2. ANTROPOLOGIA – NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
A palavra antropologia remete à noção de
estudo do homem. Etimologicamente:
antrophos = homem / logos = estudo.
Ciência que estuda a espécie humana
levando em consideração os aspectos da
cultura e da organização social específicos
a cada grupo humano pesquisado.
3. ASPECTOS
a) Natural: busca o conhecimento
psicossomático do homem; sua evolução,
características fisiológicas e anatômicas –
Ciência Natural.
b) Humano: investigação global envolvendo
História, crença, Arte, linguagem,
costumes, usos, Filosofia etc.) – Ciência
Humana;
c) Social: compreende o homem enquanto
integrante de um grupo (sociedade,
comunidade etc.) – Ciência Social.
5. O objetivo do antropólogo é compreender a
sociedade do “outro”, em especial as
sociedades consideradas primitivas ou com um
modo de vida tradicional.
Cada escola antropológica dará maior ênfase a
um aspecto específico, localizando-o como
objeto de suas análises. Inicialmente (séc. XIX), o
objeto de estudo preferencial eram as cidades
chamadas de primitivas. Posteriormente, (séc.
XX) houve uma ampliação para abarcar o
homem independentemente da sociedade ou da
época.
7. PERÍODO CARACTERÍSTICAS
400 a.C. a
400 d.C.
Preocupação antropológica fundada por Sócrates. A Filosofia passa a analisar
o homem em busca da verdade e suas relações com o outro.
400 d.C. a
1500 d.C.
Santo Agostinho e posteriormente São Tomás de Aquino retomam os
estudos filosóficos oriundos da Antiguidade Clássica e voltam a se preocupar
com o homem em suas características físicas e metafísicas. Agora, o objetivo
é justificar a fé; comprovar a existência de Deus de maneira racional.
1500 d.C. a
1700 d.C.
O expansionismo e as grandes navegações fazem com que os Europeus
tenham contato com povos absolutamente desconhecidos. Surge o interesse
em analisar e compreender o outro tendo em vista possíveis vantagens
econômicas.
1700 d.C. a
1800 d.C.
O Renascimento associado à Revolução Francesa e à Revolução Industrial
(inglesa) abre o caminho para o surgimento de novas ciências humanas tais
como a Sociologia e a Antropologia. Ainda que as mesmas se apresentem em
uma forma embrionária (de formação de suas metodologias e consolidação
de seus objetos).
1800 d.C.
Até hoje
Surgimento da Antropologia Científica que buscou substituir
posicionamentos fundamentados em preconceitos e em dados
metodologicamente inválidos pela análise científica baseada em estudos de
campo.
8. ANTROPOLOGIA E ALIMENTAÇÃO
Ambas as ciências estão intimamente
ligadas por partilharem o mesmo objeto de
estudos: o homem e suas relações com a
natureza e com outros homens.
Apesar da comunicação gerada pelo
objeto, seus métodos e funções são
bastantes distintos.
9. A Antropologia se enquadra no campo das
ciências zetéticas, pois seus postulados
primários são passíveis de revisão e
questionamentos.
Não se trata de aceitar ou não uma
verdade imposta ou basilar, mas de
formular questões e buscar respostas e
explicações para determinados fenômenos
humanos a partir de uma metodologia que
garanta cientificidade às conclusões.
10. SUBDIVISÕES E MÉTODOS
Dada a sua extensão e natureza dos
fenômenos estudados, a Antropologia se
divide em dois grandes grupos:
a) Antropologia física;
b) Antropologia cultural.
11. ANTROPOLOGIA FÍSICA
É a parte da Antropologia que guarda a
maior afinidade com as ciências naturais.
Aquela que se preocupa com as
características biológicas e fisiológicas do
homem, tanto quanto com sua evolução e
particularidades raciais.
12. SUBDIVISÕES OBJETIVO
Paleontologia
Humana
Estuda o homem a partir dos vestígios preservados (fósseis).
Por seu intermédio, é possível obter informações como a
idade do fóssil, causa da morte, condições de vida na época
etc.
Somatologia Estudo do corpo do homem. Busca de variedades físicas por
meio de comparações.
Raciologia Estudo e delimitação de raças. Preocupa-se com a
classificação humana (em raças) e com modificações raciais
causadas pelo contato com outras raças (miscigenação).
Também objetiva construir o que poderia ser chamado de
história das raças.
Antropometria Também consiste no estudo do corpo humano, mas com um
recorte bastante específico. Trata-se da busca pelas medidas
do corpo (tamanho do crânio, peso etc.) de tal sorte a
fomentar análises comparativas.
