atenção, pode requerer algum contorcionismo) e agir, ainda que com medo, de acordo com o que acredito. Hoje acor- dei com a certeza de que o meu sonho não é só meu. Hoje acordei com toda esta força. Agora os outros parecem-me mais perto. A sua estranha linguagem passou a ser o nosso dialeto. As minhas ideias fixas parecem agora terem-se moldado a algo abstrato, não sei bem distinguir o quê (será um abraço?!). Da minha janela já não olho sozinha e a paisagem parece bem mais vasta – também os muros se moldaram e de forma quase poética se mesclam com o resto do quadro. Eles estão aqui, comigo, olhando na mesma direção, acreditando nos mesmos valo- res, partilhando comigo as desventuras e as peripécias. Eles são assim, sempre presentes. Eles são bem mais parecidos comigo do que percebia. Eles deixaram de ser “eles” e passaram a ser “nós”. Pouco a pouco tomo consciência de mim. Olho para onde não queria olhar, para descobrir que o gelo derreteu e que a frieza e dureza já não preci- sam de me defender. Começo a redescobrir-me, num processo em que nunca sei se falta muito ou pouco para o fim. Quanto mais procuro, mais há para descobrir. E sinto-me bem. Imperfeita. Humana. Humana. Imperfeita. No meio do reboli- ço, as preocupações do dia-a-dia blindam-me. Criam uma carapaça que enrijece sem que dê conta e dou por mim apertada e sem ar, os olhos a pedir que os feche e convenço-me que é só mais uma hora e que é só hoje que fico assim cansada. Acordo e repito. Levanto-me e, sem ter ainda completamente despertado os meus pés já vão roboticamente no mesmo caminho de ontem. De ontem e anteon- tem. Acordo. Exausta. Desafio-te agora ler o texto do fim para o início. A vida corre no sentido que a levarmos. Às vezes temos é de mudar a perspetiva. Assim aprendi. A Academia de Líderes Ubuntu não é sobre tornarmo-nos Ubuntu, mas antes sobre reconhe- cermos o Ubuntu em nós. É redescobrimo-nos valorizando as imperfeições, olhar os outros pela lente da empatia, dispormo-nos a servir e ganhar alento para sonharmos, sabendo que não esta- mos sozinhos. Obrigada Ubuntus. Quem sou? Ângela Rodrigues, 32 anos De onde sou? Lisboa Queria começar este texto a dizer que adorei participar na Academia de Líderes Ubuntu. A Academia foi bastante enriquecedora em todos os sentidos, o que torna bastante difícil de colo- car tudo que sinto e penso em palavras. A Acade- mia permitiu-me aprofundar os meus conheci- mentos mais teóricos sobre Direitos Humanos e liderança, mas acima de tudo, a Academia permi- tiu-me conhecer pessoas incríveis que me ensina- ram imensa coisa que levo para a vida. A Acade- mia fez-me ver o “outro” com outros olhos, com um olhar mais holístico e compreensivo- Fez-me também perceber a importância da empatia e da compaixão no percurso que é a vida, quer seja a nível pessoal ou profissional. Mais do que isso, a Academia fez-me evoluir e partilhar histórias da minha própria vivência que até então nunca tive falado em voz alta para ninguém fora do meu círculo de confiança, e isso é bastante libertador. A forma como o grupo se relacionou ao longo deste ano foi incrível, algo que nunca senti ante- riormente na minha vida. Seminário após seminá- rio o sentimento de pertença e de companheiris- mo foi aumentado e hoje sei que levo bons amigos comigo. Acredito que o verdadeiro impacto que a Academia teve em mim, pessoal e profissionalmente, ainda está para vir. Foi tudo bastante intenso e o tempo dirá a forma como essas aprendizagens se irão revelar. Quero agradecer do fundo do meu coração a todos que fizeram este percurso comigo. Estare- mos sempre juntos. Irmãos Ubuntus.
  • 27. Quem sou? Bubacar Bari, 20 anos De onde sou? Guiné-Bissau Que impacto teve na forma como me vejo? Vejo-me muito renovado, determinado, esperan- çoso. Não podemos ignorar que a Academia Ubuntu é um ótimo sítio para resgatar valores, se quisermos. De lá voltei a ser a pessoa que eu era. Mais humano, resiliente, e mais atento. Que impacto teve na relação com os outros? Ubuntu estimulou a minha capacidade de empa- tia, hoje sinto-me uma pessoa mais aberta e considero-me muito ponderado. Que impacto teve na forma como vejo o mundo? Hoje vejo o mundo em duas dimensões diferen- tes: de um lado, com muita esperança por saber que realmente existem pessoas que defendem grandes causas e tudo o que querem é que vivamos em comunhão e num mundo mais justo. Por outro lado, muito revoltado por saber que a hipocrisia ainda está presente nas almas das pessoas e que na verdade não existe uma verda- deira e real intenção de mudança, mas sim de voltar a evangelizar tudo de novo. Quero agradecer do fundo do meu coração a todos que fizeram este percurso comigo. Estare- mos sempre juntos. Irmãos Ubuntus. Quem sou? Carolina Basto, 32 anos De onde sou? Braga Qual é o impacto que a Academia de Líderes Ubuntu? Imaginem que passam a vossa vida intei- ra à procura de um tesouro e que durante o cami- nho encontram algumas pistas, que vos dizem que estamos na direção certa. É isto que significa a Academia de Líderes Ubuntu, um tesouro que junta várias pistas que fui encontrando pelo cami- nho. É uma ponte para a minha vida pessoal e profissional, o ponto alto de minha valorização pessoal e autoconhecimento, e a forma mais profunda de chegar ao outro. É juntar as várias peças da minha vida e fazer um puzzle, e é por isso que é um tesouro. Qual é o impacto que teve nos outros? Ainda é cedo, mas vejo que se tem tornado num ponto de partida para aprender a construir pontes com a minha família, para aprender a valorizar-me e dar o melhor de mim aos outros. Para me ajudar na minha vida profissional a ser melhor psicóloga e aprender a ser cada vez mais humana e empáti- ca. Percebo que esta abordagem tem suscitado alguma curiosidade na minha rede de contactos, e espero que lhes dê sementes, para continua- rem a fazer o mundo mais Ubuntu. Qual é o impacto na forma como vejo o mundo? Aprender que é mais aquilo que nos une do que aquilo que nos separa. Todo o ser humano é Ubuntu, independentemente da raça, religião, percursos de vida, características pessoais, etc. Sendo pessoa, tem o mesmo direito a ser valori- zado, ser respeitado, ser amado, e aprender a ser cada vez melhor. Apesar de ainda ter um longo percurso pela frente, relativamente à aceitação da diferença nos outros, sinto que é por aqui o caminho, aprender a ser pessoa com as outras pessoas, e aceitar o outro tal como ele é. Quem sou? Célia, 28 anos De onde sou? Seixal Para mim a Academia Ubuntu foi uma peça de um puzzle que tenho vindo a completar. Algum contexto… Há um ano atrás, tive a oportunidade de visitar um dos países mais bonitos do mundo (para
