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Como Desenvolver a Psicometria
Interpreta¸c˜ao da Aura dos Objetos e
Dedu¸c˜ao de Sua Hist´oria
W. E. Butler
1979
2
Sum´ario
1 Uma hist´oria a ser contada 5
2 Os dons ps´ıquicos 13
3 Treinamento preliminar 21
4 Os primeiros passos 37
5 P´os-escrito 55
3
4
Cap´ıtulo 1
Uma hist´oria a ser contada
Vocˆe deve ter ouvido freq¨uentemente pessoas que, ao observar um objeto
hist´orico de algum interesse, exclamassem: “Se pudesse falar, que hist´orias
poderia nos contar!”. E as pessoas que, como n´os, tˆem um conhecimento
pr´atico da faculdade que ´e conhecida correntemente como P.E.S (abreviatura
de Percep¸c˜ao extra-sensorial) sabem, por experiˆencia pr´opria, que isto ´e
verdade. O objeto hist´orico, ali´as qualquer objeto, n˜ao tem apenas uma
hist´oria a contar, mas est´a contando esta hist´oria em continua¸c˜ao, da mesma
forma, para usarmos uma analogia, como a fita magn´etica de um gravador
tem gravadas as palavras ou a m´usica que, em condi¸c˜oes adequadas, poder˜ao
ser ouvidas a quaquer hora, reproduzidas por um aparelho.
´E fato que n˜ao existe um instrument, el´etrico ou de outro tipo, que possa
reproduzir para n´os as imagens e os sons, as emo¸c˜oes, as paix˜oes e os pen-
samentos que permanecem gravados num objeto material. Todavia, existem
pessoas que parecem possuir um certo “sexto sentido”, que as torna capazes
de captar estas vibra¸c˜oes e impress˜oes ocultas e trazˆe-las `a consciˆencia. Es-
tas pessoas s˜ao chamadas “psicometristas”.
A palavra deriva de duas palavras gregas, psiche, que significa alma, e
metron, que significa medida. Portanto, por esta defini¸c˜ao, a psicometria ´e
a capacidade de medir e interpretar “a alma das coisas”.
O professor Denton
Quem batizou assim esta faculdade foi um professor norte-americano
de Geologia, no s´eculo dezenove. O professor Denton levou a termo uma
s´erie completa de experiˆencias com o aux´ılio de sua irm˜a, a senhora Ann
Dento Cridge. Ele descobriu que quando ela colocava sobre a testa um
esp´ecime geol´ogico, mesmo cuidadosamente embrulhado de maneira a n˜ao
dixar transparecer sua aparˆencia, ela era capaz de conseguir, atrav´es de
imagens coloridas que surgiam “no olho de sua mente”, algumas no¸c˜oes de
hist´oria passada daquele mesmo esp´ecime.
Denton excteveu um livro muito interessante, A alma das coisas, sobre a
5
faculdade psicom´etrica e deu neste alguns ´otimos exemplos da precis˜ao das
vis˜oes de sua irm˜a. Atualmente, por´em, poder´ıamos obfetar que professor
n˜ao considerou a possibilidade da telepatia entre ele pr´oprio e sua irm˜a e
por causa disto o valor da evidˆencia de uma faculdade supranormal fica
um pouco enfraquecido. Por outro lado, isto se aplica apenas a uma parte
reduzida de suas pesquisas.
Denton foi levado a estudar esta estranha faculdade ao ler os relat´orios
de certo Dr. Rhodes Buchanan, que fez experiˆencias com alguns de seus
estudantes, mandando-os segurar frascos que continham drogas poderosas.
Ele descobriu que alguns estudadtes, ao manusear os frascos identificados
apenas por uma etiqueta num´erica, come¸cavam a sentir as rea¸c˜oes f´ısicas que
teriam se tivessem tomado efetivamente uma dose das respectivas drogas.
Um gosto de metal
Buchanan come¸cou a desenvolver suas experiˆencias depoes de uma in-
forma¸c˜ao fortuita a respeito de um certo general Palk que, durante a Guerra
Civil Americana, descobriu que todas as vezes que tocava em algo met´alico,
mesmo no escuro, percebia um estranho gosto de metal na boca.
O termo “psicometria” foi cunhado originariamente atrav´es das pesquisas
de Denton, mas desde ent˜ao adquiriu um segundo significado e os psic´ologos
a utilizam agora neste segundo sentido. A defini¸c˜ao do dicion´ario indica
ambos os sentidos. A saber: “A medida da dura¸c˜ao dos processos mentais
utilizados na psican´alise e nos testes de inteligˆencia. Tamb´em, a faculdade
oculta de adivinhar, ao tocar um objeto, o car´ater, as qualidades pessoais,
etc., de uma outra pessoa que o manuseou”.
´E at´e um pouco divertido ver como os psic´ologos, de comum acordo,
tentam ansiosamente se dissociar do sentido original da palavra cunhado
por Denton e tentam convencer o p´ublico de que a palavra lhes pertence e
n˜ao tem qualquer rela¸c˜ao poss´ıvel com a firma ao lado: a do “ocultista”!
O trabalho de um psicometrista
Depois de mencionar brevemente a descoberta moderna desta faculdade
ps´ıquica (que nos s´eculos passados era muito conhecida em v´arias partes do
mundo), vamos tentar, com a nossa imagina¸c˜ao, observar um psicometrista
enquanto trabalha.
Existem as “reuni˜oes de psicometria”, assim chamadas porque um psi-
cometrista profissional examina um certo n´umero de objetos trazidos por
membros da audiˆencia. Nestes casos, costuma-se colocar os objetos em com-
partimentos separados sobre uma bandeja, conforme dizem, para que um
objeto n˜ao influencie outro que se encontra pr´oximo. Entretanto, sabemos
pela experiˆencia pr´atica que este m´etodo n˜ao ´e uma savaguarda completa
contra a mistura de influˆencias.
6
Pode ser interessante mencionar, a este respeito, algo que aconteceu no
come¸co das pesquisas de psicometria moderna. Certa senhora, que ouvira
falar a respeito desta estranha e nova faculdade, estava deitada `a noite e
pensava na psicometria, como tinha sido descrita. De repente, resolveu
fazer um teste pr´atico para ver se realmente funcionava. Levantou-se no
escuro e desceu a escada; sem acender a luz, escolheu uma carta ao acaso
entre a correspondˆencia em sua escrivaninha e que ela costumava guardar
em ordem cronol´ogica numa das gavetas. Colocou conscienciosamente a
carta sobre a testa e procurou “ver” algo a respeito da pessoa que escrevera
a carta. Conseguiu: sua mente foi inundada de impress˜oes. E todas estas
impress˜oes se juntaram delineando o car´ater e os tra¸cos gerais de um homem,
uma pessoa muito voluntariosa e poderosa. Agitad´ıssima por ter encontrado
uma prova da existˆencia deste estranho poder, ela voltou para a cama, sem
pensar em confirmar suas impress˜oes; sentia que estavam completamente
certas.
Surpresa e decep¸c˜ao
Na manh˜a seguinte, ao despertar, ela se lembrou de sua experiˆencia
psicom´etricae olhou ansiosa para a carta que dixara sobre o criado-mudo.
Ficou surpresa e muito decepcionada, porque o car´ater do remetente n˜ao
correspondia absolutamente ao que sentira durante a experiˆencia.
Muito contrariada, a senhora desceu para guardar a carta em seu lugar
certo, na gaveta. Enquanto fazia isto, olhou para a carta pr´oxima do mesmo
ma¸co e percebeu, encantada, que o que sentira durante sua tentativa noturna
de psicometria da carta escolhida se aplicava completamente `a personalidade
do homem que escrevera a carta ao lado. A energia varonil de seu car´ater,
emanando de sua carta, tinha sobrepujado a personalidade fraca da carta
escolhida.
Uma leitura imagin´aria
Voltando a nossas leituras psicom´etricas, sabemos que o psicometrista
apanha um objeto e o segura na m˜ao ou ent˜ao o comprime contra a testa;
em seguida, come¸ca a descrever o que sente e o que “vˆe” quando entra em
contato ps´ıquico com o objeto. Aqui vai uma leitura imagin´aria, baseada
em nossa experiˆencia pessoal com um bom psicometrista:
“Vejo diante de mim uma grande extens˜ao de ´agua – acho que ´e o mar.
Sim, sinto que ´e o Oceano Atlˆantico. Estou no conv´es de um navio – o navio
parece de madeira – ´e uma belonave, porque vejo os canh˜oes – canh˜oes que
se carregam pela boca, do tempo de Nelson ou mais ou menos isto. O mar ´e
muito azul e est´a muito calmo, a luz do sol ´e intensa. `A distˆancia percebo o
litora baixo e entre os colinas achatadas que surgem atr´as das dunas posso
ver uma cidade com casas caiadas. Minha aten¸c˜ao ´e atra´ıda por um homem
7
que ´e, evidentemente, o capit˜ao do navio. Enverga a farda de oficial da
Marinha da ´epoca de Nelson. Sinto que algumas ´arvores nas colinas s˜ao
oliveiras e acho que o litoral deve ser da Espana ou de Portugal. O navio
parece participar do bloqueio da cidade.
Um prelado
“Agora estou olhando para um anel – um anel de ouro com uma grande
ametista – ´e este mesmo anel que estou segurando agora e ele emana poder
e autoridade. Sim, pertence a este oficial, mas me leva para uma outra
´epoca do passado. Parece que estou na It´alia – pelo menos, tenho esta
impress˜ao – e sinto que o primeiro propriet´ario viveu na It´alia e foi um
prelado proeminente de sua ´epoca – acho que foi um bispo, ou, de qualquer
forma, um dignat´ario – ou¸co salmodiar em latim e sinto que este anel vem
do tempo da Renascen¸ca.
“O anel deve ter chegado `as m˜aos do capit˜ao como uma hera¸ca e da
mesma forma chegou `as m˜aos de seu propriet´ario atual.
“Agora quero falar da pessoa que me entregou este anel para uma leitura.
Neste momento vocˆe est´a diante de dois caminhos a tomar – ambos s˜ao
igualmente atrativos. Sinto por´em que dentro de pouco tempo – uma quest˜ao
de dias e n˜ao de semanas – o assunto se tornar´a mais claro e o caminho de
abrir´a. N˜ao tome qualquer decis˜ao precipitada at´e que n˜ao se apresente uma
indica¸c˜ao clara da atitude correta a ser tomada.”
Capit˜ao da Marinha
O propriet´ario do anel confirma que o objeto efetivamente pertenceu a
um capit˜ao da Marinha que serviu com Nelson, que foi seu avoengo e que
antigamente pertenciu a um dos grandes bispos cat´olicos da Renascen¸ca.
Confirma tamb´em que est´a atravessando uma crise de neg´ocios e que est´a
indeciso a respeito do caminho a tomar.
Esta ´e uma t´ıpica leitura psicom´etrica de boa qualidade. Algumas leituras
podem ser at´e melhores, outras podem ser piores, mas o exemplo propor-
ciona uma boa id´eia do que podemos esperar.
Vocˆe j´a deve ter percebido que nesta leitura existem trˆes n´ıveis bem
definidos. Temos a descri¸c˜ao do primeiro propriet´ario do anel e de seu
ambiente, depois temos uma descri¸c˜ao do capit˜ao da Marinha e das condi¸c˜oes
gerais deste e finalmente temos uma observa¸c˜ao que se refere ao propriet´ario
atual do objeto.
Podemos chamar o primeiro n´ıvel de “registro prim´ario”, o segundo de
“n´evel secund´ario”, enquanto o n´ıvel que abarca as condi¸c˜oes presentes e
futuras do atual propriet´ario do anel pode ser chamado n´ıvel terci´ario. Estes
trˆes n´ıveis ser˜ao encontrados em propor¸c˜oes vari´aveis em todas as leituras
psicom´etricas.
8
A fonte do conhecimento
A este ponto podemos nos perguntar como foi que o psicometrista con-
seguiu estes conhecimentos. Na maioria dos casos, podemos excluir qual-
quer conluio entre o psicometrista e o propriet´ario do objeto em quest˜ao.
Quando este conluio existe ´e logo descoberto. Ficamos com uma quantidade
consider´avel de informa¸c˜oes que devem ser explicadas de outra maneira.
Um exame imparcial do assunto revela, em geral, a presen¸ca de muitas
coisas que absolutamente n˜ao s˜ao claras. Isto se deve `a realidade psicol´ogica
de que o n´ıvel de aceita¸c˜ao varia muito entre uma pessoa e outra. Existem
pessoas com fraco senso cr´ıtico e estas aceitam como verdade muitas coisas
que outras pessoas n˜ao aceitariam como evidˆencia. Portanto, ao avaliar as
informa¸c˜oes dadas, temos que levar em conta o que podemos chamar de
fator de credibilidade.
Por outro lado, n˜ao podemos deixar de salientar que aquilo que muitas
vezes pode parecer uma banalidade pode ter uma importˆancia efetiva para
a pessoa interessada. E que muitas vezes estas banalidades podem pro-
porcionar provas conclusivas sobre a corre¸c˜ao das informa¸c˜oes dadas pelo
psicometrista.
Informa¸c˜oes efetivas
Todavia, depois de eliminar as informa¸c˜oes vagas e generalizadas, que ob-
viamente nada tˆem de efetivo, mas que podem ser chamadas de prolixidade,
ainda temos informa¸c˜oes positivas e detalhadas, realmente comprobat´orias
e que n˜ao podem ser tachadas de teorias fraudulentas ou de conjeturas. e
moltamos `a nossa primeira pergunta, a saber, de que forma estas informa¸c˜oes
efetivas se apresentam `a mente do psicometrista. Evidentemente, isto n˜ao
acontece atrav´es dos conhecidos cinco sentidos.
Naturalmente, uma resposta poderia ser que estes conhecimentos foram
recebidos telepaticamente da pr´opria mente da pessoa qeu trouxe o objeto
para um exame psicom´etrico. Isto pode acontecer em alguns casos, mas
acreditamos que recorrer a uma explica¸c˜ao telep´atica significa apenas sub-
stituir uma forma de percep¸c˜ao extra-sensorial pela outra e, em muitos casos,
a informa¸c˜ao realmente n˜ao est´a na mente de qualquer pessoa viva.
Por conseguinte, os c´epticos se sentem, muitas vezes, na obriga¸c˜ao de
mencionar o “conhecimento universal” e a “mem´oria c´osmica” dos quais
o psicometrista pode, aparentemente, tirar suas informa¸c˜oes. A teoria ´e
atraente e, contrariamente `a forma como `a vezes ´e empregada, apesar das
pretens˜oes dos espiritualistas, coincide com os resultados da pr´atica psi-
com´etrica.
Pode ser ´util analisar brevemente esta id´eia de um conhecimento univer-
sal, do qual podemos extrair informa¸c˜oes em determinadas circunstˆancias.
Os leitores que conhecem a obra do Dr. C. G. Jung devem lembrar que
9
este, em seus escritos, lan¸cou a id´eia do Inconsciente Coletivo, paralela `a
consciˆencia individual normal que todos conhecemos. Atrav´es de seu sub-
consciente mais profundo, cada pessoa est´a em contato direto com este incon-
sciente coletivo. Desta forma, em determinadas circunstˆancias conseguimos
trazer `a tona, para a nossa consciˆencia, uma parte dos conhecimentos local-
izados naquelas esferas ocultas da mente.
A luz astral
O conceito do inconsciente coletivo ´e conhecido por todos os que estu-
daram os ensinamentos da ciˆencia conhecida com o nome de ocultismo. Por
estes ensinamentos, o inconsciente coletivo ´e conhecido como “a luz astral”,
e tamb´em se afirma que as atividades deste inconsciente coletivo se mani-
festam atrav´es de muitos e diferentes graus de uma “substˆancia” imaterial,
que ´e o substrato de toda mat´eria f´ısica.
Afirma-se tamb´em que esta substˆancia subjacente n˜ao cont´em apenas os
registros da mem´oria, consciente e subconsciente, de toda a vida do plan-
eta f´ısico, mas que ´e tamb´em o canal pelo qual a Consciˆencia universal do
Criador e Esteio deste universo mant´em em Seu poder e controle todas as
manifesta¸c˜oes, em todos os n´ıveis da existˆencia.
Os registros ak´ashicos
No Oriente se acredita que a vida e a consiˆencia divina trabalham com
e atrav´es do que se chama o “Akasha”, e por isto encontramos a express˜ao
“registros ak´ashicos”, utilizada para indicar esta “mem´oria c´osmica”. Ev-
identemente, este ´e apenas um esbo¸co muito primitivo de um sistema fi-
los´ofico muito complexo, mas pode servir para explicar tal express˜ao.
Ademais, acredita-se tamb´em que estes registro ak´ashicos se refletem
a n´ıveis vari´aveis na luz astral, e que podem eventualmente sofrer algumas
distor¸c˜oes quando se encontram pr´oximos das correntes emocionais e mentais
que surgem atrav´es do inconsciente coletivo do planeta.
Assim, temos o conceito de uma mente e consciˆencia universal n˜ao muito
afastada da vida terrestre e de suas lutas, mas efetivamente imanente nesta,
enquanto permanece, simultaneamente, em toda Sua Plenitude acima e al´em
de qualquer manifesta¸c˜ao.
Acredita-se tamb´em que, por efeito de sua pr´opria divindade inata, o
homem pode se colocar en rapport, em graus vari´aveis, com aquela con-
sciˆencia divina, e na medida em que isto se verifica, ele se torna capaz de
entrar em contato com a mem´oria c´osmica, da qual sua pr´opria mem´oria
pessoal ´e apenas uma componente microsc´opica.
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A alma do mundo
Da mesma forma que Games, Fechner e muitos outros fil´osofos, os ocultistas
acreditam tamb´em que este planeta n˜ao ´e meramente uma bola de mat´eria
mineral se balou¸cando nos c´eus, mas ´e o ‘corpo” ou ve´ıculo de uma vida
simples mas poderosa, e portanto possui sua pr´opria mem´oria sobre tudo
que nele aconteceu.
Qualquer part´ıcula de mat´eria ´e considerada, atrav´es desta hip´otese, um
meio para entrar em contato com a Anima Mundi, a Alma do Mundo.
O ´eter reflexivo
E chegamos `a simples defini¸c˜ao de Denton e de seus colaboradores, pela
qual, com a psicometria, entramos em contato com, e lemos a mem´oria
inapag´avel da alma das coisas. Ali´as, os ocultistas dizem que esta mem´oria
planet´aria est´a registrada no que eles chamam de “´eter reflexivo” do planeta.
Este ´eter reflexivo n˜ao apenas cont´em a mem´oria planet´aria, mas tamb´em
reflete de forma mais ou menos clara, dependendo das circunstˆancias, o
pr´e-conhecimento da Mente Divina, que j´a se encontra nos fi´eis Registros
Ak´ashicos.
Desta forma, atrav´es do ´eter reflexivo, o psicometrista pode conseguir
alguns vislumbres do futuro, algumas “sombras lan¸cadas para a frente”,
mas a exatid˜ao destas predi¸c˜oes do futuro depende da clareza com a qual
as reflex˜oes da Mente Divina se espelham nas profundezas da mem´oria da
“Anima Mundi”.
Queremos ainda mencionar, brevemente, que o conhecimento desta me-
m´oria universal era simbolizado pelos registros que, conforme a cren¸ca dos
antigos eg´ıpcios, eram lidos quando as almas desencarnadas eram levadas
ao Ju´ızo dos deuses, e uma parte deste simbolismo eg´ıpcio pode ter sido
adotada pelo cristianismo nas imagens do livro das Revela¸c˜oes, no qual se
afirma que “os livros foram abertos” e os mortos foram julgados.
O desenvolvimento da faculdade
Depois de lhes oferecer algumas das teorias e hip´oteses que foram lev-
antadas para explicar os fenˆomenos da psicometria, queremos assinalar que,
embora estas ideias possam ser interessantes e instrutivas, ´e mais oportuno
“voltarmos para a terra”, para nos concentrarmos no desenvolvimento da
faculdade; podemos voltar a discutir o lado metaf´ısico mais tarde, depois de
uma experiˆencia pr´atica pessoal.
N˜ao ´e necess´ario que vocˆe tenha qualquer teoria especial a respeito da
psicometria; vocˆe pode desenvolver a faculdade e us´a-la sem ter que aceitar
qualquer teoria, da mesma forma que as pessoas podem enxergar sem ter
conhecimentos espec´ıficos de ´optica. Depois de desenvolver a faculdade psi-
11
com´etrica, vocˆe poder´a us´a-la, como pode usar todas as faculdades, as f´ısicas
e as supraf´ısicas, para qualquer prop´osito que escolher.
Lembre-se, entretanto, que uma maior habilidade exige uma maior re-
sponsabilidade em us´a-la de maneira coreta, e obviamente, a este ponto,
vocˆe se defronta com o aspecto moral deste desenvolvimento. Vamos falar
mais a este respeito numa outra parte deste livro.
12
Cap´ıtulo 2
Os dons ps´ıquicos
Por algum motivo, parece ter surgido a ideia de que as faculdades ps´ıqui-
cas, como a clarividˆencia, a clariaudiˆencia, a psicometria, e assim por diante,
s˜ao “dons” peculiares que a natureza outorga a determinados indiv´ıduos,
e que n˜ao se trata de faculdades em poder de toda a humanidade. Esta
cren¸ca tem trˆes aspectos. Em primeiro lugar, temos a velha ideia “pag˜a”
dos “deuses” que distribuem d´adivas entre os mortais. Mais especificamente,
como se acreditava que estas qualidades ps´ıquicas significavam que existia
uma esp´ecie de elo entre os deuses e seus devotos, as qualidades ps´ıquicas
eram consideradas, de uma forma especial, superiores a qualquer outra, e
ao redor de seu uso se centrava a atmosfera “divina” da religi˜ao.
No cora¸c˜ao das religi˜oes primitivas da humanidade se encontrava a ideia
do “or´aculo”, do vidente, do “adivinho”, e atr´as da religi˜ao esot´erica oficial
da ´epoca havia uma inclina¸c˜ao e uma pr´atica “interna” ou “es´ot´erica”.
Quando o cristianismo come¸cou a surgir como uma religi˜ao, aparece-
ram v´arios grupos, identificados de forma geral como “gn´osticos”, porque
afirmavam possuir um conhecimento pessoal direto das coisas espirituais.
Muitos entre os que se converteram ao cristianismo, vindos de uma ou outra
antiga religi˜ao de mist´erios, sentiam que uma boa parte de seus conhecimen-
tos anteriores poderia ser “batizada em Cristo”, e um bom n´umero destes
se tornou mestre da Igreja primitiva.
As faculdades ps´ıquicas
Vale a pena notar que nos mist´erios cl´assicos e tamb´em no gnosticismo
dos primeiros crist˜aos o uso de faculdades ps´ıquicas n˜ao significava qualquer
comunica¸c˜ao com os “esp´ıritos” de criaturas humanas desencarnadas, como
no espiritismo moderno, mas apenas se ocupava dos contatos com entidades
espirituais de v´arios tipos.
Quando, por um contratempo, se manifestava algo que parecia uma
criatura humana desencarnada, acreditava-se que algo estava errado e se
tomavam medidas para que isto n˜ao se repetisse. Vale a pena enfatizar que
13
nem o “kerheb” eg´ıpcio, nem o hierofante de Elˆeusis, nem o teurgo neo-
platˆonico e nem o gn´ostico crist˜ao tentavam se comunicar com os “mortos”
atrav´es da mediunidade, embora conhecessem todas as formas de faculdades
ps´ıquicas.
Isto, naturalmente, n˜ao refuta a explana¸c˜ao esp´ırita, mas como muitos
esp´ıritas afirmaram que estes contatos devem ter acontecido, e apenas com
esp´ıritos humanos, torna-se necess´ario frisar que, embora n˜ao possamos ne-
gar a possibilidade destes contatos com os mortos, todos os que mencionamos
nunca consideraram ser este o objetivo mais importante de suas pr´aticas
ps´ıquicas.
S˜ao Paulo
Numa passagem bastante conhecida de uma de suas ep´ıstolas aos con-
vertidos cor´ıntios, S˜ao Paulo d´a instru¸c˜oes aos pequenos grupos de crist˜aos
que se reuniam para a comunh˜ao espiritual e as ora¸c˜oes.
Precisamos lembrar que os primeiros “adeptos”, como eram chamados os
primeiros crist˜aos, levaram muito a s´erio a promessa do Mestre. Ele prom-
etera que lhes mandaria o Esp´ırito Santo para gui´a-los, e eles acreditavam
que a influˆencia do Esp´ırito Santo estava presente em todas as reuni˜oes dos
fi´eis. Diziam que era uma “Igreja repleta do Esp´ırito”.
Entre os pequenos grupos que se reuniam para o culto e a comunh˜ao,
se manifestavam fenˆomenos ps´ıquicos, como ali´as aconteceu muitos s´eculos
mais tarde em grupos parecidos da Sociedade de Amigos (mais conhecidos
como “quacres”).
Acredita-se que tamb´em nas reuni˜oes dos quacres estes fenˆomenos eram
produzidos pelo poder e pela presen¸ca do Esp´ırito, e n˜ao pelo esfor¸co dos
chamados “mortos”.
Dons ps´ıquicos
De fato, Paulo diz que ´e este mesmo Esp´ırito que d´a a cada pessoa um
“dom” ou “carisma” particular, e neste ponto encontramos uma liga¸c˜ao com
a ideia pag˜a e tamb´em judaica dos deuses ou de Deus distribuindo d´adivas
entre os homens.
Uma infeliz tradu¸c˜ao do texto grego fez com que Paulo se referisse a
dons espirituais, quando na realidade a tradu¸c˜ao correta da express˜ao ´e
dons ps´ıquicos, a saber, que pertencem `a “psique”, ou alma, mais que ao
esp´ırito; para Paulo, o homem era uma trindade de corpo, alma e esp´ırito.
Portanto, desde a antiguidade pag˜a e atrav´es dos s´eculos crist˜aos at´e o
presente, estas faculdades ps´ıquicas foram consideradas um dom recebido
dos c´eus, e esta atitude da mente foi aplicada tamb´em a todas as faculdades
humanas. Por conseguinte, falamos em oradores dotados, artistas dotados
ou m´usicos dotados. Em todos estes casos estamos usando as formas de pen-
14
samento do passado, e isto se torna ainda mais marcante quando tratamos
de faculdades ps´ıquicas.
O limiar da consciˆencia
Existe, entretanto, mais um ponto de vista que se encontra impl´ıcito nos
ensinamentos e que s˜ao a base da filosofia de vida deste autor. Queremos
dizer que as faculdades ps´ıquicas est˜ao presentes em todos os homens, de
forma latente, em toda a vida, mas em alguns casos elas atuam acima do
limiar da consciˆencia normal, enquanto na maioria dos caso atuam abaixo
deste limiar. A profundidade abaixo deste limiar determina se vale fazer um
esfor¸co para trazˆe-las at´e uma atividade consciente de trabalho. Em alguns
casos, n˜ao valeria a pena.
Vamos simular um exemplo considerando um outro “dom”: o da m´usica.
