1. JB NEWS
Filiado à ABIM sob nr. 007/JV
Editoria: Ir Jeronimo Borges
Academia Catarinense Maçônica de Letras
Academia Maçônica de Letras do Brasil – Arcádia de B. Horizonte
Loja Templários da Nova Era nr. 91(Florianópolis) - Obreiro
Loja Alferes Tiradentes nr. 20 (Florianópolis) - Membro Honorário
Loja Harmonia nr. 26 (B. Horizonte) - Membro Honorário
Loja Fraternidade Brazileira de Estudos e Pesquisas (J. de Fora) -Correspondente
Loja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas Maçônicas (P. Alegre) - Correspondente
Praia dos Ingleses – Florianópolis
Saudações, Prezado Irmão!
Índice do JB News nr. 2.141 – Florianópolis (SC) – sexta-feira, 12 de agosto de 2016
Bloco 1-Almanaque
Bloco 2-IrJoão Anatalino Rodrigues – Estudos Sobre o Simbolismo
Bloco 3-IrRoberto Aguilar M. S. Silva – Simbolismo do Pão e a Maçonaria
Bloco 4-IrPaulo Rogério Costa – As Romãs
Bloco 5-IrRaphael Guimarães – Os Efeitos Psicológicos da Prática do Ritual Maçônico
Bloco 6-IrPedro Juk – Perguntas & Respostas – do Ir Raimundo Nonato Rebouças (Natal RN)
Bloco 7-Destaques JB – Breviário Maçônico p/o dia 12 de agosto e versos do Ir Adilson Zotovici.
2. JB News – Informativo nr. 2.141 – Florianópolis (SC) – sexta-feira, 12 de agosto de 2016 Pág. 2/33
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Veja o voo do 14 bis na Abertura pelo link
https://www.youtube.com/watch?v=Lsb1PvMemMs
Nesta edição:
Pesquisas – Arquivos e artigos próprios e de colaboradores e da Internet
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Os artigos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião deste
informativo, sendo plena a responsabilidade de seus autores.
1 – ALMANAQUE
Hoje é o 225º dia do Calendário Gregoriano do ano de 2016– (Lua Quarto Crescente)
Faltam 141 para terminar este ano bissexto
Dia Internacional da Juventude e dia Nacional das Artes.
Se o Irmão não deseja receber mais o informativo ou alterou o seu endereço eletrônico,
POR FAVOR, comunique-nos pelo mesmo e-mail que recebeu a presente mensagem, para evitar
atropelos em nossas remesssas diárias. Obrigado.
Colabore conosco para evitar problemas na emissão de nossas mala direta diária.
LIVROS
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1099 — Os exércitos da Primeira Cruzada voltam a vencer o Califado Fatímida na Batalha de Ascalão.
1821 — É fundada a maior universidade da Argentina - Universidade de Buenos Aires.
1859 — O missionário norte-americano Rev. Ashbel Green Simonton chega ao Brasil para fundar a Igreja
Presbiteriana no país.
1877 — Asaph Hall descobre Deimos.
1904 — Fundação do clube Botafogo de Futebol e Regatas, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil.
1927 — Revolta dos Fifis: O capitão-de-fragata Filomeno da Câmara de Melo Cabral e dr. Fidelino de Sousa
Figueiredo tentam derrubar o governo português, porém sem sucessos.
1928 — No Estácio, bairro carioca, é fundada a Deixa Falar, primeira escola de samba. Presentes, entre outros, Bide
e Ismael Silva.
1943 — É aprovado o Formulário Ortográfico de 1943, principal documento que regulou a grafia do português no
Brasil até 31 de dezembro de 2008.
1953 — Guerra Fria: a União Soviética detona sua primeira Bomba de Hidrogênio, um ano depois de os Estados
Unidos terem testado o primeiro artefato desse tipo.
1980 — É firmado o Tratado de Montevidéu de 1980, visando melhorias e cooperações econômicas entre os países
do ALALC.
1981 — É lançado pela IBM o primeiro PC com o sistema operativo MS-DOS.
1984 — Carlos Lopes conquista a 1ª medalha de ouro para Portugal nos Jogos Olímpicos de Los Angeles.
1985 — Um Boeing 747 da Japan Airlines, vôo 123, embate no Monte Ogura, no Japão, matando 520 pessoas.
1990 — O novo regime do Benim adopta uma nova bandeira.
1991 — Criado o Parque Estadual Fontes do Ipiranga no município de São Paulo, preservando as nascentes do riacho
Ipiranga, onde foi proclamada a Independência do Brasil.
2000 — Naufrágio do submarino russo Kursk, com 118 marinheiros, no mar de Barents.
2009
Nos Estados Unidos, ocorreu uma chuva de meteoros, chamada de "Perseidas".
A Wikipédia lusófona alcança a marca de 500 000 artigos.
1746 Charles Radcliffe, lord Derwentwater, nobre inglês e primeiro GM da Grande Loja de France,
é executado na Torre de Londres por conspirar em favor dos Stuarts exilados.
1774 Aparecem os três pontos, pela primeira vez, num documento do Grande Oriente de França.
1823 Circula o primeiro número de O Tamoyo, jornal criado pelos Andradas, “desde o dia em que
foram demitidos do ministério, nas fileiras da oposição” a D. Pedro.
1976 Fundação da ARLS Cavalheiros do Piauí nr. 2052, de Picos, GOB/PI
1985 Fundação da ARLS Fraternidade de Pinheiros nr. 103, de São Paulo, GOP
1996 Fundação da ARLS Perseverança e Fidelidade nr. 2968, de Criciúma (GOB/SC)
2002 Pelo decreto nº 59 98-2003, o SG Comendador Luiz Fernando Rodrigues Torres, considerando
que em 1927 o SC não outorgara carta constitutiva à GLMERJ, cassa uma segunda via
inadvertidamente emitida em 1998 e, pelo decreto 60, decreta a GLMERJ irregular no Rito
Escocês Antigo e Aceito.
EVENTOS HISTÓRICOS (fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki)
Aprofunde seu conhecimento clicando nas palavras sublinhadas
Fatos maçônicos do dia
Fonte: O Livro dos Dias (Ir João Guilherme) e acervo pessoal
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XXIII Encontro de Estudos
E Pesquisas maçônicas
Florianópolis(SC), 14 e 15 de outubro de 2016
Caros Irmãos.
O XXIII Encontro de Estudos e Pesquisas Maçônicas, que será
realizado no Hotel Castelmar, em Florianópolis nos dias 14 e 15 de outubro
próximo, pelo Departamento de Membros Correspondentes, da Loja
Maçônica Fraternidade Brazileira de Estudos e Pesquisas, Oriente de Juiz
de Fora, MG, tem o apoio do Grande Oriente de Santa Catarina, do Grande
Oriente de Minas Gerais e da MasonWeb (Sistemas Gestores para o
Universo Maçônico).
Enviamos o Folder do Encontro com as informações para os Irmãos
relacionados em nossos arquivos. Caso o Irmão queria recebê-lo
novamente, por favor nos comunique que providenciaremos o envio.
Chamamos sua atenção três pontos importantes. O primeiro ponto, em
relação ao Hotel Castelmar, cujas reservas com preços promocionais estão
garantidas apenas até o dia primeiro de setembro do corrente ano. O
segundo ponto, em relação ao prazo para envio dos trabalhos, dia 26 de
setembro. O terceiro ponto é relativo à inscrição que, quando efetuada,
deve ter o comprovante de depósito enviado para meu e-mail
(miguel.simao.neto@uol.com.br). Os valores de inscrição constam no
Folder.
Fraternalmente,
Miguel Simão Neto
Coordenador
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O Irmão João Anatalino Rodrigues
escreve aos domingos neste espaço:
www.joaoanatalino.recantodasletras.com.br
jjnatal@gmail.com
ESTUDOS SOBRE O SIMBOLISMO
O reino de enteléquia
“ A enteléquia é aquilo que, na natureza, preside a realização de todo ser,
qualquer seja o reino a que pertença(mineral, vegetal ou animal); no
domínio das produções do espírito e das que surgem da mão do homem, a
enteléquia é, por exemplo, o que conduz o pintor, o poeta, o músico, o
arquiteto, o erudito ou o artesão à plenitude de sua arte, de sua técnica ou
de sua ciência; em todo encaminhamento iniciático, é aquilo que guia o
recipiendário até a luz; em todo processo de cura, é o que reconduz o
organismo doente ao seu equilíbrio natural. Agente de toda evolução e, ao
mesmo tempo, resultado final dela, a enteléquia é a razão de ser do
processo, e se acha nele contida desde o início e em todo o decurso de seu
desenvolvimento, assim como uma árvore esta inteiramente contida em sua
semente e em seu fruto.” Bernard Rogers- Descobrindo a Alquimia,
Círculo do Livro, 1988
Quem está familiarizado com a filosofia de Aristóteles sabe o que significa o termo Enteléquia e
certamente não vai estranhar a razão de termos incluído esse conceito entre os simbolismos
trabalhados pela Maçonaria.
Esse termo designa a energia que o Criador concedeu a todos os seres da natureza para levá-la à
sua forma mais perfeita. Formada pelo prefixo en (o que está dentro), o substantivo télos
(objetivo, realização, acabamento) e o radical do verbo ékhô, (trago em mim, possuo), o vocábulo
grego entélékhéia significa a qualidade do ser que tem em si mesmo a capacidade de promover o
seu próprio desenvolvimento. No ser humano pode ser entendida como a força que o leva a
enriquecer o espírito através da aquisição do conhecimento e também a capacidade que o
organismo humano tem de promover o seu próprio desenvolvimento em termos físicos.
Evidentemente temos consciência da dificuldade que a interpretação desse termo apresenta, pois
se refere a um conceito filosófico bastante complexo, que nem mesmo entre os estudiosos da
filosofia aristotélica encontra muito consenso. Leibniz o utilizou para indicar as substâncias
simples ou mônadas criadas, que contém certa perfeição ou autossuficiência interna, o que as
torna autônomas em suas ações, ou na sua própria expressão, elas são "autômatos incorpóreos"
(Monadas, § 18).
2 –Estudos Sobre o Simbolismo–
João Anatalino Rodrigues
6. JB News – Informativo nr. 2.141 – Florianópolis (SC) – sexta-feira, 12 de agosto de 2016 Pág. 6/33
Na filosofia contemporânea, esse termo é utilizado pelo biólogo Hans Driesch, que através dele
justifica o seu conceito de vitalidade, presente nos seres vivos. Para esse grande biólogo alemão,
Enteléquia é o princípio da vida nos seres animados: equivale ao fator primordial, que se reduz a
agentes físico-químicos como origem da atividade vital. [1]
Na filosofia arcana, Reino de Enteléquia é uma expressão cunhada pelo filósofo alquimista
Francois Rabelais, para designar o trabalho do discípulo de Hermes na procura da pedra filosofal.
