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Dois irmãos,
Milton Hatoum
Manoel Neves
ASPECTOS GERAIS
Dois irmãos, de Milton Hatoum
DOIS IRMÃOS
literatura, imigração e identidade
2000	
quarta	geração	do	modernismo	brasileiro	[pós-modernismo]	
imigração	libanesa	na	Amazônia	
um romance múltiplo
Nael,	narrador-personagem,	conta	a	história	dos	gêmeos	Yaqub	e	Omar,	num	romance	que	
traça	um	perfil	da	imigração	libanesa	na	região	amazônica	e	que	se	configura	de	forma	múlEpla	
romance	regional	 literatura	do	imigrante	romance	in1mista
ROMANCE REGIONAL
literatura, imigração e identidade
aspectos humanos
curumins,	cunhatãs,	peixeiros,	caboclos;	
aspectos geográficos
floresta,	palafitas,	frutas,	rios	
aspectos linguísticos
osga,	piEú,	cabocas,	lagrimar,	encafuados,	jambu,	mureru,	mucura,	cotoco	
aspectos históricos
recorte	histórico	de	aproximadamente	60	anos	da	história	de	Manaus	e	do	Brasil	[1910-1970]	
painel	múlEplo	da	região	amazônica
ROMANCE INTIMISTA
literatura, imigração e identidade
a	literatura	inEmista,	também	chamada	“de	análise	psicológica”	focaliza	a	paisagem	interior	
galeria de perfis
análise	da	mente	e	da	moEvação	das	personagens	por	intermédio	do	relato	de	eventos	relevantes	
realismo exterior
ao	contar	a	“história	da	família”,	Nael	forja,	progressivamente,	sua	idenEdade	aos	olhos	do	leitor	
a	“história	da	família”	é,	em	úlEma	instância,	sua	própria	história;	
tipos de discurso na narrativa
apesar	de	não	haver	discurso	indireto	livre	e	de	a	história	ser	contada	de	um	único	ponto	de	vista,	
o	narrador	constrói	personagens	com	densidade	psicológica	e	revela	suas	moEvações	existenciais
LITERATURA DO IMIGRANTE
literatura, imigração e identidade
a	narraEva	de	Hatoum	aproxima-se	da	chamada	“vertente	transcultural”	ou	“transculturação”	
a transculturação
Em	Dois	irmãos,	a	busca	da	idenEdade	corresponde	à	busca	pela	expressão	nacional;	de	um	
lado,	registra-se	que	a	cultura	presente	na	comunidade	manauara,	em	permanente	mutação,	
compõe-se	de	valores	parEculares,	historicamente	elaborados:	são	os	elementos	indígenas,	os	
mesEços	 e	 os	 resultantes	 dos	 vários	 fluxos	 migratórios;	 de	 outro,	 corrobora-se	 a	 energia	
criadores	que	move	essa	cultura,	fazendo-a	muito	mais	do	que	um	simples	conjunto	de	normas,	
comportamentos,	crenças,	culinária	e	objetos,	pois	se	trata	der	uma	força	poderosa	que	cria	
nexos	profundos	e	originais	no	interior	das	narraEvas.	
PELLEGRINI,	Tânia.	Milton	Hatoum	e	o	regionalismo	revisitado.	Project	muse.	Disponível	em:	hep://muse.jhu.edu.
LITERATURA DO IMIGRANTE
literatura, imigração e identidade
na	busca	por	sua	idenEdade,	o	narrador	acaba	por	se	transformar,	ele	mesmo,	numa	metáfora	
da	região	amazônica,	que	se	revela	ao	leitor	mesEça,	manaura,	libanesa,	brasileira	e	ameríndia	
Eu	não	sabia	nada	de	mim,	como	vim	ao	mundo,	de	onde	Enha	vindo.	A	origem:	as	origens.	Meu	
passado,	 de	 alguma	 forma	 palpitando	 na	 vida	 dos	 meus	 antepassados,	 nada	 disso	 eu	 sabia.	
Minha	infância,	sem	nenhum	sinal	de	origem.	É	como	esquecer	uma	criança	dentro	de	um	barco	
num	rio	deserto,	até	que	uma	das	margens	o	acolhe.		
HATOUM,	Milton.	Dois	irmãos.	São	Paulo:	Companhia	das	Letras,	2005.	
No	Mercado	Municipal,	escolhia	uma	pescada,	um	tucunaré	ou	matrixã,	recheava	com	farofa	e	
azeitonas,	assava-o	no	forno	de	lenha	e	servia-o	com	molho	de	gergelim.	
HATOUM,	Milton.	Dois	irmãos.	São	Paulo:	Companhia	das	Letras,	2005.
O ENREDO
Dois irmãos, de Milton Hatoum
O ENREDO, 01
Dois irmãos, de Milton Hatoum
A	história	se	inicia	com	a	volta	de	Yaqub,	que,	por	ordem	do	pai,	fora	enviado,	com	treze	anos,	
ao	sul	do	Líbano	um	ano	antes	da	2ª	Guerra,	no	intuito	de	aliviar	os	atritos	entre	os	irmãos.	
