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Sexualidade e aumento do VIH em adultos mais velhos:
A literacia no caminho de uma melhor prevenção.
Autora: Vaz de Almeida, Cristina*
Os casos de VIH em Portugal em populações acima dos 55
anos têm aumentado nos últimos anos.
Entre 1985 e 2012 foram registados 3767 casos de VIH em
Portugal, dos quais 1066 mulheres e 2701 homens nestas
faixas etárias. As relações heterossexuais estão entre as
causas mais evidentes deste acréscimo, mas não responsáveis
por todos os resultados.
Segundo o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge divulga no relatório
anual referente à Infeção VIH/SIDA, elaborado pela Unidade de Referência e
Vigilância Epidemiológica do Departamento de Doenças Infeciosas, em colaboração
com o Programa Nacional da Infeção VIH/SIDA da Direção-Geral da Saúde, «Em
2014 foram diagnosticados 920 novos casos de infeção por VIH em Portugal e, no
final do ano, encontravam-se diagnosticados, cumulativamente, 52.694 casos de
infeção por VIH, dos quais 20.856 em estadio de SIDA.
Ainda segundo este relatório, «As tendências recentes revelam um decréscimo
acentuado dos casos de infeção associados a consumo de drogas, aumento dos
diagnósticos em jovens do sexo masculino que têm sexo com homens e uma elevada
percentagem de diagnósticos tardios, particularmente em heterossexuais de meia-
idade».
A prevenção da doença e a promoção da saúde também estão na base de um maior
controlo e contenção destes números.
As consequências de uma baixa literacia resultam num menor compromisso na
protecção e num aumento dos fatores do risco.
O desconhecimento por parte desta população dos fatores de risco, a falta de
acessos ao sistema de saúde para avaliação e aconselhamento nestas questões, as
campanhas de educação e informação ainda não totalmente direccionadas a estes
2
públicos mais velhos, a resistência à mudança (uso de preservativo) e a
acessibilidade a uma actividade sexual mais frequente através de medicamentos
específicos (tipo Viagra) poderão estar entre os fatores que propiciam o
incremento dos números de pessoas infetadas pelo VIH.
O aumento da literacia em saúde destas populações mais velhas que desejam
manter a sua atividade sexual por muitos e longos anos, vem permitir capacitar
estes indivíduos ou os seus influentes, para comportamentos de vida mais
saudáveis, maior compromisso com os fatores de protecção e menores
comportamentos de risco. Uma vida sexual mais satisfatória, mais longa, com mais
capacidade para aceder, usar e compreender as decisões em saúde.
Literacia em Saúde e comportamentos
A literacia em saúde permite aos indivíduos
aceder, compreender e tomar decisões para
uma maior prevenção da doença e promoção
da saúde. É essa capacidade para tomar
decisões em saúde fundamentadas, no
decurso da vida do dia-a-dia – em casa, na
comunidade, no local de trabalho, no
mercado, na utilização do sistema de saúde e no contexto político e possibilita o
aumento do controlo das pessoas sobre a sua saúde, a sua capacidade para
procurar informação e para assumir responsabilidades, como cidadão, pleno de
direitos e responsável também pela sua saúde (Constituição da Republica
Portuguesa, artº 12 e PNS 2016.
A Organização Mundial da Saúde define Literacia
em Saúde como o conjunto de “competências
cognitivas e sociais e a capacidade dos indivíduos
para acederem, compreenderem e a usarem
informação de forma que promovam e mantenham boa saúde (WHO, 1998) .
Conforme sublinhado por Ana Paula Garcia na defesa da sua tese: «A inexistência de
um tratamento ou de uma vacina para o HIV/SIDA faz com que a alteração de
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comportamentos de risco seja ainda o único meio disponível e universal de prevenir a
doença, independentemente da faixa etária considerada». Face a esta evidência, a
necessária alteração de comportamentos de risco tem de ser apoiada com meios
que sejam acessíveis, compreensíveis e fáceis de assimilar pelos públicos-alvo,
destinatários esses que irão necessitar de um grau suficiente de motivação,
informação e conhecimento para adotarem os comportamentos saudáveis que lhes
permitam vidas sexuais ativas com riscos reduzidos ou inexistentes para a saúde.
Autoeficácia e importância dada ao tema
Se combinarmos a relação entre a auto eficácia,
entendida como a capacidade consciente de tomar
uma decisão e ter uma ação conducente a proteção
de risco e, por outro, á importância atribuída a
essa temática, verificamos que nem sempre existe
equilíbrio entre estes dois fatores. Pode haver
autoeficácia para o individuo saber e usar um
preservativo e esse mesmo individuo ou quem o
possa influenciar, não dar importância ao tema,
podendo cair em comportamentos de risco e de falta de proteção.
Assim também poderá acontecer o inverso. Uma pessoa pode efetivamente dar
importância ao tema, como por exemplo, ter consciência e dar relevância à sua
saúde sexual, como prolongamento de uma vida em felicidade e com segurança,
saber que é importante ter proteção e comportamentos que controlem o risco, mas
depois não ter a autoeficácia para implementar esses comportamentos de
proteção: desconhecimento do tema, falta de acesso, falta de compreensão sobre a
ação, gratificação instantânea do momento sexual.
Consideramos também, como alguns autores referem que, quanto maior for a
perceção da autoeficácia, maior é o comportamento de proteção, e quanto
mais importância o individuo dá ao tema, mais alertas e mais potencial de
comportamentos de proteção assumirá.
4
Face a um enquadramento complexo em que o individuo se desenvolve, temos de
atribuir um peso significativo aos contextos onde ele se move e que influenciam
decisivamente o comportamento individual e do grupo.
Concordamos com a importância dos efeitos de toda a envolvência social,
económica, cultural, ambiental, onde os determinantes sociais da saúde vêm
reforçar a sua influência nos diferentes níveis de mudança de comportamento
individual. Os contextos em que o individuo se move são, por si fortes
determinantes, e mais responsáveis do que a atitude individual por ele assumida.
Os investigadores das áreas da saúde vêm
considerando que, mais do que sobrecarregar o
individuo com uma ação individualizada, este deve ter
condições de mudança no seu contexto, sendo este que
o ajuda a modificar os seus comportamentos e a torna-
lo mais saudável.
A visão sobre o ser humano que precisa de ter
comportamentos saudáveis deve ser mais alargada,
mais holística e estruturante e não apenas
individualizada e conjuntural.
A Técnica ACP
ASSERTIVIDADE, CLAREZA, POSITIVIDADE
No processo de mudança de comportamento para um caminho de promoção da
saúde, proteção dos fatores de risco e a assunção de comportamentos mais
conscientes e mais seguros na área da sexualidade, existem um conjunto de ações
válidas e que têm evidência prática e científica.
A literacia em saúde vem realçar a capacidade da pessoa para tomar decisões
fundamentadas em saúde, a necessidade do aumento do controlo das pessoas
sobre a sua saúde e as responsabilidades inerentes a esta situação de
cidadão. Ora, para conseguir isto tudo, aceder, usar e compreender as
5
informações em saúde, o individuo tem de estar habilitado, capacitado para
compreender as mensagens e poder agir em conformidade.
Ana Paula Garcia, citando Chaves (Chaves, 2005:122) sublinha que «torna-se
imperiosa a implementação de medidas preventivas e de educação para a saúde uma
vez os estudos revelam que só um sexto dos indivíduos com comportamentos de risco
utiliza protecção” .
Sabemos que existem vários componentes influentes na mudança de
comportamentos (saudáveis), que passam por exemplo, por campanhas de
educação em saúde, intervenções diretas com os intervenientes (face a face),
alertas de prevenção ao nível dos cuidados de saúde primários ou secundários,
informação e intervenção ao nível do individuo, família e comunidade (ao nível
micro, meso e macro), a influencia da legislação. Todas estas ações têm em si a
componente de prevenção e educação para a saúde. A forma como se constroem e
são apresentadas aos destinatários é que pode fazer a diferença entre os maiores e
os menores resultados, entre a maior e a baixa eficácia das ações propostas e
implementadas.