Na visão desse notável humanista o trabalho do alquimista, procurando penetrar nos mistérios da
natureza através da manipulação dos minerais equivale a uma “viagem” por um reino misterioso
de símbolos e expressões metafóricas, que somente a linguagem do inconsciente consegue
descrever. Por isso, a saga do gigante Pantagruel em busca da Divina Garrafa é semelhante às
aventuras de Ulisses na procura do caminho de volta ao seu paraíso na ilha de Ítaca. A diferença é
que enquanto a história de Ulisses reflete o esforço humano na tentativa de retornar ao paraíso de
onde foi expulso pelo pecado da guerra (como Adão no Éden, em consequência da sua
desobediência), a do filho de Gargântua, pelo reino de Enteléquia, é uma tentativa de conquistar
esse reino que existe no seio da natureza, mas só se revela a uns pouco escolhidos. [2] Ambas, no
entanto, refletem esse anseio da alma humana pelo encontro desse elo que nos liga à
energia primordial do universo.
O que é Enteléquia
Como se pode intuir, esse é um termo que já de início inspira uma série de especulações, tanto no
campo das realidades físicas quanto espirituais. Grosso modo, se quisermos dar a esse conceito
uma amplitude que muitos poderão achar licenciosas, mas que nós consideramos perfeitamente
cabíveis, diríamos que Enteléquia pode ser considerada como algo análogo ao nosso DNA, que na
estrutura biológica dos seres humanos determina a conformação física que ele poderá adquirir na
sua história de vida, e no terreno espiritual ao que chamamos de espírito, ou seja, aquela força
que, internamente, movimenta o ser humano em sua atividade psíquica.
Enteléquia é, pois, o princípio da vida. Em todas as formas do ser – física ou espiritual−
Enteléquia é a potência que o move para o seu fim e o realiza como parte constitutiva do todo
universal. Em qualquer elemento da natureza, seja mineral, vegetal ou animal, existe esse
“programa” único, original e fundamental que o dirige e o conforma para uma finalidade pré-
determinada pelo Grande Princípio que rege a formação das realidades universais. É ele que faz
um mineral assumir a forma e a função que lhe cabe dentro do reino a que pertence; também
informa as propriedades e as funções de cada organismo no reino vegetal ou animal. E por
consequência preside igualmente as realizações do espírito, conduzindo o homem à plenitude da
sua arte, da sua técnica ou ciência e das suas virtudes éticas e morais. Na física atômica poderia
ser comparada ao chamado “bósom de Higs”, ou seja, a famosa “Partícula de Deus”, que
recentemente os cientistas de Genebra alegam ter conseguido isolar.
A Maçonaria e conceito de Enteléquia
Também é pela energia da Enteléquia que o organismo do doente recupera o seu equilíbrio
natural, reconduzindo-o à saúde; e no terreno das realidades espirituais é o que leva o iniciado, o
recipiendário das verdades iniciáticas, à luz da iluminação.
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De uma forma geral, o espírito humano tem despendido muita energia na tarefa de descobrir qual
é o princípio que rege a vida do universo. Os cientistas o procuram no infinitamente pequeno,
estudando a estrutura e o comportamento das mais ínfimas partículas da matéria física. Os
espiritualistas o perseguem nas relações que a nossa mente estabelece com o mundo das realidades
sutis. Mas de qualquer forma, todo conhecimento é visto como resultado da busca desse Tesouro
Arcano, que embora oculto ao vulgo, se manifesta nas realizações de todos os seres da natureza e
se desvela aos puros de coração, que o buscam não com finalidades egoístas, mas com verdadeiro
ideal de espírito.
Em nosso entender, não é outra coisa que todo individuo busca, seja na liturgia das religiões
ortodoxas, seja na prática iniciática de grupos pára religiosos, que através de suas místicas
concepções filosóficas e rituais, procuram penetrar no território das realidades não acessíveis ao
pensamento conceitual.
Cremos não estar dizendo nenhum impropério se afirmarmos que todo maçom, ao ser iniciado nos
Augustos Mistérios da Arte Real, está na verdade penetrando no Reino de Enteléquia. Mas para
poder usufruir de todas as belezas que esse reino concentra será necessário que ele se dispa das
suas roupagens críticas e da sua armadura lógica. Nele há de viajar somente com seu espírito,
como faz a menina Alice no País das Maravilhas.
Pois tudo nele é metáfora, símbolo, alegoria, analogia, enfim, estruturas arquetípicas que estão na
base do Inconsciente Coletivo da Humanidade e são trazidos para o mundo das nossas realidades
cotidianas através desses artifícios linguísticos. E nelas essas estruturas se transformam em
crenças, mitos, lendas, alegorias e outros folclores que a nossa mente utiliza, para traduzir em
linguagem aquilo que só a sabedoria do espírito consegue entender.
Como faziam os nossos antigos irmãos alquimistas, os verdadeiros maçons também andam em
busca da sua pedra filosofal. Da mesma forma que na antiga Arte dos Adeptos, são poucos o que a
encontram. Mas isso não quer dizer que ela não exista. E foi para os irmãos que acreditam na
existência desse maravilhoso Tesouro Arcano que nós fizemos este trabalho. Vamos procurá-lo
nas estruturas arquetípicas da mente humana, uma das quais, a maçonaria, é um verdadeiro arsenal
de referências simbólicas que nos liga a esse Príncípio fundamental da nossa vida individual e
corporativa.
8. JB News – Informativo nr. 2.141 – Florianópolis (SC) – sexta-feira, 12 de agosto de 2016 Pág. 8/33
Roberto Aguilar M. S. Silva
Loja Sentinela da Fronteira, 53, Corumbá, MS
Membro Vitalício da Academia Maçônica
de Letras de Mato Grosso do Sul, MS, Brasil
SIMBOLISMO DO PÃO
E A MAÇONARIA
"Farás uma mesa de madeira de acácia, cujo comprimento será de dois côvados, a largura de um
côvado e a altura de um côvado e meio. ... Porás sobre essa mesa os pães da proposição, que
ficarão constantemente diante de mim". Êxodo, 25 - 23 e 30 Pão é um alimento elaborado com
farinha, geralmente de trigo ou outro cereal, água e sal, formando uma massa com uma
consistência elástica que permite dar-lhe várias formas. A esta mistura básica podem acrescentar-
se vários ingredientes, desde gordura a especiarias, passando por carne (geralmente curada), frutas
secas ou frutas cristalizadas, etc Existem dois tipos básicos de pão: 1. O pão levedado, a que se
acrescentou à massa levedura ou fermento geralmente cozido (assado) num forno, produzindo
pães mais ou menos macios, em que a massa cozida tem espaços com ar. 2. O pão ázimo, não
fermentado, que produz pães geralmente achatados, mais consistentes; estes podem ser cozidos no
forno ou assados numa chapa (ou frigideira), ou mesmo fritos.
O pão é símbolo de qualquer alimento diário, essencial a todo ser humano. Não se pode viver sem
alimento. Não se pode viver sem pão. O simbolismo do pão está ligado ao simbolismo da vida. A
Bíblia apresenta o pão como um dom de Deus:
«Fazeis brotar a erva para o gado e plantas úteis para os homens, para que da terra possa extrair o
seu pão...o pão que lhe robustece as forças» (Sl 104, 14-15).
De fato, entre grande número de povos do mundo, o pão fazia
parte do alimento diário. Muitas vezes era mesmo o único
alimento. A Bíblia refere o termo “pão” umas 340 vezes.
O pão nosso de cada dia Fazer o pão era tarefa das mulheres que
assim cuidavam da família. O pão tinha várias formas, e era feito
de trigo, cevada e outros cereais. O pão não era cortado, mas
partido. Daí a expressão tipicamente bíblica: “partir o pão”, que também indica o início duma
refeição (Is 58, 7; Jer 16, 7; Lam 4, 4). As refeições festivas começavam com este gesto. Jesus
também o utilizou na última Ceia:
«Enquanto comiam, tomou Jesus o pão e, depois de pronunciar a bênção, partiu-o e deu-o aos
Seus discípulos...» (Mt 26, 26; Mc 14, 22; Lc 22, 19; 1 Cor 10, 16).
Curiosamente, pão, no AT, diz-se lehem, termo que também significa “guerra”. Nos tempos mais
remotos se faziam guerras e lutas para procurar o pão de cada dia. Em todas as épocas da história
humana, o pão foi, e ainda é, objecto de muito esforço e luta. Na narrativa do castigo de Adão está
significada esta dura luta de todo o ser humano:
3 – Simbolismo do Pão e a Maçonaria
Roberto Aguilar M. S. Silva
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«Comerás o pão com o suor do teu rosto» (Gn 3, 19).
Comer o pão com alguém é sinal de uma aliança
O pão tem ainda, na Bíblia, um sentido espiritual. Significa tudo o que de bom ou mau pode
acontecer ao homem, no seu dia-adia. Por isso, encontramos na Palavra de Deus expressões como
estas: “o pão do luto” (Os 9, 4) e “o pão da alegria” (Ecl 9, 7), “o pão da mentira” (Pr 20, 17)...
«As minhas lágrimas são para mim pão, durante o dia e durante a noite desde que todos me dizem:
“Onde está o teu Deus?”» (Sl 42, 4; ver Sl 102, 9-10; 127, 2).
Uma refeição de amizade Por ser o alimento essencial do povo e frequentemente o único alimento
diário das pessoas, que o comiam juntas, o pão começou também a simbolizar a refeição ou
banquete da amizade e da aliança com quem se come. As alianças ou os contratos se faziam no
decorrer duma refeição, que tinha, assim, um carácter sagrado (Gn 31, 54). “Partir o pão” é dá-lo
aos outros para criar laços de especial união entre eles.
Comer o pão no Reino de Deus (Lc 14, 15) Ao instituir a Eucaristia, por meio do pão, na última
Ceia, Jesus estabelece uma nova aliança para sempre com todos os homens que quiserem comer
com Ele o pão da sua Palavra e da Eucaristia.
Os “pães da proposição” O povo de Israel tinha também uma
forma de simbolizar a acção de comer o pão da terra com o seu
Deus. Tendo a consciência de que fora o Senhor quem lhe tinha
dado a terra donde tirava o pão de cada dia, Israel oferecia uma
parte desse pão a Deus. De algum modo, “comia” com Deus,
num sacrifício de comunhão realizado no Templo, o pão que o
mesmo Deus lhe tinha oferecido. (ver Lv 24, 5-9).
A festa das colheitas, ou Pentecostes Este sentido de aliança encontra-se ainda na apresentação do
primeiro pão colhido, que devia ser oferecido na festa das colheitas, ou do Pentecostes:
«Trareis das vossa casa dois pães, feitos de dois décimos de flor de farinha, cozidos com
fermento, destinados a serem oferecidos; serão as primícias para o Senhor» (Lv 23, 17).
O Pão do Céu ou o maná
O pão enquanto fruto da terra, não é simples efeito de sementes, água e sol. Todo o alimento do
homem vem de Deus. Também o pão. E dele vem, igualmente, a ajuda nas maiores dificuldades.
O pão dos peregrinos A Bíblia nos apresenta o maná como um pão que Deus dá aos seu povo
peregrino no deserto. Ele não o abandona, antes o alimenta com o “pão do céu”, um pão que vem
de Deus, um pão admirável:
«Na manhã seguinte, havia uma camada em volta do acampamento. Quando este orvalho se
evaporou, apareceu à superfície do deserto uma coisa miúda, granulada, como saraiva caída na
terra. Ao vê-la, os filhos de Israel perguntaram uns aos outros “Que é isto?” (Man-hu), pois não
sabiam o que era. Moisés disse-lhes: “É o pão que o Senhor vos dá para comerdes”» (Ex 16, 13-
15; ver Sab 16, 20-21).
