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PREFÁCIO
Cinco grandes amigos –para não dizer inseparáveis– prometeram uns aos outros, nos
tempos do 1º grau que, quando se formassem, todos eles fariam uma viagem comemorativa pelo
mundo que duraria uma semana. Obviamente a ideia obteve enorme aceitação, uma vez que os
amigos nutriam um amor familiar entre eles. Esse amor familiar muitas vezes era substituído por
conflitos, tristezas, talvez até choros. Mas são essas mudanças sentimentais que fazem a vida
valer a pena, ou será que não? Estes grandes amigos não eram perfeitos, e alguns defeitos muitas
vezes pareciam perigosos.
A cada mês eles economizavam uma quantidade da mesada que recebiam, um deixava de
comprar uma revista, outra resistia à tentação de comer um doce, e assim por diante. Os amigos
estavam esperançosos, ansiosos e, por mais estranho que pareça, com medo de algo, mas não
sabiam o porquê desse medo nem a quê ou a quem temer. Mas esse medo era logo esquecido
pela expectativa e pelas conversas, fofocas, namoricos, brincadeiras e lições de casa.
No aniversário de 2 anos da promessa (sim, eles contavam os dias em que fora feita e os
dias que faltavam para que se realizasse), houve um grande infortúnio: se separaram, e, pior que
isso, foram para regiões totalmente distantes, restando apenas um na cidade em que tudo
começou: Brasília.
Max Müller teve uma infância conturbada. Sua mãe, Clarice, perdera seus pais ainda
criança, o que a forçou a ir para um orfanato, já que seus familiares moravam no exterior. Ao
completar 18 anos, Clarice fora expulsa do lar que a abrigara durante sua adolescência, um
doloroso período, uma vez que, quando perdeu seus pais, estava começando a entrar na
puberdade. E no orfanato não havia qualquer tipo de informação a respeito.
A fachada do orfanato já estava gasta, uma fachada branca e com pequenas rachaduras,
mas acolhedor. O prédio ficava numa rua arborizada com pouco movimento e pouca iluminação.
Fora nesse ambiente "comum" que Clarice passou maior parte de sua adolescência. Sem
expectativas de vida, sem saber o quê sua existência representava, e sem saber se deveria
continuar com ela. Será que ela era a "sobra" de algum destino? Será que ela estava sendo
castigada por algo?
Quando saiu do orfanato aos 18 anos, ela não tinha a mínima noção do mundo que não
fora tocado por ela desde a adolescência. Parou, pensou, imaginou, planejou e tentou da melhor
forma possível executar algum plano, talvez em vão.
Eram 2:45 da manhã e ela estava andando na rua despreocupada com a vida e totalmente
sem rumo. Um homem apareceu, veio na direção dela. Ela perguntou o que ele queria, nenhuma
resposta. O homem chegou perto dela, ela tentou se afastar para manter uma distância "segura".
Ele continuou se aproximando até ficar com a cabeça ofuscando a luz do poste acima deles.
Clarice olhou para o lado em busca de algum objeto de defesa, quando virou o rosto sentiu uma
pancada absurdamente forte.
Clarice abriu os olhos e enxergou um teto super limpo com uma pequena lâmpada. Havia
uma enfermeira sentada ao seu lado lendo uma revista, provavelmente sobre celebridades.
-O que aconteceu comigo? - Perguntou a recém-mulher.
-Encontraram você na rua machucada e sangrando. -Respondeu a enfermeira.
-Mas meu corpo não está doendo, exceto minha.... -Ela hesitou por um momento, e
concluiu que fora estuprada.
-Olhe, sei como se sente, mas não se preocupe, o sujeito já fora preso por moradores que
o viram agindo.
-Oh, meu deus! O que aconteceu comigo? Como podem existir tantas pessoas cruéis
assim no mundo? -Ela chorava desesperadamente.
-Fique calma, moça, você tem muito a viver e superará o que aconteceu. Acredite! -
Aconselhou a enfermeira que aparentava ter uns 46 anos.
Tempos se passaram e Clarice, que estava se recuperando do recente trauma, descobriu
que estava grávida. A primeira coisa que pensou foi em abortar o fruto de algo que ela desejava
esquecer.
Ela ponderou o sim e o não por alguns dias. Decidiu ter o filho, mas iria deixá-lo em um
orfanato. Uma grande amiga de Clarice aconselhou-a a ter e criar o filho, pois ela sabia muito
bem o que era viver na ausência dos pais e, pior que isso, viver isolado do mundo em um
orfanato.
Anos de desespero se passaram, a mulher tentava criar o filho da melhor maneira
possível. O bebê fora batizado de Max Müller, pois era o nome de seu pai, o qual amou
perdidamente, mas em segredo.
Clarice conheceu um homem e casou-se com ele, tendo 3 outros filhos. Esses filhos
foram criados com muito afeto, talvez até mais do que Max fora, o que despertou o ciúme no
filho 5 anos mais velho que os irmãos.
Max foi ignorado durante os tempos seguintes, tendo de aprender a viver e a lidar tanto
com o mundo exterior quanto com o interior, uma vez que tinha de cuidar de si mesmo e de seus
irmãos quando seus pais saíam para festas e mais festas.
Essa autonomia resultou no amadurecimento precoce de Max que, aos 11 anos, era
totalmente independente. O garoto possuía um humor terrível e sempre tratava as pessoas ao seu
redor com desprezo, sarcasmo e ironia. Também achava que era superior aos outros por ser
mestre nesse quesito.
O jovem e arrogante garoto buscava o conforto materno e paterno em si mesmo, uma vez
que erguera uma barreira contra a solidão no lugar em que deveria estar a presença paterna e
materna.
Talvez ele buscasse na arrogância um espaço para poder ficar sozinho e pensar no que lhe
fora mostrado e o que ele pegou ou seguiu. Afastar as pessoas nos deixam sozinhos, e a solidão
pode combater a outra solidão, era o que Max pensava inconscientemente.
Sua mãe nunca notou a mudança no filho, já que ela foi gradativa e camuflada. Mas ela
estava começando a notar excessos em Max e, que se ela não o ajudasse, talvez esses excessos
pudessem prejudicar seriamente seu primogênito. Mas como intervir e ajudar alguém que não
quer mais ajuda e que criou um sistema auto-suficiente para evitar opiniões exteriores?
O garoto era alto, magro e dono de olhos pretos. Possuía cabelos na altura dos ombros,
que formavam leves cachos loiros. Também era provido de encantadoras covinhas no queixo.
Era forte, tanto emocionalmente quanto fisicamente, mas, por vezes, inseguro. Tinha uma
inteligência exacerbada.
Agnes Magno, ao contrário de Max, teve uma infância plena. Seus pais, ricos, se
divorciaram quando a garota tinha 6 anos. Seu pai era político e, sua mãe, médica. Sempre
ocupados, eles nunca tinham tempo para a filha, que clamava por atenção.
A menina sempre fora mimada pelos pais, que supriam sua ausência, tanto física quanto
sentimental com incessantes presentes. A mãe, preocupada demais com seus pacientes, esquecia
sua vida familiar e íntima. O pai, soterrado de reuniões e compromissos políticos, colocava o
emprego em primeiro lugar.
Ela, por sua vez, cultivou uma revolta silenciosa e sutil contra o modo de criação que seus
pais lhe ofereceram. Com a ausência fraterna, ela buscava preencher o vazio deixado por eles em
seus amigos, de forma que se tornava o centro das atenções. Possuía uma simpatia notável, mas
também uma ingenuidade deveras peculiar.
Essa rebeldia resultou na sua inclinação para visões políticas esquerdistas. Abominando o
trabalho do pai e a forma que ele o fazia, ela se transformou em uma líder dos "canhotos",
liderando diversos movimentos politicos contra principalmente seu pai.
Mesmo não sendo a mais inteligente, seus amigos induziram Agnes a se rebelar contra
seu pai, sendo um modelo publicitário bastante interessante: a filha de um político que
acompanha de perto as supostas "sujeiras" do pai e que, com um pouquinho de criatividade, pode
acabar com a carreira política do mesmo.
A garota acreditava que, ao crescer, seus problemas desapareceriam assim como a parte
negativa de ter filhos. A adolescência estava batendo à porta, e ela ainda acreditava vagamente
que tudo mudaria a partir de então.
Na adolescência ela gastou fortunas com coisas fúteis e sem utilidade alguma. Mesmo
tendo tendências comunistas, Agnes era uma consumista nata. A adolescente se sentia de certa
forma isolada, mas quase não dava atenção a isso, sempre estava rodeada de amigos. Mas então
que isolação era essa? Seria a ausência dos pais? Talvez ela precisasse de um parceiro amoroso,
talvez sexual.
Agnes sempre escondeu de seus pais o enorme apetite sexual e suas fantasias. Mesmo
virgem, a jovem possuía enormes pensamentos sexuais, almejava o sexo quase como se fosse seu
objetivo de vida. Uma moça insaciável, diga-se de passagem.
A adolescente, de média estatura, talvez 1,68 m, possuía longos e ondulados cabelos
ruivos cobreados, que iam até a cintura. Ela era dona de um belo par de olhos verdes, sua face
era decorada com sutis sardas. A garota também era provida de um belo corpo, que muitas vezes
chamava a atenção. Além disso, era muito sentimental, muitas vezes chorando por coisas
desnecessárias.
Sophia Walkemann era uma canadense que, ao nascer, se mudou para o Brasil. Sua
infância fora comum, mesmo que sua família enfrentasse inúmeros problemas financeiros devido
à falência da empresa onde seu pai trabalhara. Eles vieram à terra tupiniquim por conta da filial
que o chefe de John Walkemann, pai de Sophia, iria abrir em Brasília. John fora convidado para
gerenciar a filial que, por infortúnio do destino, faliu com 3 meses de funcionamento. Esse fato
ocasionou diversas crises econômicas na família, o que, por sua vez, afetou Sophia de diversas
formas: poucos presentes, quase nenhuma viagem de férias e outras adversidades. Porém isso
não afetou a determinada e egocêntrica garota, pois ela idealizava uma família perfeita,
atenciosa, amorosa e compreensiva. Todavia, ela, ás vezes, notava os incontáveis defeitos de
seus progenitores.
Sophia possuía um otimismo tolo que a cegava diante do real. Não tinha, evidentemente,
uma ponta de realismo, não por opção, mas por necessidade, uma vez que, se encarasse a vida
que estava tendo na infância, provavelmente entraria em depressão, sem a mínima vontade de
pensar, inerte em crises existenciais.
A garota, de pele morena, possuía cabelos na altura do ombro, pretos e cacheados. Era
um bocado alta, dona de uma estatura típica para modelos, 1,80. Sua face era fina e magra, mas
bela. Tinha um par de olhos castanhos, que denunciavam madrugadas sem sono e a paciência
gasta por uma adolescente que pensa numa vida melhor até tarde. Sua boca era ligeiramente
grande e convidativa e sua expressão serena.
Hefesto se orgulharia de ver o berço de ouro que fora usado para sustentar Daniel Silva,
um menino que nascera em família rica. Fora criado com todos os mimos possíveis, talvez um
erro por parte dos pais. Com isso o garoto não amadureceu psicologicamente, algo como saber
"se virar". Logo, ele precisava de seus pais para tudo, não tinha a autonomia de fazer algo
sozinho e de viver por conta própria.
Um menino carente de malícia da vida e de experiências era facilmente persuadido e não
tinha opinião própria sobre quase nada ao seu redor, talvez nada. Mas ele não tinha necessidade
de aprender isso, seus pais sempre estavam lá, sempre o protegiam, sempre o abraçavam e
diziam que a vida era bela. Um escudo contra o mundo ao redor de Daniel foi se formando, mas
isso não era importante, ele tinha uma saída para tudo.
Daniel tinha cabelo curto, preto e crespo. Seus olhos eram negros e caídos. Sua expressão
era cansada, seu rosto, comum. Possuía também 1,75 de altura e era magro. Seu modo de olhar
dava a impressão de medo e de surpresa, talvez um alvo fácil para trapaças e golpes.
Fernanda Solberg era uma jovem sincera, de voz ativa, compreensiva e aberta a novas
ideias, mas também possuía um temperamento um tanto quanto inflamável e, mesmo que fosse
aberta a novas ideias, raramente seguia-as. Ela gostava também de meditar durante meia hora
todos os dias. Via isso como uma válvula de escape para relaxar e colocar sua criatividade para
trabalhar. Também usava esses momentos para reflexões, sejam elas existenciais ou pessoais.
Ela não era uma garota do tipo popular, era mais reclusa e tinha uma timidez que para
muitos era extremamente interessante e sedutora. Colocava a emoção à frente da razão, o que
explicava seu romantismo e o carinho com as pessoas que passavam por sua vida.
A jovem também possuía um carinho especial por batons, porque estes realçavam sua
boca pequena, e um carinho maior ainda por batons da cor vermelha. Era dona de um cabelo
loiro ondulado, olhos castanhos claro como o tronco de uma árvore e uma estatura baixa. Ah, e
era o meio termo entre magra e gorda.
Sua face era um pouco redonda, sua expressão, desinteressada. Seu olhar dava a
impressão de desatenção ou falta de interesse em algo -talvez uma impressão equivocada. E, por
último mas não menos importante, possuía uma voz comum com um leve tom doce.
Seus pais: Rodrigo e Linda Solberg, eram músicos. Linda tocava violino na Orquestra
Sinfônica de Brasília, e Rodrigo era contador. Fernanda não sofrera tanto na infância, apenas
erros que servem como experiência/aprendizado que todos nós cometemos. Mas os dela tinham
uma conexão anormal com o sentimentalismo exacerbado, talvez por influência de sua mãe, que
usava a música como expressão-mor de seus sentimentos.
A garota nasceu em Brasília e rezidira toda sua vida na cidade, conhecera os outros
amigos na 1º série do ensino fundamental. Apesar das poucas amizades, Fernanda conservava
todas as que já tinha feito, sendo uma amiga confiável e solidária.
Os amigos separaram-se na 2º série do ensino médio, faltando apenas um ano para que a
promessa fosse cumprida. Eles mantiveram contato através da internet, planejando, trocando as
novidades e, de certa forma, ficando vivos até lá.
Agnes, que fora a única que continuara residindo em Brasília, continuou suas vida de
solteira, mas, claro, sempre perto de seus amigos, que ela prezava imensamente.
Max foi morar em Curitiba, encantado com a beleza e qualidade de vida da cidade. Fora
deveras doloroso para o garoto distanciar-se de sua namorada, Fernanda, que tinha em São Paulo
a sua nova residência. Optaram por não dar término ao relacionamento que haviam construído
em um grande espaço de tempo, pensavam em casamento, até. As férias escolares do casal eram
sempre as mesmas: numa, Max ia a São Paulo e, noutra, Fernanda visitava seu amado na capital
paranaense. Eram 15 dias de deleite, a distância deixavam-os extremamente carentes, mas fieis,
pois saberiam que dali a alguns meses tudo isso seria substituído por sexo, horas abraçados e
atividades que casais, para satisfazerem a si próprios, fazem.
O pai de Sophia recebeu uma proposta de emprego. Toda a família ficara eufórica com a
notícia, mas havia algo a mais, deveriam mudar-se para Manaus. E assim foi feito.
Daniel, namorado de Sophia, -quantos casais!- decidiu ir para Manaus, uma vez que não
tinha nada a perder, possuía dinheiro suficiente para sustentar-se sozinho por um bom tempo.
O clima da nova cidade era insuportável para ambos, mas não podiam sair de lá, não
ainda. Daniel conseguiu uma casa 4 ruas abaixo da de Sophia, algo raro e louvável, até.
Quanto à situação do casal, ela era normal; estável, mas com algumas brigas. Amavam-se
e também formavam um casal quase perfeito: o ego da garota comandava as rédeas do
relacionamento, e a ingenuidade de Daniel era guiada de acordo com as vontades do proprietário
dessas rédeas.
...
São seis horas da manhã de uma quarta-feira, dia 17 de Dezembro de 2014, Agnes
acabara de acordar. Estava seminua. Seu corpo, exposto, não importava-se em ser mostrado por
sua dona naquele local. Esfregou os olhos, abriu-os com mais firmeza que antes, soltou um leve
sorriso. O último dia letivo aproximava-se e, com ele, o fim do ensino médio. Retirou então a
coberta sob seu corpo, sentou-se na beirada da cama e mais um inevitável sorriso brotou em sua
face, era impossível não ficar feliz. Fora caminhando lentamente para seu banheiro a fim de
suprir suas necessidades. Sempre observava-se no espelho e perguntava-se se algum garoto faria
amor com ela. A masturbação diária -para não dizer constante- fora sua válvula de escape nos
últimos anos, e a excitação matutina era grande demais para que a garota ignorasse. Feito isso,
voltou ao seu quarto para vestir-se e ir ao colégio, quando, subitamente, seu telefone tocou.
"Quem está me ligando numa hora dessas?" pensou.
-Alô!?
-Agnes? -Perguntou uma voz com um entusiasmo repentino.
-Sim, quem fala?
-Somos nós, oras! -Disseram duas vozes que pareciam distinguirem-se em timbre e tom.
-Sophia? Daniel? São vocês mesmos? -Agnes estava com o mesmo entusiasmo.
-Sim, somos nós! Como você está, Agnes?
-Estou bem, e vocês? Caramba, fiquei com saudades de vocês. Por quê sumiram?
-Sumimos por um tempo para fazermos esta surpresa a ti. Ah, e estamos bem.
-Que surpresa?
-Lembra quando fizemos a nossa promessa? -Peguntou Sophia, que servia de porta-voz do casal.
-Sim.
-Pois então, falei com o Max e com a Fernanda, estamos indo para Brasília -mais
especificamente sua casa- daqui a exatos 3 dias.
Agnes hesitou por um momento, um par de gotas de lágrimas decidiram descer sua face,
seus melhores amigos estariam ali, em sua casa, para viajarem ao redor do mundo em poucos
dias.
-Porra! Deviam ter avisado antes!
-Foi mal, Agnes, é que era uma surpresa. Enfim, tenho que desligar, tenho aula em breve. Beijos.
-Beijos... Ah! E mande um abraço para o Daniel também.
-Está querendo pegar meu namorado, vadia?
E ambas as garotas riram.
Agnes começou então a vestir seu uniforme, passou a maquiagem, pegou sua mochila
verde em cima da cadeira do computador e abriu a porta do quarto. Fora caminhando por um
corredor que dava para a cozinha. Esta, por sua vez, era grande, com uma mesa com oitro
cadeiras no meio do cômodo, um balcão dividindo o cômodo em sala de jantar e cozinha. Tinha
também etrodomésticos e móveis que criavam um ambiente refinado no local.
A garota tratou logo de sentar numa cadeira, pegar um pão e começar a passar manteiga
nele. Enquanto fazia isso, pegou uma xícara e encheu-a de café. Tentava -com sucesso- esconder
a felicidade que a dominava, talvez para não ter que falar para os pais o ocorrido, o que
demandaria tempo e paciência, coisas que, na hora, não estavam disponíveis.
...
Uma música frenética começou a tocar no celular. Max levantou-se e, num instante,
tratou de desligar o despertador. Levantou-se , calçou o par de chinelos e foi arrumar sua cama.
Feito isso, foi para o banheiro, onde lavou seu rosto com água fria e escovou os dentes; tentou
também pentear seu cabelo loiro, sem sucesso. Voltou então ao seu quarto, onde vestiu a
camiseta de uniforme e a primeira calça jeans que encontrara em sua frente.
Max, emancipado de seus pais quando ainda morava em Brasília, morava sozinho em
Curitiba, uma tarefa fácil para ele, uma vez que precisou apenas de arranjar um emprego.
Deu alguns passos além de seu quarto e viu-se de frente com a geladeira. Abriu-a e pegou
uma maçã, lavando a fruta logo em seguida e abocanhando-a. Enquanto comia, procurava seu
celular para fazer uma ligação a alguém. Encontrou-o segundos depois num dos bolsos da
mochila, digitando um número de São Paulo logo em seguida.
-Alô!? - Perguntou uma voz um tanto sonolenta do outro lado.
-Alô, Fêh?
-Sim, quem fala?
-Poxa, amor, sou eu. Achei que tivesse meu número.
-Oh, Max! Tenho seu número sim, mas acabei de acordar e estava com muita vontade de dar fim
a esse toque irritante do meu celular.
-Hmm, entendi. Como você está?
-Bem, e você, amor?
-Estaria melhor se a minha namorada prestasse mais atenção em quem liga pra ela.
-Pô, amor, já pedi desculpas.
-Enfim, está animada para a nossa viagem?
-Sim! Estou a semana toda pensando em como será e como os outros devem estar. E você?
-Ah... até que estou um pouco animado, será legal. - Disse dando a última abocanhada na mação
e checando se a casa estava devidamente trancada.
-Sim, com certeza será!
-O que você está fazendo aí, Fêh?
-Estou indo para a escola com meu pai. E você, Max?
-Trancando a casa e indo para o ponto de ônibus.
-Hmm. E suas malas, você já as fez? -Perguntou Fernanda.
-Já, já está tudo organiado para sexta-feira.
-Querido, cheguei na escola, tenho que desligar.
-Bah, tudo bem. Beijos, amor.
-Beijos...
O garoto desligou o celular e continuou sentado no ônibus esperando a escola chegar. O
jovem observava a cidade acordar pela janela: pessoas, carros, prédios, casas, esquinas,
semáforo; pessoas, carros, prédios, casas, esquinas, semáforos. Max ia admirando a atmosfera
urbana, o ligeiro frio, as árvores, a vida. Por fim, chegou na escola e adentrou a sala do 3º ano do
ensino médio para o última dia, um dia especial, mas uma aula normal.
A sala era ampla, branca e tinha 15 cadeiras. O quadro localizava-se ao lado da porta e,
um pouco à frente deste, havia uma mesa de madeira prensada um tanto quanto velha. Nesta
mesa haviam 3 canetões, sendo um deles vermelho, um preto e um azul; haviam também alguns
livros e um apagador. O ambiente era provido de um ventilador de teto preto e duas janelas
grandes na parte de trás da sala.
Max sentou-se na primeira fileira e aguardou o professor. Neste dia ele teve aulas de
Química, Física, Biologia e Português. O resto das aulas foi utilizado para fazerem uma
confraternização geral entre a escola e os alunos. Houve também um amigo secreto, e o rapaz
ganhou um CD de Rock. Voltou então para sua casa pelo mesmo caminho que fizera mais cedo,
mas desta vez sem admirar o ambiente, estava cansado demais para isso.
Ao adentrar sua casa, tirou o peso das costas e deitou-se em sua cama, que ficava abaixo
de uma janela. A casa de Max possuía três cômodos, apenas: banheiro, sala e quarto. Era
demasiadamente pequena para o aluguel que pagava, mas não tinha alternativa. Em seu quarto
estavam localizados um computador, que ficava numa mesinha; uma cama, já citada, um guarda-
roupas médio, que estava ao lado da porta; um violão deveras velho e algumas peças de roupa
jogadas pelo quarto; além, claro, de uma cadeira que pegara do conjunto de jantar da sala.
Alguns passos à direita do quarto e chegávamos no banheiro; simples, mas higiênico.
Max fazia a limpeza de sua casa semanalmente, e o executava com habilidade.
Na sala havia uma TV pequena, de umas 20 polegadas, talvez; uma mesa de jantar com 3
cadeiras e um sofá com dois lugares, além de pôsteres de Rock que não cabiam mais nas paredes
do quarto abarrotado de imagens.
...
Fernanda estava gastando os 3 dias para descansar e meditar. Estava conhecendo um
parque novo de São Paulo por dia. Ela arranjava um lugar com uma bela vista da natureza,
fechava seus olhos ao som de músicas atmosféricas e começava a refletir e a pensar na vida em
um primeiro momento. Depois de algumas horas, ela liberava os pensamentos e sentimentos
ruins, abria os olhos e esperava o escurecer admirando a paisagem verde misturar-se à azul.
Durante o crepúsculo a garota iniciava seu caminho de volta para casa. Subia em sua
bicicleta e ia vendo o amarelo hipnótico dos postes confundir-se com o amarelo boêmio numa
dança regada a luzes e iluminada a álcool.
Chegava em casa, corria direto para seu quarto, despia-se e ia para o banheiro. Chegando
lá, tinha sua dose diária de prazer e dava início a um banho revigorante e relaxante, mas breve. A
garota, ao sair do banho censurada por uma toalha, corria ao guarda-roupas preto e pegava uma
calcinha aqui, um sutiã ali e um short acolá, era o bastante para não assassinar o pudor em sua
casa frente aos pais.
Fernanda ainda morava com os pais em um apartamento de classe média alta, que tinha
três quartos, quatro banheiros, uma cozinha, uma sala e uma varanda, todos amplos e de variadas
cores; indo do branco ao azul e do vermelho ao verde. Os móveis eram de um toque moderno e
sofisticado; as televisões eram grandes cujas ficavam localizadas na sala e nos quartos; o sofá, de
couro. Enfim, os móveis foram escolhidos por uma pessoa com bom gosto.