ÁREAS DE INTERVENÇÃO PARA AUMENTAR O CONHECIMENTO,
COMPORTAMENTOS DE PROTEÇÃO E COMPROMISSO COM VISTA À MAIOR
PROMOÇÃO DA SAÚDE
 Educação/Formação
 Legislação
 Informação
 Intervenção direta individuo, grupo, comunidade
 Media
 Desenvolvimento de Parcerias
 Associativismo
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ALGUMAS FERRAMENTAS DE IMPLEMENTAÇÃO
 Intervenção direta (profissionais – utente/paciente)
 Utilização das novas tecnologias – verificamos o incremente positivo do uso
dos telemóveis (para ações via sms), e a utilização das redes digitais
 Ações directas na comunidade
 Alertas de profissionais nas áreas de saúde e social (Centros de saúde,
Hospitais, centros de Dia, residências/Lares)
 Campanhas
 Reuniões, Debates, roleplaying, etc
 Técnica ACP
 (outras….)
Face a uma variedade de estratégias e ações conducentes a uma maior promoção
da saúde, vem a autora propor o desenvolvimento de uma técnica que denominou -
Tecnica ACP – Assertividade, Clareza e Positividade - centrada num trabalho
agregador com os profissionais de saúde e da área social, que são grandes
estímulos e promotores da promoção da saúde dos adultos mais velhos,
nomeadamente nas questões da sexualidade dos adultos mais velhos e na
promoção de comportamentos saudáveis e de protecção.
Consideramos que os profissionais de saúde e da área do social, ao aplicarem a
Técnica ACP influenciam diretamente os seus destinatários, de forma positiva,
contribuindo para um reforço na mudança dos comportamentos e assunção e
desenvolvimento de hábitos saudáveis. Conseguem ainda obter, por parte dos
destinatários, uma maior compreensão dos conteúdos das mensagens, porque
estas estão mais adaptadas ao seu perfil, características e nível de linguagem. Os
resultados dos esforços realizados pelos profissionais, organizações ou pelo
investimento público na prevenção, na promoção e educação para saúde, acabam
por ser mais efectivos.
A Técnica ACP permite aos profissionais que lidam com os adultos mais velhos, o
desenvolvimento de competências das áreas da psicologia social e que podem ser
trabalhadas em grupos e com efeitos muito positivos.
7
Esta Técnica ACP tem sido trabalhada ao longo dos últimos anos, de forma
intensiva, com centenas de profissionais das áreas da saúde e do social pela autora.
Para além da aplicação direta aos destinatários da sua ação, a Tecnica ACP quando
conscientemente e repetidamente aplicada, vem beneficiar também a relação entre
os profissionais de saúde, amenizando o nível de conflitualidade, proporcionando
melhores níveis de entendimento e de capacitação das várias profissões ligadas à
saúde.
A Assertividade
A assertividade consiste no primeiro passo para se mudar comportamentos de
forma positiva. O processo de comportamento assertivo passa pelo
desenvolvimento de competências técnicas e de uma perceção mais humanizada
do ambiente envolvente. Consiste em sistematizar os passos necessários para uma
mudança de postura em relação às atitudes e aos comportamentos que devem ser
adotados junto dos clientes/utentes/pacientes, ou outros profissionais.
Na realidade, é o esforço de aumento de competências relacionais, da linguagem
verbal e não verbal, de uma atitude empática e de técnicas linguísticas assentes na
positividade e na clareza do profissional, que vão permitir aumentar a literacia do
destinatário da intervenção e a sua melhor compreensão para a mudança e melhor
entendimento das mensagens.
Num primeiro passo é necessário que o profissional faça uma avaliação da sua
forma de agir /intervir junto dos seus utentes/clientes e desenvolva, de uma forma
progressiva e consciente, uma capacidade e perfil «assertivo».
A assertividade parte de um determinado comportamento que é desenvolvido a
partir do interior do individuo. É nesta atitude individual que o profissional se
deve concentrar, numa primeira fase, e colocar algumas questões perguntando, por
exemplo, que tipo de comportamentos e atitudes tem para com o outro?
Não é assertivo quem é passivo, agressivo ou manipulador.
Sabemos que durante o dia, o nosso comportamentos pode passar por fases mais
ou menos passivas, agressivas, manipuladoras ou assertivas. O objectivo é
desenvolver cada vez mais o lado assertivo, que trará benefícios acrescidos à
relação com o outro.
8
É necessário assim, que num primeiro passo, a pessoa se consciencialize sobre o
que deve mudar em relação ao exterior, ajustando o seu comportamentos com
algumas técnicas, que não são muito difíceis de interiorizar, apesar de requererem
uma prática e atenção constante.
O Comportamento e linguagem assertiva – positiva pode ser definida como
aquela que envolve a expressão direta, pela pessoa, das suas necessidades ou
preferências, emoções e opiniões sem que, ao fazê-lo, ela experiencie
ansiedade indevida ou excessiva, e sem ser hostil para o interlocutor. (in
Assert yourself, M.D. Galassi e J.P. Galassi, Human Sciences Press, traduzido e adaptado por
Catarina Dias e Guiomar Gabriel, GAPSI, FCUL).
No comportamento assertivo diz-se o que se tem a dizer, sem medo, sem conflito,
sem agressividade.
É também necessário verificar se os outros estão a entender a mesma informação.
Tornamos o nosso pensamento e palavras mais transparentes aos outros e
cingirmo-nos aos fatos e não às
emoções.
É preciso ainda ter abertura para
trocar feedback sempre que for
necessário: conversar abertamente
com o interlocutor ou o grupo quando
surgem dúvidas, e esclarecer quando
se verifica que há mau ou deficiente
entendimento;
Para alcançar uma comunicação eficiente, o desenvolvimento de algumas
habilidades é útil e permite que esse caminho seja mais facilmente atingível.
 CONGRUÊNCIA: Significa que, ao falar, as suas palavras, seu corpo, seu tom
de voz e suas ações transmitem a mesma mensagem. Se transmitir uma
ideia «falsa» ao comunicar, comprometerá a sua credibilidade.
 EMPATIA OU ‘RAPPORT’: Para desenvolver empatia com o seu interlocutor,
respeite seu ponto de vista. Não significa que tenha de concordar com ele.
9
Criará empatia ao transmitir respeito nessa comunicação, através das
palavras, gestos e tom de voz.
 DESCREVER O CONFLITO: Descreva os fatos de forma simples, objetiva,
usando palavras que denotem respeito pelo seu interlocutor e que não
deem margem a ambiguidades, evitando rotular seu interlocutor e usar
palavras ofensivas.
 EXPRIMIR SEUS SENTIMENTOS: Deve também exprimir eficazmente como
se sente diante dos fatos, assumir a responsabilidade pelas suas opiniões e
sentimentos.
 ACORDO: É necessário especificar as mudanças desejadas ou os padrões de
qualidade esperados de maneira clara. E verificar se o acordo é possível,
tendo em conta os impedimentos (Estrategia WIN-WIN).
As pesquisas de laboratório de psicologia da UCLA (Universidade da Califórnia) do
professor Albert Mehrabian indicam que a composição da comunicação humana
face a face é a seguinte: 55% são mensagens não verbais, 38% acontecem pelo tom
de voz e 7% são verbais.
Clareza
A capacidade das pessoas compreenderem
informações de saúde está relacionada com a
clareza da comunicação.
O que é uma linguagem acessível e clara?
Uma linguagem acessível, é a comunicação
que os utilizadores entendem à primeira.
Em 2013 – um estudo da comissão europeia,
resulta no guia da linguagem clara «Escrever
Claro» onde existem várias indicações para se escrever de forma clara e acessível.
Entre outras, as indicações apontam para a utilização de palavras simples, da
substituição dos substantivos por verbos.
