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Patrícia Castro 11 I



Perdidamente

Respira... Respiro. Fundo... Agora pára. Faz uma pausa. Leva-me para
longe. Não muito longe, apenas longe. Caminhei atrás de ti, mas não te via.
Não via muito mais do que um manto de flores. Flores com cores. Flores às
corzinhas. Cores que nos hipnotizam ao mesmo tempo que nos levam para
outro mundo. Tira uma. Não posso. Podes, sim. Para que nunca te esqueças
que cá estiveste. Procuro loucamente algo que me dê uma referência. Chego
à conclusão de que apenas saberia onde estava se decorasse as sequências
das cores das flores. Contei. Uma, duas, três, quatro. A minha quinta flor
parecia ser demasiado grande. Se calhar, tinha encontrado a minha
referência. Sim. Aquela árvore é a minha referência. Sempre que sentir a tua
falta, para lá hei-de ir.
Ganho coragem, encho os pulmões e dou um passo. Sinto-me observada.
Não. Observada, não. Sinto que estou a ser seguida. Sinto uma pequena
brisa no ombro que me arrepia dos pés à cabeça. É uma brisa que só uma
pequena e branca borboleta conseguiu fazer com que me arrepiasse. Por
segundos, senti o paraíso. Olhei em redor. Deduzi que não fosse, mas que
estava perto, lá isso estava. Faltava algo. Já sei. Mas não digo. Não posso
dizer. Nada que um pouco de imaginação e uma pitada de esperança não
façam. Fecho os olhos. E naquele meu passo a que lhe chamaram lento,
contei ate doze, nunca poderia ter contado até dez, chegaria demasiado
rápido ao fim, o que significaria repetir o um, o dois, e nem sei eu se teria
força para repetir de novo o três.
Seria uma data qualquer, em que o meu cabelo não se dava a modéstias e
se exibia ao vento numa constante luta a ver se sabia brilhar mais do que o
meu olhar. A cada metro que avançavas, mais te iluminava o sol, e mais eu
fugia do mundo e passava só a respirar aquelas coisas todas que ias gritando
enquanto corrias à minha frente. Parei. Não que quisesse. Mas... Abri os
olhos. E, assim que os abri, estávamos os dois no chão, tu, agarrado à minha
face, murmurando umas palavras cujo significado eu não conseguia
perceber, mas que me entoavam na alma como uma chávena de leite bem
quente numa típica noite de Inverno.
Num impulso, a que prefiro culpar o vento, fez-se em mim uma incontrolável
vontade de te saber de cor. Cada cor, cada linha, cada som. Mais
surpreendido do que eu estava o meu querer que se confundia entre o ouvir a
tua voz e tocar a tua face. Sem perceber exactamente porquê, enquanto o
teu perfume se chegou a mim quanto era fisicamente possível, depois
daquela eternidade que se escreveu do teu respirar confundindo-se com o
meu, senti os teus lábios e deixei de sentir os meus. Naquele ir e vir de mim
mesma, de te sentir e ser sentida sem sentir, fiz da razão uma coisa pequena
a que devo dar ouvidos quando tu te fazes ausente. Não podia ser verdade.
Pode, sim. Se quiseres, tudo pode ser verdade. Por muito que queira que
seja verdade, tu não deixas que o seja. Foges da verdade. Não fujas. Pára
um pouco. Por que não dás uma oportunidade à verdade? Podemos fazer
tudo! Tudo? Tudo! Então, quero mudar o mundo. Tu e eu. Mas como? O
mundo é tão grande! Não me interessa... Quero mudar o mundo, nem que o
mundo seja só a minha rua. A nossa rua. E nessa rua quero que me amem....
Que me ames... Assim... Perdidamente.

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  • 2. tudo! Tudo? Tudo! Então, quero mudar o mundo. Tu e eu. Mas como? O mundo é tão grande! Não me interessa... Quero mudar o mundo, nem que o mundo seja só a minha rua. A nossa rua. E nessa rua quero que me amem.... Que me ames... Assim... Perdidamente.