SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 31
Mar e
Poesia
O mar e a poesia de
Sophia de Mello Breyner Andresen
Poema [4]
A minha vida é o mar o Abril a rua
O meu interior é uma atenção voltada para fora
O meu viver escuta
A frase que de coisa em coisa silabada
Grava no espaço e no tempo a sua escrita
Não trago Deus em mim mas no mundo o
procuro Sabendo que o real o mostrará
Não tenho explicações
Olho e confronto
E por método é nu meu pensamento
A terra o sol o vento o mar
São a minha biografia e são meu rosto
Por isso não me peçam cartão de identidade
Pois nenhum outro senão o mundo tenho
Não me peçam opiniões nem entrevistas
Não me perguntem datas nem moradas
De tudo quanto vejo me acrescento
E a hora da minha morte aflora lentamente
Cada dia preparada
in “Geografia”, 1962
Biografia
Tive amigos que morriam, amigos que partiam
Outros quebravam o seu rosto contra o tempo.
Odiei o que era fácil
Procurei-te na luz, no mar, no vento.
in “No Mar Novo”, 1958
Inicial
O mar azul e branco e as luzidias
Pedras: O arfado espaço
Onde o que está lavado se relava
Para o rito do espanto e do começo
Onde sou a mim mesma devolvida
Em sal espuma e concha regressada
À praia inicial da minha vida
in “Dual ”, 1972
Mar
Mar, metade da minha alma é feita de maresia
Pois é pela mesma inquietação e nostalgia,
Que há no vasto clamor da maré cheia,
Que nunca nenhum bem me satisfez.
E é porque as tuas ondas desfeitas pela areia
Mais fortes se levantam outra vez,
Que após cada queda caminho para a vida,
Por uma nova ilusão entontecida.
E se vou dizendo aos astros o meu mal
É porque também tu revoltado e teatral
Fazes soar a tua dor pelas alturas.
E se antes de tudo odeio e fujo
O que é impuro, profano e sujo,
É só porque as tuas ondas são puras.
in “Poesia”, 1944
Meio-Dia
Meio-dia. Um canto da praia sem ninguém.
O sol no alto, fundo, enorme, aberto,
Tornou o céu de todo o deus deserto.
A luz cai implacável como um castigo.
Não há fantasmas nem almas,
E o mar imenso solitário e antigo
Parece bater palmas.
in “Poesia”, 1944
Lusitânia
Os que avançam de frente para o mar
E nele enterram como uma aguda faca
A proa negra dos seus barcos
Vivem de pouco pão e de luar.
in “No Mar Novo”, 1958
Inscrição
Quando eu morrer voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto do mar
in “Livro Sexto”, 1962
Tu Dormes
Tu dormes embalado nos rochedos
E aos meus ouvidos vem falar o vento
Escuto, busco, chamo e não respondes,
E todo o mundo se tornou fantasma.
Estou fechada, suspensa, prisioneira
Queria voltar para fora, para o dia
Ressurgir, respirar, tornar a ver,
Mas todo o mundo se tornou fantasma.
E a voz do mar encheu o céu e a terra
Uma voz que está cheia e que se quebra
E nunca mais acaba.
Pássaros brancos cortam as janelas,
Anémonas cintilam nos rochedos:
Terror de estar sozinha e de escutar
Com este tempo morto entre os meus dedos.
in “Coral”, 1950
No Mar Passa
No mar passa de onda em onda repetido
O meu nome fantástico e secreto
Que só os anjos do vento reconhecem
Quando os encontro e perco de repente.
in “No Tempo Dividido”, 1954
Mar Sonoro
Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim.
A tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho.
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim.
in “Dia do Mar”, 1947
Mar
I
De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua,
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.
II
Cheiro a terra as árvores e o vento
Que a Primavera enche de perfumes
Mas neles só quero e só procuro
A selvagem exalação das ondas
Subindo para os astros como um grito puro.
in “Poesia”, 1944
Barco
Margens inertes abrem os seus braços
Um grande barco no silêncio parte.
Altas gaivotas nos ângulos a pique,
Recém-nascidas à luz, perfeita a morte.
Um grande barco parte abandonando
As colunas de um cais ausente e branco.
E o seu rosto busca-se emergindo
Do corpo sem cabeça da cidade.
Um grande barco desligado parte
Esculpindo de frente o vento norte.
Perfeito azul do mar, perfeita a morte
Formas claras e nítidas de espanto
in “Coral”, 1950
Mandei para o Largo
Mandei para o largo o barco atrás do vento
Sem saber se era eu o que partia.
Humilhei-me e exaltei-me contra o vento
Mas não houve terror nem sofrimento
Que à praia não trouxesse,
Morto o vento.
in “Coral”, 1950
As Minhas Mãos
As minhas mãos mantêm as estrelas,
Seguro a minha alma para que se não quebre
A melodia que vai de flor em flor,
Arranco o mar do mar e ponho-o em mim
E o bater do meu coração sustenta o ritmo das coisas.
in “Coral”, 1950
Barcos [2]
Um por um para o mar passam os barcos
Passam em frente de promontórios e de terraços
Cortando as águas lisas como um chão
E todos os deuses são de novo nomeados