Também os suportes físicos e digitais deverá ser claros e orientadores. As pessoas
preferem ter orientações por etapas claras do que linguagem confusa, difícil de
compreender e não enquadrada.
10
Também o Relatório VIH/SIDA 2014 - situação em Portugal 2014 sublinha que «O
esforço recente para a melhoria da qualidade da informação epidemiológica
nacional, mostra-se essencial para a compreensão e intervenção adequada no
sentido de reverter esta realidade».
O exemplo a seguir apresentado, distribuído por vários locais em Outubro de 2015
faz referencia a problemática do HIV em idosos. (in Jornal do Dia do Idoso,
apoiado/patrocinado pela SPMI – Sociedade Portuguesa de Medicina Interna,
APECS – Associação Portuguesa para o Estudo Clinico da SIDA, Labco, Gilead, Just
News, saúde e Bem Estar).
A linguagem utilizada é difícil de entender dada a sua complexidade e
tecnicidade e pouco acessível aos segmentos de população mais idosa, tendo
em conta a baixa literacia em saúde de quase 60 % da população portuguesa, em
particular o crescente aumento de baixa literacia á medida que a idade aumenta
(de acordo com o Estudo Europeu de Literacia apresentado na Primavera de 2015
na Fundação Calouste Gulbenkian, antecedido pela apresentação na Escola
Nacional de Saúde Publica em Setembro de 2014).
Analisemos um dos textos destacados, que nos pareceu ter sido extraído de
um relatório técnico, mas não para ser distribuído e entendido pela
população idosa em geral:
Estigma com o VIH /Sida ainda existe
«Há algumas preocupações do ponto de vista social com os idosos com VIH,
nomeadamente, a desinserção, relativamente frequente, pois, muitos destes doentes
cortaram relações com as suas famílias.
Adicionalmente, apesar de haver uma cada vez maior abertura, continua a existir
resistência por parte de algumas instituições para receber estes doentes. Estando
estabilizados, não precisam de unidades específicas para a infecção por VIH, podendo
estar integrados nas unidades para o resto da população.» Jornal do Dia do Idoso,
Out 2015
11
Legenda – imagem da fotografia e do texto inserto no jornal analisado.
Quais as palavras de difícil compreensão neste texto para um público com
literacia baixa?
Estigma, Nomeadamente; desinserção, relativamente frequente,
Adicionalmente, Estabilizados; unidades específicas
Os advérbios terminados em «mente»- Nomeadamente; relativamente;
Adicionalmente, são muito extensos e de difícil compreensão para pessoas com
baixa literacia.
As palavras mais técnicas tais como: estigma, desinserção; Estabilizados; unidades
específicas deveriam ser substituídas por outras mais simples.
12
Um exemplo, com uma mesma ideia, expressa por outras palavras mais
simples:
Falta de compreensão do VIH/SIDA pela sociedade
Existem algumas preocupações com idosos com HIV/Sida.
Muitas vezes o HIV/Sida separa estas pessoas das suas famílias e da comunidade, e
acaba também por afastá-las da vida em sociedade.
Algumas instituições também levantam problemas em receber estes idosos, pois têm
medo da doença. Os especialistas dizem que, se os idosos com HIV/Sida estiverem
com a doença controlada, podem estar integrados nas instituições que recebem o
resto da população. É preciso que as pessoas e as instituições compreendam que é
uma doença controlada, e que estas pessoas precisam de ser acolhidas como cidadãos
e continuem a fazer a sua vida na comunidade e sociedade onde vivem.
Juntamos assim, algumas regras para se criarem documentos claros e
orientados para os destinatários:
Esta capa do «Jornal do Dia do Idoso» onde estava
contido o pequeno artigo analisado está, de uma forma
geral, bem construída em termos de imagem (embora
pudesse ter uma imagem de um casal idosos mais perto
da realidade portuguesa), titulo e destaque. No entanto,
a linguagem utilizada é de fato quase inacessível a
pessoas com baixa literacia, pela sua complexidade e
tecnicidade.
O equilíbrio entre as imagens congruentes e os
conteúdos deve ser sempre ponderado.
Saber para quem comunicamos é outro dos pontos fundamentais quando
elaboramos algum documento para orientação de segmentos específicos da
população. E é necessário adaptar sempre o conteúdo aos destinatários específicos.
13
Referem Doak e Rooter (1996) que as pessoas que têm baixa literacia
geralmente saltam as palavras que não entendem, não fazem categorias e não
conseguem assim entender o contexto.
Quase sempre assumem alguma «vergonha» em perguntar o seu significado, e,
mesmo que tenham conseguido decifrar as letras (descodificação) e ler as palavras,
não têm a inferência para compreender o sentido do texto (lecturabilidade).
Começar pelo princípio:
Antes de fazer alguma ação para ir criar algum documento de divulgação,
orientação ou de influência, avalie quem são os seus destinatários,
e o que pretendem ou precisam de ver esclarecido.
Converse com um grupo de destinatários da sua informação antes de
desenhar os seus materiais de comunicação. O ideal seria constituir um
pequeno grupo de avaliação prévia, para se avaliar o que se pretende lançar. Com
esse Focus Group determine: Que informações precisam de saber? Como é que vai
ser usada? Faça o pre teste das mensagens e serviços para ter o feedback.
Afine e adapte os conteúdos quando for necessário.
Se não conseguir fazer este processo de forma prévia, isto é, antes de publicar ou
fazer a ação, faça depois os pós-testes para avaliar a eficácia da informação (Cloze
test).
Controle a quantidade de informação e use linguagem acessível e simples. As
técnicas de linguagem escrita/digital podem ser aproveitadas das mensagens
verbais, através do usos de palavras comuns, fáceis e acessíveis.
Mesmo as pessoas com maior literacia preferem textos simples e claros (Doak,
Rooter, 1996)
Como fazer?
 Use a palavra «deve» e «é necessário» para dar indicação para as ações;
 Não use siglas sem explicar conteúdo ou resumo desse significado;
 Evite «jargões» técnicos;
14
 Limite o número de mensagens (2 ou 3 mensagens principais);
 Divida os textos em pequenos blocos, com vários subtítulos;
 Dê espaçamento (arejamento) ao texto;
 Não corte palavras entre linhas;
 Use «bullets» em vez de letras maiúsculas em todo o texto;
 Não use sombras ou padrões confusos debaixo do texto;
 Faça um bom contraste entre a fonte e o fundo do suporte;
 Evite % (1 em 10 é preferível que 10 %);
 Destaque as ideias principais;
 Use fonte «sans serif» na fonte de informação em suporte digital;
 Se fizer um documento para computador (transformar em pdf e coloca-
lo on line) não divida em colunas pequenas- dificulta leitura;
 Evite fazer o scroll;
 Limite o comprimento da linha entre 40 e 50 caracteres;
 Garantir que o comprimento do texto na página se ajusta ao tamanho da
janela e da nossa visão;
 Deixar bastante espaço em branco ao redor das margens e entre as
sessões;
 Tamanho das fontes: Utilize pelo menos fonte de 12 pontos/texto;16 a
18 pontos nos subtítulos; 20 a 24 pontos nos Títulos;
 Coloque o texto tipo «Pergunta – Resposta», pois ajuda a leitura e
compreensão;
Pergunta:………
Resposta:………
 Use recursos visuais que ajudam a transmitir a sua mensagem –
considere a importância das imagens acessíveis ;
 Use imagens familiares ao público-alvo; Qualquer texto pode conter
imagens, desde que estas estejam integradas no sentido do texto e que
sejam coerentes com o texto;
 Certifique-se de colocar as imagens no contexto;
 Ilustrar bem - Ao ilustrar partes do corpo interno, incluir a parte externa
do corpo.
15
POSITIVIDADE
A maior parte das crianças até aos seis anos tem na mente uma palavra que
se repete, que lhe repetem os adultos
até quase à exaustão: «Não»! Não faças
isso, Não faças aquilo, Não subas a
árvore, não grites, não chores, etc, etc.
