SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 31
Baixar para ler offline
A Cultura da Cana-de-açúcar
1. Importância
A agricultura brasileira desempenha um importante papel no desenvolvimento do
País, gerando emprego, renda e divisas. Nesse contexto está inserida a cana-de-açúcar,
matéria-prima para a fabricação do açúcar e do álcool, além de outros subprodutos, tendo
nos colocado como líder mundial do setor. A cana-de-açúcar está ligada diretamente à
própria história e desenvolvimento do Brasil.
Apesar de, em épocas passadas, os preços internacionais e nacionais terem
desestimulado esse setor do agronegócio, e de muitos agricultores terem reduzido o manejo
cultural, diminuindo com isso a sua produção, atualmente a taxa interna de retorno tem
aumentado significativamente, fazendo com que o setor tenha um novo impulso.
Com a crise do petróleo e a emergência de novas fontes de energia, a cana-de-
açúcar ganha destaque dada as possibilidades reais do etanol no mercado de energias
renováveis. Nesse sentido, a experiência brasileira é emblemática ao implementar, nos anos
80, o Proálcool, um programa pioneiro de produção de álcool carburante voltado para
abastecer a frota automotiva nacional, tanto para adição na gasolina quanto para
abastecimento de motores exclusivos a álcool. Uma verdadeira revolução na cadeia
produtiva da cana-de-açúcar que teve como âncora a sólida base científica construída desde
os anos 60 com programas de pesquisa como os da Copersucar e do Planalsucar.
Um cenário positivo para o futuro desta cultura é que o mercado internacional se
abrirá, tanto para açúcar, como para o álcool; e, no mercado interno, o veículo flexível
crescerá em vendas e abrirá espaço de demanda, juntamente com o álcool anidro e outros
usos, como matéria-prima para o biodiesel.
Enfim, se o século XX foi caracterizado como o reinado do petróleo, o século XXI
será, sem dúvida, o reinado da agroenergia renovável, ambientalmente limpa, geradora de
empregos permanentes, de renda e de riqueza para o Brasil.
Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel
2
PRODUÇÃO DE CANA - BRASIL (em toneladas)
ESTADOS/SAFRA 00/01 01/02 02/03 03/04 04/05 05/06
NORTE-NORDESTE (*) 50.522.960 48.832.459 50.243.383 60.194.968 57.392.755 49.727.458
CENTRO-SUL 207.099.057 244.218.084 270.406.693 299.120.591 328.727.155 336.856.929
BRASIL 257.622.017 293.050.543 320.650.076 359.315.559 386.119.910 386.584.387
BRASIL - VENDAS DE VEÍCULOS - MERCADO INTERNO
ANOS DIESEL GASOLINA ÁLCOOL FLEX FUEL TOTAL TOTAL
(ALC+FLEX) GERAL
2000 1.188.720 10.292 10.292 1.199.012
2001 1.273.930 18.335 18.335 1.292.265
2002 1.206.664 55.961 55.961 1.262.625
2003 1.108.537 39.707 48.178 87.885 1.196.422
2004 1.077.945 50.949 328.379 379.328 1.457.273
2005(*) 66.368 614.751 27.081 755.810 782.891 1.464.010
2. Histórico
As primeiras notícias sobre a cana-de-açúcar encontram-se nas escrituras
mitológicas dos hindus, mas também na Bíblia fazem referências sobre a cana, em Isaías,
43:24, e Jeremias, 6:20.
Ela, porém, foi considerada como remédio e até como artigo de luxo até o século 18.
Nessa época, as caravelas, antes de iniciarem a travessia do Oceano Atlântico, colocavam
junto com suas provisões a cana-de-açúcar, que era plantada em algumas covas nas terras
abordadas, para servir de suprimentos às expedições posteriores. Sua crescente valorização
como adoçante deve-se ao costume antigo de se adoçar chá, café e chocolate com mel. As
pesquisas científicas mostraram que tanto o açúcar da cana-de-açúcar como o açúcar da
beterraba-açucareira são de valor à conservação da energia vital.
Dessas observações, originou-se a crescente aceitação pela sociedade da época, fato
que perdura até os dias atuais. As suas qualidades como adoçante são relatadas mesmo
antes de Cristo, quando o homem já a conhecia como “algo que produzia mel sem abelhas”.
Nessa época, foi constatado também que uma “bebida embriagante” podia ser fabricada a
partir do seu caldo.
A cana-de-açúcar é uma planta nativa das regiões tropicais, cujo cultivo se estende,
atualmente, aos dois hemisférios. A teoria mais aceita de sua origem considera que ela seja
nativa das ilhas do Arquipélago da Polinésia, sendo Saccharum robustum uma espécie
botânica que se originou no centro de expansão da Nova Guiné.