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Da pergunta «Man-hu» (que é isto?) vem o nosso termo «maná». Este «pão do céu» está
assegurado pelo amor paternal de Deus, que o envia diariamente ao seu povo, sem que este precise
de o guardar para o dia seguinte (Ex 16,1920). Talvez pudéssemos ver aqui uma antecipação do
espírito com que Jesus nos ensina a rezar:
«Pai nosso... O pão nosso de cada dia nos dai hoje!» (Mt 6,9-13; Lc 11,2-4).
O Pão de Elias
É ainda este «pão do céu» que é dado a Elias, o profeta que foge da fome pelo deserto, além do rio
Jordão, e é alimentado gratuitamente por Deus. Todo o capítulo 17 do 1º Livro do Reis gira em
torno deste episódio maravilhoso: o pão que os corvos trazem de manhã e à tarde (vv. 2-6); o pão
que a viúva de Sarepta lhe oferece e cuja farinha nunca mais se esgota na panela, símbolo da
multiplicação do pão feito por Jesus (vv. 10-16); finalmente, a vida dada por Deus ao filho da
viúva, por ela ter mantido a vida a Elias com o pão da sua última farinha (vv. 17-24). Ver 1Rs
19,4-8.
O pão ázimo e o pão com fermento.
Normalmente, o pão é levedado; isto é, leva um pouco de fermento, para lhe dar mais gosto. O
fermento é um pouco de massa do pão anterior. Para levedar a massa com este fermento, é
necessário deixá-la em repouso durante algum tempo. Isso supõe uma vida estável, numa
sociedade rural. Os povos nómadas, habituados a contínuas mudanças por causa dos rebanhos,
utilizavam o pão sem fermento, ou seja, a massa simplesmente cozida.
Pão ázimo ou asmo.
Pão ázimo ou asmo, matzo (ídiche) matzá (hebraico), ,ַ ָהé um tipo de pão assado sem fermento,
feito somente de farinha de trigo (ou de outros cereais como aveia, cevada e centeio) e água. A
preparação da massa não deve exceder 18 minutos para garantir que a massa não fermente. De
acordo com a tradição judaico-cristã, pão ázimo foi feito pelos israelitas antes da fuga do Antigo
Egito, por que não houve tempo para esperar até a massa fermentar. Hoje em dia é comida
obrigatória na festa do Pessach (páscoa judaica), que também se chama Hag ha-matzot, ou a festa
dos pães ázimos.
O pão da pressa
O pão sem fermento tornou-se um símbolo altamente significativo das realidades espirituais mais
diversas. Assim, o pão sem fermento é o pão da pressa, o pão dos peregrinos, como diz Moisés ao
povo, na Páscoa da saída do Egipto:
«Nessa mesma noite, comer-se-á a cama assada ao fogo com os pães sem fermento e as ervas
amargas (...). Quando o comerdes, tereis os rins cingidos, as sandálias nos pós e o bordão na mão.
Comê-los-eis apressadamente, pois é a Páscoa do Senhor» (Ex 12,8.1 1).
O pão da renovação e da verdade
Mas o pão sem fermento, o pão sem qualquer resto do pão velho, é ainda símbolo da total
renovação da vida espiritual dos crentes; é a negação total dum passado que não interessa reviver.
Por isso, Israel celebrava a antiga festa do Pão Ázimo (Festa dos Ázimos), que mais tarde se
juntou com a da Páscoa. Durante a festa prescreve-se o seguinte:
11. JB News – Informativo nr. 2.141 – Florianópolis (SC) – sexta-feira, 12 de agosto de 2016 Pág. 11/33
«Durante sete dias comereis pães sem fermento; a partir do primeiro dia não haverá fermento nas
vossas casas. Quem comer pão fermentado, desde o primeiro dia até ao sétimo, será excluído de
Israel (...). Guardareis a festa dos Ázimos porque, nesse dia, fiz sair o vosso povo do Egipto.
Guardareis esse dia de geração em geração, como uma instituição perpétua» (Ex 12,15.17; ver Dt
16,3).
Todos os anos, antes do início da festa da Páscoa (14 de Nisã), eliminava-se todo o pão levedado
com fermento. Nessa tarde e em todos os sete dias seguintes comia-se apenas pão ázimo (Ex
12,14-20), para comemorar a saída apressada do Egipto e para simbolizar a renovação total do
coração das pessoas. S. Paulo insiste neste último sentido, quando fala do pão com fermento. E a
Igreja escolheu o seu texto para a 2ª Leitura do Domingo de Páscoa. Dirigindose aos Coríntios,
compara um caso de incesto ao fermento que corrompe a massa da comunidade:
«Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa?Purificaivos do velho fermento,
para que sejais uma nova massa, assim como sois ázimos. Porque Cristo, nosso Cordeiro pascal,
foi imolado. Celebremos, pois, a festa, não com o fermento velho nem com o fermento da malícia
o da corrupção, mas com os ázimos da pureza e da verdade» (1 Cor 5,6-8; ver Gal 5,4.7-,9).
O pão da corrupção
Este sentido negativo do pão com fermento é ainda símbolo da falsa doutrina que pode corromper
tudo. O Novo Testamento insiste neste aspecto: é o "fermento dos fariseus” (Lc 12, 1), o
"fermento de Herodes” (Mc 8,15), «o fermento dos fariseus e saduceus» (Mt 16,6). Jesus explica
que este pão com fermento é a má doutrina desses grupos:
«Como é que não compreendeis que não era de pão que falava, quando vos disse: "Acautelai-vos
do fermento dos fariseus e saduceus? Compreenderam, então, que Jesus não havia dito que se
defendessem do fermento do pão, mas da doutrina dos fariseus e saduceus» (Mt 16,11-12; ver Lc
12,1).
O pão da Boa Nova
Mas o pão com fermento tem também um sentido positivo nos Evangelhos. Nesse caso, significa
o rápido anúncio da Boa Nova:
«O Reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher toma e mistura em três medidas de
farinha, até que tudo esteja fermentado» (Mt 13,33; ver Le 13,21).
Jesus é o verdadeiro «Pão da Vida»
Podemos dizer que o Novo Testamento assumiu todos estes simbolismos do pão, que já vinham
do Antigo Testamento.
O pão da Palavra Assim, perante o diabo tentador, no deserto, Jesus diz ser o Pão da Palavra, que
deve alimentar todo e cada homem que atravessa o deserto da sua vida. E quando o Tentador lhe
pede para fazer milagres, transformando pedras em pão, Jesus responde com a palavra de Dt 8,3:
«Está escrito: Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus» (Mt
4,4; ver Lc 4,4).
Da boca de Deus sai a Palavra sempre fiei (SI 89,35). Foi esta Palavra que Jesus veio semear no
campo do coração de cada um de nós e que deve frutificar "trinta, sessenta e cem por um" como
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Ele próprio diz na parábola do semeador (Mc 4,8; ver Mt 13,8; Lc 8,8). Mas Jesus não é somente
Aquele que nos oferece o pão da Palavra de Deus. Ele é a mesma "Palavra que saiu da boca de
Deus", a Palavra que encarnou, como diz S. João:
«No princípio já existia a Palavra [o Verbo],a Palavra estava com Deus, a Palavra era Deus (...). E
a Palavra fez-Se Homem e habitou entre nós, e nós vimos a Sua glória, glória que Lhe vem do Pai,
como Filho único, cheio de graça e de verdade» (Jo 1, 1. 1 4).
Jesus é, portanto, a verdadeira Palavra que sai da boca de Deus e, como tal, o único Pão capaz de
saciar todo o tipo de fome do mundo.
O novo maná
Mas, Jesus não é apenas o verdadeiro "Pão do Céu". Sendo a presença viva do mesmo Deus do
Antigo Testamento que alimentou com o maná o Seu povo no deserto, Jesus, num outro deserto,
oferece também outro maná, multiplicando o pão para cinco mil homens:
«Tomou, então, os cinco pães o os dois peixes e, erguendo os olhos ao caiu, pronunciou a bênção,
partiu os pães e entregou-os aos discípulos, para que eles os distribuíssem» (Mc 6,40-41; ver Mc
8,1 -g; Mt 14,13-21; Lc 9,10-17; Jo 6,1 -14; 1 Cor 11,2324).
O pão da Nova Aliança
Como estamos a ver, estas palavras de Jesus fazem-nos lembrar o Pão da Nova Aliança, celebrada
na Eucaristia, o "pão partido" na última Ceia, celebrada com os eus discípulos antes da festa da
Páscoa. Este "pão partido" e repartido, que se torna no seu verdadeiro Corpo, substitui o cordeiro
pascal imolado na primeira Páscoa do Êxodo. Cristo é, assim, o verdadeiro Cordeiro pascal, como
diz S. Paulo no primeiro texto eucarístico do Novo Testamento:
«O cálice da bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? E o pão que
partimos não é a comunhão do corpo de Cristo? Uma vez que há um só pão, nós, embora sendo
muitos, formamos um só corpo, porque todos participamos do mesmo pão» (1 Cor 10, 1 6-17).
Deste modo, a expressão "partir o pão" leva-nos, desde o Antigo Testamento, até ao verdadeiro
Pão, que é Jesus oferecido e repartido por todos no banquete da Eucaristia. Essa expressão foi
mesmo a expressão técnica mais antiga para designar o que hoje chamamos "Eucaristia"
(Lc24,30.35; Act 2,24.46; 20,7. 11).
O Pão da Vida
Dizíamos no princípio que o simbolismo do pão está intimamente ligado à vida. Ora uma das mais
belas definições que Jesus dá da Sua pessoa é precisamente a de Pão da Vida. A este propósito,
sugiro a leitura e meditação do famoso "Discurso do Pão da Vida" (João, 6). Há uma comparação
de fundo com o maná do deserto, que não podemos esquecer. Jesus diz ser o novo e verdadeiro
"Pão do Céu": o maná corrompia-se, estragava-se, o Pão da Vida não se estraga nem corrompe; o
maná no deserto não impedia as pessoas de morrer; quem comer o Pão da Vida não morrerá para
sempre (v. 58); o maná foi dado por Moisés, este Pão da vida é dado por Deus (vv. 32-33); o maná
era uma comida qualquer, o Pão da vida é a própria "carne" de Jesus (v. 7), Mas, atenção! A
"carne" de Jesus não é simplesmente a carne física. "Carne", na Bíblia, significa a pessoa inteira.
É, pois, necessário comer o Cristo total Palavra e Eucaristia1 - para se realizar em nós a Sua
promessa de vida eterna:
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«Assim como o Pai, que vive, Me enviou e Eu vivo pelo Pai, assim também o que Me come
viverá por Mim. Este é o Pão que desceu do Céu. Não é como
Eucaristia (do grego εὐχαριστία, cujo significado é "reconhecimento", "ação de graças") é uma
celebração em memória da morte sacrificial e ressurreição de Jesus Cristo. Também é denominada
"comunhão", "ceia do Senhor", "primeira comunhão", "santa ceia", "refeição noturna do Senhor".
aquele que os vossos pais comeram, e morreram. Quem comer deste Pão viverá eternamente» (Jo
6,57-58).