No quarto da garota, que tinha paredes brancas e pisos de madeira, havia um notebook,
um mural de fotos acima de sua cama, um carpete na frente da mesma. Sob a cama haviam
também algumas bonecas e alguns bichos de pelúcia, que ela colecionava como forma de portal
para as lembranças de sua infância. Ao lado de uma escrivaninha ficava uma porta de vidro que
dava para uma sacada. Dela a jovem tinha uma bela visão da cidade, colocando-se no meio das
"formigas" que andavam abaixo dela e comparando seu tamanho com o resto do espaço.
...
-Vamos, Daniel, não quero me atrasar!
-Okay, amor, estou indo.
-Estou pronto, podemos?
-Não. - Respondeu a garota beijando o namorado.
-Agora podemos! - Completou dando um sorriso meigo.
Sophia pegou a mão esquerda do rapaz e foi caminhando para a porta da casa,
conduzindo Daniel.
-Dan, você acha que a Agnes gostou da surpresa?
-Tenho absoluta certeza disso, Sô. Por quê está perguntando?
-Não sei, acho que ela ficou brava por não termos contado nada antes.
-Não se preocupe, conhecemos ela há um bom tempo para sabermos que ela sempre foi assim.
E foram caminhando rumo à escola em que estudavam, o Sol já começava a sussurrar, -
delicadamente- os seus raios na pele do casal. A calçada ia variando -na medida em que
caminhavam- de cimento a cerâmica, e de cerâmica a terra. A escola ficava a 20 minutos de
caminhada da casa da garota, mas saíram uma hora mais cedo. No meio do caminho encontraram
uma construção abandonada, e lá foram gastos os 60 minutos excedentes.
Chegaram enfim ao colégio e separaram-se, pois estudavam em diferentes salas, nada que
matasse um ou outro de saudades.
O colégio era dividido em dois pavilhões que formavam um "L", sendo um deles
destinado ao ensino fundamental e o outro ao ensino médio. Na frente de ambos havia um pátio
com uma quadra poliesportiva. Ao entrar no colégio, deparar-se-ia com o pavilhão do ensino
médio à direita, o patio à frente e, o pavilhão do ensino fundamental, além do pátio numa linha
reta.
O dia letivo fora comum, não havendo nenhuma comemoração por parte do colégio,
apenas os alunos fizeram o clássico Amigo Secreto.
Em meio à lágrimas de formação e choros de reprovação estavam Sophia e Daniel, que
passaram de ano. Quanto ao Amigo Secreto, Daniel ganhara uma caixa com chocolate; e a
namorada, um urso de pelúcia.
Voltaram para casa sem mais prazeres e ficaram a tarde toda assistindo um filme. À
noite, foram comer pizza com alguns colegas em comemoração do final do ano e do ensino
médio. O resto dos três dias foram ocupados de sexo e ociosidade.
...
A mesma música começou a tocar no celular mais uma vez, mas, desta vez, mais tarde:
9:00 da manhã. Max, que acordara junto com o celular -parecia que nem havia dormido-
levantou rapidamente de sua cama e foi para o banheiro se arrumar. Enquanto escovava os
dentes, preocupava-se com o horário, calculando se chegaria a tempo em seu destino. Prendeu o
cabelo por julgar o tempo muito escasso para maiores cuidados. Tomou um rápido banho e fora
vestir suas roupas. Feito isso, procurou seus documentos, sua carteira e olhou ao redor: a cama
ainda não estava feita; arrumou-a e pegou sua mala de mão preta, borrifando um pouco de
perfume em seu pescoço logo após. O jovem então caminhou pela casa certificando-se da ordem
que prevalecia. Após isso, trancou a porta de casa e aguardou o taxi que chegaria em momentos;
aproveitou para fazer uma ligação.
-Alô? Max?
-Sim, como está, amor?
-Estou bem, apenas um pouco apressada aqui arrumando minhas coisas para a viagem. E você? -
Fernanda respondeu num tom não muito controlado, denotando uma falta de fôlego, resultado da
pressa.
-Estou bem, esperando o taxi chegar... Olhe só! Ele chegou. -Disse, fazendo um breve silêncio
procedido por barulhos de plástico batendo e de uma porta sendo fechada.
-Pronto amor, voltei. Que horas o seu voo sairá?
-Para o aeroporto, por favor. -Completou numa voz quase inaudível pelo celular.
-Ah, acho que umas 14:00, e o seu?
-11 horas.
-E qual será o nosso primeiro destino após Brasília, Max?
-Não sei, acho que Argentina; esperamos muito tempo por isso, devemos aproveitar as viagens
com calma... E muito sexo! -Fez-se ouvir uma risada alta.
-Bobo! -Respondeu Fernanda com um leve sorriso invisível ao telefone.
-Ah, estou tão empolgada com essa viagem, rever os amigos, rever você, realizar um sonho de
infância. -Disse num tom sereno e esperançoso.
-Eu também, estou com saudades de você, Fêh.
-Somos dois, amor, preciso ver-te.
-Ei, Max, tenho que desligar, vou sair aqui. Beijos, amor.
-Humpf, você e seus motivos, acho melhor namorar um paulista mesmo. -Resmungou.
-Não fale assim, eu te amo e você sabe disso.
-Ok, beijos, linda.
Max, após mais alguns minutos no taxi, chegou ao aeroporto. Pagou o taxista, retirou sua
mala e fora caminhando rumo a entrada do aeroporto, uma vez que ficara na via em frente ao
mesmo. Enquanto subia na calçada, ficou admirado com a estrutura acima dele. Eram estruturas
férricas azuis que formavam semi-arcos no sentido da rua. Enquanto seus olhos estudavam o
teto, encontrou uma placa indicando o rumo dos guichês das empresas aéreas; como a sua estava
entre eles, tratou de colocar sua mala num carrinho de bagagens e dirigiu-se para o interior do
edifício. Enquanto caminhava, via muitas pessoas bem vestidas e com classe, ficou perguntando-
se se sua camiseta negra com mangas compridas com um logo de banda, uma calça cinza
conservada e um par de sapatênis seriam o suficiente. Imaginou que sim, afinal, acreditava ser
deveras bonito.
Fez a pesagem da mala e levou-a consigo para o saguão de embarque, onde ficou sentado
numa espécie de banco coletivo, pelo menos havia internet gratuita. O saguão era grande com
várias fileiras de cadeiras cinza e azul posicionadas estrategicamente. Mais ao fundo haviam
enormes placas de vidro que permitiam uma visão consideravelmente boa da pista. À frente, uma
livraria, uma lanchonete, um posto de informações redondo ao centro, lojas de souvenirs e um
par de escadas: uma para cima e, a outra, obviamente, para baixo.
O garoto começou a navegar pela internet em seu celular; lendo notícias, vendo a
previsão do tempo, conversando com o amigos e, principalmente, jogando. Max ficara sentado
numa cadeira de costas para a pista, mas de frente para a televisão de LCD de umas 42 polegadas
que informava o andamento e os horários dos voos. Estava ficando frustrado, pessoas iam e
vinham e ele ali, sentado, esperando sua hora chegar. Fortaleza, São Paulo, Porto Alegre, Rio de
Janeiro, Manaus, e nada do seu tão precioso avião chegar. Devemos levar em conta que ainda
eram 10:15. Max fora esticar o corpo na cadeira quando a televisão revelou um voo para Brasília,
o garoto ficou feliz até ver a situação do mesmo: cancelado. Uma tristeza sem igual começou a
tomar conta do rapaz, fora então checar o número do voo com o descrito em seu bilhete numa
última tentativa desesperada. Não era o mesmo! O voo cancelado era atendido pelo número 7375
e, o de Max, 1517. A felicidade voltara numa intensidade ainda maior.
Após o susto, seu voo de fato apareceu no telão; o avião já tinha pousado no aeroporto,
estava apenas esperando a ordem de embarque. Às 10:45 o embarque fora autorizado e Max
apresentou-se. Tivera que ir caminhando até a aeronave, e o fez com euforia. Ao chegar no
último degrau da escada, olhou para trás triunfante, estava vivendo sua vida, vivendo. Adentrou
no avião e fora recebido por parte da equipe de bordo: duas moças bonitas devidamente vestidas
e maquiadas, e um homem. O sorriso do loiro contagiou os funcionários e, ao olhar para a
direita, ele viu um corredor enorme com três fileiras de poltronas em cada lado e várias pessoas
sentando e levantando de seus respectivos ou supostos lugares.
-23C, 23C, 23C. -Sussurava o garoto para si mesmo enqaunto andava pelo corredor checando a
numeração das cadeiras.
O garoto enfim achou sua poltrona, sua fileira estava vazia, talvez seus vizinhos
chegassem em breve. Sentou-se, abriu e fechou a bandeja à sua frente e pôs-se a olhar pela janela
a cidade que deixaria por um tempo. Após alguns minutos, fecharam a porta que serviu de
entrada, o piloto saudou os passageiros e pediu que prestassem atenção nas dicas de segurança
demonstradas em todos os voos, o que aconteceu logo em seguida. Abruptamente, sentiu um leve
empurrão para trás, era o avião dando início à sua jornada. O piloto começou então a falar que o
término do voo estava previsto para o fim da tarde.
Mas acomodou-se em sua poltrona e pôs-se a dormir por algumas dezenas de minutos,
perdendo a visão que tinha acesso; sendo acordado pela aeromoça, que interrogava-o a respeito
do lanche.
-Sim, eu quero. -Respondeu numa espécie de rosno por causa da ausência do uso da voz.
Ganhou então um pacote contendo: três biscoitos, um bolinho de chocolate e um pouco
de manteiga. Agradeceu e esperou mais dois tripulantes chegarem ao seu lado perguntando qual
bebida o cabeludo preferia, respondeu "Coca-Cola" e fora entregue a ele um copo com o
refrigerante mais três pedras de gelo. Enquanto comia, observava o verde abaixo dele, que ora
dava lugar ao transparente, ora ao branco. Via também várias cidades passarem abaixo dele,
fazendo-o se perguntar se as pessoas podiam o ver.
Poucos minutos após o término do lanche, a tripulação mais uma vez passou recolhendo
os resíduos da "refeição". O interior do avião estava frio, perfeito para uma boa soneca, o que
seduziu Max que, mais uma vez, dormiu.
Acordou descansado e, de certa forma, empolgado. Começou então a refletir sobre sua
vida quando uma pergunta veio em sua mente: "Onde estou? Será que já estamos em Goiás?"; e
essas perguntas intrigaram o jovem a ponto de ele chamar uma comissária de bordo para
perguntar sua localização
-Estaremos adentrando Goiás em poucos minutos, senhor. -Respondeu a mulher com voz serena
e doce.
-Ok, obriado. -Respondeu arrumando sua postura no assento.
-Mais alguma coisa, senhor?
-Não.
Observou então uma repentina mudança na paisagem que a janela mostrava, ela estava
mais colorida, mais dividida, haviam também várias elevações e depressões. Deduziu que
estavam chegando. Em poucos segundos os avisos sinaliando o uso do cinto de segurança foram
acionados e o piloto revelou que estariam pousando em breve. Max olhou para fora e viu que
estavam acima das nuvens.
Quando o avião começou a perder altitude, Max começou a sentir uma dor insuportável
no ouvido, mas sabia que era normal. E quanto mais perdiam altura, maior ficava a dor. O jovem
resistiu de todas as formas contra o "incômodo". Após algum tempo, Max sentiu o avião tocando
o chão e, quando o garoto percebeu, o avião tocou novamente a superfício freiando bruscamente.
A pista quase toda fora utilizada mas, ao sair dela, tiveram que aguardar até que algum avião
decolasse, pois a demanda estava grande.
Ao chegarem na máquina de desembarque, o piloto saudou todos e deu as boas-vindas
aos passageiros, falando que eram 17:00 e que eram também 33º C em Brasília. Ao descer, fora
novamente presentado com o sorriso da tripulação. Enquanto ia rumo ao saguão com sua mala
preta, pensava se todos já estavam na cidade ou não. Ao sair do aeroporto, devolveu o carrinho
de bagagens e esperou algum taxi aparecer, Um apareceu e ele mostrou o endereço de Agnes.
...
-Vamos, Sophia, acorde. Está na hora de nos arrumarmos para a viagem.
-Que horas são? -Respondeu com uma voz quase inaudível.
-Quatro da manhã, amor.
Sophia resmungou e levantou-se, esgueirando-se rumo ao banheiro. Enquanto fazia o
trajeto, abriu os olhos e viu Daniel sentado na beirada de sua cama trajando uma camisa branca
com uma jaqueta jeans por cima, uma calça preta e um par de tênis vermelho. Ao redor de Daniel
estavam três malas: uma preta de mão, uma azul média e uma verde grande. Voltou o olhar para
a porta do banheiro e continuou sua jornada, tomando banho e higienizando-se logo em seguida.
Enquanto vestia a roupa que havia escolhido no dia anterior, perguntou se Daniel dormira
bem, sendo prontamente respondida por um "mais ou menos" justificado pela ansiedade. Ao
terminar de vestir-se, pegou duas maletas grandes e pretas no fundo de seu quarto e fora
caminhando com seu namorado para a cozinha. Chegando lá, comeram algumas bolachas,
tomaram alguns copos de suco de laranja e esperaram o pai de Sophia chegar.
Uma sonora buzina ecoou na casa quase deserta anunciando a chegada.
-Vamos, crianças!
-Estamos indo, seu John. -Respondeu Daniel.
-Como que você está, pai?
-Estou bem, filha, e você?
-Bem...
-Filha, ainda assim não acho uma boa ideia deixar você viajar com seus amigos.
-Relaxa, pai, já sou maior de idade e tomo conta do meu nariz.
-Você sabe que não é bem assim, Sophia. -John contra-atacou.
-Não importa, eu vou e pronto!
-Humpf, tudo bem, tudo bem. Mas tenham cuidado vocês dois e... Daniel, cuide bem de
minha filha, sim?
-Pode deixar, seu John, cuidarei muito bem dela.
O silêncio se instalou por minutos até chegarem no aeroporto. Ao aproximarem-se, John
dirigiu-se para o estacionamento, desembarcando o casal.
-Vá com Deus, minha filha, amo muito você!
-Tchau, pai! -Respondeu abraçando-o fortemente.
-Até mais, seu John. -Daniel falou enquanto apertava a mão do homem.
-Até. Voltem logo e fiquem bem.
Após isso, os jovens caminharam por uma passarela enquanto observavam um lago
iluminado pelas luzes noturnas do aeroporto. Entraram dentro da construção que tinha letras
azuis em sua fachada, seu telhado era dividido em duas partes e, em sua frente, localizavam-se
várias portas.
O voo dos namorados saiu de Manaus às 6:00, chegando em Brasília 2,5 horas depois.
Chegaram um pouco cansados e foram comer algo para depois irem para o próximo destino.
-Séra que tem algum shopping aqui por perto, Sô?
-Não sei, vamos perguntar para algum taxista.
E o fizeram, o taxista informou que havia um estabelecimento de fast food dentro do
aeroporto. Gastaram 40 minutos e R$25,86 lá. Saciados, encontraram um taxista e, ao entrarem
no carro, Sophia informou:
-Para o Plano Piloto, casa 16, por favor. -Disse pousando levemente sua cabeça no ombro
esquerdo de Daniel.
-Ok! -Respondeu o taxista que tinha um bigode volumoso com vários fios grisalhos,
magro e de expressão séria.
O casal estava notando a mudança climática e arquitetônica de Brasília em relação a
Manaus. Enquanto iam rumo à casa, observavam o ambiente que a janela ia revelando. Brasília
não mudou muito; afinal, foi-se apenas um ano desde a separação.
-É, Brasília continua a mesma. -Disse Daniel fazendo cafuné em Sophia.
-Verdade, mas eu gosto tanto desta cidade... ainda me arrependo por ter trocado-a por
Manaus.
-Verdade, aqui é foda mesmo.
E continuaram a jornada na imensidão brasiliense até a casa de Agnes; ruas, esquinas,
bairros, calor, enfim. Após algumas dezenas de minutos, chegaram no endereço utilizado:
-Aqui está, são R$35,00 pela viagem.
Pagaram o taxista e foram caminhando na calçada rumo a entrada da casa da garota.
-Caramba, continua tudo a mesma coisa! -Exclamou Sophia.
-Concordo.
Quando Sophia encaminhava seu dedo indicador na direção do botão do interfone, um
turbilhão de pensamentos tomou sua cabeça. Coisas como: "como será que todos estão?",
"mudaram muito?" e coisas assim. Mas estes pensamentos foram interrompidos por uma voz
falando ao interfone.
...
Agnes fora acordada por seu pai, que informava-a da existência de um casal em sua
"porta".
-Já vou, pai. Obrigada.
Levantou-se, lavou o rosto apressadamente, vestiu algumas roupas para ocultar suas
peças íntimas e foi ao interfone.
-Quem é? -Indagou como se houvesse dúvida sobre a identidade das duas pessoas.
-Agnes? -Uma voz masculina perguntou.
-Sim.
-Agnes, abre essa porra logo antes que eu a derrube em você! -Disse Sophia num tom
nervoso e forçado.
-Tá bom, tá bom, vou aí receber vocês.
E foi dar as boas-vindas ao casal. Abraçara ambos, perguntou como estavam, disse que
sentira falta deles e convidou-os para adentrarem a casa. A entrada da casa tinha grades brancas
que revelavam um deslumbrante e sofisticado jardim, com várias árvores de pequeno porte e
grama. Nesse jardim havia também uma cadela branca que mais parecia um lobo.
-Está é a Galadriel, minha cadela. -Explicou Agnes.
-Muito bonita.
-Verdade. -Concordou Sophia.
A casa, também branca, possuía dois andares e, diferente da maioria, não tinha telhado
inclinado, o que deixava-a com uma forma retangular/quadrada. Passando pelo jardim, tínhamos
à esquerda a garagem e, adiante, a sala de estar, que possuía uma TV grande, sofás, poltronas e
móveis decorativos. À esquerda da sala tinha-se a sala de jantar e a cozinha, que conduziam a um
corredor, localizado ao norte do cômodo, que levava ao ateliê da mão de Agnes do lado esquerdo
e, no lado direito, ao quarto da ruiva. A nordeste da sala ficava a porta do quarto dos pais de
Agnes, com uma cama de casal grande, uma TV, carpete, banheiro com banheiro à direita e
outros objetos, e móveis decorativos. À direita da sala, um corredor com dois depósitos (um a
norte e outro a sul), adiante, a escada que nos leva ao segundo andar que faz ligação a dois
corredores, o sul e o leste. O corrredor sul revelava a sacada da residência, o leste, que tinha um
banheiro à esquerda como vizinho, conduzia (no lado de cima, ou esquerdo para quem está
caminhando), nessa ordem, à biblioteca, ao quarto dos empregados e à área de serviços. Já no
lado de baixo ou direito, éramos guiados a dois quartos de hóspedes com duas camas cada e
nenhum banheiro.
Os três amigos caminharam até a sala, sentaram-se no sofá. Sophia e Daniel descansaram
um pouco e indagaram a Agnes onde ficava o quarto do casal. A garota começou a dizer o
caminho, mas preferiu levá-los pessoalmente até os aposentos.
...
Eram 16:57 da tarde, Agnes estava conversando sobre assuntos aleatórios com Sophia, os
pais da ruiva estavam trabalhando, deixando os três sozinhos na residência. Um ruído fez-se soar
repentinamente na sala de estar onde localizavam-se as duas garotas. Agnes logo caminhou ao
interfone e indagou a identidade de quem tocava a campainha.
-Sou eu, Fernanda. Agora... que tal abrir aqui e me ajudar com as malas? Estou bastante
cansada.
-Estou indo, um momento.
E a garota foi pelo jardim que, por sua vez, fornecia uma pequena trilha de pedras entre a
grama verde e bem aparada. Abriu a porta e viu a amiga loira em pé com duas malas grandes,
uma em cada lado de Fernanda e uma pequena na mão direita da garota. A mulher de cabelos
ruivos correu no rumo da amiga e abraçou-a forte, beijando-a no rosto e balbuciando palavras
que denotavam saudade. Fernanda era a melhor amiga de Agnes, o que tornou a separação das
amigas ainda mais dolorosa, uma vez que a importância de uma para outra era recíproca.
-Também senti muito a tua falta, Agnes! O pessoal que conheci em Sampa é meio chato,
prefiro a galera de Brasília.
-Então por que você foi pra lá, Fêh? -Quis saber a jovem.
-Ah, Ag, sempre achei a cidade fantástica, e continuo achando-a mais ainda depois de
morar lá. O ambiente urbano ao meu redor me fascina e me inspira. Ah... é complicado de
entender e mais ainda de explicar.
-Entendi um pouco. Venha, vamos entrar para você descansar e me contar as novidades.
A loira assentiu e levantou o pegador de uma das malas, utilizando-o logo em seguida,
Agnes ficara encarregada da outra. Adentraram a residência e, enquanto caminhavam pelo
jardim, Fernanda notou algo estranho:
-Então está é que é a Galadriel?
-Isso mesmo, a própria.
Adentraram a sala de estar e Sophia, sentada no sofá, logo trocou olhares com Fernanda,
indo cumprimentá-la em seguida.
-Há quanto tempo, Sô!
-Verdade, Fêh!
-Como que estão as coisas lá em São Paulo?
-Legais, e em Manaus?
-Uma droga, não deveria ter saído de Brasília.
-Por que fala isso? -Agnes perguntou, entrando na conversa.
-Ah, porque lá é muito ruim, muito quente, as coisas são muito diferentes em relação a
Brasília.
-Imagino. Mas enfim, você pode me mostrar onde fica o quarto de hóspedes, Ag?
-Claro! Venha comigo.
E foram através do corredor entre os depósitos, a escada, o corredor que localizava-se no
segundo andar, até chegarem no último cômodo do lado direito, uma vez que o primeiro estava
ocupado pelo casal de Manaus.
-Você vai ficar com o Max nesse quarto.
-Ah, obrigada. Mas ele já chegou em Brasília?
-Ainda não.
-Estranho, ele saiu bem mais cedo que eu.
-Não se preocupe, ele deve estar chegando em breve.
-E o Daniel, não veio?
-Veio sim, ele está dormindo no quarto ao lado, parece que a viagem foi cansativa para
ele.
-Beleza, vou dar uma arrumada nas minhas coisas aqui então, Ag. Mais uma vez,
obrigada.
-Por nada. -E foi caminhando para a sala à fim de continuar a conversa com Sophia.
Fernanda então entrou no quarto e analisou-o. O quarto era grande, possuía uma cama em
cada extremidade e uma porta entre elas que dava para a sacada. Havia também um guarda-
roupas grande, uma mesinha no centro do quarto com algumas esculturas, uma TV acima da
porta do corredor e dois criados-mudos. Escolheu a cama à direita e colocou suas malas nela,
abrindo uma em busca de uma toalha e algumas peças de roupa. Após encontrá-las, rumou para o
banheiro no final do corredor. Ao adentrar o local, respirou fundo, tirou sua camiseta preta, seu
sutiã -este, ao ser retirado, forneceu alívio e conforto para Fernanda de imediato-, calça e
calcinha, e fora para o chuveiro tomar banho.
Estava saindo do banheiro vestida com uma camiseta confortável (uma espécie de
pijama) e um short folgado verde quando viu Max subindo as escadas com Agnes guiando-o,
Fernanda estava também com uma toalha enrolada na cabeça. Fora de imediato para o abraço e
beijo calorosos de Max.
-Meu amor! Você chegou! Senti muito a tua falta. -Exclamou beijando o rapaz
freneticamente nas bochechas, boca e testa.
-Sim, cá estou. Também senti muitas saudades de você, Fêh! Tem muito tempo que você
chegou? -Perguntou, tentando ignorar a toalha na cabeça de sua namorada.
-Tem mais ou menos uma meia hora. Venha, vou te mostrar o nosso quarto, deve estar
cansado.
-E estou mesmo, e grilado também. Pode deixar que a Fêh assume daqui, Agnes,
obrigado.
-Tudo bem. -Respondeu a ruiva, descendo as escadas e voltando para a sala.
-Por que grilado, amor?
-Ah, depois te conto.
E foram abraçados para o quarto. Chegando lá, Fernanda mostrou a cama de Max e, após
isso, tirou a toalha de seu cabelo e estendeu-a no encosto de uma cadeira que havia no quarto.
Feito isso, a loira convidou Max para aproveitarem o final da tarde deitados numa das cadeiras
da sacada. O convite fora aceito e eles dividiram uma cadeira abraçados para matar a saudade e a
demanda de carinho que o tempo tinha proporcionado-lhes.
-E como foi tua viagem, Max? Você demorou muito, fiquei preocupada. -Perguntou,
fazendo cafuné nos fios loiros do jovem.
-Ah, foi uma merda. Tive que fazer uma conexão em São Paulo, fiquei umas 5 horas no
aeroporto esperando o meu maldito avião aparecer. Perdi o meu dia inteiro.
-Mas o importante é que você chegou bem, amor. -Respondeu, beijando carinhosamente
o namorado.