O cérebro habituou-se tanto a esta
palavra que quando somos adultos,
continuamos o padrão, «Não molhe o
braço», «Não coma muito», «Não fume»
«Não seja sedentário», etc. O padrão do
«não» continua presente sistematicamente, e temos constado que as várias
mensagens em saúde não surtem efeito, ou é mínima a retenção.
Numa mente enfastiada e saturada de «nãos» instalada desde a primeira
infância, quando ouvimos alguém a dizer-nos «não faça isso» a mensagem
evapora-se ou dilui-se num invisível caminho de despejo mental das
palavras são efeito. E a motivação para adotarmos atitudes saudáveis e
comportamentos que promovam a nossa saúde e bem-estar fica como que
desligada dos nossos impulsos para agirmos.
Sem motivação, não acionamos os nosso comportamentos, e os
resultados de tantas campanhas e ações ficam lançadas ao vento, que
as leva sem deixar sementes de mudança.
As mais-valias da «linguagem positiva» da voz ativa e do comportamento
assertivo reúnem em si ingredientes estimulantes para que o destinatário,
nos passe a ouvir, tenha uma maior abertura da sua mente para
compreender e adotar comportamos mais saudáveis.
Como primeira regra deveríamos colocar o focus nos comportamentos e
ações, em vez de ser nas teorias do «dever ser».
16
Isto é, a pergunta interior que devemos fazer quando queremos que o nosso
destinatário mude para uma vida mais saudável é a seguinte: Qual é o
comportamento que desejo que o meu «alvo» tenha?
Qual o comportamento positivo que posso induzir?
Fruto de um trabalho de longos anos, fomos selecionando algumas das
frases que os profissionais dizem habitualmente e trabalhando na forma
como poderíamos voltar a dize-las, de forma assertiva, positiva, clara, com
voz ativa e pelo comportamento positivo.
Como exemplos poderemos elencar as seguintes frases que dizemos
habitualmente, e a forma como poderíamos passar a dizer/escrever:
COMO É DITO HABITUALMENTE COMPORTAMENTO POSITIVO
Se não tomar o medicamento vai ficar
doente
Se tomar este medicamento a sua
tensão vai ficar melhor, e vai
começar a sentir-se melhor e mais
saudável
Se não fizer os exercícios vai dar mau
resultado
Se fizer estes exercícios a sua saúde
vai melhorar
Se não fizer esta dieta vai sentir-se
mal consigo
Se seguir este programa de
alimentação vai começar a sentir-se
muito bem e mais elegante
Não pode fumar
Se deixar de fumar vai conseguir
jogar à bola com o seu filho durante
mais tempo
Não pode beber
Se deixar de beber esses vómitos
matinais desaparecem de certeza
Não pode parar de tomar os
medicamentos senão fica pior
Se tomar os medicamentos vai ver
que se sente melhor
Se não administrar insulina, pode vir a
ficar cego ou sem um pé.
A insulina vai ajudá-lo a sentir-se
melhor e a ter mais saúde.
Não pode molhar o braço
Este penso que está a tapar a sua
ferida tem de estar sempre seco.
17
Se fumar vai morrer de cancro
Se deixar de fumar vai ficar mais
saudável e a sua pele vai ficar mais
brilhante e os seus dentes mais
brancos
Se não vier ao serviço fazer o penso
vai ficar doente
Para ficar melhor da sua saúde tem
de vir ao serviço fazer o penso todos
os dias
Não seja sedentário.
Se fizer exercício físico todos os dias
vai ajudar na sua perda de peso.
Não faça só duas refeições.
Se aumentar o número de refeições
por dia vai ajudar a controlar a sua
diabetes.
Por outro lado e para consubstanciar esta intervenção «ACP» propõem-se ainda as
reflexões dos caminhos já trabalhados pelo Community Guide
(http://www.thecommunityguide.org/) onde se reflecte, de uma forma abrangente e
transversal, sobre as ações mais eficazes direccionadas a públicos diversos.
Como Sofia Aboim reflectiu no estudo, ‘Conjugalidades em Mudança’, «no interior
destas mudanças, a conjugalidade permanece, de maneira diferente da do passado
mas igualmente incontornável, um laço social fundador e primordial das relações
familiares e até das relações sociais no seu conjunto». Existe um vasto campo de
reflexão nestas matérias. Uma das fortes e amplas bases onde tudo assenta são as
relações humanas. É a capacidade dos ser humano vivenciar positivamente a sua
vida, em liberdade, mas com consciência e responsabilidade.
Na sexualidade ativa existem relações de base, «conjugalidades» mais ou menos
formais, mas que nem por isso deixam de ser relacionais e sociais.
O caminho deve ser feito com resiliência e vontade, certos de que as mudanças são
graduais, e por vezes esquivas: ora sucedem como esperávamos e programamos,
ora nos fogem pelos dedos e recuam uns passos largos.
Mas este é o desafio para todos os profissionais: conseguir um mundo
melhor, mais saudável, mais promotor de comportamentos positivos e
satisfatórios tanto para a saúde individual como das populações. A literacia
em Saúde estará sempre no caminho, abrindo portas.
18
Bibliografia
 Activity Guides. October 2014. Agency for Healthcare Research and Quality, Rockville, MD.
http://www.ahrq.gov/professionals/education/curriculum-tools/pharmlitqi/activity-guides1-
7.html
 Agency for Healthcare Research and Quality. Health Literacy Interventions and Outcomes: An
Updated Systematic Review. March 2011. Available at:
http://www.ahrq.gov/clinic/tp/lituptp.htm
 Assert yourself, M.D. Galassi e J.P. Galassi, Human Sciences Press, traduzido e adaptado por
Catarina Dias e Guiomar Gabriel, GAPSI, FCUL
 Community guide, http://www.thecommunityguide.org/hiv/index.html consultado em dez 2015
 Fatores que interferem na sexualidade de idosos: uma revisão integrativa, Danielle Lopes de
Alencar, Ana Paula de Oliveira Marques, Márcia Carréra Campos Leal, Júlia de Cássia Miguel
Vieira
 Garcia, Ana P. G. M. 2013. A sida e a sexualidade em idosos. Perspectivas do Serviço Social sobre a
prevenção dos comportamentos de risco. In Serviço Social no Envelhecimento, ed. Maria Irene
Carvalho. Lisboa: Lidel, Practor
 Garcia, Ana P. G. M. 2011, Prevenção da sida nos “idosos” aproximação à intervenção do serviço
social o caso do concelho de cascais
 Guide to Community Preventive Services. Health communication and social
marketing.www.thecommunityguide.org/healthcommunication/index.html.
 National HIV/AIDS strategy For the United states: Updated to 2020
 Kripalani, S. & Jacobson, K. L. (2007). Strategies to improve communication between staff and
patients: Training program for pharmacy staff. Rockville, MD: Agency for Healthcare Research
and Quality
 Relatório VIH/SIDA 2014 - situação em Portugal 2014
 Ser velho: percepções e dimensões do envelhecimento. In Pedro Alcântara da Silva and Filipe
Carreira da Silva (Eds.), Ciências Sociais: Vocação e Profissão. Homenagem a Manuel Villaverde
Cabral. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais, 589-613, 2013.
 Teaching Back Patients, Doak and Rooter, 1996
 Vulnerabilidade das idosas ao HIV/AIDS: despertar das políticas públicas e profissionais de saúde
no contexto da atenção integral: revisão de literatura, Alessandra Fátima de Mattos Santos,
Monica de Assis
 Imagens retiradas do Google e do Flickr sem direitos autorais; http://stat10.novotempo.com/wp-
content/blogs.dir/22/files/2010/09/casal-idoso.jpg; http://www.rodrigooller.com/fotos-
especiais/nada-e-mais-edificante-do-que-ver-um-casal-de-idosos-apaixonados;
*Cristina Vaz de Almeida, Formadora Permanente ISPA. Formadora em Hospitais, ARS Alentejo, ARS Algarve nas
áreas de Literacia em Saude e Marketing em Saúde. Mestre em Comunicação em e.learning, Pós Graduada em
Marketing, Licenciatura em Direito, Docente convidada em diferentes Mestrados e Pos graduações (ESEL, IHMT, e
outros).