  • 28. mim): Moçambique. Depois de uma vida “não- -muito-fácil-por-cá”, por motivos financeiros, emocionais, profissionais e familiares, um bilhete na mão para passar 6 meses fora num sítio tropi- cal, era tudo o que estava a precisar. E a trabalhar. E a fazer voluntariado. Só pensava para mim: liberdade: check, paz de espírito: check, felicida- de e sorriso no rosto: check check check! Chegada a Moçambique. Tropicalidade: confere. Praias à vista: Não senhor. Maputo não é um paraíso de cidade mal se chega, é uma cidade agitada, com algum trânsi- to, muito poluída e vê-se, imediatamente, muita pobreza ao sair do aeroporto. Mas se muitos não gostam deste lado de Moçambique e preferem as praias, o meu coração foi entregue à antiga cidade de Lourenço Marques desde o primeiro nano-segundo. Fui feliz ali. No meu 12º andar, com rooftop priva- do e uma vista sob a cidade, que nunca esquece- rei. Com os meus 4 colegas e amigos de casa e outros tantos que trago no “bolso”. Um país onde as senhoras mais velhas tratamos por “Mãe” e os senhores mais velhos tratamos por “Pai”. Onde não existem passeios solitários, porque haverá sempre alguma “Mamana” a vender fruta ou algum amigo a querer genuina- mente ser nosso amigo, mesmo só nos conhe- cendo há 5 minutos. E porque não? Estes 6 meses foram como que uma botija de gás para mim, por isso quando regressei a Portugal não estava preparada para voltar à vida “não- -muito-fácil-de-cá”. Passei por uma grande introspeção e tive algumas crises existenciais. E dei início ao meu caminho. Constatei que apenas 2 pessoas na vida me tinham perguntado o que me fazia feliz e, curiosa- mente, essas duas pessoas não me eram próxi- mas, não foi um namorado, uma mãe, pai, primo, amigo, vizinho que me fez a pergunta. Aconteceu por mero acaso, uma vez em 2014, no final de uma entrevista e outra, o ano passado, enquanto conversava com um rapaz que encontrei numa baía, em Maputo, enquanto fazia uma caminhada. Logo após o meu regresso, comecei quase a fazer listas de coisas que me faziam feliz, desde as mais banais a projeções futuras, sonhos, objeti- vos, quem quero ser? Ou quem sou agora. Eventualmente, algumas respostas foram surgin- do, mas nem sempre as nossas questões são entendidas por quem nos é mais próximo. E muitas das vezes, esta falta de entendimento não se deve necessariamente à ignorância ou falta de sensatez, mas porque não sentem literalmente as frustrações na pele e nem todas as sensações ou emoções são propriamente fáceis de descrever. Quando aparece o Ubuntu, entendo que há mais missionários por aí em busca do seu próprio propósito. E se é bom de vez em quando sermos um pouco “loucos” na vida, no outro de vez em quando também é bom não nos sentirmos assim tão loucos e sabermos que não estamos sozinhos. A Academia veio reforçar a minha jornada. Passa- mos a vida a conhecer os outros, primeiro conhe- cemos a família, depois os colegas, amigos, o namorado ou namorada, estrangeiros, conheci- dos, uma infinidade de gente e esquecemo-nos que nós próprios somos a única pessoa com quem vamos estar, sem dúvida alguma, até ao final da vida. Pode ser um grandessíssimo clichê, mas eu escolhi não o ignorar mais. Como são feitas muitas dinâmicas introspetivas na Academia às vezes damos por nós a ter que pensar para sabermos qual é a nossa verdadeira opinião sobre determinada temática ou o que estamos a sentir, a resposta não é imediata. É uma descoberta constante sobre quem somos. E é uma descoberta constante dos outros, porque estamos todos a fazer a mesma reflexão em simultâneo. É a atmosfera ideal para quem se quer encontrar. Quem sou? Daniel Rodrigues, 26 anos De onde sou? Lisboa “Nothing can dim the light which shines from within” – Maya Angelou Numa sociedade e educação que muita vez nos pregam o individualismo e a competição, Ubuntu abre-nos os olhos para o que de verda- de importa, que são as ligações que temos uns com os outros, com o potencial de melhoria que podemos ter no mundo se unirmos as mãos e trabalharmos em conjunto. É no princípio que eu somente existo devido ao outro que deve- mos alicerçar esta nossa intervenção, que deve- mos dar o máximo respeito possível ao outro e, da mesma forma, ele retribuirá esse respeito a outro. Isto teve e continua a ter impacto em mim, pois impele-me a querer fazer mais, por
  • 29. ver ao meu lado um bom número de pessoas a querer remar contra a maré e trazer um bocado de luz ao mundo! Quem sou? Dionísia Nauana, 25 anos De onde sou? Guiné-Bissau Impacto da Academia de Líderes Ubuntu na minha vida. Bem, o que posso dizer? A Acade- mia de Líderes Ubuntu veio servir de alerta de um certo modo para mim e exatamente por isso teve um impacto enorme na minha vida, despertou-me sobre e para muitas coisas não só da minha vida, mas também na vida de todos que rodeiam. Passou a influenciar bastante a minha relação com os outros. Comecei, por exemplo, a ter mais a atenção de vincar a empatia e serviço aos outros. Tudo isso acaba por refletir na sociedade onde vivo, passando assim a ser um pequeno “grande” passo para a mudança no mundo, espero eu! Porque penso que a minha forma de ser, embora interdependente da dos outros, influencia e é influenciada pela forma de ser de todos à minha volta, e aí pode entrar o “eu sou porque tu és”. Obrigado Academia Ubuntu, passei a ser porque vocês são! Quem sou? Eliquete Afonso, 21 anos De onde sou? São Tomé e Principe Ubuntu foi uma das melhores experiências que tive na minha vida. Hoje posso dizer “sou capaz”. Capaz de enfrentar os meus medos. Capaz de ultrapassar qualquer barreira que seja. Capaz de pensar que amanhã será melhor do que hoje. Capaz de tentar de novo. Com o Ubuntu o meu nível de empatia melho- rou. Agora é impossível não me colocar no lugar do outro. Hoje tenho a consciência que um sorriso pode salvar vidas. Já não vejo o mundo dividido entre bom e o mau. Vejo em cada pessoa um lado bom que deve ser valorizado e aproveitado. Entretanto, também, vejo um lado mau que pode ser melhorado. Portanto, só tenho que agradecer a oportunidade que me deram em tornar-me uma nova pessoa. Obrigada Academia de Líderes Ubuntu. Quem sou? Eveline Almeida, 22 anos De onde sou? Cabo Verde Um dos motivos que me fez entrar na Academia de Líderes Ubuntu é a vontade de encontrar pessoas com quem eu me identifico, pessoas com as mesmas metas que eu, pessoas que juntas podem lutar por um mundo melhor, pois eu sei que esses são os líderes que farão toda a diferença. Porém, na Academia eu encontrei muito mais que esses líderes. Encontrei-me, percebi o porquê de eu ser da forma como sou, percebi a energia que explode dentro do meu peito e ficou ainda mais claro o que quero seguir na vida. Hoje olho para mim e percebo que sou capaz de fazer a diferença neste mundo, começando com os pequenos gestos. Hoje eu sei que posso aprender muito sobre liderança, estar entre os líderes. No entanto, sei que todo impacto que eu possa causar depen- de unicamente de mim, eu sou a mudança e nunca devo esperar que todos se conscienciali- zem que devemos mudar para que esta mudan- ça aconteça, porque a mudança está em cada um de nós. Fazer parte desta grande família