Se o pão simboliza a comida de cada dia, e Jesus diz ser o nosso pão, isso quer dizer que Ele - e só
Ele - é o nosso "Pão do Céu", sem o Qual não podemos ter uma verdadeira Vida!
«Dai-lhes vós mesmos de comer» (Mc 6,37)
Perante as situações de fome no mundo de hoje, precisamos de escutar as palavras de Jesus aos
Seus discípulos, à vista da multidão faminta que O seguia pelo deserto.
«A hora já ia muito adiantada, quando os discípulos se aproximaram e Lhe disseram: '0 sítio é
deserto e a hora já vai adiantada. Manda-os embora para irem às herdades e aldeias comprar de
comer'. Respondeu-lhes Jesus: 'Dailhes vós mesmos de comer’» (Mc 6,35-37).
Perante as multidões famintas de hoje, a tentação dos homens e mulheres "piedosos" é "exigir"
que Deus faça milagres, multiplique o pão e mate a fome aos famintos. Chegam mesmo a afirmar:
"Se Deus existe, como permite que milhões de crianças morram de fome?!" Muitos até
abandonam a Igreja "em protesto" contra um Deus aparentemente desumano, que dizem
TodoPoderoso mas não "sabe" ou não "consegue" arranjar pão para todos os Seus filhos. A todos
esses, como outrora aos Seus discípulos, Jesus diz: "Dai-lhes vós mesmos de comer!" Este espírito
dos homens e mulheres do nosso tempo já foi encarnado pelo Tentador no deserto:
«’Se Tu és o Filho de Deus, ordena que estas pedras se transformem em pão’. Respondeu-lhe
Jesus: 'Está escrito: Nem só de pão vive o homem, mas de
toda a Palavra que sai da boca de Deus'» (Mt 4,3-4; ver Lc 4,3-4; Dt 8,3).
Nestes dois textos, Jesus diz claramente que não veio para multiplicar o pão material nem para
fazer milagres, substituindo os agricultores, os médicos ou os engenheiros. Veio, sim, para fazer
um milagre muito maior: ensinar-nos a multiplicar o pão de cada dia. E este pão só pode ser
multiplicado, se vivermos a palavra essencial que define o próprio Deus: a palavra "amor". Porque
só o amor multiplica o pão; só o amor vê no faminto um irmão e não um simples desempregado
ou um "preguiçoso"; só o amor leva o empresário a criar mais empregos, superando interesses
egoístas que o fazem acumular todos os lucros; só o amor abre os olhos do coração, o torna
sensível e solidário perante as desigualdades e o move à partilha.
"Dai-lhes vós mesmos de comer!", continua Jesus a dizer-nos ainda hoje.
A Maçonaria e o Simbolismo do Pão
O Simbolismo do pão na maçonaria segundo o Ir∴ José Marti (2008). A Natureza Física: água e
pão. Estes elementos representam os elementos nutritivos, sólido e líquido, que são a alimentação
base para subsistir. O pão
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evoca o simbolismo do grão de trigo, nascido de uma espiga, que morre para renascer após ter
passado pela prova da terra. O pão está relacionado com o conhecimento dos pequenos mistérios,
enquanto o vinho com o conhecimento dos grandes mistérios. É o primeiro dos alimentos
substanciais, sendo símbolo da vida. A água está colocada num recipiente junto a um pedaço de
pão. Enquanto o pão simboliza o físico, a água é, neste contexto, o símbolo da alma, tão mutável
como a forma do recipiente que a contem. Também é o emblema do alimento do espírito (com
sal), da hospitalidade e (com a água) da frugalidade, existente na Iniciação para meditação do
candidato a maçom. Indica-lhe a simplicidade que deverá nortear a sua vida futura.
A Pessach Judaica e a Maçonaria
Existem Altos Graus maçônicos, em que, ao final dos trabalhos, os presentes reunem-se em torno
de uma mesa, onde o presidente --- o principal dos convivas --- distribui o pão e o vinho, de que
todos se servem. Além disso, há um antigo costume, segundo o qual, em qualquer lugar do mundo
em que se encontrem, esse obreiros --- cavaleiros --- devem se encontrar, na quinta-feira de
Endoenças (do latim: indulgentias), ou "quinta-feira santa", ou "quinta-feira da Paixão", que
ocorre três dias antes da Páscoa.
Esse hábito tem sua origem num rito tradicional judaico, incrementado pelos essênios: o kidush
(da raiz kodesh = santo, sagrado), que também é a origem da eucaristia. O kidush era realizado na
véspera de uma festa religiosa, ou na véspera do shabbat (sábado, o dia santificado), para realçar a
santificação do dia. Por ocasião da Pêssach ---Passagem, Páscoa, lembrando a saída do Egito ---
todavia, como a sexta-feira era dia de preparar os alimentos que seriam consumidos no sêder
(jantar da Páscoa) e de queimar hametz (alimentos impuros, proibidos durante a Páscoa), o kidush
era recuado para a quintafeira. Num kidush, o principal dos convivas de uma confraria (em
hebraico:
shaburá) lançava as bênçãos sobre o pão e o vinho e os distribuía entre os demais (os shaberim ,
membros do shaburá). A chamada "última ceia" de Jesus, com os seus "shaberim", foi um kidush,
que precedeu a Pêssach , sendo realizado na quinta-feira.
Bibliografia consultada
CASTELLANI, J. A Maçonaria e sua Herança Hebraica " Editora A Trolha – 1993.
http://www.lojasmaconicas.com.br/jc_sinopses/sinopse/sip14.htm Acessado em 03 Agosto/2010.
MARTI, J. Uma Síntese da Simbologia Maçónica. http://www.ocidente.eu/
img/simbologia_maconica.pdf Acessado em 03 Agosto/2010. MURIMA. Pão nosso. O símbolo do
pão na bíblia. http://murima.blogspot.com/ 2003/05/po-nosso-o-smbolo-do-po-na-bblia-1.html.
Acessado em 03 Agosto/2010. Simbologia Maçônica.
http://www.sobrenatural.org/materia/detalhar/4070/
os_eua_e_a_relacao_secreta_com_a_maconaria/ Acessado em 03 Agosto/2010. WIKIPÉDIA. Pão.
http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A3o#Ver_tamb.C3.A9m. Acessado em 03 Agosto/2010.
WIKIPÉDIA. Pão ázimo. http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A3o_% C3%A1zimoAcessado em
03 Agosto/2010. T
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Irmão Paulo Rogério Peixinho Costa
Loja Sabedoria, Luz e União nr. 2561
Feira de Santana – GOB/BA
AS ROMÃS
A importância da romã é milenar, aparece nos textos bíblicos, está associada às paixões e à
fecundidade. Os gregos a consideravam como símbolo do amor e da fecundidade. A árvore da
romã foi consagrada à deusa Afrodite, pois se acreditava em seus poderes afrodisíacos. Para os
judeus, a romã é um símbolo religioso com profundo significado no ritual do ano novo.
Quando os judeus chegaram à terra prometida, após abandonarem o Egito, aqueles que foram
enviados voltaram carregando romãs e outros frutos como amostras da fertilidade da terra
prometida. Ela estava presente nos jardins do Rei Salomão. Foi cultivada na antiguidade pelos
fenícios, gregos e egípcios. Em Roma, a romã era considerada nas cerimônias e nos cultos como
símbolo de ordem, riqueza e fecundidade.
A bebida extraída da romã entrou para a história durante o reinado de Salomão, em Israel. Ele
mandou esculpir a fruta no alto das colunas de seu templo, onde hoje se encontra o Muro das
Lamentações, em Jerusalém. Era para lá que os judeus levavam as romãs e outros alimentos
sagrados na Festa de Pentecostes. Há ainda a crença de que uma romã possui 613 sementes, o
mesmo número de mandamentos escritos da ¨ Torá ¨.
Entre os plebeus, a romã ganhou outros significados, como amor, união, casamento e
fertilidade, todos relacionados à grande quantidade de sementes que a fruta contém e à forma
harmoniosa como elas se entrelaçam em sua polpa – na Grécia, por exemplo, era comum as
mulheres consumirem romã em eventos religiosos para evocar a fertilidade.
A relação das Romãs com a Ordem Maçônica está na adoção, pela Ordem, do Templo de
Salomão como modelo de seus Templos. Na busca de uma definição simbólica e perfeita para o
Templo que cada um de nós tem em si próprio, a Bíblia fornece aos Maçons o Templo de
Salomão, símbolo de alcance magnífico.
4 – As Romãs
Paulo Rogério Costa
Kennyo Ismail
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Todo o templo maçônico, incluindo o soalho, as paredes e o teto, é contemplado no Painel,
tendo em sua composição duas colunas, sobre as quais estão plantadas Romãs.
Na maçonaria as romãs são mostradas através de três romãs entreabertas, no topo das colunas
J e B. As “romãs da amizade” representam a prosperidade e a solidariedade da família maçônica.
Ela é também vista como a unidade que existe entre todos os maçons do universo, da mesma
forma que suas sementes, sempre juntas e proporcionando uma acomodação ímpar, acolhendo a
todos. Sua simbologia é muito semelhante à Corda de Oitenta e Um Nós.
O grande número de grãos que a romã possui e sua propriedade afrodisíaca, fez com que a
mesma fosse considerada, na simbologia popular, como sendo a representante da fecundidade e da
riqueza. Este, talvez, seja o significado mais correto para as Romãs colocadas sobre as colunas de
Salomão. No entanto, também, são simbolizadas como sendo a força impulsionadora para o
trabalho e dispêndio de energia.
Na Maçonaria, os grãos da Romã, mergulhados na sua polpa transparente, simbolizam os
maçons unidos com a energia e a força necessárias para realizarem o trabalho. Os grãos da romã
simbolizam a união dos maçons em seus vários aspectos: o fisiológico, porque cada grão possui
"carne", "sangue" (o suco) e "ossos", (as sementes). Os grãos crescem unidos de tal forma que
perdem o formato natural, que seria redondo; espremidos uns aos outros, são semelhantes a
polígonos geométricos, com várias facetas; são lustrosos e belos, lembrando os favos de uma
colméia de abelhas; as abelhas trabalham sem descanso e assim lutam os maçons.
A Romã expressa, na sua coloração, a realidade. A coroa de triângulos ou coroa da virtude, do
sacrifício, da ciência, da fraternidade, do amor ao próximo, está colocada numa extremidade da
esfera. Simboliza o coroamento da obra da Arte Real. A flor rubra representa a chama do
entusiasmo que conduz o aprendiz ao seu destino, iluminando a sua jornada. As cores da Romã
simbolizam: o verde, o reino vegetal; a amarela, o reino mineral; e a vermelha, o reino animal. As
membranas brancas, que não constituem cor, mas a mistura de todas as cores como as obtidas
quando o raio transpassa o cristal formando o arco-íris, simboliza a paz e o amor fraterno.
Em suma, a romã simboliza a própria Loja.