Para além das ruínas de seus templos
in “Livro sexto”, 1962
Fundo do Mar
No fundo do mar há brancos pavores,
Onde as plantas são animais
E os animais são flores.
Mundo silencioso que não atinge
A agitação das ondas.
Abrem-se rindo conchas redondas,
Baloiça o cavalo-marinho.
Um polvo avança
No desalinho
Dos seus mil braços,
Uma flor dança,
Sem ruído vibram os espaços.
Sobre a areia o tempo poisa
Leve como um lenço.
Mas por mais bela que seja cada coisa
Tem um monstro em si suspenso.
in “Poesia”, 1944
Espera [2]
Dei-te a solidão do dia inteiro.
Na praia deserta, brincando com a areia,
No silêncio que apenas quebrava a maré cheia
A gritar o seu eterno insulto,
Longamente esperei que o teu vulto
Rompesse o nevoeiro.
in “Dia do Mar”, 1947
Cais
Para um nocturno mar partem navios,
Para um nocturno mar intenso e azul
Como um coração de medusa
Como um interior de anémona.
Naturalmente
Simplesmente
Sem destruição e sem poemas,
Para um nocturno mar roxo de peixes
Sem destruição e sem poemas
Assombrados por miríades de luzes
Para um nocturno mar vão os navios.
Vão
O seu rouco grito é de quem fica
No cais dividido e mutilado
E destruído entre poemas pasma.
in “No Mar Novo”, 1958
Pirata
Sou o único homem a bordo do meu barco.
Os outros são monstros que não falam,
Tigres e ursos que amarrei aos remos,
E o meu desprezo reina sobre o mar.
Gosto de uivar no vento com os mastros
E de me abrir na brisa com as velas,
E há momentos que são quase esquecimento
Numa doçura imensa de regresso.
A minha pátria é onde o vento passa,
A minha amada é onde os roseirais dão flor,
O meu desejo é o rastro que ficou das aves,
E nunca acordo deste sonho e nunca durmo.
in “Coral”, 195
Há Muito
Há muito que deixei aquela praia
De grandes areais e grandes vagas
Mas sou eu ainda quem na brisa respira
E é por mim que espera cintilando a maré vasa.
in “Dual”, 1972
Dia do Mar no Ar
Dia do mar no ar, construído
Com sombras de cavalos e de plumas.
Dia do mar no meu quarto - cubo
Onde os meus gestos sonâmbulos deslizam
Entre o animal e a flor como medusas.
Dia do mar no ar, dia alto
Onde os meus gestos são gaivotas que se perdem
Rolando sobre as ondas, sobre as nuvens.
in “Coral”, 1950
Navio Naufragado
Vinha de um mundo
Sonoro, nítido e denso.
E agora o mar o guarda no seu fundo
Silencioso e suspenso.
É um esqueleto branco o capitão,
Branco como as areias,
Tem duas conchas na mão
Tem algas em vez de veias
E uma medusa em vez de coração.
Em seu redor as grutas de mil cores
Tomam formas incertas quase ausentes
E a cor das águas toma a cor das flores
E os animais são mudos, transparentes.
E os corpos espalhados nas areias
Tremem à passagem das sereias,
As sereias leves dos cabelos roxos
Que têm olhos vagos e ausentes
E verdes como os olhos de videntes.
in “Dia do Mar”, 1947
No Alto Mar
No alto mar
A luz escorre
Lisa sobre a água.
Planície infinita
Que ninguém habita.
O Sol brilha enorme
Sem que ninguém forme
Gestos na sua luz.
Livre e verde a água ondula
Graça que não modula
O sonho de ninguém.
São claros e vastos os espaços
Onde baloiça o vento
E ninguém nunca de delícia ou de tormento
Abre neles os seus braços.
Eu me Perdi
Eu me perdi na sordidez de um mundo
Onde era preciso ser
Polícia, agiota, fariseu
Ou cocote
Eu me perdi na sordidez do mundo
Eu me salvei na limpidez da terra
Eu me busquei no vento e me encontrei no mar
E nunca
Um navio da costa se afastou
Sem me levar
in “ Geografia”, 1962
Madrugada
Um leve tremor precede a madrugada
Quando mar e céu na mesma cor se azulam
E são mais claras as luzes dos barcos pescadores
E para além de insânias e rumores
A nossa vida se vê extasiada
in “Ilhas”, 1989
Liberdade [2]
Aqui nesta praia onde
Não há nenhum vestígio de impureza,
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente,
Puro espaço e lúcida unidade,
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria liberdade.
in “No Mar Novo”, 1958
Uma das mais importantes poetisas
portuguesas do século XX. Foi a primeira
mulher a receber o mais importante
galardão literário da língua portuguesa, o
Prémio Camões, em 1999.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Porto, 6 de Novembro de 1919 - Lisboa, 2 de Julho de 2004
O Mar dos meus Olhos
Há mulheres que trazem o mar nos olhos
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma
E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
Da praia onde foram felizes
Há mulheres que trazem o mar nos olhos
pela grandeza da imensidão da alma
pelo infinito modo como abarcam as coisas e os Homens...
Há mulheres que são maré em noites de tardes
e calma
in “Obra Poética”,
©Guida Burt
guidaburt@gmail.com
Setembro, 2017
Adaptado por Mário Ricca
margon51@gmail.com