  • 30. fez-me consciencializar que realmente existem pessoas diferentes e que nem todos olham o mundo assim como uma pessoa do Tipo 8 do Eneagrama olha. Acredito que hoje consigo ser mais tolerante, mais compreensiva quando vejo pessoas passivas em relação a um ato desuma- no, consigo perceber que cada ser humano é um ser único, por isso cada um de nós precisa de uma atenção especial e diferencial. O mundo pode ser visto de várias formas, assim como pode ser interpretado de várias formas, e cabe a nós mesmos decidir como queremos viver. Às vezes o mundo parece um campo de bata- lha, onde os maus vencem e os bons perdem. Porém, ao longo da Academia, aprendi que nem sempre isso acontece - aqueles que lutam, aqueles que acreditam do fundo da alma nas suas batalhas sempre saem vencedores, porque todos aqueles lutam por qualquer causa humana já são vencedores. Hoje olho à volta e percebo que todo mundo pode ser um líder, por mais impensável ou improvável que seja, todo mundo pode dar mais de si. Quem sou? Euclides Vieira,18 anos De onde sou? Guiné-Bissau Eu sempre vejo o mundo de uma maneira bem diferente. Às vezes as pessoas exageram na forma como veem as outras pessoas, dizem que se vissem a necessidade do outro antes, realmente o ajudariam no que ele precisasse. Mas não acredito muito que isso aconteça na maioria dos casos, porque andamos todos concentrados em nós e nem nos apercebemos quando alguém realmente precisa e necessita da nossa ajuda. A solidariedade é uma palavra que simboliza o espírito de união entre as pessoas, acho que é uma palavra bem-dita, mas que na realidade social não se aplica na prática. O comportamento do homem na sociedade ainda continua a ser egocêntrico, sempre com receio do desconhecido, quando este não devia ser o modo de agir e comportar do homem perante a sociedade na qual está inserido. O homem é o único ser animal capaz de interagir entre si social e racionalmente, mas creio eu que a Academia Ubuntu nos ensinou a viver para servir o mundo. Isso deve de servir de aprendi- zagem para todos nós e para com os outros que não tiveram a oportunidade de frequentar Aca- demia Ubuntu - o modo de comportar, o espíri- to de partilha, que nos mostra que “o que é de um” pode servir para todos se assim entender- mos para o bem comum, de resiliência, de luta e sacrifício para que a sociedade e as nossas comunidades se tornem cada vez mais um lugar muito melhor. Neste lugar onde o dever do homem para com o homem é ser igual, muito embora, a igualdade só exista na matemática, nos Direitos Humanos isso não se aplica na prática. O grande desafio do Ubuntu é desafiar a lógica da matemática... O Ubuntu é a prática que o mundo precisa usar para mudar as suas táticas mágicas de relacionamento entre homem + sociedade + homem, para que haja um mundo bem melhor, e muito diferente do atual. Quem sou? Fatu Banora, 18 anos De onde sou? Guiné-Bissau Ao refletir sobre o impacto da Academia de Líderes Ubuntu na minha vida, noto que esta experiência só me fortaleceu e deu ainda mais forças para continuar à procura do meu propósi- to aqui na terra. Sinto que alguma coisa mudou dentro de mim, já me sinto mais confiante e capaz de mudar o mundo à minha volta. Se eu pudesse ser um animal, seria uma borboleta, pois ela só voa livremente depois de passar por um processo longo e difícil. Eu vejo a evolução humana como sendo igualzinha à das borbole- tas, de tal maneira que parece que nada nos
  • 31. corre bem e então percebemos que todo esse processo só nos fortifica e dá ainda mais forças para continuarmos a nossa caminhada. Certa- mente, é dessa forma que vejo o meu percurso na Academia Ubuntu. Relativamente à minha relação com as outras pessoas, sinto-me uma pessoa mais rica espiritualmente, no sentido em que ganho sempre algo quando oiço as inspira- doras histórias dos meus colegas, que de alguma maneira me encorajam a ultrapassar também os meus medos e frustrações. Sempre que penso na forma como me relaciono com as outras pessoas, vem-me à cabeça o lema da Academia Ubuntu “Eu sou porque tu és” porque realmente nós só somos verdadeiramen- te felizes quando percebemos que ganhamos muito mais com a compaixão, compreensão, respeito, cuidado, partilha, empatia e, acima de tudo, amor. Todos os líderes que trabalhamos ao longo destes meses ensinaram-me que não importa o contexto onde nos encontramos, não importa a cor da nossa pele, a nossa religião, mas sim aquilo que somos e o que fazemos para ter um mundo melhor e mais justo. Quem sou? Filipa Gama Pereira, 32 anos De onde sou? Lisboa Foi um ano (ou quase) “e pêras”!!! Ano que me permitiu ser mais eu, em que me permiti parar, pensar e saborear a vida! Ano em que reaprendi a ouvir-me, a questionar o que realmente quero e o que me faz feliz. Que não faz mal ter dúvidas, pois o caminho faz-se caminhando e se for necessário podemos ajustar o leme pois “somos os capitães da nossa alma e senhores do nosso destino”. Durante o percurso na Academia fui refletindo sobre a minha maneira de estar na vida, o que me tornou mais consciente do meu verdadeiro Eu e do meu potencial. Foi tão reconfortante olhar com mais clareza para o mundo e para os outros! Perceber as pessoas inspiradoras que dedicam o seu tempo para que o mundo seja um lugar mais bonito e justo! Foi tão bom perceber a importância de conhecer as “outras margens” e a importância da empatia, partilha, diálogo e assertividade. Estes meses todos reforçaram a minha fé na Humanidade! Quando cada um de nós abre as asas ajuda o outro a levantar um bocadinho os pés do chão. Juntos somos mais fortes! Quem sou? Inês Caeiro, 31 anos De onde sou? Porto A Academia de Líderes Ubuntu é uma Escola para a Vida! Quando me inscrevi antecipava um programa inspirador e imaginava que o resulta- do final só pudesse ser positivo. Mas participar na Academia significou muito mais do que aquilo que eu imaginava. Fui guiada através de um percurso altamente inspirador, num cami- nho marcado por muitas pessoas que diaria- mente acreditam que podemos, juntos, cons- truir um mundo melhor para todos! ACREDI- TAR: talvez seja esta a palavra de ordem na Aca- demia de Líderes Ubuntu. ACREDITAR em mim, ACREDITAR nos outros e ACREDITAR que É POSSIVEL tornar o mundo um lugar melhor. Posso não conseguir chegar a todas as pessoas, mas posso chegar a algumas e, só por essas, já vale a pena. Participar na Academia de Líderes Ubuntu fez-me perceber que, mais importante do que o país onde nascemos, a família de onde vimos ou a escola que frequentamos é o que fazemos com toda a bagagem de conhecimen- tos, competências, dons e talentos, luzes e som- bras que carregamos. Com pequenos gestos de amor podemos MESMO fazer a diferença! Basta acreditar e arriscar dar o primeiro passo!