A produção do açúcar, denominada de “sarkara”, existia na Índia desde 3000 a.C. e
durante muito tempo o cultivo da cana-de-açúcar foi limitado aos países do Oriente Médio,
Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel
3
no Vale do Rio Eufrates. A partir de 500 a.C., os persas guardavam o segredo da fabricação
do açúcar, que era comercializado com os romanos. As conquistas árabes no Ocidente
disseminaram o cultivo da cana-de-açúcar nas margens do Mar Mediterrâneo, a partir do
século 8.
Nas Américas, a cana-de-açúcar foi introduzida na segunda expedição de Cristóvão
Colombo, em 1493. A cultura da cana-de-açúcar tem acompanhado, através dos séculos, as
nações que foram surgindo, e o seu interesse tem crescido ultimamente, não apenas como
adoçante, mas também como carburante. É senso comum que, a partir do século 15, as
disputas para a conquista e o domínio de vastas regiões tropicais tiveram como motivo
principal a cultura da cana-de-açúcar.
No Brasil, as primeiras mudas foram introduzidas em 1502, provenientes da Ilha da
Madeira, por Martin Afonso de Sousa. O primeiro engenho fundado no Brasil data de 1532.
No início do século 20, uma violenta crise econômica mostrou a necessidade de
organizar a experimentação açucareira no Brasil. Esta crise fez com que os pesquisadores
canavieiros voltassem à árdua missão de manter os seus canaviais em padrões elevados de
produtividade, em toneladas de cana por hectare e nas melhores porcentagens de sacarose.
Criaram-se estações experimentais e programas de melhoramento genético onde a
resistência a pragas e doenças foi considerada assunto prioritário quando da obtenção de
novas variedades.
No Estado de São Paulo, a Cooperativa dos Usineiros do Oeste do Estado de São
Paulo – Copereste – criou, em 1953, no Município de Dumont, região de Ribeirão Preto,
uma estação experimental de pesquisas importantes para aquela região do estado. Em 1968,
a Cooperativa Central dos Produtores de Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo –
Copersucar – deu início a um importante programa de melhoramento genético,
incorporando a Copereste e sua estação experimental.
Em 1971, foi criado, pelo Instituto do Açúcar e do Álcool – IAA-, do então
Ministério da Indústria e do Comércio, o Plano Nacional de Melhoramento da Cana-de-
Açúcar – Planalsucar -, com abrangência nacional. Nessa mesma época, foi instalada a
Estação de Floração e Cruzamento de Serra do Ouro, em Murici, AL. Com a extinção do
IAA e, consequentemente, a do Planalsucar em 1981, as autoridades brasileiras encerraram
o maior programa de melhoramento de cana-de-açúcar do mundo. O acervo técnico dessa
organização passou a fazer parte de universidades.
Em 1991, o Setor de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná associa-
se ao Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de São Carlos para constituírem
Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel
4
a Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento Sucroalcooleiro – Ridesa-, com a
finalidade de dar continuidade à pesquisa gerada pelo Planalsucar. Era o fortalecimento do
sistema produtivo da cana-de-açúcar que, depois de 10 anos de estabelecido, liberou 4
variedades RB (República Federativa do Brasil).
3. Botânica, Fisiologia, Crescimento e Maturação
Atualmente, a maioria dos técnicos aceita a classificação feita por Jeswiet:
Divisão: Embryophyta siphonogama
Subdivisão: Angiospermae
Classe: Monocotyledoneae
Ordem: Glumiflorae
Família: Gramineae
Tribo: Andropogoneae
Subtribo: Sacchareae
Gênero: Saccharum
Espécies: Saccharum barberi: variedades precoces, com teor médio de sacarose e
alta porcentagem de fibra. É resistente ao frio e suscetível ao mosaico. É uma espécie
originária da Índia e, por esse motivo, as suas variedades são conhecidas como Canas
Indianas. A representante típica dessa espécie é a “Chunee”.
Saccharum edule
Saccharum officinarum: constituída pelas “canas nobres”, apresentam alto
teor de açúcar e baixa porcentagem de fibra. Seus colmos são grossos (3,5 cm ou mais de
diâmetro) e enquadram-se na categoria de canas tropicais. São exigentes quanto ao clima e
solo. Possuem um sistema radicular reduzido e superficial. Suscetíveis ao mosaico e sereh.
As principais variedades são: Badila, Black Cheribon, Cristalina, Loethers e Riscada.