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

A Evolução do Ramalhete - Os Maias
A Evolução do Ramalhete - Os MaiasA Evolução do Ramalhete - Os Maias
A Evolução do Ramalhete - Os Maiasmauro dinis
 
Análise do canto ix
Análise do canto ixAnálise do canto ix
Análise do canto ixKaryn XP
 
O dia em que eu nasci, morra e pereça
O dia em que eu nasci, morra e pereçaO dia em que eu nasci, morra e pereça
O dia em que eu nasci, morra e pereçaHelena Coutinho
 
Os lusíadas tempestade - Português 9º ano
Os lusíadas tempestade - Português 9º anoOs lusíadas tempestade - Português 9º ano
Os lusíadas tempestade - Português 9º anoGabriel Lima
 
O herói n’os lusíadas - tópicos para reflexão
O herói n’os lusíadas - tópicos para reflexãoO herói n’os lusíadas - tópicos para reflexão
O herói n’os lusíadas - tópicos para reflexãoMargarida Tomaz
 
Sermão de santo antónio aos peixes
Sermão de santo antónio aos peixesSermão de santo antónio aos peixes
Sermão de santo antónio aos peixesvermar2010
 
Fernando Pessoa - Fingimento Artístico/Poético
Fernando Pessoa - Fingimento Artístico/PoéticoFernando Pessoa - Fingimento Artístico/Poético
Fernando Pessoa - Fingimento Artístico/PoéticoAlexandra Canané
 
Sermão aos peixes cap. i
Sermão aos peixes   cap. iSermão aos peixes   cap. i
Sermão aos peixes cap. iameliapadrao
 
"Mar Português" - Mensagem
"Mar Português" - Mensagem"Mar Português" - Mensagem
"Mar Português" - MensagemIga Almeida
 
D. Dinis - A Mensagem (Fernando Pessoa)
D. Dinis - A Mensagem (Fernando Pessoa)D. Dinis - A Mensagem (Fernando Pessoa)
D. Dinis - A Mensagem (Fernando Pessoa)Sara Guerra
 
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106nanasimao
 
Terror de te amar Sophia de Mello Breyner
Terror de te amar Sophia de Mello Breyner Terror de te amar Sophia de Mello Breyner
Terror de te amar Sophia de Mello Breyner Catarina'a Silva
 
Poemas de eugénio de andrade
Poemas de eugénio de andradePoemas de eugénio de andrade
Poemas de eugénio de andradeAnaGomes40
 
Analise leda serenidade deleitosa
Analise leda serenidade deleitosaAnalise leda serenidade deleitosa
Analise leda serenidade deleitosacnlx
 
Aquela triste e leda madrugada
Aquela triste e leda madrugadaAquela triste e leda madrugada
Aquela triste e leda madrugadaHelena Coutinho
 

Mais procurados (20)

A Evolução do Ramalhete - Os Maias
A Evolução do Ramalhete - Os MaiasA Evolução do Ramalhete - Os Maias
A Evolução do Ramalhete - Os Maias
 
Análise do canto ix
Análise do canto ixAnálise do canto ix
Análise do canto ix
 
Canto v 92_100
Canto v 92_100Canto v 92_100
Canto v 92_100
 
Lusiadas 10º ano
Lusiadas 10º anoLusiadas 10º ano
Lusiadas 10º ano
 
O dia em que eu nasci, morra e pereça
O dia em que eu nasci, morra e pereçaO dia em que eu nasci, morra e pereça
O dia em que eu nasci, morra e pereça
 
Cantigas de amigo
Cantigas de amigoCantigas de amigo
Cantigas de amigo
 
Os lusíadas tempestade - Português 9º ano
Os lusíadas tempestade - Português 9º anoOs lusíadas tempestade - Português 9º ano
Os lusíadas tempestade - Português 9º ano
 