J´a exitiram pessoas que, com muito pouca idade, mostraram ter aptid˜ao para
a m´usica, com tamanho talento para composi¸c˜oes e express˜oes musicais que
foram consideradas verdadeiros prod´ıgios. Nestas pessoas a m´usica e suas
express˜oes parecem inatas. Alguns grandes compositores de m´usica podem
ser classificados nesta categoria.
Na outra extremidade da linha podemos tomar a exemplo este escritor.
Desde a mais tenra infˆancia nunca conseguiu cantar afinado, sendo em parte
incapaz de distinguir os sons: os mist´erios do desempenho de uma orquestra
permanecem, para ele, completamente desconhecidos.
Enquanto frequentava o prim´ario, recebia um livro para ler durante a
aula de canto, porque n˜ao apenas era incapaz de cantar uma nota afinada,
mas ningu´em que estivesse perto dele conseguia cantar afinado, apesar de
todos os esfor¸cos! ´E ´obvio que qualquer tentativa de lhe dar uma educa¸c˜ao
musical teria sido completamente in´util.
Atividae espontˆanea
O mesmo acontece com as faculdades ps´ıquicas. Em alguns casos, pare-
cem brotar e atuar espontaneamente. Em outros casos, anos seguidos de
“sess˜oes de desenvolvimento” resultar˜ao in´uteis. Entretanto, a maioria das
pessoas parece se situar entre estes dois extremos. Elas podem desenvolver
ou revelar estas faculdades, mas o tempo necess´ario varia de pessoa para
pessoa.
Todavia, revelar uma faculdade ´e uma coisa; estabiliz´a-la e control´a-la
´e outra coisa bastante diferente. ´E este o ponto onde um sem-n´umero de
candidatos a m´edium n˜ao conseguem superar o teste. N˜ao fazem qualquer
tentativa para disciplinar e treinar sua habilidade ps´ıquica, e isto depende
muitas vezes da ideia errada dos “dons” que j´a mencionamos. Vamos voltar
a discutira toda esta quest˜ao de estabiliza¸c˜ao, disciplina e treinamento mais
adiante, mas achamos que cabia mencion´a-la neste ponto.
15
Vamos considerar agora o ponto de vista ´etico. J´a explicamos que uma
tradu¸c˜ao infeliz estabeleceu uma liga¸c˜ao entre estas faculdades e a ideia
de “espiritualidade”. Vale a pena examinar o que significa esta express˜ao
e at´e que ponto pode ser aplicada a estas faculdades supranormais que se
encontram em cada um de n´os.
Esp´ırito e mat´eria
Na Igreja Crist˜a primitiva surgiu uma curiosa “heresia”, ou ponto de
vista (que ´e o significado original de heresia), que estabelecia uma divis˜ao
definida, ou “dicotomia”, entre o “Esp´ırito” e a “Mat´eria”. As origens
podem ser encontradas em alguns trechos das ep´ıstolas de S˜ao Paulo, mas
elas se tornaram proeminentes nos ensinamentos de um certo Man´es, um
mestre crist˜ao que adotou algumas ideias da religi˜ao persa, o zoroastrismo.
O Esp´ırito e a Mat´eria eram tidos como em eterno conflito, e a Mat´eria era
considerada totalmente perversa.
Esta heresia, embora condenada nos grandes Conc´ılios da Igreja, nunca
foi completamente erradicada da cristandade e voltou a aparecer seguida-
mente, numa ou noutra forma.
Foi a base do fil˜ao puritano que colore toda a hist´oria crist˜a, e que trans-
formou as rea¸c˜oes naturais e necess´arias diante de ensinamentos e comporta-
mentos licensiosos em exageros e desequil´ıbrios, que resultou em ensinamen-
tos e pr´aticas igualmente prejudiciais para o desenvolvimento harmonioso
do esp´ırito humano.
A tradu¸c˜ao errada
Atualmente, embora as escolas que ensinam a usar a faculdade ps´ıquica
afirmem se terem livrado de ideias “ortodoxas”, aparentemente ainda est˜ao
tolhidas pela tradu¸c˜ao errada da passagem do Novo Testamento que se refere
aos dons ps´ıquicos, e muitos de seus seguidores insistem em considerar estas
faculdades como dons esp´ıritas.
Eles est˜ao certos, enquanto todos os poderes e faculdades humanas s˜ao
espirituais, no verdadeiro sentido da palavra, porque a Mat´eria nada mais ´e
que uma manifesta¸c˜ao do Esp´ırito; por´em, e este ´e um POR´EM mai´usculo,
se eles consideram as faculdades ps´ıquicas como espirituais, eles tˆem que
considerar tamb´em as faculdades f´ısicas do homem como espirituais, para
evitar cair na heresia manique´ısta.
Infelizmente, continua a vicejar o falso conceito de que uma pessoa
dotada de faculdades ps´ıquicas significa obrigatoriamente que esta pessoa
seja tamb´em “esp´ırita” no sentido ´etico e moral. Qualquer pessoa que con-
hece de perto o mundo do psiquismo e de assuntos correlatos, sabe perfeita-
mente que isto n˜ao corresponde `a verdade, entretanto, trata-se de uma ideia
profundamente arraigada, que n˜ao parece destinada a desaparecer t˜ao cedo.
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Como vimos, suas origens s˜ao antigas e n˜ao poder´a ser eliminada num piscar
de olhos.
Resta o fato de que uma pessoa dotada de faculdades ps´ıquicas e de
habilidades medi´unicas n˜ao ´e, necessariamente, uma pessoa com elevados
padr˜oes espirituais e morais. De fato, muitas vezes verificamos o contr´ario.
Sugest˜oes telep´aticas
J´a mencionamos as profundidades vari´aveis da mente, nas quais estas
faculdades ps´ıquicas podem ser encontradas no estado latente. Vamos con-
siderar agora o caso de uma pessoa na qual estas faculdades se encontram
muito pr´oximas da superf´ıcie da mente subconsciente, mas n˜ao est˜ao no
campo consciente do estado de vig´ılia. Entretanto, elas atuam constante-
mente nos n´ıveis subconscientes, recebendo impress˜oes dos pensamentos e
das emo¸c˜oes de outros ao redor.
Todas estas impress˜oes chegam `a sua mente como sugest˜oes, que podem
ser boas ou m´as, e que alteram constantemente toda a consciˆencia.
Todas as pessoas est˜ao interligadas desta maneira, homem nenhum ´e uma
ilha, como j´a disse um poeta e, al´em de nossa base subconsciente comum no
que se chama o “Inconsciente Coletivo” da ra¸ca, estamos sempre cercados e,
praticamente, submersos por uma corrente turbulenta de pensamento e de
emo¸c˜ao, atravessada por mar´es r´ıtmicas de energia, e estamos, consciente
ou inconscientemente, sempre reagindo conforme o conte´udo desta mar´e
invis´ıvel.
A vida de uma prostituta
Desta forma, pode acontecer que uma mulher se entregue `a prostitui¸c˜ao,
n˜ao por ter escolhido conscientemente este caminho, mas por causa dos
pensamentos e das emo¸c˜oes de outras pessoas, que atuam sobre seus sentidos
ps´ıquicos parcialmente despertos. Est´a sendo arrastada pela sua pr´opria
sensibilidade.
Se esta mulher foi criada conforme determinados ideais de comporta-
mento em assuntos sexuais, ela provavelmente resistiu `a influˆencia combi-
nada de seus instintos naturais e das sugest˜oes insidiosas que a atingiam
atrav´es de sua sensibilidade oculta. Mas pode ter chegado um momento em
que n˜ao estava ‘alerta”, e seus impultos instintivos combinados com as sug-
est˜oes telep´aticas concorreram para que perdesse seu equil´ıbrio emocional e
´etico, e ela “caiu no pecado”.
Todavia, a culpa desta queda pode ser de algu´em que, convencido de sua
pr´opria virtuosa “respeitabilidade”, prejulgou a mo¸ca, e com a for¸ca de seu
pensamento (que muitas vezes ´e provocado por impulsos sexuais recalcados)
contribuiu para a sua queda. “N˜ao julgues, para n˜ao seres julgado” ´e uma
m´axima muito saud´avel.
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Um c´odigo de vida
Por causa desta intera¸c˜ao entre n´os mesmos e o universo ao nosso redor,
e se realmente quisermos ser “n´os mesmos”, ´e altamente recomend´avel que
construamos, consciente e deliberadamente, um c´odigo de vida para o nosso
cotidiano e para nosso trabalho, um padr˜ao ´etico e moral que evite ficarmos
`a mercˆe destas influˆencias invis´ıveis, mas poderosas, que recebemos do nosso
ambiente.
Sabemos quanto estes c´odigos de pensamento e de comportamento se
tornam necess´arios frente `as tenta¸c˜oes vis´ıveis e tang´ıveis de nossa vida nor-
mal consciente. Estes c´odigos, por´em, se tornam ainda mais imprescind´ıveis
como uma salvaguarda contra as tenta¸c˜oes subconscientes, intang´ıveis e in-
vis´ıveis.
Depois de estabelecer este c´odigo de vida, podemos tentar, com segu-
ran¸ca, trazer at´e nossa mente consciente e desperta as impress˜oes recebidas
por meio destes sentidos ps´ıquicos submersos. Quando conseguimos con-
trol´a-las conscientemente desta forma, elas deixam de ser fontes ocultas e de-
sconhecidas de uma parte de nosso pensamento irrespons´avel, e come¸camos
a ser menos afetados pelas muitas facetas da “mente da ral´e” ao nosso redor.
Estaremos assim obedecendo `a m´axima que , na antiguidade, se encon-
trava gravada acima do portal do Templo dos Mist´erios: Gnothi heauton, e
que significa: “Conhece-te a ti pr´oprio”! Quando as impress˜oes ps´ıquicas s˜ao
trazidas assim `a conciˆencia, ´e poss´ıvel avaliar seu valor e trat´a-las conforme
o c´odigo de vida desenvolvido.
A ciˆencia da alma
O leitor tem a possibilidade de se valer delas para o aperfei¸coamento
de seu pr´oprio car´ater, e como tem um conhecimento consciente destas im-
press˜oes, n˜ao et´a mais `a sua mercˆe. Pode observar as condi¸c˜oes que lhes
permitir˜ao atuar, e tamb´em pode come¸car a avaliar o valor que elas poder˜ao
ter em sua vida. Se o leitor possui uma mente do tipo cient´ıfico, ele poder´a
tamb´em come¸car a reconhecer os caracteres do alfabeto de uma ciˆencia h´a
muito esuqecida nestes tempos modernos: a ciˆencia da alma.
´E verdade que no estado atual de nosso conhecimento moderno destas
faculdades, o fato de exercˆe-las ´e muito mais uma arte que uma ciˆencia, mas
progredindo na compreens˜ao dos princ´ıpios que regem suas manifesta¸c˜oes,
vamos come¸car a vislumbrar a ciˆencia sublime que regulamenta as mani-
festa¸c˜oes das faculdades paranormais.
O sistema iogue
A humanidade nunca perdeu completamente esta ciˆencia; no ocidente,
entretando, ela foi aparentemente suplantada pelo tipo de civiliza¸c˜ao que
aqui se desenvolveu. No oriente sobreviveu mais abertamente nos diferentes
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sistemas de ioga, dos quais alguns fragmentos est˜ao sendo insistentemente
propagados no ocidente em nossa ´epoca. Uma grande parte ´e apenas uma
par´odia do verdadeiro conhecimento.
Todavia, no oriente e no ocidente existem os iniciados e os zeladores
desta Eterna Sabedoria, e eles est˜ao prontos para assistir, neste momento
importante da hist´oria humana, aos que se dedicam ao trabalho de pesquisa
no campo da paranormalidade no mundo ocidental.
Entre estes poderes paranormais, a faculdade da psicometria ´e uma das
mais interessantes e instrutivas, e pode ser de grande valia quando aplicada
corretamente.
Treinamento especial
´E relativamente f´acil adquirir um pouco de habilidade psicom´etrica sem
qualquer instru¸c˜ao especial, mas ´e prefer´ıvel, sob todos os pontos de vista,
que o candidato-psicometrista siga um sistema definido de treinamento. A
faculdade bem treinada ´e muito superior `a n˜ao treinada.
O treinamento necess´ario para desenvolver a faculdade de psicometria
pode ser subdividido em diferentes t´ecnicas, que discutiremos mais detal-
hadamente no cap´ıtulo seguinte. Todavia, gostar´ıamos de explicar por que
utilizamos o termo “faculdade” com uma frequˆencia que poder´a parecer
excessiva a alguns de nosso leitores. A maior parte das pessoas que lida
com estes assuntos usaria, provavelmente, a express˜ao “poderes ps´ıquicos”,
enquanto n´os preferimos o termo “faculdade” porque consideramos esta ex-
press˜ao mais correta. Trata-se de faculdades receptivas e n˜ao de poderes
expressos.
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Cap´ıtulo 3
Treinamento preliminar
J´a mencionamos que ´e poss´ıvel desenvolver capacidades psicom´etricas
sem qualquer treinamento e, ali´as, foi isto que aconteceu com os pioneiros
que redescobriram a faculdade nos tempos atuais. De fato, isto acontece
com todas as novas descobertas ou com as redescobertas, porque, apenas
repetindo as experiˆencias e classificando os resultados obtidos, ´e poss´ıvel
formular os princ´ıpios da mat´eria. Em seguida, pode-se planejar um m´etodo
de treinamento sistem´atico.
Todavia, mesmo depois de desenvolver um tal sistema de treinamento, ´e
necess´ario lembrar sempre que o exerc´ıcio destas faculdades ps´ıquicas, emb-
ora tenha um fundamento realmente cient´ıfico, tamb´em tem muito de arte,
e qualquer sistema de treinamento deve levar em conta os fatores pessoais.
Podemos encontrar uma situa¸c˜ao muito parecida nas artes visuais; por
exemplo, um pintor pode possuir uma t´ecnica mecˆanica de pintura muito
exata, entretanto o valor efetivo de seu trabalho ´e dado pelo elemento pessoal
que ele transfere para seus quadros. O mesmo acontece com a faculdade
ps´ıquica da psicometria.
O dom´ınio da lei natural
No caso da pr´atica ps´ıquica, a referˆencia a uma base “cient´ıfica” poder´a
surpreender muitos de nossos leitores, especialmente os que sempre acredi-
taram que estas coisas se encaixavam numa ordem “sobrenatural” de coisas
e, portanto, n˜ao estavam sujeitas `a lei cient´ıfica. Todavia, os que estudaram
estas mat´erias de maneira mais aprofundada est˜ao convencidos de que real-
mente est˜ao sujeitas `a lei natural.
Talvez seja necess´ario explicar que, quando falamos nas leis naturais do
universo, estamos nos referindo efetivamente `a que foi descrita como a “a
sequˆencia previs´ıvel de eventos observados durante um per´ıodo demorado” e
n˜ao `a lei c´osmica atual e imut´avel, que ´e o pr´oprio arcabou¸co deste universo.
Em outras palavras, trata-se de nosso conceito da verdadeira lei natural.
Podemos encontrar um exemplo na hip´otese newtoniana da gravidade e
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luz. Estas teorias funcionam bem dentro de determinados limites, e explicam
a maioria dos fatos observados, mas existem fatos que n˜ao se enquadram
nestes esquemas, enquanto a hip´otese geral da relatividade, formulada por
Einstein, consegue englob´a-los.
Da mesma maneira, os cientistas victorianos, cujas hip´oteses eram formu-
ladas em bases meramente materiais, estavam convencidos de que as man-
ifesta¸c˜oes ps´ıquicas n˜ao poderiam ser inclu´ıdas no “universo racional” do
pensamento cient´ıfico.
Novas hip´oteses
“No universo n˜ao h´a lugar para fantasmas”, declarou destes cientistas,
e um outro arrematou: “Vejo na mat´eria a promessa e a potˆencia de toda a
vida”.
Fizemos esta digress˜ao para indicar que as “leis da natureza”, da maneira
como s˜ao formuladas numa ´epoca qualquer, podem sempre ser modificadas
por novas hip´oteses formuladas numa ´epoca posterior. Afinal, s˜ao ape-
nas teorias, hip´oteses, desenvolvidas para expressar e explicar determinados
fatos. Al´em destas se encontra a lei imut´avel do universo, e a verdade ou
falsidade de qualquer “hip´otese da lei da natureza” depende de quanto ela
se aproxima da lei verdadeira.
Osa anais da hist´oria cient´ıfica est˜ao apinhados de exiemplos de exatid˜ao
relativa de teorias desenvolvidas por pensadores cient´ıficos para explicar os
fenˆomenos naturais observados.
Todas as hip´oteses e declara¸c˜oes sobre a lei natural est˜ao condicionadas
pela nossa compreens˜ao dos fatos observados, pelos nossos preconceitos pes-
soais, conscientes ou inconscientes, e pelo escopo e a amplitude de nossa
experiˆencia relativa ao assunto. Os cientistas victorianos nem sempre en-
tendiam isto, ali´as ainda hoje muitos cientistas n˜ao o admitem.
Algum tempo atr´as ouvimos um proeminente psic´ologo declarar que,
apesar de qualquer quantidade de provas, jamais chegaria a considerar a
ideia da possibilidade da Percep¸c˜ao Extra-Sensorial, porque a admiss˜ao de
tal possibilidade destruiria a base de todo o ensinamento moderno.
Pensadores religiosos
Um “bloqueio” bastante parecido existe tamb´em na mente de muitos
pensadores religiosos, como est´a demonstrado pela tendˆencia de estabelecer
uma divis˜ao r´apida e n´ıtida entre coisas “sagradas” e coisas “seculares”.
Este ´e o enfoque mental que sempre indicou uma tendˆencia a considerar as
faculdades ps´ıquicas como sendo “sobrenaturais”.
N˜ao concordamos com estas cren¸cas porque, como a maioria dos que tra-
balharam seguindo estas diretrizes, acreditamos que “sobrenatural” ´e apenas
Aquele que se encontra acima de toda a Natureza, por ser Ele a Fonte e a
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Origem. Acreditamos tamb´em que a Vontade e o Prop´osito d’Ele s˜ao a
verdadeira lei do Universo.
Manifesta¸c˜oes paranormais
Desta forma, todas as manifesta¸c˜oes em qualquer plano de existˆencia
s˜ao regidas pelas leis naturais, e n˜ao devem ser definidas “sobrenaturais”.
Costumamos, portanto, nos referir `as faculdades ps´ıquicas como “paranor-
mais”. Por conseguinte, ´e l´ogico que se enquadram no campo da observa¸c˜ao
e do m´etodo cient´ıficos.
Da mesma forma, uma grande parte dos testes e das investiga¸c˜oes efetu-
ados nada tem de cient´ıfico, e ambos os extremos da escala mental indicam
uma igual teimosia e a mesma m´a vontade em obedecer aos ditamos do
grande cientista victoriano, Huxley, que afirmava que o verdadeiro cientista
deve estar preparado para “se sentar diante da Natureza como uma crianc-
inha, e segui-la para onde ela nos conduz”.
Em tudo que escrevemos aqui a respeito do treinamento da faculdade
psicom´etrica, tentamos evitar as duas posi¸c˜oes extremas, a da aridez int-
electual e a da asneira sentimental.
Um exemplo de leitura inadequada
Vocˆe deve se lembrar que reproduzimos um esbo¸co sum´ario de um “en-
contro psicom´etrico”, e que observamos a respeito que a “leitura” do psi-
cometrista era de boa qualidade. Queremos agora reproduzir uma “leitura”
psicom´etrica de qualidade inferior. Vocˆe pode reparar que as declara¸c˜oes s˜ao
muito claras, e podem ser reconhecidas pelo propriet´ario do objeto. A in-
forma¸c˜ao n˜ao apresenta defeito, mas a apresenta¸c˜ao ´e definitivamente fraca.
Nosso psicometrista apanha o objeto e diz: “Vejo um bocado de ´agua -
tem um homem a´ı - acho que ´e o mar - o homem est´a metido numa farda
esquisita - estou vendo um mont˜ao de ´arvores, as folhas com uma colora¸c˜ao
verde acinzentada - tenho uma sensa¸c˜ao de influˆencias eclesi´asticas - incenso
- as ´arvores est˜ao crescendo nas colinas baixas atr´as de uma cidade - vocˆe
est´a com alguma d´uvida sobre uma decis˜ao? - este objeto tem alguma
rela¸c˜ao com influˆencias italianas - o homem est´a observando alguma coisa -
vocˆe estava querendo ir para a It´alia? - tenho a impress˜ao de disparos de
canh˜oes - vocˆe esteve na guerra? - o homem tem uma espada, parece que
est´a no comando de alguma coisa - n˜ao se preocupe a respeito da decis˜ao a
tomar, em alguns dias tudo ficar´a mais claro”.
A¸c˜ao seletiva
Vocˆe pode ver que esta “leitura” cont´em a maioria das informa¸c˜oes pro-
porcionadas pelo primeiro psicometrista, entretanto, ao inv´es de uma s´erie
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de informa¸c˜oes coerentes, neste caso temos um amontoado de fragmentos
confusos. Como pode acontecer isto?
Existem, neste caso, dois fatores principais e um fator secund´ario. Em
primeiro lugar, existe a caracter´ıstica das faculdades ps´ıquicas que atua da
seguinte forma: todas as informa¸c˜oes recebidas atrav´es destas faculdades
se apresentam `a mente como um bloco de conhecimentos, que em seguida
devem ser selecionados pela mente subconsciente e projetados para a con-
sciˆencia, seguindo uma determinada sequˆencia.
Incidentalmente, a mesma coisa se verifica com a vis˜ao f´ısica normal. Os
olhos absorvem o quadro completo e depois o transmitem ao centro visual do
c´erebro, e por conseguinte a informa¸c˜ao ´e transmitida `a mente consciente
atrav´es do subconsciente. Normalmente, existe uma a¸c˜ao seletiva que se
processa no subconsciente, e esta a¸c˜ao seletiva subconsciente subdivide o
bloco de impress˜oes visuais recebidas e apresenta as partes, num padr˜ao
determinado, `a mente desperta.
A a¸c˜ao seletiva subconsciente ´e desencadeada por v´arios fatores. Pode-
mos ter lido a respeito de um rio em cheia e os preju´ızos provocados pela
enchente, e depois, no mesmo dia, podemos ir para o campo e ver uma
paisagem na qual h´a, entre outros detalhes, um trecho de rio. Quase sem-
pre a primeira coisa que atrair´a nossa aten¸c˜ao naquele panorama compestre
ser´a o rio, porque nosso subconsciente ficou impressionado pela leitura do
notici´ario daquele mesmo dia.
Preconceito psicol´ogico
Tamb´em ´e poss´ıvel sentirmos uma enorme antipatia por certos animais,
por exemplo, vacas: e sem percebˆe-lo conscientemente, nossa primeira ob-
serva¸c˜ao ser´a que existem vacas na paisagem! Aqui nos defrontamos com
o segundo fator em mat´eria de percep¸c˜ao. Um preconceito psicol´ogico se
desenvolveu automaticamente em nosso subconsciente e todas as impress˜oes
que chegam a qualquer um dos sentidos est˜ao afetadas por este preconceito
em sua passagem atrav´es dos n´ıveis conscientes da mente.
Quando conhecemos os nosso preconceitos, em qualquer sentido, pode-
mos compens´a-los conscientemente, mas quando os desconhecemos, eles po-
dem afetar nossa capacidade de avaliar o que recebemos atrav´es de nossos
sentidos. Isto se verifica sobretudo quando temos que julgar e registrar o
que vimos ou ouvimos.
Esta sele¸c˜ao imperfeita das impress˜oes pode ser, obviamente, encontrada
em algumas das “descri¸c˜oes” feitas por clarividentes e psicometristas e, em
grande medida, isto depende da ausˆencia de um bom treinamento mental. ´E
bastante ´obvio que tudo que se apresenta `a mente ´e gravado na consciˆencia,
e este registro mental ´e a base do que chamamos de “mem´oria”.
Da mesma forma, o registro que resulta da entrada de percep¸c˜oes ps´ı-
quicas atua sob os mesmos princ´ıpios mentais do registro mental que ´e o
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resultado da entrada de percep¸c˜oes dos sentidos f´ısicos.
A habilidade de observa¸c˜ao
No caso do psicometrista, as impress˜oes ps´ıquicas que entram em bloco
devem ser registradas e enviadas de novo para fora muito rapidamente, de
uma forma quase parecida como as impress˜oes visuais recebidas por um
comentarista esportista de televis˜ao devem ser devolvidas imediatamente
em forma de coment´ario, acompanhando o jogo que est´a sendo observado.
Isto significa que o poder seletivo da mente deve processar rapidamente
os incidentes do jogo em sua sequˆencia correta, e para que este processo possa
ser executado com sucesso, a principal habilidade exigida ´e a de observa¸c˜ao.
Observar em sequˆencia n˜ao ´e t˜ao comum como pode parece. A maioria das
pessoas apresenta a tendˆencia, provocada por pontos falhos psicol´ogicos, de
observar algumas coisas e deixar de observar outras, ou ent˜ao de confundir
a sequˆencia dos acontecimentos.
O treinamento da observa¸c˜ao ´e um ponto essencial para qualquer pes-
soa que utiliza seus sentidos ps´ıquicos, e sua ausˆencia ´e a j´a mencionada
causa secund´aria de dificuldades no desenvolvimento psicom´etrico. Os sutis
impulsos ps´ıquicos recebidos pelo psicometrista devem ser percebidos, reg-
istrados e traduzidos em palavras faladas ou escritas (alguns psicometristas
efetuam a chamada “psicometria por correspondˆencia”). Quando isto n˜ao
se efetua de maneira praticamente imediata, estas impress˜oes submergir˜ao
no campo mental geral, misturando-se e ficando distorcidas pelas imagens
de pensamento que nele existem.
Por conseguinte, uma parte essencial do treinamento ´e cultivar esta ca-
pacidade de observa¸c˜ao, e, como j´a explicamos, esta capacidade n˜ao ´e muito
comum, porque, embora todas as impress˜oes fiquem gravadas na mente,
raramente elas chegam a emergir na consciˆencia desperta, mas permanecem
abaixo do limiar mental, a saber, no subconsciente. Portanto, existe a ne-
cessidade de treinar a mente para atuar de maneira que muito mais destas
impress˜oes recebidas sejam registradas pela consciˆencia desperta.
Existem muitos exerc´ıcios que foram desenvolvidos para este treinamento
espec´ıfico, todavia muitos apresentam o defeito de serem excessivamente
complexos, e na realidade acabam por ser contraproducentes. Nestes assun-
tos, quanto mais simples o exerc´ıcio, melhor: as probabilidades de sucesso
aumentam com a simplicidade.
Aten¸c˜ao e concentra¸c˜ao
Consideremos rapidamente o que ´e realmente a “observa¸c˜ao”. ´E a ca-
pacidade de prestar uma aten¸c˜ao concentrada e conscientemente dirigida
`as impress˜oes provocadas em nossas mentes pela atua¸c˜ao de nossos senti-
dos, enquanto estes sentidos reagem frente `as v´arias coisas e aos diferentes
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acontecimentos que formam o cen´ario de nossas vidas.