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LITERACIA DOS ADULTOS MAIS VELHOS, SEXUALIDADE, HIV, CRISTINA VAZ DE ALMEIDA

  • 1. 1 Sexualidade e aumento do VIH em adultos mais velhos: A literacia no caminho de uma melhor prevenção. Autora: Vaz de Almeida, Cristina* Os casos de VIH em Portugal em populações acima dos 55 anos têm aumentado nos últimos anos. Entre 1985 e 2012 foram registados 3767 casos de VIH em Portugal, dos quais 1066 mulheres e 2701 homens nestas faixas etárias. As relações heterossexuais estão entre as causas mais evidentes deste acréscimo, mas não responsáveis por todos os resultados. Segundo o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge divulga no relatório anual referente à Infeção VIH/SIDA, elaborado pela Unidade de Referência e Vigilância Epidemiológica do Departamento de Doenças Infeciosas, em colaboração com o Programa Nacional da Infeção VIH/SIDA da Direção-Geral da Saúde, «Em 2014 foram diagnosticados 920 novos casos de infeção por VIH em Portugal e, no final do ano, encontravam-se diagnosticados, cumulativamente, 52.694 casos de infeção por VIH, dos quais 20.856 em estadio de SIDA. Ainda segundo este relatório, «As tendências recentes revelam um decréscimo acentuado dos casos de infeção associados a consumo de drogas, aumento dos diagnósticos em jovens do sexo masculino que têm sexo com homens e uma elevada percentagem de diagnósticos tardios, particularmente em heterossexuais de meia- idade». A prevenção da doença e a promoção da saúde também estão na base de um maior controlo e contenção destes números. As consequências de uma baixa literacia resultam num menor compromisso na protecção e num aumento dos fatores do risco. O desconhecimento por parte desta população dos fatores de risco, a falta de acessos ao sistema de saúde para avaliação e aconselhamento nestas questões, as campanhas de educação e informação ainda não totalmente direccionadas a estes
  • 2. 2 públicos mais velhos, a resistência à mudança (uso de preservativo) e a acessibilidade a uma actividade sexual mais frequente através de medicamentos específicos (tipo Viagra) poderão estar entre os fatores que propiciam o incremento dos números de pessoas infetadas pelo VIH. O aumento da literacia em saúde destas populações mais velhas que desejam manter a sua atividade sexual por muitos e longos anos, vem permitir capacitar estes indivíduos ou os seus influentes, para comportamentos de vida mais saudáveis, maior compromisso com os fatores de protecção e menores comportamentos de risco. Uma vida sexual mais satisfatória, mais longa, com mais capacidade para aceder, usar e compreender as decisões em saúde. Literacia em Saúde e comportamentos A literacia em saúde permite aos indivíduos aceder, compreender e tomar decisões para uma maior prevenção da doença e promoção da saúde. É essa capacidade para tomar decisões em saúde fundamentadas, no decurso da vida do dia-a-dia – em casa, na comunidade, no local de trabalho, no mercado, na utilização do sistema de saúde e no contexto político e possibilita o aumento do controlo das pessoas sobre a sua saúde, a sua capacidade para procurar informação e para assumir responsabilidades, como cidadão, pleno de direitos e responsável também pela sua saúde (Constituição da Republica Portuguesa, artº 12 e PNS 2016. A Organização Mundial da Saúde define Literacia em Saúde como o conjunto de “competências cognitivas e sociais e a capacidade dos indivíduos para acederem, compreenderem e a usarem informação de forma que promovam e mantenham boa saúde (WHO, 1998) . Conforme sublinhado por Ana Paula Garcia na defesa da sua tese: «A inexistência de um tratamento ou de uma vacina para o HIV/SIDA faz com que a alteração de
  • 3. 3 comportamentos de risco seja ainda o único meio disponível e universal de prevenir a doença, independentemente da faixa etária considerada». Face a esta evidência, a necessária alteração de comportamentos de risco tem de ser apoiada com meios que sejam acessíveis, compreensíveis e fáceis de assimilar pelos públicos-alvo, destinatários esses que irão necessitar de um grau suficiente de motivação, informação e conhecimento para adotarem os comportamentos saudáveis que lhes permitam vidas sexuais ativas com riscos reduzidos ou inexistentes para a saúde. Autoeficácia e importância dada ao tema Se combinarmos a relação entre a auto eficácia, entendida como a capacidade consciente de tomar uma decisão e ter uma ação conducente a proteção de risco e, por outro, á importância atribuída a essa temática, verificamos que nem sempre existe equilíbrio entre estes dois fatores. Pode haver autoeficácia para o individuo saber e usar um preservativo e esse mesmo individuo ou quem o possa influenciar, não dar importância ao tema, podendo cair em comportamentos de risco e de falta de proteção. Assim também poderá acontecer o inverso. Uma pessoa pode efetivamente dar importância ao tema, como por exemplo, ter consciência e dar relevância à sua saúde sexual, como prolongamento de uma vida em felicidade e com segurança, saber que é importante ter proteção e comportamentos que controlem o risco, mas depois não ter a autoeficácia para implementar esses comportamentos de proteção: desconhecimento do tema, falta de acesso, falta de compreensão sobre a ação, gratificação instantânea do momento sexual. Consideramos também, como alguns autores referem que, quanto maior for a perceção da autoeficácia, maior é o comportamento de proteção, e quanto mais importância o individuo dá ao tema, mais alertas e mais potencial de comportamentos de proteção assumirá.
