2. Etimologicamente, o termo antropologia (anthropos, homem; logos
estudo) significa o estudo do homem. Como ciência da humanidade,
ela se preocupa em conhecer cientificamente o ser humano em sua
totalidade, o que lhe confere um tríplice aspecto:
a) Ciência Social: propõe conhecer o homem enquanto elemento
integrante de grupos organizados.
3. b) Ciência Humana: volta –se especificamente para o homem como um
todo: sua história, suas crenças, usos e costumes, filosofia, linguagem, etc.
c) Ciência Natural: interessa-se pelo conhecimento psicossomático do
homem e sua evolução.
Ensuma: relaciona-se assim, com as chamadas ciências biológicas e
culturais; as primeiras visando ao ser físico e as segundas, ao ser cultural.
4. Historicamente podemos dizer que ela começa na antiguidade,
visto que o homem sempre pensou sobre si e os “outros” de
maneira antropológica; isto é, a humanidade sempre reflectiu
sobre as diferenças entre os povos, pese embora não de
maneira muito elaborada.
5. É na Antiguidade Clássica que temos o início da Antropologia,
quando alguns pensadores gregos tais como: Homero, Hesíodo e
os filósofos pré- Socráticos se questionavam a respeito do
impacto das relações sociais e sobre o comportamento humano
nas sociedades
6. Apesar da diversidade dos seus campos de interesse, constitui-se
em uma ciência polarizadora, que necessita da colaboração de
outras áreas de saber, mas conserva sua unidade, uma vez que
seu foco de interesse é o Homem e a Cultura (Homem e suas
Obras).
7. Pode-se afirmar que há pouco mais de cem anos, a antropologia
conquistou seu lugar entre as ciências. Sabe-se que
primeiramente ela foi considerada como a história natural física
do homem e do seu processo evolutivo, no espaço e no tempo.
8. Resumindo: na humanidade, o homem sempre teve curiosidade
a respeito de si mesmo, independentemente do seu nível de
desenvolvimento cultural. Observou e especulou, registando a
ocorrência de costumes diferentes, e de desigualdades entre os
povos.
.
9. CONT.
Conceituação: Hoebel e Frost(1981:3)- definem antropologia como
“a ciência da humanidade e da cultura. Como tal, é uma ciência super
social e comportamental; e mais, na sua relação com as artes e no
empenho do antropólogo de sentir e de comunicar o modo de viver
total de povos específicos, é também uma disciplina humanística”
10. CONT.
Segundo Beals e Hoijer(1968:5) “Seus problemas se centram, por
um lado, no homem como membro do reino animal e, por outro, no
comportamento do homem como membro de uma sociedade”.
11. Objecto de Estudo: a Antropologia como ciência do biólogo e
do cultural tem seu objecto de estudo definido: o Homem e suas
obras.
12. Objectivo de Antropologia
Hoebel e Frost: (1981: 3-4) Afirmam ainda que a “antropologia
fixa como seu objectivo o estudo da humanidade como um
todo....” e nenhuma outra ciência pesquisa sistematicamente
todas as manifestações do ser humano e da actividade humana de
maneira tão unificada
13. É um objectivo extremamente amplo, visando ao homem como
uma expressao global- biopsicocultural, isto é, o homem como
ser biológio pensante, produtor de culturas e participante de da
sociedade, da sociedade, tentando chegar, assim à compreensão
da existência humana
14. A Antropologia, sendo a ciência da humanidade e cultura, tem
um campo de investigação extremamente vasto: divide-se em
dois grandes campos de estudo, com objectivos defenidos e
interesses teóricos próprios: Antropologia Física (Biológica) e
Antropologia Cultural (Social).
15. A Antropologia Física ou Biológica estuda a natureza física
do homem, procurando conhecer suas origens e evolução, sua
estrutura anatómica, seus processos fisiológicos e as diferentes
características raciais das populações humanas, antigas e
modernas. Vincula-se assim às Ciências Biológicas e Naturais.
16. AAntropologia Física ou Biológica divide-se em:
a) Paleontologia Humana( fósseis de passado entre os primatas e
homem moderno);
b) Somatologia(tipos sanguíneos, metabolismo basal, adaptação);
17. CONT.
c) Raciologia( história racial do homem, ito é, mistura de raças,
características físicas);
d) Antropometria (usa as técnicas de medição do corpo humano
ex: crânio, ossos etc.);
e) Estudos Comparativos do Crescimento (maturidade sexual
índices de crescimento).