Considerado	frágil	e	demasiadamente	problemáEco,	Omar	fica	no	Brasil,	solidificando-se,	assim,		
a	superproteção	iniciada	na	infância.	Por	meio	da	memória	de	Domingas,	explicita-se	o	evento	que
originou	o	envio	de	Yaqub	para	o	Líbano	(quando	Enha	13	anos)	e	a	cicatriz	que	passou	a	carregar	
no	rosto.	Na	disputa	por	Lívia,	uma	garota	loira	que	flertava	com	ambos,	Omar	cortou	o	rosto	do		
	irmão	com	um	esElhaço	de	garrafa,	deixando-lhe	a	tal	cicatriz.	Vendo	que	a	relação	dos	dois	
se	tornara	perigosíssima,	Halim	resolvera	então	mandar	Yaqub	para	o	Líbano.	Cinco	anos	mais	
tarde,	a	volta	de	Yaqub	marca	a	existência	de	uma	nova	pessoa:	um	jovem	calado	e	cheio	de	
mistérios	que	escondiam	os	segredos	de	sua	permanência	fora	do	país.	Sozinho,	sem	possibilidade	
irmão,	segue	para	São	Paulo,	onde,	recusando	a	ajuda	financeira	dos	pais,	forma-se	em	Engenharia
Civil,	ascendendo	socialmente,		e	se	casando	de	forma	misteriosa	(com	Lívia),	comunicando	a	
a	família	por	meio	de	um	telegrama.	Enquanto	Yaqub	trilhava	os	caminhos	do	sucesso,	Omar	se	
perdia	em	bebedeiras,	noitadas	e	sucessivos	escândalos.	Ao	ser	enviado	a	São	Paulo	para	tentar
O ENREDO, 02
Dois irmãos, de Milton Hatoum
obter	o	êxito	do	irmão,	ou	que	sabe	amenizar	as	diferenças,	descobre	que	ele	se	casou	justamente	
com	a	jovem	Lívia,	paixão	de	ambos	desde	a	infância	e	causadora	da	briga	que	gerou	a	cicatriz	em	
Yaqub.	Faz	desenhos	obscenos	nas	fotos	do	álbum	de	casamento	do	irmão,	apertando	ainda	mais	
os	laços	de	inimizade	entre	os	dois.	Em	seguida,	rouba	dinheiro	do	irmão	e	foge	para	os	Estados	
Unidos.	Morre	Halim	e,	pouco	tempo	depois,	Omar	faz	amizade	com	o	indiano	Rochiram,	que	
pretendia	construir	um	hotel	em	Manaus.	Zana,	na	tentaEva	de	unir	os	filhos	e	desejosa	de	que	
abrissem	uma	construtora,	escreve	a	Yaqub,	pedindo	uma	espécie	de	perdão	ao	filho	e	propondo	
o	negócio,	ocultando-lhe	a	parEcipação	do	irmão.	Ao	senEr-se	traído,	quando	a	irmã	Rânia	lhe	
mostra	a	carta	da	mãe	à	Yaqub,	Omar	fica	tomado	por	um	ódio	incontrolável	e	espanca	o	irmão,		
mandando-o	para	o	hospital.	Inicia-se,	então,	uma	verdadeira	caçada	que	se	encerra	com	a	prisão	
e	condenação	do	Caçula	a	dois	anos	e	sete	meses	de	reclusão.	O	indiano	Rochiram,	vendo	seus	
negócios	fracassarem,	exige	que	a	irmã	dos	gêmeos,	Rânia,	venda	a	casa	em	que	vivem	para	
pagamento	das	dívidas.	Surge,	assim,	no	local,	a	Casa	Rochiram,	uma	loja	de	quinquilharias	
importadas	de	Miami	e	Panamá.	Nael	fica	com	um	pequeno	quadrado	no	quintal,	ao	qual	Rânia
O ENREDO, 03
Dois irmãos, de Milton Hatoum
denominou	a	herança.	Durante	todo	o	desenrolar	da	história,	Nael	lutava	ao	lado	da	mãe,	
assoberbado,	sem	muito	tempo	para	os	estudos.	Sente-se,	com	isso,	injusEçado.	Nunca	desisEu	de
arracar	dos	membros	da	família	a	idenEdade	de	seu	pai,	que	sabia	estar	em	um	dos	gêmeos.	No	
jogo	de	interditos,	juntando	os	cacos	do	passado,	Nael	se	empenha	em	descobrir	a	verdade.	O	
livro	se	encerra	com	um	encontro	mudo	entre	Nael	e	Omar,	numa	tarde	escura	e	de	chuva	
torrencial	em	Manaus.	Nael	espera	que	o	possível	pai	ou	Eo	peça	perdão	por	todo	sofrimento	que	
causou	à	família,	de	quem	Nael	é,	de	alguma	maneira,	o	herdeiro.	Espera	também	que	Omar	lhe	
dê	alguma	explicação	para	o	fato	de	ter	estuprado	sua	mãe.	Mas,	tudo	termina	com	o	silêncio	de	
Omar,	como	se	ele,	de	repente,	Evesse	se	acovardado.
O FOCO NARRATIVO
Dois irmãos, de Milton Hatoum
O FOCO NARRATIVO
Dois irmãos, de Milton Hatoum
narrador personagem
testemunha,	narra,	em	primeira	pessoa,	os	acontecimentos	
um narrador distanciado
apresenta	eventos	a	parEr	de	uma	visão	periférica	[não	pertence	ao	núcleo	principal	da	história];	
seu	nome	só	é	revelado	ao	leitor	depois	da	página	100;	
o	fato	de	ser	agregado	e	fruto	de	um	estupro	reforça	sua	condição	periférica	na	família/narraEva.	
Podia	frequentar	o	interior	da	casa,	sentar	no	sofá	cinzento	e	nas	cadeiras	de	palha	da	sala.	Era	
raro	eu	sentar	à	mesa	com	os	donos	da	casa,	mas	podia	comer	a	comida	deles,	beber	tudo,	eles	
não	 se	 importavam.	 Quando	 não	 estava	 na	 escola,	 trabalhava	 em	 casa,	 ajudava	 na	 faxina,	
limpava	o	quintal,	ensacava	as	folhas	secas	e	consertava	a	cerca	dos	fungos.	Saía	a	qualquer	
hora	para	fazer	compras,	tentava	poupar	minha	mãe,	que	também	não	parava	um	minuto.	
HATOUM,	Milton.	Dois	irmãos.	São	Paulo:	Companhia	das	Letras,	2005.
O FOCO NARRATIVO
Dois irmãos, de Milton Hatoum
um bricoleur
a	narraEva	de	Nael,	apesar	de	bastante	coesa,	é	construída	através	da	técnica	da	bricolagem;	
os	eventos	que	se	apresentam	ao	leitor	foram	relatados	a	Nael	por	Halim,	Zana	e	Domingas;	
pouco	do	que	se	conta	foi	vivido	por	Nael,	sua	função	é	colar	os	discursos	e	dar	unidade	a	eles.