  • 4. 4 Face a um enquadramento complexo em que o individuo se desenvolve, temos de atribuir um peso significativo aos contextos onde ele se move e que influenciam decisivamente o comportamento individual e do grupo. Concordamos com a importância dos efeitos de toda a envolvência social, económica, cultural, ambiental, onde os determinantes sociais da saúde vêm reforçar a sua influência nos diferentes níveis de mudança de comportamento individual. Os contextos em que o individuo se move são, por si fortes determinantes, e mais responsáveis do que a atitude individual por ele assumida. Os investigadores das áreas da saúde vêm considerando que, mais do que sobrecarregar o individuo com uma ação individualizada, este deve ter condições de mudança no seu contexto, sendo este que o ajuda a modificar os seus comportamentos e a torna- lo mais saudável. A visão sobre o ser humano que precisa de ter comportamentos saudáveis deve ser mais alargada, mais holística e estruturante e não apenas individualizada e conjuntural. A Técnica ACP ASSERTIVIDADE, CLAREZA, POSITIVIDADE No processo de mudança de comportamento para um caminho de promoção da saúde, proteção dos fatores de risco e a assunção de comportamentos mais conscientes e mais seguros na área da sexualidade, existem um conjunto de ações válidas e que têm evidência prática e científica. A literacia em saúde vem realçar a capacidade da pessoa para tomar decisões fundamentadas em saúde, a necessidade do aumento do controlo das pessoas sobre a sua saúde e as responsabilidades inerentes a esta situação de cidadão. Ora, para conseguir isto tudo, aceder, usar e compreender as
  • 5. 5 informações em saúde, o individuo tem de estar habilitado, capacitado para compreender as mensagens e poder agir em conformidade. Ana Paula Garcia, citando Chaves (Chaves, 2005:122) sublinha que «torna-se imperiosa a implementação de medidas preventivas e de educação para a saúde uma vez os estudos revelam que só um sexto dos indivíduos com comportamentos de risco utiliza protecção” . Sabemos que existem vários componentes influentes na mudança de comportamentos (saudáveis), que passam por exemplo, por campanhas de educação em saúde, intervenções diretas com os intervenientes (face a face), alertas de prevenção ao nível dos cuidados de saúde primários ou secundários, informação e intervenção ao nível do individuo, família e comunidade (ao nível micro, meso e macro), a influencia da legislação. Todas estas ações têm em si a componente de prevenção e educação para a saúde. A forma como se constroem e são apresentadas aos destinatários é que pode fazer a diferença entre os maiores e os menores resultados, entre a maior e a baixa eficácia das ações propostas e implementadas. ÁREAS DE INTERVENÇÃO PARA AUMENTAR O CONHECIMENTO, COMPORTAMENTOS DE PROTEÇÃO E COMPROMISSO COM VISTA À MAIOR PROMOÇÃO DA SAÚDE  Educação/Formação  Legislação  Informação  Intervenção direta individuo, grupo, comunidade  Media  Desenvolvimento de Parcerias  Associativismo
  • 6. 6 ALGUMAS FERRAMENTAS DE IMPLEMENTAÇÃO  Intervenção direta (profissionais – utente/paciente)  Utilização das novas tecnologias – verificamos o incremente positivo do uso dos telemóveis (para ações via sms), e a utilização das redes digitais  Ações directas na comunidade  Alertas de profissionais nas áreas de saúde e social (Centros de saúde, Hospitais, centros de Dia, residências/Lares)  Campanhas  Reuniões, Debates, roleplaying, etc  Técnica ACP  (outras….) Face a uma variedade de estratégias e ações conducentes a uma maior promoção da saúde, vem a autora propor o desenvolvimento de uma técnica que denominou - Tecnica ACP – Assertividade, Clareza e Positividade - centrada num trabalho agregador com os profissionais de saúde e da área social, que são grandes estímulos e promotores da promoção da saúde dos adultos mais velhos, nomeadamente nas questões da sexualidade dos adultos mais velhos e na promoção de comportamentos saudáveis e de protecção. Consideramos que os profissionais de saúde e da área do social, ao aplicarem a Técnica ACP influenciam diretamente os seus destinatários, de forma positiva, contribuindo para um reforço na mudança dos comportamentos e assunção e desenvolvimento de hábitos saudáveis. Conseguem ainda obter, por parte dos destinatários, uma maior compreensão dos conteúdos das mensagens, porque estas estão mais adaptadas ao seu perfil, características e nível de linguagem. Os resultados dos esforços realizados pelos profissionais, organizações ou pelo investimento público na prevenção, na promoção e educação para saúde, acabam por ser mais efectivos. A Técnica ACP permite aos profissionais que lidam com os adultos mais velhos, o desenvolvimento de competências das áreas da psicologia social e que podem ser trabalhadas em grupos e com efeitos muito positivos.
  • 7. 7 Esta Técnica ACP tem sido trabalhada ao longo dos últimos anos, de forma intensiva, com centenas de profissionais das áreas da saúde e do social pela autora. Para além da aplicação direta aos destinatários da sua ação, a Tecnica ACP quando conscientemente e repetidamente aplicada, vem beneficiar também a relação entre os profissionais de saúde, amenizando o nível de conflitualidade, proporcionando melhores níveis de entendimento e de capacitação das várias profissões ligadas à saúde. A Assertividade A assertividade consiste no primeiro passo para se mudar comportamentos de forma positiva. O processo de comportamento assertivo passa pelo desenvolvimento de competências técnicas e de uma perceção mais humanizada do ambiente envolvente. Consiste em sistematizar os passos necessários para uma mudança de postura em relação às atitudes e aos comportamentos que devem ser adotados junto dos clientes/utentes/pacientes, ou outros profissionais. Na realidade, é o esforço de aumento de competências relacionais, da linguagem verbal e não verbal, de uma atitude empática e de técnicas linguísticas assentes na positividade e na clareza do profissional, que vão permitir aumentar a literacia do destinatário da intervenção e a sua melhor compreensão para a mudança e melhor entendimento das mensagens. Num primeiro passo é necessário que o profissional faça uma avaliação da sua forma de agir /intervir junto dos seus utentes/clientes e desenvolva, de uma forma progressiva e consciente, uma capacidade e perfil «assertivo». A assertividade parte de um determinado comportamento que é desenvolvido a partir do interior do individuo. É nesta atitude individual que o profissional se deve concentrar, numa primeira fase, e colocar algumas questões perguntando, por exemplo, que tipo de comportamentos e atitudes tem para com o outro? Não é assertivo quem é passivo, agressivo ou manipulador. Sabemos que durante o dia, o nosso comportamentos pode passar por fases mais ou menos passivas, agressivas, manipuladoras ou assertivas. O objectivo é desenvolver cada vez mais o lado assertivo, que trará benefícios acrescidos à relação com o outro.
  • 8. 8 É necessário assim, que num primeiro passo, a pessoa se consciencialize sobre o que deve mudar em relação ao exterior, ajustando o seu comportamentos com algumas técnicas, que não são muito difíceis de interiorizar, apesar de requererem uma prática e atenção constante. O Comportamento e linguagem assertiva – positiva pode ser definida como aquela que envolve a expressão direta, pela pessoa, das suas necessidades ou preferências, emoções e opiniões sem que, ao fazê-lo, ela experiencie ansiedade indevida ou excessiva, e sem ser hostil para o interlocutor. (in Assert yourself, M.D. Galassi e J.P. Galassi, Human Sciences Press, traduzido e adaptado por Catarina Dias e Guiomar Gabriel, GAPSI, FCUL). No comportamento assertivo diz-se o que se tem a dizer, sem medo, sem conflito, sem agressividade. É também necessário verificar se os outros estão a entender a mesma informação. Tornamos o nosso pensamento e palavras mais transparentes aos outros e cingirmo-nos aos fatos e não às emoções. É preciso ainda ter abertura para trocar feedback sempre que for necessário: conversar abertamente com o interlocutor ou o grupo quando surgem dúvidas, e esclarecer quando se verifica que há mau ou deficiente entendimento; Para alcançar uma comunicação eficiente, o desenvolvimento de algumas habilidades é útil e permite que esse caminho seja mais facilmente atingível.  CONGRUÊNCIA: Significa que, ao falar, as suas palavras, seu corpo, seu tom de voz e suas ações transmitem a mesma mensagem. Se transmitir uma ideia «falsa» ao comunicar, comprometerá a sua credibilidade.  EMPATIA OU ‘RAPPORT’: Para desenvolver empatia com o seu interlocutor, respeite seu ponto de vista. Não significa que tenha de concordar com ele.
  • 9. 9 Criará empatia ao transmitir respeito nessa comunicação, através das palavras, gestos e tom de voz.  DESCREVER O CONFLITO: Descreva os fatos de forma simples, objetiva, usando palavras que denotem respeito pelo seu interlocutor e que não deem margem a ambiguidades, evitando rotular seu interlocutor e usar palavras ofensivas.  EXPRIMIR SEUS SENTIMENTOS: Deve também exprimir eficazmente como se sente diante dos fatos, assumir a responsabilidade pelas suas opiniões e sentimentos.  ACORDO: É necessário especificar as mudanças desejadas ou os padrões de qualidade esperados de maneira clara. E verificar se o acordo é possível, tendo em conta os impedimentos (Estrategia WIN-WIN). As pesquisas de laboratório de psicologia da UCLA (Universidade da Califórnia) do professor Albert Mehrabian indicam que a composição da comunicação humana face a face é a seguinte: 55% são mensagens não verbais, 38% acontecem pelo tom de voz e 7% são verbais. Clareza A capacidade das pessoas compreenderem informações de saúde está relacionada com a clareza da comunicação. O que é uma linguagem acessível e clara? Uma linguagem acessível, é a comunicação que os utilizadores entendem à primeira. Em 2013 – um estudo da comissão europeia, resulta no guia da linguagem clara «Escrever Claro» onde existem várias indicações para se escrever de forma clara e acessível. Entre outras, as indicações apontam para a utilização de palavras simples, da substituição dos substantivos por verbos. Também os suportes físicos e digitais deverá ser claros e orientadores. As pessoas preferem ter orientações por etapas claras do que linguagem confusa, difícil de compreender e não enquadrada.