Esta aten¸c˜ao dirigida e concentrada significa que precisa aprender a
manter a aten¸c˜ao voltada para qualquer ponto daquele cen´ario, conforme
a vontade. Evidentemente, ´e isto que chamamos de “concentra¸c˜ao”. Por
conseguinte, a aten¸c˜ao e a concentra¸c˜ao s˜ao ambas valiosos utens´ılios de
treinamento para o desenvolvimento psicom´etrico. Por outro lado, a aten¸c˜ao
tamb´em ´e a chave para uma vida f´ısica de muito sucesso, e vale a pena anotar
que o paranormal bem treinado, seja ele clarividente ou psicometrista, n˜ao ´e
absolutamente a pessoa distra´ıda ou pern´ostica que geralmente se acredita.
Evidentemente, existem paranormais que s˜ao distra´ıdos e pern´osticos, e
existem v´arias raz˜oes para que sejam assim. Por outro lado, existem muitos
padres que, mais ou menos, apresentam uma imagem que se parece bastante
com a par´odia que se faz deles nos programas humor´ısticos.
Existe ainda um curioso detalhe: depois do treinamento e desenvolvi-
mento da faculdade ps´ıquica, as impress˜oes que entram podem, em alguns
casos, ser comparadas, pela intensidade, `as percep¸c˜oes puramente sensoriais.
“Reflexo condicionado”
Os seguidores de determinados sistemas “ocultos” afirmam que as pes-
soas comuns atravessam a vida num sonho desperto, reagindo automatica-
mente `as condi¸c˜oes ao seu redor, e justificam em geral as afirma¸c˜oes dos
psic´ologos “behavioristas” e dos Materialistas Dal´eticos comunistas, no sen-
tido de que uma criatura humana ´e apenas a pe¸ca complexa de um mecan-
ismo, que funciona dirigida pelo que se chama de “reflexo condicionado”.
A famosa experiˆencia dos “c˜aes de Pavlov” ´e considerada a prova deste
enfoque mecˆanico da vida, e estas escolas de ocultismo, embora discordem
completamente com o enfoque basicamente materialista, afirmam, entre-
tanto, que a maioria dos pensamentos e das a¸c˜oes do homem m´edio ´e o
resultado deste “reflexo condicionado”. Por outro lado, eles afirmam, com
absoluta certeza, que o homem tem a possibilidade de acordar deste sonho
e de come¸car a atuar como uma criatura consciente.
As implica¸c˜oes ulteriores desta doutrina nos afastariam demais da rota
que escolhemos, mas quisemos mencion´a-la porque ´e um fato indiscut´ıvel
que, em maior ou em menor medida, esta qualidade on´ırica da consciˆencia
se manifesta em nossa vida desperta e em nosso trabalho.
A vida urbana embota a percep¸c˜ao
As condi¸c˜oes da vida moderna no ambiente urbano tendem a provocar
em n´os uma rea¸c˜ao autom´atica `as condi¸c˜oes ao nosso redor, enquanto que,
se estiv´essemos vivendo num ambiente selvagem e natural, onde qualquer
falta de aten¸c˜ao nos pormenores da vida provavelmente significaria nossa
morte, descobrir´ıamos que estamos observando conscientemente tudo em
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nossa volta, de uma forma como jamais pensar´ıamos fazer vivendo na cidade.
Qualquer impress˜ao dos sentidos, ao chegar em nossa mente, seria avaliada
conscientemente e o resultado seria um aumento sens´ıvel da acuidade de
nosso sentido f´ısico.
Mesmo em nossa vida urbana moderna, poder´ıamos diminuir muito a
taxa de mortalidade provocada por “acidentes” se aprendˆesseom a prestar
aten¸c˜ao ao que nos cerca, ao inv´es de caminhar e de dirigir de forma quase
autom´atica, dependendo apenas do bom senso dos outros, ou ent˜ao da ve-
locidade de nossos reflexos.
Isto n˜ao significa que precisamos sempre observar o ambiente em nossa
volta com a mesma intensidade utilizada pelos “batedores brancos” no tempo
da coloniza¸c˜ao do oeste norte-americano; significa apenas que uma parte
desta intensidade deve ser trazida para a vida comum. E, considerando, n˜ao
seria uma m´a ideia.
O jogo de Kim
Em alguns de meus escritos anteriores mencionei um determinado ex-
erc´ıcio, conhecido em geral com o nome de “jogo de Kim”, extra´ıdo de
um livro de Rudyard Kipling, cujo t´ıtulo ´e Kim. Pelos coment´arios de
meus leitores, parece que este jogo foi considerado excessivamento dif´ıcil
por muitos.
Acredito que uma grande parte da dificuldade foi, na realidade, psi-
col´ogica, porque quando se come¸ca a praticar este exerc´ıcio, quase todos o
acham um pouco desanimador. O motivo ´e que o jogo comprova de maneira
bastante en´ergica o quanto nossa capacidade mental de aten¸c˜ao ´e prec´aria.
Todavia, a repeti¸c˜ao sistem´atica deste exerc´ıcio pode desenvolver a capaci-
dade num tempo relativamente curto.
Para os leitores que ainda n˜ao ouviram falar no jogo de Kim, devo ex-
plicar que ´e jogado com um certo n´umero de pequenos objetos, como an´eis,
bot˜oes coloridos ou lavrados, porcas e parafusos pequenos e outras pecin-
has mecˆanicas diminutas, que s˜ao colocados sobre uma bandeja. Firmamos
nossa aten¸c˜ao nos objetos durante dois ou trˆes minutos e depois a bandeja
´e coberta com um pano. A seguir, escrevemos os nomes dos objetos que
lembramos ter visto na bandeja. Pode ser ´util pedir a ajuda de uma outra
pessoa para colocar os objetos na bandeja, mas este detalhe n˜ao ´e realmente
essencial.
Depois de escrever o nome do maior n´umero poss´ıvel de objetos, reti-
ramos o pano que cobre a bandeja, para verificar a diferen¸ca entre o n´umero
de objetos lembrados e o n´umero efetivo dos objetos sobre a bandeja.
Como referˆencia, quando conseguimos lembrar o nome de oito ou nove
objetos entre os vinte que est˜ao sobre a bandeja, podemos dizer que o re-
sultado ´e bom. Na maioria dos casos, as pessoas lembram apenas cinco ou
seis. A capacidade de lembrar melhora com a pr´atica, quando se chega a
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lembrar dezessete ou dezoito objetos entre os vinte. Depois de conseguir
um marcador razo´avel, podemos variar o exerc´ıcio tentando lembrar os de-
talhes de cada objeto: sua forma, o tipo de grava¸c˜ao, sua cor e qualquer
defeito aparente. As pessoas que acham que o esp´ırito de competi¸c˜ao ´e um
bom aux´ılio, podem tentar executar o exerc´ıcio como um jogo, com um dois
amigos. Por outro lado, na maioria dos casos nos sentimos a tal ponto enver-
gonhados pela nossa incapacidade inicial, que preferimos um jogo solit´ario!
Pense nos cord˜oes dos sapatos
Aqui temos outro exerc´ıcio, tamb´em muito simples, mas assim mesmo,
muito eficaz. Eu o chamo de “Pense nos cord˜oes dos sapatos”, porque foi
assim que meu primeiro tutor neste assunto o apresentou para mim.
Em resumo, trata-se apenas de firmar a aten¸c˜ao em qualquer coisa que
vocˆe estiver fazendo naquele momento. Neste caso, estamos atando os
cord˜oes do sapato. Por conseguinte, concentramos toda a nossa aten¸c˜ao
em fazer apenas isto. N˜ao estamos automaticamente atando os cord˜oes dos
sapatos, ouvindo, ao mesmo tempo, distraidamente, o notici´ario do r´adio, ou
a voz de nossa mulher que enumera uma lista de coisas que precisamos com-
prar antes de nossa volta. Tamb´em n˜ao estamos refletindo subjetivamente
sobre o que fazer no escrit´orio ou na f´abrica. devido a determinadas dificul-
dades que poderiam surgir. Nada disso: simplesmente, nos concentramos
em atar os cord˜oes dos sapatos.
Parece uma coisa t˜ao simples, que a ideia de um treinamento mental
nestas bases parece quase goza¸c˜ao, mas neste caso poder´ıamos cair no erro
de um determinado cavalheiro mencionado na B´ıblia, que quando ouviu que
devia se lavar nas ´aguas do Rio Jord˜ao para ficar curado da lepra, ficou
indignado e declarou que o famoso profeta que lhe dera este conselho devia
ter feito alguma coisa espetacular: “Devia ter estendido suas m˜aos sobre
mim”, protestou o tal cavalheiro, imaginando que isto poderia levar a uma
cura instantˆanea. E de qualquer forma, na terra do cavalheiro havia alguns
rios realmente bonitos, como, por exemplo, Abana e Farfar. Rios de verdade,
bem diferentes deste c´orrego turbulento e lodacento, chamado Jord˜ao! Mas,
como relata a hist´oria, o c´orrego t˜ao desprezado curou a doen¸ca.
Esta curiosa atra¸c˜ao pelo bizarro e pelo espetacular n˜ao desapareceu ao
longo dos s´eculos, e podemos encont´ra-la bem manifesta tamb´em em nossos
dias. Este ´e o gosto que leva muitas pessoas a serem v´ıtimas de curandeiros
ps´ıquicos ou ocultistas, que podem ser encontrados `a margem ou no seio de
sociedades e organiza¸c˜oes que se dedicam ao estudo destes assuntos.
A simplicidade do exerc´ıcio ´e apenas aparente. Ao pratic´a-lo algumas
vezes, vocˆe perceber´a as armadilhas que sua pr´opria mente consegue colocar,
quando se apresenta uma oportunidade.
O formid´avel neste exerc´ıcio t˜ao simples, ´e que vocˆe pode praticar a
qualquer hora, sem qualquer preparo especial, e a menor de suas vanta-
28
gens ser´a uma maior capacidade de concentra¸c˜ao: j´a isto pode proporcionar
dividendos razo´aveis no cotidiano.
A faculdade da mem´oria
Um desenvolvimento ulterior de tudo isto ´e estender esta aten¸c˜ao direta e
consciente a qualquer coisa que estiver acontecendo perto de n´os, enquanto
apananhamos o ˆonibus ou o trem, a caminho do escrit´orio ou da f´abrica.
Quantos, entre os meus leitores, poderiam lembrar os detalhes de uma casa
na esquina, por onde passam quando, de sua pr´opria travessa, entram na
art´eria principal? Quantos poderiam agora descrever sua aparˆencia geral,
o n´umero de suas janelas, sua decora¸c˜ao e seu jardinzinho (ou a ausˆencia
deste jardim)?
E mais, as pessoas no ˆonibus ou no trem, sua aparˆencia, seus cacoetes,
etc. Quantos, entre n´os, apenas prestam uma aten¸c˜ao m´ınima nestes por-
menores? Aqui temos os materiais para um exerc´ıcio mental realmente com-
pensador, e como o anterior, pode ser praticado em qualquer momento.
Obviamente, prestar aten¸c˜ao n˜ao significa que precisamos ficar de olhos
arregalados olhando para os outros, pois afinal seria grosseiro, e poderia
at´e levar a complica¸c˜oes desagrad´aveis, especialmente em se tratando de
pessoas que n˜ao gostam de ser observadas com insistˆencia. N˜ao ´e necess´ario
olhar fixamente durante alguns minutos para reter uma boa imagem mental
de uma pessoa ou de um objeto. ´E muito importante lembrar isto. Na
realidade, basta um olhar r´apido, com aten¸c˜ao concentrada.
Para rematar este assunto, quero resumir o que um amigo meu, que ´e
hipnotizador, me contou a respeito da mem´oria visual. Ele mostrou a uma
pessoa uma p´agina de um livro de psicologia, depois de se certificar de que
a pessoa em quest˜ao n˜ao estava muito interessada em psicologia.
Em seguida, hipnotizou esta pessoa, e quando esta j´a se encontrava no
est´agio de hipnose profunda, sugeriu que ela era uma conferencista de grande
popularidade, e que se encontrava sobre uma plataforma, pronta para iniciar
uma conferˆencia sobre um aspecto peculiar de psicologia, relatado na p´agina
do livro antes mostrada, e que a pessoa tinha visto durante apenas um
minuto.
A pessoa aceitou a sugest˜ao e fez uma ´otima conferˆencia sobre quanto
tinha lido durante um minuto naquele texto de psicologia. N˜ao mencionou
pontos n˜ao inclu´ıdos na p´agina, mas apenas alongou bastante o assunto,
por´em falou nas declara¸c˜oes inclu´ıdas na p´agina, comentando-as, e citou
alguns trechos, palavra por palavra.
Isto aconteceu depois de apenas um minuto dedicado a uma p´agina in-
teira, impressa em letra mi´uda. N´os tamb´em j´a fizemos experiˆencias do
gˆenero, e com os mesmos resultados. Incidentalmente, ´e esta poderos´ıssima
capacidade de mem´oria da mente subconsciente que muitas vezes falsifica o
que, `a primeira vista, pode parecer uma prova de percep¸c˜ao extra-sensorial.
29
Resumindo, a quest˜ao n˜ao est´a no tempo gasto em observar uma coisa
ou uma pessoa, mas est´a na intensidade da aten¸c˜ao necess´aria.
Apresenta¸c˜ao da prova
Chegamos a um ponto muito importante deste treinamento. Vocˆe deve se
lembrar de que, quando descrevemos a “leitura” de um paranormal, demos
duas vers˜oes da mesma leitura: a primeira, feita por um psicometrista de
bom n´ıvel, e a outra por um psicometrista cujo trabalho era de qualidade
muito inferior. Afirmamos na ocasi˜ao que a diferen¸ca mais evidente entre os
dois paranormais estava na apresenta¸c˜ao, e isto est´a relacionado com o que
est´avamos dizendo um pouco mais atr´as, a respeito da aten¸c˜ao concentrada.
Existe uma “t´ecnica da descri¸c˜ao”, e em geral, esta t´ecnica n˜ao pode ser
aprendida sem m´etodo. Envolve o uso disciplinado da aten¸c˜ao, mas depois
de aprendˆe-la, esta t´ecnica significa a diferen¸ca entre o sucesso e o fracasso.
´E de nossa opini˜ao que o sucesso nesta t´ecnica da descri¸c˜ao ´e essencial se
vocˆe deseja executar qualquer trabalho neste campo. Uma t´ecnica parecida
´e utilizada pelos investigadores e tamb´em no trabalho rotineiro da pol´ıcia.
Vocˆe j´a se perguntou alguma vez como ´e que vocˆe reconhece um amigo
ou um conhecido? Provavelmente isto nunca lhe ocorreu, mas na maioria
dos casos costumamos reconhecer as pessoas de forma subconsciente, e rara-
mente conseguimos explicar como isto acontece. Precisamos examinar esta
quest˜ao com o maior cuidado.
Evidentemente existem, nas pessoas, determinadas coisas, pontos car-
acter´ısticos, e alguns destes s˜ao extremamente pessoais, de maneira que o
reconhecimento se efetua quase que exclusivamente atrav´es deles. Por ex-
emplo, o nariz de Cyrano de Bergerac era a marca de identifica¸c˜ao de seu
dono; o mesmo vale para as costas tortas de Ricardo III (se ´e que a imagem
de Shakespeare ´e correta). Entretanto, todos ou quase todos estes pontos
de reconhecimento t˜ao salientes podem ser imitados, e n˜ao servem t˜ao bem
para o reconhecimento quanto alguns outros aspectos do indiv´ıduo.
Os pontos mais sutis de reconhecimento
Um destes outros pontos, ali´as um ponto muito ´util, ´e a maneira de uma
pessoa parar ou se movimentar. Cada um de n´os tem seu jeito caracter´ıstico
de ficar de p´e ou de se movimentar, e este jeito est´a associado com a nossa
pessoa nas mentes dos que se encontram conosco. De fato, existe o que
poder´ıamos chamar de um grupo inteiro de pontos muito sutis, e a natureza
destes pontos nos confere nossa identidade pessoal.
Os movimentos das m˜aos, dos dedos e dos p´es, trejeitos que se tornam um
h´abito, o virar repentino da cabe¸ca e as tens˜oes mut´aveis dos m´usculos do
rosto, especialmente ao redor dos olhos: tudo isto, e muito mais, serve para
nos identificar, e ´e esta identifica¸c˜ao, proporcionada por estas caracter´ısticas
30
mais sutis, que muitas vezes s˜ao a melhor prova que pode ser oferecida pelo
psicometrista.
Descri¸c˜ao do rosto e da forma
Depois disso, e pela ordem de importˆancia, segue a descri¸c˜ao do rosto e
da forma, das roupas e qualquer outro ponto relacionado com estas.
Neste caso, tamb´em, a t´ecnica ´e muito bem definida, e como regra geral,
a descri¸c˜ao deve ser coerente.
Por exemplo, o psicometrista aprendiz n˜ao deveria come¸car uma de-
scri¸c˜ao do rosto, que est´a percebendo psiquicamente, afirmando que o homem
tem olhos azuis e uma pequena verruga no pesco¸co. Antes de mais nada,
deve come¸car a descrever qualquer caracter´ıstica importante do rosto, como
um nariz bem pronunciado, ou a ausˆencia de um por¸c˜ao da orelha, ou a
ausˆencia de uma vista.
A seguir, deve descrever o rosto, come¸cando com a cor e a textura dos
cabelos, e se est´a corretamente penteado ou com os cabelos revoltos, em
seguida, a testa, larga e alta, ou baixa e estreita, enrugada ou bastente lisa.
Sobrancelhas largas ou finas, ´asperas ou lisas; os olhos, no que diz re-
speito `a cor, sua posi¸c˜ao no rosto, aproximados ou distantes entre si, as rugas
ou os m´usculos relaxados ao redor, se est˜ao encovados ou bem abertos; o
nariz, aquilino, reto ou arrebitado, largo ou estreito na base das narinas; as
orelhas, grandes ou pequenas, sua posi¸c˜ao na cabe¸ca; as faces, cheias ou re-
dondas ou encovadas, coradas ou p´alidas; colorido geral; bigodes e/ou barba,
tipo, forma e aparˆencia geral; boca e l´abios, l´abios cheios ou finos; maxi-
lares e queixo, firme ou de outro tipo, forma do rosto, redondo, quadrado
ou comprido; pesco¸co, fino ou grosso, comprido ou curto.
Sequˆencia autom´atica de aten¸c˜ao
`A primeira vista, esta pode parecer uma tarefa complicada, mas como
sempre registramos estes e outros detalhes todas as vezes que olhamos para
uma pessoa (embora a maior parte dos detalhes permane¸ca abaixo do limiar
da consciˆencia), n˜ao ´e apenas o registro dos detalhes que pede um treina-
mento.
O importante ´e o desenvolvimento gradativo de uma sequˆencia autom´atica
de aten¸c˜ao, de maneira que todos os detalhes fiquem arquivados em seus re-
spectivos compartimentos do subconsciente, dos quais poder˜ao ser retirados
na mesma sequˆencia.
Esta t´ecnica se aplica tamb´em aos pormenores do corpo, os bra¸cos, as
pernas, as vestimentas, e tudo o mais. Evidentemente, existem determinadas
caracter´ısticas gerais que deveriam ser descritas logo de in´ıcio. A altura, o
tipo geral (gordo ou magro) e quaisquer outras caracter´ısticas importantes,
como uma perna mecˆanica ou coisa parecida.
31
A seguir, chegaremos a pontos mais sutis, como a postura, etc., que
j´a mencionamos, e, neste caso, muitas vezes podemos conseguir os detal-
hes mais convincentes. Para resumir o que j´a explicamos a respeito desta
quest˜ao de descri¸c˜ao cuidadosa, poder´ıamos sugerir a seguinte sequˆencia
generalizada:
1. Altura e constitui¸c˜ao aproximadas da pessoa percebida, junto com
caracter´ısticas principais, como, por exemplo, grandes ou pequenos
defeitos f´ısicos.
2. Roupas, tipo e cor de pele.
3. Uma r´apida descri¸c˜ao pormenorizada das fei¸c˜oes, com qualquer pecu-
liaridade a ser anotada e descrita em primeiro lugar.
4. Quaisquer detalhes mais sutis de identifica¸c˜ao, trejeitos, etc.
Talentos pessoais
Tudo isso se aplica `a descri¸c˜ao de pessoas, mas, obviamente, os mesmos
princ´ıpios se aplicam `a descri¸c˜ao de panoramas e ambientes em geral. E
agora que vocˆe conhece o princ´ıpio envolvido, pode aplic´a-lo conforme sua
pr´opria maneira. De fato, em qualquer trabalho ps´ıquico existe uma ´area na
qual se manifestam os talentos pessoais, como acontece tamb´em na pintura
e na escultura.
Vocˆe deve se lembrar que afirmamos que todo trabalho ps´ıquico n˜ao ´e
apenas uma arte, mas tamb´em uma ciˆencia. Neste ponto vocˆe pode empre-
gar seus talentos individuais, e ´e tamb´em neste ponto que se podem fazer
novas descobertas.
Portanto, n˜ao tenha medo de fazer experiˆencias neste campo. O esbo¸co
que foi dado ´e um esbo¸co geral, e enquanto vocˆe continua com a descri¸c˜ao se-
quencial firme em sua mente, pode variar a aplica¸c˜ao conforme sua tendˆencia
pessoal.
Lembre-se que mesmo com uma descri¸c˜ao sequencial deste tipo, vocˆe
pode cair na rotina, num sulco r´ıgido, que pode impedir qualquer progresso
em seu trabalho. Em um de seus livros, Oliver Wendell Holmes afirmou: “A
diferen¸ca entre um t´umulo e um sulco est´a apenas na profundidade”.
Portanto, cuide para que sua mente se mantenha flex´ıvel. Use as t´ecnicas
psicol´ogica e ps´ıquica que foram explicadas aqui, at´e estar completamente
familiarizado com ambas, e poder confiar nelas. Depois, enquanto seus con-
hecimentos e sua experiˆencia aumentam, vocˆe poder´a adaptar estas t´ecnicas
ao seu m´etodo individual de trabalho.
N˜ao se esque¸ca que seu subconsciente tem seus pr´oprios pontos de vista,
que nem sempre concordam com os pontos de vista de sua mente consciente,
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e a n˜ao ser que vocˆe proporcione a esta faceta oculta do seu eu uma opor-
tunidade de se expressar, ela poder´a come¸car a atuar em sentido contr´ario
aos seus esfor¸cos,
N˜ao se esque¸ca que seu subconsciente tem seus pr´oprios pontos de vista,
que nem sempre concordam com os pontos de vista de sua mente consciente,
e a n˜ao ser que vocˆe proporcione a esta faceta oculta do seu eu uma opor-
tunidade de se expressar, ela poder´a come¸car a atuar em sentido contr´ario
aos seus esfor¸cos. Vamos discutir este assunto um pouco mais adiante.
Controle das rea¸c˜oes emocionais
Trata-se de um outro fator muito importante: o lugar da emo¸c˜ao em
nosso trabalho psicom´etrico. Muitas vezes, quando tentamos um exame
psicom´etrico de um objeto, descobrimos que a atmosfera emocional que
percebemos est´a come¸cando a inundar nossa mente, e sentimos de forma
muito aguda o sofrimento, a dor, ou a raiva, que emana do objeto.
Esta empatia, esta sensa¸c˜ao de sentimento compartilhado, ´e uma parte
muito essencial do trabalho psicom´etrico, mas se deixarmos que ela se apodere
de nossa consciˆencia, perderemos o controle de nossas rea¸c˜oes emocionais e
assim destruiremos as sutis impress˜oes ps´ıquicas que est˜ao se apresentando.
Podemos encontrar uma analogia perfeita no conhecido fenˆomeno de
r´adio chamado “oscila¸c˜ao”. Um aparelho de r´adio, em determinadas condi¸c˜oes,
pode n˜ao apenas receber os sinais num certo comprimento de onda, mas pode
tamb´em retransmiti-los numa forma distorcida, como um assovio penetrante
que todos conhecemos. No tempo dos primeiros r´adios, o fenˆomeno era
muito comum, mas desde ent˜ao foram desenvolvidos dispositivos de ajuste
que eliminaram quase completamente o fenˆomeno, embora ainda possa ocor-
rer em determinadas circunstˆancias.
Como controlar as rea¸c˜oes emocionais
Da mesma maneira, ´e poss´ıvel perceber o registro emocional do objeto
que vocˆe est´a manuseando e ficar afetado por ele a ponto de perder qual-
quer contato com as impress˜oes ps´ıquicas, apenas se debatendo numa mar´e
emocional, sem se dar conta que tudo est´a fora de foco, e o que pode ser um
registro emocional moderado foi apenas exagerado enormemente pelas suas
pr´oprias rea¸c˜oes.
Por estes motivos, ´e recomend´avel aprender a controlar suas rea¸c˜oes
emocionais, e o melhor exerc´ıcio para isto ´e de comprovada antiguidade.
Tamb´em, ´e bastante simples: basta ficar ouvindo um ataque extremamente
emocional a um de seus assuntos favoritos.
Se na pol´ıtica vocˆe ´e conservador, ou¸ca um violento ataque comunista
contra sua ideologia; se vocˆe ´e socialista, ou¸ca um conservador atacar en-
ergicamente as ideias que vocˆe preza como muito importantes. A mesma
33
t´ecnica pode ser utilizada com ideias religiosas, art´ısticas ou sociol´ogicas.
A parte importante, nisto tudo, ´e que vocˆe n˜ao deve ficar sentado e ou-
vir, disfar¸cando seu ´odio, e tamb´em n˜ao pode se impor um estado mental de
resistˆencia passiva. Vocˆe deve apenas ouvir calma e atentamente todas as
declara¸c˜oes, concordando ou discordando s´o mentalmente e n˜ao emocional-
mente.
Lembre-se de que as ideias que lhe parecem repugnantes fazem a alegria
da pessoa que vocˆe est´a ouvindo, e da mesma forma, as ideias que vocˆe acha
t˜ao obviamente corretas parecem odiosas ao seu advers´ario.
Algumas experiˆencias neste sentido poder˜ao convencˆe-lo do papel da
emo¸c˜ao no que costumamos chamar de “pensamento racional”.
At´e no campo da matem´atica, que j´a foi considerada praticamente o
´unico assunto antiemocional, podemos encontrar o mesmo preconceito emo-
cional atuando, enquanto os v´arios defensores de diferentes novos sistemas
de geometria a da revolucion´aria hip´otese da relatividade se insultam com
artigos violentos ou pronunciam discursos inflamados durante os congressos
cient´ıficos.
O treinamento ´e necess´ario?
Muitas pessoas desenvolvem a faculdade de psicometria sem nenhum
treinamento mental, e algumas pessoas podem estar a se perguntar se todo
o treinamento mencionado no cap´ıtulo anterior ´e realmente necess´ario. A
resposta ´e que o treinamento n˜ao ´e absolutamente necess´ario, mas pode
proporcionar um grande aux´ılio.
Para dar um exemplo, sabemos que existem pessoas com um senso mu-
sical e um ritmo inatos, e que conseguem tocar um instrumento musical
de forma bastante razo´avel. Existem at´e prod´ıgios musicais natos, mas o
trabalho destas pessoas pode se tornar muito mais f´acil quando aprendem a
teoria e a t´ecnica da m´usica.