-Venha, fique sentado que farei uma massagem em você.
-Ah, obrigado, Fêh, suas mãos são mágicas.
Ao terminar a massagem, voltaram a ficar deitados juntos e, enquanto conversavam,
admiravam o crepúsculo juntos.
...
Três batidas acordaram Daniel que, sonolento, perguntou quem era.
-Quem é? -As palavras conseguiram ser soltas num tom de irritação e sono.
-Sophia. Acorde, hoje nós vamos comer pizza, vamos nos arrumar. Abra o quarto.
Daniel fora caminhando vacilante até a porta e abriu-a para Sophia, que rapidamente
pegou a toalha e algumas roupas. Já estava saindo quando decidiu convidar Daniel para tomar
banho com ela.
-Vou sim, Sô, só deixa eu arrumar minhas coisas também.
Enquanto arrumava suas coisas, Daniel percebeu que já era noite e que dormira a tarde
toda. Pegou sua toalha e roupas e foi rumo ao banheiro.
Após tomarem banho, estavam voltando para o quarto quando Daniel sentiu uma forte
pancada nas costas, ao virar-se assustado para olhar o que havia atingido-o, viu Max com um
sorriso largo no rosto, pronto para cumprimentar o rapaz.
-Finalmente a moça acordou! -Disse em um tom elevado e feliz, abraçando Daniel.
-Como é bom te ver, Max! -Replicou o outro.
-Digo o mesmo, achei que tivesse morrido naquele quarto.
-Que nada, só estava cansado da viagem.
-Pode crer. Vou tomar um banho com a Fernanda. Há há! Até breve. -E foi correndo para
o quarto do casal.
Daniel e Sophia foram para o quarto e arrumaram-se para sair. Perfumes, maquiagens,
elogios e incertezas ocuparam os breves minutos seguintes. Desceram para a sala de estar logo
em seguida, onde estavam no sofá Agnes e seu pai. Ficaram aguardando o outro casal por alguns
momentos, até que apareceram. Todos estavam com roupas bonitas e semelhantes às usadas nas
viagens Daniel estava com uma camiseta vermelha, Max usava uma camisa de banda com
mangas preta, Fernanda estava com um vestido leve rosa na altura dos joelhos, Sophia com uma
calça jeans e uma camiseta branca estampada; Agnes estava com um vestido vermelho. Todos
pareciam nutrir um gande amor por tênis All Star, exceto Fernanda e Agnes, que estavam usando
sandálias rasteirinha bege e preta, respectivamente.
-Sua mãe não vai, Agnes? -Perguntou Sophia.
-Não, ela está trabalhando.
E as 6 pessoas seguiram para a pizzaria, que também ficava no Plano Piloto. Em sua
entrada haviam duas portas em cada extremidade, que eram separadas por uma parede com
tijolos á mostra. Entre as duas portas, na parede, havia uma janela com algumas plantas
suspensas por uma calha. Acima disso, havia a fachada anunciando o nome da pizzaria.
Adentraram a construção e viram um ambiente cheio de pessoas. As luzes amarelas, dentro de
uma espécie de vidros de lamparinas, contrastavam com o forro xadrez vermelho e branco das
mesas. O ambiente era intimista e amistoso, deixando a freguesia bastante à vontade.
Decidiram pedir uma pizza sabor portuguesa e outra sabor calabresa, além de duas
garrafas contendo 2L de refrigerante. Enquanto esperavam a pizza chegar, ficaram conversando
sobre quase tudo: expectativas, escola, vida nas diferentes cidades, a viagem.
-Qual será o nosso primeiro destino, galera? -Interrogou Agnes.
-Acho que a Argentina seria uma boa ideia, depois Chile, e por aí vai, iríamos meio que
subindo o mapa mundi. -Sugeriu Max.
-Acho uma boa ideia. Nós começaríamos no extremo sul do continente e iríamos para o
extremo norte, depois, para outros lugares. -Completou Daniel.
Todos concordaram, combinaram de olharem a cidade argentina mais longe ao sul
quando chegassem em casa. Minutos depois a pizza chegou, e eles cessaram 97% da conversa
para converter o silêncio em momentos de prazer alimentício.
Após todos estarem cheios, conversaram por mais 33 minutos, aproximadamente, e
decidiram ir embora. O pai de Agnes pagou a conta e todos voltaram satisfeitos para a casa de
dois andares. Quando chegaram nela, logo trataram de olhar o primeiro destino da viagem:
Ushuaia, localizada no extremo sul argentino.
Já eram 00:30, Daniel estava conversando com Agnes na sacada, Sophia dormia, Max e
Fernanda matavam a saudade e os meses de carência no quarto de hóspedes. Perto das 1:31,
Agnes fora dormir e o rapaz de cabelo negro ficou contemplando o luar até, após alguns minutos,
decidir que era hora de dormir.
...
I
-Acordem! Acordem! Acordem! -Agnes urrava enquanto batia numa panela com uma
colher no corredor dos quartos.
Segundos depois, Sophia apareceu seminua na porta do quarto rosnando por mais alguns
minutos de sono. A anfitriã respondeu com mais pancadas, pulos e gritos, desmotivando assim
qualquer possível chance de resistência por parte da canadense.
-Arrumem suas coisas e desçam para tomarmos nosso café-da-manhã. Já estamos
atrasados! -Avisou a ruiva que, ao proferir a última palavra, já estava no segundo degrau da
escada.
Fernanda acordou Max e, logo em seguida, arrumaram suas respectivas camas. Após isso,
cumprimentaram-se com um beijo. A loira então trocou de roupa, vestindo uma camiseta azul,
uma calça jeans e um par de tênis All Star. Max estava com uma bermuda xadrez, uma camisa
branca, o cabelo preso e um par de chinelos.
-Acorde, Daniel, vamos nos arrumar para viajarmos.
-Humpf, amor, já já. -Balbuciou num tom grave e quase gutural.
Sophia fora vestir sua roupa: uma saia bordada branca e uma camiseta estampada. Abriu
a porta que rumava para a sacada na esperança de que o Sol ajudasse na recuperação do
namorado. Guardou todas as suas cosias numa das malas e pulou em cima de Daniel,
acariciando-o e beijando-o. Este, por sua vez, deleitou-se com as carícias da namorada e -como
recompensa pelo esforço desta- levantou-se, vestindo uma camiseta preta e um short verde num
piscar de olhos, além -claro- de um par branco de tênis.
Agnes estava ajudando sua mãe a arrumar a mesa para seus convidados; colocando
xícaras aqui, colheres acolá. Sentia-se ansiosa, queria pular estas partes chatas e ir logo para
Ushuaia. Sim, a garota olhara algumas fotos da cidade e apreciou-as bastante, aumentando ainda
mais a empolgação.
Aproximadamente 13 minutos após Agnes ter descido as escadas, apareceram na entrada
da cozinha 4 pessoas, que rapidamente encontraram e ocuparam 4/8 das cadeiras ao redor da
mesa.
-Bom dia! Como dormiram? -Quis saber Fernanda, quebrando o silêncio.
-Bom dia.
-Bom dia.
-Bom dia.
Os jovens responderam que dormiram bem. Eram aproximadamente 10:37; o tempo,
ligeiramente fresco, agradava a todos os ocupantes da mesa.
-E você, amor, dormiu bem?
-Dormi sim, Max, sonhei que todos nós viajávamos para um lugar lindo, paradisíaco.
-Legal. -Respondeu Max, beijando Fernanda na cabeça.
-E então, Agnes, qual é o nosso roteiro?
-Ah, sim, nós sairemos daqui 14:00 e iremos para Buenos Aires, de lá pegaremos um voo
às 17:45 para Ushuaia. Depois nós nos viramos. A propósito, o que acham de ficarmos 4 dias em
cada cidade que visitarmos?
Todos acharam uma boa ideia e assentiram, demonstrando entendimento sobre a rota.
Faltavam um pouco mais que 3 horas para embarcarem para a Argentina.
-Portanto, crianças, comam logo, senão nos atrasaremos.
Max estava feliz ao rever seus amigos e -principalmente- sua namorada. Enquanto comia
uma rosquinha embebida em melado, imaginava o clima, os habitantes, os atrativos turísticos e
as novas amizades que Ushuaia poderia proporcionar.
Fernanda apenas intercalava mordidas no pão com goles de um suco de laranja feito pela
mão de Agnes que -mais uma vez- estava trabalhando. Pensava no namorado e nas diferentes
formas que eles aproveitariam os locais que desbravassem.
Sophia estava empolgada com a viagem, estava comendo um pão com manteiga e
tomando leite. Perguntava-se sobre a possibilidade de passarem no Canadá, sua terra natal. Tinha
parentes lá, queria vê-los, conhecer o país e suas maravilhas.
Agnes estava esperançosa, pensava que talvez conseguisse -finalmente, segundo a
própria- perder a virgindade. A garota estava sempre excitada, devorava livros eróticos,
fantasiava, imaginava, criava, colocava-se no lugar, deleitava-se.
Daniel, por sua vez, idealizava lugares paradisíacos com Sophia ao seu lado, imaginava
também as diferentes pessoas e culturas que teria contato.
Minutos depois, mais aproximadamente 12:43, todos adentraram no carro pertencente ao
pai de Agnes e rumaram para o aeroporto. Pistas duplas, automóveis, civis, semáforos, esquinas,
imprudências, edificações e fachadas deslumbrantes. Chegaram enfim ao aeroporto, passaram
numa espécie de túnel de ferragens brancas e vermelhas, parando no meio do percurso para
desembarcar 5 pessoas que lutavam em busca de espaço no veículo. Desembarcaram, pegaram
suas malas, Agnes despediu-se de seu pai e cada um pegou um carrinho para suas respectivas
bagagens. Ao adentrarem no aeroporto, notaram novamente a grandeza do edifício.
-Vamos comer algo! -Sugeriu Max, mudando sua rota para uma filial de uma grande rede
de fast food.
-Vamos sim. -Apoiou Daniel, olhando para Sophia com um ar interrogativo; recebendo,
logo em seguida, um gesto de afirmação.
Foram então para o restaurante. Os casais sentaram juntos e Agnes, avulsa, sentou-se
numa cadeira logo à direita dos casais. Fizeram os pedidos, totalizando R$ 73,49. Conversavam a
respeito de coisas aleatórias, riam, assistiam as diferentes pessoas passarem por eles. A senha
convidou-os a pegarem seus respectivos pedidos, foram aos poucos para não perderem o lugar.
Assim como na pizzaria, o gozo alimentício fora sinônimo de silêncio. Terminada a refeição,
rumaram para o guichê de embarque, foram requeridos os passaportes -sim, eles o tinham!- e, em
seguida, despacharam as malas, restando-lhes apenas as malas de mão. Caminharam até o saguão
de embarque, sentando juntos numa fileira de assentos. Agnes começou então a mexer em seu
celular, pois o aeroporto oferecia internet gratuita.
Max e Fernanda, após alguns minutos sentados e abraçados, decidiram andar pelo
aeroporto até dar o horário do voo. Sophia e Daniel ficaram fazendo companhia a Agnes e
sondando o informativo dos voos periodicamente. Após 33 minutos, aproximadamente, o casal
ouviu a informação de que o voo para Buenos Aires havia pousado em Brasília e que o embarque
começaria em breve. Sophia ligou para Max, avisando-o.
-Alô, Max?
-O nosso voo aterrizou em Brasília, embarcaremos em breve.
-Sim, no mesmo lugar.
-Ok, até já.
Fernanda e o loiro estavam numa livraria observando os produtos, Fernanda os romances
e Max os romances-eróticos quando o celular do homem de cabelo cacheado tocou.
-Alô?
-Sim.
-Firmeza, estaremos aí em breve. Vocês ainda estão no mesmo lugar?
-Até breve.
-Vamos, Fêh, o nosso voo sairá em breve.
-Ok.
Max e Fernanda saíram da livraria e foram admirando o aeroporto até a localização do
restante do grupo. Chegaram lá e esperaram -junto aos outros amigos- 6 minutos até que o
embarque fosse anunciado. Foram andando por um corredor preto, mas iluminado até verem, ao
fundo, o interior de um avião. Caminharam no rumo dele, sendo recebidos por funcionários que
os cumprimentavam em inglês e, ao verem que eram brasileiros, em português. Deram passos
pelo corredor do avião até acharem seus respectivos assentos: Fernanda ficara na janela, ao lado
de Max, 20º fileira; Daniel e Sophia também ficaram juntos, mas nas poltronas do meio e do
corredor; Agnes, sozinha, localizou-se numa janela, na esperança de que alguém interessante
aparecesse para livrá-la do tédio. Após um certo tempo, o avião começou o processo de
decolagem, acelerando até a pista, e depois tendo que esperar, pois o trânsito era tão intenso que
havia uma fila para a decolagem das aeronaves. Enquanto o avião não decolava, eles ignoravam
as explicações dadas pelos comissários de bordo.
Finalmente liberados, o avião então encabeçou a pista, testando as asas e suas extensões.
Todos com o cinto de segurança, o avião deu início, então, a uma aceleração frenética rumo ao
ar. Após alguns segundos de tensão, o avião decolou sem problemas, e os jovens olharam-se
aliviados; estavam indo para a Argentina, para o mundo.
O voo até a capital argentina fora tranquilo; tedioso, até, o que causou ao grupo de jovens
alguns minutos de sono, encurtando assim o tempo de viagem. Pouco tempo após acordarem, o
piloto anunciou que “estaremos pousando em Buenos Aires dentro de 7 minutos, mantenham
seus cintos afivelados e voltem suas poltronas para a posição vertical, obrigado”.
Pousaram no aeroporto às 17:32, aguardaram algum tempo até que o “ritual do pouso”
fosse feito e, após alguns segundos, abriram a porta do avião, liberando a saída dos passageiros.
Os clientes desceram por uma escada que um caminhão acoplara ao avião, estes foram, em
seguida, para o interior do aeroporto, chegando em 2 minutos -aproximadamente- ao saguão.
Este, por sua vez, possuía o interior vasto e alto, haviam ferragens em seu teto que faziam um
arco suave paralelo aos lados menores da edificação que tinha o formato de um retângulo. Um
pouco abaixo do teto, no segundo andar, as paredes eram formadas por enormes janelas de um
vidro transparente, permitindo-nos uma boa visão do resto do terreno. Haviam também 8 placas
grandes de publicidade penduradas na estrutura férrea localizada no teto do saguão. No primeiro
andar, o piso branco limpo contrastava com listras pretas em sua superfície e com as divisórias -
também negras- dos guichês de embarque. Muitas pessoas transitavam nesse ambiente, andando
para lá e para cá com suas malas e ternos.
-Caramba, este aeroporto é muito bonito! -Exclamou Fernanda com certa surpresa
olhando seus amigos.
-É verdade, Fêh, olhe só que bonito o Sol começando a se pôr. Que lindo os raios
atravessando a vidraça! -Completou Agn,es parando sua caminhada brevemente para admirar a
cena.
-Não se dispersem, senão abaremos perdendo o voo para Ushuaia. -Lembrou Max.
Após Max falar, ambos assentiram e foram rumo ao guichê de embarque para confirmar
o voo com a atendente.
-Sinto muito, senhor, mas o voo para Ushuaia foi cancelado, ele fora adiado para amanhã
devido às condições climáticas na cidade. Siga este rapaz que os levará para o nosso atendimento
ao cliente, a companhia vos pede desculpas pelo transtorno e fornecerá uma diária num hotel e
transporte de ida e vinda gratuitos até que possam pegar o voo amanhã.
Os amigos, atônitos, olharam-se num ar questionador e, após alguns segundos,
enfurecido.
-Porra, a gente veio lá da puta que pariu para chegar aqui e ter o voo adiado? Sacanagem,
hein? -Vociferou Sophia.
-Desculpe, senhora, mas o tempo está muito perigoso para voarem, então decidiram
cancelar os voos de hoje.
-Cancelar é o caralho, eu quero o meu din...
-Acalme-se, Sophia! -Ordenou Max tampando com a mão a boca da garota enfurecida.
Sophia olhou fixamente para Max por alguns segundos enquanto respirava fundo e, ao
perceber que havia se exaltado, virou-se para a atendente e pediu-lhe desculpas, sendo
prontamente atendida.
-Os senhores podem me seguir, levarei vocês até a van que os conduzirá até o hotel. -
Respondeu um homem alto que assistia a cena furtivamente, causando um certo espannto nos
jovens -que não tinham notado o homem ali.
Os 5 sujeitos concordaram e seguiram o homem até a entrada do aeroporto. A entrada era
simples, com uma marquise que se estendia da calçada até a metade da pista. Nessa pista havia
uma van com o nome da companhia aérea escrito nele. O grupo fora instruído a entrar na van,
agradeceram o funcionário e entraram no veículo.
-Boa tarde, senhores! -Disse um homem que mesmo usando boné, revelava fios grisalhos.
-Eu levarei vocês até o hotel e amanhã buscarei-vos novamente.
-Boa tarde, moço, qual o seu nome? -Interrogou Fernanda.
-Chamo-me Ricardo, e vocês?
-Daniel.
-Sophia.
-Max.
-Fernanda.
-Agnes.
-Oh, belos nomes! Prazer em conhecer vocês.
-Igualmente. -Respondeu Sophia num tom indiferente.
Partiram então rumo ao hotel, que localizava-se no centro da cidade. Enquanto passavam
pelas infinitas ruas de Buenos Aires, admiravam a arquitetura com resquícios de exoticidade.
Chegaram enfim numa rua estreita cercada por prédios dos dois lados. Ricardo parou a van em
frente a um prédio com aparência antiga, mas requintada.
-Aqui estamos, este é o hotel em que vocês ficarão.
-Obrigado, Ricardo. -Os jovens agradeceram.
Desceram da van, retiraram suas respectivas malas e caminharam para o interior do
edifício. Ao adentrarem por uma porta de vidro, viraram à direita, ficando em frente à recepção.
-Posso ajudar-vos, senhores? -Indagou uma senhorita de cabelos negros que estava semi-
escondida atrás de um balcão.
-Eles são clientes da empresa aérea que cancelou os voos. -Informou Ricardo, tentando
destacar o logo na camisa social branca.
-Ah, sim! Estávamos aguardando vocês. Ramón! -Chamou. -Leve estes jovens ao quarto
deles.
Os jovens haviam combinado de ficar em apenas um quarto num bom hotel ao invés de
ficarem em quartos separados em uma hospedaria não tão luxuosa. Ramón, um rapaz que
aparentava ter uns 19 anos, cabelo curto, preto e liso, corpo magro, face fina e olhos azuis
apareceu ao lado de Agnes convidando o grupo a conhecer seus aposentos. Agnes, que levara um
pequeno susto com a voz imponente do rapaz, sorriu timidamente para ele, sendo respondida
com um sorriso de saudação; achou-o bonito e atraente.
Enquanto o elevador os transportava ao terceiro andar, Ramón explicava os horários das
refeições no hotel. Quando a porta se abriu, eles andaram cerca de 7 passos num carpete
vermelho com desenhos dourados, esse carpete cobria a superfície de um corredor que dava
acesso a 12 portas, divididas nos dois lados desse corredor. As paredes do andar eram cor de
pêssego, criando um ambiente refinado e suave. Chegaram no apartamento 306, Ramón abriu a
porta, empurrando-a para dentro com o braço e mantendo o corpo fora do cômodo, dando
passagem aos jovens.
-Se precisarem de qualquer coisa, falem comigo.
-Ok... Ah! Ramón, você conhece algum lugar bom para nos divertirmos esta noite? -
Perguntou Agnes.
-Hmm... Conheço um clube de tango, as pessoas que o frequentam são em sua maioria
jovens. Ele fica a umas 9 quadras daqui, pegarei um mapa na recepção e trarei para vocês em
breve, tudo bem?
-Ok! Muito obrigada. -Agradeceu Agnes, olhando nos olhos azuis do rapaz que cada vez
mais encantavam a ruiva.
Ramón entrou no elevador rumando a recepção e Agnes fechou a porta do quarto,
analisando -junta de seus amigos- o quarto em que passariam a noite. Ele era amplo, possuía
duas camas de casal e uma de solteiro, vários móveis decorativos, algumas pinturas, e uma
pequena sacada que revelava a pequena rua e as pessoas nela. No lado esquerdo do quarto havia
um banheiro com um chaveiro, uma banheira, uma privada, uma pia, espelhos e produtos com o
nome do hotel neles. Um quarto comum de hotel, mas mais luxuoso e requintado.
Eram 18:03, Fernanda convidou Max para tomarem banho, sendo prontamente
respondida com um “vamos!”. Pegaram suas roupas, toalhas, shampoos e condicionadores e
foram para o espaçoso banheiro.
Daniel e Sophia foram para a sacada observar o crepúsculo, tirar fotos da cidade e de si
mesmos e conversar enquanto o outro casal tomava banho -talvez para abafar possíveis ruídos
que possam ser constrangedores.
Agnes, inquieta, decidiu explorar o quarteirão do hotel; afinal, estavam de férias. Equanto
fechava a porta do quarto, ouviu a voz semigrave de Ramón chamá-la.
-Aqui o mapa, senhora!
-Não me chame de senhora, me chame apenas de Agnes, até porque estou solteira. -A
garota sorriu docemente para o funcionário para demonstrar que não estava repreendendo-o.
-Ah... Desculpe... Agnes. -Respondeu, tímido e envergonhado.
-Tudo bem. Ei! Que horas termina seu expediente?
-Na verdade, ele terminou às 18:00, vim apenas trazer o mapa para a senhor... você, como
prometi.
Ah, sim. -Respondeu, pegando o folheto da mão do rapaz.
-Ramón, gostaria de dar uma volta comigo pelo quarteirão?
-Ah... claro! Seroa uma honra, senhor... digo, Agnes.
-Bobo. -A ruiva respondeu sorrindo e dando um leve empurrãozinho no rapaz. -Então
vamos, sim?
-Mas estou com a roupa de trabalho.
-Não se preocupe, é uma volta rápida.
-Ok.
E desceram até o térreo, passaram pela recepção e saíram pelo lado esquerdo do hotel.
Equanto caminhavam lentamente, Agnes fazia perguntas sobre a vida de Ramón, e este
respondia sem hesitar. Conversaram sobre vários assuntos -pelo menos os que o quarteirão
permitiu- enquanto andavam e observavam o ambiente ao redor. Quando chegaram novamente
no hotel, a jovem perguntou a Ramón o que ele faria nessa noite.
-Nada. -Respondeu calmamente.
-Gostaria de ir ao clube de tango comigo e meus amigos mais tarde?
-Ah, eu... não sei, acho que iria atrapalhar. -Respondeu sem jeito.
-De forma alguma! Adoraria ter sua companhia lá. Diga que sim, por favor! -Agnes disse,
elevando a voz num tom de súplica.
-Tudo bem, tudo bem, eu vou sim. Só me dê meia hora para me arrumar, Sim?
-Ah! -Gritou de alegria. -Tudo bem, você nos encontra aqui na porta do hotel em 41
minutos?
-Pode ser. -A garota sabia que Ramón morava a dois quarteirões do hotel.
-Perfeito! Até lá, então. -Respondeu beijando o rapaz na bochecha, fazendo-o ficar
corado e sair apressado e envergonhado.
...
Tive talvez o melhor dia de trabalho da minha vida. Bem, contarei por partes. Mais um
dia tedioso estava ensaiando o próprio fim, estava sentado em algum lugar no saguão do hotel
planejando o meu futuro, sendo interrompido subitamente por Maria, que me invocou e ordenou
que eu levasse um grupo de jovens, que pareciam um pouco frustrados com algo e davam a
impressão de que não eram da minha querida Argentina. Nesse grupo, composto por três
mulheres e dois homens, uma se destacava, seja pela posição altiva seja pelo incrível charme.
Seus cabelo, preto e cacheado, descia em expiral até o seu ombro, enfeitando a face ligeiramente
morena e que, por ser fina, criava o vazia necessário para ser preenchido perfeitamente por seus
fios. Seus olhos castanhos e tímidos contrastavam e enalteciam a imponência de sua boca. Após
observá-la breve e sutilmente, levei os jovens para o quarto 306, um bom quarto. Após isso,
quando estava a caminho do meu posto tedioso, uma garota ruiva -que eu não havia prestado
atenção ainda- pediu-me informação sobre lugares para jovens irem à noite. Comecei a entrar em
desespero internamente, pois eu não ia para lugares assim, talvez por não ser muito sociável.
Pensei num clube de tango que eu havia ouvido doishóspedes comentarem sobre e prometi que
traria mais informações para ela. Desci apressado para o saguão e consegui encontrar um
daqueles panfletos com roteiros de viagem. Enquanto fazia minha jornada, comparava as duas
garotas em minha cabeça para, como que brincando comigo mesmo, eleger a mais bonita.