O TEMPO
Dois irmãos, de Milton Hatoum
O TEMPO
Dois irmãos, de Milton Hatoum
psicológico
a	narração	de	faz	do	futuro	para	o	passado	[ficção	memorialista];	
a	construção	[enunciação]	do	relato	dá-se	30	anos	após	ocorridos	os	úlEmos	eventos	relatados.	
histórico
o	romance	tem	por	pano	de	fundo	a	modernização	da	Amazônia	no	século	XX;	
a	construção	[enunciação]	do	relato	dá-se	30	anos	após	ocorridos	os	úlEmos	eventos	relatados;	
os	eventos	transcorridos	situam-se	entre	1910	e	1970;	
há	referências	ao	fim	da	II	Guerra	Mundial,	à	Inauguração	de	Brasília	e	ao	Golpe	de	1964;	
uma metáfora
a	história	do	Brasil	aparece	circunscrita	a	um	pequeno	universo	que	acaba	por	refleEr	aspectos	
universas	do	drama	humano	
[o	homem	arrancado	de	sua	pátria	que	tenta	plantar	suas	raízes	em	outro	país]
O ESPAÇO
Dois irmãos, de Milton Hatoum
O ESPAÇO
Dois irmãos, de Milton Hatoum
ponto de encontro
Manaus,	Porto	dos	Remédios,	centro	comercial	
na	Manaus	retratada,	coexistem	o	indígena	e	o	imigrante	o	migrante	de	outras	regiões	
O	Café	Mocambo	fechara,	a	praça	das	Acácias	estava	virando	um	bazar.	Sozinho	à	mesa,	ele	ia	
contando	suas	andanças	pela	cidade.	A	novidade	mais	triste	de	todas:	o	lupanar	lilás,	também	
fora	 fechado.	 "Manaus	 está	 cheia	 de	 estrangeiros,	 mama.	 Indianos,	 coreanos,	 chineses…	 O	
centro	virou	um	formigueiro	de	gente	do	interior…	Tudo	está	mudado	em	Manaus.	
HATOUM,	Milton.	Dois	irmãos.	São	Paulo:	Companhia	das	Letras,	2005.
O ESPAÇO
Dois irmãos, de Milton Hatoum
a Amazônia de Hatoum
ponto	de	encontro	de	povos	diversos	que	para	ali	vieram	atraídos	pela	promessa	de	riqueza;	
as	várias	levas	de	migração/imigração	são	decorrentes	dos	ciclos	de	desenvolvimento	por	que	
passa	a	região	[Ciclo	da	Borracha,	Urbanização	de	Manaus,	Instalação	da	Zona	Franca...]:	
Note-se	que	os	beneycios	da	modernização	da	cidade	não	alcançam	todos	[casas	são	demolidas,	
a	vegetação	é	destruída,	a	paisagem	é	alterada,	a	opressão	econômico-social	toca	Domingas	e	
Perna	de	Sapo]	e	são	vistos	de	negaEvamente	tanto	pelo	narrador	como	pelas	personagens,	
como	 se	 nota	 no	 episódio	 da	 demolição	 da	 Cidade	 Flutuante;	 a	 desagregação,	 referida	 na	
epígrafe	 do	 romance,	 aEnge	 a	 cidade,	 aEnge	 a	 casa,	 aEnge	 os	 costumes;	 ao	 final,	 tudo	
desmorona	 –	 ficam	 apenas	 ruínas;	 tal	 decomposição	 [principal	 temáEca	 do	 romance]	 é,	
entretanto,	paradoxal,	na	medida	em	que	ela	aparece	desde	os	primeiros	momentos	históricos	
referidos	 no	 romance	 [década	 de	 1910]	 que	 conta	 como	 os	 imigrantes	 corroboram	
posiEvamente	 no	 processo	 de	 construção	 de	 uma	 idenEdade	 plural	 e	 mesEça	 nas	 terras	
brasileiras.
O ESPAÇO
Dois irmãos, de Milton Hatoum
o espaço do imigrante
Dividido	entre	o	Líbano	e	a	Amazônia,	o	imigrante	é	um	desterrado	que	se	vai	deixando	ficar,	
mas	que,	paradoxalmente,	mantém-se	fiel	à	sua	origem	por	intermédio	da	comida,	da	bebida,	
do	 uso	 do	 árabe,	 dos	 temperos,	 da	 afinidade	 com	 a	 cultura	 e	 a	 matemáEca,	 e,	 ao	 mesmo	
tempo,	vai-se	adaptando	ao	novo	país,	à	nova	cultura,	à	nova	gente.
O ESPAÇO
Dois irmãos, de Milton Hatoum
outros espaços
Líbano
espaço	de	origem	para	o	qual	não	se	quer	[Zana]	ou	não	se	pode	voltar	[Halim]	
São Paulo
espaço	associado	ao	trabalho,	ao	frio,	ao	luxo	e	à	oportunidade	de	ascensão	financeira	e	social	
Brasília
símbolo	da	modernidade	que	se	curva	ante	ao	brutal	Golpe	Militar	de	1964	
Miami
referida	rapidamente:	espaço	para	onde	foge	Omar	depois	de	furtar	o	irmão	
Biblos
o	nome	do	restaurante	de	Galib	é	uma	homenagem	a	uma	importante	cidade	do	Líbano
INTERTEXTUALIDADES
Dois irmãos, de Milton Hatoum
INTERTEXTUALIDADES
Dois irmãos, de Milton Hatoum
a epígrafe
o	texto	que	Drummond	que	serve	de	pórEco	à	obra	antecipa	as	temáEcas	a	serem	abordadas	
a	memória	 o	enraizamento	a	degradação	da	família
INTERTEXTUALIDADES
Dois irmãos, de Milton Hatoum
matrizes [inter]textuais
é	possível	idenEficar	três	fontes	intertextuais	para	o	livro	de	Milton	Hatoum	
Caim	e	Abel	[Bíblia]	 Esaú	e	Jacó	[Machado	de	Assis]Esaú	e	Jacó	[Bíblia]
INTERTEXTUALIDADES
Dois irmãos, de Milton Hatoum
Abel e Caim
A	primeira	história	de	rivalidade	entre	irmãos	se	dá	com	Caim	e	Abel.	Caim,	o	irmão	mais	velho,	
é	lavrador;	Abel	é	pastor	de	ovelhas.	O	despeito	entre	um	e	outro	se	dá	quando	Deus	não	aceita	
a	oferta	de	Caim,	que	Lhe	oferece	produtos	de	sua	lavoura	e	aceita	a	de	Abel	que	lhe	oferece	
uma	ovelhinha.	