Portanto, existem pessoas que ganharam a faculdade de psicometria
sem qualquer treinamento, a n˜ao ser o que aprenderam num “c´ırculo de
desenvolvimento”, e que conseguem efetuar um bom trabalho. Mas acon-
tece muitas vezes que a faculdade seja mal empregada, para prop´ositos que
muitos de n´os considerar´ıamos afastados dos prop´ositos leg´ıtimos da psi-
cometria.
Isto acontece sobretudo quando a psicometria ´e usada para entrar em
contato com criaturas desencarnadas. Durante os muitos anos de experiˆencias
neste campo constatamos que estas tentativas `as vezes alcan¸cam seu ob-
jetivo, mas isto n˜ao significa que aconte¸ca sempre, e, de qualquer forma,
deploramos que a psicometria seja utilizada desta maneira.
´E nossa opini˜ao que existem outras maneiras melhores para conseguir
estes contatos, e queremos sugerir da maneira mais en´ergica que seria melhor
se esta maravilhosa faculdade pudesse ser separada da atmosfera religiosa
34
e sect´aria onde geralmente ´e encontrada, e tratada de forma objetiva. Ao
mesmo tempo, e com ainda maior urgˆencia, gostar´ıamos de resgat´a-la do
ambiente mesquinho onde os profissionais da clarividˆencia a exploram com
intuito venal.
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36
Cap´ıtulo 4
Os primeiros passos
Conhecendo muito bem a natureza humana, acreditamos que um bom
n´umero de nosso leitores abriram o livro neste cap´ıtulo, sem ter lido nada
do que recomendamos at´e agora; pois ´e uma l´astima, mas ´e um fato muito
normal. Ali´as, nos proporciona o ensejo de salientar que, embora seja real-
mente prefer´ıvel come¸car com um treinamento preliminar antes de se dedicar
a trabalhos pr´aticos, este treinamento pode ser efetuado juntamente com o
trabalho. Sem d´uvida, representa um esfor¸co adicional para o psicometrista
aprendiz e por este motivo achamos oportuno sugerir que , depois de dar
uma lida neste cap´ıtulo, o futuro psicometrista volte ao trabalho indicado no
cap´ıtulo anterior, come¸cando dali, e apenas ocasionalmente fazendo algumas
experiˆencias de t´ecnica de percep¸c˜ao.
Percep¸c˜oes psicom´etricas
Como j´a dissemos, este m´etodo dar´a bons resultados, porque quando
a mente aprendeu um determinado tipo de disciplina, as percep¸c˜oes psi-
com´etricas se tornam mais confi´aveis.
Vocˆe deve ter notado que estamos falando em percep¸c˜oes e esta ´e a melhor
maneira de descrever o que acontece quando tentamos examinar um objeto
atrav´es da psicometria. Esta percep¸c˜ao ´e uma impress˜ao generalizada que
recebemos, e durante algum tempo, at´e que o experimentador n˜ao desen-
volva concretamente suas formas de percep¸c˜ao visual ou aural, permanecer´a
apenas uma impress˜ao.
Em seguida, com o progresso do desenvolvimento, come¸car˜ao a apare-
cer as imagens visuas e/ou aud´ıveis. Lembre-se, qualquer percep¸c˜ao, f´ısica
ou metaf´ısica, na realidade ´e o desenvolvimento de um jogo b´asico de im-
press˜oes.
No plano f´ısico, o sentido b´asico ´e o tato, e cada um dos cinco sentidos ´e
um tipo diferente de “tato”. Assim, os raios de luz tocam na retina sensitiva
de nossos olhos e provocam determinadas mudan¸cas qu´ımicas e ´opticas ali
e no nervo ´optico. Estas mudan¸cas s˜ao transmitidas ao centro da vis˜ao no
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c´erebro, e ali, de alguma forma misteriosa, s˜ao traduzidas em impress˜oes
visuais.
As ondas sonoras que repercutem sobre o t´ımpano provocam movimentos
no complicado ouvido interno, e estes afetam o fluido que se encontra num
canal especial, no qual tamb´em est˜ao muitas fibras nervosas. A partir destas
fibras, mudan¸cas el´etricas e qu´ımicas s˜ao transmitidas ao centro da audi¸c˜ao
no c´erebro, e a´ı s˜ao transformadas em impress˜oes aud´ıveis.
O paladar e o olfato atuam exatamente da mesma forma: todos os cinco
sentidos se fundamentam no tato, que foi o primeiro sentido a se desenvolver
na fase da evolu¸c˜ao.
Uma percep¸c˜ao ´unica e imediata
Embora o modo seja diferente, as percep¸c˜oes ps´ıquicas atuam da mesma
forma. Efetivamente, a percep¸c˜ao ps´ıquica ´e ´unica e imediata, transmitindo-
nos diretamente o conhecimento, mas como a mente se desenvolveu de uma
certa maneira, atrav´es da especializa¸c˜ao dos sentidos f´ısicos, as impress˜oes
ps´ıquicas recebidas s˜ao, em geral, traduzidas automaticamente nas imagens
dos sentidos f´ısicos que conhecemos.
Portanto, nos primeiros est´agios do desenvolvimento ser´a recebida esta
impress˜ao generalizada, e vocˆe n˜ao deve ficar desapontado se durante muito
tempo apenas conseguir receber esta impress˜ao, sem qualquer imagem visual
ou aud´ıvel.
Durante um est´agio posterior do desenvolvimento, se vocˆe tiver a tenaci-
dade de insistir, chegar´a o momento no qual as imagens e os sons ceder˜ao
seu lugar a uma percep¸c˜ao sem qualquer forma, mas que lhe dar´a muito
mais que qualquer imagem. Ao mesmo tempo vocˆe manter´a a capacidade
de usar as impress˜oes visuais, se assim o desejar.
Desenvolvimento posterior
Todavia, esta fase posterior de desenvolvimento n˜ao chegar´a t˜ao cedo,
depois de iniciar seu desenvolvimento; ali´as, pode n˜ao aparecer de jeito
nenhum, a n˜ao ser que vocˆe assim o queira.
Para alguns, este desenvolvimento posterior poder´a ficar fora de alcance,
e seria aconselh´avel que se limitassem e treinassem apenas a psicometria
“formal”.
Na realidade, embora tenhamos afirmado que as impress˜oes cedem lugar
`as imagens de v´arios gˆeneros, sempre existe um segundo plano de percep¸c˜ao
pela impress˜ao, que acompanha as imagens que vemos e os sons que ouvimos,
e estes segundo plano ´e importante porque proporciona a possibilidade de
interpretar o que vocˆe est´a percebendo. Vamos ainda voltar a esta quest˜ao
da atmosfera criada pela impress˜ao.
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Prepera¸c˜ao para uma leitura
Agora vocˆe est´a pronto para come¸car efetivamente seu desenvolvimento
psicom´etrico. Quais s˜ao os pontos mais importantes que deves ser observa-
dos? Acreditamos que o primeiro ´e que vocˆe deve se sentir o mais poss´ıvel
`a vontade para poder trabalhar com ˆexito. Nada de roupas apertadas, de
sapatos apertados que fazem doer os p´es, nada de assentos incˆomodos; neste
ponto vale evitar o extremo oposto em mat´eria de assentos: o excesso de
comodidade tamb´em ´e desaconselh´avel.
Na medida do poss´ıvel, vocˆe deve se sentir fisicamente `a vontade. Uma
boa maneira para conseguir isto ´e praticar um exerc´ıcio de relaxamento e
respira¸c˜ao, como o seguinte:
Sente-se de maneira confort´avel, mas n˜ao cruze as pernas; mantenha os
p´es firmemente plantados no ch˜ao, e tome cuidado para que a borda da
cadeira na qual vocˆe est´a sentado n˜ao comprima sua perna logo atr´as do
joelho, impedindo a circula¸c˜ao. Descanse as m˜aos sobre os joelhos. Inspire
profundamente e depois solte o ar bem devagar, enquanto firma calmamente
sua aten¸c˜ao mental no topo de sua pr´opria cabe¸ca, e enquanto continua a
soltar o ar bem devagar, deixe que sua aten¸c˜ao des¸ca ao longo de todo o
seu corpo, chegando aos seus p´es. Agora volte a inspirar profundamente e
repita tudo de novo.
O ponto importante deste exerc´ıcio ´e que, enquanto sua aten¸c˜ao vai
descendo ao longo de seu corpo, vocˆe deve tamb´em relaxar os m´usculos dos
pontos atingidos. Vocˆe descobrir´a que, no come¸co, n˜ao conseguir´a manter
relaxados todos os seus m´usculos; alguns, especialmente os m´usculos do rosto
e do pesco¸co, votlar˜ao a se contrair enquanto sua aten¸c˜ao prossegue para a
pr´oximas parte de seu corpo. N˜ao se preocupe com isto, apenas continue
a praticar o exerc´ıcio. Com o tempo, os m´usculos permanecer˜ao relaxados,
mesmo quando a aten¸c˜ao j´a passou mais adiante.
No come¸co ´e suficiente que vocˆe inspire e depois expire uma meia d´uzia
de vezes, por´em isto fica a seu pr´oprio crit´erio. O exerc´ıcio alcan¸car´a o ˆexito
almejado quando vocˆe constatar que seu corpo inteiro permanece sensivel-
mente relaxado.
A escolha do objeto
Vocˆe agora est´a pronto para sua primeira leitura. Isto naturalmente lev-
anta a quest˜ao do objeto que vocˆe ter´a que escolher para as suas primeiras ex-
periˆencias, porque existem grandes diferen¸cas entre os objetos, por causa dos
registros que eles podem nos proporcionar, e para as primeiras experiˆencias
´e melhor escolher os que proporcionam as impress˜oes mais fortes e, portanto,
de leitura mais f´acil.
Antes de discutir os tipos de objeto, vale a pena pensar onde vocˆe poder´a
obtˆe-los. Se vocˆe puder contar com a ajuda de um ou dois amigos que possam
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fornecer objetos e que depois verifiquem a exatid˜ao de sua “leitura”, isto
ser´a de grande valia. porque vocˆe pode evitar dar demonstra¸c˜oes de sua
faculdade a pessoas c´epticas, ou at´e tomar atitudes antagˆonicas.
Tamb´em ser´a ´util se vocˆe n˜ao estiver a par de todos os detalhes da vida
´ıntima de seus amigos, porque estes conhecimentos podem confundi-lo, e de
qualquer forma diminuiriam o valor de sua leitura.
Duas “mem´orias”
Existem duas “mem´orias” principais relacionadas a qualquer objeto. A
primeira ´e a que podemos chamar de mem´oria inerente ou pessoal da ex-
istˆencia individual e separada do objeto. A outra, a que podemos chamar
de mem´oria “acumulada”. Trata-se do total de todas as impress˜oes acu-
muladas no objeto atrav´es de sua associa¸c˜ao com criaturas humanas, e esta
associa¸c˜ao proporcionar´a mem´orias muito complexas, cuja leitura exige con-
sider´avel habilidade.
Naturalmente, sempre acontece que um ou outro estrato desta mem´oria
´e t˜ao poderoso que prevalece sobre os outros e n˜ao permite que vocˆe penetre
mais profundamente na mem´oria geral de sua hist´oria. Sugerimos, portanto,
que para suas primeiras experiˆencias vocˆe escolha objetos que ou tenham
uma poderosa mem´oria prim´aria ou aura de mem´oria inerente, ou ent˜ao que
se trate de um objeto que n˜ao passou por muitas m˜aos.
O ideal, evidentemente, seria um objeto que tivesse pertencido a apenas
uma pessoa, porque neste caso vocˆe n˜ao precisaria separar as camadas de
mem´orias relativas `as diferentes pessoas que possu´ıram o objeto. ´E mel-
hor simplificar o m´aximo poss´ıvel suas experiˆencias iniciais. Mais adiante,
quando vocˆe j´a tiver adquirido uma maior confian¸ca em suas capacidades,
poder´a tentar o exame psicom´etrico de objetos mais dif´ıceis.
Em geral, os colares proporcionam boas leituras, enquanto os an´eis e
outros objetos muito mi´udos s˜ao mais dif´ıceis. As chaves n˜ao podem ser
consideradas recomend´aveis, porque costumam passar por muitas m˜aos, e
o mesmo vale para os len¸cos e outros objetos lav´aveis, porque as muitas
lavagens e manuseios complicam a mem´oria-aura.
Se vocˆe tiver a inten¸c˜ao de fazer um exame psicom´etrico de luvas, ser´a
melhor vir´a-las do avesso, porque a superf´ıcie externa pode estar carregada
de muitas impress˜oes estranhas.
As cartas proporcionam boas impress˜oes, mas ao examinar uma carta,
lembre-se de que o envelope passou por muitas m˜aos, e praticamente n˜ao
tem utilidade. Retire a carta do envelope antes do exame. Podemos come¸car
a descrever suas primeiras tentativas de exame psicom´etrico usando como
objeto uma carta.
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A t´ecnica da percep¸c˜ao
Vocˆe pode abrir a carta sobre uma mesa e colocar sua m˜ao sobre a carta.
Ou ent˜ao pode apoiar apenas as pontas dos dedos sobre a assinatura; pode
tamb´em tentar comprimir a carta sobre a testa. Vocˆe deve encontrar sozinho
o m´etodo que mais lhe conv´em; toda pessoa tem suas pr´oprias peculiaridades
neste assunto.
Como mencionamos, ´e prefer´ıvel que o remetente da carta seja uma
pessoa que vocˆe n˜ao conhe¸ca pessoalmente, embora seja ´util que vocˆe esteja
na condi¸c˜ao de obter informa¸c˜oes a respeito desta pessoa depois da leitura;
caso contr´ario, vocˆe n˜ao ter´a a possibilidade de verificar se acertou ou se se
enganou.
De posse da carta, vocˆe expressar´a sua vontade ou “inten¸c˜ao” de ler o
registro ps´ıquico desta carta. Basta a simples inten¸c˜ao; basta esta indica¸c˜ao,
endere¸cada ao seu subconsciente, de seu desejo para que todas as impress˜oes
que possam ser captadas sejam transmitidas `a sua consciˆencia desperta.
Esta ´e a “a¸c˜ao de desengate”, sobre a qual falaremos mais adiante.
Agora vocˆe apenas espera, at´e perceber impress˜oes novas e diferentes
em sua mente. Estas impress˜oes podem permanecer apenas impress˜oes, ou
podem ser acompanhadas de imagens coloridas e sons interiores. `As vezes
as imagens se apresentam sem qualquer impress˜ao, mas qualquer coisa que
aconte¸ca deve ser descrita ao amigo que o est´a assistindo, atuando como
auditor. Se vocˆe n˜ao tiver a possibilidade de ser assistido por outra pessoa,
poder´a registrar as suas impress˜oes num gravador.
Sensa¸c˜oes f´ısicas
Vocˆe poder´a frequentemente se sentir impelido a reagir violentamente
por causa das impress˜oes que est´a recebendo, mas ser´a muito melhor para
vocˆe n˜ao permitir que esta rea¸c˜ao se alastre no campo da sua consciˆencia
e provoque em vocˆe condi¸c˜oes parecidas. Na psicometria tamb´em acontece
frequentemente que o examinador receba sensa¸c˜oes corp´oreas, indica¸c˜oes de
doen¸ca ou de um acidente, e estas impress˜oes podem se manifestar com
muita for¸ca. Jamais permita que estas sensa¸c˜oes o influenciem de maneira
indesej´avel.
Lembre-se que vocˆe est´a aberto a todas as influˆencias que chegam do
objeto que est´a sendo “lido”, e isto significa que muitas vezes vocˆe percebe
condi¸c˜oes que julga atrativas. Neste est´agio de seu desenvolvimento, por´em,
vocˆe n˜ao pode ser seletivo, e deve permitir que todas as impress˜oes recebidas
venham `a tona em sua consciˆencia.
Num est´agio mais adiantado vocˆe pode ser seletivo, e seguir uma sequˆencia
particular de imagens ps´ıquicas, mas no come¸co isto ´e imposs´ıvel. Ao mesmo
tempo, vocˆe n˜ao deve deixar que qualquer impress˜ao indesej´avel o afete ex-
cessivamente. Quando isto est´a para acontecer, ´e prefer´ıvel largar o objeto
41
e interromper o contato. `As vezes o psicometrista consegue isto lavando
as m˜aos antes de iniciar o contato com um objeto diferente, mas pode-se
conseguir a interrup¸c˜ao tamb´em apenas atrav´es da express˜ao da vontade,
de uma inten¸c˜ao definida de interromper o contato.
A necessidade de discrimina¸c˜ao
Especialmente quando se trata de cartas, vocˆe pode receber com frequˆencia
uma impress˜ao da personalidade do remetente, e isto pode ser bastante ´util
e comprobat´orio. Entretanto, lembre-se que se o remetente da carta ou
o dono do objeto sofreram recentemente um forte choque, ou estiveram `as
voltas com uma forte carga mental ou emocional, vocˆe, muito provavelmente,
receber´a em primeiro lugar a impress˜ao desta condi¸c˜ao.
Portanto, mesmo na leitura mais simples, vocˆe poder´a constatar que se
torna necess´ario exercer a discrimina¸c˜ao, e que n˜ao se podem aceitar todas
as impress˜oes apenas pelo seu valor aparente. O pensamento tem uma ex-
istˆencia real, distinta da mente e das emo¸c˜oes que causaram sua formula¸c˜ao,
e os resultados dos pensamentos muitas vezes permanecem gravados nos ob-
jetos, e podem ser lidos por vocˆe como impress˜oes de fatos realmente ocorri-
dos. Da mesma forma, `as vezes os clarividentes encontram muita dificuldade
em fazer distin¸c˜oes entre imagens mentais com grande carga emocional e en-
tidades ou condi¸c˜oes astrais efetivas.
Uma estranha intui¸c˜ao
Esta discrimina¸c˜ao se desenvolver´a enquanto vocˆe pratica a psicometria.
Vocˆe descobrir´a que est´a desenvolvendo uma estranha intui¸c˜ao, que lhe dar´a
condi¸c˜oes para distinguir a sutil diferen¸ca entre impress˜oes provocadas por
pensamentos e outras provocadas por uma efetiva atividade f´ısica. Esta
percep¸c˜ao sutil deve ser cultivada, porque podemos utiliz´a-la em muitas
outras ´areas de experiˆencias.
Quando vocˆe descreve as impress˜oes que est´a recebendo, deve sempre
tentar apresentar uma imagem o mais equilibrada poss´ıvel. Se errar, ´e pre-
fer´ıvel errar por causa da concis˜ao do que por causa da prolixidade.
Embora as impress˜oes ps´ıquicas sejam recebidas pelo subconsciente num
s´o bloco, vocˆe descobrir´a que, na pr´atica, elas emergem na consciˆencia com
velocidades vari´aveis. Em alguns casos vocˆe ter´a que esperar durante um
bom tempo antes que comece a emergir uma impress˜ao qualquer, e elas
podem continuar a emergir a grandes intervalos.
Com alguns objetos vocˆe constatar´a que as impress˜oes chegam aos bor-
bot˜oes, e muito r´apidas. Portanto, n˜ao se preocupe quando as impress˜oes
parecem estar “gotejando” em sua mente, ou, ao contr´ario, quando parece
at´e imposs´ıvel anot´a-las todas.
Ademais, a fort´ıssima personalidade do propriet´ario do objeto pode,
42
muitas vezes, for¸car impress˜oes sobre este de maneira a se constituir na
camada mais forte de influˆencias relacionadas com este objeto: estas im-
press˜oes ser˜ao percebidas antes de qualquer outra.
Precis˜ao incrementada
Muitas vezes as condi¸c˜oes de sa´ude do propriet´ario do objeto podem ser
percebidas, e em alguns casos esta percep¸c˜ao pode ser t˜ao intensa que vocˆe
sentir´a as dores que esta pessoa sente, como se estivessem em seu pr´oprio
corpo.
Isto pode ser desagrad´avel, a n˜ao ser que vocˆe interrompa deliberada-
mente o contato com o objeto que est´a examinando. Mais adiante vamos
sugerir um m´etodo para poder interromper um determinado contato, e ao
mesmo tempo estabelecer contato com determinados aspectos do bloco geral
de impress˜oes ps´ıquicas que vocˆe recebe de qualquer objeto. Entretanto, ´e
mais f´acil conseguir isto depois de registrar resultados efetivos com suas
experiˆencias.
No come¸co vocˆe descobrir´a que em cada dez anota¸c˜oes feitas a respeito de
um determinado objeto, talvez duas resultar˜ao mais ou menos precisas, uma
ter´a uma poss´ıvel rela¸c˜ao com o estado efetivo das coisas, e o resto poder´a
ser vagamente aproximado ou ent˜ao completamente afastado do alvo.
Esta propor¸c˜ao come¸car´a a se alterar gradativamente com a pr´atica, e
enquanto vocˆe adquire uma maior seguran¸ca, a propor¸c˜ao de acertos e de
erros chegar´a a dezesseis ou dezessete em vinte. A este ponto vocˆe poder´a
come¸car a se considerar um psicometrista satisfat´orio.
Sobretudo, seja sempre sincero; este nosso trabalho n˜ao pretende sugerir
que vocˆe se afaste da verdade, e n˜ao queremos que enverede pelo caminho
da ilus˜ao.
O registro do trabalho experimental
Mantenha um registro de seu trabalho experimental, e anote tudo, n˜ao
apenas os ˆexitos mas tamb´em os fracassos. N˜ao tenha medo de admitir
que fracassa, mas utilize estes fracassos como mum meio para descobrir os
princ´ıpios que governam seu trabalho.
Existem mar´es e correntes ps´ıquicas que atuar˜ao contra ou a seu favor,
existem mar´es ps´ıquics em seu interior que podem trabalhar com ou contra
as mar´es e influˆencias externas, e tamb´em existe um fator imponder´avel: a
influˆencia de sua pr´opria personalidade sobre a psicometria. Como j´a foi
dito, isto faz parte da natureza da ciˆencia e da arte.
Aprenda a observar suas pr´oprias rea¸c˜oes frente `as impress˜oes recebidas.
Vocˆe descobrir´a que algumas s˜ao bem-vindas, e que outras provocam em
vocˆe uma barreira. Tente descobrir as causas; procure compreender sua
43
pr´opria equa¸c˜ao pessoal e, sobretudo, nunca tor¸ca ou altere conscientemente
as impress˜oes recebidas, para impressionar os outros ou para se justificar.
Condi¸c˜oes de doen¸ca ou de morte
Queremos mencionar mais um ponto importante, ou seja, como vocˆe
deve apresentar sua “leitura”. `As vezes acontece que sentimos intensamente
um ind´ıcio de doen¸ca, ou at´e de morte; neste caso vocˆe deve ter o maior
cuidado para n˜ao externar esta impress˜ao de uma forma chocante, para que
a pessoa em quest˜ao n˜ao se auto-sugestione e n˜ao se conven¸ca de que a
condi¸c˜ao ´e irrevers´ıvel, e que a morte ´e inevit´avel.
Ouvimos declara¸c˜oes muito irrespons´aveis de psicometristas, e queremos
recomendar encarecidamente que vocˆe formule estas impress˜oes de maneira
que se resumam numa advertˆencia de dificuldades futuras, e acrescente qual-
quer outra impress˜ao sobre como estas dificuldades podem ser superadas.
Lembre-se disto: mesmo quando vocˆe conseguir uma consider´avel ha-
bilidade neste trabalho, ainda n˜ao poder´a se considerar o pr´oprio or´aculo.
E nos est´agios iniciais vocˆe, com certeza, n˜ao ter´a qualquer pretens˜ao de
infalibilidade.
Temos motivos muito fortes para fazer estas recomenda¸c˜oes, porque con-
statamos at´e que ponto declara¸c˜oes irrespons´aveis podem ser prejudiciais.
Amigos nossos ouviram declara¸c˜oes deste tipo, e as consequˆencias em suas
vidads foram calamitosas. Por este motivo, insistimos mais uma vez para
que vocˆe tenha discri¸c˜ao.
A importˆancia da discri¸c˜ao
Temos mais uma recomenda¸c˜ao a fazer. Acabamos de usar o termo
“discri¸c˜ao”. Muitos paranormais tˆem o h´abito desprezivel de discutir com
outras pessoas as informa¸c˜oes ps´ıquicas recebidas sobre outros indiv´ıduos.
Isot ´e realmente imperdo´avel.
O comportamento do psicometrista deve ser igual ao do m´edico ou do
advogado; qualquer informa¸c˜ao adquirida mediante o exerc´ıcio de sua fac-
uldade ps´ıquica deve ser considerada estritamente confidencial, e n˜ao deve
ser comentada com qualquer um.
Constatamos muitas confus˜oes surgidas por causa de indiscri¸c˜oes, e ped-
imos mais uma vez para que vocˆe n˜ao esque¸ca nossa recomenda¸c˜ao. As
fofocas maliciosas ou vulgares s´o conseguem afastar as pessoas inteligentes
e cultas, que s˜ao, afinal, as pessoas que desejamos interessar no assunto.
Trabalho seletivo
Depois de alcan¸car uma certa eficiˆencia no exame psicom´etrico de ob-
jetos, da forma que descrevemos, vocˆe poder´a come¸car a utilizar o que
chamamos de m´etodo “seletivo” de trabalho. At´e este ponto vocˆe apenas
44
recebias passivamente qualquer impress˜ao ou imagem que penetrava em sua
mente, enquanto “lia” o objeto. Agora precisa aprender a desenvolver a
capacidade de dirigir sua vis˜ao ps´ıquica da maneira que deseja.
Vocˆe deve procurar ativamente a informa¸c˜ao que deseja, ao inv´es de re-
ceber passivamente qualquer coisa. Ao conseguir esta capacidade de sele¸c˜ao,
vocˆe dar´a um passo decisivo para a frente, acelerando seu desenvolvimento,
e ter´a um controle sempre maior sobre sua faculdade.
Existem duas formas para conseguir isto. No primeiro caso, formula-se
uma inten¸c˜ao geral, fazendo uma pergunta espec´ıfica, e a pergunta deve ser
simples e em termos v´ıvidos. Quanto mais v´ıvida for a pergunta, maiores
ser˜ao as chances de uma resposta atrav´es das faculdades ps´ıquicas da pessoa
em quest˜ao.
Um exemplo pode ajudar a ilustrar melhor este ponto. Quando dese-
jamos conseguir informa¸c˜oes de tipo espec´ıfico, relacionadas com o objeto
que est´a sendo examinado, apanhamos o objeto e estabelecemos o costumeiro
contato passivo com o mesmo. Via de regra, em nossa mente surge uma es-
fera de n´evoa cinzenta em rota¸c˜ao, em cujo meio brilham pequenos pontos
luminosos. Cada ponto luminoso ´e a origem de uma linha de informa¸c˜oes
que se referem ao objeto e a quem est´a ligado ao mesmo.
A seguir, formulamos mentalmente a pergunta que interessa, e logo um
ponto de luz parece se sobressair, e enquanto o observamos, uma torrente
de impress˜oes relacionadas com a pergunta come¸ca a inundar nossa mnente.
Este ´e um dos m´etodos de utilizar uma a¸c˜ao positiva.
A ´arvore da vida
O outro m´etodo para conseguir um contato seletivo se vale de um “s´ımbolo-
chave”. Este s´ımbolo foi ligado com uma ideia emocional e mental espec´ıfica.