  • 32. Quem sou? Inês Lages Almeida, 25 anos De onde sou? Lisboa Conhecer novas pessoas é onde me sinto mais feliz. Conhecer as suas histórias, as suas formas de ver o mundo, o que elas viveram, o que querem viver... Foi esta troca, vulnerável e sem receios, que encontrei na Academia de Líderes Ubuntu. Sinto-me muito agradecida a todas as pessoas que ao longo deste ano, direta e indire- tamente, me trouxeram um pouco das suas vidas e me permitiram sentir "em casa" sempre que nos encontrávamos. Mais do que um conjunto de fins de semana, dos convidados que tivemos o prazer de receber, do conheci- mento mais aprofundado que temos de cada um dos líderes inspiradores desta Academia, para mim, ser parte desta equipa são os momentos em que, sem ninguém saber, me deixa a pensar com a partilha que fez, com a frase que disse, a história que contou. Se me caracterizo como alguém comprometido e que cumpre as metas que estabeleço para mim própria, este ano foi um desafio que testou os meus limites e vontades. Nem sempre foi fácil conciliar tudo o que se passava na minha vida e estar completamente dedicada, e esse foi sem dúvida o meu maior desafio. A Academia ajudou-me a testar essa dedicação, e perceber a minha tolerância ao que me rodeia, ao tempo com os outros e à necessidade, de mesmo entre pessoas, me retirar para mim e "estar" com os meus pensamentos. Fazer parte deste proces- so, permitiu-me relembrar em mim alguns dos valores Ubuntu que, já fazendo parte de quem eu sou, por vezes desvaneceram e pareciam adormecidos e deu-me força para continuar a acreditar e dedicar-me à construção de uma vida (pessoal e profissional) dedicada ao que mais acredito e gosto, o Desenvolvimento. Olhando em retrospetiva para este ano, é impossível realçar os momentos mais importan- tes de toda esta jornada, ou destacar apenas alguns. Pensar que partilhei com dezenas de pessoas dois dias por mês cheios de momentos intensos e de aprendizagem sobre o outro é algo que não se pode desvalorizar. Quantas vezes passamos menos tempo com pessoas que nos são queridas? Quantas vezes não apre- ciamos os pequenos momentos que temos com quem gostamos? Quantas vezes andamos a correr e não estamos "no presente"? Para além dos valores e da filosofia que nos une e em que todos nos reconhecemos, unem-nos os momentos, as experiências e aquelas partilhas que alguém fez em segredo ou confidência. Unem-nos as pessoas que levamos desta expe- riência e o sentimento de pertença a um grupo, que sem palavras serem necessárias, se sente em conexão daqui para a frente. O melhor destas experiências é isso mesmo, pertencer a algo maior que nós, que dificilmente vamos entender na totalidade, mas que nos faz sentido e se encaixa no nosso Sonho. A Academia de Líderes Ubuntu foi fundamental a fazer-me perceber o quão importante é termos momen- tos dedicados a nós na correria da vida, o quão pequenos gestos do dia a dia podem ser impor- tantes para os outros, e o quanto o mundo precisa que mais gente sorria para a vida sem constrangimentos. Quem sou? Inês Lima França, 19 anos De onde sou? Aveiro Ubuntu lembra-nos da nossa interdependência e neste caminho para o acordar da grande líder que tenho dentro de mim, apercebi-me que sou capaz de construir sorrisos, histórias e, o mais importante, o caminho para a felicidade e o sucesso, mas nunca sozinha. Na vida temos os líderes e os seus seguidores, estes que, para além de usufruírem das nossas lições, também irão educar-nos e desafiar-nos a sermos melho- res seres humanos, logo melhores líderes. Hoje
  • 33. vejo uma Inês mais humana e corajosa. “Uma boa liderança é sobre experiências huma- nas (…) é uma atividade humana que vem do coração e leva em consideração o coração das outras pessoas”, Lance Secretar. Para aprender- mos com os outros, temos que saber ouvir, avaliar o porque da sua opinião e saber aceitar as ideias dos outros apesar de por vezes não concordarmos com elas. Com a Academia pude fortalecer três aspetos importantes para uma boa comunicação - saber ouvir, compreender e aceitar o que os outros dizem. As pessoas ao meu redor já conseguem falar comigo sobre mais assuntos, sem terem medo da minha reação. Aprendi a cativar as pessoas - “(…) - Cativar quer dizer o quê?(…) – É uma coisa que toda a gente se esquece - disse a raposa - quer dizer criar laços (…)”, Antoine de Saint- Exupéry O meu mundo era bem mais pequeno, menos rico em cultura, em pessoas, em história e em geografia. A partir da Academia pude retirar as minhas correntes, estas que me prendiam à monotonia de uma vida sem preocupações, conhecendo novos países, histórias e popula- ções que me demonstraram realidades diferen- tes das que eu estava habituada. Quem sou? Inês Moreira, 24 anos De onde sou? Lisboa Como em muitas outras coisas boas da vida, conheci a Academia de Líderes Ubuntu a partir de conversas cruzadas a meio de uma pausa de café de almoço. O café chegou tarde, e fez com que perdesse o primeiro seminário, mas a partir daí não voltei a falhar nem um fim-de- semana. Finda a jornada, é tempo de refletir sobre o que ficou em mim desta Academia! Pelos temas transversais e atuais que são abordados, é inegável a forma como a Academia de Líderes Ubuntu nos faz “desacelerar” e “nos obriga” a sermos confrontados com a realidade, seja atra- vés do forma como nos vemos a nós próprios, a forma como nos relacionamos com os outros ou a forma como passamos a ver o mundo. Para mim, o mais marcante foram as dinâmicas de empatia que fizemos em grupo. O exercício de nos colocarmos na pele do outro (independen- temente de quem esse outro é) é absolutamen- te necessário para nos mantermos humanos no nosso dia-a-dia, e infelizmente não são muitas as oportunidades que temos para o praticar- mos. Assim, estas dinâmicas foram verdadeiras chamadas de atenção à facilidade com que nos desprendemos desta qualidade, fazendo com que criemos e alimentemos um cerco imaginá- rio onde “nós” nos