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Alunos:
Andressa
Carlos Alberto
Marizil
Uelma
CASO: Para que serve um pai... freudiano
A história
• C.C. Zinha, como insiste em chamá-la no âmbito familiar,
uma mulher de mais de quarenta anos, alta, exuberante,
psicóloga, estudiosa, inteligente, filha única, foi casada onde
teve somente uma filha e sua mãe também filha única.
• Seu pai, jurista bem sucedido, concentrou em sua figura todos
os poderes de gerenciamento e administração dos bens e das
decisões, tanto de sua própria família como da família de sua
mulher. Regulamentava e interditava qualquer possibilidade
de usufruto da mulher, como também da filha, daquilo que
sua posição econômica possibilitava.
• Ao negar a filha a satisfação de demanda mais que razoáveis,
lhe dizia: “ tudo vai ser seu, quando eu morrer”.
• Também disse em algumas ocasiões: “ quando eu morrer
,você terá que cuidar de sua mãe” (já que esta é bastante
liberal e impulsiva no trato com o dinheiro).
• Acometido, há algum tempo, por um nítido declínio físico,
mas também emocional, foi internado no segundo semestre
de 2005, com uma doença, supostamente, não diagnosticada,
mas, sem dúvida, não nomeada. C. não sabe, exatamente, do
que se tratava.
• Diante da impossibilidade concreta do pai, ainda
hospitalizado, C. passou a administrar, minimamente, a
economia doméstica familiar, que incluía sua própria casa e a
casa paterna. Continuava, porém, não tendo acesso a todo o
patrimônio acumulado, e alimentava, sinceramente, a
esperança da volta do pai à sua posição original.
• A transgressão do pai aparecerá, de forma totalmente
surpreendente para C., em seu leito de morte, ligada à
sexualidade, numa alusão que este fez ao tipo de mulher que
desejava. Contingência intrigante para C., tanto quanto a
emergência de um pai amoroso, que ela jamais pode ver, a
não ser próximo da morte e num estado por ela qualificado de
confusão mental.
• Há quatro meses, esse pai morreu. De fato, com a morte do
pai, se viu sozinha, às voltas com a tarefa de gerenciar um
grande volume de dinheiro, como também de administrar a
casa paterna e ordenar, minimamente, os gastos que sua mãe
passou a fazer, sem medir muito as consequências,
providenciou um motorista e comprou um apartamento cuja
vista é esplêndida, dando razão para o que o pai sempre dizia
sobre a mãe.
• Sente-se sozinha nessa tarefa, pois, embora tenha parentes
que são próximos, não recorre a eles, pelo perigo que pode
representar saberem que ela tem, de agora em diante, tanto
dinheiro. Prefere buscar ajuda profissional: advogados,
administradores financeiros, amigos mais confiáveis, pagando
sem discussão, o que é cobrado.
• Sabia, de alguma maneira , que a herança seria , para ela ,
pesada e penosa demais.
• De fato, um custo muito alto para ser ter acesso a um pai não
só tirano. Só que, ainda, ao custo da culpa e de uma lógica
fálica inexoráveis, em se tratando de um pai freudiano.
Para que serve um pai... freudiano
A condução da analise
A análise – primeiro tempo
• A paciente “C” busca tratamento para o mal
estar no casamento.
• Gravidez vista como recurso possível para
mobilizar o marido na vida a dois.
• Em viagem ao exterior “C” passa mal e fica
literalmente passiva.
• A maternidade faz “C” vacilar, e convoca o
marido para ocupar essa função.
• A paciente desiste dessa demanda em relação
ao ex-marido.
• No período de análise “C” perde o avô
materno, um pai doador como relata na
sessão, que sabia viver a vida.
• Consegue um ganho terapêutico.
• Resta uma nostalgia ligado aos meninos do
colégio na adolescência.
• Ao fazer a dissertação de mestrado é
despertada pela questão da feminilidade, onde
busca pelo paradigma da feminilidade cultural.
• Depois interrompe a análise.
• De maneira esporádica mantinha supervisões
clínicas.
A análise – segundo tempo
• Passado aproximadamente 2 anos volta a
procurar sua analista.
• Retoma sua análise de maneira fluída, um
tanto froucha, sessões quinzenais.
• Apresenta leve depressão, alguns sintomas
físicos.
