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Ao verme 
que 
primeiro roeu as frias 
carnes 
do meu cadáver 
dedico 
como saudosa 
lembrança 
estas 
Memórias póstumas 
- Brás Cubas
Algum tempo hesitei se deveria abrir estas 
memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é se, 
poria em primeiro lugar meu nascimento ou 
minha morte. 
Suposto o uso vulgar seja começar pelo 
nascimento, duas considerações me levaram 
a adotar diferentes métodos: a primeira é que 
eu não sou propriamente um autor defunto, 
mas um defunto autor. 
A segunda é que o autor ficaria assim mais 
galante, mais novo.
O fundador da minha família foi um certo 
Damião Cubas, que nasceu na primeira 
metade do século XVIII. 
Era tanoeiro de oficio, fez-se lavrador, plantou, 
colheu, permutou o seu produto por boas e 
honradas patacas. 
Morreu de penúria, mas deixou um grosso 
cabedal, a um filho, licenciado Luís Cubas. 
A partir daí começa a linhagem dos meus 
avós, dos avós que minha família sempre 
confessou. 
Daniel Cubas era afinal de contas um 
tanoeiro, ao passo que Luís Cubas estudou 
em Coimbra.
20 de outubro de 
1805, 
nasci.
Logo que nasci fui dado como herói da nossa 
casa. 
Meu tio João, o antigo oficial de infantaria, 
achava-me um certo olhar de Bonaparte. 
Meu tio Ildefonso, então simples padre 
farejava-me cônego. 
A vizinhança veio cumprimentar o recém-nascido, 
e que nas primeiras semanas foram 
muitas as visitas em nossa casa. 
Sem contar os mimos, os beijinhos, as 
admirações e as bênçãos. 
Meu batizado me referiam de tal respeito, sem 
contar que foi a maior festa dos anos 
seguintes 1806, batizei-me na igreja de São 
Domingos, uma terça- feira de março, sendo 
padrinhos o Coronel Rodrigues de Matos e 
sua Senhora.
Com 5 anos, merecia o apelido “menino 
diabo”, fui dos mais malignos do meu tempo, 
arguto,indiscreto, traquinas e voluntariosos. 
Por pirraça quebrei a cabeça da escrava, por 
me negar uma colher de doce de coco e 
ainda disse a mamãe que era ela que estava 
estragando os doces. 
Prudêncio, moleque de casa, era o meu 
cavalo de todos os dias, punha as mãos no 
chão, recebia um cordel nos queixos, á guisa 
de freio, eu trepava-lhe ao dorso, com uma 
varinha a mão, batia e dava mil voltas, e ele 
me obedecia sem responder nada, só as 
vezes com gemidos.
Tinha 17 anos, já era um rapaz bonito, quando 
me apaixonei por Marcela uma dama espanhola 
filha de hortelão das Astúrias. 
Após três dias Brás comentou com seu tio 
João que desejava ir a uma “ceia de moças” na 
casa de Marcela. 
Durante o evento só tinha olhos para a dama e 
ao final, antes de partir, se despediu lhe 
roubando um beijo. 
Brás levou trinta dias para conquista o coração 
de Marcela. 
O romance teve dois momentos: a fase 
“consular”, quando seu amor era dividido com o 
de Xavier; depois a fase “cesariana”, quando 
dominava completamente o coração da 
espanhola.
A passagem da primeira para a segunda 
etapa do relacionamento, porém, não foi 
barata: Brás Cubas precisou arrecadar 
dinheiro de seu pai, de sua mãe, e até sacar 
quantias do banco sem o consentimento 
paterno, tudo para bajular Marcela com joias 
e outros presentes. Marcela tinha diversos 
objetos que mantinha em sua casa eram 
presentes de antigos amantes, o que irritava 
Brás. 
Mas ela alegava que o amor que tinha por 
ele não precisava desses artifícios, ao 
mesmo tempo em que comentava algum 
colar que vira numa joalheria e lhe 
interessava…
O romance de Brás Cubas e Marcela durou 
“quinze meses e onze contos 
de réis”. 
A essa altura o pai do rapaz descobriu os 
saques indevidos de seu banco e decidiu 
mandá-lo para Portugal, estudar em Coimbra. 
Sabendo da ideia do pai foi atrás de Marcela, 
convidá-la para acompanhá-lo, mas negou. 
Cubas se revoltou e ao caminho parou na 
melhor loja e comprou um presente mais 
bonito e o mais caro da loja, voltou e o 
entregou a Marcela, que estava descansando. 
Rapidamente quando ela viu seus olhos 
brilharam, prometeu fazê-la glamorosa e 
acompanhá-lo para Portugal, que topou, mas 
não foi.