  • 10. 10 Também o Relatório VIH/SIDA 2014 - situação em Portugal 2014 sublinha que «O esforço recente para a melhoria da qualidade da informação epidemiológica nacional, mostra-se essencial para a compreensão e intervenção adequada no sentido de reverter esta realidade». O exemplo a seguir apresentado, distribuído por vários locais em Outubro de 2015 faz referencia a problemática do HIV em idosos. (in Jornal do Dia do Idoso, apoiado/patrocinado pela SPMI – Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, APECS – Associação Portuguesa para o Estudo Clinico da SIDA, Labco, Gilead, Just News, saúde e Bem Estar). A linguagem utilizada é difícil de entender dada a sua complexidade e tecnicidade e pouco acessível aos segmentos de população mais idosa, tendo em conta a baixa literacia em saúde de quase 60 % da população portuguesa, em particular o crescente aumento de baixa literacia á medida que a idade aumenta (de acordo com o Estudo Europeu de Literacia apresentado na Primavera de 2015 na Fundação Calouste Gulbenkian, antecedido pela apresentação na Escola Nacional de Saúde Publica em Setembro de 2014). Analisemos um dos textos destacados, que nos pareceu ter sido extraído de um relatório técnico, mas não para ser distribuído e entendido pela população idosa em geral: Estigma com o VIH /Sida ainda existe «Há algumas preocupações do ponto de vista social com os idosos com VIH, nomeadamente, a desinserção, relativamente frequente, pois, muitos destes doentes cortaram relações com as suas famílias. Adicionalmente, apesar de haver uma cada vez maior abertura, continua a existir resistência por parte de algumas instituições para receber estes doentes. Estando estabilizados, não precisam de unidades específicas para a infecção por VIH, podendo estar integrados nas unidades para o resto da população.» Jornal do Dia do Idoso, Out 2015
  • 11. 11 Legenda – imagem da fotografia e do texto inserto no jornal analisado. Quais as palavras de difícil compreensão neste texto para um público com literacia baixa? Estigma, Nomeadamente; desinserção, relativamente frequente, Adicionalmente, Estabilizados; unidades específicas Os advérbios terminados em «mente»- Nomeadamente; relativamente; Adicionalmente, são muito extensos e de difícil compreensão para pessoas com baixa literacia. As palavras mais técnicas tais como: estigma, desinserção; Estabilizados; unidades específicas deveriam ser substituídas por outras mais simples.
  • 12. 12 Um exemplo, com uma mesma ideia, expressa por outras palavras mais simples: Falta de compreensão do VIH/SIDA pela sociedade Existem algumas preocupações com idosos com HIV/Sida. Muitas vezes o HIV/Sida separa estas pessoas das suas famílias e da comunidade, e acaba também por afastá-las da vida em sociedade. Algumas instituições também levantam problemas em receber estes idosos, pois têm medo da doença. Os especialistas dizem que, se os idosos com HIV/Sida estiverem com a doença controlada, podem estar integrados nas instituições que recebem o resto da população. É preciso que as pessoas e as instituições compreendam que é uma doença controlada, e que estas pessoas precisam de ser acolhidas como cidadãos e continuem a fazer a sua vida na comunidade e sociedade onde vivem. Juntamos assim, algumas regras para se criarem documentos claros e orientados para os destinatários: Esta capa do «Jornal do Dia do Idoso» onde estava contido o pequeno artigo analisado está, de uma forma geral, bem construída em termos de imagem (embora pudesse ter uma imagem de um casal idosos mais perto da realidade portuguesa), titulo e destaque. No entanto, a linguagem utilizada é de fato quase inacessível a pessoas com baixa literacia, pela sua complexidade e tecnicidade. O equilíbrio entre as imagens congruentes e os conteúdos deve ser sempre ponderado. Saber para quem comunicamos é outro dos pontos fundamentais quando elaboramos algum documento para orientação de segmentos específicos da população. E é necessário adaptar sempre o conteúdo aos destinatários específicos.
  • 13. 13 Referem Doak e Rooter (1996) que as pessoas que têm baixa literacia geralmente saltam as palavras que não entendem, não fazem categorias e não conseguem assim entender o contexto. Quase sempre assumem alguma «vergonha» em perguntar o seu significado, e, mesmo que tenham conseguido decifrar as letras (descodificação) e ler as palavras, não têm a inferência para compreender o sentido do texto (lecturabilidade). Começar pelo princípio: Antes de fazer alguma ação para ir criar algum documento de divulgação, orientação ou de influência, avalie quem são os seus destinatários, e o que pretendem ou precisam de ver esclarecido. Converse com um grupo de destinatários da sua informação antes de desenhar os seus materiais de comunicação. O ideal seria constituir um pequeno grupo de avaliação prévia, para se avaliar o que se pretende lançar. Com esse Focus Group determine: Que informações precisam de saber? Como é que vai ser usada? Faça o pre teste das mensagens e serviços para ter o feedback. Afine e adapte os conteúdos quando for necessário. Se não conseguir fazer este processo de forma prévia, isto é, antes de publicar ou fazer a ação, faça depois os pós-testes para avaliar a eficácia da informação (Cloze test). Controle a quantidade de informação e use linguagem acessível e simples. As técnicas de linguagem escrita/digital podem ser aproveitadas das mensagens verbais, através do usos de palavras comuns, fáceis e acessíveis. Mesmo as pessoas com maior literacia preferem textos simples e claros (Doak, Rooter, 1996) Como fazer?  Use a palavra «deve» e «é necessário» para dar indicação para as ações;  Não use siglas sem explicar conteúdo ou resumo desse significado;  Evite «jargões» técnicos;
  • 14. 14  Limite o número de mensagens (2 ou 3 mensagens principais);  Divida os textos em pequenos blocos, com vários subtítulos;  Dê espaçamento (arejamento) ao texto;  Não corte palavras entre linhas;  Use «bullets» em vez de letras maiúsculas em todo o texto;  Não use sombras ou padrões confusos debaixo do texto;  Faça um bom contraste entre a fonte e o fundo do suporte;  Evite % (1 em 10 é preferível que 10 %);  Destaque as ideias principais;  Use fonte «sans serif» na fonte de informação em suporte digital;  Se fizer um documento para computador (transformar em pdf e coloca- lo on line) não divida em colunas pequenas- dificulta leitura;  Evite fazer o scroll;  Limite o comprimento da linha entre 40 e 50 caracteres;  Garantir que o comprimento do texto na página se ajusta ao tamanho da janela e da nossa visão;  Deixar bastante espaço em branco ao redor das margens e entre as sessões;  Tamanho das fontes: Utilize pelo menos fonte de 12 pontos/texto;16 a 18 pontos nos subtítulos; 20 a 24 pontos nos Títulos;  Coloque o texto tipo «Pergunta – Resposta», pois ajuda a leitura e compreensão; Pergunta:……… Resposta:………  Use recursos visuais que ajudam a transmitir a sua mensagem – considere a importância das imagens acessíveis ;  Use imagens familiares ao público-alvo; Qualquer texto pode conter imagens, desde que estas estejam integradas no sentido do texto e que sejam coerentes com o texto;  Certifique-se de colocar as imagens no contexto;  Ilustrar bem - Ao ilustrar partes do corpo interno, incluir a parte externa do corpo.