Saccharum robustum: é uma espécie com representantes muito altos, os
seus colmos podem atingir até 10m de altura e são utilizados como cercas vivas. Baixo teor
de sacarose e alta porcentagem de fibra. São canas selvagens, que se adaptam às inúmeras
condições ambientais, mas suscetíveis ao mosaico. As variedades gigantes da Nova Guiné
são suas representantes típicas.
Saccharum sinensis: canas chinesas ou japonesas. Vegeta bem em solos
pobres e secos. Possui um sistema radicular bem desenvolvido. Seus colmos finos (de 1,8 a
2,2 cm de diâmetro) e compridos (até 5m de altura) com internódios longos e fibrosos. Os
internódios são frequentemente alongados e avantajados. Seu biótipo característico é a cana
Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel
5
“Ubá”, cultivada na China Continental e em Formosa. Não se deve confundir com a cana
“Ubá” encontrada no Brasil, também conhecida por cana Flecha, e pertence ao gênero
Gynerium.
Inflorescência da cana Flecha encontrada no Brasil
Saccharum spontaneum: canas selvagens, os colmos são curtos e muito
finos (o diâmetro não ultrapassa 1,5 cm). Perfilham abundantemente e contêm um alto teor
e fibra. Possuem sistema radicular bem desenvolvido e vegetam bem, mesmo em situações
adversas. Não possuem valor industrial.
Deve-se ter em mente que as variedades cultivadas comercialmente não são na
verdade, variedades botânicas e sim um “Complexo de Saccharum”. Elas são provenientes
de um cruzamento inicial e interespecífico entre os gêneros Saccharum, Ripidium e
Sclerostachya.
A cana-de-açúcar se desenvolve caracteristicamente em forma de touceira. Possui,
como a maioria das espécies, uma parte aérea formada por colmos, folhas e inflorescências,
e uma outra subterrânea, constituída de raízes e rizomas.
As raízes são fasciculadas, podendo atingir até 4 m de profundidade. A maior
concentração delas (85%) situa-se nos primeiros 50 cm e, entre os primeiros 20-30 cm,
verificam-se 60% das mesmas.
Os rizomas possuem nódios, internódios e gemas. Estas são responsáveis pelo
aparecimento dos perfilhos, formados na touceira, característica também de outras
gramíneas. São os rizomas que irão brotar, após a colheita, dando origem às novas touceiras
tanto da soca como da ressoca.
O colmo é a parte da planta que fica acima do solo, sustentando as folhas e a
panícula. O seu porte apresenta-se como: ereto, semi-ereto ou decumbente, cujo
Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel
6
comportamento pode variar com a idade da planta. O entouceiramento pode-se apresentar
como fraco, médio ou forte. O capitel mostra-se ralo, médio ou fechado. O colmo é
constituído por nódios e internódios.
Rizomas de cana-de-açúcar fornecedores de touceiras em cana soca e ressoca
Detalhe do capitel da cana-de-açúcar
O nódio é uma região muito importante para a descrição de variedades de cana-de-
açúcar. Ele engloba a gema, o anel de crescimento, a cicatriz foliar e a zona radicular. A
zona radicular apresenta uma variação muito grande, entre as variedades já descritas.
A gema é a porção do colmo de grande utilidade na identificação das variedades. A
gema é formada de reentrâncias e de um poro germinativo que, ao germinar, emite um
Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel
7
broto, dando origem a um novo colmo. A gema pode ainda apresentar pêlos e asas. Estas,
formadas por prolongamentos ou saliências delgadas estendidas até a metade da gema, são
estreitas ou largas e apresentam ou não uma formação de pêlos.
Entre a implantação da gema e a cicatriz foliar, há ou não um espaço que, quando se
faz presente, se denomina almofada.
Algumas formas de nódios encontrados em cana-de-açúcar.
Detalhe do nódio e da bainha.
Detalhe do nódio apresentando lábio na cicatriz foliar.
Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel
8
Tipos de gemas, algumas delas apresentando asas.
O anel de crescimento pode ser estreito (com menos de 3 mm), médio (entre 3 e 4
mm) ou largo (com mais de 4 mm). Situa-se na base do internódio, podendo ser reentrante,
plano ou saliente, e a sua cor difere das demais cores das outras partes do colmo.
A cicatriz foliar apresenta-se como um anel seco, de tecido marrom, deixado pela
base da bainha da folha quando ela, por si mesma, se destaca do colmo. A cicatriz foliar
pode-se apresentar como reentrante ou saliente em relação ao colmo e formar um ângulo
reto ou oblíquo em relação ao internódio. Apresenta ou não um lábio. Este, assim chamado,
é a parte proeminente da saliência da cicatriz foliar.