• Na época que esteve em análise teve um
namorado e um romance com um amigo.
• Preocupa-se com envelhecimento dos pais em
especial do pai, vislumbrando futuras
responsabilidades.
• Mas nada a toca em demasia, está um pouco
entorpecida.
• Pai adoece e C não sabe exatamente o motivo
da doença.
• Passa a administrar as duas casas, porém sem
acesso a todo patrimônio acumulado.
• A esperança que o pai volte a posição original.
• O pai morre após 4 meses e ela traz para
análise, toda angústia aí implicada.
• Se vê sozinha para administrar casa paterna e
ordenar minimamente os gastos da mãe.
• Não recorre aos parentes, para que não saibam
que ela tem de agora em diante, tanto dinheiro.
• Numa sessão fala sobre o advogado,
mencionando parecer ter que dividir a herança
com ele.
• Sempre considerou o pai muito honesto,
encarnação da lei.
• A transgressão do pai aparecerá, de forma
totalmente surpreendente para “C”.
• Contingência intrigante, tanto quanto a
emergência de um pai amoroso que ela jamais
pode ver, a não ser próximo da morte e num
estado qualificado por ela de confusão mental.
• Considera que o pai só abre mão do controle,
quando perde o controle de si mesmo.
• Um custo alto para ter acesso a um pai não só
tirano.
• Pode providenciar assim que o pai morreu,
regalias e confortos.
• Mas ao custo da culpa e de uma lógica fálica
inexoráveis, em se tratando de um pai
freudiano
• Passou a ir semanalmente à sessão e disse que
agora poderia pagar devidamente.
• Um aumento pequeno frente à aquele de seus
recursos.
• Apareceu na transferência algo da angústia
fundamental, que se revelou em um dos
sonhos trazidos em sua última sessão.
• Sonhava com o pai como estando vivo
procurando tranquilizá-la.
• “C” mostrava nas sessões não estar nada bem,
sentia que era muita responsabilidade.
• A última sessão “C” chega dizendo de suas
reflexões, que teve várias idéias e associações,
além de 3 sonhos.
• O 1º sonho, que seu pai não havia morrido e
voltava, angustiada não saberia explicar ao pai
como gastou o dinheiro que ele poupara.
• O 2º sonho, aparece um primo, alcoólista,
depreciado numa família de mulheres muito
poderosas “fálicas” que morreu a pouco
tempo.
• Antes do 3º sonho ocorre uma reunião
familiar na casa da prima poderosa e os
homens começam um conflito quase
chegando as vias de fato.
• “C” fica espantada e questiona se todos os
homens são assim, algo fundamental.
• Não há jeito de estar com eles, a não ser à
custa do sacrifício de uma particularidade ou
pagando com a morte a falência fálica.
• O ICS lhe dá uma resposta o terceiro sonho,
sonha com casal de amigos onde a mulher
enganava o marido e este “se deixava”
enganar.
• Lembra que seu amigo tampouco é como os
homens que protagonizaram a disputa pela
razão única.
• A prima poderosa faz a seguinte observação:
“vocês não pensam como homem”.
• A analista diz: “pois é, não pensam como
homem. Mas “C” nao se satisfaz, repete o que
a prima disse. A analista diz: “ainda bem,
vocês não pensam como homem”.
• “C” retruca ela sabe e as outras não.
Para que serve um pai... freudiano
O Mito ilustrativo do caso
O Mito ilustrativo do caso
Para Freud, o pai sempre teve um
importância fundamental. Na tentativa de
apreendê-lo, Freud elaborou três mitos:
Édipo, Totem e Tabu e Moisés. Em todos
acontece o parricídio.
O Mito ilustrativo do caso
• Freud coloca o mito do pai no centro de sua doutrina. Ao
escrever Totem e Tabu em 1912, pretendia explicar porque os
aborígenes australianos evitavam o incesto utilizando um
sistema exôgamico de relações numa organização social onde
severas regras éticas eram observadas. A mulher e o desejo
eram as grandes ameaças. Ele associou esses aborígenes com
os neuróticos que, para evitar as relações incestuosas fazem
severas restrições a sua vida anímica. Definiu o Tabu, tal como
o sintoma, como uma formação de compromisso, ou seja, é
uma solução possível de viabilização das pulsões
incompatíveis.