separamos “dos outros”. Um exemplo deste embate de realidade foi o seminário em que tivemos a oportunidade de conhecer a Doha, uma mulher incrível com uma história de vida mais do que inspiradora. Falar- mos com alguém como a Doha permite desmis- tificar a crise dos refugiados como algo distante que só acontece aos outros. Além disso, o foco no pilar do autoconhecimento dota-nos de ferramentas que nos permitem clarificar a nossa própria cabeça. Sonhos, motivações e pontos de melhoria foram claramente identificados ao longo deste ano e estão agora prontos para serem trabalhados. Assim, não posso deixar de recomendar que, todos os que tenham oportunidade, participem na Academia de Líderes Ubuntu, com a humil- dade que lhe é característica. Quem sou? Jacyra Gué, 28 anos De onde sou? Setúbal Fazer parte da Academia Líderes Ubuntu foi uma experiência única, singular, libertadora, estimulante e de valor acrescentado. Permitiu- -me conhecer pessoas maravilhosas (uns verda- deiros líderes), lugares únicos, experiências
  • 34. únicas e tocantes. Hoje, felizmente posso afirmar que já não sou a mesma Jacyra que apareceu no primeiro seminário. A Academia de Líderes Ubuntu deu-me ferramentas impor- tantíssimas para a vida, ferramentas essa que melhorou de forma significativa o meu autoco- nhecimento, melhoria na minha autoestima, qualidade de vida (psicológica), as minhas limitações (fazendo delas pequenos desafios diários). Por outro lado, a maneira como vejo o mundo e outras pessoas mudou. Sou uma pessoa muito mais sensível à dor alheia, consigo aceitar melhor o modo e estilo de vidas das pessoas sem julgá-la por isso e sou mais “dada ao próximo”. O sentimento de “E se fosse eu”, tomou uma dimensão enorme, pois leva-me constantemente a pôr-me no lugar dos outros de forma a tomar decisões em prol dos outros, e de certa forma, do mundo. Para além das várias valências e dos vários aprendizados que pude levar da Academia de Líderes Ubuntu, as que vou usar decididamente como pilares para a minha vida, serão a Construção de Pontes e o Serviço. Quem sou? Joana Feliciano, 27 anos De onde sou? Lisboa Imagina um dia em que acordas ainda cansa- do/a, sabes que vai ser uma semana longa e tens mais tempo preenchido com tarefas e trabalho do que tempo para ti e para os teus. Apesar de te sentires assim e saberes o que tens de enfrentar, tu levantas-te lentamente, pousas um pé fora da cama e arrastas o outro. Ergues- -te e fazes tudo aquilo que tens de fazer porque sabes que isso tem muita força. Vais para o ponto encontro para estar com muitas pessoas logo pela manhã (sejas tu uma pessoa matinal ou não), para um sítio que não sabes qual vai ser e para fazer o que ainda também não sabes. Mas tu vais na mesma. Sabes que força é essa? A tua inabalável certeza que a existência neste mundo não pode passar intacta sem saberes qual o teu toque e como os outros que te rodeiam conseguem te tocar no sítio que mais te deixa desconfortável: o teu coração. Ficas vulnerável porque vais percebendo que tudo o que pensavas ser talvez tu sejas mais ou até sejas menos, mas sabes que queres mudar isso. Vais aprender a confiar e a viver em empa- tia. Vais compreender-te a fundo olhando para além da ponta do iceberg que tens dentro de ti. Vais também entender os que te são mais próxi- mos, mesmo que não os percebas nas suas atitudes, aprendendo a julgar menos e a ajudar mais. Ubuntu é isto. Cada pessoa aprende a ser mais no ‘nós’ mas não por isso descurando no seu ‘eu’. Cada pessoa é Ubuntu mesmo que à partida não o saiba porque pode não ter ainda sintoni- zado nessa frequência. Pode não ter feito uma devida - e acredito que merecida - pausa no seu quotidiano para se questionar sobre o papel que tem no mundo. Umas das frases que mais me marcou por sentir que me assentava na necessidade que tenho de o potenciar nos vários meios (emprego, volunta- riado, familiar, amigos, relacionamento, entre outros) em que me insiro foi: “não devemos permitir que alguém saia da nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz” de uma líder servidora que certamente já ouviste falar, a Madre Teresa de Calcutá. Ubuntu tem sido um caminho com paragens para muitos exemplos de resiliência que me deixa sentir o meu redutor tamanho e em simul- tâneo a inspiração de querer fazer a mudança na superação de obstáculos. Mais do que inspi- ração, este percurso tem dado as ferramentas para sabermos trabalharmo-nos, ao mesmo tempo que se trabalha com e para os outros. O impacto real tem-se revelado na forma como lido em relativização e consciência face aos pequenos desafios (isto é, o que podem ser considerados como problemas para alguns). Sei como me moderar para me tornar humanamen- te mais útil e feliz na construção de uma socie- dade tolerante e em consciência cívica. Deu-me também o incentivo necessário para tirar da gaveta uma projeto que foca no lado humano e inspirador que cada pessoa guarda
  • 35. em si, o Solo Adventures. Nele as viagens são as pessoas. Pretende empoderar e capacitar atra- vés da partilha de lições de vida. Tudo isto porque acredito que a mudança pode bem estar a uma história de vida de distância e tu também fazes parte dela. Quem sou? Joana Soares, 38 anos De onde sou? Guimarães O impacto da Academia de Líderes Ubuntu para mim foi algo que foi crescendo ao longo da formação. A Academia tem esse dom: “pri- meiro estranha-se, depois entranha-se”. Quando damos por nós, aquele grupo de pessoas fantásticas que vemos uma vez por mês já faz parte das nossas relações, as dinâmicas que partilhamos são cada vez mais significativas e tudo está no lugar certo. A partilha é a maior aprendizagem da Academia para mim, em especial considerando-me eu, desde sempre, alguém que está habituada a ouvir partilhas mas a partilhar pouco. Partilhando, conseguimos dar nome e lugar a muitas coisas que ao longo da nossa vida fomos pensando, em especial em relação ao serviço, mas que, a mecânica da