O herói n’os lusíadas - tópicos para reflexão
O herói n’os lusíadas - tópicos para reflexãoO herói n’os lusíadas - tópicos para reflexão
O herói n’os lusíadas - tópicos para reflexão
 
Canto viii 96_99
Canto viii 96_99Canto viii 96_99
Canto viii 96_99
 
Sermão de santo antónio aos peixes
Sermão de santo antónio aos peixesSermão de santo antónio aos peixes
Sermão de santo antónio aos peixes
 
Fernando Pessoa - Fingimento Artístico/Poético
Fernando Pessoa - Fingimento Artístico/PoéticoFernando Pessoa - Fingimento Artístico/Poético
Fernando Pessoa - Fingimento Artístico/Poético
 
Sermão aos peixes cap. i
Sermão aos peixes   cap. iSermão aos peixes   cap. i
Sermão aos peixes cap. i
 
"Mar Português" - Mensagem
"Mar Português" - Mensagem"Mar Português" - Mensagem
"Mar Português" - Mensagem
 
D. Dinis - A Mensagem (Fernando Pessoa)
D. Dinis - A Mensagem (Fernando Pessoa)D. Dinis - A Mensagem (Fernando Pessoa)
D. Dinis - A Mensagem (Fernando Pessoa)
 
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106
 
Terror de te amar Sophia de Mello Breyner
Terror de te amar Sophia de Mello Breyner Terror de te amar Sophia de Mello Breyner
Terror de te amar Sophia de Mello Breyner
 
Poemas de eugénio de andrade
Poemas de eugénio de andradePoemas de eugénio de andrade
Poemas de eugénio de andrade
 
Analise leda serenidade deleitosa
Analise leda serenidade deleitosaAnalise leda serenidade deleitosa
Analise leda serenidade deleitosa
 
Aquela triste e leda madrugada
Aquela triste e leda madrugadaAquela triste e leda madrugada
Aquela triste e leda madrugada
 
Textos de opinião
Textos de opiniãoTextos de opinião
Textos de opinião
 

Semelhante a Sophia e o mar

Mar e Poesia
Mar e PoesiaMar e Poesia
Mar e Poesiaguida04
 
Apresentação poemas sobre o mar
Apresentação poemas sobre o marApresentação poemas sobre o mar
Apresentação poemas sobre o marLucilia Fonseca
 
Semana da leitura 2013 aescd
Semana da leitura 2013 aescdSemana da leitura 2013 aescd
Semana da leitura 2013 aescdcruchinho
 
Poemas mar selecao_semana_leitura_2013
Poemas mar selecao_semana_leitura_2013Poemas mar selecao_semana_leitura_2013
Poemas mar selecao_semana_leitura_2013Licinio Borges
 
Poemas votacao
Poemas votacaoPoemas votacao
Poemas votacaobearnoso
 
Semana da leitura power point
Semana da leitura power pointSemana da leitura power point
Semana da leitura power pointCélia Almeida
 
Semana da leitura power point
Semana da leitura power pointSemana da leitura power point
Semana da leitura power pointCélia Almeida
 
Caderno digital de Literatura
Caderno digital de LiteraturaCaderno digital de Literatura
Caderno digital de Literaturadavidaaduarte
 
Apresentaodesofia ppt2-100109122612-phpapp02
Apresentaodesofia ppt2-100109122612-phpapp02Apresentaodesofia ppt2-100109122612-phpapp02
Apresentaodesofia ppt2-100109122612-phpapp02anabelajfsantos04
 
Biblioteca Global - Ponte entre Culturas
Biblioteca Global - Ponte entre CulturasBiblioteca Global - Ponte entre Culturas
Biblioteca Global - Ponte entre CulturasBesaf Biblioteca
 
Apresentação de sofia.ppt 2
Apresentação  de sofia.ppt 2Apresentação  de sofia.ppt 2
Apresentação de sofia.ppt 2mjmsma
 
Poemas do mar
Poemas do marPoemas do mar
Poemas do marcruchinho
 
Alexandre herculano a voz
Alexandre herculano   a vozAlexandre herculano   a voz
Alexandre herculano a vozTulipa Zoá
 
Ingrina - Sophia de Mello Breyner
Ingrina - Sophia de Mello BreynerIngrina - Sophia de Mello Breyner
Ingrina - Sophia de Mello Breynerarqueomike
 

Semelhante a Sophia e o mar (20)

Mar e Poesia
Mar e PoesiaMar e Poesia
Mar e Poesia
 
Apresentação poemas sobre o mar
Apresentação poemas sobre o marApresentação poemas sobre o mar
Apresentação poemas sobre o mar
 