A zona radicular é a região que abriga a gema e os primórdios radiculares. Situa-se
entre o anel de crescimento e a cicatriz foliar; mostra-se estreita (com menos de 6 mm),
média (entre 6 e 8) e larga (com mais de 8 mm), podendo ser plana, reentrante ou saliente.
A sua cor é semelhante à do internódio.
Os primórdios radiculares são pequenos poros, geralmente esbranquiçados, tendo ao
centro um ponto de coloração castanha ou lilás. Quando a planta germina, eles emergem,
crescem e formam o conjunto de raízes. São em número bastante variável e podem estar
alinhados ou dispostos irregularmente.
O internódio ou entrenó é a parte do colmo situada entre dois nódios, podendo-se
apresentar de várias formas. Todas estas formas podem se apresentar de maneira reta,
curvada ou em ziguezague com relação ao colmo. O diâmetro pode ser fino (menor que 2
cm), médio (entre 2 e 3 cm) e grosso (com mais de 3 cm), podendo conter ou não:
rachaduras, cera e ranhura da gema. Sua polpa exibe as colorações branca, verde creme ou
Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel
9
castanha, e a cor da casca pode variar do amarelo ou vermelho, modificando-se, às vezes,
com a exposição ao sol.
Nos internódios mais velhos, aparecem, frequentemente, algumas manchas de
coloração clara chamadas marcas do tempo.
Diferentes tipos de internódios
A folha é ligada ao colmo, na região nodal, formando duas fileiras opostas e
alternadas ao longo do colmo. A folha é constituída de lâmina foliar, bainha e colar.
A borda da lâmina foliar é toda serrilhada, diferindo de aspecto conforme a
variedade. Pode se apresentar com os seguintes aspectos: ereta até o topo; dobrada ou
curvada próximo ao topo e curvada em sua altura média. O comprimento, a largura e a cor
se modificam de acordo com a variedade e com as condições do meio-ambiente.
A bainha é a parte compreendida entre a sua ligação com o colmo, na região nodal,
com a borda inferior da lâmina. Ela é sempre colorida e pode apresentar-se aderida ou
semi-aderida, possuindo ou não cera e pêlos. Estes podem variar em quantidade e arranjos,
os quais são designados por números convencionais. O pêlo 57 (joçal) é o mais importante.
Na ausência de pêlos, a bainha é chamada glabra e, na presença de grande quantidade de
cera, de glauca. A sua cor contrasta com as demais regiões da folha, e a sua borda superior
é geralmente seca. A bainha contém um colar representado pela junção da lâmina foliar
com a bainha propriamente dita.
O colar é uma região importante para sua identificação botânica. É nela que se
encontram o dewlap, a lígula e a aurícula, assumindo formas e posições diversas. É nessa
região que existe a maior diversificação de pêlos.
Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel
10
O dewlap é também designado por triângulo da junta, triângulo do joelho ou
papada. Possui uma dobra que facilita o movimento da folha. A sua cor varia com a idade
da planta e a camada de cera, podendo diferir em ambas as faces.
A lígula é uma membrana pequena e fina que envolve a parte intermediária do
colmo, na base da lâmina, apresentando-se de várias formas.
A folha nem sempre possui aurícula. Quando esta se encontra presente, localiza-se
nas extremidades superiores da bainha, ocupando um ou ambos os lados da mesma.
Apresenta-se em forma de lóbulos mais ou menos triangulares. Denomina-se deltóide,
quando pequena, e lanceolada, quando grande. Algumas variedades, no entanto, apresentam
uma aurícula na forma unciforme, curvada para dentro ou fora da bainha.
Diferente tipos de dewlap encontrados na cana-de-açúcar
Forma de lígulas encontradas em cana-de-açúcar
Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel
11
Tipos de aurículas encontradas na cana-de-açúcar
A inflorescência da cana-de-açúcar é uma panícula aberta vulgarmente denominada
flor, bandeira ou flecha. É formada por eixo principal, a raque, de onde se originam as
ramificações secundárias e terciárias, tomando o formato conoidal. Na base destas e no
ápice daquelas encontram-se, aos pares, espiguetas, sendo uma séssil e outra pedicelada.
Em cada espigueta, encontra-se uma flor que, consequentemente, irá produzir um fruto.
A gema apical do colmo transforma-se em gema floral e, esta, em panícula.
A flor propriamente dita é hermafrodita, apresentando-se em sua base um ovário em
forma ovalada. Em seu interior, encontra-se um único óvulo, ligado à parede do ovário por
uma placenta larga, e, em sua extremidade superior, encontra-se dois pistilos encimados por
estigmas plumosos de coloração vermelho-arroxeada.