PAIVA, Roginei. Análise de Dois irmãos. Disponível em: http://www.roginei.com.br
INTERTEXTUALIDADES
Dois irmãos, de Milton Hatoum
a história de Esaú e Jacó na “Bíblia”
Já	Esaú	e	Jacó,	filhos	de	Isaac	e	Rebeca	nascem	a	pedido	do	pai	que	clama	a	Deus	a	dádiva	dos	
filhos,	já	que	a	esposa	era	estéril.	Ainda	na	barriga,	as	duas	crianças	brigam	e	Rebeca	tem	a	
revelação,	 pela	 boca	 de	 Javé,	 de	 que	 eles	 representam	 a	 briga	 entre	 duas	 nações	 que	 se	
separam	em	suas	entranhas.	Um	povo	vencerá	o	outro,	e	o	mais	velho	servirá	ao	mais	novo.	
Esaú	 se	 tornou	 um	 caçador	 e	 Jacó	 preferia	 a	 tranquilidade,	 vivendo	 sob	 tendas.	 Isaac	 se	
idenEficava	com	Esaú;	Rebeca	preferia	Jacó.	Jacó	ambicionava	ser	o	primogênito,	direito	que	
dava	a	Esaú,	como	o	primeiro	a	sair	da	barriga	da	mãe,	ter	a	autoridade	patriarcal	sobre	os	
irmãos.	Esaú,	voltando	do	campo	esgotado	de	fome,	só	recebe	a	comida	de	Jacó	quando	lhe	
concede	o	direito	à	primogenitura.	
PAIVA, Roginei. Análise de Dois irmãos. Disponível em: http://www.roginei.com.br
INTERTEXTUALIDADES
Dois irmãos, de Milton Hatoum
Esaú e Jacó, de Machado de Assis
Já	o	romance	Esaú	e	Jacó,	Machado	de	Assis	deixa	clara,	a	parEr	do	|tulo,	a	intertextualidade	
com	o	Gênesis,	quando	já	carrega	no	próprio	|tulo	o	nome	dos	gêmeos	bíblicos.	Pedro	e	Paulo,	
filhos	 tão	 desejados	 como	 os	 de	 Isaac	 e	 Rebeca,	 são	 também	 gêmeos,	 têm	 personalidades	
diferentes	e	desenvolvem,	desde	cedo,	uma	rivalidade	sem	explicação.	Quando	NaEvidade	vai	à	
´Cabocla´	para	saber	sobre	o	desEno	deles,	ela	pergunta	se	eles	brigaram	em	seu	ventre.	A	mãe	
então	 lembra	 que	 não	 teve	 uma	 gestação	 sossegada,	 Enha	 movimentos	 extraordinários,	
repeEdos,	e	dores,	e	insônias...		
Segundo	 o	 narrador,	 o	 Conselheiro	 Aires,	 os	 dois	 irmãos	 representavam	 os	 dois	 lados	 da	
verdade.	 Paulo	 é	 extremamente	 impulsivo,	 age	 sempre	 de	 forma	 arrebatada;	 já	 Pedro	 é	
dissimulado	 e	 tem	 uma	 mente	 conservadora.	 Quando	 se	 tornam	 adultos,	 assumem	 posições	
políEcas	 diferentes:	 Paulo	 é	 republicano	 e	 Pedro	 monarquista.	 A	 mãe	 e	 o	 pai	 sofrem	 com	 a	
constante	compeEção,	mas	não	conseguem	aplacar	o	desejo	que	um	tem	de	contrariar	o	outro.	
Os	dois	se	apaixonam	pela	mesma	mulher,	uma	moça	retraída,	simples,	de	nome	Flora.	Ela,	não	
conseguindo	encontrar	em	um	só	deles	a	completude	do	seu	desejo,	deixa	entrever	que	um	
completaria	o	outro.	Na	impossibilidade	de	ter	os	dois,	ela	morre.	Eles	juram	reconciliação	junto	
ao	 túmulo	 dela,	 mas,	 ao	 elegerem-se	 deputados,	 conEnuam	 a	 brigar	 na	 tribuna.	 Novo	
juramento	de	paz	é	feito	no	leito	de	morte	da	mãe.	
PAIVA, Roginei. Análise de Dois irmãos. Disponível em: http://www.roginei.com.br
PERSONAGENS
Dois irmãos, de Milton Hatoum
PERSONAGENS
Dois irmãos, de Milton Hatoum
Halim
Halim:	Pai	de	Rânia	e	dos	gêmeos	Yaqub	e	Omar;	esposo	de	Zana.	Quando	jovem,	era	mascate	
nas	ruas	de	Manaus.	Melhorou	de	vida	ao	se	casar	com	Zana.	Aos	poucos,	foi	perdendo	o	amor	
da	esposa	para	o	Caçula	(Omar),	gêmeo	que	nasceu	logo	depois	de	Yaqub.	
Zana
Mãe	dos	gêmeos	Yaqub	e	Omar;	esposa	de	Halim.	Era	filha	de	Galib,	dono	do	restaurante	Biblos.	
À	 medida	 que	 a	 história	 evolui,	 ela	 vai-se	 mostrando	 dominadora,	 	 moldando	 o	 desEno	 do	
marido	 e	 dos	 filhos.	 As	 mulheres	 de	 Hatoum	 são	 fortes,	 dominadoras	 e	 regem	 o	 desEno	 da	
família.	
Galib
Pai	 de	 Zana.	 Tinha	 um	 restaurante	 no	 térreo	 da	 própria	 casa.	 Quando	 a	 filha	 se	 casou	 com	
Halim,	voltou	para	o	Líbano	e	lá	morreu.
PERSONAGENS
Dois irmãos, de Milton Hatoum
Omar
É	o	beberrão	boêmio,	mimado,	conquistador	e	revolucionário.	O	outro	herói	da	história.	Tem	os	
mesmos	 traços	 ysicos	 do	 irmão,	 mas	 caráter	 e	 comportamento	 opostos.	 Desde	 criança,	
mostrava-se	mais	arrojado	e	corajoso.	Com	o	excesso	de	proteção	da	mãe,	tornou-se	vadio	e	
rival	do	pai	e	do	irmão	gêmeo.	Seu	nome	é	um	anagrama	de	“amor”.	
Yaqub
O	engenheiro	que	construiu	sua	vida	independente	de	ajuda,	magoado	com	a	família,	|mido,	
conservador	e	que	se	muda	de	Manaus	para	São	Paulo.	É	visto	pelo	narrador	[e	pelo	leitor]	
como	herói.	Rapaz	vistoso	e	alto,	rosto	anguloso,	olhos	castanhos	e	graúdos,	cabelo	ondulado	e	
preto.		