18. Campo mais amplo da ciência antropológica. Abrange o estudo
do homem como ser cultural, isto é, fazer dor de cultura.
Investiga as culturas humanas no tempo e no espaço. Suas
origens e desenvolvimento, suas semelhanças e diferenças.
19. CONT.
Foco de interesse é conhecimento do comportamento cultural
humano, adquirido pela socialização, analisando-o em todas as suas
dimensões. Todas as sociedades humanas passadas, presentes e
futuras interessam ao antropólogo cultural, pois seu campo de
estudo abrange:
20. CONT.
a) Arqueologia( estuda as culturas extintas, sem registos, mas
com vestígios materiais);
b) Etnografia (estuda as culturas simples, as àgrafas-
primitivas, dentro das sociedades);
c) Etnologia (compara as culturas, suas semelhanças e
diferenças e mudanças);
21. CONT.
d) Linguística (é o mais auto-suficiente de todos ramos da AC,
pois é meio comunicação);
e) Folclore (estuda a cultura espontânea dos grupos humanos
rurais e urbanos);
f) Antropologia social ( estuda processos culturais e estrutura
social nas sociedades )
g) Cultura/Personalidade (indivíduo, sociedade e cultura são
três aspectos inter-ligados indispensáveis na análise do
comportamento humano).
22. Todas as sociedades humanas passadas, presentes e futuras interessam ao antropólogo cultural, pois seu campo de
estudo abrange:
a) Arqueologia( estuda as culturas extintas, sem registos, mas com vestígios materiais);
b) Etnografia (estuda as culturas simples, as àgrafas-primitivas, dentro das sociedades);
c) Etnologia (compara as culturas, suas semelhanças e diferenças e mudanças);
d) Linguística (é o mais auto-suficiente de todos ramos da AC, pois é meio comunicação);
e) Folclore (estuda a cultura espontânea dos grupos humanos rurais e urbanos);
f) Antropologia social ( estuda processos culturais e estrutura social nas sociedades
g) Cultura/Personalidade (indivíduo, sociedade e cultura são três aspectos inter-ligados indispensáveis na análise
do comportamento humano).
23. 3. Antropologia embora autónoma, relaciona-se com outras
ciências, trocando experiências e conhecimentos. Como ciência
social oferece e recebe dados teóricos e metodológicos da
Sociologia, da História, da Psicologia, da Geografia e da Ciência
Política. Como ciência biológica ou natural, liga-se a Biologia, a
Genética, a Anatomia, a Fisiologia, a Embriologia, a Medicina.
24. CONT.
Também a Geologia, a Zoologia, a Botânica a Química e Física
vêm oferecendo indispensável contribuição aos estudos
antropológicos na busca da compreensão dos problemas comuns a
todas essas disciplinas.
De entre elas vamos destar apenas as mais ligadas:
25. a) De todas as ciências sociais, a Sociologia é a que tem relacões
mais íntimas com Antropologia, em função dos seus interesses
teóricos e práticos reservando a especificidade de cada uma. Os
Antropólogos e Sociólogos emprestam-se mutuamente os dados
obtidos nas pesquisas.
26. CONT.
Antropologia e sociologia auxiliam-se na compreensão do carácter
global do Homem, enquanto reunido em sociedade. A primeira,
emprestando o seu conceito de cultura, largamente utilizado pela
Sociologia e por sua vez, enfatiza o conceito de sociedade. Isto é, “a
abordagem sociológica preocupa-se para o que é prático e presente,
a antropológica para o que é pura compreensão e passado”.
27. b) Psicologia – As duas ciências são bastante estreitas , uma
vez que ambas têm como foco de interesse o comportamento
humano. A Antropologia ocupa-se do comportamento grupal e a
Psicologia, do comportamento individual. Os antropólogos
buscam nos dados levantados psicólogos, explicações para a
complexidade das culturas e do comportamento humano e para a
interpretação dos sistemas culturais relacionados com os tipos de
personalidade correspondentes.
28. c) Economia e Política- As relações interdisciplinares com a
Economia e a Política são justificadas, enfatiza o conhecimento das
instituições económicas e políticas. Todo grupo humano por mais
que seja simples, tem sua organização económica sistematizada,
com base nos recursos disponíveis e no trabalho realizado. Ensuma:
ambas podem trocar informações valiosas para a melhor
compreensão desse sector cultural de cada tipo de sociedade.