A romã é um dos símbolos mais autênticos e tradicionais da nossa Ordem. Nos nossos
templos em que Colunas simbolicamente unem a terra com o céu, onde, ostentam as frutas da
união - como uma dádiva, como favos de mel das abelhas, cheias de pureza e de beleza, sadias e
como uma das mais perfeitas criações da natureza. Cada romã passou a ser a representação de
uma Loja e de sua universalidade. Suas sementes, como vimos, representam os Irmãos unidos
pelo que é bom, pelo que é sábio, pelo que tem força e beleza, e pelo ideal comum.
A principal lição que devemos levar sobre as romãs está na forma como as sementes
mantêm-se unidas "ombro a ombro". Apesar de seus formatos e tamanhos diferentes, as sementes
se apóiam em perfeita união. São inúmeras e, como nós, espalham-se pelo planeta.
Cada Maçom deve zelar para que a árvore da Maçonaria venha a produzir frutos não afetados
por pragas e doenças, e a união deve reinar em nosso meio em prol do bem comum.
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Os Efeitos Psicológicos da Prática
do Ritual Maçônico
Publicado por Luiz Marcelo Viegas
(https://opontodentrodocirculo.wordpress.com)
Autor: Ir Raphael Guimarães
O Ir Rafhael Guimarães é Mestre Maçom, Membro da GLMEES e Maçom do Real Arco, filiado ao
SGCMRAB.
Introdução
A definição mais comum de Maçonaria é a de que Maçonaria é “um belo sistema de moralidade velado
em alegoria e ilustrado por símbolos” (ZELDIS, 2011). Isso já diz muito sobre a instituição e seu modo
de ensino e aprendizagem, que ocorre por meio de rituais repletos de alegorias e expressões simbólicas.
No entanto, entre o desdobramento do ritual e o comportamento moral de seus praticantes há um
mecanismo psicológico que não pode ser ignorado e cuja compreensão pode colaborar um melhor
entendimento da razão da Maçonaria atrair ao longo dos séculos o interesse de tantos distintos homens
e a ira de tão perigosos inimigos, como os nazistas, papas e o Comintern – Comitê Comunista
Internacional (ROBERTS, 1969).
5 – Os Efeitos Psicológicos da Prática do Ritual Maçônico
Raphael Guimarães
Kennyo Ismail
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Este estudo tem por objetivo analisar as influências psicológicas que a prática ritualística maçônica, suas
falas, movimentos, símbolos, dramas e alegorias, pode ter sobre seus praticantes.
Muitos talvez possam julgar os rituais maçônicos como ingênuos, ultrapassados, estranhos ou até
mesmo supersticiosos. Serão apresentados neste estudo indícios de que tanto os rituais como a
mitologia possuem as mesmas fontes de origem — o inconsciente (CAMPBELL, 2007; JUNG, 2005).
Há, sem dúvida, inúmeras diferenças entre as religiões e mitologias da humanidade, e todas essas, de
uma forma ou de outra, podem ser encontradas em alguma medida, representadas nas alegorias
maçônicas (MAXENCE, 2010).
Foi em 1900 que Sigmund Freud apresentou ao mundo sua teoria do Inconsciente, na obra “A
interpretação dos sonhos” (FREUD, 1972). O conceito de Inconsciente já existia de alguma forma desde
a Grécia Antiga, contudo foi somente com Carl Gustav Jung que tal teoria encontrou sua plenitude,
alcançando um sentido mais amplo, quando o mesmo diferenciou a atuação do inconsciente de uma
camada mais profunda, que chamou de Inconsciente Coletivo, que são formas ou imagens de natureza
coletiva que se manifestam praticamente em todo o mundo como constituintes dos mitos e, ao mesmo
tempo, como produtos individuais de origem inconsciente, que influenciam toda nossa psique (JUNG,
2011c).
Ao contrário da escola freudiana, que afirma que os mitos estão profundamente enraizados dentro de
um complexo do inconsciente, para Jung, a origem atemporal dos mitos reside dentro de uma estrutura
formal do inconsciente coletivo. Torna-se assim uma diferença considerável para Freud, que nunca
reconheceu a autonomia congênita da mente e do inconsciente, enquanto que, para Jung havia uma
dimensão coletiva inata e com autonomia energética.
As ideias apresentadas por Jung foram o embasamento científico que o estudioso das Religiões e
Mitologias Comparadas, Joseph Campbell, adotou para sustentar as similaridades existentes entre todas
as religiões e mitologias da história. Tal conceito chamado anteriormente de “Monomito”[1] por Jaymes
Joyce, foi esmiuçado por Campbell, que mostrou todo o roteiro da manifestação arquetípica do herói,
que se encontrava representado em todo o mundo como um arquétipo do Inconsciente Coletivo (JUNG,
2010; JUNG, 2011a).
Assim, será com base nas obras de Campbell e Jung o desenvolvimento deste artigo, que visa comparar e
reapresentar o simbolismo maçônico sob a ótica científica da Psicologia Junguiana e da Ciência das
Religiões.
Análise Comparativa da Psicologia Junguiana com o Simbolismo Maçônico
O que é um Símbolo?[2]
Os símbolos são, em síntese, metáforas e compêndios de um conhecimento sensivelmente elevado
(CAMPBELL, 2007), mas que em outras palavras, são manifestações exteriores dos arquétipos. Os
arquétipos só podem se expressar através dos símbolos em razão de se encontrarem profundamente
escondidos no inconsciente coletivo, sem que o indivíduo os conheça ou possa vir a conhecer (JUNG,
2011b). Dessa forma, em nosso nível comum de consciência, para compreendermos um elevado
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sentimento contido no Inconsciente Coletivo, necessitamos dos símbolos, gestos existentes desde o
início da humanidade (CAMPBELL, 2008; JUNG, 2011a).
Essas afirmações precedentes necessitam de um exemplo hipotético: O amor da mãe para com seu filho
jamais seria compreendido por palavras ou descrições objetivas, como números ou letras. Em vez disso,
podemos, ao invés de escrever sobre tal amor, apenas apresentar o conhecido símbolo do coração. Deste
modo, mesmo que parcialmente, a noção que teremos a respeito do amor de uma mãe para com seu
filho, será muito mais próxima do que as expressadas por meras palavras (JUNG, 2011d).
As mitologias e sentimentos são comumente manifestados por meio de símbolos e gestos. Do mesmo
modo, a Maçonaria atua através da ritualística das suas iniciações e instruções. Os símbolos e gestos
atuam como um catalizador de sentimentos de seus praticantes através do mito trabalhado pelo grupo-
cultura (CAMPBELL, 2008). O avanço moral que a Maçonaria proporciona a seus adeptos é, além de
consciente, educativo e ético, também um reforço psicológico.
A diferença crucial entre símbolo e arquétipo é que o primeiro pode ser visto e em alguns casos também
tocado e sentido, ao passo que o segundo pode ser apenas sentido, e mesmo assim, somente por
intermédio do primeiro. Portanto, para que haja símbolos, deve antes haver arquétipos, pois aqueles são
a manifestação destes em menor escala (JUNG, 2011d; JUNG, 2012). Contrariamente a esta teoria
junguiana agora apresentada, observamos na psicanálise de Freud outra visão dos arquétipos, que se
encontra centrada nos três arquétipos relativos ao chamado “Complexo de Édipo”, que, por suas
características peculiares, possui proximidades com a antropologia e com a linguística, ao passo que a
visão apresentada neste artigo, Junguiana, possui proximidades com os conceitos do Inconsciente
Coletivo sustentados pelo sociólogo francês Émile Durkheim, um dos pais da Sociologia Moderna, onde
em sua obra o define como o conjunto de crenças e sentimentos autônomos de uma sociedade
(DURKHEIM, 2004). Suas teorias também influenciaram Freud, mas com devido efeito, acham-se
proficuamente delineadas nas obras de Jung.
O Templo Maçônico do Rito Escocês e a Psique Humana
Os maçons são unanimes em dizer que o Templo Maçônico[3] é simbólico, e como já vimos, o símbolo é
muito mais do que mera ornamentação artística para representar algo (JUNG, 2012). Importante
registrar que o templo maçônico não é uma réplica do Templo de Salomão, se não apenas
simbolicamente inspirado no Templo de Salomão, mas contendo muitas outras influências, de acordo
com o Rito adotado (ISMAIL, 2012). No caso do presente estudo, refere-se a um templo do Rito Escocês
Antigo e Aceito.
Portanto, toda a ornamentação e divisão do templo não é fruto do acaso, a começar pela Sala dos Passos
Perdidos, mais adiante o Átrio, a Câmara ou Caverna de Reflexões, e finalmente o Templo em si. Todos
estes compartimentos são estágios há muito tempo utilizados para separar o sagrado do profano (VAN
GUENNEP, 2011).
Nesse contexto, o ritual tem por objetivo a realização da passagem de um estado de consciência para
outro, estados esses chamados maçonicamente de profano e sagrado, e em última análise, o templo com
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suas divisões simboliza o estado de consciência em que nos encontramos. Desta forma, o templo em si
representa um estado intransponível de pureza e santidade para seus membros. As funções-cargos
expressas no ritual e as disposições do templo são personificações simbólicas das leis psicológicas que
atuam na psique (CAMPBELL, 2007; MAXENCE, 2010), conforme será demonstrado neste estudo.
Rituais ou simples gestos simbólicos identificam nossa consciência com o campo essencial de ação. O
soldado que retorna da guerra, ao passar pelo Arco do Triunfo, um rito de passagem, acaba deixando a
guerra para trás. Da mesma forma, ao passarmos pela sala dos passos perdidos e posteriormente pelo
átrio, sabemos que estamos em um local consagrado para a prática do bem, o Templo Maçônico. Assim,
as salas que antecedem o templo, cumprem a função psicológica de devidamente introduzir o adepto em
um local que, por meio de seus símbolos, colabora para o ingresso a um estado da consciência
necessário para que o ritual cumpra seu dever cognitivo de forma efetiva (JUNG, 1978; VAN GUENNEP,
2011).
De acordo com a psicologia analítica de Carl G. Jung, a psique divide-se em três níveis: A consciência, o
inconsciente pessoal e o inconsciente coletivo (HALL & NORDBY, 2010). Conforme se segue abaixo, tais
divisões se conciliam em significados e funções com os cômodos de uma Loja Maçônica do Rito Escocês
Antigo e Aceito, ou seja, sala dos passos perdidos, átrio e templo, sendo que na parte interior, teremos o
ocidente e o oriente.
Nível 1 – Consciência: Sala dos Passos Perdidos
A consciência é a única parte da psique a qual conhecemos direta e objetivamente (HALL & NORDBY,
2010), e nela tudo ocorre geralmente de forma racional e lógica. Da mesma forma, isso também ocorre
antes de adentrarmos ao templo, pois é na sala dos passos perdidos que tudo ainda ocorre de forma
desprovida de questões oníricas, sem sinais ou gestos simbólicos.