Ao voltar para o quarto após ter levado outros hóspedes aos seus respectivos dormitórios,
descobri que a garota ruiva chamava-se Agnes; comecei a observá-la com mais atenção e vi que
ela era tão bonita quanto a moça de cabelos negros, ou até mais que ela. Meu expediente já havia
terminado, mas disse para mim mesmo que aquilo era necessário, deveria entregar o mapinha e ir
embora com a sensação de missão cumprida. Quando aproximei-me do quarto, notei que estava
terminando de fechar a porta do mesmo, como se estivesse calculando o tempo exato que levaria
para alcançá-la. Mostrei -tímido- o papel a ela, que agradeceu e implicou comigo por chamá-la
de "senhora". Mas isto era pouco se considerado o que viria a seguir: ela me chamou para uma
caminhada, toda meiga e linda; não consegui recusar. Enquanto andávamos pelo quarteirão, via
ela -através do conhecimento sobre ela que eu adquiria com o passar dos segundos- crescer cada
vez mais e ofuscar a outra garota, que era aos poucos por mim esquecida. Quando nos
aproximamos do final do percurso, mais exatamente na entrada do hotel, ela me convidou para
ser sua companhia no clube de tango naquela noite. Fiquei interessado na ideia, mas hesitante
por não dançar muito bem -um argentino que não dança tango, que maravilha!
Após alguns segundos ponderando minha resposta, respondi que iria, sendo
recompensado instantaneamente com um doce e estonteante beijo na bochecha. Fiquei corado,
saindo apressadamente de sua companhia -que agora era algo agradável para mim- para evitar
que ela visse a minha vergonha.
...
-Onde você estava, Agnes? Só falta você para tomar banho. Ange logo. -Disse Fernanda
num claro tom imperativo.
-Ah, estava dando uma voltinha com o Ramón, ele será minha companhia esta noite no
clube de tango. -Respondeu com um sorriso malicioso camuflado entre os lábios.
-Hmm, Agnes pegadora, hein? -Brincou Daniel.
A ruiva deu de ombros e foi tomar o seu banho. Daniel e Sophia ainda estavam um pouco
molhados, denunciando o curto espaço de tempo entre o término do banho do casal e a chegada
da garota.
-Parece que a coisa não estava ruim no banheiro, hein Fêh? -Brincou Sophia, deixando
claro que os assuntos seguintes seriam baseados em sexualidade.
-Até que não, digamos que o Max é insaciável. Há! Há! -Enquanto ria, Daniel e o garoto
loiro entreolharam-se com expressões de interrogação.
-E a Agnes, Fernanda, será que vai conseguir levar o bonitão para a cama?
-Não sei, só sei que era para estarmos em Ushuaia neste exato momento, curtindo a
cidade e suas paisagens.
-Relaxe, amor, lembre-se que estamos viajando para conhecer o mundo e aproveitá-lo. E,
bem, Buenos Aires também entra na lista.
Max sentou atrás de Fernanda na cama, abraçando-a. Enquanto Sophia e Daniel estavam
entretidos observando a cidade pela sacada, ele deslizou as mãos para os seios e outros lugares
além da namorada, sendo respondido com um suspiro e três tapinhas que, mesmo ininteligíveis,
diziam "aqui não, mas saiba que não desaprovei isto". O jovem então recuou e abraçou sua
companheira, conversando sobre coisas aleatórias para passar o tempo.
Daniel e Sophia -como esperado- ficaram deslumbrados com a visão que tinham acesso,
passaram algumas dezenas de minutos parados, de mãos dadas, observando o "paraíso" como
uma criança observa a ala de doces de um supermercado, irracional, entregue, fascinado, crente
de aquilo ser o que precisa para uma boa vida.
-Sentiremos saudades disso aqui, Sôh.
-Que nada, existem muitas outras paisagens mais bonitas que nós ainda conheceremos.
-Espero que sim.
O casal que residia em Manaus estava tentando aproveitar o início da viagem ao máximo
(pelo menos o máximo que a sacada permitia), haviam traçado alguns locais que visitariam em
Ushuaia, e o mais importante: aonde iriam depois de Ushuaia e como iriam.
Cerca de 20 minutos depois, Agnes saiu do banho e fora arrumar-se. Era possível notar
uma certa vontade de gastar alguns minutos para ficar bonita. Enquanto maquiava-se, os dois
casais conversavam e davam os retoques finais. O som da televisão ecoava no quarto, fazendo
com que todos que, curiosos por ouvi-lo, buscassem as imagens da programação. Estavam
assistindo um canal de videoclipes e esperando o Ramón chegar.
O garoto, 42 minutos após (com 1 minuto de atraso) ter despedido-se de Agnes, bateu na
porta do quarto 305 e fora recepcionado por um homem grisalho e confuso com a presença do
jovem. Ramón então desculpou-se e, dando um tapinha na cabeça, lembrou-se que o apartamento
da ruiva era o 306. Andou alguns passos e, após um suspiro, deu três batidas firmes e secas na
porta. Alguns segundos depois, Agnes abriu-a com um sorriso e cumprimentou o rapaz com um
beijo na bochecha. Ramón, vermelho de timidez, retribuiu o cumprimento mais por educação do
que por prazer. Como pode uma garota cumprimentar um garoto que conhece há tão pouco
tempo na frente dos amigos assim?
-Olá a todos. -Disse o argentino tentando -apesar da timidez- manter a voz rigorosa e
audível.
Os amigos cumprimentaram Ramón e avisaram que ele podia relaxar e ficar à vontade
(estava tão vermelho quanto o cabelo de Agnes). Aprontaram-se de forma definitiva e partiram
para fora do quarto, depois para o elevador, finalmente, para a entrada do hotel. Optaram por
irem caminhando para terem a oportunidade de conhecer mais um pedaço de Buenos Aires. O
assunto durante o caminho fora agradável, Agnes estava ao lado de Ramón com demasiada
proximidade, o argentino estava apreciando aquilo, mas achava muito arriscado tentar algum
contato físico além do que já estavam tendo.
Chegaram ao clube de tango enfim, a entrada custava, numa conversão para reais,
R$15,11. Pagaram indiferentes e entraram por uma porta dupla de vidro escuro. O prédio era
largo e alto, com uns 6 andares e 11 quartos do extremo leste ao extremo oeste; a fachada era
iluminada e com uma marquise vermelha que cobria o caminho para a entrada. Havia também
um letreiro grande de uns 3 metros de altura, que estava paralelo à parede frontal do prédio, o
objeto tinha a forma de uma taça de martini com uma azeitona dentro, acima do copo estava um
salto alto, denotando sensualidade carnal e prazer alcoólico. Logo acima da porta estava escrito
de forma tímida, "Tango's Bar"; acima do prédio, em seu teto, esta palavra repetia-se de forma
incrivelmente maior.
O grupo brasileiro não prestara atenção na fachada do clube, vendo apenas algumas
lâmpadas que piscavam, talvez seja por causa dos perfumes misturando-se uns aos outros no
ambiente exterior, causando uma espécie de hipnotismo e alucinação; ou talvez pelo álcool que
ia aos poucos consumindo a razão das pessoas temporariamente. Todavia, o importante é que
conseguiram entrar no clube. Seguindo por um corredor que fazia uma leve curva para a direita,
viram duas portas, uma em cada lado do corredor. Interrogado sobre o que havia atrás das portas,
Ramón respondeu, informando-os de que tratava-se de quartos que as pessoas alugavam para ter
maior privacidade; mas, por quase nunca alugarem-no, haviam apenas dois. Continuaram
andando e viram um corredor que tinha início à direita dos amigos, no lado oposto, a porta do
primeiro salão, com instrumentos voltados para o acústico, esta sala tinha uma atmosfera mais
intimista e sensual. A segunda sala, no final do corredor, era o salão mais "elétrico", com bateria
e outros instrumentos, um lugar para uma dança mais rápida, animada e não tão sensual.
Ao entrar no salão de número II (elétrico), os amigos dispersaram-se, indo Fernanda e
Max para perto do bar que ficava no fundo do recinto, Sophia e Daniel foram instantaneamente
para a pista colocar em prática as poucas aulas de tango que haviam feito em Manaus -eles
precisavam de mais algumas aulas para "dançarem" de fato. Agnes e Ramón ficaram sentados
numa mesa um pouco antes do bar, conversando sobre coisas aleatórias.
...
-Duas doses de vodka, por favor. -Entoou Max ao garçom, deixando a voz levemente
grave para não ter que passar pela frustração de mostrar a identidade.
-Sim, senhor! -Retorquiu o garçom virando as costas para o casal e preparando as doses.
Voltou-se novamente com as bebidas e o loiro pagou-as.
-E então, Fêh, o que "tá" achando daqui?
-Até que é legal, a banda é boa, as pessoas são bonitas e as bebidas são deliciosas. Max,
falando nisso, vamos ficar só mais um pouco aqui no bar e vamos dançar, pode ser?
-Beleza, amor. -Respondeu dando um breve beijo na boca de Fernanda, que mesmo
espantada com a repentinidade do gesto, não desaprovou a atitude.
Foram então tentar dançar o tango que os argentinos tanto gostavam. Era de fato uma
dança difícil, o casal já havia dançado-a uma vez ou outra, mas não lembravam-se de como
dançar. Tiveram que apelar então para a cópia, olhavam para as pessoas ao redor e reproduziam a
dança. Fernanda estava envolta nos braços de Max e o garoto era seu prisioneiro, mesmo após
terem reencontrado-se já há algum tempo, a saudade não dava-lhes trégua.
Após algum tempo, decidiram dançar algo mais leve e romântico; sim, foram para o salão
I (acústico). Pediram mais um par de drinques enquanto escutavam o violino aliar-se ao violão
no palco.
-Vamos sentar um pouco, Fêh, estou meio cansado.
-O.K.
Ficaram numa mesa que estava numa parede adjacente ao palco, descansando e
aproveitando a breve estadia de Buenos Aires.
-Está gostando da viagem, amor?
-Até que sim, Fêh. Pelo menos estão compensando o voo cancelado. Aqui de fato tem
muitas mulheres bonitas.
-É mesmo? Então por que você não vai pegar elas, seu Max garanhão da meia noite?
-Porque já tenho você, meu amor. -Respondeu num tom sereno e apertando as mãos da
namorada. -Estava apenas brincando.
Passadas aproximadamente 13 minutos desde que sentaram-se, foram novamente dançar,
mas desta vez com mais calma e paixão. Dançarem até as quatro pernas implorarem por repouso.
...
Sophia e Daniel ficaram a noite toda dançando, esqueceram-se dos problemas e do
mundo ao redor deles, focando apenas em dançar, acompanhar e satisfazer o seu parceiro. A
princípio eles estavam "enferrujados", alguns pisões aqui, outros ali, uma errada no ritmo e por ai
iam os erros. Aproximadamente 1 hora e 3 minutos após darem início à odisseia das pernas,
começaram a melhorar consideravelmente. Garotos passaram então a disputar algumas músicas
na companhia de Sophia, que estava demasiadamente feliz por estar saindo-se bem no tango.
Afinal, ser o centro das atenções era o que ela mais queria para aquela noite. Porém, ela não era a
única pessoa que estava tornando-se popular, Daniel encantava as garotas a cada música que
passava, despertando a cólera da canadense.
-"Tá" bom, Daniel, vamos fazer uma pausa, tenho que conversar contigo. -Sophia disse
num tom sinistro enquanto puxava o namorado pela mão direita.
Sentaram num sofá próximo ao bar e descansaram enquanto conversavam. Sophia, que
estava de costas para o palco, olhou para a esquerda buscando estudar o ambiente e ficara
paralisada com a cena a que assistira.
-Veja, Daniel, a Agnes está pegando aquele argentino, o...
-Ramón. -Completou o garoto olhando para o mesmo lado que a namorada, procurando o
mais novo casal.
-Isso! Ramón! Caralho, hein!? A Agnes não perdoa um.
-Ela vai acabar sofrendo por causa desse cara. Mas e aí, topa outra rodada de dança?
-Pra quê? Pra você ficar todo todo com aquelas branquelas, Don Juan? Não, vamos ficar
aqui, pelo menos consigo vigiar você com mais facilidade nessa cadeira.
-Tá bom, então vou pedir um suco para mim, vai querer?
-Vou sim, e também vou querer uma batida de morango.
-Tá.
Enquanto tomavam suas respectivas bebidas, o casal fazia planos para a noite e para a
viagem. Estavam -aos poucos- tentando transformar a nova vida deles em normal. Não havia
muito tempo desde que saíram de Manaus, então isto causara diversos choques e estranhamentos
para o dois.
-Acho que devemos dançar mais um pouco antes de irmos embora, Sô. O que acha?
-Só um pouco, e você vai dançar apenas comigo e com mais ninguém.
-Tá bom, amor, vamos. -Disse Daniel dando a mão para Sophia e conduzindo-a até a
pista de dança.
Dançaram por mais alguns 12 minutos e perceberam que o cansaço estava tomando
forma em seus corpos.
-Ah... chega, vamos embora, Daniel. -Balbuciou a canadense, ofegante.
...
-E então, Agnes, quer dançar ou sentar em algum lugar para conversarmos?
-Hmm, não sei dançar tango, você sabe?
-Sei sim, quer que eu te ensine?
-Adoraria, então vamos para o salão de música mais lenta, é mais fácil para aprender.
-Tudo bem.
Enquanto iam, Agnes pegara de súbito a mão de Ramón, assustando o rapaz a princípio;
mas, logo após, mergulhando-o num mar de deleite e carinho. Eles olharam um para o outro e
seus olhares se encontraram, sugestivos, carnais, carentes.
Ao chegarem no salão I, Ramón começou a dar uma breve explicação acerca do tangoe
fora ouvido com vontade pela ruiva. Os dois começaram então (após a explicação) a dançar, a
garota estava com a cabeça no ombro direito do argentino, abraçava-o com força e olhava em
seus olhos regularmente. Os movimentos dos dois, ritmados e não ritmados, completavam-se, a
perfeição e a imperfeição, a vida e a morte, a água e o fogo. Ficaram nesta ação compartilhada
por 3 músicas quando Agnes disse que precisava beber alguma coisa. Ramón, por conhecer o
lugar, disse que o bar do salão II era melhor, a ruiva concordara com a sugestão e seguiu o jovem
até o outro salão.
Agnes pediu um suco de laranja e o rapaz, um refrigerante. Sentaram-se numa espécie de
sofá de lanchonete lado a lado e começaram a conversar.
-Agnes... bem, acho você uma pessoa encantadora.
-Também gostei muito de você, Ramón. -Equanto dizia isso, o argentino envolveu seus
ombros com uma mão e segurou a mão esquerda da garota com a outra livre.
Ela entendeu a intenção e mostrou um sorriso malicioso em seus lábios enquanto
inclinava o corpo para o lado de Ramón, seguindo o sentido da força exercida pela mão do rapaz.
Ficaram nesta posição por alguns minutos, quando o funcionário do hotel levantou o queixo da
garota com um dedo -denotando suavidade- e subitamente beijou Agnes que, sem hesitar, deu
continuidade ao beijo, que tornava-se mais intenso e mais caloroso com o passar dos segundos.
A poucos metros dali, Sophia e Daniel viram a cena, mas não toda, pois viraram o rosto neste
momento. A mão de Ramón, até agora apertando as de Agnes, começaram a caminhar pelas
costas da garota até pousarem em sua nuca. Ele envolveu-a num abraço onde ambos sentiam o
corpo um do outro, quente de excitação, pedir por mais. A mão da garota -que estava sendo
guiada pelo jovem até então- fora até o meio das pernas do argentino, notando um volume não
muito normal, deixando-a interessada pelo garoto estar assim. Em retribuição, ele penetrou a
calça de Agnes com a mão, descobrindo seu sexo, suas particularidades e arrancando um leve
gemido da garota. Eles estavam ali, no meio de uma grande quantidade de pessoas, masturbando
ou ao outro; mas para eles isso não importava, o prazer havia sobreposto os parâmetros sociais e
seus limites, até que, como uma faísca causa uma grande explosão, Ramón tomou consciência
novamente das pessoas ao seu redor. Tirou rapidamente a mão de dentro da roupa de Agnes (não
sem aproveitar-se do movimento para dar uma última dose de prazer à garota) e foi com ela para
um daqueles quartos que nunca alugavam.
Após pago o aluguel, entraram e -ignorando todo o ambiente- voltaram para onde
estavam, Daniel pegou Agnes em seus braços e começou a beijá-la efusivamente, não
esquecendo-se de tocar partes sensíveis do corpo da garota. Ela, por sua vez, estava extasiada
com a situação, não existia antes e depois, apenas o agora. A temperatura de seu corpo estava
elevada; ela, úmida. O paraíso não seria mais perfeito. Ramón depositou a garota na cama e tirou
sua camisa, encantando Agnes com o torso levemente definido. A ruiva então tirou a sua camisa,
expondo o sutiã preto que separava seus seios fartos das mãos do garoto. Ele deitou-se sobre ela,
beijando-a e voltando sua mão recém seca de volta para onde estava. A cabeça do rapaz migrara
da boca de Agnes para seu pescoço e depois para o meio dos seios. Tratou então de tirar o sutiã
rapidamente e jogá-lo ao lado da cama. A garota, mesmo nunca tendo feito aquilo, sentia-se à
vontade com o rapaz, pois sabia de alguma forma que ele a desejava. Ramón começou a
abocanhar o seio direito da garota enquanto a masturbava, mordiscava o mamilo, chupava e ia
para o outro seio, repetindo a ação.
Isso durou por alguns minutos, o rapaz desceu então para sua barriga, sendo respondido
por mais suspiros seguidos por gemidos de prazer e tesão. Tirou então a calça da garota e, logo
em seguida e vagarosamente, sua calcinha vermelha. Agnes proferia palavras de ordem ao
argentino, implorando por ele e excitando-se cada vez mais. Ramón, olhando Agnes nos olhos,
enterrou sua língua no clitóris de Agnes, que soltou um grito exasperado e contorceu as pernas,
envolvendo a cabeça do jovem nelas. Ele, por sua vez, deliciava-se em dar prazer para a ruiva,
caminhando sua língua por toda a vagina, arrancando contrações, gemidos e palavras de ordem.
Esta cena perdurou até Agnes sentir erradicar de seu corpo uma sensação de prazer absoluto que
fora crescendo mais e mais. Levantara suas costas da cama, ficando apoiada pela cabeça,
nádegas e pés. Agnes apertou a cabeça de Ramón com força contra o seu corpo e viu a sensação
de prazer daquele local crescer mais e mais. Cresceu até dominá-la por completo, seu corpo,
imerso em prazer, contorcia-se todo, ela era prisioneira do argentino, podendo apenas gritar sons
inaudíveis e, após algumas palavras proferidas, um "vou gozar" fez-se ouvir em alto e bom som
por todo o quarto. Ela tentou fechar as pernas, sendo impedida por Ramón, e projetou para fora
alguns jatos de um líquido transparente com poucos tons de branco. Suada, ela puxou o rapaz e
abriu sua calça, parando brevemente para recuperar-se tanto em corpo quanto em fôlego. Ao
abrir a calça, ela viu que algo enrijecido estava sendo guardado dentro da cueca negra. Desceu a
peça de roupa e pôs suas mãos no órgão duro e pulsante diante dela, sendo respondida por um
"hum". Levou sua boca a ele e dirigiu o olhar para os olhos semicerrados de Ramón. Agnes era
virgem, mas já havia feito sexo oral em algumas ocasiões. Começou então a chupar o argentino,
que deliciava-se -assim como Agnes a pouco tempo atrás- com a cena, segurando e puxando os
fios ruivos da brasileira. Após sentir o princípio da mesma sensação que Agnes sentira, afastou-a
de si e fora buscar algo em sua calça, encontrando um presevativo e colocando-o em seu pênis.
-Ramón, acho melhor a gente ficar só nisso. -Agnes quebrou o silêncio que se instalara.
-Por quê? -Perguntou surpreso.
-Acho que não estou preparada e que este também não é o momento certo. -Disse com
certo constrangimento.
-Confie em mim, Agnes, não será ruim.
-Não, Ramón, não quero. -Agnes disse levantando o tom levemente.
-Hum, tá bom. -Respondeu desapontado.
-Mas posso te chupar até o fim.
-Pode ser.
E Agnes voltou para onde estava, continuando até que Ramón a afastasse e expelisse
alguns jatos de um líquido esbranquiçado bem parecido com o de Agnes.
Tomaram um breve banho com leves carícias, aprontaram-se e começaram a perceber
alguns detalhes do quarto, como um quadro na parede vermelha acima da cama, a banheira no
banheiro, algumas flores e alguns espelhos. Viram estes poucos detalhes rapidamente e saíram
do quarto.
...
Antes de entrarem na casa de tango, os amigos combinaramde se encontrar na entrada
entre 2:00 e 3:00 horas. Como todas as pessoas do grupo tinham um pouco de pontualidade na
personalidade, não fora muito difícil encontrar o grupo reunido.
-Ah! Finalmente o casalzinho chegou! -Disse Max, bêbado, referindo-se a Agnes e
Ramón.
-Não dê moral para ele, Agnes, está bêbado. -Advertiu Fernanda.
-Beleza. -Agnes respondeu um pouco incomodada com a sentença dita por Max.
Sophia e Daniel estavam sentados num sofá que havia nos primeiros metros após a
entrada da edificação, estavam cansados e sonolentos, sem forças para qualquer possível
discussão sobre ciúmes. Apenas se levantaram e juntaram-se ao resto do grupo numa caminhada
de volta para o hotel. O trajeto de volta fora cheio de risadas e vômitos, afinal, a característica
mais notante do bêbado é esta: colocar para fora o que faz mal.
Quando chegaram na porta do hotel, os jovens entraram na hospedaria com exceção de
Agnes e Ramón.
-Bom, acho que é a hora de nos despedirmos. -Disse Ramón, tentando esconder a
frustração pela qual passara há algumas horas.
-É, acho que sim. Muito obrigada pela noite, Ramón, você é um cara super legal, gostei
muito de você. Adoraria ficar aqui com você, até porque acho que estou até apaixo... bem,
amanhã minha viagem continua, tenho que ir para Ushuaia com meus amigos.
-Agnes. -Pegou na mão da garota. -Fique aqui, comigo, estou gostando de você e acho
que isso é recíproco. Sei que você tem que ir, mas fique, fale para seus amigos que decidiu ficar
aqui por mim, por nós. -Ramón falava com tanta emoção e sentimentalismo que parecia nem
lembrar que ela o recusara.- Veja, já gostei de várias pessoas, mas com você é diferente, eu te
amo, Agnes! Fique comigo.
Neste momento uma dor lancinante surgiu no peito de Agnes, estava atônita. Queria
Ramón, mas tinha que seguir em frente, o garoto chegou aonde ninguém havia chegado antes,
mas o seu sonho estava sendo realizado.
-Eu... não posso... -Balbuciou a ruiva enterrando a cabeça no peito de Ramón e chorando
desesperadamente. -Eu te amo, Ramón. -Disse quase inaudível entre o peito do argentino.
Ramón hesitou por alguns momentos e, após uma ponta de cólera, tirou Agnes de perto
de si e seguiu para sua casa sem ao menos se despedir ou olharpara a garota que, em prantos,
pôde apenas ver a silhueta de Ramón dando passadas firmes e virando numa esquina qualquer,
afinal, o rapaz já havia sofrido muito por um dia, ou talvez apenas não quisesse manchar a sua
masculinidade chorando perante uma garota. Ninguém sabe.
Agnes, triste deveras, passou acelerada pela recepção para evitar perguntas indiscretas e
buscou refúgio nas paredes confiáveis e sinceras do elevador. Chegou ao andar de seu quarto e
introduziu-se no quarto com a face ensopada de lágrimas.
...
Os 4 amigos caminharam vacilantes até o quarto. Durante o percurso, uma pergunta
surgiu na cabeça de Sophia:
-Como Agnes fará com o Ramón? Parece que estavam se dando bem, mas a nossa
viagem é amanhã. Quero só ver como ela vai fazer com ele.
-É verdade, acho que acabará nos restando a missão de consolar a pobre garota. -
Completou Fernanda.
Max e Daniel, se tinham força para falar, preferiram ficar quietos e seguir logo para o
quarto, sentiam uma necessidade colossal de tomar um banho, pois estavam suados e sujos.
Os dois casais chegaram enfim ao quarto e puderam tomar o tão esperado banho. Na
sequência, trataram de pular na cama, restando a Daniel a missão de desligar a luz. Quando este
caminhava até o interruptor ao lado da porta, esta se abriu bruscamente, materializando Agnes e
suas lágrimas dentro do quarto.
...
-Mas que diabos aconteceu, Agnes? -Daniel perguntou recobrando a lucidez (mesmo que
temporária) causada pelo espanto.
-O... Ramón... -Ao balbuciar esta última palavra, o choro, controlado em partes,
transformou-se numa avalanche de desespero e lágrimas.
-O que ele te fez, Agnes? -Daniel perguntou, demonstrando um princípio de irritação.
-Ele não fez nada. -Disse em meio a soluços. -É que... não vamos mais nos ver. -
Completou.
Ao ouvir isto, Fernanda olhou para Sophia de forma sugestiva, como que querendo dizer
"eu avisei, estava certa".