Rânia
Irmã	que	mantém	uma	platônica	relação	incestuosa	com	os	gêmeos;	nunca	se	relacionou	com	
um	 pretendente	 porque	 esperava	 alguém	 que	 Evesse	 os	 atributos	 dos	 dois	 gêmeos.	 Corpo	
esbelto,	 alongado	 por	 uma	 pose	 alEva.	 O	 queixo	 levemente	 empinado	 que	 lhe	 dava	 um	 ar	
autoconfiante	e	talvez	anEpáEco.	Preocupava-se	e	hipnoEzava-se	na	presença	de	seus	irmãos.
PERSONAGENS
Dois irmãos, de Milton Hatoum
Domingas
Órfã	que	veio	do	interior	trazida	por	uma	freira.	Enfrentou	dois	anos	de	orfanato.	Depois,	foi	
morar	na	casa	de	Halim	e	Zana,	tornando-se	empregada.	Mãe	de	Nael,	o	narrador	da	história.	O	
próprio	narrador	diz	que	Domingas	não	teve	a	liberdade	de	escolher	nada	na	vida.	
Nael
Narrador-personagem.	 Filho	 de	 Domingas,	 empregada	 da	 família	 [com	 Omar].	 Tem	 enorme	
admiração	por	Yaqub.	
Lívia
Moça	que	provocou	a	primeira	briga	séria	entre	os	gêmeos.	Por	causa	dela,	Omar	cortou	a	face	
de	Yaqub	com	uma	garrafa	quebrada.	Lívia	foi	embora	para	São	Paulo	e,	às	escondidas,	casou-se	
com	Yaqub.
PERSONAGENS
Dois irmãos, de Milton Hatoum
Pau Mulato
Mulher	alta,	forte,	bem	escura,	por	quem	Omar	se	apaixonou	e	com	quem	fugiu	de	casa.	O	
romance	foi	desfeito	por	Zana,	e	o	Caçula	voltou	a	ser	mimado	pela	mãe	e	pela	irmã.	
Dália
Dançarina	que	mantém	uma	relação	amorosa	com	Omar.	
Antenor Laval
Professor	de	francês	responsável	pela	formação	literária	dos	rapazes	da	região.	Envolve-se	em	
aEvidades	subversivas.	É	espancado	e	morto	pela	polícia	no	início	da	Ditadura.	
Rochiram
Indiano	com	quem	Zana	tenta	fazer	um	úlEmo	negócio	para	reconciliar	os	gêmeos,	na	área	da	
construção	civil.	Com	o	fracasso	da	empreitada,	o	indiano	acaba	ficando	com	o	armazém	[único	
negócio]	da	família.	Assim,	a	casa	e	o	negócio	passam	ao	indiano,	restando	a	anel	um	pequeno	
terreno	no	fundo	da	construção.
CONCLUSÃO
Dois irmãos, de Milton Hatoum
CONCLUSÃO
Dois irmãos, de Milton Hatoum
De	acordo	com	Luiz	Costa	Lima,	a	relação	dos	irmãos	não	é	maniqueísta,	apesar	de	eles	serem	
duplos	opostos	[enquanto	um	gravita	predominantemente	no	polo	da	ordem	e	do	bom	senso	o	
outro	 sedia-se	 no	 polo	 da	 desordem	 e	 da	 transgressão]	 e	 complementares	 [são	 gêmeos	
idênEcos	e	representam	duas	faces	da	imigração].	Mesmo	tendo	a	simpaEa	do	narrador	[e	do	
leitor?],	 Yaqub,	 na	 ânsia	 de	 se	 vingar	 do	 irmão,	 acaba	 por	 apressar	 a	 destruição	 da	 família,	
destruição	essa	simbolizada	na	transformação	da	casa	num	bazar;	paradoxalmente	é	o	gêmeo	
mais	velho	que	garante	a	permanência	da	família,	na	medida	em	que,	ao	assegurar	um	lugar	
para	 que	 o	 filho	 de	 Domingas	 viva,	 acaba	 por	 garanEr	 não	 só	 a	 conEnuidade	 sanguínea	 da	
família,	mas	a	permanência	da	memória.
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Irmãos divididos por segredos do passado

  • 2. ASPECTOS GERAIS Dois irmãos, de Milton Hatoum
  • 3. DOIS IRMÃOS literatura, imigração e identidade 2000 quarta geração do modernismo brasileiro [pós-modernismo] imigração libanesa na Amazônia um romance múltiplo Nael, narrador-personagem, conta a história dos gêmeos Yaqub e Omar, num romance que traça um perfil da imigração libanesa na região amazônica e que se configura de forma múlEpla romance regional literatura do imigrante romance in1mista
  • 4. ROMANCE REGIONAL literatura, imigração e identidade aspectos humanos curumins, cunhatãs, peixeiros, caboclos; aspectos geográficos floresta, palafitas, frutas, rios aspectos linguísticos osga, piEú, cabocas, lagrimar, encafuados, jambu, mureru, mucura, cotoco aspectos históricos recorte histórico de aproximadamente 60 anos da história de Manaus e do Brasil [1910-1970] painel múlEplo da região amazônica
  • 5. ROMANCE INTIMISTA literatura, imigração e identidade a literatura inEmista, também chamada “de análise psicológica” focaliza a paisagem interior galeria de perfis análise da mente e da moEvação das personagens por intermédio do relato de eventos relevantes realismo exterior ao contar a “história da família”, Nael forja, progressivamente, sua idenEdade aos olhos do leitor a “história da família” é, em úlEma instância, sua própria história; tipos de discurso na narrativa apesar de não haver discurso indireto livre e de a história ser contada de um único ponto de vista, o narrador constrói personagens com densidade psicológica e revela suas moEvações existenciais
  • 6. LITERATURA DO IMIGRANTE literatura, imigração e identidade a narraEva de Hatoum aproxima-se da chamada “vertente transcultural” ou “transculturação” a transculturação Em Dois irmãos, a busca da idenEdade corresponde à busca pela expressão nacional; de um lado, registra-se que a cultura presente na comunidade manauara, em permanente mutação, compõe-se de valores parEculares, historicamente elaborados: são os elementos indígenas, os mesEços e os resultantes dos vários fluxos migratórios; de outro, corrobora-se a energia criadores que move essa cultura, fazendo-a muito mais do que um simples conjunto de normas, comportamentos, crenças, culinária e objetos, pois se trata der uma força poderosa que cria nexos profundos e originais no interior das narraEvas. PELLEGRINI, Tânia. Milton Hatoum e o regionalismo revisitado. Project muse. Disponível em: hep://muse.jhu.edu.
