Conferência de imprensa de apresentação da missão jubilar
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2. Igreja de Aveiro em Missão Jubilar
Conferência de Imprensa
Caríssimos Jornalistas e Profissionais da Comunicação Social
1.Uma saudação e uma evocação histórica
Saúdo-vos com alegria e gratidão porque a vossa presença permite-me agradecer-vos o bem que
realizais na vossa vida, na vossa profissão e no vosso trabalho.
Convidei-vos para esta conferência de imprensa para vos anunciar e, através de vós, levar a quem
vos ouve e a quem vos lê a boa notícia da realização da Missão Jubilar da Diocese de Aveiro. Quero
partilhar convosco a alegria desta hora.
A Diocese de Aveiro foi criada, em 11 de Abril de 1774, pelo Papa Clemente XIV que lhe deu como
primeiro bispo D. António Freire Gameiro de Sousa. A Diocese era, assim, criada e constituída por
paróquias desmembradas das Dioceses do Porto e de Coimbra. Pouco mais de cem anos depois,
em 1884, foi extinta pelo Papa Leão XIII.
Foi restaurada no século seguinte, após um persistente trabalho de muitos aveirenses, pelo Papa
Pio XI, com uma nova configuração geográfica, integrando concelhos provenientes das dioceses
do Porto, Coimbra e Viseu. A Diocese foi restaurada por Bula de 24 de Agosto de 1938, executada a
11 de Dezembro do mesmo ano. Foi nosso primeiro bispo, após a restauração, D. João Evangelista
de Lima Vidal, um aveirense, aqui nascido, que depois de ser bispo de Angola, bispo auxiliar de
Lisboa, bispo de Vila Real e Superior dos Missionários da Boa Nova aqui regressou como bispo da
diocese agora restaurada.
No limiar da celebração destes setenta e cinco anos de vida como diocese queremos viver em
missão este Jubileu.
2.Um jubileu é tempo de alegria, de bênção e de missão
Decidi convocar, no próximo domingo, nas Eucaristias celebradas em todas as paróquias da
Diocese, a Igreja de Aveiro com as palavras que escolhemos para lema da Missão Jubilar e que
faremos bela notícia de Deus e bom anúncio dirigido a todos: «Vive esta hora».
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3. Encontrei no testemunho de vida e de missão de Jesus manifestado aos seus contemporâneos na
sinagoga de Nazaré, a sua terra de família, as palavras e os sentimentos que me inspiraram a
convocar uma Missão Jubilar, na celebração dos setenta e cinco anos da restauração da nossa
Diocese. “O espírito do Senhor está sobre Mim, porque me ungiu para anunciar a Boa Nova e …me
enviou a proclamar um ano de graça da parte do Senhor” (cf Luc 4, 18-20)
A mensagem que destas palavras se desprendem, encontro-a retomada, com novo vigor e
renovado encanto, na boa nova do sermão da montanha, em que Jesus, rodeado de grande
multidão, de olhar voltado para os discípulos e frente às margens do mar da Galileia, proclama as
bem-aventuranças do Reino.
Importa fazer das bem-aventuranças um caminho de discípulos, um programa de vida, um
conteúdo de sabedoria inesgotável e um ideal que fascine e que contagie o mundo de hoje, dando
à sociedade este suplemento de alma e este alento de esperança que tantas vezes lhe falta.
A sociedade contemporânea precisa de pessoas livres e felizes. Precisa de servidores dos pobres,
de obreiros da paz, de construtores da justiça, de corações compassivos e de olhos purificados
para ver Deus.
Hoje, quero, desta forma e neste lugar emblemático para a nossa Terra, que é o Navio Santo André,
anunciar de forma oficial e pública a Missão Jubilar.
A Missão Jubilar que vamos realizar quer ser a verdadeira alma inspiradora deste nosso «ser
Igreja», vivendo o nosso «ser em Cristo» e empenhando todas as pessoas na construção de um
mundo melhor. O tempo não espera. Esta é a hora da missão que queremos viver com alegria e
entusiasmo.
A Missão Jubilar é um momento de chegada, num tempo histórico concreto, a dizer-nos que o
vigor do tempo, o dinamismo da vida e o encanto da fé não se diluem com os anos, que
aparentemente tudo envelhecem e desgastam.
