O documento discute a influência da TV e vídeo na educação a distância ao longo do tempo. Ele descreve como esses meios foram inicialmente usados para transmitir aulas e como, com o tempo, passaram a ser usados de forma mais interativa pelos professores. O documento também discute os desafios de usar a TV para educação, como a percepção dela como entretenimento, e a importância de conciliar novas tecnologias com relacionamentos pessoais na sala de aula.
1. MÍDIAS EDUCACIONAIS: TV e vídeo
Luciano Roberto Beninca Haddad
Pedagogia – UNICENTRO
Introdução
Os avanços científicos da humanidade pressupõem a difusão dos novos
conhecimentos para todos, em especial para aqueles que são os depositários das
esperanças de desenvolvimento de uma nação: os estudantes.
A busca de novas metodologias e tecnologias para o aprimoramento do
ensino pode ser constatada desde os primórdios da história das instituições voltadas
para este fim, no Brasil e no mundo. Com a invenção do rádio, da TV e outras
formas de comunicação à distância surgiu a imediata disposição de colocar estes
novos meios ao serviço do ensino.
Não seria possível aqui realizar um pormenorizado estudo da influência
das mídias educacionais, em especial a TV e vídeo, no ensino à distância, porém
necessário se faz ressaltar a importância destes mecanismos para que pudéssemos
chegar ao estágio em que se encontra hoje e o quanto é possível ainda avançar.
Os primeiros passos
O desenvolvimento tecnológico de diferentes formas de comunicação à
distância, especialmente a partir do rádio, e mais tarde com a TV e o vídeo,
chegando até aos dias atuais, com a crescente expansão de comunicação via
internet e o espantoso desenvolvimento das redes sociais, proporciona atingir-se de
forma rápida um grande número de pessoas.
Cada nova descoberta ou invenção científica voltada para a comunicação
gera na sociedade a necessidade premente de se dar um fim de nobreza à mesma
e, invariavelmente busca-se a sua utilidade como transmissor de ensino, mesmo
sem saber como chegar a este fim.
Conforme Carneiro, com a chegada da TV nos Estados Unidos, o governo
impõe uma programação educacional aos empresários que buscam a concessão da
transmissão de imagens no país, porém não ocorre disseminação de conhecimento.
A TV já alcançava seu status comercial, em que buscava atingir o maior número
2. possível de expectadores, já que este era o objetivo dos anunciantes. No Brasil a TV
Tupi inicia suas atividades em 1950.
As primeiras formas de utilização da TV com o intuito de ensinar ocorrem
baseadas no modelo de sucesso do rádio na transmissão de aulas, em especial de
idiomas, mas de pouca abrangência visto que a TV era transmitida ao vivo. Com a
invenção do videotape ocorre a possibilidade de um programa gravado ser levado
para outras retransmissoras e poder ser exibido em dias e horários diferenciados.
Posteriormente ocorre a expansão da educação à distância, e a criação de canais
próprios com conteúdo educacional cujo modelo se mantém atualmente ( TV
SENAC, Canal Futura, Vídeo Escola).
A grande dificuldade encontrada foi, e continua a ser até nossos dias, o
senso comum de que a TV é um meio de lazer e entretenimento. Existe certa
dificuldade das pessoas se postarem diante do aparelho para assistir programas
educativos. Apesar de ocorrer pequena assimilação de algum conhecimento através
dos programas exibidos, estes são apresentados com uma formatação que levam o
expectador à emotividade e principalmente à distração.
Aprender com o vídeo
Ao utilizarmos o termo educando, a primeira imagem que retratamos é do
aluno, cursando os diversos níveis de formação nos bancos escolares. Em raras
ocasiões temos a percepção de que o termo refere-se a todo aquele indivíduo que
busca conhecimento. Tratando-se de educação à distância, busca-se um novo
educando e direcionam-se os esforços na formação dos professores.
A partir da década de 1980, percebe-se uma valoração da função do
professor de transmissor de informações para condutor dos processos de
aprendizado dos alunos. Com isso surgem os programas direcionados à sua
formação, buscando atender “a carência de domínio dos professores para
qualificarem-se e integrarem meios audiovisuais a práticas pedagógicas”
(CARNEIRO, 2003,p.96)
Saber utilizar os meios de comunicação especificamente TV e vídeo,
passou a ser motivo de cursos de treinamento para os professores, para que esses
assim pudessem usufruir melhor destes mecanismos e retirar deles o maior proveito
possível junto aos alunos. O vídeo permite ao professor controlar o ritmo de
3. aprendizado, podendo parar, voltar e rever uma determinada parte, frase ou até
mesmo uma palavra isolada, desenvolvendo um trabalho sistemático de profundo
aprendizado.