Ler o mar
Ler o marLer o mar
Ler o mar
 
Semana da leitura 2013 aescd
Semana da leitura 2013 aescdSemana da leitura 2013 aescd
Semana da leitura 2013 aescd
 
Poemas mar selecao_semana_leitura_2013
Poemas mar selecao_semana_leitura_2013Poemas mar selecao_semana_leitura_2013
Poemas mar selecao_semana_leitura_2013
 
Maratona da leitura
Maratona da leituraMaratona da leitura
Maratona da leitura
 
Poemas votacao
Poemas votacaoPoemas votacao
Poemas votacao
 
O mar na poesia
O mar na poesiaO mar na poesia
O mar na poesia
 
Mergulhar
Mergulhar Mergulhar
Mergulhar
 
Semana da leitura power point
Semana da leitura power pointSemana da leitura power point
Semana da leitura power point
 
Semana da leitura power point
Semana da leitura power pointSemana da leitura power point
Semana da leitura power point
 
Caderno digital de Literatura
Caderno digital de LiteraturaCaderno digital de Literatura
Caderno digital de Literatura
 
Apresentaodesofia ppt2-100109122612-phpapp02
Apresentaodesofia ppt2-100109122612-phpapp02Apresentaodesofia ppt2-100109122612-phpapp02
Apresentaodesofia ppt2-100109122612-phpapp02
 
Natércia Freire
Natércia FreireNatércia Freire
Natércia Freire
 
Biblioteca Global - Ponte entre Culturas
Biblioteca Global - Ponte entre CulturasBiblioteca Global - Ponte entre Culturas
Biblioteca Global - Ponte entre Culturas
 
Apresentação de sofia.ppt 2
Apresentação  de sofia.ppt 2Apresentação  de sofia.ppt 2
Apresentação de sofia.ppt 2
 
Poemas do mar
Poemas do marPoemas do mar
Poemas do mar
 
Alexandre herculano a voz
Alexandre herculano   a vozAlexandre herculano   a voz
Alexandre herculano a voz
 
Saga
SagaSaga
Saga
 
Ingrina - Sophia de Mello Breyner
Ingrina - Sophia de Mello BreynerIngrina - Sophia de Mello Breyner
Ingrina - Sophia de Mello Breyner
 

Mais de Mario Ricca

Cliff villages of Northeast Scotland - from Pennan and Crovie to Cullen
Cliff villages of Northeast Scotland - from Pennan and Crovie to CullenCliff villages of Northeast Scotland - from Pennan and Crovie to Cullen
Cliff villages of Northeast Scotland - from Pennan and Crovie to CullenMario Ricca
 
Castlebay, Barra - Outer Hebrides
Castlebay, Barra  - Outer HebridesCastlebay, Barra  - Outer Hebrides
Castlebay, Barra - Outer HebridesMario Ricca
 
Maravilhas de Portugal
Maravilhas de PortugalMaravilhas de Portugal
Maravilhas de PortugalMario Ricca
 
St. Ninian's Isle, a treasure
St. Ninian's Isle, a treasureSt. Ninian's Isle, a treasure
St. Ninian's Isle, a treasureMario Ricca
 
Art Nouveau in Aveiro
Art Nouveau in AveiroArt Nouveau in Aveiro
Art Nouveau in AveiroMario Ricca
 
Uppsala, a University town in Sweden (v.2)
Uppsala, a University town in Sweden (v.2)Uppsala, a University town in Sweden (v.2)
Uppsala, a University town in Sweden (v.2)Mario Ricca
 
Museu Martins Sarmento: pre-Roman sites in the North of Portugal
Museu Martins Sarmento: pre-Roman sites in the North of PortugalMuseu Martins Sarmento: pre-Roman sites in the North of Portugal
Museu Martins Sarmento: pre-Roman sites in the North of PortugalMario Ricca
 
The Galloway Hoard - a Viking treasure found in Scotland
The Galloway Hoard - a Viking treasure found in ScotlandThe Galloway Hoard - a Viking treasure found in Scotland
The Galloway Hoard - a Viking treasure found in ScotlandMario Ricca
 
Wismar, jewel of the Baltic
Wismar, jewel of the BalticWismar, jewel of the Baltic
Wismar, jewel of the BalticMario Ricca
 
Marialva, a remote medieval portuguese village
Marialva, a remote medieval portuguese villageMarialva, a remote medieval portuguese village
Marialva, a remote medieval portuguese villageMario Ricca
 
Uelen, in far-east arctic Siberia
Uelen, in far-east arctic SiberiaUelen, in far-east arctic Siberia
Uelen, in far-east arctic SiberiaMario Ricca
 