Assim, om s´ımbolo-chave que pode ser utilizado ´e um c´ırculo alaranjado com
o s´ımbolo do planeta Merc´urio no centro. Este s´ımbolo espec´ıfico ´e um de
uma s´erie de dez que, juntos, formam a chamada “´Arvore da Vida”; este
´e um grupo muito importante de s´ımbolos usados numa filosofia ocultista
cujo nome ´e a Cabala. Para maiores informa¸c˜oes sobre este grande s´ımbolo
de grupo, vocˆe pode consultar nosso livro intitulado “A Magia e a Cabala”.
O s´ımbolo de Merc´urio est´a especialmente ligado com todos os assuntos
que se referem `a mente: livros, conferˆencias, transmitir informa¸c˜oes por to-
dos os meios (Merc´urio, ou Hermes dos gregos, era o mensageiro dos deuses),
como cartas, telefonemas, telegramas ou conversa¸c˜ao pessoal. Portanto, se
quisermos conseguir qualquer informa¸c˜ao, atrav´es da psicometria, sobre o
quilate intelectual de quem escreveu uma determinada carta que est´a em
exame psicom´etrico, este s´ımbolo poder´a servir como um excelente s´ımbolo-
chave, e manter as impress˜oes ps´ıquicas contidas nesta ´unica linha, excluindo
os assuntos irrelevantes.
Entretano, o s´ımbolo-chave deve ter sido pensado e relacionado na mente
45
Como Desenvolver a Psicometria
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Como Desenvolver a Psicometria

  • 1. Como Desenvolver a Psicometria Interpreta¸c˜ao da Aura dos Objetos e Dedu¸c˜ao de Sua Hist´oria W. E. Butler 1979
  • 2. 2
  • 3. Sum´ario 1 Uma hist´oria a ser contada 5 2 Os dons ps´ıquicos 13 3 Treinamento preliminar 21 4 Os primeiros passos 37 5 P´os-escrito 55 3
  • 4. 4
  • 5. Cap´ıtulo 1 Uma hist´oria a ser contada Vocˆe deve ter ouvido freq¨uentemente pessoas que, ao observar um objeto hist´orico de algum interesse, exclamassem: “Se pudesse falar, que hist´orias poderia nos contar!”. E as pessoas que, como n´os, tˆem um conhecimento pr´atico da faculdade que ´e conhecida correntemente como P.E.S (abreviatura de Percep¸c˜ao extra-sensorial) sabem, por experiˆencia pr´opria, que isto ´e verdade. O objeto hist´orico, ali´as qualquer objeto, n˜ao tem apenas uma hist´oria a contar, mas est´a contando esta hist´oria em continua¸c˜ao, da mesma forma, para usarmos uma analogia, como a fita magn´etica de um gravador tem gravadas as palavras ou a m´usica que, em condi¸c˜oes adequadas, poder˜ao ser ouvidas a quaquer hora, reproduzidas por um aparelho. ´E fato que n˜ao existe um instrument, el´etrico ou de outro tipo, que possa reproduzir para n´os as imagens e os sons, as emo¸c˜oes, as paix˜oes e os pen- samentos que permanecem gravados num objeto material. Todavia, existem pessoas que parecem possuir um certo “sexto sentido”, que as torna capazes de captar estas vibra¸c˜oes e impress˜oes ocultas e trazˆe-las `a consciˆencia. Es- tas pessoas s˜ao chamadas “psicometristas”. A palavra deriva de duas palavras gregas, psiche, que significa alma, e metron, que significa medida. Portanto, por esta defini¸c˜ao, a psicometria ´e a capacidade de medir e interpretar “a alma das coisas”. O professor Denton Quem batizou assim esta faculdade foi um professor norte-americano de Geologia, no s´eculo dezenove. O professor Denton levou a termo uma s´erie completa de experiˆencias com o aux´ılio de sua irm˜a, a senhora Ann Dento Cridge. Ele descobriu que quando ela colocava sobre a testa um esp´ecime geol´ogico, mesmo cuidadosamente embrulhado de maneira a n˜ao dixar transparecer sua aparˆencia, ela era capaz de conseguir, atrav´es de imagens coloridas que surgiam “no olho de sua mente”, algumas no¸c˜oes de hist´oria passada daquele mesmo esp´ecime. Denton excteveu um livro muito interessante, A alma das coisas, sobre a 5
  • 6. faculdade psicom´etrica e deu neste alguns ´otimos exemplos da precis˜ao das vis˜oes de sua irm˜a. Atualmente, por´em, poder´ıamos obfetar que professor n˜ao considerou a possibilidade da telepatia entre ele pr´oprio e sua irm˜a e por causa disto o valor da evidˆencia de uma faculdade supranormal fica um pouco enfraquecido. Por outro lado, isto se aplica apenas a uma parte reduzida de suas pesquisas. Denton foi levado a estudar esta estranha faculdade ao ler os relat´orios de certo Dr. Rhodes Buchanan, que fez experiˆencias com alguns de seus estudantes, mandando-os segurar frascos que continham drogas poderosas. Ele descobriu que alguns estudadtes, ao manusear os frascos identificados apenas por uma etiqueta num´erica, come¸cavam a sentir as rea¸c˜oes f´ısicas que teriam se tivessem tomado efetivamente uma dose das respectivas drogas. Um gosto de metal Buchanan come¸cou a desenvolver suas experiˆencias depoes de uma in- forma¸c˜ao fortuita a respeito de um certo general Palk que, durante a Guerra Civil Americana, descobriu que todas as vezes que tocava em algo met´alico, mesmo no escuro, percebia um estranho gosto de metal na boca. O termo “psicometria” foi cunhado originariamente atrav´es das pesquisas de Denton, mas desde ent˜ao adquiriu um segundo significado e os psic´ologos a utilizam agora neste segundo sentido. A defini¸c˜ao do dicion´ario indica ambos os sentidos. A saber: “A medida da dura¸c˜ao dos processos mentais utilizados na psican´alise e nos testes de inteligˆencia. Tamb´em, a faculdade oculta de adivinhar, ao tocar um objeto, o car´ater, as qualidades pessoais, etc., de uma outra pessoa que o manuseou”. ´E at´e um pouco divertido ver como os psic´ologos, de comum acordo, tentam ansiosamente se dissociar do sentido original da palavra cunhado por Denton e tentam convencer o p´ublico de que a palavra lhes pertence e n˜ao tem qualquer rela¸c˜ao poss´ıvel com a firma ao lado: a do “ocultista”! O trabalho de um psicometrista Depois de mencionar brevemente a descoberta moderna desta faculdade ps´ıquica (que nos s´eculos passados era muito conhecida em v´arias partes do mundo), vamos tentar, com a nossa imagina¸c˜ao, observar um psicometrista enquanto trabalha. Existem as “reuni˜oes de psicometria”, assim chamadas porque um psi- cometrista profissional examina um certo n´umero de objetos trazidos por membros da audiˆencia. Nestes casos, costuma-se colocar os objetos em com- partimentos separados sobre uma bandeja, conforme dizem, para que um objeto n˜ao influencie outro que se encontra pr´oximo. Entretanto, sabemos pela experiˆencia pr´atica que este m´etodo n˜ao ´e uma savaguarda completa contra a mistura de influˆencias. 6
  • 7. Pode ser interessante mencionar, a este respeito, algo que aconteceu no come¸co das pesquisas de psicometria moderna. Certa senhora, que ouvira falar a respeito desta estranha e nova faculdade, estava deitada `a noite e pensava na psicometria, como tinha sido descrita. De repente, resolveu fazer um teste pr´atico para ver se realmente funcionava. Levantou-se no escuro e desceu a escada; sem acender a luz, escolheu uma carta ao acaso entre a correspondˆencia em sua escrivaninha e que ela costumava guardar em ordem cronol´ogica numa das gavetas. Colocou conscienciosamente a carta sobre a testa e procurou “ver” algo a respeito da pessoa que escrevera a carta. Conseguiu: sua mente foi inundada de impress˜oes. E todas estas impress˜oes se juntaram delineando o car´ater e os tra¸cos gerais de um homem, uma pessoa muito voluntariosa e poderosa. Agitad´ıssima por ter encontrado uma prova da existˆencia deste estranho poder, ela voltou para a cama, sem pensar em confirmar suas impress˜oes; sentia que estavam completamente certas. Surpresa e decep¸c˜ao Na manh˜a seguinte, ao despertar, ela se lembrou de sua experiˆencia psicom´etricae olhou ansiosa para a carta que dixara sobre o criado-mudo. Ficou surpresa e muito decepcionada, porque o car´ater do remetente n˜ao correspondia absolutamente ao que sentira durante a experiˆencia. Muito contrariada, a senhora desceu para guardar a carta em seu lugar certo, na gaveta. Enquanto fazia isto, olhou para a carta pr´oxima do mesmo ma¸co e percebeu, encantada, que o que sentira durante sua tentativa noturna de psicometria da carta escolhida se aplicava completamente `a personalidade do homem que escrevera a carta ao lado. A energia varonil de seu car´ater, emanando de sua carta, tinha sobrepujado a personalidade fraca da carta escolhida. Uma leitura imagin´aria Voltando a nossas leituras psicom´etricas, sabemos que o psicometrista apanha um objeto e o segura na m˜ao ou ent˜ao o comprime contra a testa; em seguida, come¸ca a descrever o que sente e o que “vˆe” quando entra em contato ps´ıquico com o objeto. Aqui vai uma leitura imagin´aria, baseada em nossa experiˆencia pessoal com um bom psicometrista: “Vejo diante de mim uma grande extens˜ao de ´agua – acho que ´e o mar. Sim, sinto que ´e o Oceano Atlˆantico. Estou no conv´es de um navio – o navio parece de madeira – ´e uma belonave, porque vejo os canh˜oes – canh˜oes que se carregam pela boca, do tempo de Nelson ou mais ou menos isto. O mar ´e muito azul e est´a muito calmo, a luz do sol ´e intensa. `A distˆancia percebo o litora baixo e entre os colinas achatadas que surgem atr´as das dunas posso ver uma cidade com casas caiadas. Minha aten¸c˜ao ´e atra´ıda por um homem 7
  • 8. que ´e, evidentemente, o capit˜ao do navio. Enverga a farda de oficial da Marinha da ´epoca de Nelson. Sinto que algumas ´arvores nas colinas s˜ao oliveiras e acho que o litoral deve ser da Espana ou de Portugal. O navio parece participar do bloqueio da cidade. Um prelado “Agora estou olhando para um anel – um anel de ouro com uma grande ametista – ´e este mesmo anel que estou segurando agora e ele emana poder e autoridade. Sim, pertence a este oficial, mas me leva para uma outra ´epoca do passado. Parece que estou na It´alia – pelo menos, tenho esta impress˜ao – e sinto que o primeiro propriet´ario viveu na It´alia e foi um prelado proeminente de sua ´epoca – acho que foi um bispo, ou, de qualquer forma, um dignat´ario – ou¸co salmodiar em latim e sinto que este anel vem do tempo da Renascen¸ca. “O anel deve ter chegado `as m˜aos do capit˜ao como uma hera¸ca e da mesma forma chegou `as m˜aos de seu propriet´ario atual. “Agora quero falar da pessoa que me entregou este anel para uma leitura. Neste momento vocˆe est´a diante de dois caminhos a tomar – ambos s˜ao igualmente atrativos. Sinto por´em que dentro de pouco tempo – uma quest˜ao de dias e n˜ao de semanas – o assunto se tornar´a mais claro e o caminho de abrir´a. N˜ao tome qualquer decis˜ao precipitada at´e que n˜ao se apresente uma indica¸c˜ao clara da atitude correta a ser tomada.” Capit˜ao da Marinha O propriet´ario do anel confirma que o objeto efetivamente pertenceu a um capit˜ao da Marinha que serviu com Nelson, que foi seu avoengo e que antigamente pertenciu a um dos grandes bispos cat´olicos da Renascen¸ca. Confirma tamb´em que est´a atravessando uma crise de neg´ocios e que est´a indeciso a respeito do caminho a tomar. Esta ´e uma t´ıpica leitura psicom´etrica de boa qualidade. Algumas leituras podem ser at´e melhores, outras podem ser piores, mas o exemplo propor- ciona uma boa id´eia do que podemos esperar. Vocˆe j´a deve ter percebido que nesta leitura existem trˆes n´ıveis bem definidos. Temos a descri¸c˜ao do primeiro propriet´ario do anel e de seu ambiente, depois temos uma descri¸c˜ao do capit˜ao da Marinha e das condi¸c˜oes gerais deste e finalmente temos uma observa¸c˜ao que se refere ao propriet´ario atual do objeto. Podemos chamar o primeiro n´ıvel de “registro prim´ario”, o segundo de “n´evel secund´ario”, enquanto o n´ıvel que abarca as condi¸c˜oes presentes e futuras do atual propriet´ario do anel pode ser chamado n´ıvel terci´ario. Estes trˆes n´ıveis ser˜ao encontrados em propor¸c˜oes vari´aveis em todas as leituras psicom´etricas. 8
  • 9. A fonte do conhecimento A este ponto podemos nos perguntar como foi que o psicometrista con- seguiu estes conhecimentos. Na maioria dos casos, podemos excluir qual- quer conluio entre o psicometrista e o propriet´ario do objeto em quest˜ao. Quando este conluio existe ´e logo descoberto. Ficamos com uma quantidade consider´avel de informa¸c˜oes que devem ser explicadas de outra maneira. Um exame imparcial do assunto revela, em geral, a presen¸ca de muitas coisas que absolutamente n˜ao s˜ao claras. Isto se deve `a realidade psicol´ogica de que o n´ıvel de aceita¸c˜ao varia muito entre uma pessoa e outra. Existem pessoas com fraco senso cr´ıtico e estas aceitam como verdade muitas coisas que outras pessoas n˜ao aceitariam como evidˆencia. Portanto, ao avaliar as informa¸c˜oes dadas, temos que levar em conta o que podemos chamar de fator de credibilidade. Por outro lado, n˜ao podemos deixar de salientar que aquilo que muitas vezes pode parecer uma banalidade pode ter uma importˆancia efetiva para a pessoa interessada. E que muitas vezes estas banalidades podem pro- porcionar provas conclusivas sobre a corre¸c˜ao das informa¸c˜oes dadas pelo psicometrista. Informa¸c˜oes efetivas Todavia, depois de eliminar as informa¸c˜oes vagas e generalizadas, que ob- viamente nada tˆem de efetivo, mas que podem ser chamadas de prolixidade, ainda temos informa¸c˜oes positivas e detalhadas, realmente comprobat´orias e que n˜ao podem ser tachadas de teorias fraudulentas ou de conjeturas. e moltamos `a nossa primeira pergunta, a saber, de que forma estas informa¸c˜oes efetivas se apresentam `a mente do psicometrista. Evidentemente, isto n˜ao acontece atrav´es dos conhecidos cinco sentidos. Naturalmente, uma resposta poderia ser que estes conhecimentos foram recebidos telepaticamente da pr´opria mente da pessoa qeu trouxe o objeto para um exame psicom´etrico. Isto pode acontecer em alguns casos, mas acreditamos que recorrer a uma explica¸c˜ao telep´atica significa apenas sub- stituir uma forma de percep¸c˜ao extra-sensorial pela outra e, em muitos casos, a informa¸c˜ao realmente n˜ao est´a na mente de qualquer pessoa viva. Por conseguinte, os c´epticos se sentem, muitas vezes, na obriga¸c˜ao de mencionar o “conhecimento universal” e a “mem´oria c´osmica” dos quais o psicometrista pode, aparentemente, tirar suas informa¸c˜oes. A teoria ´e atraente e, contrariamente `a forma como `a vezes ´e empregada, apesar das pretens˜oes dos espiritualistas, coincide com os resultados da pr´atica psi- com´etrica. Pode ser ´util analisar brevemente esta id´eia de um conhecimento univer- sal, do qual podemos extrair informa¸c˜oes em determinadas circunstˆancias. Os leitores que conhecem a obra do Dr. C. G. Jung devem lembrar que 9
  • 10. este, em seus escritos, lan¸cou a id´eia do Inconsciente Coletivo, paralela `a consciˆencia individual normal que todos conhecemos. Atrav´es de seu sub- consciente mais profundo, cada pessoa est´a em contato direto com este incon- sciente coletivo. Desta forma, em determinadas circunstˆancias conseguimos trazer `a tona, para a nossa consciˆencia, uma parte dos conhecimentos local- izados naquelas esferas ocultas da mente. A luz astral O conceito do inconsciente coletivo ´e conhecido por todos os que estu- daram os ensinamentos da ciˆencia conhecida com o nome de ocultismo. Por estes ensinamentos, o inconsciente coletivo ´e conhecido como “a luz astral”, e tamb´em se afirma que as atividades deste inconsciente coletivo se mani- festam atrav´es de muitos e diferentes graus de uma “substˆancia” imaterial, que ´e o substrato de toda mat´eria f´ısica. Afirma-se tamb´em que esta substˆancia subjacente n˜ao cont´em apenas os registros da mem´oria, consciente e subconsciente, de toda a vida do plan- eta f´ısico, mas que ´e tamb´em o canal pelo qual a Consciˆencia universal do Criador e Esteio deste universo mant´em em Seu poder e controle todas as manifesta¸c˜oes, em todos os n´ıveis da existˆencia. Os registros ak´ashicos No Oriente se acredita que a vida e a consiˆencia divina trabalham com e atrav´es do que se chama o “Akasha”, e por isto encontramos a express˜ao “registros ak´ashicos”, utilizada para indicar esta “mem´oria c´osmica”. Ev- identemente, este ´e apenas um esbo¸co muito primitivo de um sistema fi- los´ofico muito complexo, mas pode servir para explicar tal express˜ao. Ademais, acredita-se tamb´em que estes registro ak´ashicos se refletem a n´ıveis vari´aveis na luz astral, e que podem eventualmente sofrer algumas distor¸c˜oes quando se encontram pr´oximos das correntes emocionais e mentais que surgem atrav´es do inconsciente coletivo do planeta. Assim, temos o conceito de uma mente e consciˆencia universal n˜ao muito afastada da vida terrestre e de suas lutas, mas efetivamente imanente nesta, enquanto permanece, simultaneamente, em toda Sua Plenitude acima e al´em de qualquer manifesta¸c˜ao. Acredita-se tamb´em que, por efeito de sua pr´opria divindade inata, o homem pode se colocar en rapport, em graus vari´aveis, com aquela con- sciˆencia divina, e na medida em que isto se verifica, ele se torna capaz de entrar em contato com a mem´oria c´osmica, da qual sua pr´opria mem´oria pessoal ´e apenas uma componente microsc´opica. 10
  • 11. A alma do mundo Da mesma forma que Games, Fechner e muitos outros fil´osofos, os ocultistas acreditam tamb´em que este planeta n˜ao ´e meramente uma bola de mat´eria mineral se balou¸cando nos c´eus, mas ´e o ‘corpo” ou ve´ıculo de uma vida simples mas poderosa, e portanto possui sua pr´opria mem´oria sobre tudo que nele aconteceu. Qualquer part´ıcula de mat´eria ´e considerada, atrav´es desta hip´otese, um meio para entrar em contato com a Anima Mundi, a Alma do Mundo. O ´eter reflexivo E chegamos `a simples defini¸c˜ao de Denton e de seus colaboradores, pela qual, com a psicometria, entramos em contato com, e lemos a mem´oria inapag´avel da alma das coisas. Ali´as, os ocultistas dizem que esta mem´oria planet´aria est´a registrada no que eles chamam de “´eter reflexivo” do planeta. Este ´eter reflexivo n˜ao apenas cont´em a mem´oria planet´aria, mas tamb´em reflete de forma mais ou menos clara, dependendo das circunstˆancias, o pr´e-conhecimento da Mente Divina, que j´a se encontra nos fi´eis Registros Ak´ashicos. Desta forma, atrav´es do ´eter reflexivo, o psicometrista pode conseguir alguns vislumbres do futuro, algumas “sombras lan¸cadas para a frente”, mas a exatid˜ao destas predi¸c˜oes do futuro depende da clareza com a qual as reflex˜oes da Mente Divina se espelham nas profundezas da mem´oria da “Anima Mundi”. Queremos ainda mencionar, brevemente, que o conhecimento desta me- m´oria universal era simbolizado pelos registros que, conforme a cren¸ca dos antigos eg´ıpcios, eram lidos quando as almas desencarnadas eram levadas ao Ju´ızo dos deuses, e uma parte deste simbolismo eg´ıpcio pode ter sido adotada pelo cristianismo nas imagens do livro das Revela¸c˜oes, no qual se afirma que “os livros foram abertos” e os mortos foram julgados. O desenvolvimento da faculdade Depois de lhes oferecer algumas das teorias e hip´oteses que foram lev- antadas para explicar os fenˆomenos da psicometria, queremos assinalar que, embora estas ideias possam ser interessantes e instrutivas, ´e mais oportuno “voltarmos para a terra”, para nos concentrarmos no desenvolvimento da faculdade; podemos voltar a discutir o lado metaf´ısico mais tarde, depois de uma experiˆencia pr´atica pessoal. N˜ao ´e necess´ario que vocˆe tenha qualquer teoria especial a respeito da psicometria; vocˆe pode desenvolver a faculdade e us´a-la sem ter que aceitar qualquer teoria, da mesma forma que as pessoas podem enxergar sem ter conhecimentos espec´ıficos de ´optica. Depois de desenvolver a faculdade psi- 11
  • 12. com´etrica, vocˆe poder´a us´a-la, como pode usar todas as faculdades, as f´ısicas e as supraf´ısicas, para qualquer prop´osito que escolher. Lembre-se, entretanto, que uma maior habilidade exige uma maior re- sponsabilidade em us´a-la de maneira coreta, e obviamente, a este ponto, vocˆe se defronta com o aspecto moral deste desenvolvimento. Vamos falar mais a este respeito numa outra parte deste livro. 12
  • 13. Cap´ıtulo 2 Os dons ps´ıquicos Por algum motivo, parece ter surgido a ideia de que as faculdades ps´ıqui- cas, como a clarividˆencia, a clariaudiˆencia, a psicometria, e assim por diante, s˜ao “dons” peculiares que a natureza outorga a determinados indiv´ıduos, e que n˜ao se trata de faculdades em poder de toda a humanidade. Esta cren¸ca tem trˆes aspectos. Em primeiro lugar, temos a velha ideia “pag˜a” dos “deuses” que distribuem d´adivas entre os mortais. Mais especificamente, como se acreditava que estas qualidades ps´ıquicas significavam que existia uma esp´ecie de elo entre os deuses e seus devotos, as qualidades ps´ıquicas eram consideradas, de uma forma especial, superiores a qualquer outra, e ao redor de seu uso se centrava a atmosfera “divina” da religi˜ao. No cora¸c˜ao das religi˜oes primitivas da humanidade se encontrava a ideia do “or´aculo”, do vidente, do “adivinho”, e atr´as da religi˜ao esot´erica oficial da ´epoca havia uma inclina¸c˜ao e uma pr´atica “interna” ou “es´ot´erica”. Quando o cristianismo come¸cou a surgir como uma religi˜ao, aparece- ram v´arios grupos, identificados de forma geral como “gn´osticos”, porque afirmavam possuir um conhecimento pessoal direto das coisas espirituais. Muitos entre os que se converteram ao cristianismo, vindos de uma ou outra antiga religi˜ao de mist´erios, sentiam que uma boa parte de seus conhecimen- tos anteriores poderia ser “batizada em Cristo”, e um bom n´umero destes se tornou mestre da Igreja primitiva. As faculdades ps´ıquicas Vale a pena notar que nos mist´erios cl´assicos e tamb´em no gnosticismo dos primeiros crist˜aos o uso de faculdades ps´ıquicas n˜ao significava qualquer comunica¸c˜ao com os “esp´ıritos” de criaturas humanas desencarnadas, como no espiritismo moderno, mas apenas se ocupava dos contatos com entidades espirituais de v´arios tipos. Quando, por um contratempo, se manifestava algo que parecia uma criatura humana desencarnada, acreditava-se que algo estava errado e se tomavam medidas para que isto n˜ao se repetisse. Vale a pena enfatizar que 13
  • 14. nem o “kerheb” eg´ıpcio, nem o hierofante de Elˆeusis, nem o teurgo neo- platˆonico e nem o gn´ostico crist˜ao tentavam se comunicar com os “mortos” atrav´es da mediunidade, embora conhecessem todas as formas de faculdades ps´ıquicas. Isto, naturalmente, n˜ao refuta a explana¸c˜ao esp´ırita, mas como muitos esp´ıritas afirmaram que estes contatos devem ter acontecido, e apenas com esp´ıritos humanos, torna-se necess´ario frisar que, embora n˜ao possamos ne- gar a possibilidade destes contatos com os mortos, todos os que mencionamos nunca consideraram ser este o objetivo mais importante de suas pr´aticas ps´ıquicas. S˜ao Paulo Numa passagem bastante conhecida de uma de suas ep´ıstolas aos con- vertidos cor´ıntios, S˜ao Paulo d´a instru¸c˜oes aos pequenos grupos de crist˜aos que se reuniam para a comunh˜ao espiritual e as ora¸c˜oes. Precisamos lembrar que os primeiros “adeptos”, como eram chamados os primeiros crist˜aos, levaram muito a s´erio a promessa do Mestre. Ele prom- etera que lhes mandaria o Esp´ırito Santo para gui´a-los, e eles acreditavam que a influˆencia do Esp´ırito Santo estava presente em todas as reuni˜oes dos fi´eis. Diziam que era uma “Igreja repleta do Esp´ırito”. Entre os pequenos grupos que se reuniam para o culto e a comunh˜ao, se manifestavam fenˆomenos ps´ıquicos, como ali´as aconteceu muitos s´eculos mais tarde em grupos parecidos da Sociedade de Amigos (mais conhecidos como “quacres”). Acredita-se que tamb´em nas reuni˜oes dos quacres estes fenˆomenos eram produzidos pelo poder e pela presen¸ca do Esp´ırito, e n˜ao pelo esfor¸co dos chamados “mortos”. Dons ps´ıquicos De fato, Paulo diz que ´e este mesmo Esp´ırito que d´a a cada pessoa um “dom” ou “carisma” particular, e neste ponto encontramos uma liga¸c˜ao com a ideia pag˜a e tamb´em judaica dos deuses ou de Deus distribuindo d´adivas entre os homens. Uma infeliz tradu¸c˜ao do texto grego fez com que Paulo se referisse a dons espirituais, quando na realidade a tradu¸c˜ao correta da express˜ao ´e dons ps´ıquicos, a saber, que pertencem `a “psique”, ou alma, mais que ao esp´ırito; para Paulo, o homem era uma trindade de corpo, alma e esp´ırito. Portanto, desde a antiguidade pag˜a e atrav´es dos s´eculos crist˜aos at´e o presente, estas faculdades ps´ıquicas foram consideradas um dom recebido dos c´eus, e esta atitude da mente foi aplicada tamb´em a todas as faculdades humanas. Por conseguinte, falamos em oradores dotados, artistas dotados ou m´usicos dotados. Em todos estes casos estamos usando as formas de pen- 14
