O documento discute a inclusão de alunos com Síndrome de Down no ensino regular, fornecendo dicas para professores e descrevendo o papel do Atendimento Educacional Especializado. O documento enfatiza a importância de estratégias diferenciadas, estímulo e reforço positivo para promover o aprendizado destes alunos.
1. SÍNDROME DE DOWNSÍNDROME DE DOWN
Ms. Marília Piazzi Seno
Fonoaudióloga da Secretaria Municipal da Educação de Marília
Especialista em Psicopedagogia e Fonoaudiologia Educacional
Mestre em Fonoaudiologia na área de Distúrbios da Comunicação
3. SÍNDROME DE DOWN
A inclusão no ensino regular
Com a extinção das salas especiais, a alteração dos objetivos das APAEs
e a inclusão prevista em lei, os alunos com síndrome de Down, assim
como aqueles que apresentam os mais diversos diagnóstico estão, aos
poucos, sendo matriculados nas salas de aula regulares de todo o país.
Com a prática muito distante da teoria, a atuação dos professores torna-
se limitada.
O número elevado de alunos em sala, ausência de estagiários, a
inexistência de cursos de capacitação, falta de material adequado ao
trabalho, acabam tornando a situação cansativa e desmotivadora para o
educador.
4. SÍNDROME DE DOWN
Com relação `a síndrome de Down, que é nosso tema em questão,
sabemos que o déficit intelectual está sempre presente nesta população.
Segundo a legislação que regulamenta a criação das salas
multifuncionais, o público alvo do atendimento educacional
especializado são alunos com:
- Deficiência
- Transtorno global do desenvolvimento – TGD
- Altas habilidades/superdotação
6. Cabe ao professor de AEE:
- programar, acompanhar e avaliar a funcionalidade e a aplicabilidade dos
recursos pedagógicos e de acessibilidade na sala de aula comum e
demais ambiente da escola;
- produzir materiais didáticos e pedagógicos acessíveis para o estudante
a partir dos objetivos e atividades propostas pelo professor de sala de
aula;
- estabelecer articulação com os professores da sala de aula regular;
além de orientá-los sobre os recursos pedagógicos utilizados para
promover a autonomia e participação do estudante.
(Nota Técnica 11/2010 – MEC)
7. Atendimento Educacional Especializado - AEE
À partir do momento em que os ajustes não estejam
sendo realizados para oferecer ao indivíduo deficiente
todas as possibilidades para o seu progresso, da mesma
maneira que acontece com os demais, não podemos
dizer que está havendo inclusão (SENO, 2009).
Aceitar e considerar as limitações não significa
discriminar o aluno, mas sim, ter consciência que
estratégias diferentes são necessárias para oportunizar
seu aprendizado.
8. Uma educação inclusiva mobiliza todas as esferas promotoras do
sucesso escolar:
- ambiente rico em respeito às diferenças
- valorização da amizade e solidariedade, disciplina e exercício dos
direitos e deveres
- proposta pedagógica com planejamento coletivo das atividades,
estratégias e recursos, visando a aprendizagem
- processo de avaliação capaz de sinalizar os traços de superdotação e
outras deficiências
- formação continuada do seu corpo docente para trabalhar e atender a
diversidade.
9. Atendimento Educacional Especializado - AEE
Para a ação educativa se concretizar, a escola precisa:
• Ter uma proposta pedagógica que contemple planejamento didático-
metodológico;
• Ter recursos para investir na formação do aluno com deficiência, da
alfabetização ao final da educação básica.
• Implementar ações de parceria com os serviços de AEE e com a
comunidade para que possa estender o ambiente educacional para
além de suas fronteiras.
10. Atendimento Educacional Especializado - AEE
Objetivo Geral do AEE
Complementar ou suplementar a formação do aluno por
meio da disponibilização de serviços, recursos de
acessibilidade e estratégias que eliminem as barreiras
para sua plena participação na sociedade e
desenvolvimento de sua aprendizagem.
11. Atendimento Educacional Especializado - AEE
Objetivos específicos do AEE
I Promover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino
regular aos alunos referidos no artigo 1º;
II Garantir a transversalidade das ações da educação especial no ensino
regular;
III Fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que
eliminem as barreiras do processo de ensino e aprendizagem;
IV Assegurar condições pra a continuidade de estudos nos demais níveis
de ensino.
12. Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais
O programa apoia os sistemas de ensino na implantação de salas de
recursos multifuncionais, com materiais pedagógicos e de
acessibilidade, para a realização do atendimento educacional
especializado, complementar ou suplementar à escolarização.
Objetivo: atender alunos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, matriculados nas
classes comuns do ensino regular.
Destinado às escolas das redes estaduais e municipais, nas quais os
alunos estejam registrados no Censo Escolar MEC/INEP.
13. Atendimento Educacional Especializado - AEE
A Secretaria de Educação Especial oferece: equipamentos, mobiliários,
materiais didático-pedagógicos e de acessibilidade de acordo com as
demandas apresentadas pelas secretarias municipais de educação.
