Diário de leitura: Missa do Galo de Machado de Assis
1. Diário de leitura:
Missa do galo –
Machado de Assis.
Matheus Lima da Silva
Graduando em Letras com língua
Inglesa, UNEB – Campus IV.
2. WHO AM I?
Matheus Lima da Silva,
graduando em: Letras -
Língua Inglesa e
Respectivas Literaturas,
na instituição de ensino:
Universidade Estadual da
Bahia - UNEB. Iniciação
como bolsista no projeto
de extensão Pibid -
Programa Institucional de
Bolsa de Iniciação à
Docência, em Abril de
2016.
5. About the narrator:
Logo durante o início da
leitura do conto, me
identifiquei muito com o
narrador. O fato dos verbos
estarem sempre empregados
em primeira pessoa do
singular, me fez “vestir a
carapuça” de tudo o que o
mesmo fazia.
O narrador me
lembrou também
Bentinho, outro
famoso
personagem de
Machado de Assis.
6. About the plot:
O roteiro é simples. Toda a história
é narrada em primeira pessoa, e
todo o desfecho acontece de uma
só vez, em uma única cena.
Houve novamente uma
hipertextualização da minha parte.
Durante toda a leitura, o livro DOM
CASMURRO vinha à minha
mente.
Como todo o conto é narrado
em primeira pessoa, durante
toda a leitura eu me
perguntava: “ok, mas onde
estão os outros pontos de
vista?”, já que apenas o
ponto de vista do narrador
era expresso de maneira
clara.
7. About the female character:
Eis que comecei a conhecer
Conceição. Quantas mulheres eu
reconheci nela? Conceição,
mulher submissa, vivia para o
marido, dependente do mesmo
para tudo.
Eis que Machado me retorna para
Dom Casmurro: Conceição, a
versão submissa de Capitu.
8. About the male character:
Quando eu lia sobre
Nogueira, o “protagonista”
da história, a primeira
impressão que eu tive era
que o mesmo era um
rapaz inocente. “Um
garoto do interior”.
O mesmo, durante
todo o enredo, se
sentia ora
assustado, ora
encantado com o
comportamento de
Conceição.
9. Bringing to the present day:
Impossível ler sobre
Conceição e não
contextualiza-la com Marcela
Temer. Conceição possui as
mesmas características que a
mesma: BELA, RECATADA E
DO LAR. Vivia apenas para o
marido, para a casa e para a
família. Não tinha voz própria.
11. ASSIS, Machado de. Missa do Galo.
O conto Missa do Galo, foi escrito por Machado de Assis, um renomado escritor
de nacionalidade brasileira, e por muitos escritores, considerado um dos mais
importantes nomes da literatura mundial. Sendo publicado pela primeira vez em
1893, e incluso no livro Páginas Recolhidas (uma coletânea que reunia vários
contos de autoria machadiana) em 1899, Missa do galo, assim como a maioria
das obras de Machado, nos apresenta o comportamento humano, na sua forma
mais real e natural.
12. Todo o conto é narrado em primeira pessoa, por um narrador personagem que
nos apresenta o fato anos após o mesmo ter acontecido. É um narrador maduro e
experiente que vai comentar sobre sua versão imatura, e consequentemente
inexperiente. Outro ponto a ser observado em todo o texto, é que apenas um
ponto de vista é apresentado ao leitor. Só com esses dados, já é possível que haja
uma hipertextualização com diversas outras obras de Machado, como por
exemplo, Dom Casmurro, que acaba trazendo as mesmas características entre os
narradores.
13. Nogueira era um jovem de dezessete anos, vindo de uma cidade pequena, que
estava hospedado na casa de um parente distante, que outrora fora casado com
uma prima sua, e que recentemente se encontrava casado com Conceição (uma
mulher de comportamento passivo, quieta, frágil e insegura, que vivia submissa
às vontades do marido). Relacionando esse contexto com os dias atuais,
Conceição seria certamente intitulada como uma mulher: bela, recatada e do lar.
Nada em Conceição era atenuado. Uma mulher sem cor, que se acostumara a
conviver e a aceitar os inúmeros deslizes do marido, inclusive o adultério.
14. Um vez por semana, Meneses deixava a sua casa, e ia de encontro a uma mulher,
com quem o mesmo mantinha relações extraconjugais. E é exatamente em uma
dessas noites que todo o ápice da história se desenvolve. É véspera de Natal, e
Nogueira se mantém acordado, lendo, aguardando dar o horário para que o
mesmo possa ir assistir a MISSA DO GALO. Eis que então surge Conceição:
uma visão literária, a qual parecia recém ter saído de uma das histórias que o
nosso narrador devorava. Nogueira, que nunca a havia visto tão bela como
naquela noite, se sentia aprisionado e enfeitiçado pelos encantos daquela nova
mulher.
15. Enquanto todo o restante da casa adormecia, uma conversa se iniciava entre os
dois personagens, e durante toda essa conversa, Conceição despertara em
Nogueira um sentimento, que outrora, nunca havia sido citado no conto. O
desfecho é totalmente ambíguo, quando tentamos identificar indícios de que
Conceição queria, ou não, seduzir o jovem rapaz. Quando fazemos uma primeira
leitura do conto, é claro observar que Conceição estava apenas sem sono, e para
se manter distraída, passa a noite conversando com o jovem. Em uma analise
mais profunda da obra, observamos que o texto nos traz indícios de que a
mesma, durante toda a madrugada usa de artifícios (linguagem corporal) para
chamar a atenção do “inocente” narrador.
16. No fim, nada acontece: não há uma ardente noite de paixão, não há beijos, troca
de carícias, nem de palavras amorosas. A única coisa que nos faz acreditar que
houve de fato algo de conotação sexual no conto, são as memórias e os
pensamentos do narrador-personagem (porém, nem o mesmo sabe dizer se isso
aconteceu de fato, ou não). Há aí uma hipertextualidade com uma outra história
de Machado de Assis: DOM CASMURRO. Ao terminar a leitura deste, o leitor
também se encontra confuso ao tentar compreender o que realmente aconteceu.
17. Há a dúvida, há a falta de indícios de provas. Porém, há uma única coisa que
realmente existe, tanto em Dom Casmurro, quanto em Missa do Galo: o
pensamento e as memórias do narrador. É sempre de demasiada importância
ressaltar que todos os fatos da história, são apresentados acerca de apenas um
ponto de vista. Conceição está para Capitu, da mesma maneira que Nogueira está
para Bentinho.
18. Um conto excelente, que recria o comportamento humano em sua mais natural
forma, da mesma maneira que Machado de Assis faz em suas tantas outras
histórias. O autor consegue tratar de temas que atravessam gerações, como por
exemplo o adultério e a submissão feminina, que até os dias atuais são
considerados tabus para a sociedade, de maneira irônica, porém, com uma leve
pitada de comédia e sarcasmo.