29. d) História- Permite a reconstrução das culturas que ja
desapareceram, indagando muitas vezes sobre as origens dos
fenómenos que se relacionam com o Homem. Através da Etno-
histia, é possível a reconstrução de culturas àgrafas do presente
que estiveram ou estão em contacto com a civilização.
30. e) Geografia Humana- Ambas interessa-lhes pela adaptação do
Homem e pela modificação do meio ambiente. O Geógrafo estuda as
mudanças do habitat provocas por tecnologias novas, por inovações
culturais etc. O estudo do meio físico de um grupo tribal é foco de
atenção tanto do Antropólogo quanto do Geógrafo humano.
31. f) Biologia Humana- A Antropologia e Biologia mantêm íntimas
relações que facilitam sobremaneira a tarefa dos seus especialistas.
A Anatomia e a Genética oferecem ao Antropólogo físico valiosos
elementos compreensão do Homem fóssil, das diferenças raciais, no
estudo das raças em geral. O Antropólogo físico deve ser antes de
tudo, um Biólogo humano.
32. A Antropologia é uma ciência social e humana, perfeitamente
caracterizada tendo seus campos de acção bem definidos e
seus próprios métodos e técnicas de trabalho. Estes
permitemao Antropólogo observar e classificar os fenómenos,
analisar e interpretar os dados obtidos pela pesquisa,
capacitando-o a estabelecer correlações e generalidades.
33. CONT.
Os dois Campos de investigação da Antropologia ( o biológico e
cultural), faz-se uma distinção entre método e técnica pertinentes a cada
um deles.
Conceito de Método- Segundo Calderón (1971:165), é “ um conjunto de
regras úteis para a investigação; isto é, um procedimento cuidadosamente
elaborado, visando provocar respostas na natureza e na sociedade e
paulatinamente descobrir sua lógica e leis”.
Conceito de Técnica- Consiste na habilidade em usar um conjunto de
normas para o levantamento de dados.
34. Até hoje, são considerados sete(7) métodos de Antropologia
universalmente reconhecidos:
Histórico, Estatístico, Etnográfico, Comparativo ou Etnológico,
Monográfico ou Estudo de caso, Genealógico e Funcionalista.
35. CONT.
- Método Histórico- Consiste em investigar eventos do passado,
afim de compreender os modos de vida do presente, que só podem
ser explicados a partir da reconstrução da cultura e da observação
das mudanças ocorridas ao longo do tempo.
36. CONT.
Nessa análise histórica, a cultura do homem é desvendada.
-Método Estatístico- Muito empregue tanto para o campo
biológico, verificando as variabilidades das populações, quanto no
campo cultural, levantando diversificações dos aspectos culturas.
Colectados os dados, são reduzidos a termos quantitativos
apresentados em tabelas, gráficos, quadros etc.
37. CONT.
Esta forma, podem-se distinguir a natureza, a ocorrência e o
significado dos fenómenos e das relações entre eles, tanto da
natureza biológica quanto cultural. Ex: dimensões do corpo humano,
grupos sanguíneos, variedades de religiões, diversificações de
habitações.
38. - Método Etnográfico- Serve para análise descritiva das
sociedades humanas principalmente das primitivas ou àgrafas e
de pequena escala. Consiste no levantamento de todos os dados
possíveis sobre sociedades àgrafas ou rurais para conhecer
melhor o estilo de vida, ou a cultura específica de determinados
grupos.
39. CONT.
- Método Comparativo ou Etnológico- Método amplamente utilizado
tanto pelos Antropólogos e pelos Culturais. O método comparativo
permite verificar diferentes e semelhanças apresentadas pelo material
colectado. Ex: a Antropologia Física- a cor da pele, do cabelo, dos
olhos, índice cefálica, grossura dos lábios etc. Enqto k no Antropólogo
Cultural- compara padrões, costumes, culturas do passado e do
presente, àgrafas ou letradas. Verifica semelhanças afim de obter
melhor compreensão desses grupos.
40. CONT.
- Método Monográfico ou Estudo do Caso- Este método
permite analisar os processos culturais e de todos os sectores da
cultura. Por outro lado tem outra exigência a pesquisa antes que
desapareçam com contactos ou pela dizimação.
41. - Método Genealógico – método de antropologia cultural que
permite o estudo do parentesco com todas as suas implicações
sociais: estrutura familiar, relacionamento de marido e mulher,
pais e filhos e demais parentes; informações sobre o quotidiano,
a vida cerimonial( nascimento, casamento, morte) etc.