  • 15. samento do passado, e isto se torna ainda mais marcante quando tratamos de faculdades ps´ıquicas. O limiar da consciˆencia Existe, entretanto, mais um ponto de vista que se encontra impl´ıcito nos ensinamentos e que s˜ao a base da filosofia de vida deste autor. Queremos dizer que as faculdades ps´ıquicas est˜ao presentes em todos os homens, de forma latente, em toda a vida, mas em alguns casos elas atuam acima do limiar da consciˆencia normal, enquanto na maioria dos caso atuam abaixo deste limiar. A profundidade abaixo deste limiar determina se vale fazer um esfor¸co para trazˆe-las at´e uma atividade consciente de trabalho. Em alguns casos, n˜ao valeria a pena. Vamos simular um exemplo considerando um outro “dom”: o da m´usica. J´a exitiram pessoas que, com muito pouca idade, mostraram ter aptid˜ao para a m´usica, com tamanho talento para composi¸c˜oes e express˜oes musicais que foram consideradas verdadeiros prod´ıgios. Nestas pessoas a m´usica e suas express˜oes parecem inatas. Alguns grandes compositores de m´usica podem ser classificados nesta categoria. Na outra extremidade da linha podemos tomar a exemplo este escritor. Desde a mais tenra infˆancia nunca conseguiu cantar afinado, sendo em parte incapaz de distinguir os sons: os mist´erios do desempenho de uma orquestra permanecem, para ele, completamente desconhecidos. Enquanto frequentava o prim´ario, recebia um livro para ler durante a aula de canto, porque n˜ao apenas era incapaz de cantar uma nota afinada, mas ningu´em que estivesse perto dele conseguia cantar afinado, apesar de todos os esfor¸cos! ´E ´obvio que qualquer tentativa de lhe dar uma educa¸c˜ao musical teria sido completamente in´util. Atividae espontˆanea O mesmo acontece com as faculdades ps´ıquicas. Em alguns casos, pare- cem brotar e atuar espontaneamente. Em outros casos, anos seguidos de “sess˜oes de desenvolvimento” resultar˜ao in´uteis. Entretanto, a maioria das pessoas parece se situar entre estes dois extremos. Elas podem desenvolver ou revelar estas faculdades, mas o tempo necess´ario varia de pessoa para pessoa. Todavia, revelar uma faculdade ´e uma coisa; estabiliz´a-la e control´a-la ´e outra coisa bastante diferente. ´E este o ponto onde um sem-n´umero de candidatos a m´edium n˜ao conseguem superar o teste. N˜ao fazem qualquer tentativa para disciplinar e treinar sua habilidade ps´ıquica, e isto depende muitas vezes da ideia errada dos “dons” que j´a mencionamos. Vamos voltar a discutira toda esta quest˜ao de estabiliza¸c˜ao, disciplina e treinamento mais adiante, mas achamos que cabia mencion´a-la neste ponto. 15
  • 16. Vamos considerar agora o ponto de vista ´etico. J´a explicamos que uma tradu¸c˜ao infeliz estabeleceu uma liga¸c˜ao entre estas faculdades e a ideia de “espiritualidade”. Vale a pena examinar o que significa esta express˜ao e at´e que ponto pode ser aplicada a estas faculdades supranormais que se encontram em cada um de n´os. Esp´ırito e mat´eria Na Igreja Crist˜a primitiva surgiu uma curiosa “heresia”, ou ponto de vista (que ´e o significado original de heresia), que estabelecia uma divis˜ao definida, ou “dicotomia”, entre o “Esp´ırito” e a “Mat´eria”. As origens podem ser encontradas em alguns trechos das ep´ıstolas de S˜ao Paulo, mas elas se tornaram proeminentes nos ensinamentos de um certo Man´es, um mestre crist˜ao que adotou algumas ideias da religi˜ao persa, o zoroastrismo. O Esp´ırito e a Mat´eria eram tidos como em eterno conflito, e a Mat´eria era considerada totalmente perversa. Esta heresia, embora condenada nos grandes Conc´ılios da Igreja, nunca foi completamente erradicada da cristandade e voltou a aparecer seguida- mente, numa ou noutra forma. Foi a base do fil˜ao puritano que colore toda a hist´oria crist˜a, e que trans- formou as rea¸c˜oes naturais e necess´arias diante de ensinamentos e comporta- mentos licensiosos em exageros e desequil´ıbrios, que resultou em ensinamen- tos e pr´aticas igualmente prejudiciais para o desenvolvimento harmonioso do esp´ırito humano. A tradu¸c˜ao errada Atualmente, embora as escolas que ensinam a usar a faculdade ps´ıquica afirmem se terem livrado de ideias “ortodoxas”, aparentemente ainda est˜ao tolhidas pela tradu¸c˜ao errada da passagem do Novo Testamento que se refere aos dons ps´ıquicos, e muitos de seus seguidores insistem em considerar estas faculdades como dons esp´ıritas. Eles est˜ao certos, enquanto todos os poderes e faculdades humanas s˜ao espirituais, no verdadeiro sentido da palavra, porque a Mat´eria nada mais ´e que uma manifesta¸c˜ao do Esp´ırito; por´em, e este ´e um POR´EM mai´usculo, se eles consideram as faculdades ps´ıquicas como espirituais, eles tˆem que considerar tamb´em as faculdades f´ısicas do homem como espirituais, para evitar cair na heresia manique´ısta. Infelizmente, continua a vicejar o falso conceito de que uma pessoa dotada de faculdades ps´ıquicas significa obrigatoriamente que esta pessoa seja tamb´em “esp´ırita” no sentido ´etico e moral. Qualquer pessoa que con- hece de perto o mundo do psiquismo e de assuntos correlatos, sabe perfeita- mente que isto n˜ao corresponde `a verdade, entretanto, trata-se de uma ideia profundamente arraigada, que n˜ao parece destinada a desaparecer t˜ao cedo. 16
  • 17. Como vimos, suas origens s˜ao antigas e n˜ao poder´a ser eliminada num piscar de olhos. Resta o fato de que uma pessoa dotada de faculdades ps´ıquicas e de habilidades medi´unicas n˜ao ´e, necessariamente, uma pessoa com elevados padr˜oes espirituais e morais. De fato, muitas vezes verificamos o contr´ario. Sugest˜oes telep´aticas J´a mencionamos as profundidades vari´aveis da mente, nas quais estas faculdades ps´ıquicas podem ser encontradas no estado latente. Vamos con- siderar agora o caso de uma pessoa na qual estas faculdades se encontram muito pr´oximas da superf´ıcie da mente subconsciente, mas n˜ao est˜ao no campo consciente do estado de vig´ılia. Entretanto, elas atuam constante- mente nos n´ıveis subconscientes, recebendo impress˜oes dos pensamentos e das emo¸c˜oes de outros ao redor. Todas estas impress˜oes chegam `a sua mente como sugest˜oes, que podem ser boas ou m´as, e que alteram constantemente toda a consciˆencia. Todas as pessoas est˜ao interligadas desta maneira, homem nenhum ´e uma ilha, como j´a disse um poeta e, al´em de nossa base subconsciente comum no que se chama o “Inconsciente Coletivo” da ra¸ca, estamos sempre cercados e, praticamente, submersos por uma corrente turbulenta de pensamento e de emo¸c˜ao, atravessada por mar´es r´ıtmicas de energia, e estamos, consciente ou inconscientemente, sempre reagindo conforme o conte´udo desta mar´e invis´ıvel. A vida de uma prostituta Desta forma, pode acontecer que uma mulher se entregue `a prostitui¸c˜ao, n˜ao por ter escolhido conscientemente este caminho, mas por causa dos pensamentos e das emo¸c˜oes de outras pessoas, que atuam sobre seus sentidos ps´ıquicos parcialmente despertos. Est´a sendo arrastada pela sua pr´opria sensibilidade. Se esta mulher foi criada conforme determinados ideais de comporta- mento em assuntos sexuais, ela provavelmente resistiu `a influˆencia combi- nada de seus instintos naturais e das sugest˜oes insidiosas que a atingiam atrav´es de sua sensibilidade oculta. Mas pode ter chegado um momento em que n˜ao estava ‘alerta”, e seus impultos instintivos combinados com as sug- est˜oes telep´aticas concorreram para que perdesse seu equil´ıbrio emocional e ´etico, e ela “caiu no pecado”. Todavia, a culpa desta queda pode ser de algu´em que, convencido de sua pr´opria virtuosa “respeitabilidade”, prejulgou a mo¸ca, e com a for¸ca de seu pensamento (que muitas vezes ´e provocado por impulsos sexuais recalcados) contribuiu para a sua queda. “N˜ao julgues, para n˜ao seres julgado” ´e uma m´axima muito saud´avel. 17
  • 18. Um c´odigo de vida Por causa desta intera¸c˜ao entre n´os mesmos e o universo ao nosso redor, e se realmente quisermos ser “n´os mesmos”, ´e altamente recomend´avel que construamos, consciente e deliberadamente, um c´odigo de vida para o nosso cotidiano e para nosso trabalho, um padr˜ao ´etico e moral que evite ficarmos `a mercˆe destas influˆencias invis´ıveis, mas poderosas, que recebemos do nosso ambiente. Sabemos quanto estes c´odigos de pensamento e de comportamento se tornam necess´arios frente `as tenta¸c˜oes vis´ıveis e tang´ıveis de nossa vida nor- mal consciente. Estes c´odigos, por´em, se tornam ainda mais imprescind´ıveis como uma salvaguarda contra as tenta¸c˜oes subconscientes, intang´ıveis e in- vis´ıveis. Depois de estabelecer este c´odigo de vida, podemos tentar, com segu- ran¸ca, trazer at´e nossa mente consciente e desperta as impress˜oes recebidas por meio destes sentidos ps´ıquicos submersos. Quando conseguimos con- trol´a-las conscientemente desta forma, elas deixam de ser fontes ocultas e de- sconhecidas de uma parte de nosso pensamento irrespons´avel, e come¸camos a ser menos afetados pelas muitas facetas da “mente da ral´e” ao nosso redor. Estaremos assim obedecendo `a m´axima que , na antiguidade, se encon- trava gravada acima do portal do Templo dos Mist´erios: Gnothi heauton, e que significa: “Conhece-te a ti pr´oprio”! Quando as impress˜oes ps´ıquicas s˜ao trazidas assim `a conciˆencia, ´e poss´ıvel avaliar seu valor e trat´a-las conforme o c´odigo de vida desenvolvido. A ciˆencia da alma O leitor tem a possibilidade de se valer delas para o aperfei¸coamento de seu pr´oprio car´ater, e como tem um conhecimento consciente destas im- press˜oes, n˜ao et´a mais `a sua mercˆe. Pode observar as condi¸c˜oes que lhes permitir˜ao atuar, e tamb´em pode come¸car a avaliar o valor que elas poder˜ao ter em sua vida. Se o leitor possui uma mente do tipo cient´ıfico, ele poder´a tamb´em come¸car a reconhecer os caracteres do alfabeto de uma ciˆencia h´a muito esuqecida nestes tempos modernos: a ciˆencia da alma. ´E verdade que no estado atual de nosso conhecimento moderno destas faculdades, o fato de exercˆe-las ´e muito mais uma arte que uma ciˆencia, mas progredindo na compreens˜ao dos princ´ıpios que regem suas manifesta¸c˜oes, vamos come¸car a vislumbrar a ciˆencia sublime que regulamenta as mani- festa¸c˜oes das faculdades paranormais. O sistema iogue A humanidade nunca perdeu completamente esta ciˆencia; no ocidente, entretando, ela foi aparentemente suplantada pelo tipo de civiliza¸c˜ao que aqui se desenvolveu. No oriente sobreviveu mais abertamente nos diferentes 18
  • 19. sistemas de ioga, dos quais alguns fragmentos est˜ao sendo insistentemente propagados no ocidente em nossa ´epoca. Uma grande parte ´e apenas uma par´odia do verdadeiro conhecimento. Todavia, no oriente e no ocidente existem os iniciados e os zeladores desta Eterna Sabedoria, e eles est˜ao prontos para assistir, neste momento importante da hist´oria humana, aos que se dedicam ao trabalho de pesquisa no campo da paranormalidade no mundo ocidental. Entre estes poderes paranormais, a faculdade da psicometria ´e uma das mais interessantes e instrutivas, e pode ser de grande valia quando aplicada corretamente. Treinamento especial ´E relativamente f´acil adquirir um pouco de habilidade psicom´etrica sem qualquer instru¸c˜ao especial, mas ´e prefer´ıvel, sob todos os pontos de vista, que o candidato-psicometrista siga um sistema definido de treinamento. A faculdade bem treinada ´e muito superior `a n˜ao treinada. O treinamento necess´ario para desenvolver a faculdade de psicometria pode ser subdividido em diferentes t´ecnicas, que discutiremos mais detal- hadamente no cap´ıtulo seguinte. Todavia, gostar´ıamos de explicar por que utilizamos o termo “faculdade” com uma frequˆencia que poder´a parecer excessiva a alguns de nosso leitores. A maior parte das pessoas que lida com estes assuntos usaria, provavelmente, a express˜ao “poderes ps´ıquicos”, enquanto n´os preferimos o termo “faculdade” porque consideramos esta ex- press˜ao mais correta. Trata-se de faculdades receptivas e n˜ao de poderes expressos. 19
  • 20. 20
  • 21. Cap´ıtulo 3 Treinamento preliminar J´a mencionamos que ´e poss´ıvel desenvolver capacidades psicom´etricas sem qualquer treinamento e, ali´as, foi isto que aconteceu com os pioneiros que redescobriram a faculdade nos tempos atuais. De fato, isto acontece com todas as novas descobertas ou com as redescobertas, porque, apenas repetindo as experiˆencias e classificando os resultados obtidos, ´e poss´ıvel formular os princ´ıpios da mat´eria. Em seguida, pode-se planejar um m´etodo de treinamento sistem´atico. Todavia, mesmo depois de desenvolver um tal sistema de treinamento, ´e necess´ario lembrar sempre que o exerc´ıcio destas faculdades ps´ıquicas, emb- ora tenha um fundamento realmente cient´ıfico, tamb´em tem muito de arte, e qualquer sistema de treinamento deve levar em conta os fatores pessoais. Podemos encontrar uma situa¸c˜ao muito parecida nas artes visuais; por exemplo, um pintor pode possuir uma t´ecnica mecˆanica de pintura muito exata, entretanto o valor efetivo de seu trabalho ´e dado pelo elemento pessoal que ele transfere para seus quadros. O mesmo acontece com a faculdade ps´ıquica da psicometria. O dom´ınio da lei natural No caso da pr´atica ps´ıquica, a referˆencia a uma base “cient´ıfica” poder´a surpreender muitos de nossos leitores, especialmente os que sempre acredi- taram que estas coisas se encaixavam numa ordem “sobrenatural” de coisas e, portanto, n˜ao estavam sujeitas `a lei cient´ıfica. Todavia, os que estudaram estas mat´erias de maneira mais aprofundada est˜ao convencidos de que real- mente est˜ao sujeitas `a lei natural. Talvez seja necess´ario explicar que, quando falamos nas leis naturais do universo, estamos nos referindo efetivamente `a que foi descrita como a “a sequˆencia previs´ıvel de eventos observados durante um per´ıodo demorado” e n˜ao `a lei c´osmica atual e imut´avel, que ´e o pr´oprio arcabou¸co deste universo. Em outras palavras, trata-se de nosso conceito da verdadeira lei natural. Podemos encontrar um exemplo na hip´otese newtoniana da gravidade e 21
  • 22. luz. Estas teorias funcionam bem dentro de determinados limites, e explicam a maioria dos fatos observados, mas existem fatos que n˜ao se enquadram nestes esquemas, enquanto a hip´otese geral da relatividade, formulada por Einstein, consegue englob´a-los. Da mesma maneira, os cientistas victorianos, cujas hip´oteses eram formu- ladas em bases meramente materiais, estavam convencidos de que as man- ifesta¸c˜oes ps´ıquicas n˜ao poderiam ser inclu´ıdas no “universo racional” do pensamento cient´ıfico. Novas hip´oteses “No universo n˜ao h´a lugar para fantasmas”, declarou destes cientistas, e um outro arrematou: “Vejo na mat´eria a promessa e a potˆencia de toda a vida”. Fizemos esta digress˜ao para indicar que as “leis da natureza”, da maneira como s˜ao formuladas numa ´epoca qualquer, podem sempre ser modificadas por novas hip´oteses formuladas numa ´epoca posterior. Afinal, s˜ao ape- nas teorias, hip´oteses, desenvolvidas para expressar e explicar determinados fatos. Al´em destas se encontra a lei imut´avel do universo, e a verdade ou falsidade de qualquer “hip´otese da lei da natureza” depende de quanto ela se aproxima da lei verdadeira. Osa anais da hist´oria cient´ıfica est˜ao apinhados de exiemplos de exatid˜ao relativa de teorias desenvolvidas por pensadores cient´ıficos para explicar os fenˆomenos naturais observados. Todas as hip´oteses e declara¸c˜oes sobre a lei natural est˜ao condicionadas pela nossa compreens˜ao dos fatos observados, pelos nossos preconceitos pes- soais, conscientes ou inconscientes, e pelo escopo e a amplitude de nossa experiˆencia relativa ao assunto. Os cientistas victorianos nem sempre en- tendiam isto, ali´as ainda hoje muitos cientistas n˜ao o admitem. Algum tempo atr´as ouvimos um proeminente psic´ologo declarar que, apesar de qualquer quantidade de provas, jamais chegaria a considerar a ideia da possibilidade da Percep¸c˜ao Extra-Sensorial, porque a admiss˜ao de tal possibilidade destruiria a base de todo o ensinamento moderno. Pensadores religiosos Um “bloqueio” bastante parecido existe tamb´em na mente de muitos pensadores religiosos, como est´a demonstrado pela tendˆencia de estabelecer uma divis˜ao r´apida e n´ıtida entre coisas “sagradas” e coisas “seculares”. Este ´e o enfoque mental que sempre indicou uma tendˆencia a considerar as faculdades ps´ıquicas como sendo “sobrenaturais”. N˜ao concordamos com estas cren¸cas porque, como a maioria dos que tra- balharam seguindo estas diretrizes, acreditamos que “sobrenatural” ´e apenas Aquele que se encontra acima de toda a Natureza, por ser Ele a Fonte e a 22
  • 23. Origem. Acreditamos tamb´em que a Vontade e o Prop´osito d’Ele s˜ao a verdadeira lei do Universo. Manifesta¸c˜oes paranormais Desta forma, todas as manifesta¸c˜oes em qualquer plano de existˆencia s˜ao regidas pelas leis naturais, e n˜ao devem ser definidas “sobrenaturais”. Costumamos, portanto, nos referir `as faculdades ps´ıquicas como “paranor- mais”. Por conseguinte, ´e l´ogico que se enquadram no campo da observa¸c˜ao e do m´etodo cient´ıficos. Da mesma forma, uma grande parte dos testes e das investiga¸c˜oes efetu- ados nada tem de cient´ıfico, e ambos os extremos da escala mental indicam uma igual teimosia e a mesma m´a vontade em obedecer aos ditamos do grande cientista victoriano, Huxley, que afirmava que o verdadeiro cientista deve estar preparado para “se sentar diante da Natureza como uma crianc- inha, e segui-la para onde ela nos conduz”. Em tudo que escrevemos aqui a respeito do treinamento da faculdade psicom´etrica, tentamos evitar as duas posi¸c˜oes extremas, a da aridez int- electual e a da asneira sentimental. Um exemplo de leitura inadequada Vocˆe deve se lembrar que reproduzimos um esbo¸co sum´ario de um “en- contro psicom´etrico”, e que observamos a respeito que a “leitura” do psi- cometrista era de boa qualidade. Queremos agora reproduzir uma “leitura” psicom´etrica de qualidade inferior. Vocˆe pode reparar que as declara¸c˜oes s˜ao muito claras, e podem ser reconhecidas pelo propriet´ario do objeto. A in- forma¸c˜ao n˜ao apresenta defeito, mas a apresenta¸c˜ao ´e definitivamente fraca. Nosso psicometrista apanha o objeto e diz: “Vejo um bocado de ´agua - tem um homem a´ı - acho que ´e o mar - o homem est´a metido numa farda esquisita - estou vendo um mont˜ao de ´arvores, as folhas com uma colora¸c˜ao verde acinzentada - tenho uma sensa¸c˜ao de influˆencias eclesi´asticas - incenso - as ´arvores est˜ao crescendo nas colinas baixas atr´as de uma cidade - vocˆe est´a com alguma d´uvida sobre uma decis˜ao? - este objeto tem alguma rela¸c˜ao com influˆencias italianas - o homem est´a observando alguma coisa - vocˆe estava querendo ir para a It´alia? - tenho a impress˜ao de disparos de canh˜oes - vocˆe esteve na guerra? - o homem tem uma espada, parece que est´a no comando de alguma coisa - n˜ao se preocupe a respeito da decis˜ao a tomar, em alguns dias tudo ficar´a mais claro”. A¸c˜ao seletiva Vocˆe pode ver que esta “leitura” cont´em a maioria das informa¸c˜oes pro- porcionadas pelo primeiro psicometrista, entretanto, ao inv´es de uma s´erie 23
  • 24. de informa¸c˜oes coerentes, neste caso temos um amontoado de fragmentos confusos. Como pode acontecer isto? Existem, neste caso, dois fatores principais e um fator secund´ario. Em primeiro lugar, existe a caracter´ıstica das faculdades ps´ıquicas que atua da seguinte forma: todas as informa¸c˜oes recebidas atrav´es destas faculdades se apresentam `a mente como um bloco de conhecimentos, que em seguida devem ser selecionados pela mente subconsciente e projetados para a con- sciˆencia, seguindo uma determinada sequˆencia. Incidentalmente, a mesma coisa se verifica com a vis˜ao f´ısica normal. Os olhos absorvem o quadro completo e depois o transmitem ao centro visual do c´erebro, e por conseguinte a informa¸c˜ao ´e transmitida `a mente consciente atrav´es do subconsciente. Normalmente, existe uma a¸c˜ao seletiva que se processa no subconsciente, e esta a¸c˜ao seletiva subconsciente subdivide o bloco de impress˜oes visuais recebidas e apresenta as partes, num padr˜ao determinado, `a mente desperta. A a¸c˜ao seletiva subconsciente ´e desencadeada por v´arios fatores. Pode- mos ter lido a respeito de um rio em cheia e os preju´ızos provocados pela enchente, e depois, no mesmo dia, podemos ir para o campo e ver uma paisagem na qual h´a, entre outros detalhes, um trecho de rio. Quase sem- pre a primeira coisa que atrair´a nossa aten¸c˜ao naquele panorama compestre ser´a o rio, porque nosso subconsciente ficou impressionado pela leitura do notici´ario daquele mesmo dia. Preconceito psicol´ogico Tamb´em ´e poss´ıvel sentirmos uma enorme antipatia por certos animais, por exemplo, vacas: e sem percebˆe-lo conscientemente, nossa primeira ob- serva¸c˜ao ser´a que existem vacas na paisagem! Aqui nos defrontamos com o segundo fator em mat´eria de percep¸c˜ao. Um preconceito psicol´ogico se desenvolveu automaticamente em nosso subconsciente e todas as impress˜oes que chegam a qualquer um dos sentidos est˜ao afetadas por este preconceito em sua passagem atrav´es dos n´ıveis conscientes da mente. Quando conhecemos os nosso preconceitos, em qualquer sentido, pode- mos compens´a-los conscientemente, mas quando os desconhecemos, eles po- dem afetar nossa capacidade de avaliar o que recebemos atrav´es de nossos sentidos. Isto se verifica sobretudo quando temos que julgar e registrar o que vimos ou ouvimos. Esta sele¸c˜ao imperfeita das impress˜oes pode ser, obviamente, encontrada em algumas das “descri¸c˜oes” feitas por clarividentes e psicometristas e, em grande medida, isto depende da ausˆencia de um bom treinamento mental. ´E bastante ´obvio que tudo que se apresenta `a mente ´e gravado na consciˆencia, e este registro mental ´e a base do que chamamos de “mem´oria”. Da mesma forma, o registro que resulta da entrada de percep¸c˜oes ps´ı- quicas atua sob os mesmos princ´ıpios mentais do registro mental que ´e o 24
  • 25. resultado da entrada de percep¸c˜oes dos sentidos f´ısicos. A habilidade de observa¸c˜ao No caso do psicometrista, as impress˜oes ps´ıquicas que entram em bloco devem ser registradas e enviadas de novo para fora muito rapidamente, de uma forma quase parecida como as impress˜oes visuais recebidas por um comentarista esportista de televis˜ao devem ser devolvidas imediatamente em forma de coment´ario, acompanhando o jogo que est´a sendo observado. Isto significa que o poder seletivo da mente deve processar rapidamente os incidentes do jogo em sua sequˆencia correta, e para que este processo possa ser executado com sucesso, a principal habilidade exigida ´e a de observa¸c˜ao. Observar em sequˆencia n˜ao ´e t˜ao comum como pode parece. A maioria das pessoas apresenta a tendˆencia, provocada por pontos falhos psicol´ogicos, de observar algumas coisas e deixar de observar outras, ou ent˜ao de confundir a sequˆencia dos acontecimentos. O treinamento da observa¸c˜ao ´e um ponto essencial para qualquer pes- soa que utiliza seus sentidos ps´ıquicos, e sua ausˆencia ´e a j´a mencionada causa secund´aria de dificuldades no desenvolvimento psicom´etrico. Os sutis impulsos ps´ıquicos recebidos pelo psicometrista devem ser percebidos, reg- istrados e traduzidos em palavras faladas ou escritas (alguns psicometristas efetuam a chamada “psicometria por correspondˆencia”). Quando isto n˜ao se efetua de maneira praticamente imediata, estas impress˜oes submergir˜ao no campo mental geral, misturando-se e ficando distorcidas pelas imagens de pensamento que nele existem. Por conseguinte, uma parte essencial do treinamento ´e cultivar esta ca- pacidade de observa¸c˜ao, e, como j´a explicamos, esta capacidade n˜ao ´e muito comum, porque, embora todas as impress˜oes fiquem gravadas na mente, raramente elas chegam a emergir na consciˆencia desperta, mas permanecem abaixo do limiar mental, a saber, no subconsciente. Portanto, existe a ne- cessidade de treinar a mente para atuar de maneira que muito mais destas impress˜oes recebidas sejam registradas pela consciˆencia desperta. Existem muitos exerc´ıcios que foram desenvolvidos para este treinamento espec´ıfico, todavia muitos apresentam o defeito de serem excessivamente complexos, e na realidade acabam por ser contraproducentes. Nestes assun- tos, quanto mais simples o exerc´ıcio, melhor: as probabilidades de sucesso aumentam com a simplicidade. Aten¸c˜ao e concentra¸c˜ao Consideremos rapidamente o que ´e realmente a “observa¸c˜ao”. ´E a ca- pacidade de prestar uma aten¸c˜ao concentrada e conscientemente dirigida `as impress˜oes provocadas em nossas mentes pela atua¸c˜ao de nossos senti- dos, enquanto estes sentidos reagem frente `as v´arias coisas e aos diferentes 25