Sabemos como se foram definindo e multiplicando, nestes setenta e cinco anos, as comunidades
cristãs, com o crescimento das paróquias, em número e em população, com a vinda de várias
comunidades religiosas e com o surgimento de diversificadas instituições sociais, culturais e
educativas. Conhecemos igualmente tantos dinamismos pastorais que foram surgindo ao longo
do tempo, inspirados na ousadia profética de quem vê antecipar-se o futuro e quer caminhar ao
ritmo do Espírito que diariamente conduz a Igreja.
O tempo vivido e a hora celebrada agora dizem-nos da maturidade da fé de tantas pessoas
habitadas por este sonho de Deus, que dia a dia crescem na fidelidade e se sentem disponíveis
para a missão, como discípulos de Jesus, o Mestre.
3. Abrir-se ao mundo com ânimo evangelizador
Somos uma Diocese que se afirma na história viva da cidade e dos seus dez arciprestados.
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4. Trazemos connosco a memória agradecida da primeira Diocese de Aveiro. Guardamos na firmeza
sólida da fé quanto de bem recebemos das Dioceses do Porto, de Coimbra e de Viseu, donde
nascemos como Diocese.
Nestas sete décadas, a Igreja viveu a mais salutar experiência renovadora dos últimos tempos, que
foi a realização do Concílio, iniciado precisamente há cinquenta anos, e a nossa Diocese realizou
dois importantes Sínodos. Um e outros balizam o caminho de renovação que queremos
prosseguir e desafiam-nos a abrir as portas da fé para viver o Ano da Fé e celebrar o
cinquentenário do início do Concílio, como nos convida o Santo Padre Bento XVI.
Percorremos um caminho mais recente no horizonte da Missão Jubilar, em quatro anos de
programação pastoral marcados pela esperança cristã e num acrescido esforço mais próximo que
a todos envolveu nesta caminhada para a Missão Jubilar.
Queremos que, nestes tempos difíceis que vivemos, o mundo possa olhar a Igreja, cada vez mais,
como verdadeiro lugar de esperança, verdadeiro porto de abrigo, âncora firme e farol necessário.
Este é, por isso, o tempo para acolhermos com um novo alento e com um novo agir o mandato de
Jesus entregue aos seus discípulos depois da Páscoa e fazermos deste mandato pascal um
imperativo pastoral: “Ide e fazei discípulos de todos os povos” (Mat 28, 19).
Somos discípulos de Jesus Cristo e enviados em seu nome.
O desafio da evangelização é o horizonte sempre presente na missão da Igreja.
As iniciativas da Missão Jubilar estão marcadas pelo desejo de provocar um «choque operativo» e
visam envolver plenamente a realidade de que fazemos parte: a pessoa, a família, a paróquia e
todas as instituições diocesanas; situam-se em casa, na rua, nos templos, nos espaços públicos;
revestem um apreciável estilo de comunicação; transmitem uma confiança alegre, uma certeza
sólida, própria de quem sabe firmar os seus passos e quer afirmar a fé.
Pretendemos impregnar de alegria e de fé tudo quanto se faça e envolver todos os cristãos, dando
ao mundo uma imagem da beleza, felicidade e liberdade da Igreja. Estas dimensões da nossa
acção constituem o horizonte em que nos movemos e dão realismo à missão em que estamos
empenhados.
Numa Igreja em estado de missão, não há agentes e destinatários simetricamente definidos.
Todos são destinatários e agentes da missão.
4.Ser rosto da esperança, caminho de futuro para a vida da Diocese
A meta da Missão Jubilar é bem expressiva e interpelante: Ser Igreja, rosto da esperança, vivendo
em permanente abertura solidária ao mundo, crescendo na alegria da fidelidade a Jesus Cristo,
organizando-se e renovando-se nas suas estruturas para melhor servir e intervir no meio humano
e social em que vive.
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5. A Igreja de Aveiro quer ser rosto da esperança no estilo de vida dos seus membros, no dinamismo
das suas comunidades e movimentos apostólicos e na organização funcional das suas instituições,
enquanto realidade sacramental de Jesus Cristo, situada no contexto da vida, da história e do agir
humano e social.
A esperança faz-se urgência e profecia diante de tantos e tão grandes desafios a exigir outras
tantas respostas clarividentes e corajosas.
Estamos em sintonia com a Igreja portuguesa respondendo ao apelo da Conferência Episcopal, na
recente Carta Pastoral “Para um rosto missionário da Igreja em Portugal” e com as novas
perspectivas resultantes do trabalho conjunto de todas as dioceses “Repensar juntos a pastoral
em Portugal”.