SENSO ESCOLAR
Em 2010, estavam em classes comuns 375.772 estudantes com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades
ou superdotação.
.
14. Atendimento Educacional Especializado - AEE
As escolas são obrigadas a oferecer vagas
para alunos com deficiência?
Sim. Qualquer escola, pública ou particular, que negar matrícula a um
aluno com deficiência, comete crime punível com reclusão de 1 (um) a 4
(quatro) anos (art. 8º da Lei 7.853/89).
15. Dicas para o professor
O aprendizado na criança com SD, ocorre de forma mais lenta quando
comparado aos colegas de sala de aula da mesma faixa etária.
A motivação é um importante aliado para seu desenvolvimento.
Estimule sua participação, mostre que ele é capaz. Faça perguntas
que ele saiba responder para que não se sinta inferior.
Experenciar o que aprendeu em diferentes contextos facilita a
assimilação do conteúdo. Ex.: se explicou sobre o sol, leve a turma
para o pátio e use o concreto; se ensinar uma receita, leve os
ingrediente e, quando possível, prepare-a com sua ajuda.
Abuse de pistas táteis, visuais e auditivas. Utilize sucata, mapas,
músicas e outras estratégias.
16. O tempo de concentração e atenção sustentada é mais curto, procure
passar o conteúdo nos primeiros minutos da aula e deixe para retomar
a tarefa ou para fazer atividades mais lúdicas posteriormente.
Assim como acontece em outras condições como no autismo, por
exemplo, a criança com síndrome de Down pode não demonstrar
interesse nenhum por algumas atividades, por isso deve ser motivado
com alegria e com uso de objetos chamativos e variados, para que a
atividade desperte sua atenção.
Tem dificuldade para solucionar problemas, necessitará de um apoio
maior do professor ou auxiliar de sala.
Fga. Marília Piazzi Seno CRFa 9535-Fga. Marília Piazzi Seno CRFa 9535-
SPSP
17. Não devemos fazer as atividades propostas por ele, mas auxiliá-lo de
forma que aprenda a desenvolvê-la com autonomia, respeitando o seu
tempo e suas limitações.
Pelo comprometimento intelectual, muitas vezes ñao se lembra do que
já foi aprendido e o conteúdo poderá ter que ser repetido várias vezes.
Precisa ser ensinado a como realizar as atividades de vida diária,
assim como aprender a rotina da escola e das atividades.
Cuidado para não nos anteciparmos e respondermos em seu lugar.
Dê-lhe o tempo e o espaço que necessita.
18. A fixação dos pré requisitos anteriormente ao desenvolvimento da
atividade principal é fundamental. Precisamos nos assegurar que o
aluno aprendeu uma etapa antes de passarmos para a próxima. Desta
forma a possibilidade de sucesso aumenta.
É preciso estimulá-lo para que tenha iniciativas próprias e para que
participe das aulas, não as deixando tornarem-se monótonas.
Os atendimentos complementares são indispensáveis. Tanto os
clínicos como os educacionais (sala multifuncional, reforço).
Seu desempenho deve ser comparado com ele próprio. Estará se
desenvolvendo se apresentar progressos com relação ao bimestre
anterior.
19. Reforço positivo é muito importante para o indivíduo com SD, que
passa a demonstrar maior interesse pelas atividades propostas se
empenhando mais em desenvolvê-las.
As atividades devem ser propostas uma de cada vez. Explicadas
minuciosamente garantindo que o aluno as tenha compreendido. O
grau de dificuldade deve respeitar a dificuldade do aluno, atentando-se
para que ele consiga realizar pelo menos parte da tarefa sem ajuda.
A participação da família é fundamental para o progresso do aluno. As
tarefas precisarão ser acompanhadas, mas não resolvidas por outra
pessoa.
Os estímulos também precisam existir for a do ambiente escolar.
20. Nem sempre a professora vai dispor de uma auxiliar em classe para
apoiar este aluno. Coloque-o sempre na primeira carteira. Essa atitude
facilitará tanto a concentração da criança como sua atenção para com
o que ele está fazendo.
Nos momentos em que for explicar algum tópico, fique sempre
próxima a ele. Isso não fará diferença para os demais alunos, mas
auxiliará em sua compreensão da tarefa.
Coloque um colega para sentar-se ao lado do aluno. Ele poderá ajudá-
lo em algumas questões.
21. Caso não tenha o acompanhamento de especialistas, converse com
os pais sobre a necessidade e a importância de buscá-los
Se já for atendido por outros profissionais, busque informações sobre
o caso, discuta, troquem experiência e informações. Esta parceria é
fundamental.
Lembre-se que nenhum aluno é igual ao outro. Essas orientações
foram gerais, mas cada caso deve ser analisado individualmente
considerando os comprometimentos e, principalmente, as habilidades
da criança.
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