Museum 'Soares dos Reis' - Porto
Museum 'Soares dos Reis' - PortoMuseum 'Soares dos Reis' - Porto
Museum 'Soares dos Reis' - PortoMario Ricca
 
Edward Hopper, a presentation
Edward Hopper, a presentationEdward Hopper, a presentation
Edward Hopper, a presentationMario Ricca
 

Mais de Mario Ricca (20)

Cliff villages of Northeast Scotland - from Pennan and Crovie to Cullen
Cliff villages of Northeast Scotland - from Pennan and Crovie to CullenCliff villages of Northeast Scotland - from Pennan and Crovie to Cullen
Cliff villages of Northeast Scotland - from Pennan and Crovie to Cullen
 
Castlebay, Barra - Outer Hebrides
Castlebay, Barra  - Outer HebridesCastlebay, Barra  - Outer Hebrides
Castlebay, Barra - Outer Hebrides
 
Maravilhas de Portugal
Maravilhas de PortugalMaravilhas de Portugal
Maravilhas de Portugal
 
St. Ninian's Isle, a treasure
St. Ninian's Isle, a treasureSt. Ninian's Isle, a treasure
St. Ninian's Isle, a treasure
 
Art Nouveau in Aveiro
Art Nouveau in AveiroArt Nouveau in Aveiro
Art Nouveau in Aveiro
 
Uppsala, a University town in Sweden (v.2)
Uppsala, a University town in Sweden (v.2)Uppsala, a University town in Sweden (v.2)
Uppsala, a University town in Sweden (v.2)
 
Oskar Bergman
Oskar BergmanOskar Bergman
Oskar Bergman
 
Museu Martins Sarmento: pre-Roman sites in the North of Portugal
Museu Martins Sarmento: pre-Roman sites in the North of PortugalMuseu Martins Sarmento: pre-Roman sites in the North of Portugal
Museu Martins Sarmento: pre-Roman sites in the North of Portugal
 
The Galloway Hoard - a Viking treasure found in Scotland
The Galloway Hoard - a Viking treasure found in ScotlandThe Galloway Hoard - a Viking treasure found in Scotland
The Galloway Hoard - a Viking treasure found in Scotland
 
Inuit Arts
Inuit ArtsInuit Arts
Inuit Arts
 
Guimaraes
GuimaraesGuimaraes
Guimaraes
 
Wismar, jewel of the Baltic
Wismar, jewel of the BalticWismar, jewel of the Baltic
Wismar, jewel of the Baltic
 
Marialva, a remote medieval portuguese village
Marialva, a remote medieval portuguese villageMarialva, a remote medieval portuguese village
Marialva, a remote medieval portuguese village
 
Uelen, in far-east arctic Siberia
Uelen, in far-east arctic SiberiaUelen, in far-east arctic Siberia
Uelen, in far-east arctic Siberia
 
Museum 'Soares dos Reis' - Porto
Museum 'Soares dos Reis' - PortoMuseum 'Soares dos Reis' - Porto
Museum 'Soares dos Reis' - Porto
 
Piódão
PiódãoPiódão
Piódão
 
Carl Larsson
Carl LarssonCarl Larsson
Carl Larsson
 
Edward Hopper, a presentation
Edward Hopper, a presentationEdward Hopper, a presentation
Edward Hopper, a presentation
 