42. CONT.
O pesquisador não apenas terá informações dos dados já observados,
mas também novas informações poderão vir a luz. Para tal, é
necessário que esteja presente um informante que revele os nomes dos
antepassados, filiação, estrutura social passada, relacionamento entre
os indivíduos ausentes ou já falecidos.
43. CONT.
- Método Funcionalista- refere-se ao estudo das culturas sob ponto
de vista funcional; ou seja ressalta a funcionalidade de cada unidade
da cultura no contexto cultural global. Ex: averiguar as funções de
uso e costumes de determinada cultura que levam a uma identidade
cultural.
44. No Campo biológico são utilizadas técnicas clássicas da
Antopologia Física por ex: as informões descritivas das medidas
antropométricas(cabeça, rosto, corpo, membros). São o primeiro
passo para o conhecimento do material investigado.
45. CONT.
No Campo Cultural, o antropólogo desenvolve recursos e técnicas
de pesquisa ligados a Observação do Campo. Este é o seu
laboratório, onde aplica a técnica de observação directa, que se
completa com a entrevista e a utilização de formulário para registo
de dados, sendo: observação, entrevista e formulário.
46. 4.1. OBSERVAÇÃO- É uma técnica de coleta em que o
pesquisador se vale dos sentidos para a obtenção dos dados- ver e
ouvir, principalmente. A observação pode ser:
a)Sistemática: quando os fenômenos são observados
sistematicamente, em determinado período de tempo. Temos dois
tipos:
47. CONT.
- Directa- Os factos são observados pessoalmente, no local da
investigação.
- Indirecta- realizada por meio de outros indivíduos.
b) Participante: o pesquisador deve ter disponibilidade de
permanecer no campo por muito tempo, para a melhor compreensão
do caso em estudo. O diário de campo é o instrumento
indispensável utilizado para o registo de seus dados ex: fotografias,
gravações, e filmes completarão as informações.
48. Obs: a observação participante o investigador tem a oportunidade
de viver, entre os grupos tribais, participando intensamente das
conversas, dos rituais etc; observando todas as manifestações
materiais e espirituais do grupo, as reacções psicológicas dos
membros, o sistema de valores e forma de adaptação.
49. 4.2. ENTREVISTA- Significa contacto directo, face a face, entre
o pesquisador e entrevistado, afim de que o mesmo obtenha
informações úteis do seu trabalho que pode ser:
a)Dirigida- quando há formalidades, ou seja, instrumento ou
guião de pesquisa.
b)Livre ou não dirigida- quando é informal e não há um
instrumento ou guião de pesquisa a ser seguido e, o investigador
leva o entrevistado a manifestar suas ideias espontaneamente.
50. 5. FORMULÁRIO- Técnica de colecta semelhante ao Questionário.
Elabora-se uma série de perguntas organizadas escritas, cujas
respostas serão fornecidas pelo entrevistado. Atenção: no Formulário o
pesquisador aplica um instrumento de pesquisa ou seja, preenche o rol
de perguntas. Enquanto que no Questionário, é o próprio entrevistado
quem preenche o instrumento de investigação. Por isso o Formulário é
aplicado a pessoas analfabetas ou nao letradas( ágrafas), enquanto que
o Questionário, a pessoas letradas.
51. Existem várias definições do conceito cultura e não havendo
consenso entre vários pensadores. O termo provém do latim
Colere que traduzido significa cultivar. Este foi usado em
diferentes sentidos tais como na agricultura que era ultivar a
terra, cultus para a religião e, culto para pessoas com alta
formação académica.
52. CONT.
Por vezes tem se usado o conceito de civilização como sinónimo
de cultura. No geral cultura representa formas de comportamento,
atitudes e crenças socialmente transmitidas e que caracterizam
certo grupo social. Todo Homem possui cultura, com excepção os
recém-nascidos que ainda não passaram pela inculturação
(socialização).
53. - Edward B. Tylor (1871)- foi o primeiro a formular um
conceito de cultura, em sua obra “cultura primitiva”. Ele propôs;
“Cultura....é aquele todo complexo que inclui oconhecimento, as
crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros
hábitos e aptidões adquiridos pelo homem como membro da
sociedade”.