O significado psicológico de persona, para Jung, é aquela parte da personalidade desenvolvida e usada
em nossas interações mundanas, ou profanas, no vocabulário maçônico. É nossa face externa
consciente, nossa máscara social, como veículo não de nossa real vontade, mas da nossa necessária
aceitação (JUNG, 1978; HALL & NORDBY, 2010). Assim que, nas iniciações maçônicas, o gesto dos
candidatos serem despidos de todos os metais, e iniciarem todos exatamente da mesma forma, significa
que, naquele momento, o indivíduo despe-se de suas personas. Esse desprendimento se faz necessário
visto que, conforme Jung, no nível do inconsciente pessoal – que citaremos logo adiante – não há
persona, a qual se manifesta apenas no nível consciente.
O crescimento psicológico ocorre, de acordo com Jung, quando alguém tenta trazer o conteúdo-
conhecimento do inconsciente, para o nível consciente, e estabelecer uma relação entre a vida consciente
e o nível arquetípico da existência humana (JUNG, 1978; JUNG, 2011b). O homem que assim o fizer,
haverá de reconhecer as origens de seus problemas no próprio inconsciente, pois a pessoa que não torna
consciente suas limitações e defeitos, acaba por projetar sobre os outros tais percepções negativas
(HALL & NORDBY, 2010). Fazendo o devido paralelo, o crescimento na senda maçônica somente ocorre
quando se aplica no chamado mundo profano o que se estuda e aprende no mundo maçônico, que é
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neste quadro comparativo o referido inconsciente pessoal, e assim tem-se a oportunidade de
transformar o conhecimento em sabedoria.
Nível 2 – Pré-consciência: Átrio
Para Freud, a consciência humana se subdivide em três níveis, chamados de Consciente, Pré-Consciente
e Inconsciente. O estado intermediário entre a Consciência, abordada no Nível 1, e o Inconsciente, que
será abordado no Nível 3, é o de Pré-consciência, o qual tem por característica uma experiência munida
de relativo equilíbrio entre um material perceptível e um material latente (FREUD, 1972).
Dessa forma, tem-se o átrio do templo maçônico como representativo desse estado de pré-consciência,
visto o átrio, apesar de muitas vezes interpretado como sendo uma extensão do templo, é fisicamente
um cômodo intermediário entre a sala dos passos perdido e o templo maçônico. Nele ocorre o momento
de transição entre os estados psicológicos, em que os maçons se concentram, geralmente com as luzes
apagadas, para se desvencilharem dos problemas e pensamentos do chamado “mundo profano” e
adentrarem ao interior do templo. Assim, o átrio se assemelha em correspondência com o pré-
consciente na medida em que ambos não possuem uma natureza específica, mas sim transitória.
Portanto, este estado intermediário tem por objetivo introduzir o personagem no recinto onírico e
simbólico seguinte.
Nível 3 – O Inconsciente Pessoal: O Templo Maçônico
Todas as experiências que se têm, mesmo aquelas consideradas esquecidas, mas que todavia não
deixaram de existir, são armazenadas no inconsciente pessoal. É nesse nível que ocorrem os sonhos
quando se está dormindo, e como todos sabem, tais eventos sonhados são dotados de acontecimentos
surreais e ilógicos perante a nossa realidade objetiva (JUNG, 2005).
Assim o Inconsciente Pessoal encontra correspondência com o templo maçônico, onde a ritualística e os
símbolos alcançam a totalidade dos trabalhos, e estes retratam bem o estado fictício e mítico do drama
maçônico, estado este que – paralelamente – também é encontrado nos sonhos, com seus símbolos
abstratos, passagens ilógicas e surreais, onde tanto no estado onírico como na ritualística, pode-se viajar
do Oriente ao Ocidente com alguns poucos passos, e do amanhecer ao pôr do sol, vai-se em alguns
minutos, semelhante ao que ocorre nos sonhos, pois no nível do inconsciente pessoal não há uma
limitação objetiva. Da mesma forma o simbolismo da ritualística não possui um senso lógico. Ambas
linguagens (sonhos e ritualística) são figuradas.
Assim como o ritual maçônico não é literal e tem por objetivo transmitir instruções morais, os sonhos
também não o são e, segundo Jung (2011d), o crescimento e amadurecimento moral são a real e efetiva
finalidade dos sonhos. Destarte, em ambos os casos perde-se o efeito do lógico e racional, para com isso,
trabalhar o simbólico e onírico. Sendo assim, interpretar o ritual maçônico de forma literal é um erro
lastimável, ao passo que o sonho, inexoravelmente, também deve ser interpretado de forma não literal
(JUNG, 2012).
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Os conceitos de Anima e Animus foram talvez as duas mais importantes descobertas de Jung. Ambos
são aspectos inconscientes de um indivíduo. O inconsciente do homem encontra ressonância com o
arquétipo feminino, chamado de Anima, enquanto que a mulher associa-se com o arquétipo masculino,
chamado de Animus. Cabe notar que quando se fala de masculino e feminino, em se tratando
de Animus e Anima, está se referindo às expressões e características, e não algo literal (JUNG, 2011b;
JUNG, 2012), pois, como supramencionado, o inconsciente reside em um nível atemporal, inteiramente
psicológico, portanto não material.
A Anima manifesta-se na psique de forma emocional, passiva e intuitiva, por outro lado,
oAnimus manifesta-se de forma racional, ativa e objetiva. Jung costuma relacionar Animaao deus grego
Eros, o deus do Amor, ao passo que Animusé relacionado com o termoLogos, que significa verbo, razão
(JUNG, 1978). No templo maçônico tal equilíbrio dual é conhecido pelas duas colunas, Boaz e Jaquim.
No Rito Escocês, os Aprendizes Maçons tomam assento do lado da coluna Boaz, e ali são instruídos
sobre a educação moral, espiritualidade e ética maçônica, conceitos perfeitamente associados ao
arquétipo deAnima. Já do lado da coluna Jaquim tomam assentos os Companheiros Maçons, que, ao
contrário dos aprendizes, possuem suas instruções voltadas para as artes ou ciências liberais, bem como
para algum conhecimento esotérico, que são características de Animus. Ao Oriente vê-se o Sol e a Lua,
que são símbolos conhecidos do Animus e da Anima.
Desta forma, Boaz e Jaquim, representam Anima e Animus, e a consecução entre ambas colunas
representa o Casamento Alquímico, a totalidade do ser, ou seja, o Equilíbrio Perfeito, o Mestre. Aquele
que caminha com tal união, anda pelo caminho ou Câmara do Meio (CAMPBELL, 2008), no nosso caso,
o Mestre Maçom.
Nível 3 – Inconsciente Coletivo: Sólio do Oriente
Teoria proposta pela Psicologia Analítica, o inconsciente coletivo difere do inconsciente pessoal, visto
que não se trata de experiências individuais, mas, como o nome sugere, são experiências coletivas
(JUNG, 1978). Trata-se de uma espécie de reservatório de imagens, essas chamadas de imagens
arquetípicas. Tais imagens e concepções são herdadas pelo homem de forma inconsciente através do
inconsciente pessoal. O inconsciente coletivo estimula no homem desde o nascimento um
comportamento padrão pré- formado. Assim, recebemos a forma do mundo em uma imagem virtual e
essa imagem transforma-se em realidade consciente quando, durante a vida, identificamos os símbolos
a ela correspondentes (JUNG, 2011b).
Os conteúdos do inconsciente coletivo são denominados de arquétipos. Um arquétipo é compreendido
como um modelo original que conforma outras coisas do mesmo tipo, semelhante a um protótipo
(JUNG, 2011b). Tanto o inconsciente coletivo como o arquétipo se confundem com aquilo que
chamamos de egrégora.
Jung acreditava que tanto a experiência quanto a prática religiosa eram fenômenos que tinham sua
fonte no inconsciente coletivo (JUNG, 2011c). O céu, o inferno, o Jardim do Éden, o Olimpo, são
interpretados pela psicologia junguiana e freudiana como símbolos do inconsciente (JUNG, 2011c;
FREUD, 1972), e se enquadram ao simbolismo do dossel e do sólio no Oriente, localizado a sete degraus
acima do nível onde se encontram os Aprendizes, Companheiros e Mestres, onde se encontra o chamado
Trono de Salomão e que possui estampado o “olho que tudo vê” no Rito Escocês Antigo e Aceito.
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Assim como o inconsciente coletivo dispõe da pré-formação psíquica da psique (JUNG, 1978), o
direcionamento dos trabalhos vem do Oriente da Loja, além de que as informações originais da Loja,
presentes na carta constitutiva, também se localizam na região do sólio.
Os efeitos e sinais da Ritualística Maçônica no Inconsciente
Os rituais praticados e todas as suas repetições centram o indivíduo dentro dos propósitos do mito, pois
o ritual é a simples representação do mesmo. Ao participar de um ritual, vivencia-se sua mitologia.
Assim, tais gestos e movimentos transcendem os adeptos (CAMPBELL, 2008), como, por exemplo, na
execução do mito de Hiram Abiff, que ocorre no grau de Mestre Maçom. Tornar-se Mestre Maçom é o
mesmo que Jung chamava de processo de individuação para realização do Si mesmo (MAXENCE,
2010).
Quanto à ritualística e seu potencial psicológico, Jung (2011b), discorre sobre a psicologia analítica e as
formas de atuar no inconsciente pessoal do indivíduo:
Outra forma de transformação é alcançada através de um ritual usado para este fim. Em vez de se
vivenciar a experiência de transformação mediante uma participação, o ritual é intencionalmente
usado para produzir tal transformação. (…) Se recebe um novo nome e uma nova alma, ou ainda
passa-se por uma morte figurada, transformando-se em um ser semidivino, com um novo caráter e
um destino metafísico transformado. (Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo, CARL GUSTAV JUNG,
2011, p. 231)
Desta forma, o indivíduo que vivencia o ritual, as iniciações, elevações e exaltações, acaba por se
transformar, seja pelas convicções conscientes ou pela influência do inconsciente (JUNG, 1978).
Os maçons devem, portanto, realizar reflexões da simbologia maçônica. Ao executar um ritual de alto
valor cultural, com gestos e passagens incomuns à sociedade, o qual, sob um olhar cético e profano,
pode ser considerado como infantil e ingênuo, deve o maçom analisar tais movimentos a nível
psicológico, onde reside sua maior força e resultado. Ademais, abordar o ritual maçônico ou qualquer
outro ritual sem um entendimento psicológico e simbólico do seu significado, é como ver animais nas
nuvens, ou seja, um exercício de vontade e imaginação sem maiores resultados.
Conhecendo a antropologia das sociedades primitivas, Jung comparou a vida com a trajetória do Sol em
um dia. A primeira parte, do nascimento para a sociedade, é semelhante ao amanhecer do Sol. A
segunda parte, da participação efetiva no mundo e na sociedade, é semelhante ao meio dia. E, enquanto
o desafio da primeira metade da vida é a própria vida, o desafio da segunda metade é a própria morte,
representada pelo anoitecer (CAMPBELL, 2008; JUNG, 2005).
Para o primitivo não bastava ver o Sol nascer e declinar. Esta observação exterior correspondia a um
acontecimento anímico, isto é, o Sol representava em sua trajetória o destino de um Deus. Todos os
acontecimentos mitologizados da natureza, tais como o verão, inverno, amanhecer, meio dia e por do
sol, as fases da lua, as estações, não são alegorias destas experiências objetivas, mas sim, expressões
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simbólicas do drama interno e inconsciente da alma, que a consciência humana consegue apreender
através da dramatização dos rituais maçônicos (JUNG, 2011b).