13. ANTROPOLOGIA CULTURAL
É o estudo do homem enquanto criador e
criatura de seu meio social. Trata-se do
campo mais amplo da Antropologia, posto
que objetiva a análise do comportamento
cultural humano em diferentes culturas e
tempos. Subdivide-se em diversas áreas:
Arqueologia, Etnografia, Etnologia,
Linguística e Folclore.
14. ARQUEOLOGIA
É o estudo de culturas
extintas por meio de
vestígios que, de alguma
maneira, foram
preservados ao longo dos
anos.
As pinturas rupestres são objetos de
estudos da Arqueologia
15. ETNOGRAFIA
É a descrição de sociedade humanas,
realizadas por meio da observação e
análise de particularidades encontradas
em grupos, visando sua reconstrução e
registro. Tais dados embasam
cientificamente teorias acerca da
sociedade estudada e de outras que
possam ser comparadas a esta.
16. Hans Staden (de barba, no centro, ao fundo) observa ritual antropofágico entre tupinambás.
17. ETNOLOGIA
É a análise e interpretação dos dados
fornecidos pelo etnógrafo tendo em vista
estabelecer comparações entre as mais
distintas culturas. Tais comparações podem
se operar no todo, porém, normalmente
apenas alguns aspectos são comparados,
evitando generalizações que dificilmente
retratariam a realidade destas sociedades.
18. LINGUÍSTICA
É o estudo científico das línguas. Trata-se
de um complexo que interfere na forma
como os indivíduos, em determinada
cultura, pensam e agem.
19. FOLCLORE
É o estudo da cultura espontânea de um
grupo materializada em eventos (festas
populares, cantigas, danças, lendas etc.),
que de alguma forma quebram a rotina
restrita (mas integram a ampla) de
determinada sociedade. São fenômenos
indissociáveis e característicos de uma
cultura específica.
20. EXEMPLOS DE FOLCLORE
Da Cultura Brasileira
em sentido amplo
podemos citar:
Bumba meu boi,
Bonecos de Olinda,
Frevo, Festa do
Divino, Folia de
Reis, Maracatu etc. Bonecos de Olinda
21. ANTROPOLOGIA SOCIAL
É o estudo dos processos culturais de
cunho social com ênfase às instituições.
Busca-se o conhecimento das relações
sociais em todos os âmbitos (familiar,
econômico, jurídico e político) e o
entendimento de quais regras se ocultam e
estruturam tais relações.
22. CULTURA E PERSONALIDADE
É o ramo da Antropologia cultural que se
ocupa precipuamente da personalidade
individual, atribuindo-lhes status de objeto
de estudo enquanto meio de compreensão
sociocultural.
23. MÉTODOS DE ESTUDO ANTROPOLÓGICO
MÉTODO CARACTERÍSTICAS
Histórico Busca de causas e explicações para determinada
ocorrência social em outras que incidiram
anteriormente. Reconstrução cultural a partir da
qual se observam as modificações culturais
sofridas
Estatístico Perquirição de significados e interpretações de
fenômenos específicos por meio da análise
quantitativa dos dados.
Etnográfico Coleta e descrição exaustiva de dados por meio da
observação.
Etnológico Análise de dados coletados na Etnografia a partir
da qual se estabelecem comparações entre
culturas e sociedades distintas.
24. MÉTODOS DE ESTUDO ANTROPOLÓGICO
MÉTODO CARACTERÍSTICAS
Monográfico Estudo aprofundado e complexo acerca de um
caso específico que pode, por indução, revelar
características culturais gerais.
Genealógico Estudo da estrutura familiar e suas relações
internas com vistas à influência destas na cultura
e na sociedade como um todo.
Funcionalista Análise que pressupõe que cada unidade da
cultura tem uma função. A partir desta premissa,
objetiva determinar e descrever tais funções.
25. ESCOLAS ANTROPOLÓGICAS
EVOLUCIONISMO
Para os evolucionistas,
todas as sociedades
partes de um mesmo
ponto original e se
desenvolvem passando
necessariamente pelos
mesmos estágios.
26. PRINCÍPIOS ANALÍTICOS
Os antropólogos evolucionistas partiam de
algumas premissas, para os seus estudos,
como as que seguem:
a) Existe apenas uma espécie humana, que
se desenvolveu em ritmos diferentes
gerando sociedades mais ou menos
evoluídas. (Sucessão unilinear);
27. b) Os europeus são os mais evoluídos
(etnocentrismo) e outras sociedades
estariam no equivalente à infância ou à
adolescência em relação à civilização
europeia;
c) Todo dado observado corresponde a um
suposto estágio da evolução, já que o
processo de evolução é o mesmo para
todos só diferindo o estágio de cada
sociedade;
28. d) Há três estágios da evolução pelos quais
todas as sociedades passam: selvageria,
barbárie e civilização;
e) Não há nenhuma predisposição que
condicione o indivíduo.