O Mito ilustrativo do caso
• Que pai é este de Totem e Tabu? É o pai todo-
poderoso, não castrado, que tem todas as mulheres
para si e por isso foi alvo da hostilidade dos filhos
que o mataram. Após o ato, os filhos descobrem que
também amavam esse pai; o amor é então,
transformado em sentimento de culpa e a palavra do
pai se converteu em lei simbólica. Este pai morto foi
a condição de retorno da ordem e do estabelecimento
de um laço social com a renúncia dos filhos ao gozo
da mãe.
O Mito ilustrativo do caso
• A partir do pai primitivo, déspota, tirano, obsessivo tem-se a
exceção à regra da castração como universal. A onipotência
deste “ao menos um” suscita a ambivalência nos filhos. Eles
têm ódio e inveja pelos atributos que permitem ao pai ter
todas as mulheres. Matam o pai tirano e em seguida o
consomem num banquete canibalesco para se apropriar das
marcas de sua onipotência e assumir o seu lugar. Com a culpa
e o arrependimento fazem o asseguramento de um culto
através do qual a dívida será honrada pela rendição à
instituição simbólica da proibição do incesto.
A interpretação do caso
Para que serve um pai... freudiano
• C. no primeiro momento, apresenta uma
neurose de angustia por estar recalcando
sentimentos de hostilidade para com o pai,
em razão da demanda de “viver a vida e
dela usufruir” interditada pelo pai tirano e
regulador.
• Havia, portanto uma relação ambivalente
em relação ao pai, fruto da castração
(simbólica na interdição).
• O sentimento de hostilidade recalcado se
transformou em seu oposto quando C.
desposou um marido que se revelou
negligente, omisso, tanto como esposo e
como pai, sobrecarregando-a com as
decisões e ações da vida da família,
fazendo-a assumir a posição fálica no
casamento e na vida pratica, causando-lhe
grande mal estar, o que motivou o fim do
seu casamento.
 Ganho terapêutico no primeiro tempo
de analise:
• Relaxamento da posição fálica, ativa e
executiva, se permitindo pequenos
prazeres (leituras, jogos, trabalhos
artesanais) realizados, quase sempre,
na solidão e de madrugada.
• C., no segundo tempo da analise, continua
angustiada, agora de uma forma mais
intensa, já que desistiu do marido e agora
se vê a procura de outro companheiro, mas
descobre que isto está na ordem do
impossível para ela.
• O adoecimento do pai, a faz preocupar-se
com as futuras responsabilidades, não
desejadas.
• O inevitável acontece, o pai tirano morre.
Surge, então, o pai Freudiano.
• C. Assume as responsabilidades gerenciais
dos bens da família, mesmo a contra
gosto.
• Descobre que os valores acumulados pelo
pai iam muito além do que imaginava, e
que não justificava as necessidades que ela
e sua mãe passaram.
• Então, providencia para si algumas
regalias e confortos que o pai nunca
permitira.
• C., Sempre considerou seu pai muito
correto, “a encarnação da lei, que
sempre fez questão de ser”.
• Em sonhos, o seu pai não tinha
morrido e voltava. A angústia de C.,
era com explicar para o pai que estava
usufruindo de sua herança.
• A presença do pai freudiano passa a
tortura-la não permitindo o gozo, a
semelhança do mito do pai primitivo. “A
lei promulgada pelo pai, uma vez este
morto, retorna na forma de culpa pelo
usufruto do gozo”.
• A lei instaurada – “não gozarás” – uma vez
transgredida demonstra sua validade na
forma da culpa pelo gozo.
• C., ainda face a um episódio familiar e a
interpretação de um terceiro sonho, parece
ter aceitado a lógica fálica como modo de
presença no mundo.
• A psicanálise indica que a identificação
sexual e uma questão lógica, ou lógico-
discursiva. À ela interessam as
consequências psíquicas dessa questão.
• Nessa operação lógica, o operador teórico
é o falo.
• Em Lacan, o falo é afirmado como função
significante.
• Ele é dito como o significante da falta, o
significante do desejo do Outro.
• Lacan esclarece: “uma vez que se trata de
um significante, é no lugar do Outro que o
sujeito tem acesso a ele”.