Aalesund
AalesundAalesund
Aalesund
 
Tomar, Portugal
Tomar, PortugalTomar, Portugal
Tomar, Portugal
 

Sophia e o mar

  • 2. O mar e a poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen
  • 3. Poema [4] A minha vida é o mar o Abril a rua O meu interior é uma atenção voltada para fora O meu viver escuta A frase que de coisa em coisa silabada Grava no espaço e no tempo a sua escrita Não trago Deus em mim mas no mundo o procuro Sabendo que o real o mostrará Não tenho explicações Olho e confronto E por método é nu meu pensamento A terra o sol o vento o mar São a minha biografia e são meu rosto Por isso não me peçam cartão de identidade Pois nenhum outro senão o mundo tenho Não me peçam opiniões nem entrevistas Não me perguntem datas nem moradas De tudo quanto vejo me acrescento E a hora da minha morte aflora lentamente Cada dia preparada in “Geografia”, 1962
  • 4. Biografia Tive amigos que morriam, amigos que partiam Outros quebravam o seu rosto contra o tempo. Odiei o que era fácil Procurei-te na luz, no mar, no vento. in “No Mar Novo”, 1958
  • 5. Inicial O mar azul e branco e as luzidias Pedras: O arfado espaço Onde o que está lavado se relava Para o rito do espanto e do começo Onde sou a mim mesma devolvida Em sal espuma e concha regressada À praia inicial da minha vida in “Dual ”, 1972
  • 6. Mar Mar, metade da minha alma é feita de maresia Pois é pela mesma inquietação e nostalgia, Que há no vasto clamor da maré cheia, Que nunca nenhum bem me satisfez. E é porque as tuas ondas desfeitas pela areia Mais fortes se levantam outra vez, Que após cada queda caminho para a vida, Por uma nova ilusão entontecida. E se vou dizendo aos astros o meu mal É porque também tu revoltado e teatral Fazes soar a tua dor pelas alturas. E se antes de tudo odeio e fujo O que é impuro, profano e sujo, É só porque as tuas ondas são puras. in “Poesia”, 1944
  • 7. Meio-Dia Meio-dia. Um canto da praia sem ninguém. O sol no alto, fundo, enorme, aberto, Tornou o céu de todo o deus deserto. A luz cai implacável como um castigo. Não há fantasmas nem almas, E o mar imenso solitário e antigo Parece bater palmas. in “Poesia”, 1944
  • 8. Lusitânia Os que avançam de frente para o mar E nele enterram como uma aguda faca A proa negra dos seus barcos Vivem de pouco pão e de luar. in “No Mar Novo”, 1958
  • 9. Inscrição Quando eu morrer voltarei para buscar Os instantes que não vivi junto do mar in “Livro Sexto”, 1962
  • 10. Tu Dormes Tu dormes embalado nos rochedos E aos meus ouvidos vem falar o vento Escuto, busco, chamo e não respondes, E todo o mundo se tornou fantasma. Estou fechada, suspensa, prisioneira Queria voltar para fora, para o dia Ressurgir, respirar, tornar a ver, Mas todo o mundo se tornou fantasma. E a voz do mar encheu o céu e a terra Uma voz que está cheia e que se quebra E nunca mais acaba. Pássaros brancos cortam as janelas, Anémonas cintilam nos rochedos: Terror de estar sozinha e de escutar Com este tempo morto entre os meus dedos. in “Coral”, 1950
  • 11. No Mar Passa No mar passa de onda em onda repetido O meu nome fantástico e secreto Que só os anjos do vento reconhecem Quando os encontro e perco de repente. in “No Tempo Dividido”, 1954
  • 12. Mar Sonoro Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim. A tua beleza aumenta quando estamos sós E tão fundo intimamente a tua voz Segue o mais secreto bailar do meu sonho. Que momentos há em que eu suponho Seres um milagre criado só para mim. in “Dia do Mar”, 1947
  • 13. Mar I De todos os cantos do mundo Amo com um amor mais forte e mais profundo Aquela praia extasiada e nua, Onde me uni ao mar, ao vento e à lua. II Cheiro a terra as árvores e o vento Que a Primavera enche de perfumes Mas neles só quero e só procuro A selvagem exalação das ondas Subindo para os astros como um grito puro. in “Poesia”, 1944
  • 14. Barco Margens inertes abrem os seus braços Um grande barco no silêncio parte. Altas gaivotas nos ângulos a pique, Recém-nascidas à luz, perfeita a morte. Um grande barco parte abandonando As colunas de um cais ausente e branco. E o seu rosto busca-se emergindo Do corpo sem cabeça da cidade. Um grande barco desligado parte Esculpindo de frente o vento norte. Perfeito azul do mar, perfeita a morte Formas claras e nítidas de espanto in “Coral”, 1950
  • 15. Mandei para o Largo Mandei para o largo o barco atrás do vento Sem saber se era eu o que partia. Humilhei-me e exaltei-me contra o vento Mas não houve terror nem sofrimento Que à praia não trouxesse, Morto o vento. in “Coral”, 1950
  • 16. As Minhas Mãos As minhas mãos mantêm as estrelas, Seguro a minha alma para que se não quebre A melodia que vai de flor em flor, Arranco o mar do mar e ponho-o em mim E o bater do meu coração sustenta o ritmo das coisas. in “Coral”, 1950