Brás, entrou no navio rumo a Europa. 
Estavam a bordo onze passageiros, entre eles 
um louco com sua mulher além do 
comandante e sua esposa, uma senhora tísica 
(com tuberculose pulmonar), prestes a falecer. 
No primeiro dia pensei em me matar, no 
segundo pensei em virar padre, no terceiro 
beber até cair e no quarto pensei escrever 
uma carta para Marcela , no quinto pensei na 
Europa e sexto nas noites sem dormir. 
Depois de alguns dias a mulher do 
comandante morre e é jogada ao mar.
Volta ao Brasil, quando sua mãe esta 
morrendo. 
Lá estavam seu pai, sua irmã, já casada com 
Cotrim, seu tio João e dona Eusébio, todos 
tristes. Quando encarou sua mãe, que não via 
há nove anos, pálida, seca, apenas pegou 
suas mãos, sem saber soltar uma palavra. 
No dia seguinte ela faleceu e pela primeira 
vez Brás Cubas sentia a morte 
verdadeiramente de perto, numa pessoa 
amada, carinhosa, cheia de bondade.
Seu pai estava planejando colocar Brás no 
cargo de deputado e estava planejando do 
seu filho se casar com Virgília. 
Virgília era uma moça atrevida com quinze ou 
dezesseis anos e voluntariosa. 
Porém aparece a figura de lobo neves que 
“rouba” Virgília de Brás Cubas. 
E seu pai fica indignado que isso tenha 
acontecido á um Cubas, e morre logo em 
seguida.
De vez em quando eu me lembro que Lobo 
Neves se casou com Virgília e foi para São 
Paulo, e me lembrava também que ele já era 
deputado, não que isso me afetava muito. 
Mas mesmo com o casamento, Brás Cubas 
continuava apaixonado por Virgília. 
Lobo Neves vai embora da cidade para 
trabalhar e leva Virgília junto.
Assim os anos se passaram até 1842,quando 
vi à distancia uma mulher esplendida, era ela, 
até então não sabia que ela tinha voltado de 
São Paulo. 
Só reconheci Virgília aos poucos passos, 
estava outra, a natureza e a arte a havia 
aperfeiçoado. 
Brás reencontra Virgília em uma festa . 
Passei a frequentar a casa de Vigília e Lobo 
Neves e logo me tornei amigo intimo, regada 
a olhadas e sorrisos nosso amor é como uma 
planta que cresce muito rápido.
Não me lembro quantos dias demorou para 
ela me olhar intensamente de paixão e um dia 
ela me beijou no portão, foi um beijo tremula e 
curto, mas ardente. 
Assim Brás Cubas e Virgília, para esconder a 
traição, que já estava sendo desconfiada por 
outros, mantêm um relacionamento ás 
escondidas, na casa da Dona Plácida, “ ex-funcionária” 
de Virgília.
Lobo Neves recebe um cargo de Ministro do 
Maranhão, e quer levar Brás Cubas como 
secretário, mas não aceita o cargo em função 
do número do decreto e do dia 13. 
O decreto é o número 13 do dia 13, isso me 
trás recordações fúnebres, meu pai morreu no 
dia 13 às 13horas, 13 dias depois de ir no 
jantar com 13 pessoas, minha mãe morreu no 
parto do décimo terceiro filho, numa casa do 
número 13 e esse filho morreu com 13 anos.
Virgília fica grávida de Brás Cubas, filho que 
ela perde antes do nascimento. 
Brás Cubas conhece Nhã-Loló. Filha de um 
amigo do seu falecido pai. 
Cubas recebe uma carta de Quincas Barba, 
que antes era um mendigo, mas agora rico 
graças a uma herança recebida. Ele cria uma 
nova filosofia: o Humanitismo. 
O tempo passa e no dia 31, Lobo Neves 
recebe novamente o cargo de ministro. 
Dessa vez ele aceita e vai junto de Virgília 
para o norte. 
Brás Cubas decide se casar com Nhã- Loló, 
porém ela morre antes que ele consiga fazê-lo. 
Virgília e Lobo Neves voltam. 
Brás Cubas já tinha 60 anos.
Brás Cubas decide virar deputado. 
Lobo Neves morre, deixando Virgília viúva. 
Virgília chorava com lagrimas de amor 
verdadeiro , que um dia ela teve por mim. 
Ela que tinha traído o marido com sinceridade 
e com sinceridade chorava por ele. 
Quincas Barba também morre, na casa de 
Brás Cubas.
Brás cubas fica doente, a ponto de morrer. 