  • 7. LITERATURA DO IMIGRANTE literatura, imigração e identidade na busca por sua idenEdade, o narrador acaba por se transformar, ele mesmo, numa metáfora da região amazônica, que se revela ao leitor mesEça, manaura, libanesa, brasileira e ameríndia Eu não sabia nada de mim, como vim ao mundo, de onde Enha vindo. A origem: as origens. Meu passado, de alguma forma palpitando na vida dos meus antepassados, nada disso eu sabia. Minha infância, sem nenhum sinal de origem. É como esquecer uma criança dentro de um barco num rio deserto, até que uma das margens o acolhe. HATOUM, Milton. Dois irmãos. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. No Mercado Municipal, escolhia uma pescada, um tucunaré ou matrixã, recheava com farofa e azeitonas, assava-o no forno de lenha e servia-o com molho de gergelim. HATOUM, Milton. Dois irmãos. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
  • 8. O ENREDO Dois irmãos, de Milton Hatoum
  • 9. O ENREDO, 01 Dois irmãos, de Milton Hatoum A história se inicia com a volta de Yaqub, que, por ordem do pai, fora enviado, com treze anos, ao sul do Líbano um ano antes da 2ª Guerra, no intuito de aliviar os atritos entre os irmãos. Considerado frágil e demasiadamente problemáEco, Omar fica no Brasil, solidificando-se, assim, a superproteção iniciada na infância. Por meio da memória de Domingas, explicita-se o evento que originou o envio de Yaqub para o Líbano (quando Enha 13 anos) e a cicatriz que passou a carregar no rosto. Na disputa por Lívia, uma garota loira que flertava com ambos, Omar cortou o rosto do irmão com um esElhaço de garrafa, deixando-lhe a tal cicatriz. Vendo que a relação dos dois se tornara perigosíssima, Halim resolvera então mandar Yaqub para o Líbano. Cinco anos mais tarde, a volta de Yaqub marca a existência de uma nova pessoa: um jovem calado e cheio de mistérios que escondiam os segredos de sua permanência fora do país. Sozinho, sem possibilidade irmão, segue para São Paulo, onde, recusando a ajuda financeira dos pais, forma-se em Engenharia Civil, ascendendo socialmente, e se casando de forma misteriosa (com Lívia), comunicando a a família por meio de um telegrama. Enquanto Yaqub trilhava os caminhos do sucesso, Omar se perdia em bebedeiras, noitadas e sucessivos escândalos. Ao ser enviado a São Paulo para tentar
  • 10. O ENREDO, 02 Dois irmãos, de Milton Hatoum obter o êxito do irmão, ou que sabe amenizar as diferenças, descobre que ele se casou justamente com a jovem Lívia, paixão de ambos desde a infância e causadora da briga que gerou a cicatriz em Yaqub. Faz desenhos obscenos nas fotos do álbum de casamento do irmão, apertando ainda mais os laços de inimizade entre os dois. Em seguida, rouba dinheiro do irmão e foge para os Estados Unidos. Morre Halim e, pouco tempo depois, Omar faz amizade com o indiano Rochiram, que pretendia construir um hotel em Manaus. Zana, na tentaEva de unir os filhos e desejosa de que abrissem uma construtora, escreve a Yaqub, pedindo uma espécie de perdão ao filho e propondo o negócio, ocultando-lhe a parEcipação do irmão. Ao senEr-se traído, quando a irmã Rânia lhe mostra a carta da mãe à Yaqub, Omar fica tomado por um ódio incontrolável e espanca o irmão, mandando-o para o hospital. Inicia-se, então, uma verdadeira caçada que se encerra com a prisão e condenação do Caçula a dois anos e sete meses de reclusão. O indiano Rochiram, vendo seus negócios fracassarem, exige que a irmã dos gêmeos, Rânia, venda a casa em que vivem para pagamento das dívidas. Surge, assim, no local, a Casa Rochiram, uma loja de quinquilharias importadas de Miami e Panamá. Nael fica com um pequeno quadrado no quintal, ao qual Rânia
  • 11. O ENREDO, 03 Dois irmãos, de Milton Hatoum denominou a herança. Durante todo o desenrolar da história, Nael lutava ao lado da mãe, assoberbado, sem muito tempo para os estudos. Sente-se, com isso, injusEçado. Nunca desisEu de arracar dos membros da família a idenEdade de seu pai, que sabia estar em um dos gêmeos. No jogo de interditos, juntando os cacos do passado, Nael se empenha em descobrir a verdade. O livro se encerra com um encontro mudo entre Nael e Omar, numa tarde escura e de chuva torrencial em Manaus. Nael espera que o possível pai ou Eo peça perdão por todo sofrimento que causou à família, de quem Nael é, de alguma maneira, o herdeiro. Espera também que Omar lhe dê alguma explicação para o fato de ter estuprado sua mãe. Mas, tudo termina com o silêncio de Omar, como se ele, de repente, Evesse se acovardado.
  • 12. O FOCO NARRATIVO Dois irmãos, de Milton Hatoum
  • 13. O FOCO NARRATIVO Dois irmãos, de Milton Hatoum narrador personagem testemunha, narra, em primeira pessoa, os acontecimentos um narrador distanciado apresenta eventos a parEr de uma visão periférica [não pertence ao núcleo principal da história]; seu nome só é revelado ao leitor depois da página 100; o fato de ser agregado e fruto de um estupro reforça sua condição periférica na família/narraEva. Podia frequentar o interior da casa, sentar no sofá cinzento e nas cadeiras de palha da sala. Era raro eu sentar à mesa com os donos da casa, mas podia comer a comida deles, beber tudo, eles não se importavam. Quando não estava na escola, trabalhava em casa, ajudava na faxina, limpava o quintal, ensacava as folhas secas e consertava a cerca dos fungos. Saía a qualquer hora para fazer compras, tentava poupar minha mãe, que também não parava um minuto. HATOUM, Milton. Dois irmãos. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
  • 14. O FOCO NARRATIVO Dois irmãos, de Milton Hatoum um bricoleur a narraEva de Nael, apesar de bastante coesa, é construída através da técnica da bricolagem; os eventos que se apresentam ao leitor foram relatados a Nael por Halim, Zana e Domingas; pouco do que se conta foi vivido por Nael, sua função é colar os discursos e dar unidade a eles.
