O mito Pawnee descreve um menino com habilidades curativas misteriosas que atrai a atenção de um velho feiticeiro, que tenta ensiná-lo seus segredos em troca de aprender como o menino cura. Quando o menino se recusa, o feiticeiro enfeitiça seu cachimbo para dar ao menino um dom que o transformará.
4. • Crença do feiticeiro + crença do doente +
confiança da opinião coletiva = espécie de
campo de gravitação do sistema
• Ligação do sistema nervoso simpático
com a simulação
• Veracidade da simulação
• Exemplo (vídeo)
5. • Quesalid – Zuñi
• Complexo xamânico = dois pólos
experiência
do xamã
consenso
coletivo
relação entre indivíduo e
o grupo, gerando um
espetáculo
5 verbos do
conhecimento
6. • Vídeo (exemplo)
• "Quesalid não se tornou um grande xamã
porque curava seus doentes, curava seus
doentes porque se tornara um grande
xamã“
• Ab-reação
9. • Explicação da cura
• Relação doente-feiticeiro
• Diferença entre psicanálise e xamanismo
• “O valor do sistema não está mais
baseado em curas reais[…], mas sim no
sentimento de segurança infundido no
grupo pelo mito fundador da cura[…], seu
universo se verá reconstituído."
11. • Holmer & Wassen 1947
• Seu tema é um encantamento dos xamãs
da tribo cuna, indígenas que vivem no
território da República Panamá.
12. • Foi coletado de Guillermo Haya, um índio cuna
e velho informante de sua tribo
• Haya enviou um texto deste encantamento
escrito na língua original, junto com uma
tradução em espanhol, para o dr. Wassen, por
ser ele sucessor de Erland Nordenskiöld.
Holmer se encarregou da revisão
13. • Início do canto
• Descrições
• Preparativos
• Imagens sagradas: os nuchu
14. • Couple de nuchu. Provenance de l’île Ubigandup, Kuna Yala. Panama, 1999.
15. • Carved Figure or Nuchu (Kuna), late 19th-early 20th century. Wood, pigment, 16 1/2 x 3 1/4 x 2
7/8 in. (41.9 x 8.3 x 7.3 cm). Brooklyn Museum, Gift of Mr. and Mrs. Cedric H. Marks, 70.154.1.
16. • Nuchu são pegos pela cabeça para serem
levados até a morada de Muu
• Muu é a causadora do parto difícil
• Torneio do xamã e com seus espíritos
protetores e Muu com suas filhas (as
muugan), com a ajuda de chapéus
mágicos cujo peso elas não conseguem
suportar
17. • Derrota de Muu
• Purba da paciente é descoberto e
libertado
• O parto se realiza
• Cuidados tomados para que Muu não
escape atrás de seus visitantes
• Muu não é uma inimiga
• Relações tornam-se amigáveis
18. • Muigala, ou seja, “o caminho de Muu”, e a
morada de Muu não são, no pensamento
indígena, um itinerário e uma morada
míticos, mas representam literalmente a
vagina e o útero da mulher grávida
19. Purba
Niga
Pode ser traduzido como
“duplo” ou “alma”.
Possuído por humanos,
animais, plantas, pedras e
cadáveres, e pode ser tirado
do seu possuidor.
Pode ser traduzido como
“força vital”. Possuído
somente por humanos e
animais, e não pode ser
tirado do seu possuidor.
Nas crianças, o niga só se
desenvolve com a idade.
20. • Cada parte do corpo possui seu purba
próprio
• Niga parece de fato ser, no plano
espiritual, equivalente à noção de
organismo
• “Força vital”: cooperação harmoniosa de
todos os purba
21. • Forças do útero desviaram as demais
“almas” de diferentes partes do corpo
• Muu não é uma força fundamentalmente
má
• Cuidados para impedir que ela escape
22. A paciente jaz em sua rede, diante de vocês;
seu tecido branco está estirado, seu tecido branco
se move levemente.
O corpo fraco da paciente está estirado;
quando eles iluminam o caminho de Muu, este
jorra, como que sangue;
o jorro escoa debaixo da rede, como sangue, bem
vermelho;
o tecido branco interno desce até o fundo da terra;
no meio do tecido branco da mulher, desce um ser
humano(pp. 84-90).
23. “Caminho de Muu” corresponde a
vagina da paciente.
“Morada de Muu”, ao útero.
24. • Destaque entre as curas xamânicas
geralmente descritas
• É preciso definir como uma cura
psicológica combate um male
fisiológico
• Contribuição a esse impasse
25. • Repetição nas preliminares:
A paciente diz à parteira: “Na verdade,
estou vestindo a roupa quente da
doença”;
A parteira responde à paciente: “Você, na
verdade, está vestindo a roupa quente da
doença, assim escutei-a eu também” (pp.