Inflorescências da cana-de-açúcar
Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel
12
O órgão masculino é constituído por três estames formados por filamentos
adelgados e brancos, que sustentam as anteras de coloração amarela ou roxa, característica
própria para cada variedade. São fixadas dorsalmente e divididas em dois lóbulos por uma
linha longitudinal. É nas anteras que se encontram os grãos de pólen.
Anteras da cana-de-açúcar
O fruto é um cariopse de forma elíptica alongada, com dimensões de
aproximadamente 1,5 a 0,5 mm, apresentando uma pequena depressão na região do
embrião.
Os pêlos são de grande importância na identificação de uma variedade,
principalmente os que levam o número 57, denominado vulgarmente de joçal, agrupado nas
costas da bainha, e o grupo 60, existente não só na bainha como no colar. Assim, eles são
encontrados na região nodal, nas gemas, no dewlap, na bainha, etc.
Pêlos encontrados em folhas de cana-de-açúcar
Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel
13
Historicamente, as diferentes variedades de cana-de-açúcar, depois de alguns anos
de cultivo contínuo, se degeneram, por causas ainda desconhecidas, necessitando ser
substituídas por outras. Isso tem acontecido em todos os países produtores.
De uma partida de variedades de canas importadas de Barbados e cultivadas no
Brasil, em uma coleção de variedades do Planalsucar, são apresentados os dados a seguir.
São um exemplo prático de como devem ser descritas botanicamente as variedades
comerciais, com suas características mais importantes.
B3337: Cor do colmo: exposta, vermelho-escura; não exposta, de vinho para
púrpura. Anel de crescimento, verde, e primórdios radiculares, creme. Diâmetro, de grosso
para médio. Aurículas, ausentes. Pouca cera. Dewlap, de púrpura para verde-púrpura.
Muito pouco joçal.
B3439: Cor do colmo: exposta, amarela para castanha; não exposta, amarela, com
pouca cera. Diâmetro médio. Uma aurícula pequena e outra ausente. Dewlap verde-
púrpura. Joçal médio. Um pouco de pêlo. Colar, aberto.
Outras variedades: B37172, B41211, B44341, B45151, B46364.
A cana-de-açúcar se propaga comercialmente por via assexuada, por meio da
germinação de suas gemas. No Brasil, o segmento do colmo a ser multiplicado
vegetativamente recebe denominações regionais. Nas regiões Norte e Nordeste, ele é
denominado de rebolo; nas regiões setentrionais de Minas Gerais, ponta; e, na Região
Centro-Sul, tolete. O tolete é constituído de um segmento do colmo contendo de 2 a 4
nódios, vulgarmente chamados de gemas. O conjunto “folhas e bainhas”, quando retirado
dos colmos, é denominado de palha ou palhiço.
Tolete é, portanto, um segmento do colmo resultante do seccionamento, executado
manualmente com o facão, ou mecanicamente, com a colheitadeira. Quando feita
manualmente, é realizada dentro dos sulcos de plantio, bastante irregular, deixando pontas
fora dos sulcos, que normalmente não brotam. As gemas se desenvolvem, para formar um
novo colmo, quando não houver mais a influência da ação inibidora de enzimas produzidas
pela gema apical. Nas gemas laterais, essas enzimas estão em estado latente, cujo fenômeno
é denominado de “predominância apical”. Quando o colmo não é dividido em toletes, há
uma propensão para fazer vegetar somente as gemas da base e da ponta do mesmo,
provocada pela ação das enzimas.
Observa-se, na prática, que as lavouras industriais recebem canas inteiras para o
plantio, que são cortadas, irregularmente, dentro do sulco.
Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel
14
Tolete
Os colmos, ainda em crescimento, já possuem gemas, folhas e primórdios
radiculares em estado latente que não se desenvolvem em consequência da dominância
apical.
Em síntese, a propagação vegetativa da cana-de-açúcar consiste no desenvolvimento
dos diferentes órgãos que compõem a sua região nodal. A gemas formará a parte aérea da
nova planta e os primórdios radiculares darão origem às suas raízes. A brotação se
comporta de maneira diversa para cada variedade. Em algumas, a parte aérea se desenvolve
antes da subterrânea; em outras, dá-se o inverso. Há casos, porem, em que o
desenvolvimento da parte aérea ocorre simultaneamente com o da subterrânea.
As gemas mais próximas da ponta do colmo germinam mais facilmente do que as
demais, em decorrência da dominância apical. Por essa razão é que se recomenda cruzar os
ápices com as bases dos colmos, vulgarmente denominado cruzamento pé com a ponta,
tomando-se o cuidado de proporcionar uma população de 15 a 18 gemas por metro de
sulco.