30. Escola antropológica que vigorou por um
curto período (1900-1930) percebendo seu
apogeu na década de 20.
O nome da escola é oriundo do termo
inglês diffuse que significa disseminar,
difundir.
31. Os difusionistas acreditavam que as
culturas possuíam uma pequena
capacidade de autoinovação e que suas
modificações decorriam principalmente da
influência de outras culturas. Assim sendo,
o desenvolvimento, alteração ou
manutenção de uma dada cultura
dependeria de uma maior ou menor
ocorrência da difusão cultural.
32. Difusão cultural é o nome dado
ao processo no qual se operam
os empréstimos e influências de
uma cultura em outra.
34. Seu objeto é o funcionamento dos
elementos componentes da cultura em
determinado momento.
Princípios analíticos:
a) Cada elemento na cultura apresenta
uma função que está sempre relacionada à
satisfação de uma necessidade biológica
(teoria das necessidades);
35. b) O elemento persiste inalterado quanto
não surge outro que desempenhe a
mesma função de maneira mais adequada
às necessidades existentes no momento;
c) Em surgindo elementos mais adequado,
o antecessor é descartado, já que não
subsiste, no sistema, a instituição
desprovida da função;
36. d) Cultura e sociedade são um todo
orgânico no qual as instituições são os
órgãos, ou seja, a sociedade deve ser vista
como um sistema completo;
e) Cabe ao antropólogo a análise do
funcionamento de cada elemento deste
sistema (instituições) e do sistema como
um todo (cultura);
37. f) O elemento pode ser entendido como
isolado; a cultura deve ser entendida
enquanto conjunto de elementos
constitutivos;
g) Funcionamento e elemento se
modificam com o tempo, mas os sistemas
são estáveis, ou seja, as sociedades
tradicionais não apresentam conflitos.
38. ESCOLAS ANTROPOLÓGICAS
CONFIGURACIONISMO
Objeto: A busca pela individualidade,
personalidade ou especificidade das
culturas.
Princípios Analíticos:
a) As culturas são constituídas pela
influência e empréstimos de outras;
39. b) Apesar disso, cada qual se apresenta de
maneira singular; possui uma
individualidade;
c) Todo comportamento cultural é
simbólico, ou seja, significa algo além da
mera ação em si;
d) As investigações devem ser basear em
pesquisa de campo a partir da observação
de casos concretos.
41. O objeto preferencial dos estruturalistas é
o conjunto de relações sociais constitutivas
dos modelos com os quais se tornará
possível analisar a estrutura social.
Para conhecer uma cultura seria necessário
compreender as suas estruturas sociais. E
não é possível observar as referidas
estruturas, mas somente seus efeitos.
42. b) Apesar disso, cada qual se apresenta de
maneira singular; possui uma
individualidade;
c) Todo comportamento cultural é
simbólico, ou seja, significa algo além da
mera ação em si;
d) As investigações devem ser basear em
pesquisa de campo a partir da observação
de casos concretos.
43. Estrutura é o nome dado ao conjunto
de relações sociais específicas de uma
determinada organização da
produção para a vida em grupo. Deve
se comportar como um sistema
fechado no qual a modificação de um
elemento altere todos os demais.
Exemplos: Relações de parentesco,
religiosidade, produção etc.
44. Princípios Analíticos:
a) Toda estrutura é uma combinação de
elementos, não sendo possível conhecer
uma estrutura por meio de outras;
b) Toda estrutura é um conjunto
determinado de relações organizados por
regras internas passíveis de alteração;
45. c) A união de estruturas forma sistema
sociais complexos;
d) Devem-se empregar modelos eficazes
para a análise cultural;
e) Modelo eficaz é aquele capaz de explicar
todos os fatos observados em seu âmbito e
de prever o resultado da alteração de um
elemento no sistema.
46. Bibliografia:
1. GONZAGA, Álvaro de Azevedo; Campitelli. Vade Mecum
Humanístico. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais.
2. KÜMPEL, Vitor Frederico. Manual de antropologia jurídica de
acordo com o provimento N. 136/2009. São Paulo: Saraiva.
3. PAULINO, Gustavo Smizmaul. Roteiros jurídicos -
antropologia jurídica. São Paulo: Saraiva
4. MARCONI, Marina de Andrade. Antropologia: uma
introdução. São Paulo: Atlas.
5. MATTA, Roberto da. Relativizando: uma introdução à
antropologia social. Petrópolis: Vozes