Em poucos minutos, Agnes estava contendo as lágrimas novamente, rodeada de seus
amigos numa cama. Palavras motivadoras (pelo menos pareciam) eram ditas à garota, que
recebia abraços e beijos de todo o grupo. Agnes, após acalmar-se, conseguiu dormir como todo o
resto do grupo, mas não sem antes gastar algunas minutos de "pré-sono" pensando no rapaz,
sozinha, em silêncio, isolada na escuridão do quarto.
...
O dia, como era de se esperar, amanheceu com uma suave brisa matutina, anunciando
que Ushuaia estava cada vez mais perto.
-Bom dia, galera! -Gritou Daniel, empolgado, acordando todos os habitantes do quarto.
Max, por sua vez, fora vítima de uma terrível dor de cabeça, consequência da dita ressaca.
-Bom dia, Daniel! -Respondeu Fernanda, alegre.
-Bom dia, amor, que horas são? -Sophia indagou.
-São 10:02, Sophia.
-Obrigada.
-E você, Agnes, está melhor? -Perguntou Fernanda num tom amistoso e suave.
-Ah, Fêh, até que sim. Agradeço muito ao apoio que vocês me deram, foi muito
importante.
-Não se preocupe, amiga, todos nós já sofremos por amor também.
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-O que foi, meu amor?

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  • 1. PREFÁCIO Cinco grandes amigos –para não dizer inseparáveis– prometeram uns aos outros, nos tempos do 1º grau que, quando se formassem, todos eles fariam uma viagem comemorativa pelo mundo que duraria uma semana. Obviamente a ideia obteve enorme aceitação, uma vez que os amigos nutriam um amor familiar entre eles. Esse amor familiar muitas vezes era substituído por conflitos, tristezas, talvez até choros. Mas são essas mudanças sentimentais que fazem a vida valer a pena, ou será que não? Estes grandes amigos não eram perfeitos, e alguns defeitos muitas vezes pareciam perigosos. A cada mês eles economizavam uma quantidade da mesada que recebiam, um deixava de comprar uma revista, outra resistia à tentação de comer um doce, e assim por diante. Os amigos estavam esperançosos, ansiosos e, por mais estranho que pareça, com medo de algo, mas não sabiam o porquê desse medo nem a quê ou a quem temer. Mas esse medo era logo esquecido pela expectativa e pelas conversas, fofocas, namoricos, brincadeiras e lições de casa. No aniversário de 2 anos da promessa (sim, eles contavam os dias em que fora feita e os dias que faltavam para que se realizasse), houve um grande infortúnio: se separaram, e, pior que isso, foram para regiões totalmente distantes, restando apenas um na cidade em que tudo começou: Brasília. Max Müller teve uma infância conturbada. Sua mãe, Clarice, perdera seus pais ainda criança, o que a forçou a ir para um orfanato, já que seus familiares moravam no exterior. Ao completar 18 anos, Clarice fora expulsa do lar que a abrigara durante sua adolescência, um doloroso período, uma vez que, quando perdeu seus pais, estava começando a entrar na puberdade. E no orfanato não havia qualquer tipo de informação a respeito. A fachada do orfanato já estava gasta, uma fachada branca e com pequenas rachaduras, mas acolhedor. O prédio ficava numa rua arborizada com pouco movimento e pouca iluminação. Fora nesse ambiente "comum" que Clarice passou maior parte de sua adolescência. Sem expectativas de vida, sem saber o quê sua existência representava, e sem saber se deveria
  • 2. continuar com ela. Será que ela era a "sobra" de algum destino? Será que ela estava sendo castigada por algo? Quando saiu do orfanato aos 18 anos, ela não tinha a mínima noção do mundo que não fora tocado por ela desde a adolescência. Parou, pensou, imaginou, planejou e tentou da melhor forma possível executar algum plano, talvez em vão. Eram 2:45 da manhã e ela estava andando na rua despreocupada com a vida e totalmente sem rumo. Um homem apareceu, veio na direção dela. Ela perguntou o que ele queria, nenhuma resposta. O homem chegou perto dela, ela tentou se afastar para manter uma distância "segura". Ele continuou se aproximando até ficar com a cabeça ofuscando a luz do poste acima deles. Clarice olhou para o lado em busca de algum objeto de defesa, quando virou o rosto sentiu uma pancada absurdamente forte. Clarice abriu os olhos e enxergou um teto super limpo com uma pequena lâmpada. Havia uma enfermeira sentada ao seu lado lendo uma revista, provavelmente sobre celebridades. -O que aconteceu comigo? - Perguntou a recém-mulher. -Encontraram você na rua machucada e sangrando. -Respondeu a enfermeira. -Mas meu corpo não está doendo, exceto minha.... -Ela hesitou por um momento, e concluiu que fora estuprada. -Olhe, sei como se sente, mas não se preocupe, o sujeito já fora preso por moradores que o viram agindo. -Oh, meu deus! O que aconteceu comigo? Como podem existir tantas pessoas cruéis assim no mundo? -Ela chorava desesperadamente. -Fique calma, moça, você tem muito a viver e superará o que aconteceu. Acredite! - Aconselhou a enfermeira que aparentava ter uns 46 anos. Tempos se passaram e Clarice, que estava se recuperando do recente trauma, descobriu que estava grávida. A primeira coisa que pensou foi em abortar o fruto de algo que ela desejava esquecer. Ela ponderou o sim e o não por alguns dias. Decidiu ter o filho, mas iria deixá-lo em um orfanato. Uma grande amiga de Clarice aconselhou-a a ter e criar o filho, pois ela sabia muito bem o que era viver na ausência dos pais e, pior que isso, viver isolado do mundo em um orfanato.
  • 3. Anos de desespero se passaram, a mulher tentava criar o filho da melhor maneira possível. O bebê fora batizado de Max Müller, pois era o nome de seu pai, o qual amou perdidamente, mas em segredo. Clarice conheceu um homem e casou-se com ele, tendo 3 outros filhos. Esses filhos foram criados com muito afeto, talvez até mais do que Max fora, o que despertou o ciúme no filho 5 anos mais velho que os irmãos. Max foi ignorado durante os tempos seguintes, tendo de aprender a viver e a lidar tanto com o mundo exterior quanto com o interior, uma vez que tinha de cuidar de si mesmo e de seus irmãos quando seus pais saíam para festas e mais festas. Essa autonomia resultou no amadurecimento precoce de Max que, aos 11 anos, era totalmente independente. O garoto possuía um humor terrível e sempre tratava as pessoas ao seu redor com desprezo, sarcasmo e ironia. Também achava que era superior aos outros por ser mestre nesse quesito. O jovem e arrogante garoto buscava o conforto materno e paterno em si mesmo, uma vez que erguera uma barreira contra a solidão no lugar em que deveria estar a presença paterna e materna. Talvez ele buscasse na arrogância um espaço para poder ficar sozinho e pensar no que lhe fora mostrado e o que ele pegou ou seguiu. Afastar as pessoas nos deixam sozinhos, e a solidão pode combater a outra solidão, era o que Max pensava inconscientemente. Sua mãe nunca notou a mudança no filho, já que ela foi gradativa e camuflada. Mas ela estava começando a notar excessos em Max e, que se ela não o ajudasse, talvez esses excessos pudessem prejudicar seriamente seu primogênito. Mas como intervir e ajudar alguém que não quer mais ajuda e que criou um sistema auto-suficiente para evitar opiniões exteriores? O garoto era alto, magro e dono de olhos pretos. Possuía cabelos na altura dos ombros, que formavam leves cachos loiros. Também era provido de encantadoras covinhas no queixo. Era forte, tanto emocionalmente quanto fisicamente, mas, por vezes, inseguro. Tinha uma inteligência exacerbada. Agnes Magno, ao contrário de Max, teve uma infância plena. Seus pais, ricos, se divorciaram quando a garota tinha 6 anos. Seu pai era político e, sua mãe, médica. Sempre ocupados, eles nunca tinham tempo para a filha, que clamava por atenção.
  • 4. A menina sempre fora mimada pelos pais, que supriam sua ausência, tanto física quanto sentimental com incessantes presentes. A mãe, preocupada demais com seus pacientes, esquecia sua vida familiar e íntima. O pai, soterrado de reuniões e compromissos políticos, colocava o emprego em primeiro lugar. Ela, por sua vez, cultivou uma revolta silenciosa e sutil contra o modo de criação que seus pais lhe ofereceram. Com a ausência fraterna, ela buscava preencher o vazio deixado por eles em seus amigos, de forma que se tornava o centro das atenções. Possuía uma simpatia notável, mas também uma ingenuidade deveras peculiar. Essa rebeldia resultou na sua inclinação para visões políticas esquerdistas. Abominando o trabalho do pai e a forma que ele o fazia, ela se transformou em uma líder dos "canhotos", liderando diversos movimentos politicos contra principalmente seu pai. Mesmo não sendo a mais inteligente, seus amigos induziram Agnes a se rebelar contra seu pai, sendo um modelo publicitário bastante interessante: a filha de um político que acompanha de perto as supostas "sujeiras" do pai e que, com um pouquinho de criatividade, pode acabar com a carreira política do mesmo. A garota acreditava que, ao crescer, seus problemas desapareceriam assim como a parte negativa de ter filhos. A adolescência estava batendo à porta, e ela ainda acreditava vagamente que tudo mudaria a partir de então. Na adolescência ela gastou fortunas com coisas fúteis e sem utilidade alguma. Mesmo tendo tendências comunistas, Agnes era uma consumista nata. A adolescente se sentia de certa forma isolada, mas quase não dava atenção a isso, sempre estava rodeada de amigos. Mas então que isolação era essa? Seria a ausência dos pais? Talvez ela precisasse de um parceiro amoroso, talvez sexual. Agnes sempre escondeu de seus pais o enorme apetite sexual e suas fantasias. Mesmo virgem, a jovem possuía enormes pensamentos sexuais, almejava o sexo quase como se fosse seu objetivo de vida. Uma moça insaciável, diga-se de passagem. A adolescente, de média estatura, talvez 1,68 m, possuía longos e ondulados cabelos ruivos cobreados, que iam até a cintura. Ela era dona de um belo par de olhos verdes, sua face era decorada com sutis sardas. A garota também era provida de um belo corpo, que muitas vezes chamava a atenção. Além disso, era muito sentimental, muitas vezes chorando por coisas desnecessárias.
  • 5. Sophia Walkemann era uma canadense que, ao nascer, se mudou para o Brasil. Sua infância fora comum, mesmo que sua família enfrentasse inúmeros problemas financeiros devido à falência da empresa onde seu pai trabalhara. Eles vieram à terra tupiniquim por conta da filial que o chefe de John Walkemann, pai de Sophia, iria abrir em Brasília. John fora convidado para gerenciar a filial que, por infortúnio do destino, faliu com 3 meses de funcionamento. Esse fato ocasionou diversas crises econômicas na família, o que, por sua vez, afetou Sophia de diversas formas: poucos presentes, quase nenhuma viagem de férias e outras adversidades. Porém isso não afetou a determinada e egocêntrica garota, pois ela idealizava uma família perfeita, atenciosa, amorosa e compreensiva. Todavia, ela, ás vezes, notava os incontáveis defeitos de seus progenitores. Sophia possuía um otimismo tolo que a cegava diante do real. Não tinha, evidentemente, uma ponta de realismo, não por opção, mas por necessidade, uma vez que, se encarasse a vida que estava tendo na infância, provavelmente entraria em depressão, sem a mínima vontade de pensar, inerte em crises existenciais. A garota, de pele morena, possuía cabelos na altura do ombro, pretos e cacheados. Era um bocado alta, dona de uma estatura típica para modelos, 1,80. Sua face era fina e magra, mas bela. Tinha um par de olhos castanhos, que denunciavam madrugadas sem sono e a paciência gasta por uma adolescente que pensa numa vida melhor até tarde. Sua boca era ligeiramente grande e convidativa e sua expressão serena. Hefesto se orgulharia de ver o berço de ouro que fora usado para sustentar Daniel Silva, um menino que nascera em família rica. Fora criado com todos os mimos possíveis, talvez um erro por parte dos pais. Com isso o garoto não amadureceu psicologicamente, algo como saber "se virar". Logo, ele precisava de seus pais para tudo, não tinha a autonomia de fazer algo sozinho e de viver por conta própria. Um menino carente de malícia da vida e de experiências era facilmente persuadido e não tinha opinião própria sobre quase nada ao seu redor, talvez nada. Mas ele não tinha necessidade de aprender isso, seus pais sempre estavam lá, sempre o protegiam, sempre o abraçavam e diziam que a vida era bela. Um escudo contra o mundo ao redor de Daniel foi se formando, mas isso não era importante, ele tinha uma saída para tudo.
  • 6. Daniel tinha cabelo curto, preto e crespo. Seus olhos eram negros e caídos. Sua expressão era cansada, seu rosto, comum. Possuía também 1,75 de altura e era magro. Seu modo de olhar dava a impressão de medo e de surpresa, talvez um alvo fácil para trapaças e golpes. Fernanda Solberg era uma jovem sincera, de voz ativa, compreensiva e aberta a novas ideias, mas também possuía um temperamento um tanto quanto inflamável e, mesmo que fosse aberta a novas ideias, raramente seguia-as. Ela gostava também de meditar durante meia hora todos os dias. Via isso como uma válvula de escape para relaxar e colocar sua criatividade para trabalhar. Também usava esses momentos para reflexões, sejam elas existenciais ou pessoais. Ela não era uma garota do tipo popular, era mais reclusa e tinha uma timidez que para muitos era extremamente interessante e sedutora. Colocava a emoção à frente da razão, o que explicava seu romantismo e o carinho com as pessoas que passavam por sua vida. A jovem também possuía um carinho especial por batons, porque estes realçavam sua boca pequena, e um carinho maior ainda por batons da cor vermelha. Era dona de um cabelo loiro ondulado, olhos castanhos claro como o tronco de uma árvore e uma estatura baixa. Ah, e era o meio termo entre magra e gorda. Sua face era um pouco redonda, sua expressão, desinteressada. Seu olhar dava a impressão de desatenção ou falta de interesse em algo -talvez uma impressão equivocada. E, por último mas não menos importante, possuía uma voz comum com um leve tom doce. Seus pais: Rodrigo e Linda Solberg, eram músicos. Linda tocava violino na Orquestra Sinfônica de Brasília, e Rodrigo era contador. Fernanda não sofrera tanto na infância, apenas erros que servem como experiência/aprendizado que todos nós cometemos. Mas os dela tinham uma conexão anormal com o sentimentalismo exacerbado, talvez por influência de sua mãe, que usava a música como expressão-mor de seus sentimentos. A garota nasceu em Brasília e rezidira toda sua vida na cidade, conhecera os outros amigos na 1º série do ensino fundamental. Apesar das poucas amizades, Fernanda conservava todas as que já tinha feito, sendo uma amiga confiável e solidária. Os amigos separaram-se na 2º série do ensino médio, faltando apenas um ano para que a promessa fosse cumprida. Eles mantiveram contato através da internet, planejando, trocando as novidades e, de certa forma, ficando vivos até lá.
  • 7. Agnes, que fora a única que continuara residindo em Brasília, continuou suas vida de solteira, mas, claro, sempre perto de seus amigos, que ela prezava imensamente. Max foi morar em Curitiba, encantado com a beleza e qualidade de vida da cidade. Fora deveras doloroso para o garoto distanciar-se de sua namorada, Fernanda, que tinha em São Paulo a sua nova residência. Optaram por não dar término ao relacionamento que haviam construído em um grande espaço de tempo, pensavam em casamento, até. As férias escolares do casal eram sempre as mesmas: numa, Max ia a São Paulo e, noutra, Fernanda visitava seu amado na capital paranaense. Eram 15 dias de deleite, a distância deixavam-os extremamente carentes, mas fieis, pois saberiam que dali a alguns meses tudo isso seria substituído por sexo, horas abraçados e atividades que casais, para satisfazerem a si próprios, fazem. O pai de Sophia recebeu uma proposta de emprego. Toda a família ficara eufórica com a notícia, mas havia algo a mais, deveriam mudar-se para Manaus. E assim foi feito. Daniel, namorado de Sophia, -quantos casais!- decidiu ir para Manaus, uma vez que não tinha nada a perder, possuía dinheiro suficiente para sustentar-se sozinho por um bom tempo. O clima da nova cidade era insuportável para ambos, mas não podiam sair de lá, não ainda. Daniel conseguiu uma casa 4 ruas abaixo da de Sophia, algo raro e louvável, até. Quanto à situação do casal, ela era normal; estável, mas com algumas brigas. Amavam-se e também formavam um casal quase perfeito: o ego da garota comandava as rédeas do relacionamento, e a ingenuidade de Daniel era guiada de acordo com as vontades do proprietário dessas rédeas. ... São seis horas da manhã de uma quarta-feira, dia 17 de Dezembro de 2014, Agnes acabara de acordar. Estava seminua. Seu corpo, exposto, não importava-se em ser mostrado por sua dona naquele local. Esfregou os olhos, abriu-os com mais firmeza que antes, soltou um leve sorriso. O último dia letivo aproximava-se e, com ele, o fim do ensino médio. Retirou então a
  • 8. coberta sob seu corpo, sentou-se na beirada da cama e mais um inevitável sorriso brotou em sua face, era impossível não ficar feliz. Fora caminhando lentamente para seu banheiro a fim de suprir suas necessidades. Sempre observava-se no espelho e perguntava-se se algum garoto faria amor com ela. A masturbação diária -para não dizer constante- fora sua válvula de escape nos últimos anos, e a excitação matutina era grande demais para que a garota ignorasse. Feito isso, voltou ao seu quarto para vestir-se e ir ao colégio, quando, subitamente, seu telefone tocou. "Quem está me ligando numa hora dessas?" pensou. -Alô!? -Agnes? -Perguntou uma voz com um entusiasmo repentino. -Sim, quem fala? -Somos nós, oras! -Disseram duas vozes que pareciam distinguirem-se em timbre e tom. -Sophia? Daniel? São vocês mesmos? -Agnes estava com o mesmo entusiasmo. -Sim, somos nós! Como você está, Agnes? -Estou bem, e vocês? Caramba, fiquei com saudades de vocês. Por quê sumiram? -Sumimos por um tempo para fazermos esta surpresa a ti. Ah, e estamos bem. -Que surpresa? -Lembra quando fizemos a nossa promessa? -Peguntou Sophia, que servia de porta-voz do casal. -Sim. -Pois então, falei com o Max e com a Fernanda, estamos indo para Brasília -mais especificamente sua casa- daqui a exatos 3 dias. Agnes hesitou por um momento, um par de gotas de lágrimas decidiram descer sua face, seus melhores amigos estariam ali, em sua casa, para viajarem ao redor do mundo em poucos dias. -Porra! Deviam ter avisado antes! -Foi mal, Agnes, é que era uma surpresa. Enfim, tenho que desligar, tenho aula em breve. Beijos. -Beijos... Ah! E mande um abraço para o Daniel também. -Está querendo pegar meu namorado, vadia?
  • 9. E ambas as garotas riram. Agnes começou então a vestir seu uniforme, passou a maquiagem, pegou sua mochila verde em cima da cadeira do computador e abriu a porta do quarto. Fora caminhando por um corredor que dava para a cozinha. Esta, por sua vez, era grande, com uma mesa com oitro cadeiras no meio do cômodo, um balcão dividindo o cômodo em sala de jantar e cozinha. Tinha também etrodomésticos e móveis que criavam um ambiente refinado no local. A garota tratou logo de sentar numa cadeira, pegar um pão e começar a passar manteiga nele. Enquanto fazia isso, pegou uma xícara e encheu-a de café. Tentava -com sucesso- esconder a felicidade que a dominava, talvez para não ter que falar para os pais o ocorrido, o que demandaria tempo e paciência, coisas que, na hora, não estavam disponíveis. ... Uma música frenética começou a tocar no celular. Max levantou-se e, num instante, tratou de desligar o despertador. Levantou-se , calçou o par de chinelos e foi arrumar sua cama. Feito isso, foi para o banheiro, onde lavou seu rosto com água fria e escovou os dentes; tentou também pentear seu cabelo loiro, sem sucesso. Voltou então ao seu quarto, onde vestiu a camiseta de uniforme e a primeira calça jeans que encontrara em sua frente. Max, emancipado de seus pais quando ainda morava em Brasília, morava sozinho em Curitiba, uma tarefa fácil para ele, uma vez que precisou apenas de arranjar um emprego. Deu alguns passos além de seu quarto e viu-se de frente com a geladeira. Abriu-a e pegou uma maçã, lavando a fruta logo em seguida e abocanhando-a. Enquanto comia, procurava seu celular para fazer uma ligação a alguém. Encontrou-o segundos depois num dos bolsos da mochila, digitando um número de São Paulo logo em seguida. -Alô!? - Perguntou uma voz um tanto sonolenta do outro lado. -Alô, Fêh?
  • 10. -Sim, quem fala? -Poxa, amor, sou eu. Achei que tivesse meu número. -Oh, Max! Tenho seu número sim, mas acabei de acordar e estava com muita vontade de dar fim a esse toque irritante do meu celular. -Hmm, entendi. Como você está? -Bem, e você, amor? -Estaria melhor se a minha namorada prestasse mais atenção em quem liga pra ela. -Pô, amor, já pedi desculpas. -Enfim, está animada para a nossa viagem? -Sim! Estou a semana toda pensando em como será e como os outros devem estar. E você? -Ah... até que estou um pouco animado, será legal. - Disse dando a última abocanhada na mação e checando se a casa estava devidamente trancada. -Sim, com certeza será! -O que você está fazendo aí, Fêh? -Estou indo para a escola com meu pai. E você, Max? -Trancando a casa e indo para o ponto de ônibus. -Hmm. E suas malas, você já as fez? -Perguntou Fernanda. -Já, já está tudo organiado para sexta-feira. -Querido, cheguei na escola, tenho que desligar. -Bah, tudo bem. Beijos, amor. -Beijos... O garoto desligou o celular e continuou sentado no ônibus esperando a escola chegar. O jovem observava a cidade acordar pela janela: pessoas, carros, prédios, casas, esquinas, semáforo; pessoas, carros, prédios, casas, esquinas, semáforos. Max ia admirando a atmosfera urbana, o ligeiro frio, as árvores, a vida. Por fim, chegou na escola e adentrou a sala do 3º ano do ensino médio para o última dia, um dia especial, mas uma aula normal. A sala era ampla, branca e tinha 15 cadeiras. O quadro localizava-se ao lado da porta e, um pouco à frente deste, havia uma mesa de madeira prensada um tanto quanto velha. Nesta mesa haviam 3 canetões, sendo um deles vermelho, um preto e um azul; haviam também alguns
  • 11. livros e um apagador. O ambiente era provido de um ventilador de teto preto e duas janelas grandes na parte de trás da sala. Max sentou-se na primeira fileira e aguardou o professor. Neste dia ele teve aulas de Química, Física, Biologia e Português. O resto das aulas foi utilizado para fazerem uma confraternização geral entre a escola e os alunos. Houve também um amigo secreto, e o rapaz ganhou um CD de Rock. Voltou então para sua casa pelo mesmo caminho que fizera mais cedo, mas desta vez sem admirar o ambiente, estava cansado demais para isso. Ao adentrar sua casa, tirou o peso das costas e deitou-se em sua cama, que ficava abaixo de uma janela. A casa de Max possuía três cômodos, apenas: banheiro, sala e quarto. Era demasiadamente pequena para o aluguel que pagava, mas não tinha alternativa. Em seu quarto estavam localizados um computador, que ficava numa mesinha; uma cama, já citada, um guarda- roupas médio, que estava ao lado da porta; um violão deveras velho e algumas peças de roupa jogadas pelo quarto; além, claro, de uma cadeira que pegara do conjunto de jantar da sala. Alguns passos à direita do quarto e chegávamos no banheiro; simples, mas higiênico. Max fazia a limpeza de sua casa semanalmente, e o executava com habilidade. Na sala havia uma TV pequena, de umas 20 polegadas, talvez; uma mesa de jantar com 3 cadeiras e um sofá com dois lugares, além de pôsteres de Rock que não cabiam mais nas paredes do quarto abarrotado de imagens. ... Fernanda estava gastando os 3 dias para descansar e meditar. Estava conhecendo um parque novo de São Paulo por dia. Ela arranjava um lugar com uma bela vista da natureza, fechava seus olhos ao som de músicas atmosféricas e começava a refletir e a pensar na vida em um primeiro momento. Depois de algumas horas, ela liberava os pensamentos e sentimentos ruins, abria os olhos e esperava o escurecer admirando a paisagem verde misturar-se à azul. Durante o crepúsculo a garota iniciava seu caminho de volta para casa. Subia em sua bicicleta e ia vendo o amarelo hipnótico dos postes confundir-se com o amarelo boêmio numa dança regada a luzes e iluminada a álcool.