54. - Ralph Linton( 1936 )- para ele “a cultura consiste na soma
total de ideias, reacções emocionais condicionadas a padrões de
comportamento habitual que seus membros adquiriram por meio
da instrução ou imitação e de que todos em maior ou menor
grau, participam”.
55. Franz Boas ( 1938 )- define define cultura como sendo “ a
totalidade das reações e actividades mentais e físicas que
caracterizam o comportamento dos indivíduos que compõem um
grupo social”.
Kroeber e Kluckhohn ( 1952 ) referem-se cultura como sendo
“uma abstração do comportamento concreto, mas em si própria
não é comportamento.
56. Beals e Hoijer ( 1953 )- afirmam que “a cultura é uma abstracção
do comportamento e não deve ser confundida com os actos do
comportamento ou com os artefactos materiais, tais como:
ferramentas, recipientes, obras de arte e demais instrumentos que o
homem fabrica e utiliza”.
57. Felix M. Keesing ( 1958 ) – a cultura é “ comportamento
cultivado, ou seja, a totalidade da experiência, ou ainda, o
comportamento adquirido por aprendizado social”.
leslie A. White ( 1959 )- faz diferença entre comportamento e
cultura para ele é:
58. Comportamento- “quando coisas e acontecimentos dependentes de
simbolização são considerados e interpretação face à sua relação
com organismos, isto é, em um contexto somático”- relativo ao
organismo humano;
59. Cultura- “quando coisas e acontecimentos dependentes de
simbolização são considerados e interpretados num contexto
extra-somático, isto é, face à relação que têm entre si, ao invés de
com os organismos humanos” - independente do organismo
humano.
Ensuma: desta forma, Comportamento pertence ao campo da
Psicologia e a Cultura ao campo da Antropologia- segundo Leslie
A. White ( 1959 ).
60. As coisas e os acontecimentos que constituem a cultura, Leslie
A. White, encontram-se no espaço e no tempo, assim sendo
classificam-se em:
Intra-orgânica- dentro de organismos humanos (conceitos,
crencas, emoções e atitudes);
61. Extra-orgânica- fora de organismos humanos, mas dentro dos
padrões de interacção social entre eles. Isto é, dentro de objectos
materiais (ex: machados, fábricas, ferrovias vasos de cerâmica
etc).
Inter-orgânico- dentro dos processos de interacção social entre
os seres humanos;
62. Como ja foi dito atrás a cultura para os antropólogos, consiste em ideias,
abstrações e comportamento.
Ideias – são concepções mentais de coisas concretas ou abstratas.
Alguns estudiosos a cultura é um fenómeno mental que exclui os
objectos materiais e comportamento observável. Segundo White, essa
concepção é “ingênua, pré-científica e ultrapassada”, para ele, cultura
constituída em ideias sim, mas em parte são atitudes, actos evidentes e
objectos também.
63. Abstracções- Aquilo que se encontra apenas ao domínio das ideias,
da mente excluindo totalmente as coisas materiais. Isto é, coisas e
acontecimentos não observáveis, não tocáveis, não palpáveis.
Novamente Leslie A. White, discorda dessa colocação/ para ele,
abstracção significa algo imperceptível, imponderável, intangível ou
seja irreal, o que estaria fora do campo científico.
comunicação.
64. Comportamento- são modos de agir comuns a grupos humanos ou
conjuntos de atitudes e reacções dos indivíduos em face do meio
social. Como é sabido que a cultura resulta da invenção social; é
aprendida e transmitida por meio da aprendizagem e da
65. A cultura é formada de milhoes de traços culturais seleccionados, mas
integrados, formando um todo. Sem excepção, cada traço possui forma e
função.
a) Forma- feitio ou maneira como uma coisa se apresenta ou se
manifesta. Feição exterior, que caracteriza determinado elemento da
cultura. Assim sendo, cada traço cultural possui sua forma específica.
Ex: anel de casamento, casa, uma cermónia de casamento, uma bingala.
66. b) A maneira- como um elemento se relaciona com outros
contribui para o modo de vida global. Ex: o anel ter diferentes
formas (medidas, figuras, materiais,) e várias funções( enfeite,
compromissos, status). Isto é, cada traço cultural dá à cultura total
uma contribuição e, o modo como eles se inter-relacionam, leva a
estrutura da cultura.
67. 6. Relativismo cultural
A posição cultural relativista tem como fundamento a ideia de que os
indivíduos são condicionados a um modo de vida específico e particular
por meio do processo de enduculturação. Adquirem assim, seus próprios
sistemas de valores e sua própria integridade cultural. As culturas de modo
geral diferem umas das outras em relação aos postulados básicos, embora
tenham características comuns.