  • 26. acontecimentos que formam o cen´ario de nossas vidas. Esta aten¸c˜ao dirigida e concentrada significa que precisa aprender a manter a aten¸c˜ao voltada para qualquer ponto daquele cen´ario, conforme a vontade. Evidentemente, ´e isto que chamamos de “concentra¸c˜ao”. Por conseguinte, a aten¸c˜ao e a concentra¸c˜ao s˜ao ambas valiosos utens´ılios de treinamento para o desenvolvimento psicom´etrico. Por outro lado, a aten¸c˜ao tamb´em ´e a chave para uma vida f´ısica de muito sucesso, e vale a pena anotar que o paranormal bem treinado, seja ele clarividente ou psicometrista, n˜ao ´e absolutamente a pessoa distra´ıda ou pern´ostica que geralmente se acredita. Evidentemente, existem paranormais que s˜ao distra´ıdos e pern´osticos, e existem v´arias raz˜oes para que sejam assim. Por outro lado, existem muitos padres que, mais ou menos, apresentam uma imagem que se parece bastante com a par´odia que se faz deles nos programas humor´ısticos. Existe ainda um curioso detalhe: depois do treinamento e desenvolvi- mento da faculdade ps´ıquica, as impress˜oes que entram podem, em alguns casos, ser comparadas, pela intensidade, `as percep¸c˜oes puramente sensoriais. “Reflexo condicionado” Os seguidores de determinados sistemas “ocultos” afirmam que as pes- soas comuns atravessam a vida num sonho desperto, reagindo automatica- mente `as condi¸c˜oes ao seu redor, e justificam em geral as afirma¸c˜oes dos psic´ologos “behavioristas” e dos Materialistas Dal´eticos comunistas, no sen- tido de que uma criatura humana ´e apenas a pe¸ca complexa de um mecan- ismo, que funciona dirigida pelo que se chama de “reflexo condicionado”. A famosa experiˆencia dos “c˜aes de Pavlov” ´e considerada a prova deste enfoque mecˆanico da vida, e estas escolas de ocultismo, embora discordem completamente com o enfoque basicamente materialista, afirmam, entre- tanto, que a maioria dos pensamentos e das a¸c˜oes do homem m´edio ´e o resultado deste “reflexo condicionado”. Por outro lado, eles afirmam, com absoluta certeza, que o homem tem a possibilidade de acordar deste sonho e de come¸car a atuar como uma criatura consciente. As implica¸c˜oes ulteriores desta doutrina nos afastariam demais da rota que escolhemos, mas quisemos mencion´a-la porque ´e um fato indiscut´ıvel que, em maior ou em menor medida, esta qualidade on´ırica da consciˆencia se manifesta em nossa vida desperta e em nosso trabalho. A vida urbana embota a percep¸c˜ao As condi¸c˜oes da vida moderna no ambiente urbano tendem a provocar em n´os uma rea¸c˜ao autom´atica `as condi¸c˜oes ao nosso redor, enquanto que, se estiv´essemos vivendo num ambiente selvagem e natural, onde qualquer falta de aten¸c˜ao nos pormenores da vida provavelmente significaria nossa morte, descobrir´ıamos que estamos observando conscientemente tudo em 26
  • 27. nossa volta, de uma forma como jamais pensar´ıamos fazer vivendo na cidade. Qualquer impress˜ao dos sentidos, ao chegar em nossa mente, seria avaliada conscientemente e o resultado seria um aumento sens´ıvel da acuidade de nosso sentido f´ısico. Mesmo em nossa vida urbana moderna, poder´ıamos diminuir muito a taxa de mortalidade provocada por “acidentes” se aprendˆesseom a prestar aten¸c˜ao ao que nos cerca, ao inv´es de caminhar e de dirigir de forma quase autom´atica, dependendo apenas do bom senso dos outros, ou ent˜ao da ve- locidade de nossos reflexos. Isto n˜ao significa que precisamos sempre observar o ambiente em nossa volta com a mesma intensidade utilizada pelos “batedores brancos” no tempo da coloniza¸c˜ao do oeste norte-americano; significa apenas que uma parte desta intensidade deve ser trazida para a vida comum. E, considerando, n˜ao seria uma m´a ideia. O jogo de Kim Em alguns de meus escritos anteriores mencionei um determinado ex- erc´ıcio, conhecido em geral com o nome de “jogo de Kim”, extra´ıdo de um livro de Rudyard Kipling, cujo t´ıtulo ´e Kim. Pelos coment´arios de meus leitores, parece que este jogo foi considerado excessivamento dif´ıcil por muitos. Acredito que uma grande parte da dificuldade foi, na realidade, psi- col´ogica, porque quando se come¸ca a praticar este exerc´ıcio, quase todos o acham um pouco desanimador. O motivo ´e que o jogo comprova de maneira bastante en´ergica o quanto nossa capacidade mental de aten¸c˜ao ´e prec´aria. Todavia, a repeti¸c˜ao sistem´atica deste exerc´ıcio pode desenvolver a capaci- dade num tempo relativamente curto. Para os leitores que ainda n˜ao ouviram falar no jogo de Kim, devo ex- plicar que ´e jogado com um certo n´umero de pequenos objetos, como an´eis, bot˜oes coloridos ou lavrados, porcas e parafusos pequenos e outras pecin- has mecˆanicas diminutas, que s˜ao colocados sobre uma bandeja. Firmamos nossa aten¸c˜ao nos objetos durante dois ou trˆes minutos e depois a bandeja ´e coberta com um pano. A seguir, escrevemos os nomes dos objetos que lembramos ter visto na bandeja. Pode ser ´util pedir a ajuda de uma outra pessoa para colocar os objetos na bandeja, mas este detalhe n˜ao ´e realmente essencial. Depois de escrever o nome do maior n´umero poss´ıvel de objetos, reti- ramos o pano que cobre a bandeja, para verificar a diferen¸ca entre o n´umero de objetos lembrados e o n´umero efetivo dos objetos sobre a bandeja. Como referˆencia, quando conseguimos lembrar o nome de oito ou nove objetos entre os vinte que est˜ao sobre a bandeja, podemos dizer que o re- sultado ´e bom. Na maioria dos casos, as pessoas lembram apenas cinco ou seis. A capacidade de lembrar melhora com a pr´atica, quando se chega a 27
  • 28. lembrar dezessete ou dezoito objetos entre os vinte. Depois de conseguir um marcador razo´avel, podemos variar o exerc´ıcio tentando lembrar os de- talhes de cada objeto: sua forma, o tipo de grava¸c˜ao, sua cor e qualquer defeito aparente. As pessoas que acham que o esp´ırito de competi¸c˜ao ´e um bom aux´ılio, podem tentar executar o exerc´ıcio como um jogo, com um dois amigos. Por outro lado, na maioria dos casos nos sentimos a tal ponto enver- gonhados pela nossa incapacidade inicial, que preferimos um jogo solit´ario! Pense nos cord˜oes dos sapatos Aqui temos outro exerc´ıcio, tamb´em muito simples, mas assim mesmo, muito eficaz. Eu o chamo de “Pense nos cord˜oes dos sapatos”, porque foi assim que meu primeiro tutor neste assunto o apresentou para mim. Em resumo, trata-se apenas de firmar a aten¸c˜ao em qualquer coisa que vocˆe estiver fazendo naquele momento. Neste caso, estamos atando os cord˜oes do sapato. Por conseguinte, concentramos toda a nossa aten¸c˜ao em fazer apenas isto. N˜ao estamos automaticamente atando os cord˜oes dos sapatos, ouvindo, ao mesmo tempo, distraidamente, o notici´ario do r´adio, ou a voz de nossa mulher que enumera uma lista de coisas que precisamos com- prar antes de nossa volta. Tamb´em n˜ao estamos refletindo subjetivamente sobre o que fazer no escrit´orio ou na f´abrica. devido a determinadas dificul- dades que poderiam surgir. Nada disso: simplesmente, nos concentramos em atar os cord˜oes dos sapatos. Parece uma coisa t˜ao simples, que a ideia de um treinamento mental nestas bases parece quase goza¸c˜ao, mas neste caso poder´ıamos cair no erro de um determinado cavalheiro mencionado na B´ıblia, que quando ouviu que devia se lavar nas ´aguas do Rio Jord˜ao para ficar curado da lepra, ficou indignado e declarou que o famoso profeta que lhe dera este conselho devia ter feito alguma coisa espetacular: “Devia ter estendido suas m˜aos sobre mim”, protestou o tal cavalheiro, imaginando que isto poderia levar a uma cura instantˆanea. E de qualquer forma, na terra do cavalheiro havia alguns rios realmente bonitos, como, por exemplo, Abana e Farfar. Rios de verdade, bem diferentes deste c´orrego turbulento e lodacento, chamado Jord˜ao! Mas, como relata a hist´oria, o c´orrego t˜ao desprezado curou a doen¸ca. Esta curiosa atra¸c˜ao pelo bizarro e pelo espetacular n˜ao desapareceu ao longo dos s´eculos, e podemos encont´ra-la bem manifesta tamb´em em nossos dias. Este ´e o gosto que leva muitas pessoas a serem v´ıtimas de curandeiros ps´ıquicos ou ocultistas, que podem ser encontrados `a margem ou no seio de sociedades e organiza¸c˜oes que se dedicam ao estudo destes assuntos. A simplicidade do exerc´ıcio ´e apenas aparente. Ao pratic´a-lo algumas vezes, vocˆe perceber´a as armadilhas que sua pr´opria mente consegue colocar, quando se apresenta uma oportunidade. O formid´avel neste exerc´ıcio t˜ao simples, ´e que vocˆe pode praticar a qualquer hora, sem qualquer preparo especial, e a menor de suas vanta- 28
  • 29. gens ser´a uma maior capacidade de concentra¸c˜ao: j´a isto pode proporcionar dividendos razo´aveis no cotidiano. A faculdade da mem´oria Um desenvolvimento ulterior de tudo isto ´e estender esta aten¸c˜ao direta e consciente a qualquer coisa que estiver acontecendo perto de n´os, enquanto apananhamos o ˆonibus ou o trem, a caminho do escrit´orio ou da f´abrica. Quantos, entre os meus leitores, poderiam lembrar os detalhes de uma casa na esquina, por onde passam quando, de sua pr´opria travessa, entram na art´eria principal? Quantos poderiam agora descrever sua aparˆencia geral, o n´umero de suas janelas, sua decora¸c˜ao e seu jardinzinho (ou a ausˆencia deste jardim)? E mais, as pessoas no ˆonibus ou no trem, sua aparˆencia, seus cacoetes, etc. Quantos, entre n´os, apenas prestam uma aten¸c˜ao m´ınima nestes por- menores? Aqui temos os materiais para um exerc´ıcio mental realmente com- pensador, e como o anterior, pode ser praticado em qualquer momento. Obviamente, prestar aten¸c˜ao n˜ao significa que precisamos ficar de olhos arregalados olhando para os outros, pois afinal seria grosseiro, e poderia at´e levar a complica¸c˜oes desagrad´aveis, especialmente em se tratando de pessoas que n˜ao gostam de ser observadas com insistˆencia. N˜ao ´e necess´ario olhar fixamente durante alguns minutos para reter uma boa imagem mental de uma pessoa ou de um objeto. ´E muito importante lembrar isto. Na realidade, basta um olhar r´apido, com aten¸c˜ao concentrada. Para rematar este assunto, quero resumir o que um amigo meu, que ´e hipnotizador, me contou a respeito da mem´oria visual. Ele mostrou a uma pessoa uma p´agina de um livro de psicologia, depois de se certificar de que a pessoa em quest˜ao n˜ao estava muito interessada em psicologia. Em seguida, hipnotizou esta pessoa, e quando esta j´a se encontrava no est´agio de hipnose profunda, sugeriu que ela era uma conferencista de grande popularidade, e que se encontrava sobre uma plataforma, pronta para iniciar uma conferˆencia sobre um aspecto peculiar de psicologia, relatado na p´agina do livro antes mostrada, e que a pessoa tinha visto durante apenas um minuto. A pessoa aceitou a sugest˜ao e fez uma ´otima conferˆencia sobre quanto tinha lido durante um minuto naquele texto de psicologia. N˜ao mencionou pontos n˜ao inclu´ıdos na p´agina, mas apenas alongou bastante o assunto, por´em falou nas declara¸c˜oes inclu´ıdas na p´agina, comentando-as, e citou alguns trechos, palavra por palavra. Isto aconteceu depois de apenas um minuto dedicado a uma p´agina in- teira, impressa em letra mi´uda. N´os tamb´em j´a fizemos experiˆencias do gˆenero, e com os mesmos resultados. Incidentalmente, ´e esta poderos´ıssima capacidade de mem´oria da mente subconsciente que muitas vezes falsifica o que, `a primeira vista, pode parecer uma prova de percep¸c˜ao extra-sensorial. 29
  • 30. Resumindo, a quest˜ao n˜ao est´a no tempo gasto em observar uma coisa ou uma pessoa, mas est´a na intensidade da aten¸c˜ao necess´aria. Apresenta¸c˜ao da prova Chegamos a um ponto muito importante deste treinamento. Vocˆe deve se lembrar de que, quando descrevemos a “leitura” de um paranormal, demos duas vers˜oes da mesma leitura: a primeira, feita por um psicometrista de bom n´ıvel, e a outra por um psicometrista cujo trabalho era de qualidade muito inferior. Afirmamos na ocasi˜ao que a diferen¸ca mais evidente entre os dois paranormais estava na apresenta¸c˜ao, e isto est´a relacionado com o que est´avamos dizendo um pouco mais atr´as, a respeito da aten¸c˜ao concentrada. Existe uma “t´ecnica da descri¸c˜ao”, e em geral, esta t´ecnica n˜ao pode ser aprendida sem m´etodo. Envolve o uso disciplinado da aten¸c˜ao, mas depois de aprendˆe-la, esta t´ecnica significa a diferen¸ca entre o sucesso e o fracasso. ´E de nossa opini˜ao que o sucesso nesta t´ecnica da descri¸c˜ao ´e essencial se vocˆe deseja executar qualquer trabalho neste campo. Uma t´ecnica parecida ´e utilizada pelos investigadores e tamb´em no trabalho rotineiro da pol´ıcia. Vocˆe j´a se perguntou alguma vez como ´e que vocˆe reconhece um amigo ou um conhecido? Provavelmente isto nunca lhe ocorreu, mas na maioria dos casos costumamos reconhecer as pessoas de forma subconsciente, e rara- mente conseguimos explicar como isto acontece. Precisamos examinar esta quest˜ao com o maior cuidado. Evidentemente existem, nas pessoas, determinadas coisas, pontos car- acter´ısticos, e alguns destes s˜ao extremamente pessoais, de maneira que o reconhecimento se efetua quase que exclusivamente atrav´es deles. Por ex- emplo, o nariz de Cyrano de Bergerac era a marca de identifica¸c˜ao de seu dono; o mesmo vale para as costas tortas de Ricardo III (se ´e que a imagem de Shakespeare ´e correta). Entretanto, todos ou quase todos estes pontos de reconhecimento t˜ao salientes podem ser imitados, e n˜ao servem t˜ao bem para o reconhecimento quanto alguns outros aspectos do indiv´ıduo. Os pontos mais sutis de reconhecimento Um destes outros pontos, ali´as um ponto muito ´util, ´e a maneira de uma pessoa parar ou se movimentar. Cada um de n´os tem seu jeito caracter´ıstico de ficar de p´e ou de se movimentar, e este jeito est´a associado com a nossa pessoa nas mentes dos que se encontram conosco. De fato, existe o que poder´ıamos chamar de um grupo inteiro de pontos muito sutis, e a natureza destes pontos nos confere nossa identidade pessoal. Os movimentos das m˜aos, dos dedos e dos p´es, trejeitos que se tornam um h´abito, o virar repentino da cabe¸ca e as tens˜oes mut´aveis dos m´usculos do rosto, especialmente ao redor dos olhos: tudo isto, e muito mais, serve para nos identificar, e ´e esta identifica¸c˜ao, proporcionada por estas caracter´ısticas 30
  • 31. mais sutis, que muitas vezes s˜ao a melhor prova que pode ser oferecida pelo psicometrista. Descri¸c˜ao do rosto e da forma Depois disso, e pela ordem de importˆancia, segue a descri¸c˜ao do rosto e da forma, das roupas e qualquer outro ponto relacionado com estas. Neste caso, tamb´em, a t´ecnica ´e muito bem definida, e como regra geral, a descri¸c˜ao deve ser coerente. Por exemplo, o psicometrista aprendiz n˜ao deveria come¸car uma de- scri¸c˜ao do rosto, que est´a percebendo psiquicamente, afirmando que o homem tem olhos azuis e uma pequena verruga no pesco¸co. Antes de mais nada, deve come¸car a descrever qualquer caracter´ıstica importante do rosto, como um nariz bem pronunciado, ou a ausˆencia de um por¸c˜ao da orelha, ou a ausˆencia de uma vista. A seguir, deve descrever o rosto, come¸cando com a cor e a textura dos cabelos, e se est´a corretamente penteado ou com os cabelos revoltos, em seguida, a testa, larga e alta, ou baixa e estreita, enrugada ou bastente lisa. Sobrancelhas largas ou finas, ´asperas ou lisas; os olhos, no que diz re- speito `a cor, sua posi¸c˜ao no rosto, aproximados ou distantes entre si, as rugas ou os m´usculos relaxados ao redor, se est˜ao encovados ou bem abertos; o nariz, aquilino, reto ou arrebitado, largo ou estreito na base das narinas; as orelhas, grandes ou pequenas, sua posi¸c˜ao na cabe¸ca; as faces, cheias ou re- dondas ou encovadas, coradas ou p´alidas; colorido geral; bigodes e/ou barba, tipo, forma e aparˆencia geral; boca e l´abios, l´abios cheios ou finos; maxi- lares e queixo, firme ou de outro tipo, forma do rosto, redondo, quadrado ou comprido; pesco¸co, fino ou grosso, comprido ou curto. Sequˆencia autom´atica de aten¸c˜ao `A primeira vista, esta pode parecer uma tarefa complicada, mas como sempre registramos estes e outros detalhes todas as vezes que olhamos para uma pessoa (embora a maior parte dos detalhes permane¸ca abaixo do limiar da consciˆencia), n˜ao ´e apenas o registro dos detalhes que pede um treina- mento. O importante ´e o desenvolvimento gradativo de uma sequˆencia autom´atica de aten¸c˜ao, de maneira que todos os detalhes fiquem arquivados em seus re- spectivos compartimentos do subconsciente, dos quais poder˜ao ser retirados na mesma sequˆencia. Esta t´ecnica se aplica tamb´em aos pormenores do corpo, os bra¸cos, as pernas, as vestimentas, e tudo o mais. Evidentemente, existem determinadas caracter´ısticas gerais que deveriam ser descritas logo de in´ıcio. A altura, o tipo geral (gordo ou magro) e quaisquer outras caracter´ısticas importantes, como uma perna mecˆanica ou coisa parecida. 31
  • 32. A seguir, chegaremos a pontos mais sutis, como a postura, etc., que j´a mencionamos, e, neste caso, muitas vezes podemos conseguir os detal- hes mais convincentes. Para resumir o que j´a explicamos a respeito desta quest˜ao de descri¸c˜ao cuidadosa, poder´ıamos sugerir a seguinte sequˆencia generalizada: 1. Altura e constitui¸c˜ao aproximadas da pessoa percebida, junto com caracter´ısticas principais, como, por exemplo, grandes ou pequenos defeitos f´ısicos. 2. Roupas, tipo e cor de pele. 3. Uma r´apida descri¸c˜ao pormenorizada das fei¸c˜oes, com qualquer pecu- liaridade a ser anotada e descrita em primeiro lugar. 4. Quaisquer detalhes mais sutis de identifica¸c˜ao, trejeitos, etc. Talentos pessoais Tudo isso se aplica `a descri¸c˜ao de pessoas, mas, obviamente, os mesmos princ´ıpios se aplicam `a descri¸c˜ao de panoramas e ambientes em geral. E agora que vocˆe conhece o princ´ıpio envolvido, pode aplic´a-lo conforme sua pr´opria maneira. De fato, em qualquer trabalho ps´ıquico existe uma ´area na qual se manifestam os talentos pessoais, como acontece tamb´em na pintura e na escultura. Vocˆe deve se lembrar que afirmamos que todo trabalho ps´ıquico n˜ao ´e apenas uma arte, mas tamb´em uma ciˆencia. Neste ponto vocˆe pode empre- gar seus talentos individuais, e ´e tamb´em neste ponto que se podem fazer novas descobertas. Portanto, n˜ao tenha medo de fazer experiˆencias neste campo. O esbo¸co que foi dado ´e um esbo¸co geral, e enquanto vocˆe continua com a descri¸c˜ao se- quencial firme em sua mente, pode variar a aplica¸c˜ao conforme sua tendˆencia pessoal. Lembre-se que mesmo com uma descri¸c˜ao sequencial deste tipo, vocˆe pode cair na rotina, num sulco r´ıgido, que pode impedir qualquer progresso em seu trabalho. Em um de seus livros, Oliver Wendell Holmes afirmou: “A diferen¸ca entre um t´umulo e um sulco est´a apenas na profundidade”. Portanto, cuide para que sua mente se mantenha flex´ıvel. Use as t´ecnicas psicol´ogica e ps´ıquica que foram explicadas aqui, at´e estar completamente familiarizado com ambas, e poder confiar nelas. Depois, enquanto seus con- hecimentos e sua experiˆencia aumentam, vocˆe poder´a adaptar estas t´ecnicas ao seu m´etodo individual de trabalho. N˜ao se esque¸ca que seu subconsciente tem seus pr´oprios pontos de vista, que nem sempre concordam com os pontos de vista de sua mente consciente, 32
  • 33. e a n˜ao ser que vocˆe proporcione a esta faceta oculta do seu eu uma opor- tunidade de se expressar, ela poder´a come¸car a atuar em sentido contr´ario aos seus esfor¸cos, N˜ao se esque¸ca que seu subconsciente tem seus pr´oprios pontos de vista, que nem sempre concordam com os pontos de vista de sua mente consciente, e a n˜ao ser que vocˆe proporcione a esta faceta oculta do seu eu uma opor- tunidade de se expressar, ela poder´a come¸car a atuar em sentido contr´ario aos seus esfor¸cos. Vamos discutir este assunto um pouco mais adiante. Controle das rea¸c˜oes emocionais Trata-se de um outro fator muito importante: o lugar da emo¸c˜ao em nosso trabalho psicom´etrico. Muitas vezes, quando tentamos um exame psicom´etrico de um objeto, descobrimos que a atmosfera emocional que percebemos est´a come¸cando a inundar nossa mente, e sentimos de forma muito aguda o sofrimento, a dor, ou a raiva, que emana do objeto. Esta empatia, esta sensa¸c˜ao de sentimento compartilhado, ´e uma parte muito essencial do trabalho psicom´etrico, mas se deixarmos que ela se apodere de nossa consciˆencia, perderemos o controle de nossas rea¸c˜oes emocionais e assim destruiremos as sutis impress˜oes ps´ıquicas que est˜ao se apresentando. Podemos encontrar uma analogia perfeita no conhecido fenˆomeno de r´adio chamado “oscila¸c˜ao”. Um aparelho de r´adio, em determinadas condi¸c˜oes, pode n˜ao apenas receber os sinais num certo comprimento de onda, mas pode tamb´em retransmiti-los numa forma distorcida, como um assovio penetrante que todos conhecemos. No tempo dos primeiros r´adios, o fenˆomeno era muito comum, mas desde ent˜ao foram desenvolvidos dispositivos de ajuste que eliminaram quase completamente o fenˆomeno, embora ainda possa ocor- rer em determinadas circunstˆancias. Como controlar as rea¸c˜oes emocionais Da mesma maneira, ´e poss´ıvel perceber o registro emocional do objeto que vocˆe est´a manuseando e ficar afetado por ele a ponto de perder qual- quer contato com as impress˜oes ps´ıquicas, apenas se debatendo numa mar´e emocional, sem se dar conta que tudo est´a fora de foco, e o que pode ser um registro emocional moderado foi apenas exagerado enormemente pelas suas pr´oprias rea¸c˜oes. Por estes motivos, ´e recomend´avel aprender a controlar suas rea¸c˜oes emocionais, e o melhor exerc´ıcio para isto ´e de comprovada antiguidade. Tamb´em, ´e bastante simples: basta ficar ouvindo um ataque extremamente emocional a um de seus assuntos favoritos. Se na pol´ıtica vocˆe ´e conservador, ou¸ca um violento ataque comunista contra sua ideologia; se vocˆe ´e socialista, ou¸ca um conservador atacar en- ergicamente as ideias que vocˆe preza como muito importantes. A mesma 33
  • 34. t´ecnica pode ser utilizada com ideias religiosas, art´ısticas ou sociol´ogicas. A parte importante, nisto tudo, ´e que vocˆe n˜ao deve ficar sentado e ou- vir, disfar¸cando seu ´odio, e tamb´em n˜ao pode se impor um estado mental de resistˆencia passiva. Vocˆe deve apenas ouvir calma e atentamente todas as declara¸c˜oes, concordando ou discordando s´o mentalmente e n˜ao emocional- mente. Lembre-se de que as ideias que lhe parecem repugnantes fazem a alegria da pessoa que vocˆe est´a ouvindo, e da mesma forma, as ideias que vocˆe acha t˜ao obviamente corretas parecem odiosas ao seu advers´ario. Algumas experiˆencias neste sentido poder˜ao convencˆe-lo do papel da emo¸c˜ao no que costumamos chamar de “pensamento racional”. At´e no campo da matem´atica, que j´a foi considerada praticamente o ´unico assunto antiemocional, podemos encontrar o mesmo preconceito emo- cional atuando, enquanto os v´arios defensores de diferentes novos sistemas de geometria a da revolucion´aria hip´otese da relatividade se insultam com artigos violentos ou pronunciam discursos inflamados durante os congressos cient´ıficos. O treinamento ´e necess´ario? Muitas pessoas desenvolvem a faculdade de psicometria sem nenhum treinamento mental, e algumas pessoas podem estar a se perguntar se todo o treinamento mencionado no cap´ıtulo anterior ´e realmente necess´ario. A resposta ´e que o treinamento n˜ao ´e absolutamente necess´ario, mas pode proporcionar um grande aux´ılio. Para dar um exemplo, sabemos que existem pessoas com um senso mu- sical e um ritmo inatos, e que conseguem tocar um instrumento musical de forma bastante razo´avel. Existem at´e prod´ıgios musicais natos, mas o trabalho destas pessoas pode se tornar muito mais f´acil quando aprendem a teoria e a t´ecnica da m´usica. Portanto, existem pessoas que ganharam a faculdade de psicometria sem qualquer treinamento, a n˜ao ser o que aprenderam num “c´ırculo de desenvolvimento”, e que conseguem efetuar um bom trabalho. Mas acon- tece muitas vezes que a faculdade seja mal empregada, para prop´ositos que muitos de n´os considerar´ıamos afastados dos prop´ositos leg´ıtimos da psi- cometria. Isto acontece sobretudo quando a psicometria ´e usada para entrar em contato com criaturas desencarnadas. Durante os muitos anos de experiˆencias neste campo constatamos que estas tentativas `as vezes alcan¸cam seu ob- jetivo, mas isto n˜ao significa que aconte¸ca sempre, e, de qualquer forma, deploramos que a psicometria seja utilizada desta maneira. ´E nossa opini˜ao que existem outras maneiras melhores para conseguir estes contatos, e queremos sugerir da maneira mais en´ergica que seria melhor se esta maravilhosa faculdade pudesse ser separada da atmosfera religiosa 34