  • 12. Chegava em casa, corria direto para seu quarto, despia-se e ia para o banheiro. Chegando lá, tinha sua dose diária de prazer e dava início a um banho revigorante e relaxante, mas breve. A garota, ao sair do banho censurada por uma toalha, corria ao guarda-roupas preto e pegava uma calcinha aqui, um sutiã ali e um short acolá, era o bastante para não assassinar o pudor em sua casa frente aos pais. Fernanda ainda morava com os pais em um apartamento de classe média alta, que tinha três quartos, quatro banheiros, uma cozinha, uma sala e uma varanda, todos amplos e de variadas cores; indo do branco ao azul e do vermelho ao verde. Os móveis eram de um toque moderno e sofisticado; as televisões eram grandes cujas ficavam localizadas na sala e nos quartos; o sofá, de couro. Enfim, os móveis foram escolhidos por uma pessoa com bom gosto. No quarto da garota, que tinha paredes brancas e pisos de madeira, havia um notebook, um mural de fotos acima de sua cama, um carpete na frente da mesma. Sob a cama haviam também algumas bonecas e alguns bichos de pelúcia, que ela colecionava como forma de portal para as lembranças de sua infância. Ao lado de uma escrivaninha ficava uma porta de vidro que dava para uma sacada. Dela a jovem tinha uma bela visão da cidade, colocando-se no meio das "formigas" que andavam abaixo dela e comparando seu tamanho com o resto do espaço. ... -Vamos, Daniel, não quero me atrasar! -Okay, amor, estou indo. -Estou pronto, podemos? -Não. - Respondeu a garota beijando o namorado. -Agora podemos! - Completou dando um sorriso meigo. Sophia pegou a mão esquerda do rapaz e foi caminhando para a porta da casa, conduzindo Daniel. -Dan, você acha que a Agnes gostou da surpresa?
  • 13. -Tenho absoluta certeza disso, Sô. Por quê está perguntando? -Não sei, acho que ela ficou brava por não termos contado nada antes. -Não se preocupe, conhecemos ela há um bom tempo para sabermos que ela sempre foi assim. E foram caminhando rumo à escola em que estudavam, o Sol já começava a sussurrar, - delicadamente- os seus raios na pele do casal. A calçada ia variando -na medida em que caminhavam- de cimento a cerâmica, e de cerâmica a terra. A escola ficava a 20 minutos de caminhada da casa da garota, mas saíram uma hora mais cedo. No meio do caminho encontraram uma construção abandonada, e lá foram gastos os 60 minutos excedentes. Chegaram enfim ao colégio e separaram-se, pois estudavam em diferentes salas, nada que matasse um ou outro de saudades. O colégio era dividido em dois pavilhões que formavam um "L", sendo um deles destinado ao ensino fundamental e o outro ao ensino médio. Na frente de ambos havia um pátio com uma quadra poliesportiva. Ao entrar no colégio, deparar-se-ia com o pavilhão do ensino médio à direita, o patio à frente e, o pavilhão do ensino fundamental, além do pátio numa linha reta. O dia letivo fora comum, não havendo nenhuma comemoração por parte do colégio, apenas os alunos fizeram o clássico Amigo Secreto. Em meio à lágrimas de formação e choros de reprovação estavam Sophia e Daniel, que passaram de ano. Quanto ao Amigo Secreto, Daniel ganhara uma caixa com chocolate; e a namorada, um urso de pelúcia. Voltaram para casa sem mais prazeres e ficaram a tarde toda assistindo um filme. À noite, foram comer pizza com alguns colegas em comemoração do final do ano e do ensino médio. O resto dos três dias foram ocupados de sexo e ociosidade. ...
  • 14. A mesma música começou a tocar no celular mais uma vez, mas, desta vez, mais tarde: 9:00 da manhã. Max, que acordara junto com o celular -parecia que nem havia dormido- levantou rapidamente de sua cama e foi para o banheiro se arrumar. Enquanto escovava os dentes, preocupava-se com o horário, calculando se chegaria a tempo em seu destino. Prendeu o cabelo por julgar o tempo muito escasso para maiores cuidados. Tomou um rápido banho e fora vestir suas roupas. Feito isso, procurou seus documentos, sua carteira e olhou ao redor: a cama ainda não estava feita; arrumou-a e pegou sua mala de mão preta, borrifando um pouco de perfume em seu pescoço logo após. O jovem então caminhou pela casa certificando-se da ordem que prevalecia. Após isso, trancou a porta de casa e aguardou o taxi que chegaria em momentos; aproveitou para fazer uma ligação. -Alô? Max? -Sim, como está, amor? -Estou bem, apenas um pouco apressada aqui arrumando minhas coisas para a viagem. E você? - Fernanda respondeu num tom não muito controlado, denotando uma falta de fôlego, resultado da pressa. -Estou bem, esperando o taxi chegar... Olhe só! Ele chegou. -Disse, fazendo um breve silêncio procedido por barulhos de plástico batendo e de uma porta sendo fechada. -Pronto amor, voltei. Que horas o seu voo sairá? -Para o aeroporto, por favor. -Completou numa voz quase inaudível pelo celular. -Ah, acho que umas 14:00, e o seu? -11 horas. -E qual será o nosso primeiro destino após Brasília, Max? -Não sei, acho que Argentina; esperamos muito tempo por isso, devemos aproveitar as viagens com calma... E muito sexo! -Fez-se ouvir uma risada alta. -Bobo! -Respondeu Fernanda com um leve sorriso invisível ao telefone. -Ah, estou tão empolgada com essa viagem, rever os amigos, rever você, realizar um sonho de infância. -Disse num tom sereno e esperançoso. -Eu também, estou com saudades de você, Fêh. -Somos dois, amor, preciso ver-te. -Ei, Max, tenho que desligar, vou sair aqui. Beijos, amor.
  • 15. -Humpf, você e seus motivos, acho melhor namorar um paulista mesmo. -Resmungou. -Não fale assim, eu te amo e você sabe disso. -Ok, beijos, linda. Max, após mais alguns minutos no taxi, chegou ao aeroporto. Pagou o taxista, retirou sua mala e fora caminhando rumo a entrada do aeroporto, uma vez que ficara na via em frente ao mesmo. Enquanto subia na calçada, ficou admirado com a estrutura acima dele. Eram estruturas férricas azuis que formavam semi-arcos no sentido da rua. Enquanto seus olhos estudavam o teto, encontrou uma placa indicando o rumo dos guichês das empresas aéreas; como a sua estava entre eles, tratou de colocar sua mala num carrinho de bagagens e dirigiu-se para o interior do edifício. Enquanto caminhava, via muitas pessoas bem vestidas e com classe, ficou perguntando- se se sua camiseta negra com mangas compridas com um logo de banda, uma calça cinza conservada e um par de sapatênis seriam o suficiente. Imaginou que sim, afinal, acreditava ser deveras bonito. Fez a pesagem da mala e levou-a consigo para o saguão de embarque, onde ficou sentado numa espécie de banco coletivo, pelo menos havia internet gratuita. O saguão era grande com várias fileiras de cadeiras cinza e azul posicionadas estrategicamente. Mais ao fundo haviam enormes placas de vidro que permitiam uma visão consideravelmente boa da pista. À frente, uma livraria, uma lanchonete, um posto de informações redondo ao centro, lojas de souvenirs e um par de escadas: uma para cima e, a outra, obviamente, para baixo. O garoto começou a navegar pela internet em seu celular; lendo notícias, vendo a previsão do tempo, conversando com o amigos e, principalmente, jogando. Max ficara sentado numa cadeira de costas para a pista, mas de frente para a televisão de LCD de umas 42 polegadas que informava o andamento e os horários dos voos. Estava ficando frustrado, pessoas iam e vinham e ele ali, sentado, esperando sua hora chegar. Fortaleza, São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Manaus, e nada do seu tão precioso avião chegar. Devemos levar em conta que ainda eram 10:15. Max fora esticar o corpo na cadeira quando a televisão revelou um voo para Brasília, o garoto ficou feliz até ver a situação do mesmo: cancelado. Uma tristeza sem igual começou a tomar conta do rapaz, fora então checar o número do voo com o descrito em seu bilhete numa última tentativa desesperada. Não era o mesmo! O voo cancelado era atendido pelo número 7375 e, o de Max, 1517. A felicidade voltara numa intensidade ainda maior.
  • 16. Após o susto, seu voo de fato apareceu no telão; o avião já tinha pousado no aeroporto, estava apenas esperando a ordem de embarque. Às 10:45 o embarque fora autorizado e Max apresentou-se. Tivera que ir caminhando até a aeronave, e o fez com euforia. Ao chegar no último degrau da escada, olhou para trás triunfante, estava vivendo sua vida, vivendo. Adentrou no avião e fora recebido por parte da equipe de bordo: duas moças bonitas devidamente vestidas e maquiadas, e um homem. O sorriso do loiro contagiou os funcionários e, ao olhar para a direita, ele viu um corredor enorme com três fileiras de poltronas em cada lado e várias pessoas sentando e levantando de seus respectivos ou supostos lugares. -23C, 23C, 23C. -Sussurava o garoto para si mesmo enqaunto andava pelo corredor checando a numeração das cadeiras. O garoto enfim achou sua poltrona, sua fileira estava vazia, talvez seus vizinhos chegassem em breve. Sentou-se, abriu e fechou a bandeja à sua frente e pôs-se a olhar pela janela a cidade que deixaria por um tempo. Após alguns minutos, fecharam a porta que serviu de entrada, o piloto saudou os passageiros e pediu que prestassem atenção nas dicas de segurança demonstradas em todos os voos, o que aconteceu logo em seguida. Abruptamente, sentiu um leve empurrão para trás, era o avião dando início à sua jornada. O piloto começou então a falar que o término do voo estava previsto para o fim da tarde. Mas acomodou-se em sua poltrona e pôs-se a dormir por algumas dezenas de minutos, perdendo a visão que tinha acesso; sendo acordado pela aeromoça, que interrogava-o a respeito do lanche. -Sim, eu quero. -Respondeu numa espécie de rosno por causa da ausência do uso da voz. Ganhou então um pacote contendo: três biscoitos, um bolinho de chocolate e um pouco de manteiga. Agradeceu e esperou mais dois tripulantes chegarem ao seu lado perguntando qual bebida o cabeludo preferia, respondeu "Coca-Cola" e fora entregue a ele um copo com o refrigerante mais três pedras de gelo. Enquanto comia, observava o verde abaixo dele, que ora dava lugar ao transparente, ora ao branco. Via também várias cidades passarem abaixo dele, fazendo-o se perguntar se as pessoas podiam o ver.
  • 17. Poucos minutos após o término do lanche, a tripulação mais uma vez passou recolhendo os resíduos da "refeição". O interior do avião estava frio, perfeito para uma boa soneca, o que seduziu Max que, mais uma vez, dormiu. Acordou descansado e, de certa forma, empolgado. Começou então a refletir sobre sua vida quando uma pergunta veio em sua mente: "Onde estou? Será que já estamos em Goiás?"; e essas perguntas intrigaram o jovem a ponto de ele chamar uma comissária de bordo para perguntar sua localização -Estaremos adentrando Goiás em poucos minutos, senhor. -Respondeu a mulher com voz serena e doce. -Ok, obriado. -Respondeu arrumando sua postura no assento. -Mais alguma coisa, senhor? -Não. Observou então uma repentina mudança na paisagem que a janela mostrava, ela estava mais colorida, mais dividida, haviam também várias elevações e depressões. Deduziu que estavam chegando. Em poucos segundos os avisos sinaliando o uso do cinto de segurança foram acionados e o piloto revelou que estariam pousando em breve. Max olhou para fora e viu que estavam acima das nuvens. Quando o avião começou a perder altitude, Max começou a sentir uma dor insuportável no ouvido, mas sabia que era normal. E quanto mais perdiam altura, maior ficava a dor. O jovem resistiu de todas as formas contra o "incômodo". Após algum tempo, Max sentiu o avião tocando o chão e, quando o garoto percebeu, o avião tocou novamente a superfício freiando bruscamente. A pista quase toda fora utilizada mas, ao sair dela, tiveram que aguardar até que algum avião decolasse, pois a demanda estava grande. Ao chegarem na máquina de desembarque, o piloto saudou todos e deu as boas-vindas aos passageiros, falando que eram 17:00 e que eram também 33º C em Brasília. Ao descer, fora novamente presentado com o sorriso da tripulação. Enquanto ia rumo ao saguão com sua mala preta, pensava se todos já estavam na cidade ou não. Ao sair do aeroporto, devolveu o carrinho de bagagens e esperou algum taxi aparecer, Um apareceu e ele mostrou o endereço de Agnes.
  • 18. ... -Vamos, Sophia, acorde. Está na hora de nos arrumarmos para a viagem. -Que horas são? -Respondeu com uma voz quase inaudível. -Quatro da manhã, amor. Sophia resmungou e levantou-se, esgueirando-se rumo ao banheiro. Enquanto fazia o trajeto, abriu os olhos e viu Daniel sentado na beirada de sua cama trajando uma camisa branca com uma jaqueta jeans por cima, uma calça preta e um par de tênis vermelho. Ao redor de Daniel estavam três malas: uma preta de mão, uma azul média e uma verde grande. Voltou o olhar para a porta do banheiro e continuou sua jornada, tomando banho e higienizando-se logo em seguida. Enquanto vestia a roupa que havia escolhido no dia anterior, perguntou se Daniel dormira bem, sendo prontamente respondida por um "mais ou menos" justificado pela ansiedade. Ao terminar de vestir-se, pegou duas maletas grandes e pretas no fundo de seu quarto e fora caminhando com seu namorado para a cozinha. Chegando lá, comeram algumas bolachas, tomaram alguns copos de suco de laranja e esperaram o pai de Sophia chegar. Uma sonora buzina ecoou na casa quase deserta anunciando a chegada. -Vamos, crianças! -Estamos indo, seu John. -Respondeu Daniel. -Como que você está, pai? -Estou bem, filha, e você? -Bem... -Filha, ainda assim não acho uma boa ideia deixar você viajar com seus amigos. -Relaxa, pai, já sou maior de idade e tomo conta do meu nariz. -Você sabe que não é bem assim, Sophia. -John contra-atacou. -Não importa, eu vou e pronto!
  • 19. -Humpf, tudo bem, tudo bem. Mas tenham cuidado vocês dois e... Daniel, cuide bem de minha filha, sim? -Pode deixar, seu John, cuidarei muito bem dela. O silêncio se instalou por minutos até chegarem no aeroporto. Ao aproximarem-se, John dirigiu-se para o estacionamento, desembarcando o casal. -Vá com Deus, minha filha, amo muito você! -Tchau, pai! -Respondeu abraçando-o fortemente. -Até mais, seu John. -Daniel falou enquanto apertava a mão do homem. -Até. Voltem logo e fiquem bem. Após isso, os jovens caminharam por uma passarela enquanto observavam um lago iluminado pelas luzes noturnas do aeroporto. Entraram dentro da construção que tinha letras azuis em sua fachada, seu telhado era dividido em duas partes e, em sua frente, localizavam-se várias portas. O voo dos namorados saiu de Manaus às 6:00, chegando em Brasília 2,5 horas depois. Chegaram um pouco cansados e foram comer algo para depois irem para o próximo destino. -Séra que tem algum shopping aqui por perto, Sô? -Não sei, vamos perguntar para algum taxista. E o fizeram, o taxista informou que havia um estabelecimento de fast food dentro do aeroporto. Gastaram 40 minutos e R$25,86 lá. Saciados, encontraram um taxista e, ao entrarem no carro, Sophia informou: -Para o Plano Piloto, casa 16, por favor. -Disse pousando levemente sua cabeça no ombro esquerdo de Daniel. -Ok! -Respondeu o taxista que tinha um bigode volumoso com vários fios grisalhos, magro e de expressão séria.
  • 20. O casal estava notando a mudança climática e arquitetônica de Brasília em relação a Manaus. Enquanto iam rumo à casa, observavam o ambiente que a janela ia revelando. Brasília não mudou muito; afinal, foi-se apenas um ano desde a separação. -É, Brasília continua a mesma. -Disse Daniel fazendo cafuné em Sophia. -Verdade, mas eu gosto tanto desta cidade... ainda me arrependo por ter trocado-a por Manaus. -Verdade, aqui é foda mesmo. E continuaram a jornada na imensidão brasiliense até a casa de Agnes; ruas, esquinas, bairros, calor, enfim. Após algumas dezenas de minutos, chegaram no endereço utilizado: -Aqui está, são R$35,00 pela viagem. Pagaram o taxista e foram caminhando na calçada rumo a entrada da casa da garota. -Caramba, continua tudo a mesma coisa! -Exclamou Sophia. -Concordo. Quando Sophia encaminhava seu dedo indicador na direção do botão do interfone, um turbilhão de pensamentos tomou sua cabeça. Coisas como: "como será que todos estão?", "mudaram muito?" e coisas assim. Mas estes pensamentos foram interrompidos por uma voz falando ao interfone. ...
  • 21. Agnes fora acordada por seu pai, que informava-a da existência de um casal em sua "porta". -Já vou, pai. Obrigada. Levantou-se, lavou o rosto apressadamente, vestiu algumas roupas para ocultar suas peças íntimas e foi ao interfone. -Quem é? -Indagou como se houvesse dúvida sobre a identidade das duas pessoas. -Agnes? -Uma voz masculina perguntou. -Sim. -Agnes, abre essa porra logo antes que eu a derrube em você! -Disse Sophia num tom nervoso e forçado. -Tá bom, tá bom, vou aí receber vocês. E foi dar as boas-vindas ao casal. Abraçara ambos, perguntou como estavam, disse que sentira falta deles e convidou-os para adentrarem a casa. A entrada da casa tinha grades brancas que revelavam um deslumbrante e sofisticado jardim, com várias árvores de pequeno porte e grama. Nesse jardim havia também uma cadela branca que mais parecia um lobo. -Está é a Galadriel, minha cadela. -Explicou Agnes. -Muito bonita. -Verdade. -Concordou Sophia. A casa, também branca, possuía dois andares e, diferente da maioria, não tinha telhado inclinado, o que deixava-a com uma forma retangular/quadrada. Passando pelo jardim, tínhamos à esquerda a garagem e, adiante, a sala de estar, que possuía uma TV grande, sofás, poltronas e móveis decorativos. À esquerda da sala tinha-se a sala de jantar e a cozinha, que conduziam a um corredor, localizado ao norte do cômodo, que levava ao ateliê da mão de Agnes do lado esquerdo e, no lado direito, ao quarto da ruiva. A nordeste da sala ficava a porta do quarto dos pais de Agnes, com uma cama de casal grande, uma TV, carpete, banheiro com banheiro à direita e
  • 22. outros objetos, e móveis decorativos. À direita da sala, um corredor com dois depósitos (um a norte e outro a sul), adiante, a escada que nos leva ao segundo andar que faz ligação a dois corredores, o sul e o leste. O corrredor sul revelava a sacada da residência, o leste, que tinha um banheiro à esquerda como vizinho, conduzia (no lado de cima, ou esquerdo para quem está caminhando), nessa ordem, à biblioteca, ao quarto dos empregados e à área de serviços. Já no lado de baixo ou direito, éramos guiados a dois quartos de hóspedes com duas camas cada e nenhum banheiro. Os três amigos caminharam até a sala, sentaram-se no sofá. Sophia e Daniel descansaram um pouco e indagaram a Agnes onde ficava o quarto do casal. A garota começou a dizer o caminho, mas preferiu levá-los pessoalmente até os aposentos. ... Eram 16:57 da tarde, Agnes estava conversando sobre assuntos aleatórios com Sophia, os pais da ruiva estavam trabalhando, deixando os três sozinhos na residência. Um ruído fez-se soar repentinamente na sala de estar onde localizavam-se as duas garotas. Agnes logo caminhou ao interfone e indagou a identidade de quem tocava a campainha. -Sou eu, Fernanda. Agora... que tal abrir aqui e me ajudar com as malas? Estou bastante cansada. -Estou indo, um momento. E a garota foi pelo jardim que, por sua vez, fornecia uma pequena trilha de pedras entre a grama verde e bem aparada. Abriu a porta e viu a amiga loira em pé com duas malas grandes, uma em cada lado de Fernanda e uma pequena na mão direita da garota. A mulher de cabelos ruivos correu no rumo da amiga e abraçou-a forte, beijando-a no rosto e balbuciando palavras
  • 23. que denotavam saudade. Fernanda era a melhor amiga de Agnes, o que tornou a separação das amigas ainda mais dolorosa, uma vez que a importância de uma para outra era recíproca. -Também senti muito a tua falta, Agnes! O pessoal que conheci em Sampa é meio chato, prefiro a galera de Brasília. -Então por que você foi pra lá, Fêh? -Quis saber a jovem. -Ah, Ag, sempre achei a cidade fantástica, e continuo achando-a mais ainda depois de morar lá. O ambiente urbano ao meu redor me fascina e me inspira. Ah... é complicado de entender e mais ainda de explicar. -Entendi um pouco. Venha, vamos entrar para você descansar e me contar as novidades. A loira assentiu e levantou o pegador de uma das malas, utilizando-o logo em seguida, Agnes ficara encarregada da outra. Adentraram a residência e, enquanto caminhavam pelo jardim, Fernanda notou algo estranho: -Então está é que é a Galadriel? -Isso mesmo, a própria. Adentraram a sala de estar e Sophia, sentada no sofá, logo trocou olhares com Fernanda, indo cumprimentá-la em seguida. -Há quanto tempo, Sô! -Verdade, Fêh! -Como que estão as coisas lá em São Paulo? -Legais, e em Manaus? -Uma droga, não deveria ter saído de Brasília. -Por que fala isso? -Agnes perguntou, entrando na conversa. -Ah, porque lá é muito ruim, muito quente, as coisas são muito diferentes em relação a Brasília. -Imagino. Mas enfim, você pode me mostrar onde fica o quarto de hóspedes, Ag? -Claro! Venha comigo.
  • 24. E foram através do corredor entre os depósitos, a escada, o corredor que localizava-se no segundo andar, até chegarem no último cômodo do lado direito, uma vez que o primeiro estava ocupado pelo casal de Manaus. -Você vai ficar com o Max nesse quarto. -Ah, obrigada. Mas ele já chegou em Brasília? -Ainda não. -Estranho, ele saiu bem mais cedo que eu. -Não se preocupe, ele deve estar chegando em breve. -E o Daniel, não veio? -Veio sim, ele está dormindo no quarto ao lado, parece que a viagem foi cansativa para ele. -Beleza, vou dar uma arrumada nas minhas coisas aqui então, Ag. Mais uma vez, obrigada. -Por nada. -E foi caminhando para a sala à fim de continuar a conversa com Sophia. Fernanda então entrou no quarto e analisou-o. O quarto era grande, possuía uma cama em cada extremidade e uma porta entre elas que dava para a sacada. Havia também um guarda- roupas grande, uma mesinha no centro do quarto com algumas esculturas, uma TV acima da porta do corredor e dois criados-mudos. Escolheu a cama à direita e colocou suas malas nela, abrindo uma em busca de uma toalha e algumas peças de roupa. Após encontrá-las, rumou para o banheiro no final do corredor. Ao adentrar o local, respirou fundo, tirou sua camiseta preta, seu sutiã -este, ao ser retirado, forneceu alívio e conforto para Fernanda de imediato-, calça e calcinha, e fora para o chuveiro tomar banho. Estava saindo do banheiro vestida com uma camiseta confortável (uma espécie de pijama) e um short folgado verde quando viu Max subindo as escadas com Agnes guiando-o, Fernanda estava também com uma toalha enrolada na cabeça. Fora de imediato para o abraço e beijo calorosos de Max.
  • 25. -Meu amor! Você chegou! Senti muito a tua falta. -Exclamou beijando o rapaz freneticamente nas bochechas, boca e testa. -Sim, cá estou. Também senti muitas saudades de você, Fêh! Tem muito tempo que você chegou? -Perguntou, tentando ignorar a toalha na cabeça de sua namorada. -Tem mais ou menos uma meia hora. Venha, vou te mostrar o nosso quarto, deve estar cansado. -E estou mesmo, e grilado também. Pode deixar que a Fêh assume daqui, Agnes, obrigado. -Tudo bem. -Respondeu a ruiva, descendo as escadas e voltando para a sala. -Por que grilado, amor? -Ah, depois te conto. E foram abraçados para o quarto. Chegando lá, Fernanda mostrou a cama de Max e, após isso, tirou a toalha de seu cabelo e estendeu-a no encosto de uma cadeira que havia no quarto. Feito isso, a loira convidou Max para aproveitarem o final da tarde deitados numa das cadeiras da sacada. O convite fora aceito e eles dividiram uma cadeira abraçados para matar a saudade e a demanda de carinho que o tempo tinha proporcionado-lhes. -E como foi tua viagem, Max? Você demorou muito, fiquei preocupada. -Perguntou, fazendo cafuné nos fios loiros do jovem. -Ah, foi uma merda. Tive que fazer uma conexão em São Paulo, fiquei umas 5 horas no aeroporto esperando o meu maldito avião aparecer. Perdi o meu dia inteiro. -Mas o importante é que você chegou bem, amor. -Respondeu, beijando carinhosamente o namorado. -Venha, fique sentado que farei uma massagem em você. -Ah, obrigado, Fêh, suas mãos são mágicas. Ao terminar a massagem, voltaram a ficar deitados juntos e, enquanto conversavam, admiravam o crepúsculo juntos.