68. O conceito de etnocentrismo acha-se intimamente relacionado ao de
relativismo cultural, pois a posição relativista liberta o indivíduo das
perspectivas deturpadoras do etnocentrismo, que significa a
supervalorização da sua própria cultura em detrimento das demais. Todos
os indivíduos são portadores desse sentimento e a tendência na avaliação
cultural é de julgar as culturas segundo os moldes da sua própria. A
ocorrência da grande diversidade cultural, vem testemunhar que há modos
de vida bons, para um determinado grupo, que jamais servirão para outros.
69. Toda referência a povos primitivos e civilizados deve ser feita em
termos de culturas diferentes e nunca na relação superior/inferior.
Entretanto o etnocentrismo apresenta um aspecto positivo, ao ser
agente de valorização do próprio grupo. Isto é, os seus integrantes
passam a considerar e a aceitar o seu modo de vida como o melhor, o
mais saudável o que oferece o bem- estar individual e a integração
social.
70. 1. A família em geral, é considerada o fundamento universal das
sociedades, por se encontrarem em todos agrupamentos
humanos, embora variem as estruturas e o funcionamento
a) Conceito de Família- A família segundo Murdock (1969:1 )- é
“um grupo social caracterizado pela residência comum, com
cooperação econômica e reprodução”.
71. b) Para Lucy Mair ( 1970:96) - é “um grupo doméstico no qual
os pais e filhos vivem juntos”.
c) Beals Hoijer ( 1969:47 )- definem família como sendo “ um
grupo social cujos membros estão unidos por laço de parentesco,
ou ainda”; ou ainda “ um grupo de parentes afins e seus
descendentes que vivem juntos”.
72. 2. Tipos da Família- A família pode ser: elementar, extensa,
composta, conjugada fraterna e fantasma.
a)Elementar- ( nuclear, natal-conjugada, simples, imediata,
primária)- É uma unidade formada por um homem, sua esposa e seus
filhos, que vivem juntos em uma união reconhecida pelos outros
membros da sua comunidade. Quando os filhos crescem deixamo lar,
assim o grupo diminui, até pode desaparecer com a morte dos pais.
73. b)Extensa- A família extensa ( grande, múltipla) é uma
unidade composta de duas ou mais famílias nucleares, ligadas
por laços consanguíneos; cujos os mesmos podem ser
próximos pela linha masculina ou feminina. Ex: além da
nuclear avós, tio, sobrinhos, afilhados etc.
74. c) Composta- A família composta( complexa, conjunta) é uma unidade
formada por três ou mais cônjuges e seus filhos. A família composta
refere-se a um núcleo de famílias separadas, mas ligadas pela sua relação
com um pai comum. Por ex: 1) Sociedades poligâmicas- ou seja duas ou
três famílias conjugadas, tendo como centro um homem ou uma mulher
e seus conjuges. 2) sociedades monogâmicas –isto é, por meio de
relações de adoção ( madrasta, padrasto e enteados ).
75. d) Conjugada Fraterna- Refere-se a uma unidade composta de dois
ou mais irmãos, suas respectivas esposas e filhos. O laço de união é
consanguíneo.
e) Fantasma- consiste em uma unidade familiar formada por uma
mulher casada e seus filhos e o fantasma. O marido não desempenha
papel de pai, é apenas o genitor (pai biológico). A função de pater(
pai social do irmão mais velho da mulher (fantasma).
76. 3.Funções da Família- Entre as diversas funções da família que
tém variado através dos séculos, os cientistas apontam quatro
básicas e e quatro subsidiárias.
Básicas: sexual, reprodução, económica e educacional.
77. a) sexual- atende as necessidades sexuais permitidas por meio de
institucionalização.
b) reprodução- mesmo em sociedades onde há liberdade
sexual, a procriação de filhos
é regulamentada com normas e sanções que legitimam a
reprodução.
78. c) economica- assegura o sustento e a protecção da mãe e filhos,
mas esses cuidados podem ser satisfeitos pelo pai-marido, como
também pelos parentes consaguíneos. A organização e a divisão
de trabalho entre o casal dá a cada um, o direito sobre os
serviços, bens e propriedades do outro.