• Assim, parece que C. compreende que é
ficando no lugar do pai que ela teria
acesso ao falo (pensar como homem).
Referência
• http://www2.pucminas.br/imagedb/documento/DOC_DSC_NOME_A
RQUI20080521171150.pdf
MUITO OBRIGADO!

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Clinica Psicanalitica

  • 2. A história • C.C. Zinha, como insiste em chamá-la no âmbito familiar, uma mulher de mais de quarenta anos, alta, exuberante, psicóloga, estudiosa, inteligente, filha única, foi casada onde teve somente uma filha e sua mãe também filha única. • Seu pai, jurista bem sucedido, concentrou em sua figura todos os poderes de gerenciamento e administração dos bens e das decisões, tanto de sua própria família como da família de sua mulher. Regulamentava e interditava qualquer possibilidade de usufruto da mulher, como também da filha, daquilo que sua posição econômica possibilitava. • Ao negar a filha a satisfação de demanda mais que razoáveis, lhe dizia: “ tudo vai ser seu, quando eu morrer”.
  • 3. • Também disse em algumas ocasiões: “ quando eu morrer ,você terá que cuidar de sua mãe” (já que esta é bastante liberal e impulsiva no trato com o dinheiro). • Acometido, há algum tempo, por um nítido declínio físico, mas também emocional, foi internado no segundo semestre de 2005, com uma doença, supostamente, não diagnosticada, mas, sem dúvida, não nomeada. C. não sabe, exatamente, do que se tratava. • Diante da impossibilidade concreta do pai, ainda hospitalizado, C. passou a administrar, minimamente, a economia doméstica familiar, que incluía sua própria casa e a casa paterna. Continuava, porém, não tendo acesso a todo o patrimônio acumulado, e alimentava, sinceramente, a esperança da volta do pai à sua posição original.
  • 4. • A transgressão do pai aparecerá, de forma totalmente surpreendente para C., em seu leito de morte, ligada à sexualidade, numa alusão que este fez ao tipo de mulher que desejava. Contingência intrigante para C., tanto quanto a emergência de um pai amoroso, que ela jamais pode ver, a não ser próximo da morte e num estado por ela qualificado de confusão mental. • Há quatro meses, esse pai morreu. De fato, com a morte do pai, se viu sozinha, às voltas com a tarefa de gerenciar um grande volume de dinheiro, como também de administrar a casa paterna e ordenar, minimamente, os gastos que sua mãe passou a fazer, sem medir muito as consequências, providenciou um motorista e comprou um apartamento cuja vista é esplêndida, dando razão para o que o pai sempre dizia sobre a mãe.
  • 5. • Sente-se sozinha nessa tarefa, pois, embora tenha parentes que são próximos, não recorre a eles, pelo perigo que pode representar saberem que ela tem, de agora em diante, tanto dinheiro. Prefere buscar ajuda profissional: advogados, administradores financeiros, amigos mais confiáveis, pagando sem discussão, o que é cobrado. • Sabia, de alguma maneira , que a herança seria , para ela , pesada e penosa demais. • De fato, um custo muito alto para ser ter acesso a um pai não só tirano. Só que, ainda, ao custo da culpa e de uma lógica fálica inexoráveis, em se tratando de um pai freudiano.
  • 6. Para que serve um pai... freudiano A condução da analise
  • 7. A análise – primeiro tempo • A paciente “C” busca tratamento para o mal estar no casamento. • Gravidez vista como recurso possível para mobilizar o marido na vida a dois. • Em viagem ao exterior “C” passa mal e fica literalmente passiva. • A maternidade faz “C” vacilar, e convoca o marido para ocupar essa função.
  • 8. • A paciente desiste dessa demanda em relação ao ex-marido. • No período de análise “C” perde o avô materno, um pai doador como relata na sessão, que sabia viver a vida. • Consegue um ganho terapêutico. • Resta uma nostalgia ligado aos meninos do colégio na adolescência.
  • 9. • Ao fazer a dissertação de mestrado é despertada pela questão da feminilidade, onde busca pelo paradigma da feminilidade cultural. • Depois interrompe a análise. • De maneira esporádica mantinha supervisões clínicas.