Virgília vai visita-lo, no seu leito de morte. 
Brás analisa que teve uma vida de negativas: 
não alcançou celebridade, não foi ministro, 
não se casou… Pelo lado “bom” dessas 
negativas, nunca comprou seu pão com o 
suor de seu rosto, não enlouqueceu como 
Quincas, não morreu como Dona Plácida. 
Fazendo as contas, seria possível imaginar 
que o jogo terminou empatado. 
Só um saldo positivo : “Não tive filhos, não 
transmiti a nenhuma criatura o legado da 
nossa miséria”.
Machado de Assis

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Memórias póstumas: a vida e morte de Brás Cubas

  • 1.
  • 2. Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas Memórias póstumas - Brás Cubas
  • 3. Algum tempo hesitei se deveria abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é se, poria em primeiro lugar meu nascimento ou minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferentes métodos: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor. A segunda é que o autor ficaria assim mais galante, mais novo.
  • 4. O fundador da minha família foi um certo Damião Cubas, que nasceu na primeira metade do século XVIII. Era tanoeiro de oficio, fez-se lavrador, plantou, colheu, permutou o seu produto por boas e honradas patacas. Morreu de penúria, mas deixou um grosso cabedal, a um filho, licenciado Luís Cubas. A partir daí começa a linhagem dos meus avós, dos avós que minha família sempre confessou. Daniel Cubas era afinal de contas um tanoeiro, ao passo que Luís Cubas estudou em Coimbra.
  • 5. 20 de outubro de 1805, nasci.
  • 6. Logo que nasci fui dado como herói da nossa casa. Meu tio João, o antigo oficial de infantaria, achava-me um certo olhar de Bonaparte. Meu tio Ildefonso, então simples padre farejava-me cônego. A vizinhança veio cumprimentar o recém-nascido, e que nas primeiras semanas foram muitas as visitas em nossa casa. Sem contar os mimos, os beijinhos, as admirações e as bênçãos. Meu batizado me referiam de tal respeito, sem contar que foi a maior festa dos anos seguintes 1806, batizei-me na igreja de São Domingos, uma terça- feira de março, sendo padrinhos o Coronel Rodrigues de Matos e sua Senhora.
  • 7. Com 5 anos, merecia o apelido “menino diabo”, fui dos mais malignos do meu tempo, arguto,indiscreto, traquinas e voluntariosos. Por pirraça quebrei a cabeça da escrava, por me negar uma colher de doce de coco e ainda disse a mamãe que era ela que estava estragando os doces. Prudêncio, moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias, punha as mãos no chão, recebia um cordel nos queixos, á guisa de freio, eu trepava-lhe ao dorso, com uma varinha a mão, batia e dava mil voltas, e ele me obedecia sem responder nada, só as vezes com gemidos.
  • 8. Tinha 17 anos, já era um rapaz bonito, quando me apaixonei por Marcela uma dama espanhola filha de hortelão das Astúrias. Após três dias Brás comentou com seu tio João que desejava ir a uma “ceia de moças” na casa de Marcela. Durante o evento só tinha olhos para a dama e ao final, antes de partir, se despediu lhe roubando um beijo. Brás levou trinta dias para conquista o coração de Marcela. O romance teve dois momentos: a fase “consular”, quando seu amor era dividido com o de Xavier; depois a fase “cesariana”, quando dominava completamente o coração da espanhola.
  • 9. A passagem da primeira para a segunda etapa do relacionamento, porém, não foi barata: Brás Cubas precisou arrecadar dinheiro de seu pai, de sua mãe, e até sacar quantias do banco sem o consentimento paterno, tudo para bajular Marcela com joias e outros presentes. Marcela tinha diversos objetos que mantinha em sua casa eram presentes de antigos amantes, o que irritava Brás. Mas ela alegava que o amor que tinha por ele não precisava desses artifícios, ao mesmo tempo em que comentava algum colar que vira numa joalheria e lhe interessava…
  • 10. O romance de Brás Cubas e Marcela durou “quinze meses e onze contos de réis”. A essa altura o pai do rapaz descobriu os saques indevidos de seu banco e decidiu mandá-lo para Portugal, estudar em Coimbra. Sabendo da ideia do pai foi atrás de Marcela, convidá-la para acompanhá-lo, mas negou. Cubas se revoltou e ao caminho parou na melhor loja e comprou um presente mais bonito e o mais caro da loja, voltou e o entregou a Marcela, que estava descansando. Rapidamente quando ela viu seus olhos brilharam, prometeu fazê-la glamorosa e acompanhá-lo para Portugal, que topou, mas não foi.