A gemas necessita de quantidades consideráveis de energia e sais minerais para se
transformar em uma nova planta. Nesse período, não devem faltar nutrientes, pois o
perfilhamento da touceira depende de uma boa germinação.
Nos toletes, também pelo princípio da dominância apical, as gemas mais novas
germinam antes que as mais velhas. Plantas que sofreram geadas não seguem esta regra. Os
colmos geados apresentam brotações completamente anormais.
A germinação pode ser influenciada por fatores intrínsecos (variedade, idade e
sanidade das mudas) e externos (pragas e doenças, temperatura, umidade do solo).
Uma variedade pode ou não germinar melhor do que a outra. Não só a variedade
mas também o número de gemas por tolete contribuem para a variabilidade de
Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel
15
comportamento no processo reprodutivo da cana. Os toletes com três gemas apresentam
melhor índice de brotação. As gemas do terço inferior do colmo de algumas variedades têm
dificuldade para brotar.
Brotação irregular do colmo em virtude da ação da geada
Os colmos velhos, com idade superior a 12 meses, são desaconselhados para a
propagação da cana. Eles possuem menor quantidade de glicose e de sais minerais do que
os mais jovens. É fácil reconhecer um plantio com mudas de mais de um ano de idade, pois
falta vigor de brotação, e as folhas, aparentemente, se apresentam mais estreitas e curtas do
que em plantações executadas com mudas mais jovens. Essa diferença poderá ser corrigida
por meio de uma adubação nitrogenada complementada por algumas irrigações. A idade
das mudas mais recomendada para isso situa-se entre 6 e 8 meses.
Um material isento de pragas e doenças germinará melhor do que os danificados por
elas. Colmos provenientes de uma área bem adubada e sem ter sofrido seca ou geada irão
germinar melhor do que outros que sofreram situações adversas. Na prática, verifica-se um
colmo sadio apertando-se algumas gemas com o dedo. A facilidade de penetração da unha
na gema, no sentido vertical do colmo, é uma característica de boa qualidade física das
mudas.
A temperatura ideal para a germinação da cana-de-açúcar situa-se em torno de 27o
C.
Suas raízes se desenvolvem com menor quantidade de calor do que a parte aérea. Em
temperaturas de solo inferiores a 12o
C porém, o crescimento do sistema radicular é muito
reduzido, enquanto, para o desenvolvimento aéreo, a temperatura deverá ser acima de 15o
C.
Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel
16
Temperaturas de solo acima de 35o
C inibem a brotação das gemas em colmos com idade
superior a 18 meses.
A umidade também exerce influência no processo germinativo. A umidade ideal
para a brotação situa-se na faixa de 15% a 25%, e os solos bem arejados a facilitam.
Sementes de cana-de-açúcar em processo de germinação
Após a germinação, as gemas do tolete iniciam o crescimento, dando origem aos
colmos. As gemas do rizoma que estiverem no solo, por sua vez, também germinarão,
constituindo os colmos do perfilhamento. Este precede o crescimento e é o responsável pelo
fechamento da cultura, diretamente influenciado pelo espaçamento entre as linhas de
plantio, a densidade populacional da área plantada e a luminosidade. Uma adubação
adequada, aliada a uma temperatura e umidade ideais, favorece o perfilhamento que,
quando aparece tardiamente, prejudica a qualidade do caldo na sua industrialização, pela
diversidade de maturação da população.
Após perfilhar, a planta cresce. Esse crescimento engloba três processos: divisão,
diferenciação e alongamento celular. Quando a planta cresce, além de aumentar o seu
comprimento, aumenta também o seu diâmetro e, consequentemente, o seu peso.
Proporcionalmente, aumenta também a sua matéria seca.
O crescimento da parte aérea engloba o crescimento do caule e das folhas. O
crescimento máximo acontece na panícula, decrescendo, em intensidade, das partes
superiores para as inferiores. As folhas mais velhas, ao secarem podem ou não destacarem-
Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel
17
se da bainha. Uma folha tem durabilidade média de 60 a 90 dias. O tempo decorrido entre o
aparecimento de duas folhas subsequentes é de 5 a 8 dias. Folhas não caducas constituem
um fator muito importante no mecanismo de armazenamento do açúcar pela planta, que é
utilizado na formação da celulose e nos processos de respiração e maturação da mesma. O
açúcar, por sua vez, sofre na planta uma translocação das folhas para o colmo, acumulando-
se neste, que é o fornecedor da matéria-prima a ser industrializada.