Uma Igreja que é rosto de esperança tem de abrir caminhos de esperança
e de renovação para o futuro que desde já se desenha, se sonha e se antevê.
Acreditamos nesta Igreja sonhada no coração de Deus Pai, centrada no mistério pascal de Jesus
Cristo e animada pela força do Espírito Santo.
Queremos uma Igreja feliz na sua identidade e feliz na sua missão, de coração livre, aberto e
voltado para o mundo; capaz de ver, ouvir e agir com o coração para amar as pessoas como Jesus
amou e servir como Jesus serviu.
Tudo faremos para ser uma Igreja unida, a viver e a fortalecer a comunhão, onde todos têm lugar e
voz para que possamos acolher o dom da fé, celebrar a alegria da vida e testemunhar a beleza do
amor de Deus.
Uma Igreja que é casa de Deus, mesa da Palavra e da Eucaristia, onde se alimentam a nossa fé,
esperança e caridade, onde procuramos e encontramos as razões de viver, de acreditar, de esperar
e de servir; lugar onde o Homem é pessoa e vê a sua dignidade realizada.
Uma Igreja que dê cada vez mais valor às vocações para a vida presbiteral e a outras formas de
consagração e abra horizontes novos à diversidade de ministérios e à corresponsabilidade eclesial
de todos os baptizados.
Uma Igreja leve nas estruturas e eficaz na acção.
5. Todos necessários, todos envolvidos
Este bom e belo caminho Missão Jubilar destina-se a todos e conta com todos.
A Missão Jubilar vai ser uma necessária escola de comunhão onde se cultivam disposições para
acolher dons e desenvolver atitudes que dêem frutos abundantes do esforço constante e
generoso de todos, rentabilizando o trabalho e o testemunho de cada um e optimizando o bem e o
exemplo de cada comunidade.
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6. Confiei, desde o início, ao Vigário Episcopal da Pastoral Geral, Padre Francisco José Rodrigues de
Melo, a responsabilidade de coordenar a preparação, a programação e a realização da Missão
Jubilar e constituí, sob a sua orientação, uma Comissão Coordenadora da Missão Jubilar.
Sei da importância da comunicação no contexto da cultura e do mundo de hoje e estou consciente
de quanto e como a comunicação gera a comunhão. Por isso, constituí nesta oportunidade o
Gabinete de Imagem e Comunicação da Diocese de Aveiro (GICDA) que adscrevi à Missão Jubilar,
de forma a optimizar a comunicação diocesana e tornar mais efectiva a comunhão e a missão.
Queremos ter em todos vós, caros jornalistas profissionais da comunicação social, as pessoas e os
meios necessários para levarmos a todos a mensagem jubilar e o testemunho da vida da Igreja de
Aveiro, em tempo de Missão Jubilar. Sabemos que por vós e pelos órgãos de informação onde
trabalhais passam os novos modos de diálogo e de abertura ao mundo e se percorrem os
necessários caminhos de evangelização.
6.Amar a Deus é servir
Espero que da Missão Jubilar surjam frutos abundantes de novas vocações. Também aqui, tem
aumentado sentido o convite: «Vive esta Hora». Sinto que esta é já uma hora de confirmada
esperança.
A Casa Sacerdotal foi um sonho acalentado desde o início e agora já em fase de concretização.
Neste belo «santuário de gratidão» aos sacerdotes, que dia a dia se eleva, e que vai ser inaugurado
em tempo da Missão Jubilar, veremos sempre um sinal de Deus em vidas dadas à Igreja e
sentiremos palpitar no nosso coração um convite a vivermos em permanência o desafio da
missão.
Não esqueço aqueles que nesta hora difícil de crise económica e de precariedade de trabalho
sentem mais provações e vivem a braços com situações de pobreza. Queremos caminhar com
todos em Missão, que aqui se faz experiência de partilha e vivência mais sentida de fraternidade.
Aqui se cumpre o lema da nossa Diocese: - Amar a Deus é servir.
Somos «Barco» que se faz ao largo, sem medo e de amarras soltas. Somos «âncora» de horas
firmes e «farol» de esperança para navegar em alto mar. Somos «luz» e «sal», à boa maneira do
Evangelho de Jesus e utilizando a linguagem tão própria das nossas gentes.
Somos peregrinos e caminhantes em busca de Deus e mensageiros das bem-aventuranças nas
terras de Aveiro.
Aveiro, 14 de Junho de 2012
António Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro
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