  • 11. Brás, entrou no navio rumo a Europa. Estavam a bordo onze passageiros, entre eles um louco com sua mulher além do comandante e sua esposa, uma senhora tísica (com tuberculose pulmonar), prestes a falecer. No primeiro dia pensei em me matar, no segundo pensei em virar padre, no terceiro beber até cair e no quarto pensei escrever uma carta para Marcela , no quinto pensei na Europa e sexto nas noites sem dormir. Depois de alguns dias a mulher do comandante morre e é jogada ao mar.
  • 12. Volta ao Brasil, quando sua mãe esta morrendo. Lá estavam seu pai, sua irmã, já casada com Cotrim, seu tio João e dona Eusébio, todos tristes. Quando encarou sua mãe, que não via há nove anos, pálida, seca, apenas pegou suas mãos, sem saber soltar uma palavra. No dia seguinte ela faleceu e pela primeira vez Brás Cubas sentia a morte verdadeiramente de perto, numa pessoa amada, carinhosa, cheia de bondade.
  • 13. Seu pai estava planejando colocar Brás no cargo de deputado e estava planejando do seu filho se casar com Virgília. Virgília era uma moça atrevida com quinze ou dezesseis anos e voluntariosa. Porém aparece a figura de lobo neves que “rouba” Virgília de Brás Cubas. E seu pai fica indignado que isso tenha acontecido á um Cubas, e morre logo em seguida.
  • 14. De vez em quando eu me lembro que Lobo Neves se casou com Virgília e foi para São Paulo, e me lembrava também que ele já era deputado, não que isso me afetava muito. Mas mesmo com o casamento, Brás Cubas continuava apaixonado por Virgília. Lobo Neves vai embora da cidade para trabalhar e leva Virgília junto.
  • 15. Assim os anos se passaram até 1842,quando vi à distancia uma mulher esplendida, era ela, até então não sabia que ela tinha voltado de São Paulo. Só reconheci Virgília aos poucos passos, estava outra, a natureza e a arte a havia aperfeiçoado. Brás reencontra Virgília em uma festa . Passei a frequentar a casa de Vigília e Lobo Neves e logo me tornei amigo intimo, regada a olhadas e sorrisos nosso amor é como uma planta que cresce muito rápido.
  • 16. Não me lembro quantos dias demorou para ela me olhar intensamente de paixão e um dia ela me beijou no portão, foi um beijo tremula e curto, mas ardente. Assim Brás Cubas e Virgília, para esconder a traição, que já estava sendo desconfiada por outros, mantêm um relacionamento ás escondidas, na casa da Dona Plácida, “ ex-funcionária” de Virgília.
  • 17. Lobo Neves recebe um cargo de Ministro do Maranhão, e quer levar Brás Cubas como secretário, mas não aceita o cargo em função do número do decreto e do dia 13. O decreto é o número 13 do dia 13, isso me trás recordações fúnebres, meu pai morreu no dia 13 às 13horas, 13 dias depois de ir no jantar com 13 pessoas, minha mãe morreu no parto do décimo terceiro filho, numa casa do número 13 e esse filho morreu com 13 anos.
  • 18. Virgília fica grávida de Brás Cubas, filho que ela perde antes do nascimento. Brás Cubas conhece Nhã-Loló. Filha de um amigo do seu falecido pai. Cubas recebe uma carta de Quincas Barba, que antes era um mendigo, mas agora rico graças a uma herança recebida. Ele cria uma nova filosofia: o Humanitismo. O tempo passa e no dia 31, Lobo Neves recebe novamente o cargo de ministro. Dessa vez ele aceita e vai junto de Virgília para o norte. Brás Cubas decide se casar com Nhã- Loló, porém ela morre antes que ele consiga fazê-lo. Virgília e Lobo Neves voltam. Brás Cubas já tinha 60 anos.
  • 19. Brás Cubas decide virar deputado. Lobo Neves morre, deixando Virgília viúva. Virgília chorava com lagrimas de amor verdadeiro , que um dia ela teve por mim. Ela que tinha traído o marido com sinceridade e com sinceridade chorava por ele. Quincas Barba também morre, na casa de Brás Cubas.
  • 20. Brás cubas fica doente, a ponto de morrer. Virgília vai visita-lo, no seu leito de morte. Brás analisa que teve uma vida de negativas: não alcançou celebridade, não foi ministro, não se casou… Pelo lado “bom” dessas negativas, nunca comprou seu pão com o suor de seu rosto, não enlouqueceu como Quincas, não morreu como Dona Plácida. Fazendo as contas, seria possível imaginar que o jogo terminou empatado. Só um saldo positivo : “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria”.