sociedade atual, nos faz restringir para nós. A empatia é algo que ainda está em rascunho na nossa sociedade. Aí entra mais uma vez a Academia e o seu impacto na forma como vemos os outros, como encon- tramos pessoas que procuram ser mais e melhor para o serviço, exemplos de força e de luta pela mudança que desejam ver na sua sociedade. Aprendemos muito uns com os outros, com os animadores e partilhamos a oportunidade de conhecer convidados fantásticos. As histórias de vida e a Biblioteca Humana são momentos especiais que levamos no coração, momentos de aprendizagem, empatia, serviço e amor. Cada história, cada rosto que se comove ao falar dos seus protagonistas são momentos que ficam guardados no coração e que levamos para a vida. A Academia fez-me voltar a acredi- tar que é possível um mundo melhor, mais justo e os exemplos de liderança servidora que nos foram presenteados fazem-me crer que um dia será possível. Quem sou? João Quissenguele, 27 anos De onde sou? Angola Sempre tive jeito para responder perguntas que me têm sido feitas, mas talvez nunca tinha sido antes questionado com tamanha seriedade, pois dar uma resposta era algo trivial. Por quase um mês venho tentando ganhar forças para responder às três questões que me colocaram: o impacto na forma como me vejo, na relação com o outro e com o mundo. A complexidade em respondê-las centra-se no significado que elas carregam, porque sei que estas respostas não são frutos de uma leitura decorada muito menos conto de um filme de Hollywood, mas é sim o resultado dos conheci- mentos adquiridos durante um ano repleto de surpresas, fruto dos conteúdos apresentados em cada seminário, dinâmicas de grupo e histó- rias de vida de cada um dos membros da Aca- demia. Este tesouro adquirido deu-me confian- ça para hoje eu estar pronto para responder às três questões. Que impacto teve na forma como me vejo? A Academia vem tendo um impacto, considero eu, vital para mim, pois aprendi que “por cada eu que digo é outro eu”. A mesma justificou a inquietude que por muitos anos tinha em relação a mim mesmo, a Academia deu silogis- mo as minhas premissas. Ser Ubuntu foi a descoberta das minhas linhas de orientação, hoje caminho pelo mundo como um jovem repleto de autoconhecimento, autoconfiança, empático, resiliente e pronto para servir. Que impacto teve na relação com os outros? Desde pequeno foi-me ensinado o amor ao
  • 36. Quem sou? Júlia da Regina Sainda, 27 anos De onde sou? Moçambique Entrei no Ubuntu na fase certa na minha vida, uma vez que já estava preparada para aceitar qualquer realidade sem julgamentos. Fiquei muito feliz quando fui admitida. Conheci pesso- as muito empáticas, pessoas muito envolvidas com a causa, pessoas dispostas a passar uma mensagem positiva para as outras. Aprendi muita coisa, fortaleci o meu espírito, reforcei a minha vontade de contribuir para uma sociedade mais justa, mais humana, mais sensí- vel, em que cada um faz o que pode para trazer o sorriso de outros irmãos, abraçando a causa com que mais se identifica. Foram trabalhadas temáticas que ajudavam as pessoas a descobrirem novos horizontes, a enfrentarem os seus próprios medos, a sonha- rem e a lutar pelo que acreditam. Cada fim-de- -semana era fortalecedor. Eu saía sempre com força para dar mais um passo nos meus objeti- vos. Ubuntu também trouxe dilemas para a minha vida. Para quem estava acostumada a atender as vítimas de maus tratos severos, foi difícil para mim ter de ouvir que é preciso dar uma chance ao agressor, aquele que cometeu um crime. Mas foi bom se ver reforçada a ideia do não determinismo, desmistificar a ideia de associar o “branco” a coisa má, e o “africano” a coisa boa. Na verdade, esta frase vai para além do que está escrito, existem pessoas más em todo lado e pessoas boas em qualquer etnia. A cor da pela não dita a mendicidade ou a riqueza, a inteligência ou a ignorância, a arrogância ou a sensatez de uma pessoa. É preciso darmos a chance de conhecermo-nos uns aos outros em dias diferentes, momentos e espaços diferentes para que possamos ter uma ideia aproximada sobre o outro. E porque não ajudarmo-nos a sermos melhor? próximo, mas à medida que nos vamos tornan- do multiculturais somos confrontados com dife- rentes pontos de vista e que muitos destes, devido à sua capacidade persuasiva, põem em jogo os nossos valores. Sempre procurei causar impacto na vida das pessoas à minha volta, mas sem abdicar de mim. Confesso já ter estado em desequilíbrio devido a invasão de opiniões materialistas e egocêntricas presentes no siste- ma atual, mas Deus jamais deixa os seus servos perderem-se. Repentinamente surgiu a Academia que veio corroborar a minha visão em relação o amor ao próximo e a busca emergente de uma socieda- de sem desigualdades. Vivo com a tatuagem de um ser humano imperfeito, mas comprometido em aperfeiçoar-se na busca de um ser melhor para a sociedade, ser uma pessoa propagadora de paz, amor, fraternidade e alegria aos quantos que eu conseguir. Esta é a minha missão. Acre- dito que os mais próximos de mim já vivem o impacto e a energia proveniente das minhas ações. Que impacto teve na forma como vejo o mundo? Vejo que, apesar da divergência de opiniões relacionadas com o destino da huma- nidade, o homem tem-se tornado cada vez mais preocupado com o próximo. Tenho de admitir que o testemunho deixado por grandes figuras, no que concerne a justiça, liberdade, direitos iguais e amor tem vindo a propagar-se em quase todo o planeta. Ontem quem matava em defesa da sua crença ou clã era um herói. Hoje é um terrorista. Por isso, acredito que o mundo está cada vez mais empático, a efetivação da liberdade, a erradicação do ódio e do precon- ceito são notórios nas novas gerações. Estou seguro de que existe muito trabalho a ser feito, mas sei que com um pouco de bem todos os dias vamos inundar o planeta de paz e alegria a curto prazo - “5g de vontade pesam mais que 50 kg de conhecimento e convicção”.