  • 10. A análise – segundo tempo • Passado aproximadamente 2 anos volta a procurar sua analista. • Retoma sua análise de maneira fluída, um tanto froucha, sessões quinzenais. • Apresenta leve depressão, alguns sintomas físicos. • Na época que esteve em análise teve um namorado e um romance com um amigo.
  • 11. • Preocupa-se com envelhecimento dos pais em especial do pai, vislumbrando futuras responsabilidades. • Mas nada a toca em demasia, está um pouco entorpecida. • Pai adoece e C não sabe exatamente o motivo da doença. • Passa a administrar as duas casas, porém sem acesso a todo patrimônio acumulado. • A esperança que o pai volte a posição original.
  • 12. • O pai morre após 4 meses e ela traz para análise, toda angústia aí implicada. • Se vê sozinha para administrar casa paterna e ordenar minimamente os gastos da mãe. • Não recorre aos parentes, para que não saibam que ela tem de agora em diante, tanto dinheiro. • Numa sessão fala sobre o advogado, mencionando parecer ter que dividir a herança com ele. • Sempre considerou o pai muito honesto, encarnação da lei.
  • 13. • A transgressão do pai aparecerá, de forma totalmente surpreendente para “C”. • Contingência intrigante, tanto quanto a emergência de um pai amoroso que ela jamais pode ver, a não ser próximo da morte e num estado qualificado por ela de confusão mental. • Considera que o pai só abre mão do controle, quando perde o controle de si mesmo. • Um custo alto para ter acesso a um pai não só tirano.
  • 14. • Pode providenciar assim que o pai morreu, regalias e confortos. • Mas ao custo da culpa e de uma lógica fálica inexoráveis, em se tratando de um pai freudiano • Passou a ir semanalmente à sessão e disse que agora poderia pagar devidamente. • Um aumento pequeno frente à aquele de seus recursos.
  • 15. • Apareceu na transferência algo da angústia fundamental, que se revelou em um dos sonhos trazidos em sua última sessão. • Sonhava com o pai como estando vivo procurando tranquilizá-la. • “C” mostrava nas sessões não estar nada bem, sentia que era muita responsabilidade. • A última sessão “C” chega dizendo de suas reflexões, que teve várias idéias e associações, além de 3 sonhos.
  • 16. • O 1º sonho, que seu pai não havia morrido e voltava, angustiada não saberia explicar ao pai como gastou o dinheiro que ele poupara. • O 2º sonho, aparece um primo, alcoólista, depreciado numa família de mulheres muito poderosas “fálicas” que morreu a pouco tempo. • Antes do 3º sonho ocorre uma reunião familiar na casa da prima poderosa e os homens começam um conflito quase chegando as vias de fato.
  • 17. • “C” fica espantada e questiona se todos os homens são assim, algo fundamental. • Não há jeito de estar com eles, a não ser à custa do sacrifício de uma particularidade ou pagando com a morte a falência fálica. • O ICS lhe dá uma resposta o terceiro sonho, sonha com casal de amigos onde a mulher enganava o marido e este “se deixava” enganar.
  • 18. • Lembra que seu amigo tampouco é como os homens que protagonizaram a disputa pela razão única. • A prima poderosa faz a seguinte observação: “vocês não pensam como homem”. • A analista diz: “pois é, não pensam como homem. Mas “C” nao se satisfaz, repete o que a prima disse. A analista diz: “ainda bem, vocês não pensam como homem”. • “C” retruca ela sabe e as outras não.
  • 19. Para que serve um pai... freudiano O Mito ilustrativo do caso
  • 20. O Mito ilustrativo do caso Para Freud, o pai sempre teve um importância fundamental. Na tentativa de apreendê-lo, Freud elaborou três mitos: Édipo, Totem e Tabu e Moisés. Em todos acontece o parricídio.
  • 21. O Mito ilustrativo do caso • Freud coloca o mito do pai no centro de sua doutrina. Ao escrever Totem e Tabu em 1912, pretendia explicar porque os aborígenes australianos evitavam o incesto utilizando um sistema exôgamico de relações numa organização social onde severas regras éticas eram observadas. A mulher e o desejo eram as grandes ameaças. Ele associou esses aborígenes com os neuróticos que, para evitar as relações incestuosas fazem severas restrições a sua vida anímica. Definiu o Tabu, tal como o sintoma, como uma formação de compromisso, ou seja, é uma solução possível de viabilização das pulsões incompatíveis.