79. d) educacional- o cuidado das crianças é assunto de uma
importância e universalmente reconhecido. Na educação das
crianças faz-se necessária combinação cooperativa do homem e
mulher. Para normalizar a transferência de status,, de geração em
geração, deve haver paternidade legal. Ex: registar as crianças
mesmo com problemas.
80. - Conceituação- Segundo Murdock, sitema de parentesco refere-
se a um sistema estrutural de relações no qual os indivíduos
encontram-se unidos entre si por um complexo interligados de
laços ramificados. A família nuclear é o ponto de partida para
analise de parentesco, como ja foi dito de pais e filhos. Apresenta
três tipos de relações: por afinidade, consanguinidade e fictícios.
81. - princípios de descendência- uma regra que filia o indivíduo ao
nascer, a um grupo de parentes. A descendência basea-se na
distinção entre princípios bilaterais e unilaterais (patrilinear ou
matrilinear ou ainda dupla).
a) Bilateral (cognática)- o parentesco é estabelecido através do
vínculo de descendência dos dois progenitores (sexo masculino e
feminino).
82. b) Unilateral- os membros recebem sua identidade através do vínculo de
descedência apenas de um dos progenitores sexo masculino ou feminino
que pode ser: patrilinear ou matrilinear.
•Patrilinear- sistema que associa Ego a pessoa cujos laços de parentesco
são traçados atraves do sexo masculino: pai a filhos, a filhos dos filhos etc.
As crianças de ambos sexos pertencem ao grupo do seu pai, o que é por sua
vez, o grupo do pai de seu pai, pai do pai seu pai e assim por diante.
83. •Matrilinear- sistema que liga Ego a grupos de parentes relacionados
através da linhagem feminina: os filhos de ambos sexos pertencem ao
grupo de sua mãe, que por sua vez, é o grupo da mãe de sua mãe; a
mãe da mãe de sua mãe e assim por diante. O relacionamento é
uterino.
c)Descendência dupla ou Dual (Matripatrilinear)- quando os grupos
de parentesco patrilinear e matrilinear existem lado a lado dentro de
uma sociedade. os tipos de propriedade são herdados através dos
diferentes sexos.
84. a) União- no ajuntamento de indivíduos do sexo oposto sob a
influência do impulso sexual.
b) Matrimônio/Casamento- modo pelo qual a sociedade
humana estabelece as normas para a relação entre os sexos.
85. REGRAS DE UNIÃO
As sociedades de modo geral, estabelecem certas regras para o casamento,
permitindo alguns e proibindo outros.
Endogamia- (endo,dentro,gamos, casamento) significa a regra de casamento
que obriga o individuo a escolher seu cônjuge dentro do mesmo grupo(local
de parentesco, de status, éticos etc.) ou outro grupo a que pertence.
Exogamia- (exo, fora,gamos.casamento) regra a qual exige o casamento de
uma pessoa com outra fora do grupo(parentesco de status, ou ou qualquer
outro género) a que ela não pertence.
86. Em relacão ao número de cônjuges, os casamentos podem ser
monogâmicos ou poligâmicos.
6.1 Monogamia- Consiste no casamento de um homem ou uma mulher
com apenas um cônjuge, como ocorre na sociedade ocidental.
6.2 Poligamia- refere-se ao casamento do homem ou da mulher com
dois ou mais cônjuges. Ela apresenta duas modalidades: Poliandria e
Poliginia
87. Poliandria- casamento de uma mulher simultaneamente com dois
ou mais homens, que pode ser: simples ou fraternal(adelfa).
a) Poliandria simples- quando não há restrições quanto ao cônjuge;
b) Poliandria Fraternal ou adelfa- quando o casamento de uma
mulher ferencialmente com dois ou mais irmãos.
88. Poliginia- casamento de um homem, simultaneamente com duas
ou mais mulheres que pode ser: simples ou sararal.
a) Simples- quando não há restrições quanto ao cônjuge;
b) Sararal- quando casamento de um homem for com duas ou
mais irmãs, depois da puberdade ele casa-se com sua cunhada ou
cunhadas.
Grupo: união marital de vários homens e várias mulheres, raro de
todos.
89. Há seis formas de casamento na Sociedade.
a) Permitido: quando não há restrições quanto ao cônjuge;
b) Obrigatório ou Prescrito: quando o homem ou mulher têm
de casar com uma pessoa de determinada categoria:
econômica, social, religiosa, de status etc.