  • 37. É preciso darmos uma chance de nos reinven- tarmos a cada dia e de ajudarmos alguém a explorar o máximo o que tem de positivo. Em suma, Ubuntu foi simplesmente fortalece- dor. Quem sou? Louis Beete, 27 anos De onde sou? Aveiro Na forma como me vejo, teve um impacto muito positivo. Hoje acredito mais em mim, acredito que posso ser uma pessoa melhor para as pessoas à minha volta, posso ajudar muita gente e posso me ajudar a evoluir como pessoa. .Na forma como me relaciono com os outros, teve um impacto igualmente positivo. Percebi que muitas vezes os nossos medos impedem- -nos de comunicar ou interagir com outras pessoas. Superando esses medos, a capacidade e a probabilidade de fazer amigos aumenta muito mais e no fim do dia isso é um passo para um mundo melhor, mais unido. . Como disse anteriormente, olho para o mundo de uma forma diferente, com mais empatia, nunca julgar antes de conhecer, pois as pessoas também têm os seus medos, e se conseguirmos ser superiores a esses medos, conseguiremos comunicar e interagir com todo o mundo. Quem sou? Mariana Carvalho, 25 anos De onde sou? Vila Nova de Gaia Que impacto teve na forma como me vejo? A Academia Ubuntu apareceu numa fase muito importante da minha vida e sem dúvida que teve impacto em mim. Se por um lado o cami- nho feito neste projeto me fez relembrar, afirmar e reforçar os valores que quero seguir para o resto da vida, por outro, também me deu mais confiança e esperança para o futuro e para a forma como posso fazer a diferença. Fez-me continuar a acreditar, mais que nunca, que com um simples gesto posso criar impacto na vida dos outros. Que impacto teve na relação com os outros? Na relação com os outros, a Academia ensinou- -me a prestar mais atenção ao que se passa à minha volta. Não só a estar mais atenta aos meus familiares e amigos, mas também a todas as outras pessoas que se cruzam comigo diaria- mente, seja numa fila de supermercado, no local de trabalho ou numa viagem de metro. Ensinou-me a praticar a escuta ativa, a não julgar, a ter curiosidade pelo outro e a perceber que todos nós temos as nossas histórias que fazem com que sejamos aquilo que somos hoje. Mas sobretudo que podemos fazer parte das histórias do outro e torná-las ainda mais saboro- sas, assim como, com a relação com o outro podemos também tornar a nossa própria histó- ria numa história mais bonita. Que impacto teve na forma como vejo o Mundo? Com a Academia Ubuntu vejo o mundo como a casa de todos e com espaço para todos, uma casa que devemos proteger e cuidar, um lugar inclusivo. Vejo o mundo como um lugar onde todos têm o mesmo direito de pertencer, mas também um lugar onde cada um de nós tem a responsabilidade de defender e de ajudar aqueles que são privados de usufruir da sua própria casa de forma justa. Vejo o mundo como um lugar ainda imperfeito, mas bonito com todas as suas imperfeições e cheio de esperança, onde acredito, graças à Academia Ubuntu, que não há impossíveis.
  • 38. Quem sou? Maria Sá Couto, 22 anos De onde sou? Porto Há uns dias participei numa formação. Assim que cheguei sentei-me aleatoriamente num lugar ao lado de uma rapariga. Ela chamava-se Osana e eu não a conhecia. Ela apresentou-se e eu não a conhecia. Até que, em conversa, descobri que ela tinha sido participante da Aca- demia de Líderes Ubuntu em Moçambique – fiquei estupefacta e logo tão alegre e entusias- mada! Rapidamente lhe contei que eu era agora participante da Academia de Líderes Ubuntu e demos um hi-5, símbolo dos 5 pilares que, sem saber, partilhávamos. Demos um abraço apertado e começámos a cantar uma música que aprendemos na Academia. Ela chamava-se Osana e eu não a conhecia. Ela apresentou-se e eu não a conhecia. Mas logo ali soubemos que tínhamos algo central que nos unia – a identidade Ubuntu. A Academia de Líderes Ubuntu proporcionou- -me ter contacto com pessoas com quem, tal como com a Osana, partilho valores e inten- ções, causas e missões, ainda que à partida pareça que não temos nada em comum. A Aca- demia impactou, por isso, a forma como me vejo no mundo – mais acompanhada nos meus propósitos e vontades. Este sentimento de pertença num mundo em que afinal tantos partilhamos os mesmos valores, fez-me sentir mais capaz de intervir e fazer a mudança – deu-me força e motivação para agir. Ao mesmo tempo, este mundo tornou-se mais pequeno, mais próximo. Entrei com a sensação de que este era um mundo repleto de realida- des que desconhecia e das quais me sentia afastada, mas ao longo dos seminários as barreiras foram-se esbatendo e fui tendo contacto com contextos que me eram distantes e com vivências que me eram estranhas. Agora sinto-me parte de um mundo integrado, com menos fronteiras, onde sei que partilho dos mesmos sonhos daqueles que estão do outro lado da margem que nos separa. A Academia transformou por isso, também, a forma como vejo os outros – agora olhando para o outro lado, procurando conhecer a outra realidade e isso é francamente revolucionador! Agora diante dos meus olhos procuro segurar a lente da empatia e colocar-me, dentro do possí- vel, no lugar dos outros. É um olhar de respeito e de amor que a Academia nos desafia a ter. Sinto que, respeitando mais o contexto indivi- dual de cada um, me tenho tornado numa pessoa mais atenta e cuidadosa; alguém que procura olhar de uma outra janela que não a sua e ser assim mais compreensiva e tolerante. Mas, acima de tudo, a Academia, em mim, foi além da razão (tão difícil de contornar) e tocou- -me o coração – inspirando-me com testemu- nhos e exemplos que têm sido cruciais na forma como conduzo agora a minha vida. A Academia foi para mim uma escola de inspira- ção e testemunho que me permitiu um novo modo de estar – refortalecido nos seus princí- pios; empoderado por uma nova comunidade a reforçado no exemplo de vida daqueles a quem agora procuro seguir. Obrigada, Academia de Líderes Ubuntu. Obri- gada, IPAV. Quem sou? Nádia Brás; 29 ano; De onde sou? Lisboa A Academia Ubuntu foi um percurso de reflexão e descoberta. Foi ao mesmo tempo uma mon- tanha e um casulo. Uma montanha pelo cami- nho de aprendizagem e desafios e um casulo pelo estágio que estes meses representam, necessários para cimentar o que fomos vivendo durante os seminários. Fundamentais foram os que me acompanharam neste percurso e os que se foram cruzando connosco. Pelas partilhas e novas perspetivas que me deixaram a pensar e pela inspiração dos que caminham com tamanha vontade e amor no bolso. A importância de saber conhecer a história do outro na construção de relações verdadeiras e sãs.