Outro detalhe ritualístico curioso relativo ao Sol é a circulação em sentido horário, também chamada de
dextrocentrica. Uma prática tão antiga quanto a Maçonaria. Os gregos e romanos tinham o lado direito
como favorável, visto que este, de forma geral, favorece mais seu dono do que o esquerdo. Relacionaram
tal procedimento ao aparente movimento que o Sol faz diariamente em torno da Terra. Assim, essas
civilizações, tendo sempre o aparente movimento do Sol como referência, adotavam a circulação em
sentido horário, tendo altares, fogueiras, totens ou sacrifícios como eixo de seus templos (ISMAIL,
2012).
A função psicológica da ritualística maçônica é a de restaurar um equilíbrio psicológico por meio do
sistema mitológico proposto pela instituição, de modo a produzir um material onírico no inconsciente
de seus membros (JUNG, 2005). Desta forma, o conhecimento da Maçonaria retrata um estudo do
inconsciente, tanto do inconsciente pessoal, através dos efeitos diretos da ritualística, como do
inconsciente coletivo, através do estudo da Mitologia Maçônica.
Nos rituais tribais de iniciação os membros recebem uma marca, que nos tempos atuais figura como
simbólica (VAN GUENNEP, 2011), e que distinguem o iniciado dos não iniciados. Na iniciação no Rito
Escocês isso ocorre com uma chancela no peito esquerdo. Seja uma marcação física ou apenas simbólica,
tais atos ritualísticos operam igualmente no inconsciente (JUNG, 2005).
A prática de diferentes termos linguísticos também é usada para separar o sagrado do profano nos
grupos religiosos (VAN GUENNEP, 2011). Este exemplo é um dos diferenciais da ritualística maçônica,
onde uma linguagem própria é comumente adotada. Inúmeros são os exemplos disso no Rito Escocês,
como justo e perfeito, tronco, Huzzé, sólio, pálio, veneralato e muitos outros.
Conclusões
Em síntese, a mitologia pode ser entendida, sob a ótica da Psicologia Junguiana, como um sonho
coletivo, sintomático dos impulsos arquetípicos existentes no interior das camadas profundas da psique
humana (JUNG, 1978), ou, numa visão religiosa, como a revelação de Deus aos seus filhos. Tanto a
mitologia como os seus símbolos são metáforas reveladoras do destino do homem e nas diversas
culturas são retratadas de diferentes formas (CAMPBELL, 2007). Sendo assim, a vivência do drama de
um mito nada mais é do que uma ferramenta de compreensão e promoção do crescimento psicológico
do individuo, sendo esta a função principal do mito (CAMPBELL, 2008). Assim, a análise para toda
questão mitológica, como também, este estudo da ritualística maçônica em questão, é, por derradeiro, o
estudo da psique humana.
Em várias sociedades e cultos primitivos, a prática religiosa consistia em vivenciar a Mitologia de forma
direta, pois o mito poderia influenciar o executor da prática religiosa de forma indireta no decorrer das
cerimônias, por intermédio do inconsciente. Assim o crescimento e a finalidade da Mitologia aconteciam
de forma particular em cada um, como uma semente que aos poucos iria germinando (JUNG, 2005).
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Entendimento similar ocorre na Maçonaria e é explicitado quando maçons dizem aos neófitos na
Palavra a Bem da Ordem que “hoje você entrou para a Maçonaria, mas precisa deixar que a
Maçonaria entre em você“. A tradição maçônica conserva esses costumes como forma de instrução aos
seus membros, sendo atualmente uma das poucas instituições em que o homem pode ter contato com
tais experiências (BLAVATSKY, 2009).
Autor: Rafhael Guimarães
Rafhael é Mestre Maçom, Membro da GLMEES e Maçom do Real Arco, filiado ao SGCMRAB.
Fonte: Revista Ciência e Maçonaria
Notas
[01] – O termo “Monomito” é de autoria de James Joyce, da obra “Finnegans Wake”
[02] – O conceito adotado nesta obra de símbolo é o da Psicologia Junguiana, que difere do conceito
semiótico de símbolo instituído por Ferdinand de Saussure, pai da linguística, bem como também difere
parcialmente de certas análises Psicanalíticas de Freud.
[03] – O termo “templo maçônico” é comumente usado nos ritos maçônicos de origem latina. Os de
origem anglo-saxônica costumam chamar o local de reuniões de “Sala da Loja”.
Bibliografia
BLAVATSKY, HELENA P. O ocultismo prática e as origens do ritual na Igreja e na Maçonaria. São
Paulo: Pensamento, 2009. CAMPBELL, Joseph. As máscaras de Deus, Mitologia Ocidental. São Paulo:
Palas Athena, 1994. CAMPBELL, Joseph. Herói de mil faces. São Paulo: Editora Pensamento, 2007.
CAMPBELL, Joseph. Isto és Tu. São Paulo: Landy Editora, 2002. CAMPBELL, Joseph. Mito e
Transformação. São Paulo: Ed. Ágora, 2008. DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social. São
Paulo: Martins Fontes, 2004. FREUD, Sigmund. A interpretação dos sonhos. Rio de Janeiro: Editora
Imago, 1972. HALL, Calvin S.; NORDBY, Vernon J. Introdução à Psicologia Junguiana. São Paulo:
Cultrix, 2010. ISMAIL, Kennyo. Desmistificando a Maçonaria. São Paulo: Universo dos Livros, 2012.
JUNG, Carl Gustav. Interpretação psicológica do Dogma da Trindade. Rio de Janeiro: Vozes,
2011. JUNG, Carl Gustav. O Homem e seus símbolos. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira,
2005. JUNG, Carl Gustav. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. Rio de Janeiro: Vozes, 2011. JUNG,
Carl Gustav. Psicologia do Inconsciente. Rio de Janeiro: Vozes, 1978. JUNG, Carl Gustav. Psicologia e
alquimia. Rio de Janeiro: Vozes, 2012. JUNG, Carl Gustav. Psicologia e religião. Rio de Janeiro: Vozes,
2011. JUNG, Carl Gustav. Símbolos e interpretação dos sonhos. Rio de Janeiro: Vozes, 2011. LEVI,
Eliphas. Dogma e Ritual da Alta Magia. 20ª Edição. São Paulo: Pensamento-Cultrix, 2012. MAXENCE,
Jean-Luc. Jung é a aurora da Maçonaria. São Paulo: Madras, 2010. MURPHY, Tim Wallace. O código
secreto das catedrais. São Paulo: Pensamento, 2007. ROBERTS, J. M.: Freemasonry: Possibilities of a
Neglected Topic. The English Historical Review, Vol. 84, No. 331, p. 323-335, 1969. STAVISH,
Mark. As origens ocultas da Maçonaria. São Paulo: Pensamento, 2011. VAN GUENNEP, Arnold. Os
Ritos de Passagem. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2011. ZELDIS, L., Illustrated by Symbols. New
York, NY: Philalethes, The Journal of Masonic Research & Letters, Vol. 64, No. 02, p. 72-73, 2011.
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Este Bloco é produzido pelo Ir. Pedro Juk,
às segundas, quartas e sextas-feiras
Loja Estrela de Morretes, 3159 - Morretes – PR
Cor do avental
Em 21/01/2016 o Respeitável Irmão Raimundo Nonato Rebouças, Loja Emídio Fagundes, REAA,
GOIERN (COMAB), Oriente de Natal, Estado do Rio Grande do Norte formula a seguinte questão:
raimundo1005@hotmail.com
Por que o GOB e as Grandes Lojas usam aventais azuis, uma vez que, o REAA tem a
cor vermelha como oficial? Fico no aguardo da sua ajuda a fim de dirimir as minhas dúvidas
sobre a confusão que reina em nossos rituais.
Considerações:
Mesmo depois de já ter sido esse um assunto exaustivamente abordado e provado à
luz da história e da razão que os aventais de Mestre no REAA são verdadeiramente
confeccionados em pele, ou material similar na cor branca e recobertos nas suas bordas e abeta
por uma fita vermelha (encarnada) com aproximadamente cinco centímetros de largura, tendo
ainda bordadas em vermelho sobre o avental as letras M e B, descrição essa oficializada desde
1.875 por ocasião do Congresso de Lausanne na Suíça, ainda no Brasil, mesmo na contramão
da história, o GOB e as Grandes Lojas Estaduais Brasileiras, insistem equivocadamente em
manter seus aventais de Mestre do REAA em azul no lugar do vermelho, agravando-se ainda
pela substituição das autênticas letras M e B por três rosetas azuis dispostas sobre o avental.
A cor vermelha (púrpura, encarnada, escarlate – cor do Cardeal) faz parte da
decoração do REAA graça às influências jacobitas dos Stuarts – reis católicos (ver revolução
puritana de Cromwell na Inglaterra a partir de 1.649 in origens do escocesismo) e
Não esqueça: envie sua pergunta identificada pelo nome completo, Loja, Oriente, Rito e Potên
6 – Perguntas & Respostas
Pedro Juk
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posteriormente com o aparecimento na França, já no século XIX, das hoje já extintas Lojas
Capitulares, cuja decoração das mesmas era sabidamente vermelha, assim como continua
sendo a cor Capitular dos Graus filosóficos que vivem sob a égide de um Supremo Conselho do
REAA.
Historicamente essa anomalia brasileira de azular os aventais de Mestre no
escocesismo, muito ao gosto dos que acham bonito o azul, já apareceria pontualmente em um
decreto do Grão Mestre do GOB no ano de 1.889, inclusive muito discutível como um decreto
inconstitucional, até porque a Constituição gobiana da época previa aventais de Mestre no
escocesismo orlados em escarlate.
Alguns autores ainda destacam que provavelmente esse decreto veio aparecer por
influência de Irmãos dos Ritos Moderno e Adonhiramita, Ritos esses praticados desde os
primórdios do GOB e que possuem sabidamente aventais orlados de azul.
Entretanto, o fato que viria sacramentar esse equívoco de aventais azuis no
simbolismo do REAA aqui no Brasil, foram os acontecimentos hauridos da grande cisão
determinada pelo Irmão Mário Marinho Béhring ocorrido no Grande Oriente do Brasil em 1.927
cujos acontecimentos resultaram na fundação do sistema das Sereníssimas Grandes Lojas
Estaduais brasileiras.
Sem se aprofundar nos detalhes históricos desse acontecimento, no que concerne a
cor do avental um fato seria o vetor principal que sacramentaria esse matiz azulado na insígnia
do Mestre.
Béhring, buscando reconhecimentos para a sua Obediência recém-criada, fez por
buscar os mesmos nas Grandes Lojas dos Estados Unidos da América do Norte que,
sabidamente praticam os três Graus do Craft Americano, sistema esse oriundo dos Antigos de
1.751 na Inglaterra, cujos Graus do Francomaçônico básico são denominados em solo Norte-
Americano como as Lojas Azuis e possuem aventais para os seus Mestres coincidentemente
também orlados em azul (cor haurida do Craft inglês).