  • 26. ... Três batidas acordaram Daniel que, sonolento, perguntou quem era. -Quem é? -As palavras conseguiram ser soltas num tom de irritação e sono. -Sophia. Acorde, hoje nós vamos comer pizza, vamos nos arrumar. Abra o quarto. Daniel fora caminhando vacilante até a porta e abriu-a para Sophia, que rapidamente pegou a toalha e algumas roupas. Já estava saindo quando decidiu convidar Daniel para tomar banho com ela. -Vou sim, Sô, só deixa eu arrumar minhas coisas também. Enquanto arrumava suas coisas, Daniel percebeu que já era noite e que dormira a tarde toda. Pegou sua toalha e roupas e foi rumo ao banheiro. Após tomarem banho, estavam voltando para o quarto quando Daniel sentiu uma forte pancada nas costas, ao virar-se assustado para olhar o que havia atingido-o, viu Max com um sorriso largo no rosto, pronto para cumprimentar o rapaz. -Finalmente a moça acordou! -Disse em um tom elevado e feliz, abraçando Daniel. -Como é bom te ver, Max! -Replicou o outro. -Digo o mesmo, achei que tivesse morrido naquele quarto. -Que nada, só estava cansado da viagem. -Pode crer. Vou tomar um banho com a Fernanda. Há há! Até breve. -E foi correndo para o quarto do casal.
  • 27. Daniel e Sophia foram para o quarto e arrumaram-se para sair. Perfumes, maquiagens, elogios e incertezas ocuparam os breves minutos seguintes. Desceram para a sala de estar logo em seguida, onde estavam no sofá Agnes e seu pai. Ficaram aguardando o outro casal por alguns momentos, até que apareceram. Todos estavam com roupas bonitas e semelhantes às usadas nas viagens Daniel estava com uma camiseta vermelha, Max usava uma camisa de banda com mangas preta, Fernanda estava com um vestido leve rosa na altura dos joelhos, Sophia com uma calça jeans e uma camiseta branca estampada; Agnes estava com um vestido vermelho. Todos pareciam nutrir um gande amor por tênis All Star, exceto Fernanda e Agnes, que estavam usando sandálias rasteirinha bege e preta, respectivamente. -Sua mãe não vai, Agnes? -Perguntou Sophia. -Não, ela está trabalhando. E as 6 pessoas seguiram para a pizzaria, que também ficava no Plano Piloto. Em sua entrada haviam duas portas em cada extremidade, que eram separadas por uma parede com tijolos á mostra. Entre as duas portas, na parede, havia uma janela com algumas plantas suspensas por uma calha. Acima disso, havia a fachada anunciando o nome da pizzaria. Adentraram a construção e viram um ambiente cheio de pessoas. As luzes amarelas, dentro de uma espécie de vidros de lamparinas, contrastavam com o forro xadrez vermelho e branco das mesas. O ambiente era intimista e amistoso, deixando a freguesia bastante à vontade. Decidiram pedir uma pizza sabor portuguesa e outra sabor calabresa, além de duas garrafas contendo 2L de refrigerante. Enquanto esperavam a pizza chegar, ficaram conversando sobre quase tudo: expectativas, escola, vida nas diferentes cidades, a viagem. -Qual será o nosso primeiro destino, galera? -Interrogou Agnes. -Acho que a Argentina seria uma boa ideia, depois Chile, e por aí vai, iríamos meio que subindo o mapa mundi. -Sugeriu Max. -Acho uma boa ideia. Nós começaríamos no extremo sul do continente e iríamos para o extremo norte, depois, para outros lugares. -Completou Daniel.
  • 28. Todos concordaram, combinaram de olharem a cidade argentina mais longe ao sul quando chegassem em casa. Minutos depois a pizza chegou, e eles cessaram 97% da conversa para converter o silêncio em momentos de prazer alimentício. Após todos estarem cheios, conversaram por mais 33 minutos, aproximadamente, e decidiram ir embora. O pai de Agnes pagou a conta e todos voltaram satisfeitos para a casa de dois andares. Quando chegaram nela, logo trataram de olhar o primeiro destino da viagem: Ushuaia, localizada no extremo sul argentino. Já eram 00:30, Daniel estava conversando com Agnes na sacada, Sophia dormia, Max e Fernanda matavam a saudade e os meses de carência no quarto de hóspedes. Perto das 1:31, Agnes fora dormir e o rapaz de cabelo negro ficou contemplando o luar até, após alguns minutos, decidir que era hora de dormir. ... I -Acordem! Acordem! Acordem! -Agnes urrava enquanto batia numa panela com uma colher no corredor dos quartos. Segundos depois, Sophia apareceu seminua na porta do quarto rosnando por mais alguns minutos de sono. A anfitriã respondeu com mais pancadas, pulos e gritos, desmotivando assim qualquer possível chance de resistência por parte da canadense.
  • 29. -Arrumem suas coisas e desçam para tomarmos nosso café-da-manhã. Já estamos atrasados! -Avisou a ruiva que, ao proferir a última palavra, já estava no segundo degrau da escada. Fernanda acordou Max e, logo em seguida, arrumaram suas respectivas camas. Após isso, cumprimentaram-se com um beijo. A loira então trocou de roupa, vestindo uma camiseta azul, uma calça jeans e um par de tênis All Star. Max estava com uma bermuda xadrez, uma camisa branca, o cabelo preso e um par de chinelos. -Acorde, Daniel, vamos nos arrumar para viajarmos. -Humpf, amor, já já. -Balbuciou num tom grave e quase gutural. Sophia fora vestir sua roupa: uma saia bordada branca e uma camiseta estampada. Abriu a porta que rumava para a sacada na esperança de que o Sol ajudasse na recuperação do namorado. Guardou todas as suas cosias numa das malas e pulou em cima de Daniel, acariciando-o e beijando-o. Este, por sua vez, deleitou-se com as carícias da namorada e -como recompensa pelo esforço desta- levantou-se, vestindo uma camiseta preta e um short verde num piscar de olhos, além -claro- de um par branco de tênis. Agnes estava ajudando sua mãe a arrumar a mesa para seus convidados; colocando xícaras aqui, colheres acolá. Sentia-se ansiosa, queria pular estas partes chatas e ir logo para Ushuaia. Sim, a garota olhara algumas fotos da cidade e apreciou-as bastante, aumentando ainda mais a empolgação. Aproximadamente 13 minutos após Agnes ter descido as escadas, apareceram na entrada da cozinha 4 pessoas, que rapidamente encontraram e ocuparam 4/8 das cadeiras ao redor da mesa. -Bom dia! Como dormiram? -Quis saber Fernanda, quebrando o silêncio. -Bom dia. -Bom dia. -Bom dia.
  • 30. Os jovens responderam que dormiram bem. Eram aproximadamente 10:37; o tempo, ligeiramente fresco, agradava a todos os ocupantes da mesa. -E você, amor, dormiu bem? -Dormi sim, Max, sonhei que todos nós viajávamos para um lugar lindo, paradisíaco. -Legal. -Respondeu Max, beijando Fernanda na cabeça. -E então, Agnes, qual é o nosso roteiro? -Ah, sim, nós sairemos daqui 14:00 e iremos para Buenos Aires, de lá pegaremos um voo às 17:45 para Ushuaia. Depois nós nos viramos. A propósito, o que acham de ficarmos 4 dias em cada cidade que visitarmos? Todos acharam uma boa ideia e assentiram, demonstrando entendimento sobre a rota. Faltavam um pouco mais que 3 horas para embarcarem para a Argentina. -Portanto, crianças, comam logo, senão nos atrasaremos. Max estava feliz ao rever seus amigos e -principalmente- sua namorada. Enquanto comia uma rosquinha embebida em melado, imaginava o clima, os habitantes, os atrativos turísticos e as novas amizades que Ushuaia poderia proporcionar. Fernanda apenas intercalava mordidas no pão com goles de um suco de laranja feito pela mão de Agnes que -mais uma vez- estava trabalhando. Pensava no namorado e nas diferentes formas que eles aproveitariam os locais que desbravassem. Sophia estava empolgada com a viagem, estava comendo um pão com manteiga e tomando leite. Perguntava-se sobre a possibilidade de passarem no Canadá, sua terra natal. Tinha parentes lá, queria vê-los, conhecer o país e suas maravilhas. Agnes estava esperançosa, pensava que talvez conseguisse -finalmente, segundo a própria- perder a virgindade. A garota estava sempre excitada, devorava livros eróticos, fantasiava, imaginava, criava, colocava-se no lugar, deleitava-se. Daniel, por sua vez, idealizava lugares paradisíacos com Sophia ao seu lado, imaginava também as diferentes pessoas e culturas que teria contato.
  • 31. Minutos depois, mais aproximadamente 12:43, todos adentraram no carro pertencente ao pai de Agnes e rumaram para o aeroporto. Pistas duplas, automóveis, civis, semáforos, esquinas, imprudências, edificações e fachadas deslumbrantes. Chegaram enfim ao aeroporto, passaram numa espécie de túnel de ferragens brancas e vermelhas, parando no meio do percurso para desembarcar 5 pessoas que lutavam em busca de espaço no veículo. Desembarcaram, pegaram suas malas, Agnes despediu-se de seu pai e cada um pegou um carrinho para suas respectivas bagagens. Ao adentrarem no aeroporto, notaram novamente a grandeza do edifício. -Vamos comer algo! -Sugeriu Max, mudando sua rota para uma filial de uma grande rede de fast food. -Vamos sim. -Apoiou Daniel, olhando para Sophia com um ar interrogativo; recebendo, logo em seguida, um gesto de afirmação. Foram então para o restaurante. Os casais sentaram juntos e Agnes, avulsa, sentou-se numa cadeira logo à direita dos casais. Fizeram os pedidos, totalizando R$ 73,49. Conversavam a respeito de coisas aleatórias, riam, assistiam as diferentes pessoas passarem por eles. A senha convidou-os a pegarem seus respectivos pedidos, foram aos poucos para não perderem o lugar. Assim como na pizzaria, o gozo alimentício fora sinônimo de silêncio. Terminada a refeição, rumaram para o guichê de embarque, foram requeridos os passaportes -sim, eles o tinham!- e, em seguida, despacharam as malas, restando-lhes apenas as malas de mão. Caminharam até o saguão de embarque, sentando juntos numa fileira de assentos. Agnes começou então a mexer em seu celular, pois o aeroporto oferecia internet gratuita. Max e Fernanda, após alguns minutos sentados e abraçados, decidiram andar pelo aeroporto até dar o horário do voo. Sophia e Daniel ficaram fazendo companhia a Agnes e sondando o informativo dos voos periodicamente. Após 33 minutos, aproximadamente, o casal ouviu a informação de que o voo para Buenos Aires havia pousado em Brasília e que o embarque começaria em breve. Sophia ligou para Max, avisando-o. -Alô, Max? -O nosso voo aterrizou em Brasília, embarcaremos em breve. -Sim, no mesmo lugar.
  • 32. -Ok, até já. Fernanda e o loiro estavam numa livraria observando os produtos, Fernanda os romances e Max os romances-eróticos quando o celular do homem de cabelo cacheado tocou. -Alô? -Sim. -Firmeza, estaremos aí em breve. Vocês ainda estão no mesmo lugar? -Até breve. -Vamos, Fêh, o nosso voo sairá em breve. -Ok. Max e Fernanda saíram da livraria e foram admirando o aeroporto até a localização do restante do grupo. Chegaram lá e esperaram -junto aos outros amigos- 6 minutos até que o embarque fosse anunciado. Foram andando por um corredor preto, mas iluminado até verem, ao fundo, o interior de um avião. Caminharam no rumo dele, sendo recebidos por funcionários que os cumprimentavam em inglês e, ao verem que eram brasileiros, em português. Deram passos pelo corredor do avião até acharem seus respectivos assentos: Fernanda ficara na janela, ao lado de Max, 20º fileira; Daniel e Sophia também ficaram juntos, mas nas poltronas do meio e do corredor; Agnes, sozinha, localizou-se numa janela, na esperança de que alguém interessante aparecesse para livrá-la do tédio. Após um certo tempo, o avião começou o processo de decolagem, acelerando até a pista, e depois tendo que esperar, pois o trânsito era tão intenso que havia uma fila para a decolagem das aeronaves. Enquanto o avião não decolava, eles ignoravam as explicações dadas pelos comissários de bordo. Finalmente liberados, o avião então encabeçou a pista, testando as asas e suas extensões. Todos com o cinto de segurança, o avião deu início, então, a uma aceleração frenética rumo ao ar. Após alguns segundos de tensão, o avião decolou sem problemas, e os jovens olharam-se aliviados; estavam indo para a Argentina, para o mundo. O voo até a capital argentina fora tranquilo; tedioso, até, o que causou ao grupo de jovens alguns minutos de sono, encurtando assim o tempo de viagem. Pouco tempo após acordarem, o
  • 33. piloto anunciou que “estaremos pousando em Buenos Aires dentro de 7 minutos, mantenham seus cintos afivelados e voltem suas poltronas para a posição vertical, obrigado”. Pousaram no aeroporto às 17:32, aguardaram algum tempo até que o “ritual do pouso” fosse feito e, após alguns segundos, abriram a porta do avião, liberando a saída dos passageiros. Os clientes desceram por uma escada que um caminhão acoplara ao avião, estes foram, em seguida, para o interior do aeroporto, chegando em 2 minutos -aproximadamente- ao saguão. Este, por sua vez, possuía o interior vasto e alto, haviam ferragens em seu teto que faziam um arco suave paralelo aos lados menores da edificação que tinha o formato de um retângulo. Um pouco abaixo do teto, no segundo andar, as paredes eram formadas por enormes janelas de um vidro transparente, permitindo-nos uma boa visão do resto do terreno. Haviam também 8 placas grandes de publicidade penduradas na estrutura férrea localizada no teto do saguão. No primeiro andar, o piso branco limpo contrastava com listras pretas em sua superfície e com as divisórias - também negras- dos guichês de embarque. Muitas pessoas transitavam nesse ambiente, andando para lá e para cá com suas malas e ternos. -Caramba, este aeroporto é muito bonito! -Exclamou Fernanda com certa surpresa olhando seus amigos. -É verdade, Fêh, olhe só que bonito o Sol começando a se pôr. Que lindo os raios atravessando a vidraça! -Completou Agn,es parando sua caminhada brevemente para admirar a cena. -Não se dispersem, senão abaremos perdendo o voo para Ushuaia. -Lembrou Max. Após Max falar, ambos assentiram e foram rumo ao guichê de embarque para confirmar o voo com a atendente. -Sinto muito, senhor, mas o voo para Ushuaia foi cancelado, ele fora adiado para amanhã devido às condições climáticas na cidade. Siga este rapaz que os levará para o nosso atendimento ao cliente, a companhia vos pede desculpas pelo transtorno e fornecerá uma diária num hotel e transporte de ida e vinda gratuitos até que possam pegar o voo amanhã.
  • 34. Os amigos, atônitos, olharam-se num ar questionador e, após alguns segundos, enfurecido. -Porra, a gente veio lá da puta que pariu para chegar aqui e ter o voo adiado? Sacanagem, hein? -Vociferou Sophia. -Desculpe, senhora, mas o tempo está muito perigoso para voarem, então decidiram cancelar os voos de hoje. -Cancelar é o caralho, eu quero o meu din... -Acalme-se, Sophia! -Ordenou Max tampando com a mão a boca da garota enfurecida. Sophia olhou fixamente para Max por alguns segundos enquanto respirava fundo e, ao perceber que havia se exaltado, virou-se para a atendente e pediu-lhe desculpas, sendo prontamente atendida. -Os senhores podem me seguir, levarei vocês até a van que os conduzirá até o hotel. - Respondeu um homem alto que assistia a cena furtivamente, causando um certo espannto nos jovens -que não tinham notado o homem ali. Os 5 sujeitos concordaram e seguiram o homem até a entrada do aeroporto. A entrada era simples, com uma marquise que se estendia da calçada até a metade da pista. Nessa pista havia uma van com o nome da companhia aérea escrito nele. O grupo fora instruído a entrar na van, agradeceram o funcionário e entraram no veículo. -Boa tarde, senhores! -Disse um homem que mesmo usando boné, revelava fios grisalhos. -Eu levarei vocês até o hotel e amanhã buscarei-vos novamente. -Boa tarde, moço, qual o seu nome? -Interrogou Fernanda. -Chamo-me Ricardo, e vocês? -Daniel. -Sophia. -Max. -Fernanda.
  • 35. -Agnes. -Oh, belos nomes! Prazer em conhecer vocês. -Igualmente. -Respondeu Sophia num tom indiferente. Partiram então rumo ao hotel, que localizava-se no centro da cidade. Enquanto passavam pelas infinitas ruas de Buenos Aires, admiravam a arquitetura com resquícios de exoticidade. Chegaram enfim numa rua estreita cercada por prédios dos dois lados. Ricardo parou a van em frente a um prédio com aparência antiga, mas requintada. -Aqui estamos, este é o hotel em que vocês ficarão. -Obrigado, Ricardo. -Os jovens agradeceram. Desceram da van, retiraram suas respectivas malas e caminharam para o interior do edifício. Ao adentrarem por uma porta de vidro, viraram à direita, ficando em frente à recepção. -Posso ajudar-vos, senhores? -Indagou uma senhorita de cabelos negros que estava semi- escondida atrás de um balcão. -Eles são clientes da empresa aérea que cancelou os voos. -Informou Ricardo, tentando destacar o logo na camisa social branca. -Ah, sim! Estávamos aguardando vocês. Ramón! -Chamou. -Leve estes jovens ao quarto deles. Os jovens haviam combinado de ficar em apenas um quarto num bom hotel ao invés de ficarem em quartos separados em uma hospedaria não tão luxuosa. Ramón, um rapaz que aparentava ter uns 19 anos, cabelo curto, preto e liso, corpo magro, face fina e olhos azuis apareceu ao lado de Agnes convidando o grupo a conhecer seus aposentos. Agnes, que levara um pequeno susto com a voz imponente do rapaz, sorriu timidamente para ele, sendo respondida com um sorriso de saudação; achou-o bonito e atraente. Enquanto o elevador os transportava ao terceiro andar, Ramón explicava os horários das refeições no hotel. Quando a porta se abriu, eles andaram cerca de 7 passos num carpete vermelho com desenhos dourados, esse carpete cobria a superfície de um corredor que dava
  • 36. acesso a 12 portas, divididas nos dois lados desse corredor. As paredes do andar eram cor de pêssego, criando um ambiente refinado e suave. Chegaram no apartamento 306, Ramón abriu a porta, empurrando-a para dentro com o braço e mantendo o corpo fora do cômodo, dando passagem aos jovens. -Se precisarem de qualquer coisa, falem comigo. -Ok... Ah! Ramón, você conhece algum lugar bom para nos divertirmos esta noite? - Perguntou Agnes. -Hmm... Conheço um clube de tango, as pessoas que o frequentam são em sua maioria jovens. Ele fica a umas 9 quadras daqui, pegarei um mapa na recepção e trarei para vocês em breve, tudo bem? -Ok! Muito obrigada. -Agradeceu Agnes, olhando nos olhos azuis do rapaz que cada vez mais encantavam a ruiva. Ramón entrou no elevador rumando a recepção e Agnes fechou a porta do quarto, analisando -junta de seus amigos- o quarto em que passariam a noite. Ele era amplo, possuía duas camas de casal e uma de solteiro, vários móveis decorativos, algumas pinturas, e uma pequena sacada que revelava a pequena rua e as pessoas nela. No lado esquerdo do quarto havia um banheiro com um chaveiro, uma banheira, uma privada, uma pia, espelhos e produtos com o nome do hotel neles. Um quarto comum de hotel, mas mais luxuoso e requintado. Eram 18:03, Fernanda convidou Max para tomarem banho, sendo prontamente respondida com um “vamos!”. Pegaram suas roupas, toalhas, shampoos e condicionadores e foram para o espaçoso banheiro. Daniel e Sophia foram para a sacada observar o crepúsculo, tirar fotos da cidade e de si mesmos e conversar enquanto o outro casal tomava banho -talvez para abafar possíveis ruídos que possam ser constrangedores. Agnes, inquieta, decidiu explorar o quarteirão do hotel; afinal, estavam de férias. Equanto fechava a porta do quarto, ouviu a voz semigrave de Ramón chamá-la. -Aqui o mapa, senhora!
  • 37. -Não me chame de senhora, me chame apenas de Agnes, até porque estou solteira. -A garota sorriu docemente para o funcionário para demonstrar que não estava repreendendo-o. -Ah... Desculpe... Agnes. -Respondeu, tímido e envergonhado. -Tudo bem. Ei! Que horas termina seu expediente? -Na verdade, ele terminou às 18:00, vim apenas trazer o mapa para a senhor... você, como prometi. Ah, sim. -Respondeu, pegando o folheto da mão do rapaz. -Ramón, gostaria de dar uma volta comigo pelo quarteirão? -Ah... claro! Seroa uma honra, senhor... digo, Agnes. -Bobo. -A ruiva respondeu sorrindo e dando um leve empurrãozinho no rapaz. -Então vamos, sim? -Mas estou com a roupa de trabalho. -Não se preocupe, é uma volta rápida. -Ok. E desceram até o térreo, passaram pela recepção e saíram pelo lado esquerdo do hotel. Equanto caminhavam lentamente, Agnes fazia perguntas sobre a vida de Ramón, e este respondia sem hesitar. Conversaram sobre vários assuntos -pelo menos os que o quarteirão permitiu- enquanto andavam e observavam o ambiente ao redor. Quando chegaram novamente no hotel, a jovem perguntou a Ramón o que ele faria nessa noite. -Nada. -Respondeu calmamente. -Gostaria de ir ao clube de tango comigo e meus amigos mais tarde? -Ah, eu... não sei, acho que iria atrapalhar. -Respondeu sem jeito. -De forma alguma! Adoraria ter sua companhia lá. Diga que sim, por favor! -Agnes disse, elevando a voz num tom de súplica. -Tudo bem, tudo bem, eu vou sim. Só me dê meia hora para me arrumar, Sim? -Ah! -Gritou de alegria. -Tudo bem, você nos encontra aqui na porta do hotel em 41 minutos? -Pode ser. -A garota sabia que Ramón morava a dois quarteirões do hotel.
  • 38. -Perfeito! Até lá, então. -Respondeu beijando o rapaz na bochecha, fazendo-o ficar corado e sair apressado e envergonhado. ... Tive talvez o melhor dia de trabalho da minha vida. Bem, contarei por partes. Mais um dia tedioso estava ensaiando o próprio fim, estava sentado em algum lugar no saguão do hotel planejando o meu futuro, sendo interrompido subitamente por Maria, que me invocou e ordenou que eu levasse um grupo de jovens, que pareciam um pouco frustrados com algo e davam a impressão de que não eram da minha querida Argentina. Nesse grupo, composto por três mulheres e dois homens, uma se destacava, seja pela posição altiva seja pelo incrível charme. Seus cabelo, preto e cacheado, descia em expiral até o seu ombro, enfeitando a face ligeiramente morena e que, por ser fina, criava o vazia necessário para ser preenchido perfeitamente por seus fios. Seus olhos castanhos e tímidos contrastavam e enalteciam a imponência de sua boca. Após observá-la breve e sutilmente, levei os jovens para o quarto 306, um bom quarto. Após isso, quando estava a caminho do meu posto tedioso, uma garota ruiva -que eu não havia prestado atenção ainda- pediu-me informação sobre lugares para jovens irem à noite. Comecei a entrar em desespero internamente, pois eu não ia para lugares assim, talvez por não ser muito sociável. Pensei num clube de tango que eu havia ouvido doishóspedes comentarem sobre e prometi que traria mais informações para ela. Desci apressado para o saguão e consegui encontrar um daqueles panfletos com roteiros de viagem. Enquanto fazia minha jornada, comparava as duas garotas em minha cabeça para, como que brincando comigo mesmo, eleger a mais bonita. Ao voltar para o quarto após ter levado outros hóspedes aos seus respectivos dormitórios, descobri que a garota ruiva chamava-se Agnes; comecei a observá-la com mais atenção e vi que ela era tão bonita quanto a moça de cabelos negros, ou até mais que ela. Meu expediente já havia terminado, mas disse para mim mesmo que aquilo era necessário, deveria entregar o mapinha e ir embora com a sensação de missão cumprida. Quando aproximei-me do quarto, notei que estava
  • 39. terminando de fechar a porta do mesmo, como se estivesse calculando o tempo exato que levaria para alcançá-la. Mostrei -tímido- o papel a ela, que agradeceu e implicou comigo por chamá-la de "senhora". Mas isto era pouco se considerado o que viria a seguir: ela me chamou para uma caminhada, toda meiga e linda; não consegui recusar. Enquanto andávamos pelo quarteirão, via ela -através do conhecimento sobre ela que eu adquiria com o passar dos segundos- crescer cada vez mais e ofuscar a outra garota, que era aos poucos por mim esquecida. Quando nos aproximamos do final do percurso, mais exatamente na entrada do hotel, ela me convidou para ser sua companhia no clube de tango naquela noite. Fiquei interessado na ideia, mas hesitante por não dançar muito bem -um argentino que não dança tango, que maravilha! Após alguns segundos ponderando minha resposta, respondi que iria, sendo recompensado instantaneamente com um doce e estonteante beijo na bochecha. Fiquei corado, saindo apressadamente de sua companhia -que agora era algo agradável para mim- para evitar que ela visse a minha vergonha. ... -Onde você estava, Agnes? Só falta você para tomar banho. Ange logo. -Disse Fernanda num claro tom imperativo. -Ah, estava dando uma voltinha com o Ramón, ele será minha companhia esta noite no clube de tango. -Respondeu com um sorriso malicioso camuflado entre os lábios. -Hmm, Agnes pegadora, hein? -Brincou Daniel. A ruiva deu de ombros e foi tomar o seu banho. Daniel e Sophia ainda estavam um pouco molhados, denunciando o curto espaço de tempo entre o término do banho do casal e a chegada da garota.