  • 39. Também o legado das figuras Ubuntu apresen- tadas e estudadas durante os seminários deixa- ram em mim um sentido de esperança e responsabilidade. Cresceu em mim uma inten- ção de continuar um caminho de descoberta e participação, agora de uma forma mais cons- ciente, com mais ferramentas e com um olhar mais atento e disponível. Pelo caminho percorrido e pelo que ainda está por percorrer, agradeço à Academia Ubuntu e a todos os que contribuíram para a mesma. Estamos juntos. Quem sou? Namira Marcos Sanca, 30 anos De onde sou? Guiné-Bissau No âmbito da minha participação, naquele que é o maior projeto de empoderamento juvenil, a Academia Líderes Ubuntu tem um impacto muito positivo, pela riqueza dos conteúdos, tanto na forma quanto na matéria. Os pilares que norteiam a formação são por si só um grande instrumento de transformação de vida de qualquer pessoa, independentemente da sua convicção religiosa, cultural e étnico. Os pilares são o autoconhecimento; a autocon- fiança; a empatia; a resiliência e o serviço. O discutir, analisar e trabalhar cada um destes pilares, com os grandes convidados conhece- dores de matéria, animadores, ubuntus e toda equipa do IPAV foi muito importante para mim. Muito importante porquê? Porque, a Academia proporcionou-me um espaço muito privilegiado e inovador de conhecimento e de partilha, em que pude confrontar-me com diversas sensibili- dades, ouvir e conhecer histórias de vidas reais inspiradoras. Foi marcante para mim e convi- dou-me muitas vezes a uma profunda reflexão, introspeção e um conjunto de questionamento sobre o significado e o sentido "do eu e do outro", na qual cheguei a conclusão já chegado por muitos que passaram por está formação e não só - de que só existimos e realizamos atra- vés da existência e realizações dos outros, que no fundo outro não deixa de ser nós próprios. Hoje, com o suporte destas ferramentas vejo- -me uma pessoa melhor na relação com o outro, uma pessoa com uma forte capacidade empáti- ca e resiliente. Esta formação teve como maior impacto o facto de poder partilhar e recolher partilhas dos diferentes intervenientes na mesma, em vários assuntos relacionado aos Direitos Humanos em todo mundo e em cada cultura em particular: a discriminação, a emigra- ção, a guerra, a xenofobia. Permitiu-me desen- volver um olhar crítico do mundo e e olhar para trás e contemplar o que fiz por mim, pelo outro, pela minha família, pela minha comunidade, pela sociedade, pelo meu país e pelo mundo. Esta capacidade refletiva e empática de com- preender e de não julgar, de acolher e de não excluir, de agir e não de recuar, de olhar para as minhas forças, as minhas fraquezas, as ameaças e oportunidade tenho para servir e não de culpabilizar os outros ou o sistema. Esta certeza está ancorada na ideia de Rui Mar- ques - todas as pessoas podem ser grandes e podem servir dentro das suas medidas). Quem sou? Nancy Cardoso, 28 anos De onde sou? Guiné Bissau O impacto que Academia de Líderes Ubuntu teve e tem tido na minha vida é extraordinário e de suma importância. A começar pela tremenda descoberta sobre o eu, através do autoconheci- mento. Conhecer-me foi fundamental para eu saber proteger-me, deu clareza sobre minha vida e respondeu as dúvidas que eu própria tinha sobre mim. Saber quem sou é a melhor coisa que aconteceu em toda minha vida e digo graças à Academia de Líderes Ubuntu. Também através do eneagrama, ensinado logo no segundo seminário, conheci as diferentes
  • 40. personalidades (diferentes tipos de pessoas), o que mudou muito a minha maneira de convi- vência com as pessoas. Grande mudança foi exatamente saber respeitar o ponto de vista do outro, saber lidar com as diferenças que antes tinha maior dificuldades. A Academia de Líderes Ubuntu também veio confirmar e consolidar em mim a ideia de que todo o sonho, por mais grande/pequeno que seja, é possível de concretização, basta pôr as ações em prática e lutar. Mudou em mim a ideia de que com a violência mudamos algo, e que, por mais desfavorável a situação em que encon- tramos, uma reação pacífica é sempre uma melhor forma de manifestar o nosso desagrado. Aprendi que o foco, a persistência, a coerência, a determinação e a vontade, são as armas que temos para usar contra qualquer barreira exis- tente entre nós e os nossos sonhos. Para finalizar, hoje mais que nunca acredito no meu velho sonho de infância, sonho este que é um dia ser Presidente da República do meu País (Guiné-Bissau), sonho este que é puder fazer daquele país um dos melhores do mundo. Fazer feliz o povo da Guiné-Bissau é um dos meus maiores sonhos e acredito que a Academia de Líderes Ubuntu veio confirmar que isto é possí- vel e trouxe ferramentas para realizar este meu grande e velho sonho. Quem sou? Nicolau Osório, 24 anos De onde sou? Porto Que impacto teve na forma como me vejo? Pessoalmente acho que me fez menos arrogan- te e fez-me perceber que não era especial e ao mesmo tempo que o era. Inspirou-me a perce- ber que eu tinha algo especial a dar à socieda- de. O eneagrama fez-me aperceber de algumas reações inconscientes que eu tenho e que só posso trabalhar se estiver consciente. Ajudou- -me a aceitar a minha unicidade e desafiou-me a encontrar o lugar onde esta poderia ser mais benéfica. Acho que me fez um bocadinho mais humano! Que impacto teve na relação com os outros? Ajudou-me a abraçar ainda mais esta questão da riqueza na diversidade e a perceber que, apesar dos seus desafios, temos que aprender a melhor maneira de explorar o melhor de cada um. Acho que sempre fui tolerante nas relações com outros, por isso acho que no meu caso tornou-me mais assertivo. Que impacto teve na forma como vejo o mundo? A questão da desumanização que praticamos constantemente abriu-me os olhos para vários assuntos que vejo e conversas que tenho e a perceber qual é o processo que nos leva a perder a humanidade. Em suma, a Academia fez-me ver o mundo de um modo mais real, isto é, de que forma a humanidade funciona e interage. benéfica. Acho que me fez um bocadinho mais humano! Que impacto teve na relação com os outros? Ajudou-me a abraçar ainda mais esta questão da riqueza na diversidade e a perceber que, apesar dos seus desafios, temos que aprender a melhor maneira de explorar o melhor de cada um. Acho que sempre fui tolerante nas relações com outros, por isso acho que no meu caso tornou-me mais assertivo. Que impacto teve na forma como vejo o mundo? A questão da desumanização que praticamos constantemente abriu-me os olhos para vários assuntos que vejo e conversas que tenho e a perceber qual é o processo que nos leva a perder a humanidade. Em suma, a Academia fez-me ver o mundo de um modo mais real, isto é, de que forma a humanidade funciona e interage. Quem sou? Rafael Nunes, 26 anos De onde sou? Alcobaça Ubuntu na minha vida... é uma boa questão.