Apenas para esclarecer: o título “Lojas Azuis”, embora pareça sugestivo, nada tem a
ver com a cor dada aos aventais do Rito Americano. Como título ele é apenas o nome dado ao
simbolismo na Maçonaria norte-americana - a Maçonaria Azul (não confundir cor distintiva de
um sistema simbólico com a cor constitutiva de um rito e nem especificamente a de um avental).
Disso tudo, Béhring na busca do reconhecimento mencionado que, diga-se de
passagem, fora conseguido, provavelmente para agradar os norte-americanos, acabou
adotando a mesma cor dos aventais das Lojas Azuis norte-americanas para os aventais
escoceses aqui no Brasil.
Assim, viria então aparecer de modo oficial nas Grandes Lojas Estaduais brasileiras,
mesmo que contramão da história, o matiz azulado para os aventais do Terceiro Grau do REAA.
No tocante aos aventais azuis e o escocesismo no GOB, com o completo
desaparecimento a partir de 1.951 das irregulares Lojas Capitulares (sistema misto simbólico-
filosófico) da Maçonaria brasileira e ainda por influência de muitos Irmãos oriundos das
Grandes Lojas Estaduais, paulatinamente o Grande Oriente do Brasil também viria adotar em
definitivo esse outro erro crasso (aproximadamente desde 1965), não sem antes ter ainda
inventado a aberração de um avental orlado por um debrum vermelho em torno do azul (a
emenda ficava assim maior do que o soneto) – felizmente esses aventais a posteriori vieram a
desaparecer.
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Entretanto o avental de Mestre do REAA acabou continuando a afrontar a verdadeira
tradição, permanecendo quase que consuetudinariamente todo orlado em azul tal como ele
continua até o presente no GOB, assim como nas Grandes Lojas estaduais brasileiras.
À bem da verdade, atualmente aqui no Brasil apenas as Lojas subordinadas à COMAB
é que mantém no REAA o verdadeiro e tradicional avental MB vermelho do Mestre Maçom.
Nesse bonde dos equívocos, além de outros, pegaria carona também a cor das
paredes internas do Templo simbólico do escocesismo, cuja cor autêntica é aquela escarlate
idêntica à dos aventais e não azuis como comumente é encontrada numa grande parcela de
Templos do REAA no Brasil.
Segue uma pequena transcrição que eu publiquei no livro de minha autoria
denominado Exegese Simbólica para o Aprendiz Maçom – Tomo I, relativa à cor dos aventais e
decoração escocesa onde mantive a grafia da época conforme o “Guia dos Maçons Escossezes
ou Reguladores dos Três Gráos Symbólicos do Rito Antigo e Aceito – Grande Oriente
Brazileiro” impresso em 1.834 na tipografia Seignot-Plancher, Rua do Ouvidor, 96, Rio de
Janeiro, página 46 – Decoração da Loja ou Templo:
“As paredes do templo, mezas, docel, etc., são forradas de encarnado1
no rito
escossez e de azul no rito moderno e adonhiramita; nestes dous últimos os
galões e franjas dos paramentos devem ser de prata ou de fazenda de côr branca
e no primeiro de ouro”.
Ainda no mesmo Guia, página 49 - Das insígnias e joias do Rito Escocês Antigo e Aceito:
“Gráo 3.º - Fita azul orlada de escarlate2
a tiracollo da esquerda para a direita,
suspensa em baixo a joia, que é um esquadro e um compasso de ouro
entrelaçados; a joia pode ser cravejada de pedras. Avental branco de pelle
forrado e orlado de escarlate com uma algibeira abaixo da abêta, sobre a qual
estão bordadas as letras MB”.
T.F.A.
PEDRO JUK –
jukirm@hotmail.com -
Mar/2016
1
Encarnado – cor de carne; vermelho. A cor vermelha.
2
Escarlate – de cor vermelha muito viva.
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(as letras em vermelho significam que a Loja completou
ou está completando aniversário)
GLSC -
http://www.mrglsc.org.br
Data Nome Oriente
08.08.1997 Fraternidade das Termas nr. 68 Palmitos
13.08.1986 Harmonia nr. 42 Itajaí
13.08.1993 Albert Mackey nr. 56 Tubarão
15.08.1946 Presidente Roosevelt nr. 2 Criciúma
16.08.1999 Caminhos da Verdade nr. 92 Gaspar
17.08.1999 Ambrósio Peters nr. 74 Florianópolis
18.08.2011 Fraternidade Itapema nr. 104 Itapema
20.08.1985 Eduardo Teixeira nr. 41 Camboriú
30.08.1978 Obreiros de Jaraguá do Sul nr. 23 Jaraguá do Sul
30.08.1991 Sentinela do Vale nr. 54 Braço do Norte
31.08.1982 Solidariedade nr. 28 Florianópolis
GOSC
https://www.gosc.org.br
Data Nome da Loja Oriente
02/08/1989 Fraternidade Imaruiense Imaruí
09/08/2003 Templários da Boa Ordem Jaguaruna
10/08/2002 Energia das Águas Gravatal
14/08/1985 Justiça E Liberdade Joinville
16/08/2005 José Abelardo Lunardelli São José
19/08/1995 Brusque Deutsche Loge Brusque
20/08/2011 Triângulo Talhadores da Pedra Itá
21/08/2002 Harmonia do Continente Florianópolis
26/08/2002 Templários da Arca Sagrada Blumenau
7 – Destaques (Resenha Final)
Lojas Aniversariantes de Santa Catarina
Mês de agosto
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GOB/SC –
http://www.gob-sc.org.br/gobsc
Data Loja Oriente
06.08.05 Arquitetos Da Paz - 3698 Blumenau
06.08.05 Delta Brasileiro - 3691 Florianópolis
10.08.10 Colunas De Jaraguá - 4081 Jaraguá do Sul
16.08.05 Novo Horizonte - 4185 Camboriú
07.08.99 União Do Sul - 3260 Criciúma
12.08.96 Perseverança E Fidelidade - 2968 Araranguá
18.08.07 Cavaleiros Do Contestado - 3878 Canoinhas
20.08.94 Vale Do Tijucas - 2817 Tijucas
20.08.94 Luz Do Sinai - 2845 Joinville
20.08.00 Estrela De Herval - 3334 Joaçaba
20.08.00 União Das Termas - 3335 Sto. Amaro da Imperatriz
20.08.04 Frat. Jaraguaense - 3620 Jaraguá do Sul
22.08.96 Campeche -2998 Florianópolis
26.08.02 União Navegantina - 3460 Navegantes
29.08.97 Horizonte De Luz - 3085 Xanxerê
Novidade
‘’O pintor sempre inicia sua criação numa tela branca. O professor apaga
as anotações deixadas na lousa para escrever uma nova aula. Da
mesma forma precisamos apagar da mente as situações e
comportamentos inúteis do passado. Se tudo não estiver completamente
limpo e claro, como assimilar novas tendências e virtudes? Verifique os
traços antigos que ainda permanecem na tela mental e transforme-os,
definitivamente. Então haverá novidade no novo século.’’
José Aparecido dos Santos
TIM: 044-9846-3552
E-mail: aparecido14@gmail.com
Visite nosso site: www.ourolux.com.br
"Tudo o que somos é o resultado dos nossos pensamentos".
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Jurisdicionada à Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo- GLESP
Rua Prof. Gieg, 69 – Vila Tupi – São Bernardo do campo –SP –cep 09760-090
ÀG D G A D U
São Bernardo do Campo, 8 de agosto de 2016
Ao Respeitável Irmão
JERONIMO BORGES
Com grande satisfação, temos a honra de convidá-lo a participar no
dia 29 de agosto de 2016, segunda feira, às 19:30 h, em nosso Templo, a Rua
Professor Gieg, nº 69 – Vila Tupi – São Bernardo do Campo-SP da
“Sessão Magna Branca de Palestra“ ( Sessão Pública ) pela passagem do Dia dos
Pais sobre o tema, “O PESO DA PALAVRA” que será apresentada pelo Ilustre e
respeitável irmão Newton Agrella Carvalho, graduado pela USP em filosofia, Letras e
Ciências Humanas e, além de outras atividades, é poliglota e maçom coordenador
regional do Grande Oriente de São Paulo-GOSP-GOB.
Após a homenagem, será oferecido um coquetel aos presentes.
Contamos com vossa presença, que trará um brilho especial ao evento.
Fraternalmente,
Fábio Olivier
Venerável Mestre
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Ir Marcelo Angelo de Macedo, 33∴
MI da Loja Razão e Lealdade nº 21
Or de Cuiabá/MT, GOEMT-COMAB-CMI
Tel: (65) 3052-6721 divulga diariamente no
JB News o Breviário Maçônico, Obra de autoria do saudoso IrRIZZARDO DA CAMINO,
cuja referência bibliográfica é: Camino, Rizzardo da, 1918-2007 - Breviário Maçônico /
Rizzardo da Camino, - 6. Ed. – São Paulo. Madras, 2014 - ISBN 978-85.370.0292-6)
BREVIÁRIO MAÇÔNICO
Para o dia 12 de agosto
MEMBRO DE UMA LOJA MAÇÔNICA
Ser Membro de uma Loja significa associar-se a ela e participar das suas atividades,
usufruindo direitos e cumprindo deveres. Certas correntes interpretam que, após a
Iniciação, o maçom já deve ser considerado membro da Loja em que foi Iniciado;
outras, que essa faculdade somente se adquire após a exaltação ao terceiro grau, ou
seja, o mestrado.
Membro ativo é o maçom que frequenta assiduamente a Loja e cumpre com as
obrigações estatutárias.
Membro correspondente significa o membro ou sócio que é desobrigado de
frequência e demais deveres estatutários; que, atingindo certa idade provecta, está
dispensado de cumprir com as obrigações rotineiras e goza de privilégios pelo
desempenho que teve durante anos de sua vida maçônica; é um título honorífico.
Membro honorário é a honraria que uma Loja maçônica faz a um maçom que não
pertence ao seu quadro mas que colaborou para o crescimento da Loja ou em
atividades genéricas da ordem.
Membro adormecido é o maçom que deixa de frequentar a Loja, licenciado ou
eliminado, com a chance de sempre poder retornar à frequência.
Toda associação conta a presença assídua de seus associados. É dever do maçom dar
assistência à sua associação sob pena de enfraquecê-la e até adormecê-la.
Breviário Maçônico / Rizzardo da Camino, - 6. Ed. – São Paulo. Madras, 2014, p. 243.
33. JB News – Informativo nr. 2.141 – Florianópolis (SC) – sexta-feira, 12 de agosto de 2016 Pág. 33/33
O Irmão Adilson Zotovici,
Em um dos vários poemas em homenagem aos pais
adilsonzotovici@gmail.com
DIA DOS PAIS
Nesse dia especial
Grato, oro um instante
“Rogando ao Pai Celestial”
Por alguém tão importante !
Perto, inda que distante,
Fiel companheiro antigo
Com farta luz radiante...
Eternamente comigo
Amizade fascinante
Indestrutível, perenal,
Que o Nosso Senhor deu aval !
“Força a esse gigante !
Livrai de qualquer perigo
Meu amado pai...meu amigo” !
Adilson Zotovici
ARLS Chequer Nassif-169
São Bernardo do Campo - GLESP