  • 15. 15 POSITIVIDADE A maior parte das crianças até aos seis anos tem na mente uma palavra que se repete, que lhe repetem os adultos até quase à exaustão: «Não»! Não faças isso, Não faças aquilo, Não subas a árvore, não grites, não chores, etc, etc. O cérebro habituou-se tanto a esta palavra que quando somos adultos, continuamos o padrão, «Não molhe o braço», «Não coma muito», «Não fume» «Não seja sedentário», etc. O padrão do «não» continua presente sistematicamente, e temos constado que as várias mensagens em saúde não surtem efeito, ou é mínima a retenção. Numa mente enfastiada e saturada de «nãos» instalada desde a primeira infância, quando ouvimos alguém a dizer-nos «não faça isso» a mensagem evapora-se ou dilui-se num invisível caminho de despejo mental das palavras são efeito. E a motivação para adotarmos atitudes saudáveis e comportamentos que promovam a nossa saúde e bem-estar fica como que desligada dos nossos impulsos para agirmos. Sem motivação, não acionamos os nosso comportamentos, e os resultados de tantas campanhas e ações ficam lançadas ao vento, que as leva sem deixar sementes de mudança. As mais-valias da «linguagem positiva» da voz ativa e do comportamento assertivo reúnem em si ingredientes estimulantes para que o destinatário, nos passe a ouvir, tenha uma maior abertura da sua mente para compreender e adotar comportamos mais saudáveis. Como primeira regra deveríamos colocar o focus nos comportamentos e ações, em vez de ser nas teorias do «dever ser».
  • 16. 16 Isto é, a pergunta interior que devemos fazer quando queremos que o nosso destinatário mude para uma vida mais saudável é a seguinte: Qual é o comportamento que desejo que o meu «alvo» tenha? Qual o comportamento positivo que posso induzir? Fruto de um trabalho de longos anos, fomos selecionando algumas das frases que os profissionais dizem habitualmente e trabalhando na forma como poderíamos voltar a dize-las, de forma assertiva, positiva, clara, com voz ativa e pelo comportamento positivo. Como exemplos poderemos elencar as seguintes frases que dizemos habitualmente, e a forma como poderíamos passar a dizer/escrever: COMO É DITO HABITUALMENTE COMPORTAMENTO POSITIVO Se não tomar o medicamento vai ficar doente Se tomar este medicamento a sua tensão vai ficar melhor, e vai começar a sentir-se melhor e mais saudável Se não fizer os exercícios vai dar mau resultado Se fizer estes exercícios a sua saúde vai melhorar Se não fizer esta dieta vai sentir-se mal consigo Se seguir este programa de alimentação vai começar a sentir-se muito bem e mais elegante Não pode fumar Se deixar de fumar vai conseguir jogar à bola com o seu filho durante mais tempo Não pode beber Se deixar de beber esses vómitos matinais desaparecem de certeza Não pode parar de tomar os medicamentos senão fica pior Se tomar os medicamentos vai ver que se sente melhor Se não administrar insulina, pode vir a ficar cego ou sem um pé. A insulina vai ajudá-lo a sentir-se melhor e a ter mais saúde. Não pode molhar o braço Este penso que está a tapar a sua ferida tem de estar sempre seco.
  • 17. 17 Se fumar vai morrer de cancro Se deixar de fumar vai ficar mais saudável e a sua pele vai ficar mais brilhante e os seus dentes mais brancos Se não vier ao serviço fazer o penso vai ficar doente Para ficar melhor da sua saúde tem de vir ao serviço fazer o penso todos os dias Não seja sedentário. Se fizer exercício físico todos os dias vai ajudar na sua perda de peso. Não faça só duas refeições. Se aumentar o número de refeições por dia vai ajudar a controlar a sua diabetes. Por outro lado e para consubstanciar esta intervenção «ACP» propõem-se ainda as reflexões dos caminhos já trabalhados pelo Community Guide (http://www.thecommunityguide.org/) onde se reflecte, de uma forma abrangente e transversal, sobre as ações mais eficazes direccionadas a públicos diversos. Como Sofia Aboim reflectiu no estudo, ‘Conjugalidades em Mudança’, «no interior destas mudanças, a conjugalidade permanece, de maneira diferente da do passado mas igualmente incontornável, um laço social fundador e primordial das relações familiares e até das relações sociais no seu conjunto». Existe um vasto campo de reflexão nestas matérias. Uma das fortes e amplas bases onde tudo assenta são as relações humanas. É a capacidade dos ser humano vivenciar positivamente a sua vida, em liberdade, mas com consciência e responsabilidade. Na sexualidade ativa existem relações de base, «conjugalidades» mais ou menos formais, mas que nem por isso deixam de ser relacionais e sociais. O caminho deve ser feito com resiliência e vontade, certos de que as mudanças são graduais, e por vezes esquivas: ora sucedem como esperávamos e programamos, ora nos fogem pelos dedos e recuam uns passos largos. Mas este é o desafio para todos os profissionais: conseguir um mundo melhor, mais saudável, mais promotor de comportamentos positivos e satisfatórios tanto para a saúde individual como das populações. A literacia em Saúde estará sempre no caminho, abrindo portas.
  • 18. 18 Bibliografia  Activity Guides. October 2014. Agency for Healthcare Research and Quality, Rockville, MD. http://www.ahrq.gov/professionals/education/curriculum-tools/pharmlitqi/activity-guides1- 7.html  Agency for Healthcare Research and Quality. Health Literacy Interventions and Outcomes: An Updated Systematic Review. March 2011. Available at: http://www.ahrq.gov/clinic/tp/lituptp.htm  Assert yourself, M.D. Galassi e J.P. Galassi, Human Sciences Press, traduzido e adaptado por Catarina Dias e Guiomar Gabriel, GAPSI, FCUL  Community guide, http://www.thecommunityguide.org/hiv/index.html consultado em dez 2015  Fatores que interferem na sexualidade de idosos: uma revisão integrativa, Danielle Lopes de Alencar, Ana Paula de Oliveira Marques, Márcia Carréra Campos Leal, Júlia de Cássia Miguel Vieira  Garcia, Ana P. G. M. 2013. A sida e a sexualidade em idosos. Perspectivas do Serviço Social sobre a prevenção dos comportamentos de risco. In Serviço Social no Envelhecimento, ed. Maria Irene Carvalho. Lisboa: Lidel, Practor  Garcia, Ana P. G. M. 2011, Prevenção da sida nos “idosos” aproximação à intervenção do serviço social o caso do concelho de cascais  Guide to Community Preventive Services. Health communication and social marketing.www.thecommunityguide.org/healthcommunication/index.html.  National HIV/AIDS strategy For the United states: Updated to 2020  Kripalani, S. & Jacobson, K. L. (2007). Strategies to improve communication between staff and patients: Training program for pharmacy staff. Rockville, MD: Agency for Healthcare Research and Quality  Relatório VIH/SIDA 2014 - situação em Portugal 2014  Ser velho: percepções e dimensões do envelhecimento. In Pedro Alcântara da Silva and Filipe Carreira da Silva (Eds.), Ciências Sociais: Vocação e Profissão. Homenagem a Manuel Villaverde Cabral. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais, 589-613, 2013.  Teaching Back Patients, Doak and Rooter, 1996  Vulnerabilidade das idosas ao HIV/AIDS: despertar das políticas públicas e profissionais de saúde no contexto da atenção integral: revisão de literatura, Alessandra Fátima de Mattos Santos, Monica de Assis  Imagens retiradas do Google e do Flickr sem direitos autorais; http://stat10.novotempo.com/wp- content/blogs.dir/22/files/2010/09/casal-idoso.jpg; http://www.rodrigooller.com/fotos- especiais/nada-e-mais-edificante-do-que-ver-um-casal-de-idosos-apaixonados; *Cristina Vaz de Almeida, Formadora Permanente ISPA. Formadora em Hospitais, ARS Alentejo, ARS Algarve nas áreas de Literacia em Saude e Marketing em Saúde. Mestre em Comunicação em e.learning, Pós Graduada em Marketing, Licenciatura em Direito, Docente convidada em diferentes Mestrados e Pos graduações (ESEL, IHMT, e outros).