  • 15. O TEMPO Dois irmãos, de Milton Hatoum
  • 16. O TEMPO Dois irmãos, de Milton Hatoum psicológico a narração de faz do futuro para o passado [ficção memorialista]; a construção [enunciação] do relato dá-se 30 anos após ocorridos os úlEmos eventos relatados. histórico o romance tem por pano de fundo a modernização da Amazônia no século XX; a construção [enunciação] do relato dá-se 30 anos após ocorridos os úlEmos eventos relatados; os eventos transcorridos situam-se entre 1910 e 1970; há referências ao fim da II Guerra Mundial, à Inauguração de Brasília e ao Golpe de 1964; uma metáfora a história do Brasil aparece circunscrita a um pequeno universo que acaba por refleEr aspectos universas do drama humano [o homem arrancado de sua pátria que tenta plantar suas raízes em outro país]
  • 17. O ESPAÇO Dois irmãos, de Milton Hatoum
  • 18. O ESPAÇO Dois irmãos, de Milton Hatoum ponto de encontro Manaus, Porto dos Remédios, centro comercial na Manaus retratada, coexistem o indígena e o imigrante o migrante de outras regiões O Café Mocambo fechara, a praça das Acácias estava virando um bazar. Sozinho à mesa, ele ia contando suas andanças pela cidade. A novidade mais triste de todas: o lupanar lilás, também fora fechado. "Manaus está cheia de estrangeiros, mama. Indianos, coreanos, chineses… O centro virou um formigueiro de gente do interior… Tudo está mudado em Manaus. HATOUM, Milton. Dois irmãos. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
  • 19. O ESPAÇO Dois irmãos, de Milton Hatoum a Amazônia de Hatoum ponto de encontro de povos diversos que para ali vieram atraídos pela promessa de riqueza; as várias levas de migração/imigração são decorrentes dos ciclos de desenvolvimento por que passa a região [Ciclo da Borracha, Urbanização de Manaus, Instalação da Zona Franca...]: Note-se que os beneycios da modernização da cidade não alcançam todos [casas são demolidas, a vegetação é destruída, a paisagem é alterada, a opressão econômico-social toca Domingas e Perna de Sapo] e são vistos de negaEvamente tanto pelo narrador como pelas personagens, como se nota no episódio da demolição da Cidade Flutuante; a desagregação, referida na epígrafe do romance, aEnge a cidade, aEnge a casa, aEnge os costumes; ao final, tudo desmorona – ficam apenas ruínas; tal decomposição [principal temáEca do romance] é, entretanto, paradoxal, na medida em que ela aparece desde os primeiros momentos históricos referidos no romance [década de 1910] que conta como os imigrantes corroboram posiEvamente no processo de construção de uma idenEdade plural e mesEça nas terras brasileiras.
  • 20. O ESPAÇO Dois irmãos, de Milton Hatoum o espaço do imigrante Dividido entre o Líbano e a Amazônia, o imigrante é um desterrado que se vai deixando ficar, mas que, paradoxalmente, mantém-se fiel à sua origem por intermédio da comida, da bebida, do uso do árabe, dos temperos, da afinidade com a cultura e a matemáEca, e, ao mesmo tempo, vai-se adaptando ao novo país, à nova cultura, à nova gente.
  • 21. O ESPAÇO Dois irmãos, de Milton Hatoum outros espaços Líbano espaço de origem para o qual não se quer [Zana] ou não se pode voltar [Halim] São Paulo espaço associado ao trabalho, ao frio, ao luxo e à oportunidade de ascensão financeira e social Brasília símbolo da modernidade que se curva ante ao brutal Golpe Militar de 1964 Miami referida rapidamente: espaço para onde foge Omar depois de furtar o irmão Biblos o nome do restaurante de Galib é uma homenagem a uma importante cidade do Líbano
  • 23. INTERTEXTUALIDADES Dois irmãos, de Milton Hatoum a epígrafe o texto que Drummond que serve de pórEco à obra antecipa as temáEcas a serem abordadas a memória o enraizamento a degradação da família
  • 24. INTERTEXTUALIDADES Dois irmãos, de Milton Hatoum matrizes [inter]textuais é possível idenEficar três fontes intertextuais para o livro de Milton Hatoum Caim e Abel [Bíblia] Esaú e Jacó [Machado de Assis]Esaú e Jacó [Bíblia]
  • 25. INTERTEXTUALIDADES Dois irmãos, de Milton Hatoum Abel e Caim A primeira história de rivalidade entre irmãos se dá com Caim e Abel. Caim, o irmão mais velho, é lavrador; Abel é pastor de ovelhas. O despeito entre um e outro se dá quando Deus não aceita a oferta de Caim, que Lhe oferece produtos de sua lavoura e aceita a de Abel que lhe oferece uma ovelhinha. PAIVA, Roginei. Análise de Dois irmãos. Disponível em: http://www.roginei.com.br
  • 26. INTERTEXTUALIDADES Dois irmãos, de Milton Hatoum a história de Esaú e Jacó na “Bíblia” Já Esaú e Jacó, filhos de Isaac e Rebeca nascem a pedido do pai que clama a Deus a dádiva dos filhos, já que a esposa era estéril. Ainda na barriga, as duas crianças brigam e Rebeca tem a revelação, pela boca de Javé, de que eles representam a briga entre duas nações que se separam em suas entranhas. Um povo vencerá o outro, e o mais velho servirá ao mais novo. Esaú se tornou um caçador e Jacó preferia a tranquilidade, vivendo sob tendas. Isaac se idenEficava com Esaú; Rebeca preferia Jacó. Jacó ambicionava ser o primogênito, direito que dava a Esaú, como o primeiro a sair da barriga da mãe, ter a autoridade patriarcal sobre os irmãos. Esaú, voltando do campo esgotado de fome, só recebe a comida de Jacó quando lhe concede o direito à primogenitura. PAIVA, Roginei. Análise de Dois irmãos. Disponível em: http://www.roginei.com.br