  • 35. e sect´aria onde geralmente ´e encontrada, e tratada de forma objetiva. Ao mesmo tempo, e com ainda maior urgˆencia, gostar´ıamos de resgat´a-la do ambiente mesquinho onde os profissionais da clarividˆencia a exploram com intuito venal. 35
  • 36. 36
  • 37. Cap´ıtulo 4 Os primeiros passos Conhecendo muito bem a natureza humana, acreditamos que um bom n´umero de nosso leitores abriram o livro neste cap´ıtulo, sem ter lido nada do que recomendamos at´e agora; pois ´e uma l´astima, mas ´e um fato muito normal. Ali´as, nos proporciona o ensejo de salientar que, embora seja real- mente prefer´ıvel come¸car com um treinamento preliminar antes de se dedicar a trabalhos pr´aticos, este treinamento pode ser efetuado juntamente com o trabalho. Sem d´uvida, representa um esfor¸co adicional para o psicometrista aprendiz e por este motivo achamos oportuno sugerir que , depois de dar uma lida neste cap´ıtulo, o futuro psicometrista volte ao trabalho indicado no cap´ıtulo anterior, come¸cando dali, e apenas ocasionalmente fazendo algumas experiˆencias de t´ecnica de percep¸c˜ao. Percep¸c˜oes psicom´etricas Como j´a dissemos, este m´etodo dar´a bons resultados, porque quando a mente aprendeu um determinado tipo de disciplina, as percep¸c˜oes psi- com´etricas se tornam mais confi´aveis. Vocˆe deve ter notado que estamos falando em percep¸c˜oes e esta ´e a melhor maneira de descrever o que acontece quando tentamos examinar um objeto atrav´es da psicometria. Esta percep¸c˜ao ´e uma impress˜ao generalizada que recebemos, e durante algum tempo, at´e que o experimentador n˜ao desen- volva concretamente suas formas de percep¸c˜ao visual ou aural, permanecer´a apenas uma impress˜ao. Em seguida, com o progresso do desenvolvimento, come¸car˜ao a apare- cer as imagens visuas e/ou aud´ıveis. Lembre-se, qualquer percep¸c˜ao, f´ısica ou metaf´ısica, na realidade ´e o desenvolvimento de um jogo b´asico de im- press˜oes. No plano f´ısico, o sentido b´asico ´e o tato, e cada um dos cinco sentidos ´e um tipo diferente de “tato”. Assim, os raios de luz tocam na retina sensitiva de nossos olhos e provocam determinadas mudan¸cas qu´ımicas e ´opticas ali e no nervo ´optico. Estas mudan¸cas s˜ao transmitidas ao centro da vis˜ao no 37
  • 38. c´erebro, e ali, de alguma forma misteriosa, s˜ao traduzidas em impress˜oes visuais. As ondas sonoras que repercutem sobre o t´ımpano provocam movimentos no complicado ouvido interno, e estes afetam o fluido que se encontra num canal especial, no qual tamb´em est˜ao muitas fibras nervosas. A partir destas fibras, mudan¸cas el´etricas e qu´ımicas s˜ao transmitidas ao centro da audi¸c˜ao no c´erebro, e a´ı s˜ao transformadas em impress˜oes aud´ıveis. O paladar e o olfato atuam exatamente da mesma forma: todos os cinco sentidos se fundamentam no tato, que foi o primeiro sentido a se desenvolver na fase da evolu¸c˜ao. Uma percep¸c˜ao ´unica e imediata Embora o modo seja diferente, as percep¸c˜oes ps´ıquicas atuam da mesma forma. Efetivamente, a percep¸c˜ao ps´ıquica ´e ´unica e imediata, transmitindo- nos diretamente o conhecimento, mas como a mente se desenvolveu de uma certa maneira, atrav´es da especializa¸c˜ao dos sentidos f´ısicos, as impress˜oes ps´ıquicas recebidas s˜ao, em geral, traduzidas automaticamente nas imagens dos sentidos f´ısicos que conhecemos. Portanto, nos primeiros est´agios do desenvolvimento ser´a recebida esta impress˜ao generalizada, e vocˆe n˜ao deve ficar desapontado se durante muito tempo apenas conseguir receber esta impress˜ao, sem qualquer imagem visual ou aud´ıvel. Durante um est´agio posterior do desenvolvimento, se vocˆe tiver a tenaci- dade de insistir, chegar´a o momento no qual as imagens e os sons ceder˜ao seu lugar a uma percep¸c˜ao sem qualquer forma, mas que lhe dar´a muito mais que qualquer imagem. Ao mesmo tempo vocˆe manter´a a capacidade de usar as impress˜oes visuais, se assim o desejar. Desenvolvimento posterior Todavia, esta fase posterior de desenvolvimento n˜ao chegar´a t˜ao cedo, depois de iniciar seu desenvolvimento; ali´as, pode n˜ao aparecer de jeito nenhum, a n˜ao ser que vocˆe assim o queira. Para alguns, este desenvolvimento posterior poder´a ficar fora de alcance, e seria aconselh´avel que se limitassem e treinassem apenas a psicometria “formal”. Na realidade, embora tenhamos afirmado que as impress˜oes cedem lugar `as imagens de v´arios gˆeneros, sempre existe um segundo plano de percep¸c˜ao pela impress˜ao, que acompanha as imagens que vemos e os sons que ouvimos, e estes segundo plano ´e importante porque proporciona a possibilidade de interpretar o que vocˆe est´a percebendo. Vamos ainda voltar a esta quest˜ao da atmosfera criada pela impress˜ao. 38
  • 39. Prepera¸c˜ao para uma leitura Agora vocˆe est´a pronto para come¸car efetivamente seu desenvolvimento psicom´etrico. Quais s˜ao os pontos mais importantes que deves ser observa- dos? Acreditamos que o primeiro ´e que vocˆe deve se sentir o mais poss´ıvel `a vontade para poder trabalhar com ˆexito. Nada de roupas apertadas, de sapatos apertados que fazem doer os p´es, nada de assentos incˆomodos; neste ponto vale evitar o extremo oposto em mat´eria de assentos: o excesso de comodidade tamb´em ´e desaconselh´avel. Na medida do poss´ıvel, vocˆe deve se sentir fisicamente `a vontade. Uma boa maneira para conseguir isto ´e praticar um exerc´ıcio de relaxamento e respira¸c˜ao, como o seguinte: Sente-se de maneira confort´avel, mas n˜ao cruze as pernas; mantenha os p´es firmemente plantados no ch˜ao, e tome cuidado para que a borda da cadeira na qual vocˆe est´a sentado n˜ao comprima sua perna logo atr´as do joelho, impedindo a circula¸c˜ao. Descanse as m˜aos sobre os joelhos. Inspire profundamente e depois solte o ar bem devagar, enquanto firma calmamente sua aten¸c˜ao mental no topo de sua pr´opria cabe¸ca, e enquanto continua a soltar o ar bem devagar, deixe que sua aten¸c˜ao des¸ca ao longo de todo o seu corpo, chegando aos seus p´es. Agora volte a inspirar profundamente e repita tudo de novo. O ponto importante deste exerc´ıcio ´e que, enquanto sua aten¸c˜ao vai descendo ao longo de seu corpo, vocˆe deve tamb´em relaxar os m´usculos dos pontos atingidos. Vocˆe descobrir´a que, no come¸co, n˜ao conseguir´a manter relaxados todos os seus m´usculos; alguns, especialmente os m´usculos do rosto e do pesco¸co, votlar˜ao a se contrair enquanto sua aten¸c˜ao prossegue para a pr´oximas parte de seu corpo. N˜ao se preocupe com isto, apenas continue a praticar o exerc´ıcio. Com o tempo, os m´usculos permanecer˜ao relaxados, mesmo quando a aten¸c˜ao j´a passou mais adiante. No come¸co ´e suficiente que vocˆe inspire e depois expire uma meia d´uzia de vezes, por´em isto fica a seu pr´oprio crit´erio. O exerc´ıcio alcan¸car´a o ˆexito almejado quando vocˆe constatar que seu corpo inteiro permanece sensivel- mente relaxado. A escolha do objeto Vocˆe agora est´a pronto para sua primeira leitura. Isto naturalmente lev- anta a quest˜ao do objeto que vocˆe ter´a que escolher para as suas primeiras ex- periˆencias, porque existem grandes diferen¸cas entre os objetos, por causa dos registros que eles podem nos proporcionar, e para as primeiras experiˆencias ´e melhor escolher os que proporcionam as impress˜oes mais fortes e, portanto, de leitura mais f´acil. Antes de discutir os tipos de objeto, vale a pena pensar onde vocˆe poder´a obtˆe-los. Se vocˆe puder contar com a ajuda de um ou dois amigos que possam 39
  • 40. fornecer objetos e que depois verifiquem a exatid˜ao de sua “leitura”, isto ser´a de grande valia. porque vocˆe pode evitar dar demonstra¸c˜oes de sua faculdade a pessoas c´epticas, ou at´e tomar atitudes antagˆonicas. Tamb´em ser´a ´util se vocˆe n˜ao estiver a par de todos os detalhes da vida ´ıntima de seus amigos, porque estes conhecimentos podem confundi-lo, e de qualquer forma diminuiriam o valor de sua leitura. Duas “mem´orias” Existem duas “mem´orias” principais relacionadas a qualquer objeto. A primeira ´e a que podemos chamar de mem´oria inerente ou pessoal da ex- istˆencia individual e separada do objeto. A outra, a que podemos chamar de mem´oria “acumulada”. Trata-se do total de todas as impress˜oes acu- muladas no objeto atrav´es de sua associa¸c˜ao com criaturas humanas, e esta associa¸c˜ao proporcionar´a mem´orias muito complexas, cuja leitura exige con- sider´avel habilidade. Naturalmente, sempre acontece que um ou outro estrato desta mem´oria ´e t˜ao poderoso que prevalece sobre os outros e n˜ao permite que vocˆe penetre mais profundamente na mem´oria geral de sua hist´oria. Sugerimos, portanto, que para suas primeiras experiˆencias vocˆe escolha objetos que ou tenham uma poderosa mem´oria prim´aria ou aura de mem´oria inerente, ou ent˜ao que se trate de um objeto que n˜ao passou por muitas m˜aos. O ideal, evidentemente, seria um objeto que tivesse pertencido a apenas uma pessoa, porque neste caso vocˆe n˜ao precisaria separar as camadas de mem´orias relativas `as diferentes pessoas que possu´ıram o objeto. ´E mel- hor simplificar o m´aximo poss´ıvel suas experiˆencias iniciais. Mais adiante, quando vocˆe j´a tiver adquirido uma maior confian¸ca em suas capacidades, poder´a tentar o exame psicom´etrico de objetos mais dif´ıceis. Em geral, os colares proporcionam boas leituras, enquanto os an´eis e outros objetos muito mi´udos s˜ao mais dif´ıceis. As chaves n˜ao podem ser consideradas recomend´aveis, porque costumam passar por muitas m˜aos, e o mesmo vale para os len¸cos e outros objetos lav´aveis, porque as muitas lavagens e manuseios complicam a mem´oria-aura. Se vocˆe tiver a inten¸c˜ao de fazer um exame psicom´etrico de luvas, ser´a melhor vir´a-las do avesso, porque a superf´ıcie externa pode estar carregada de muitas impress˜oes estranhas. As cartas proporcionam boas impress˜oes, mas ao examinar uma carta, lembre-se de que o envelope passou por muitas m˜aos, e praticamente n˜ao tem utilidade. Retire a carta do envelope antes do exame. Podemos come¸car a descrever suas primeiras tentativas de exame psicom´etrico usando como objeto uma carta. 40
  • 41. A t´ecnica da percep¸c˜ao Vocˆe pode abrir a carta sobre uma mesa e colocar sua m˜ao sobre a carta. Ou ent˜ao pode apoiar apenas as pontas dos dedos sobre a assinatura; pode tamb´em tentar comprimir a carta sobre a testa. Vocˆe deve encontrar sozinho o m´etodo que mais lhe conv´em; toda pessoa tem suas pr´oprias peculiaridades neste assunto. Como mencionamos, ´e prefer´ıvel que o remetente da carta seja uma pessoa que vocˆe n˜ao conhe¸ca pessoalmente, embora seja ´util que vocˆe esteja na condi¸c˜ao de obter informa¸c˜oes a respeito desta pessoa depois da leitura; caso contr´ario, vocˆe n˜ao ter´a a possibilidade de verificar se acertou ou se se enganou. De posse da carta, vocˆe expressar´a sua vontade ou “inten¸c˜ao” de ler o registro ps´ıquico desta carta. Basta a simples inten¸c˜ao; basta esta indica¸c˜ao, endere¸cada ao seu subconsciente, de seu desejo para que todas as impress˜oes que possam ser captadas sejam transmitidas `a sua consciˆencia desperta. Esta ´e a “a¸c˜ao de desengate”, sobre a qual falaremos mais adiante. Agora vocˆe apenas espera, at´e perceber impress˜oes novas e diferentes em sua mente. Estas impress˜oes podem permanecer apenas impress˜oes, ou podem ser acompanhadas de imagens coloridas e sons interiores. `As vezes as imagens se apresentam sem qualquer impress˜ao, mas qualquer coisa que aconte¸ca deve ser descrita ao amigo que o est´a assistindo, atuando como auditor. Se vocˆe n˜ao tiver a possibilidade de ser assistido por outra pessoa, poder´a registrar as suas impress˜oes num gravador. Sensa¸c˜oes f´ısicas Vocˆe poder´a frequentemente se sentir impelido a reagir violentamente por causa das impress˜oes que est´a recebendo, mas ser´a muito melhor para vocˆe n˜ao permitir que esta rea¸c˜ao se alastre no campo da sua consciˆencia e provoque em vocˆe condi¸c˜oes parecidas. Na psicometria tamb´em acontece frequentemente que o examinador receba sensa¸c˜oes corp´oreas, indica¸c˜oes de doen¸ca ou de um acidente, e estas impress˜oes podem se manifestar com muita for¸ca. Jamais permita que estas sensa¸c˜oes o influenciem de maneira indesej´avel. Lembre-se que vocˆe est´a aberto a todas as influˆencias que chegam do objeto que est´a sendo “lido”, e isto significa que muitas vezes vocˆe percebe condi¸c˜oes que julga atrativas. Neste est´agio de seu desenvolvimento, por´em, vocˆe n˜ao pode ser seletivo, e deve permitir que todas as impress˜oes recebidas venham `a tona em sua consciˆencia. Num est´agio mais adiantado vocˆe pode ser seletivo, e seguir uma sequˆencia particular de imagens ps´ıquicas, mas no come¸co isto ´e imposs´ıvel. Ao mesmo tempo, vocˆe n˜ao deve deixar que qualquer impress˜ao indesej´avel o afete ex- cessivamente. Quando isto est´a para acontecer, ´e prefer´ıvel largar o objeto 41
  • 42. e interromper o contato. `As vezes o psicometrista consegue isto lavando as m˜aos antes de iniciar o contato com um objeto diferente, mas pode-se conseguir a interrup¸c˜ao tamb´em apenas atrav´es da express˜ao da vontade, de uma inten¸c˜ao definida de interromper o contato. A necessidade de discrimina¸c˜ao Especialmente quando se trata de cartas, vocˆe pode receber com frequˆencia uma impress˜ao da personalidade do remetente, e isto pode ser bastante ´util e comprobat´orio. Entretanto, lembre-se que se o remetente da carta ou o dono do objeto sofreram recentemente um forte choque, ou estiveram `as voltas com uma forte carga mental ou emocional, vocˆe, muito provavelmente, receber´a em primeiro lugar a impress˜ao desta condi¸c˜ao. Portanto, mesmo na leitura mais simples, vocˆe poder´a constatar que se torna necess´ario exercer a discrimina¸c˜ao, e que n˜ao se podem aceitar todas as impress˜oes apenas pelo seu valor aparente. O pensamento tem uma ex- istˆencia real, distinta da mente e das emo¸c˜oes que causaram sua formula¸c˜ao, e os resultados dos pensamentos muitas vezes permanecem gravados nos ob- jetos, e podem ser lidos por vocˆe como impress˜oes de fatos realmente ocorri- dos. Da mesma forma, `as vezes os clarividentes encontram muita dificuldade em fazer distin¸c˜oes entre imagens mentais com grande carga emocional e en- tidades ou condi¸c˜oes astrais efetivas. Uma estranha intui¸c˜ao Esta discrimina¸c˜ao se desenvolver´a enquanto vocˆe pratica a psicometria. Vocˆe descobrir´a que est´a desenvolvendo uma estranha intui¸c˜ao, que lhe dar´a condi¸c˜oes para distinguir a sutil diferen¸ca entre impress˜oes provocadas por pensamentos e outras provocadas por uma efetiva atividade f´ısica. Esta percep¸c˜ao sutil deve ser cultivada, porque podemos utiliz´a-la em muitas outras ´areas de experiˆencias. Quando vocˆe descreve as impress˜oes que est´a recebendo, deve sempre tentar apresentar uma imagem o mais equilibrada poss´ıvel. Se errar, ´e pre- fer´ıvel errar por causa da concis˜ao do que por causa da prolixidade. Embora as impress˜oes ps´ıquicas sejam recebidas pelo subconsciente num s´o bloco, vocˆe descobrir´a que, na pr´atica, elas emergem na consciˆencia com velocidades vari´aveis. Em alguns casos vocˆe ter´a que esperar durante um bom tempo antes que comece a emergir uma impress˜ao qualquer, e elas podem continuar a emergir a grandes intervalos. Com alguns objetos vocˆe constatar´a que as impress˜oes chegam aos bor- bot˜oes, e muito r´apidas. Portanto, n˜ao se preocupe quando as impress˜oes parecem estar “gotejando” em sua mente, ou, ao contr´ario, quando parece at´e imposs´ıvel anot´a-las todas. Ademais, a fort´ıssima personalidade do propriet´ario do objeto pode, 42
  • 43. muitas vezes, for¸car impress˜oes sobre este de maneira a se constituir na camada mais forte de influˆencias relacionadas com este objeto: estas im- press˜oes ser˜ao percebidas antes de qualquer outra. Precis˜ao incrementada Muitas vezes as condi¸c˜oes de sa´ude do propriet´ario do objeto podem ser percebidas, e em alguns casos esta percep¸c˜ao pode ser t˜ao intensa que vocˆe sentir´a as dores que esta pessoa sente, como se estivessem em seu pr´oprio corpo. Isto pode ser desagrad´avel, a n˜ao ser que vocˆe interrompa deliberada- mente o contato com o objeto que est´a examinando. Mais adiante vamos sugerir um m´etodo para poder interromper um determinado contato, e ao mesmo tempo estabelecer contato com determinados aspectos do bloco geral de impress˜oes ps´ıquicas que vocˆe recebe de qualquer objeto. Entretanto, ´e mais f´acil conseguir isto depois de registrar resultados efetivos com suas experiˆencias. No come¸co vocˆe descobrir´a que em cada dez anota¸c˜oes feitas a respeito de um determinado objeto, talvez duas resultar˜ao mais ou menos precisas, uma ter´a uma poss´ıvel rela¸c˜ao com o estado efetivo das coisas, e o resto poder´a ser vagamente aproximado ou ent˜ao completamente afastado do alvo. Esta propor¸c˜ao come¸car´a a se alterar gradativamente com a pr´atica, e enquanto vocˆe adquire uma maior seguran¸ca, a propor¸c˜ao de acertos e de erros chegar´a a dezesseis ou dezessete em vinte. A este ponto vocˆe poder´a come¸car a se considerar um psicometrista satisfat´orio. Sobretudo, seja sempre sincero; este nosso trabalho n˜ao pretende sugerir que vocˆe se afaste da verdade, e n˜ao queremos que enverede pelo caminho da ilus˜ao. O registro do trabalho experimental Mantenha um registro de seu trabalho experimental, e anote tudo, n˜ao apenas os ˆexitos mas tamb´em os fracassos. N˜ao tenha medo de admitir que fracassa, mas utilize estes fracassos como mum meio para descobrir os princ´ıpios que governam seu trabalho. Existem mar´es e correntes ps´ıquicas que atuar˜ao contra ou a seu favor, existem mar´es ps´ıquics em seu interior que podem trabalhar com ou contra as mar´es e influˆencias externas, e tamb´em existe um fator imponder´avel: a influˆencia de sua pr´opria personalidade sobre a psicometria. Como j´a foi dito, isto faz parte da natureza da ciˆencia e da arte. Aprenda a observar suas pr´oprias rea¸c˜oes frente `as impress˜oes recebidas. Vocˆe descobrir´a que algumas s˜ao bem-vindas, e que outras provocam em vocˆe uma barreira. Tente descobrir as causas; procure compreender sua 43
  • 44. pr´opria equa¸c˜ao pessoal e, sobretudo, nunca tor¸ca ou altere conscientemente as impress˜oes recebidas, para impressionar os outros ou para se justificar. Condi¸c˜oes de doen¸ca ou de morte Queremos mencionar mais um ponto importante, ou seja, como vocˆe deve apresentar sua “leitura”. `As vezes acontece que sentimos intensamente um ind´ıcio de doen¸ca, ou at´e de morte; neste caso vocˆe deve ter o maior cuidado para n˜ao externar esta impress˜ao de uma forma chocante, para que a pessoa em quest˜ao n˜ao se auto-sugestione e n˜ao se conven¸ca de que a condi¸c˜ao ´e irrevers´ıvel, e que a morte ´e inevit´avel. Ouvimos declara¸c˜oes muito irrespons´aveis de psicometristas, e queremos recomendar encarecidamente que vocˆe formule estas impress˜oes de maneira que se resumam numa advertˆencia de dificuldades futuras, e acrescente qual- quer outra impress˜ao sobre como estas dificuldades podem ser superadas. Lembre-se disto: mesmo quando vocˆe conseguir uma consider´avel ha- bilidade neste trabalho, ainda n˜ao poder´a se considerar o pr´oprio or´aculo. E nos est´agios iniciais vocˆe, com certeza, n˜ao ter´a qualquer pretens˜ao de infalibilidade. Temos motivos muito fortes para fazer estas recomenda¸c˜oes, porque con- statamos at´e que ponto declara¸c˜oes irrespons´aveis podem ser prejudiciais. Amigos nossos ouviram declara¸c˜oes deste tipo, e as consequˆencias em suas vidads foram calamitosas. Por este motivo, insistimos mais uma vez para que vocˆe tenha discri¸c˜ao. A importˆancia da discri¸c˜ao Temos mais uma recomenda¸c˜ao a fazer. Acabamos de usar o termo “discri¸c˜ao”. Muitos paranormais tˆem o h´abito desprezivel de discutir com outras pessoas as informa¸c˜oes ps´ıquicas recebidas sobre outros indiv´ıduos. Isot ´e realmente imperdo´avel. O comportamento do psicometrista deve ser igual ao do m´edico ou do advogado; qualquer informa¸c˜ao adquirida mediante o exerc´ıcio de sua fac- uldade ps´ıquica deve ser considerada estritamente confidencial, e n˜ao deve ser comentada com qualquer um. Constatamos muitas confus˜oes surgidas por causa de indiscri¸c˜oes, e ped- imos mais uma vez para que vocˆe n˜ao esque¸ca nossa recomenda¸c˜ao. As fofocas maliciosas ou vulgares s´o conseguem afastar as pessoas inteligentes e cultas, que s˜ao, afinal, as pessoas que desejamos interessar no assunto. Trabalho seletivo Depois de alcan¸car uma certa eficiˆencia no exame psicom´etrico de ob- jetos, da forma que descrevemos, vocˆe poder´a come¸car a utilizar o que chamamos de m´etodo “seletivo” de trabalho. At´e este ponto vocˆe apenas 44
  • 45. recebias passivamente qualquer impress˜ao ou imagem que penetrava em sua mente, enquanto “lia” o objeto. Agora precisa aprender a desenvolver a capacidade de dirigir sua vis˜ao ps´ıquica da maneira que deseja. Vocˆe deve procurar ativamente a informa¸c˜ao que deseja, ao inv´es de re- ceber passivamente qualquer coisa. Ao conseguir esta capacidade de sele¸c˜ao, vocˆe dar´a um passo decisivo para a frente, acelerando seu desenvolvimento, e ter´a um controle sempre maior sobre sua faculdade. Existem duas formas para conseguir isto. No primeiro caso, formula-se uma inten¸c˜ao geral, fazendo uma pergunta espec´ıfica, e a pergunta deve ser simples e em termos v´ıvidos. Quanto mais v´ıvida for a pergunta, maiores ser˜ao as chances de uma resposta atrav´es das faculdades ps´ıquicas da pessoa em quest˜ao. Um exemplo pode ajudar a ilustrar melhor este ponto. Quando dese- jamos conseguir informa¸c˜oes de tipo espec´ıfico, relacionadas com o objeto que est´a sendo examinado, apanhamos o objeto e estabelecemos o costumeiro contato passivo com o mesmo. Via de regra, em nossa mente surge uma es- fera de n´evoa cinzenta em rota¸c˜ao, em cujo meio brilham pequenos pontos luminosos. Cada ponto luminoso ´e a origem de uma linha de informa¸c˜oes que se referem ao objeto e a quem est´a ligado ao mesmo. A seguir, formulamos mentalmente a pergunta que interessa, e logo um ponto de luz parece se sobressair, e enquanto o observamos, uma torrente de impress˜oes relacionadas com a pergunta come¸ca a inundar nossa mnente. Este ´e um dos m´etodos de utilizar uma a¸c˜ao positiva. A ´arvore da vida O outro m´etodo para conseguir um contato seletivo se vale de um “s´ımbolo- chave”. Este s´ımbolo foi ligado com uma ideia emocional e mental espec´ıfica. Assim, om s´ımbolo-chave que pode ser utilizado ´e um c´ırculo alaranjado com o s´ımbolo do planeta Merc´urio no centro. Este s´ımbolo espec´ıfico ´e um de uma s´erie de dez que, juntos, formam a chamada “´Arvore da Vida”; este ´e um grupo muito importante de s´ımbolos usados numa filosofia ocultista cujo nome ´e a Cabala. Para maiores informa¸c˜oes sobre este grande s´ımbolo de grupo, vocˆe pode consultar nosso livro intitulado “A Magia e a Cabala”. O s´ımbolo de Merc´urio est´a especialmente ligado com todos os assuntos que se referem `a mente: livros, conferˆencias, transmitir informa¸c˜oes por to- dos os meios (Merc´urio, ou Hermes dos gregos, era o mensageiro dos deuses), como cartas, telefonemas, telegramas ou conversa¸c˜ao pessoal. Portanto, se quisermos conseguir qualquer informa¸c˜ao, atrav´es da psicometria, sobre o quilate intelectual de quem escreveu uma determinada carta que est´a em exame psicom´etrico, este s´ımbolo poder´a servir como um excelente s´ımbolo- chave, e manter as impress˜oes ps´ıquicas contidas nesta ´unica linha, excluindo os assuntos irrelevantes. Entretano, o s´ımbolo-chave deve ter sido pensado e relacionado na mente 45