O colmo, em condições normais, tem um longo período de crescimento não
constante. Na cultura de 18 meses, por exemplo, possui duas épocas de crescimento
intenso: uma, no período chuvoso, e outra, logo após o frio. Se no período de crescimento
houver condições adversas, surgirão ao longo do colmo internódios curtos denominados
carretel.
O sistema radicular apresenta três tipos de raízes, as absorventes e superficiais, as
profundas e entrelaçadas em feixe e as grossas e suculentas, que são intermediárias às
anteriores. O sistema radicular da soca e ressoca é mais superficial do que o da cana-planta,
e 60% de suas raízes encontram-se a uma profundidade de 30 cm.
A maturação da cana-de-açúcar é considerada completa no momento em que a
planta apresente o maior rendimento industrial. A maioria das variedades comerciais
existentes na Região Centro-Sul do Brasil tende a alcançar o ponto máximo de maturação
de 2 a 3 meses após o início das safras. A fim de antecipar essa maturação, emprega-se uma
pulverização com amadurecedores químicos que, aplicados por via foliar, aumentam o teor
de sacarose na cana, possibilitando uma colheita mais lucrativa. O campo estará apto a ser
cortado quando o teor de açúcar apresenta uma leitura média de 18o
Brix.
Quanto a composição da cana-de-açúcar, esta apresenta 74,50% de água, 10% de
fibra, 12,50% de sacarose e 3% de outros elementos.
4. Necessidades hídricas, Adubação e Calagem
A cultura da cana necessita de grandes quantidades de água para suprir as suas
necessidades hídricas, uma vez que somente 30% do seu peso é representado pela matéria
seca e 70%, pela água.
Sua capacidade em absorver água pelas folhas é maior do que em qualquer outra
gramínea, no entanto, são as raízes, através dos seus pêlos absorventes, as responsáveis pela
maior quantidade de absorção de água.
A translocação de água através do colmo pode ser observada colocando-se alguns
colmos cortados em um balde com água. Em um breve espaço de tempo, o volume de água
Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel
18
diminuirá, mostrando uma rápida translocação de água por eles. Uma outra observação
pode ser feita no campo, com as partes dos colmos que sobram das touceiras após o corte.
Verifica-se, na incisão do mesmo, uma exsudação intensa, indicando a presença de uma
pressão vertical, enviando seiva, do sistema radicular para as partes mais altas da planta.
A cana, além de absorver água, também a exsuda através da cutícula e dos
estômatos. A exsudação mais intensa, em toda a planta, verifica-se no terço superior das
folhas. A perda por transpiração é muito pouca, sendo da ordem de 1%. A variedade, por si
mesma, influencia o mecanismo de absorção e exsudação da água pela planta. Assim, as
variedades de folhas estreitas, por terem menor superfície foliar, transpiram menor
quantidade de água do que as variedades de folhas largas. A idade da planta também influi
no processo de transpiração, uma vez que plantas mais jovens têm uma área foliar menor do
que as plantas adultas. Certas variedades enrolam as folhas, quando o calor é mais intenso,
como uma autodefesa da planta contra o excesso de evapotranspiração.
Uma planta sadia apresenta um bom aspecto foliar, com cerca de 12 folhas por
colmo e este com diâmetro médio para uma variedade comercial; possui ainda um porte
ereto e um sistema radicular capaz de sustentá-la, evitando, com isso, o acamamento. A
variedade apresentará, certamente, todas estas características, se for alimentada
adequadamente. As plantas de aspecto raquítico e com internódios curtos, provavelmente,
podem estar sofrendo de deficiências minerais. Poderão também estar sendo atacadas por
predadores do solo ou, mesmo, intoxicadas por produtos químicos.
A cultura da cana-de-açúcar é grande extratora de nutrientes do solo. Para formação
de 1 t de colmo, a literatura tem indicado variações de 0,9 a 1,32kg de nitrogênio; 0,20 a
0,69 kg de P2O5; 1,2 a 1,8 kg de K2O; 0,70 a 0,95 a CaO; 0,56 a 0,86 de MgO e 0,30 a 0,36
de S. A quantidade de nutrientes a ser suprida pela cultura pode ser dada pela expressão:
“quantidade de nutrientes = (necessidade da planta – reserva do solo).f”. O fator f, de
aproveitamento do fertilizante pelas raízes da planta, visa corrigir as possíveis perdas
sofridas nos processos que ocorrem entre a aplicação do fertilizante e a absorção, entre elas
a perda por erosão, volatilização (no caso da uréia e aquamônea), lixiviação (para nitrato e
potássio), fixação (para fosfato), queima da palhada (volatilização do N e SO2).