  • 40. -Parece que a coisa não estava ruim no banheiro, hein Fêh? -Brincou Sophia, deixando claro que os assuntos seguintes seriam baseados em sexualidade. -Até que não, digamos que o Max é insaciável. Há! Há! -Enquanto ria, Daniel e o garoto loiro entreolharam-se com expressões de interrogação. -E a Agnes, Fernanda, será que vai conseguir levar o bonitão para a cama? -Não sei, só sei que era para estarmos em Ushuaia neste exato momento, curtindo a cidade e suas paisagens. -Relaxe, amor, lembre-se que estamos viajando para conhecer o mundo e aproveitá-lo. E, bem, Buenos Aires também entra na lista. Max sentou atrás de Fernanda na cama, abraçando-a. Enquanto Sophia e Daniel estavam entretidos observando a cidade pela sacada, ele deslizou as mãos para os seios e outros lugares além da namorada, sendo respondido com um suspiro e três tapinhas que, mesmo ininteligíveis, diziam "aqui não, mas saiba que não desaprovei isto". O jovem então recuou e abraçou sua companheira, conversando sobre coisas aleatórias para passar o tempo. Daniel e Sophia -como esperado- ficaram deslumbrados com a visão que tinham acesso, passaram algumas dezenas de minutos parados, de mãos dadas, observando o "paraíso" como uma criança observa a ala de doces de um supermercado, irracional, entregue, fascinado, crente de aquilo ser o que precisa para uma boa vida. -Sentiremos saudades disso aqui, Sôh. -Que nada, existem muitas outras paisagens mais bonitas que nós ainda conheceremos. -Espero que sim. O casal que residia em Manaus estava tentando aproveitar o início da viagem ao máximo (pelo menos o máximo que a sacada permitia), haviam traçado alguns locais que visitariam em Ushuaia, e o mais importante: aonde iriam depois de Ushuaia e como iriam. Cerca de 20 minutos depois, Agnes saiu do banho e fora arrumar-se. Era possível notar uma certa vontade de gastar alguns minutos para ficar bonita. Enquanto maquiava-se, os dois casais conversavam e davam os retoques finais. O som da televisão ecoava no quarto, fazendo
  • 41. com que todos que, curiosos por ouvi-lo, buscassem as imagens da programação. Estavam assistindo um canal de videoclipes e esperando o Ramón chegar. O garoto, 42 minutos após (com 1 minuto de atraso) ter despedido-se de Agnes, bateu na porta do quarto 305 e fora recepcionado por um homem grisalho e confuso com a presença do jovem. Ramón então desculpou-se e, dando um tapinha na cabeça, lembrou-se que o apartamento da ruiva era o 306. Andou alguns passos e, após um suspiro, deu três batidas firmes e secas na porta. Alguns segundos depois, Agnes abriu-a com um sorriso e cumprimentou o rapaz com um beijo na bochecha. Ramón, vermelho de timidez, retribuiu o cumprimento mais por educação do que por prazer. Como pode uma garota cumprimentar um garoto que conhece há tão pouco tempo na frente dos amigos assim? -Olá a todos. -Disse o argentino tentando -apesar da timidez- manter a voz rigorosa e audível. Os amigos cumprimentaram Ramón e avisaram que ele podia relaxar e ficar à vontade (estava tão vermelho quanto o cabelo de Agnes). Aprontaram-se de forma definitiva e partiram para fora do quarto, depois para o elevador, finalmente, para a entrada do hotel. Optaram por irem caminhando para terem a oportunidade de conhecer mais um pedaço de Buenos Aires. O assunto durante o caminho fora agradável, Agnes estava ao lado de Ramón com demasiada proximidade, o argentino estava apreciando aquilo, mas achava muito arriscado tentar algum contato físico além do que já estavam tendo. Chegaram ao clube de tango enfim, a entrada custava, numa conversão para reais, R$15,11. Pagaram indiferentes e entraram por uma porta dupla de vidro escuro. O prédio era largo e alto, com uns 6 andares e 11 quartos do extremo leste ao extremo oeste; a fachada era iluminada e com uma marquise vermelha que cobria o caminho para a entrada. Havia também um letreiro grande de uns 3 metros de altura, que estava paralelo à parede frontal do prédio, o objeto tinha a forma de uma taça de martini com uma azeitona dentro, acima do copo estava um salto alto, denotando sensualidade carnal e prazer alcoólico. Logo acima da porta estava escrito de forma tímida, "Tango's Bar"; acima do prédio, em seu teto, esta palavra repetia-se de forma incrivelmente maior.
  • 42. O grupo brasileiro não prestara atenção na fachada do clube, vendo apenas algumas lâmpadas que piscavam, talvez seja por causa dos perfumes misturando-se uns aos outros no ambiente exterior, causando uma espécie de hipnotismo e alucinação; ou talvez pelo álcool que ia aos poucos consumindo a razão das pessoas temporariamente. Todavia, o importante é que conseguiram entrar no clube. Seguindo por um corredor que fazia uma leve curva para a direita, viram duas portas, uma em cada lado do corredor. Interrogado sobre o que havia atrás das portas, Ramón respondeu, informando-os de que tratava-se de quartos que as pessoas alugavam para ter maior privacidade; mas, por quase nunca alugarem-no, haviam apenas dois. Continuaram andando e viram um corredor que tinha início à direita dos amigos, no lado oposto, a porta do primeiro salão, com instrumentos voltados para o acústico, esta sala tinha uma atmosfera mais intimista e sensual. A segunda sala, no final do corredor, era o salão mais "elétrico", com bateria e outros instrumentos, um lugar para uma dança mais rápida, animada e não tão sensual. Ao entrar no salão de número II (elétrico), os amigos dispersaram-se, indo Fernanda e Max para perto do bar que ficava no fundo do recinto, Sophia e Daniel foram instantaneamente para a pista colocar em prática as poucas aulas de tango que haviam feito em Manaus -eles precisavam de mais algumas aulas para "dançarem" de fato. Agnes e Ramón ficaram sentados numa mesa um pouco antes do bar, conversando sobre coisas aleatórias. ... -Duas doses de vodka, por favor. -Entoou Max ao garçom, deixando a voz levemente grave para não ter que passar pela frustração de mostrar a identidade. -Sim, senhor! -Retorquiu o garçom virando as costas para o casal e preparando as doses. Voltou-se novamente com as bebidas e o loiro pagou-as. -E então, Fêh, o que "tá" achando daqui? -Até que é legal, a banda é boa, as pessoas são bonitas e as bebidas são deliciosas. Max, falando nisso, vamos ficar só mais um pouco aqui no bar e vamos dançar, pode ser?
  • 43. -Beleza, amor. -Respondeu dando um breve beijo na boca de Fernanda, que mesmo espantada com a repentinidade do gesto, não desaprovou a atitude. Foram então tentar dançar o tango que os argentinos tanto gostavam. Era de fato uma dança difícil, o casal já havia dançado-a uma vez ou outra, mas não lembravam-se de como dançar. Tiveram que apelar então para a cópia, olhavam para as pessoas ao redor e reproduziam a dança. Fernanda estava envolta nos braços de Max e o garoto era seu prisioneiro, mesmo após terem reencontrado-se já há algum tempo, a saudade não dava-lhes trégua. Após algum tempo, decidiram dançar algo mais leve e romântico; sim, foram para o salão I (acústico). Pediram mais um par de drinques enquanto escutavam o violino aliar-se ao violão no palco. -Vamos sentar um pouco, Fêh, estou meio cansado. -O.K. Ficaram numa mesa que estava numa parede adjacente ao palco, descansando e aproveitando a breve estadia de Buenos Aires. -Está gostando da viagem, amor? -Até que sim, Fêh. Pelo menos estão compensando o voo cancelado. Aqui de fato tem muitas mulheres bonitas. -É mesmo? Então por que você não vai pegar elas, seu Max garanhão da meia noite? -Porque já tenho você, meu amor. -Respondeu num tom sereno e apertando as mãos da namorada. -Estava apenas brincando. Passadas aproximadamente 13 minutos desde que sentaram-se, foram novamente dançar, mas desta vez com mais calma e paixão. Dançarem até as quatro pernas implorarem por repouso. ...
  • 44. Sophia e Daniel ficaram a noite toda dançando, esqueceram-se dos problemas e do mundo ao redor deles, focando apenas em dançar, acompanhar e satisfazer o seu parceiro. A princípio eles estavam "enferrujados", alguns pisões aqui, outros ali, uma errada no ritmo e por ai iam os erros. Aproximadamente 1 hora e 3 minutos após darem início à odisseia das pernas, começaram a melhorar consideravelmente. Garotos passaram então a disputar algumas músicas na companhia de Sophia, que estava demasiadamente feliz por estar saindo-se bem no tango. Afinal, ser o centro das atenções era o que ela mais queria para aquela noite. Porém, ela não era a única pessoa que estava tornando-se popular, Daniel encantava as garotas a cada música que passava, despertando a cólera da canadense. -"Tá" bom, Daniel, vamos fazer uma pausa, tenho que conversar contigo. -Sophia disse num tom sinistro enquanto puxava o namorado pela mão direita. Sentaram num sofá próximo ao bar e descansaram enquanto conversavam. Sophia, que estava de costas para o palco, olhou para a esquerda buscando estudar o ambiente e ficara paralisada com a cena a que assistira. -Veja, Daniel, a Agnes está pegando aquele argentino, o... -Ramón. -Completou o garoto olhando para o mesmo lado que a namorada, procurando o mais novo casal. -Isso! Ramón! Caralho, hein!? A Agnes não perdoa um. -Ela vai acabar sofrendo por causa desse cara. Mas e aí, topa outra rodada de dança? -Pra quê? Pra você ficar todo todo com aquelas branquelas, Don Juan? Não, vamos ficar aqui, pelo menos consigo vigiar você com mais facilidade nessa cadeira. -Tá bom, então vou pedir um suco para mim, vai querer? -Vou sim, e também vou querer uma batida de morango. -Tá.
  • 45. Enquanto tomavam suas respectivas bebidas, o casal fazia planos para a noite e para a viagem. Estavam -aos poucos- tentando transformar a nova vida deles em normal. Não havia muito tempo desde que saíram de Manaus, então isto causara diversos choques e estranhamentos para o dois. -Acho que devemos dançar mais um pouco antes de irmos embora, Sô. O que acha? -Só um pouco, e você vai dançar apenas comigo e com mais ninguém. -Tá bom, amor, vamos. -Disse Daniel dando a mão para Sophia e conduzindo-a até a pista de dança. Dançaram por mais alguns 12 minutos e perceberam que o cansaço estava tomando forma em seus corpos. -Ah... chega, vamos embora, Daniel. -Balbuciou a canadense, ofegante. ... -E então, Agnes, quer dançar ou sentar em algum lugar para conversarmos? -Hmm, não sei dançar tango, você sabe? -Sei sim, quer que eu te ensine? -Adoraria, então vamos para o salão de música mais lenta, é mais fácil para aprender. -Tudo bem. Enquanto iam, Agnes pegara de súbito a mão de Ramón, assustando o rapaz a princípio; mas, logo após, mergulhando-o num mar de deleite e carinho. Eles olharam um para o outro e seus olhares se encontraram, sugestivos, carnais, carentes.
  • 46. Ao chegarem no salão I, Ramón começou a dar uma breve explicação acerca do tangoe fora ouvido com vontade pela ruiva. Os dois começaram então (após a explicação) a dançar, a garota estava com a cabeça no ombro direito do argentino, abraçava-o com força e olhava em seus olhos regularmente. Os movimentos dos dois, ritmados e não ritmados, completavam-se, a perfeição e a imperfeição, a vida e a morte, a água e o fogo. Ficaram nesta ação compartilhada por 3 músicas quando Agnes disse que precisava beber alguma coisa. Ramón, por conhecer o lugar, disse que o bar do salão II era melhor, a ruiva concordara com a sugestão e seguiu o jovem até o outro salão. Agnes pediu um suco de laranja e o rapaz, um refrigerante. Sentaram-se numa espécie de sofá de lanchonete lado a lado e começaram a conversar. -Agnes... bem, acho você uma pessoa encantadora. -Também gostei muito de você, Ramón. -Equanto dizia isso, o argentino envolveu seus ombros com uma mão e segurou a mão esquerda da garota com a outra livre. Ela entendeu a intenção e mostrou um sorriso malicioso em seus lábios enquanto inclinava o corpo para o lado de Ramón, seguindo o sentido da força exercida pela mão do rapaz. Ficaram nesta posição por alguns minutos, quando o funcionário do hotel levantou o queixo da garota com um dedo -denotando suavidade- e subitamente beijou Agnes que, sem hesitar, deu continuidade ao beijo, que tornava-se mais intenso e mais caloroso com o passar dos segundos. A poucos metros dali, Sophia e Daniel viram a cena, mas não toda, pois viraram o rosto neste momento. A mão de Ramón, até agora apertando as de Agnes, começaram a caminhar pelas costas da garota até pousarem em sua nuca. Ele envolveu-a num abraço onde ambos sentiam o corpo um do outro, quente de excitação, pedir por mais. A mão da garota -que estava sendo guiada pelo jovem até então- fora até o meio das pernas do argentino, notando um volume não muito normal, deixando-a interessada pelo garoto estar assim. Em retribuição, ele penetrou a calça de Agnes com a mão, descobrindo seu sexo, suas particularidades e arrancando um leve gemido da garota. Eles estavam ali, no meio de uma grande quantidade de pessoas, masturbando ou ao outro; mas para eles isso não importava, o prazer havia sobreposto os parâmetros sociais e seus limites, até que, como uma faísca causa uma grande explosão, Ramón tomou consciência novamente das pessoas ao seu redor. Tirou rapidamente a mão de dentro da roupa de Agnes (não
  • 47. sem aproveitar-se do movimento para dar uma última dose de prazer à garota) e foi com ela para um daqueles quartos que nunca alugavam. Após pago o aluguel, entraram e -ignorando todo o ambiente- voltaram para onde estavam, Daniel pegou Agnes em seus braços e começou a beijá-la efusivamente, não esquecendo-se de tocar partes sensíveis do corpo da garota. Ela, por sua vez, estava extasiada com a situação, não existia antes e depois, apenas o agora. A temperatura de seu corpo estava elevada; ela, úmida. O paraíso não seria mais perfeito. Ramón depositou a garota na cama e tirou sua camisa, encantando Agnes com o torso levemente definido. A ruiva então tirou a sua camisa, expondo o sutiã preto que separava seus seios fartos das mãos do garoto. Ele deitou-se sobre ela, beijando-a e voltando sua mão recém seca de volta para onde estava. A cabeça do rapaz migrara da boca de Agnes para seu pescoço e depois para o meio dos seios. Tratou então de tirar o sutiã rapidamente e jogá-lo ao lado da cama. A garota, mesmo nunca tendo feito aquilo, sentia-se à vontade com o rapaz, pois sabia de alguma forma que ele a desejava. Ramón começou a abocanhar o seio direito da garota enquanto a masturbava, mordiscava o mamilo, chupava e ia para o outro seio, repetindo a ação. Isso durou por alguns minutos, o rapaz desceu então para sua barriga, sendo respondido por mais suspiros seguidos por gemidos de prazer e tesão. Tirou então a calça da garota e, logo em seguida e vagarosamente, sua calcinha vermelha. Agnes proferia palavras de ordem ao argentino, implorando por ele e excitando-se cada vez mais. Ramón, olhando Agnes nos olhos, enterrou sua língua no clitóris de Agnes, que soltou um grito exasperado e contorceu as pernas, envolvendo a cabeça do jovem nelas. Ele, por sua vez, deliciava-se em dar prazer para a ruiva, caminhando sua língua por toda a vagina, arrancando contrações, gemidos e palavras de ordem. Esta cena perdurou até Agnes sentir erradicar de seu corpo uma sensação de prazer absoluto que fora crescendo mais e mais. Levantara suas costas da cama, ficando apoiada pela cabeça, nádegas e pés. Agnes apertou a cabeça de Ramón com força contra o seu corpo e viu a sensação de prazer daquele local crescer mais e mais. Cresceu até dominá-la por completo, seu corpo, imerso em prazer, contorcia-se todo, ela era prisioneira do argentino, podendo apenas gritar sons inaudíveis e, após algumas palavras proferidas, um "vou gozar" fez-se ouvir em alto e bom som por todo o quarto. Ela tentou fechar as pernas, sendo impedida por Ramón, e projetou para fora alguns jatos de um líquido transparente com poucos tons de branco. Suada, ela puxou o rapaz e abriu sua calça, parando brevemente para recuperar-se tanto em corpo quanto em fôlego. Ao
  • 48. abrir a calça, ela viu que algo enrijecido estava sendo guardado dentro da cueca negra. Desceu a peça de roupa e pôs suas mãos no órgão duro e pulsante diante dela, sendo respondida por um "hum". Levou sua boca a ele e dirigiu o olhar para os olhos semicerrados de Ramón. Agnes era virgem, mas já havia feito sexo oral em algumas ocasiões. Começou então a chupar o argentino, que deliciava-se -assim como Agnes a pouco tempo atrás- com a cena, segurando e puxando os fios ruivos da brasileira. Após sentir o princípio da mesma sensação que Agnes sentira, afastou-a de si e fora buscar algo em sua calça, encontrando um presevativo e colocando-o em seu pênis. -Ramón, acho melhor a gente ficar só nisso. -Agnes quebrou o silêncio que se instalara. -Por quê? -Perguntou surpreso. -Acho que não estou preparada e que este também não é o momento certo. -Disse com certo constrangimento. -Confie em mim, Agnes, não será ruim. -Não, Ramón, não quero. -Agnes disse levantando o tom levemente. -Hum, tá bom. -Respondeu desapontado. -Mas posso te chupar até o fim. -Pode ser. E Agnes voltou para onde estava, continuando até que Ramón a afastasse e expelisse alguns jatos de um líquido esbranquiçado bem parecido com o de Agnes. Tomaram um breve banho com leves carícias, aprontaram-se e começaram a perceber alguns detalhes do quarto, como um quadro na parede vermelha acima da cama, a banheira no banheiro, algumas flores e alguns espelhos. Viram estes poucos detalhes rapidamente e saíram do quarto. ...
  • 49. Antes de entrarem na casa de tango, os amigos combinaramde se encontrar na entrada entre 2:00 e 3:00 horas. Como todas as pessoas do grupo tinham um pouco de pontualidade na personalidade, não fora muito difícil encontrar o grupo reunido. -Ah! Finalmente o casalzinho chegou! -Disse Max, bêbado, referindo-se a Agnes e Ramón. -Não dê moral para ele, Agnes, está bêbado. -Advertiu Fernanda. -Beleza. -Agnes respondeu um pouco incomodada com a sentença dita por Max. Sophia e Daniel estavam sentados num sofá que havia nos primeiros metros após a entrada da edificação, estavam cansados e sonolentos, sem forças para qualquer possível discussão sobre ciúmes. Apenas se levantaram e juntaram-se ao resto do grupo numa caminhada de volta para o hotel. O trajeto de volta fora cheio de risadas e vômitos, afinal, a característica mais notante do bêbado é esta: colocar para fora o que faz mal. Quando chegaram na porta do hotel, os jovens entraram na hospedaria com exceção de Agnes e Ramón. -Bom, acho que é a hora de nos despedirmos. -Disse Ramón, tentando esconder a frustração pela qual passara há algumas horas. -É, acho que sim. Muito obrigada pela noite, Ramón, você é um cara super legal, gostei muito de você. Adoraria ficar aqui com você, até porque acho que estou até apaixo... bem, amanhã minha viagem continua, tenho que ir para Ushuaia com meus amigos. -Agnes. -Pegou na mão da garota. -Fique aqui, comigo, estou gostando de você e acho que isso é recíproco. Sei que você tem que ir, mas fique, fale para seus amigos que decidiu ficar aqui por mim, por nós. -Ramón falava com tanta emoção e sentimentalismo que parecia nem lembrar que ela o recusara.- Veja, já gostei de várias pessoas, mas com você é diferente, eu te amo, Agnes! Fique comigo. Neste momento uma dor lancinante surgiu no peito de Agnes, estava atônita. Queria Ramón, mas tinha que seguir em frente, o garoto chegou aonde ninguém havia chegado antes, mas o seu sonho estava sendo realizado.
  • 50. -Eu... não posso... -Balbuciou a ruiva enterrando a cabeça no peito de Ramón e chorando desesperadamente. -Eu te amo, Ramón. -Disse quase inaudível entre o peito do argentino. Ramón hesitou por alguns momentos e, após uma ponta de cólera, tirou Agnes de perto de si e seguiu para sua casa sem ao menos se despedir ou olharpara a garota que, em prantos, pôde apenas ver a silhueta de Ramón dando passadas firmes e virando numa esquina qualquer, afinal, o rapaz já havia sofrido muito por um dia, ou talvez apenas não quisesse manchar a sua masculinidade chorando perante uma garota. Ninguém sabe. Agnes, triste deveras, passou acelerada pela recepção para evitar perguntas indiscretas e buscou refúgio nas paredes confiáveis e sinceras do elevador. Chegou ao andar de seu quarto e introduziu-se no quarto com a face ensopada de lágrimas. ... Os 4 amigos caminharam vacilantes até o quarto. Durante o percurso, uma pergunta surgiu na cabeça de Sophia: -Como Agnes fará com o Ramón? Parece que estavam se dando bem, mas a nossa viagem é amanhã. Quero só ver como ela vai fazer com ele. -É verdade, acho que acabará nos restando a missão de consolar a pobre garota. - Completou Fernanda. Max e Daniel, se tinham força para falar, preferiram ficar quietos e seguir logo para o quarto, sentiam uma necessidade colossal de tomar um banho, pois estavam suados e sujos. Os dois casais chegaram enfim ao quarto e puderam tomar o tão esperado banho. Na sequência, trataram de pular na cama, restando a Daniel a missão de desligar a luz. Quando este
  • 51. caminhava até o interruptor ao lado da porta, esta se abriu bruscamente, materializando Agnes e suas lágrimas dentro do quarto. ... -Mas que diabos aconteceu, Agnes? -Daniel perguntou recobrando a lucidez (mesmo que temporária) causada pelo espanto. -O... Ramón... -Ao balbuciar esta última palavra, o choro, controlado em partes, transformou-se numa avalanche de desespero e lágrimas. -O que ele te fez, Agnes? -Daniel perguntou, demonstrando um princípio de irritação. -Ele não fez nada. -Disse em meio a soluços. -É que... não vamos mais nos ver. - Completou. Ao ouvir isto, Fernanda olhou para Sophia de forma sugestiva, como que querendo dizer "eu avisei, estava certa". Em poucos minutos, Agnes estava contendo as lágrimas novamente, rodeada de seus amigos numa cama. Palavras motivadoras (pelo menos pareciam) eram ditas à garota, que recebia abraços e beijos de todo o grupo. Agnes, após acalmar-se, conseguiu dormir como todo o resto do grupo, mas não sem antes gastar algunas minutos de "pré-sono" pensando no rapaz, sozinha, em silêncio, isolada na escuridão do quarto. ...
  • 52. O dia, como era de se esperar, amanheceu com uma suave brisa matutina, anunciando que Ushuaia estava cada vez mais perto. -Bom dia, galera! -Gritou Daniel, empolgado, acordando todos os habitantes do quarto. Max, por sua vez, fora vítima de uma terrível dor de cabeça, consequência da dita ressaca. -Bom dia, Daniel! -Respondeu Fernanda, alegre. -Bom dia, amor, que horas são? -Sophia indagou. -São 10:02, Sophia. -Obrigada. -E você, Agnes, está melhor? -Perguntou Fernanda num tom amistoso e suave. -Ah, Fêh, até que sim. Agradeço muito ao apoio que vocês me deram, foi muito importante. -Não se preocupe, amiga, todos nós já sofremos por amor também. -Ai minha cabeça... Acho que bebi demais ontem. Fernanda, preciso de você. -O que foi, meu amor?