  • 27. INTERTEXTUALIDADES Dois irmãos, de Milton Hatoum Esaú e Jacó, de Machado de Assis Já o romance Esaú e Jacó, Machado de Assis deixa clara, a parEr do |tulo, a intertextualidade com o Gênesis, quando já carrega no próprio |tulo o nome dos gêmeos bíblicos. Pedro e Paulo, filhos tão desejados como os de Isaac e Rebeca, são também gêmeos, têm personalidades diferentes e desenvolvem, desde cedo, uma rivalidade sem explicação. Quando NaEvidade vai à ´Cabocla´ para saber sobre o desEno deles, ela pergunta se eles brigaram em seu ventre. A mãe então lembra que não teve uma gestação sossegada, Enha movimentos extraordinários, repeEdos, e dores, e insônias... Segundo o narrador, o Conselheiro Aires, os dois irmãos representavam os dois lados da verdade. Paulo é extremamente impulsivo, age sempre de forma arrebatada; já Pedro é dissimulado e tem uma mente conservadora. Quando se tornam adultos, assumem posições políEcas diferentes: Paulo é republicano e Pedro monarquista. A mãe e o pai sofrem com a constante compeEção, mas não conseguem aplacar o desejo que um tem de contrariar o outro. Os dois se apaixonam pela mesma mulher, uma moça retraída, simples, de nome Flora. Ela, não conseguindo encontrar em um só deles a completude do seu desejo, deixa entrever que um completaria o outro. Na impossibilidade de ter os dois, ela morre. Eles juram reconciliação junto ao túmulo dela, mas, ao elegerem-se deputados, conEnuam a brigar na tribuna. Novo juramento de paz é feito no leito de morte da mãe. PAIVA, Roginei. Análise de Dois irmãos. Disponível em: http://www.roginei.com.br
  • 29. PERSONAGENS Dois irmãos, de Milton Hatoum Halim Halim: Pai de Rânia e dos gêmeos Yaqub e Omar; esposo de Zana. Quando jovem, era mascate nas ruas de Manaus. Melhorou de vida ao se casar com Zana. Aos poucos, foi perdendo o amor da esposa para o Caçula (Omar), gêmeo que nasceu logo depois de Yaqub. Zana Mãe dos gêmeos Yaqub e Omar; esposa de Halim. Era filha de Galib, dono do restaurante Biblos. À medida que a história evolui, ela vai-se mostrando dominadora, moldando o desEno do marido e dos filhos. As mulheres de Hatoum são fortes, dominadoras e regem o desEno da família. Galib Pai de Zana. Tinha um restaurante no térreo da própria casa. Quando a filha se casou com Halim, voltou para o Líbano e lá morreu.
  • 30. PERSONAGENS Dois irmãos, de Milton Hatoum Omar É o beberrão boêmio, mimado, conquistador e revolucionário. O outro herói da história. Tem os mesmos traços ysicos do irmão, mas caráter e comportamento opostos. Desde criança, mostrava-se mais arrojado e corajoso. Com o excesso de proteção da mãe, tornou-se vadio e rival do pai e do irmão gêmeo. Seu nome é um anagrama de “amor”. Yaqub O engenheiro que construiu sua vida independente de ajuda, magoado com a família, |mido, conservador e que se muda de Manaus para São Paulo. É visto pelo narrador [e pelo leitor] como herói. Rapaz vistoso e alto, rosto anguloso, olhos castanhos e graúdos, cabelo ondulado e preto. Rânia Irmã que mantém uma platônica relação incestuosa com os gêmeos; nunca se relacionou com um pretendente porque esperava alguém que Evesse os atributos dos dois gêmeos. Corpo esbelto, alongado por uma pose alEva. O queixo levemente empinado que lhe dava um ar autoconfiante e talvez anEpáEco. Preocupava-se e hipnoEzava-se na presença de seus irmãos.
  • 31. PERSONAGENS Dois irmãos, de Milton Hatoum Domingas Órfã que veio do interior trazida por uma freira. Enfrentou dois anos de orfanato. Depois, foi morar na casa de Halim e Zana, tornando-se empregada. Mãe de Nael, o narrador da história. O próprio narrador diz que Domingas não teve a liberdade de escolher nada na vida. Nael Narrador-personagem. Filho de Domingas, empregada da família [com Omar]. Tem enorme admiração por Yaqub. Lívia Moça que provocou a primeira briga séria entre os gêmeos. Por causa dela, Omar cortou a face de Yaqub com uma garrafa quebrada. Lívia foi embora para São Paulo e, às escondidas, casou-se com Yaqub.
  • 32. PERSONAGENS Dois irmãos, de Milton Hatoum Pau Mulato Mulher alta, forte, bem escura, por quem Omar se apaixonou e com quem fugiu de casa. O romance foi desfeito por Zana, e o Caçula voltou a ser mimado pela mãe e pela irmã. Dália Dançarina que mantém uma relação amorosa com Omar. Antenor Laval Professor de francês responsável pela formação literária dos rapazes da região. Envolve-se em aEvidades subversivas. É espancado e morto pela polícia no início da Ditadura. Rochiram Indiano com quem Zana tenta fazer um úlEmo negócio para reconciliar os gêmeos, na área da construção civil. Com o fracasso da empreitada, o indiano acaba ficando com o armazém [único negócio] da família. Assim, a casa e o negócio passam ao indiano, restando a anel um pequeno terreno no fundo da construção.
  • 34. CONCLUSÃO Dois irmãos, de Milton Hatoum De acordo com Luiz Costa Lima, a relação dos irmãos não é maniqueísta, apesar de eles serem duplos opostos [enquanto um gravita predominantemente no polo da ordem e do bom senso o outro sedia-se no polo da desordem e da transgressão] e complementares [são gêmeos idênEcos e representam duas faces da imigração]. Mesmo tendo a simpaEa do narrador [e do leitor?], Yaqub, na ânsia de se vingar do irmão, acaba por apressar a destruição da família, destruição essa simbolizada na transformação da casa num bazar; paradoxalmente é o gêmeo mais velho que garante a permanência da família, na medida em que, ao assegurar um lugar para que o filho de Domingas viva, acaba por garanEr não só a conEnuidade sanguínea da família, mas a permanência da memória.
  • 35. SIGA-ME NAS REDES SOCIAIS!!! http://www.slideshare.net/ma.no.el.ne.ves https://www.facebook.com/nevesmanoel https://www.instagram.com/manoelnevesmn/ h t t p s : / / w w w . y o u t u b e . c o m / u s e r / TheManoelNeves https://twitter.com/Manoel_Neves
  • 36. Conhece meu livro de redação para o ENEM? Acesse: www.manoelneves.com