  • 22. O Mito ilustrativo do caso • Que pai é este de Totem e Tabu? É o pai todo- poderoso, não castrado, que tem todas as mulheres para si e por isso foi alvo da hostilidade dos filhos que o mataram. Após o ato, os filhos descobrem que também amavam esse pai; o amor é então, transformado em sentimento de culpa e a palavra do pai se converteu em lei simbólica. Este pai morto foi a condição de retorno da ordem e do estabelecimento de um laço social com a renúncia dos filhos ao gozo da mãe.
  • 23. O Mito ilustrativo do caso • A partir do pai primitivo, déspota, tirano, obsessivo tem-se a exceção à regra da castração como universal. A onipotência deste “ao menos um” suscita a ambivalência nos filhos. Eles têm ódio e inveja pelos atributos que permitem ao pai ter todas as mulheres. Matam o pai tirano e em seguida o consomem num banquete canibalesco para se apropriar das marcas de sua onipotência e assumir o seu lugar. Com a culpa e o arrependimento fazem o asseguramento de um culto através do qual a dívida será honrada pela rendição à instituição simbólica da proibição do incesto.
  • 24. A interpretação do caso Para que serve um pai... freudiano
  • 25. • C. no primeiro momento, apresenta uma neurose de angustia por estar recalcando sentimentos de hostilidade para com o pai, em razão da demanda de “viver a vida e dela usufruir” interditada pelo pai tirano e regulador. • Havia, portanto uma relação ambivalente em relação ao pai, fruto da castração (simbólica na interdição).
  • 26. • O sentimento de hostilidade recalcado se transformou em seu oposto quando C. desposou um marido que se revelou negligente, omisso, tanto como esposo e como pai, sobrecarregando-a com as decisões e ações da vida da família, fazendo-a assumir a posição fálica no casamento e na vida pratica, causando-lhe grande mal estar, o que motivou o fim do seu casamento.
  • 27.  Ganho terapêutico no primeiro tempo de analise: • Relaxamento da posição fálica, ativa e executiva, se permitindo pequenos prazeres (leituras, jogos, trabalhos artesanais) realizados, quase sempre, na solidão e de madrugada.
  • 28. • C., no segundo tempo da analise, continua angustiada, agora de uma forma mais intensa, já que desistiu do marido e agora se vê a procura de outro companheiro, mas descobre que isto está na ordem do impossível para ela. • O adoecimento do pai, a faz preocupar-se com as futuras responsabilidades, não desejadas. • O inevitável acontece, o pai tirano morre. Surge, então, o pai Freudiano.
  • 29. • C. Assume as responsabilidades gerenciais dos bens da família, mesmo a contra gosto. • Descobre que os valores acumulados pelo pai iam muito além do que imaginava, e que não justificava as necessidades que ela e sua mãe passaram. • Então, providencia para si algumas regalias e confortos que o pai nunca permitira.
  • 30. • C., Sempre considerou seu pai muito correto, “a encarnação da lei, que sempre fez questão de ser”. • Em sonhos, o seu pai não tinha morrido e voltava. A angústia de C., era com explicar para o pai que estava usufruindo de sua herança.
  • 31. • A presença do pai freudiano passa a tortura-la não permitindo o gozo, a semelhança do mito do pai primitivo. “A lei promulgada pelo pai, uma vez este morto, retorna na forma de culpa pelo usufruto do gozo”. • A lei instaurada – “não gozarás” – uma vez transgredida demonstra sua validade na forma da culpa pelo gozo.
  • 32. • C., ainda face a um episódio familiar e a interpretação de um terceiro sonho, parece ter aceitado a lógica fálica como modo de presença no mundo. • A psicanálise indica que a identificação sexual e uma questão lógica, ou lógico- discursiva. À ela interessam as consequências psíquicas dessa questão. • Nessa operação lógica, o operador teórico é o falo.
  • 33. • Em Lacan, o falo é afirmado como função significante. • Ele é dito como o significante da falta, o significante do desejo do Outro. • Lacan esclarece: “uma vez que se trata de um significante, é no lugar do Outro que o sujeito tem acesso a ele”. • Assim, parece que C. compreende que é ficando no lugar do pai que ela teria acesso ao falo (pensar como homem).