1-2).
26. • Os gestos também são bastante repetidos:
A parteira dá uma volta dentro da casa;
a parteira procura contas;
a parteira dá uma volta;
a parteira coloca um pé diante do outro;
a parteira toca o solo com o pé;
a parteira coloca o outro pé adiante;
a parteira abre a porta de sua casa; a porta de sua
casa estala;
a parteira sai...(pp. 7-14).
27. • A paciente está menos consciente da
realidade e mais sensível
• O xamã tenta levá-la a reviver de modo
muito preciso e intenso uma situação
inicial e a perceber mentalmente seus
mínimos detalhes
• A partir dessa situação que as mudanças
no corpo e órgãos internos da paciente
devem ocorrer
28. • Esse mito deve percorrer o corpo interno
da paciente, carregando vivacidade e
caráter de expressão vivida. O xamã se
encarregará de usá-lo a favor do estado
patológico da paciente, por meio de
técnica apropriada
A realidade mais banal torna-se
mito
29. • Imagens da mulher deitada em sua rede
ou na posição obstétrica indígena
• Chamados nominais aos espíritos
• Os nuchu sangram abundantemente
• Dores da paciente assumem proporções
cósmicas.
• Espírito e seus equipamentos mágicos
são detalhadamente descritos
30. • A penetração da vagina é proposta em
termos míticos, mas concretos e
conhecidos
• “Muu” é até mesmo citada como útero
duas vezes, e não como força espiritual
31. Os chapéus dos nelegan brilham, os chapéus dos
nelegan se tornam
alvos;
os nelegan ficam chatos e baixos (?), como
pontas, bem retos;
os nelegan começam a ser ameaçadores (?), os
nelegan começam a ser
muito ameaçadores (?);
para o bem do nigapurbalele da paciente(p. 230-
33).
32. Os nelegan se põem a caminho, os nelegan seguem em
fila o longo
caminho de Muu, até a Montanha Baixa;
os n., etc., até a Montanha Curta;
os n., etc., até a Montanha Longa;
os n., etc., até Yala Pokuna Yala (não traduzido);
os n., etc., até Yala Akkwatallekun Yala (id.);
os n., etc., até Yala Ilamisuikun Yala (id.);
os n., etc., até o centro da Montanha Plana;
os neleganse põem a caminho, os neleganseguem em fila
o longo
caminho de Muu(pp. 241-48).
33. • Dores são personificadas por animais
ferozes e monstros fantásticos do mundo
uterino
• Fibras, cordas, fios tesos e sucessivas
cortinas, das mais variadas formas e
cores
• Paredes mucosas do útero
34. • Reforços: os Donos-dos-animais-
furadores-de-madeira
• Torneio dos chapéus mágicos
• Começo da descida, o parto
• Novos reforços: Donos-dos-animais-
cavadores
35. • O xamã vai a montanha com pessoas da
aldeia para colher plantas medicinais
• O xamã que imita o pênis, penetrando na
“abertura de muu”
• Povo arqueiro
• Fim do canto
36. • Construção de um conjunto sistemático
• Tornar pensável uma situação dada
inicialmente em termos afetivos, e
aceitáveis, pelo espírito, dores que o
corpo se recusa a tolerar
• O fato da mitologia do xamã não
corresponder a uma realidade objetiva
não tem importância
37. Tanto em xamanismo, quanto em
psicanálise:
• Propõe-se trazer à consciência conflitos e
resistências que até então haviam permanecido
inconscientes
• Conhecimento torna possível uma experiência
específica, na qual os conflitos se realizam
numa ordem e num plano que permitem seu
livre desenrolar e conduzem ao seu desenlace
• Ambas buscam provocar uma experiência, e
conseguem fazê-lo reconstituindo um mito que o
paciente deve viver, ou reviver
38. • A cura xamânica parece ser de fato um
exato equivalente da cura psicanalítica,
mas com uma inversão de todos os
termos
• Xamanismo: mito social
• Psicanálise: mito individual
39. • Desoille
• Sechehaye
• Cura da psicanálise x cura xamânica
• Aparente sugestão de Freud: a descrição
em termos psicológicos da estrutura das
psicoses e neuroses deva um dia
desaparecer
40. • Única diferença que sobreviveria a tal
descoberta
• Provável oposição de psicanalistas
• O valor terapêutico da cura decorre do
caráter real das situações rememoradas?