Tomamos aqui alguns passos defendidos por Moran (2000) na proposta
de utilização da televisão e do vídeo:
• Iniciar pelos vídeos simples, com linguagem acessível e mais próxima com a
realidade dos alunos, e posteriormente utilizar vídeos elaborados com termos
e mensagem mais complexos;
• Efetuar a sensibilização dos alunos para com o assunto a ser abordado. Um
vídeo que desperte a curiosidade fará com que os alunos busquem conhecer
melhor o tema proposto;
• Utilização do vídeo para a localização de tempo e espaço onde os fatos
históricos ocorreram;
• Abordagens de temas: de forma direta, levando os alunos ao
desenvolvimento imediato do assunto ou indireta, fazendo-os pesquisar mais
a fundo o tema proposto;
• Documentação: o emprego de gravações em vídeo das atividades
desenvolvidas, e mesmo certas alterações nos vídeos previamente utilizados,
adequando-os a determinados assuntos ou grupos de alunos.
A utilização do vídeo permite ao professor ainda efetuar uma série de
dinâmicas diferenciadas como análise de determinadas cenas; aprofundamento dos
pontos marcantes com debates; observação de informações como sotaques, usos e
costumes da região ou época em que a cena ocorre; desenvolvimento de idéias
através da modificação de certas cenas ou do final do vídeo; e uma infinidade de
variantes que a prática demonstrará.
Efetivar o uso de TV e vídeo em sala de aula despertará nos alunos,
invariavelmente a criticidade necessária para seu desenvolvimento não só de
formação científica, mas também, e principalmente, de sua educação geral.
Não basta capacitar os alunos para lidar com as novas exigências do
mundo do trabalho, cabe sobretudo formar alunos críticos perante o
universo das tecnologias, sem falar na oportunidade de trazer para
a escola a motivação maior e mais atualizada. (DEMO, 2005)
4. Importante se faz mensurar que o uso de tecnologias na educação não
pressupõe a exclusão do professor da sala de aula. Apesar de toda tecnologia de
que se dispõe hoje e dos inúmeros avanços que surgem a cada dia, a figura do
orientador é fundamental, pois a melhor máquina que possa vir a ser criada com o
objetivo de educar não o fará isoladamente. Necessitará de alguém que conheça
seus mecanismos e os utilize, com a maximização de seus recursos em benefício
dos educandos.
Conclusão
Podemos considerar que a maior dificuldade que encontraremos ao
abordar a eficácia do uso de tecnologias na educação será o rápido avanço das
mídias. O desenvolvimento de novos equipamentos como os computadores e o
aperfeiçoamento dos programas ocorrem a cada dia, se não a cada hora do dia.
Mesmo que, de alguma forma, tentássemos deixar a tecnologia de lado e
continuássemos a ministrar conhecimentos aos jovens baseados somente em livros
impressos e materiais afins, seria impossível evitar o contato destes jovens com esta
tecnologia que já impera em todas as áreas da sociedade. Cabe ao educador buscar
renovar seus conhecimentos nesta área de profunda influência para a educação,
pois se torna inevitável sua utilização.
Assim, o grande desafio da educação na conjuntura atual será a utilização
dos mais avançados recursos tecnológicos disponíveis, conciliando-os com o
relacionamento inter pessoal de professor e aluno, imprescindível para que se
obtenha o desenvolvimento pleno do educando.
Referências
CARNEIRO, V.L.Q. Televisão, vídeo e interatividade em educação à distância:
aproximação com o receptor-aprendiz. In: FIORENTINI, L.M.R.; MORAES, R.A.
(orgs). Linguagens e interatividade na educação à distância. Rio de Janeiro:
DP&A, 2003, p.75-110.
DEMO, P. Nova mídia e educação: incluir na sociedade do conhecimento. UnB,
2005. Disponível em <http://meg-li.tripod.com>. Acesso em: 01 mai 2011.
5. MORAN, J. M. Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias audiovisuais e
temáticas. In: MORAN, J.M.; MASETTO, M.T.; BEHRENS, M.A. (orgs). Novas
tecnologias e mediação pedagógica. 17 ed. Campinas: Papirus, 2000, p. 11-65.