90. c) Preferencial: quando o homem ou a mulher são incentivados ou
obrigados a se casar com alguém de determinada categoria:
casamento por afinidade. Ex: levirato e sororato
Levirato- costume segundo o qual a viúva se casa
preferencialmente com irmão do seu finado marido(cunhado);
Sororato- costume segundo o qual o viúvo se casa
preferencialmente com a irmã da sua finada esposa (cunhada);
91. d) Fictício ou Simulado- casamento realizado apenas com objectivo de
conseguir um título, uma herança.
e) Proibido- relações ou casamento entre duas pessoas ligadas por um laço de
parentesco real, pressuposto ou artificial, considerado como barreiras para
relações sexuais. Culturalmente é identificada e conhecida como incesto. As
proibições do incesto são universais entre todos os povos. Isto é, não se pode
casar ou manter relações sexuais entre: pai e filha, mãe e filho, irmão e irmã tio
e sobrinha, avô e neta etc.
f) Arranjado- casamento manipulado com interesses diversos: no campo
económico, político, religioso etc.
92. A obtenção da noiva varia da Sociedade para Sociedade. São
sete maneiras formalizadas na obtenção da noiva. O casamento
por captura e fuga, não envolvem intimamente a participação
activa dos grupos de parentesco dos noivos.
93. a) Preço da Progênie ou compra da noiva: em muitas sociedades
existe a regra de que se deve pagar pela noiva certo preço ou
quantia. É chamado por riqueza de casamento, calculado em
gado, ou outros animais, cereais, instrumentos, armas etc. São
parentes do noivo que pagam a família da noiva.
94. b) Serviço de Pretendente: um modo não dispendioso, mas
talvez difícil de ser cumprido, é o do rapaz trabalhar para o pai
da noiva, podendo ser ajudado por alguns parentes ou amigos.
Depois de cumprir terá direitos sobre a mulher e os filhos que
tiver com ela.
95. c) Troca de Presentes: ambas as famílias fazem trocas de presentes do
mesmo valor, isto é, a família do rapaz oferece os presentes que, são
aceites pela família da moça, são distribuidos equitativamente entre os
membros. Por sua vez, a família dela retribui oferecendo presentes de valor
idêntico.
d) Herança: quando o homem herda a viúva do seu irmão (cunhada) e seus
filhos. É o caso do sororato.
96. e) Fuga: ocorre quando o casamento não é deixado à livre escolha
das pessoas que querem se casar. Em algumas sociedades a fuga é um
recurso mais ou menos institucionalizado, que escapa aos acordos
familiares.
97. f) Captura: o casamento por captura é comum em várias culturas.
As vezes esse rapto é simulado, isto é, o rapaz quando rouba a
noiva, além de escapar as pancadarias dos parentes dela, como
conseguir conservá-la em seu poder. Só assim fará o casamento
desejado e esperado pelas ambas famílias.
g) Adoção: em famílias patrilineares quando não há filhos, o
recurso é adotar o genro como filho. Ele e os seus filhos passarão a
pertencer a família da noiva.
98. Nem sempre são obedecidas as regras de residências logo depois de
casamento e, nem significam que os dois devam morar toda avida no
lugar originalmente estabelecido. As regras variam de sociedade para
sociedade e as mais comuns são nove:
a) Matrilocal: residência na comunidade dos pais da esposa.
b) Patrilocal: residência na comunidade dos pais do marido.
c) Virilocal: residência na casa dos pais do marido.
99. d) Uxorilocal: residência na casa dos pais da esposa.
e) Avuncolocal : depois de casados, o noivo traz a esposa para
morar onde ele reside, ou seja, na casa do irmão da mãe dele ( tio
materno do rapaz).
100. f) Amitalocal : os noivos deverão residir no lar do irmão da moça
(tio materno da noiva).
g) Neolocal: estabelecimento de um grupo doméstico independente.
h) Bilocal: possibilidade de o casal morar com os pais de qualquer
dos cônjuges.
i) Patrimatrilocal: padrão de residência matrilocal inicialmente
seguido por residência patrilocal permanente.
101. Apesar do desejo dos parentes de manter o vínculo do casamentomuitas
vezes, entre sociedades tribais, esse vínculo é frágil, ocorrendo o divórcio
ou dissolução. Os factores mais comuns apontados para a separação ou
divórcio do casal são: adultério, esterilidade, incapacidade sexual,
repugnância, negligência com a família, maus tratos,(violência)
abandono, doença desinteresse e preguiça.