• De onde resulta o poder traumatizante de
situações
41. • Conjunto de estruturas: inconsciente
• A última diferença entre xamanismo e
psicanálise é eliminada
• Subconsciente x Inconsciente
• Vocabulário x Estrutura
42. XI. A estrutura dos mitos
Cena do filme Hércules, disney. 1997.
43. Introdução:
“Os universos mitológicos estão fadados a
serem pulverizados assim que se formam,
para que, novos universos nasçam de
seus destroços. “
• Cada sociedade expressa em seus mitos
sentimentos (vídeo)
• A mitologia é um reflexo da estrutura
social
45. Qual o objetivo dos mitos?
• Exemplo (vídeo)
A derivação dos sentimentos mais
recalcados.
• Tudo pode acontecer em um mito
“O crescimento do mito é continuo, ao
contrário da sua estrutura, que é
descontinua”
49. O mito como linguagem:
“ O mito é uma linguagem de nível elevado,
pois se descola do fundamento linguístico,
no qual inicialmente rodou”
• O mito é uma linguagem superior, mais
complexa.
• O mito é um sistema temporal que
combina língua e fala, sempre se referindo
ao passado.
51. O mito na história
• Seu valor sempre permanece
• Período Homérico: Ilíada e a Odisseia
O período homérico da civilização grega, entre os séculos XII a.C. e VIII a.C., foi
assim denominado pela falta de fontes históricas de seus estudos além dos
poemas Ilíada eOdisseia, escritos pelo poeta grego Homero. Os dois poemas,
escritos provavelmente no século VI a.C., narram o último ano da Guerra de Troia e
o retorno de Odisseu (conhecido também como Ulisses) para seu reino após a
guerra. Os poemas foram escritos por Homero a partir de histórias orais transmitidas
durante séculos pelos povos que habitavam a Hélade (como era conhecida a
Grécia).
• Um mito continua sendo um mito,
enquanto for percebido como tal.
55. Lévy Strauss
• Qual era sua intenção?
- Propõe a desconstrução do pensamento
automático de que um mito
consequentemente gera um ritual, ou vice
e versa.
• Exemplo ‘menino grávido’
56. O mito Pawnee
“ Grandes olhos negros, luzidios como a noite, mãos finas, traços finos, a criança tocava corpos
que se animavam. no fundo da pele a mágica se misturava com as incertezas de seu impossível.
talvez não soubesse como, mas curava. e de todas as certezas talvez nenhuma lhe fosse válida.
certo dia, velho feiticeiro desceu a montanha, com suas barbas longas e grandes olhos
vermelhos, vinha com ele sua esposa, mulher com cabelos trançados como serpentes. os dois
eram como animais noturnos, se esgueirando entre mil segredos e mil armadilhas."diga-me como
fazes tuas curas e te ensinarei todos os meus segredos", disse o velho bruxo. a pequena criança
não queria saber, o medo do velho era grande como o medo que tinha de maus sonhos e
pesadelos.o velho nada conseguiu junto ao menino, manda sua mulher trazer seu velho
cachimbo. nele misturou folhas secretas e palavras de ordem.
dia seguinte o casal presenteia a criança com o cachimbo.
mil feitiços acometeram o menino. enfeitiçado se descobre grávido. vergonha. vergonha.
vergonha. a criança deixa a aldeia para encontrar a morte junto as feras da floresta. porém, os
malvados animais choram com a degraça do garoto e resolvem ajudá-lo. curam seu feitiço,
extraem da ampla barriga sustentada pelo corpo magro do garoto o feto, e contam-lhe seus
segredos mágicos. o rapaz aos poucos se recupera. vingança. vingança.vingança. a criança volta
a aldeia, pede sangue. sua alma de besta-fera exige. com seus novos poderes mágicos mata o
velho bruxo. a fera dentro de si se acalma. bom curandeiro ele se torna. algumas estrelas ainda
contam sua história.”
57. Construção por oposição:
1- Xamã iniciado X Xamã não iniciado
2- Criança X Ancião
3- Confusão dos sexos X Distinção dos sexos
4- Fertilidade X Esterilidade
5- Informação X Abstenção
6- Magia vegetal X Magia Animal
7- Magia por introdução X Magia por extração
58. Pawnee Star Hausband Hako
Feiticeiro (pai) Comprador (pai) Aliança entre grupos
Mulher do feiticeiro
(mãe)
Mulher do comprado
(mãe)
Permutam entre si em
busca dos personagens
Jovem feiticeiro (filho) Comprado (filho) Criança
60. Dialética
• Dialética é um debate onde há ideias
diferente, onde um posicionamento é
defendido e contradito logo depois. Para
os gregos, dialética era separar fatos,
dividir as ideias para poder debatê-las
com mais clareza.