  • 17. Barcos [2] Um por um para o mar passam os barcos Passam em frente de promontórios e de terraços Cortando as águas lisas como um chão E todos os deuses são de novo nomeados Para além das ruínas de seus templos in “Livro sexto”, 1962
  • 18. Fundo do Mar No fundo do mar há brancos pavores, Onde as plantas são animais E os animais são flores. Mundo silencioso que não atinge A agitação das ondas. Abrem-se rindo conchas redondas, Baloiça o cavalo-marinho. Um polvo avança No desalinho Dos seus mil braços, Uma flor dança, Sem ruído vibram os espaços. Sobre a areia o tempo poisa Leve como um lenço. Mas por mais bela que seja cada coisa Tem um monstro em si suspenso. in “Poesia”, 1944
  • 19. Espera [2] Dei-te a solidão do dia inteiro. Na praia deserta, brincando com a areia, No silêncio que apenas quebrava a maré cheia A gritar o seu eterno insulto, Longamente esperei que o teu vulto Rompesse o nevoeiro. in “Dia do Mar”, 1947
  • 20. Cais Para um nocturno mar partem navios, Para um nocturno mar intenso e azul Como um coração de medusa Como um interior de anémona. Naturalmente Simplesmente Sem destruição e sem poemas, Para um nocturno mar roxo de peixes Sem destruição e sem poemas Assombrados por miríades de luzes Para um nocturno mar vão os navios. Vão O seu rouco grito é de quem fica No cais dividido e mutilado E destruído entre poemas pasma. in “No Mar Novo”, 1958
  • 21. Pirata Sou o único homem a bordo do meu barco. Os outros são monstros que não falam, Tigres e ursos que amarrei aos remos, E o meu desprezo reina sobre o mar. Gosto de uivar no vento com os mastros E de me abrir na brisa com as velas, E há momentos que são quase esquecimento Numa doçura imensa de regresso. A minha pátria é onde o vento passa, A minha amada é onde os roseirais dão flor, O meu desejo é o rastro que ficou das aves, E nunca acordo deste sonho e nunca durmo. in “Coral”, 195
  • 22. Há Muito Há muito que deixei aquela praia De grandes areais e grandes vagas Mas sou eu ainda quem na brisa respira E é por mim que espera cintilando a maré vasa. in “Dual”, 1972
  • 23. Dia do Mar no Ar Dia do mar no ar, construído Com sombras de cavalos e de plumas. Dia do mar no meu quarto - cubo Onde os meus gestos sonâmbulos deslizam Entre o animal e a flor como medusas. Dia do mar no ar, dia alto Onde os meus gestos são gaivotas que se perdem Rolando sobre as ondas, sobre as nuvens. in “Coral”, 1950
  • 24. Navio Naufragado Vinha de um mundo Sonoro, nítido e denso. E agora o mar o guarda no seu fundo Silencioso e suspenso. É um esqueleto branco o capitão, Branco como as areias, Tem duas conchas na mão Tem algas em vez de veias E uma medusa em vez de coração. Em seu redor as grutas de mil cores Tomam formas incertas quase ausentes E a cor das águas toma a cor das flores E os animais são mudos, transparentes. E os corpos espalhados nas areias Tremem à passagem das sereias, As sereias leves dos cabelos roxos Que têm olhos vagos e ausentes E verdes como os olhos de videntes. in “Dia do Mar”, 1947
  • 25. No Alto Mar No alto mar A luz escorre Lisa sobre a água. Planície infinita Que ninguém habita. O Sol brilha enorme Sem que ninguém forme Gestos na sua luz. Livre e verde a água ondula Graça que não modula O sonho de ninguém. São claros e vastos os espaços Onde baloiça o vento E ninguém nunca de delícia ou de tormento Abre neles os seus braços.
  • 26. Eu me Perdi Eu me perdi na sordidez de um mundo Onde era preciso ser Polícia, agiota, fariseu Ou cocote Eu me perdi na sordidez do mundo Eu me salvei na limpidez da terra Eu me busquei no vento e me encontrei no mar E nunca Um navio da costa se afastou Sem me levar in “ Geografia”, 1962
  • 27. Madrugada Um leve tremor precede a madrugada Quando mar e céu na mesma cor se azulam E são mais claras as luzes dos barcos pescadores E para além de insânias e rumores A nossa vida se vê extasiada in “Ilhas”, 1989
  • 28. Liberdade [2] Aqui nesta praia onde Não há nenhum vestígio de impureza, Aqui onde há somente Ondas tombando ininterruptamente, Puro espaço e lúcida unidade, Aqui o tempo apaixonadamente Encontra a própria liberdade. in “No Mar Novo”, 1958
  • 29. Uma das mais importantes poetisas portuguesas do século XX. Foi a primeira mulher a receber o mais importante galardão literário da língua portuguesa, o Prémio Camões, em 1999. Sophia de Mello Breyner Andresen Porto, 6 de Novembro de 1919 - Lisboa, 2 de Julho de 2004
  • 30. O Mar dos meus Olhos Há mulheres que trazem o mar nos olhos Não pela cor Mas pela vastidão da alma E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos Ficam para além do tempo Como se a maré nunca as levasse Da praia onde foram felizes Há mulheres que trazem o mar nos olhos pela grandeza da imensidão da alma pelo infinito modo como abarcam as coisas e os Homens... Há mulheres que são maré em noites de tardes e calma in “Obra Poética”,
  • 31. ©Guida Burt guidaburt@gmail.com Setembro, 2017 Adaptado por Mário Ricca margon51@gmail.com