Em função dessas perdas, pode-se estimar a percentagem média de aproveitamento
dos nutrientes, a saber 30 a 40% para o fósforo e 70% para o potássio. Em relação ao
nitrogênio, sua ação no solo é muito influenciada pela matéria orgânica e, sendo assim, o
aproveitamento é extremamente variável. No caso da cana-soca, o aproveitamento está na
faixa de 25 a 30% e, na cana-planta, o valor é mais baixo.
Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel
19
Os trabalhos da Copersucar tem indicado na média, 30 a 40 kg/ha de N. A aplicação
seria feita somente no fundo do sulco. Não há nenhuma contra-indicação quanto ao uso
das diversas formas de N, no caso uréia, nitrato de amônia e sulfato de amônio.
Para o a adubação fosfatada, considerando uma aplicação no sulco de plantio de 150
kg de P2O5 em solo argiloso, com baixo teor de fósforo; uma fixação pelo solo de 30%;
uma extração de 0,43 kg de P2O5/t de massa verde e uma produtividade no ciclo de 400t. A
quantidade de P2O5 necessária pela cultura no ciclo é 172 kg e a quantidade existente no
solo (deduzida a quantidade fixada) é 105 kg. Nesse exemplo há um déficit de 67 kg de
P2O5, que deveria ser reposto nas socas mais velhas, pelo menos para suprir a cultura.
Como a maioria dos solos brasileiros cultivados com a cana apresenta baixa
quantidade de potássio não trocável, o equilíbrio Knão trocável e Ktrocável não é importante.
Sendo assim, o Ktrocável seria a única reserva disponível que controla o K em solução.
Devido a essa característica, o teor de Ktrocável no solo é um parâmetro seguro na
recomendação da quantidade desse elemento nas adubações, usando as curvas de
calibração.
Além do N-P-K, o cálcio também é um elemento necessário à boa nutrição da
cultura. A cultura deve receber 400 kg/ha/ano de cálcio, que pode ser suprido por meio de
calcário ou gesso.
Uma das limitações dos solos na região tropical úmida é a baixa fertilidade em
profundidade, e isso se reflete no menor volume explorado pelo sistema radicular e, em
consequência, na menor produtividade. Em cana-de-açúcar, a profundidade do sistema
radicular no Brasil atinge os 60 cm, contra 160 cm em outros países. Portanto, um dos
objetivos no manejo da fertilidade desses solos é favorecer o maior volume de exploração
radicular. Em trabalho feito no Brasil Central, observou-se que, após a calagem, houve
redistribuição de cálcio até 100 cm de profundidade.
A partir da década de 1990, principalmente nos Estados Unidos, foi desenvolvida a
aplicação pontual de fertilizantes, com objetivo de racionalizar o uso de insumos e
corretivos, assim como reduzir o impacto ambiental. Tal tecnologia tem sido desenvolvida
com maior rapidez em culturas anuais, inclusive no Brasil, porém em cana-de-açúcar tem-
se encontrado uma série de limitações ao seu emprego.
A principal limitação ao emprego desse sistema em cana, além do maior custo, tem
sido o desenvolvimento de equipamentos para a obtenção do mapa de produtividade.
Posteriormente, com o mapa obtido, há dificuldades ou impossibilidade de se avaliar, com a
Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel
20
rapidez necessária, os fatores limitantes que estão induzindo a variabilidade na
produtividade.
Além disso, e supondo que haja essa avaliação, é dúvida se haveria tempo suficiente
para, através das práticas agrícolas, atenuar tais limitações. Em termos de evolução, é viável
nesta cultura o desenvolvimento de aplicação pontual de corretivos e fertilizantes, que é o
segmento mais fácil de ser resolvido.
5. Preparo do solo e plantio
Sulcação e adubação de plantio
Plantio e distribuição de mudas no sulco; Usina da Barra, Barra Bonita, SP; 2001.
Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel
21
Para que haja a conservação do solo na cultura da cana-de-açúcar, diversos fatores
devem ser devidamente analisados, antes de sua implantação, entre eles, o tipo de solo, o
tipo de corte (se mecânico ou manual); a época de plantio e de colheita; o sistema de
preparo; o tipo de traçado (se em nível ou reto); a cobertura do solo com outras culturas ou
com palha, e o tamanho dos talhões.
Os principais tipos de solos cultivados na região Centro-Sul são os Latossolos,
Terra Roxa Estruturada (Nitossolo Vermelho férrico), Podzólicos Vermelho-Escuros
(Nitossolo Vermelho), Solos com gradiente textural, Arenosos profundos, Argilosos de
drenagem lenta (Vertissolos) e Solos da região nordestina (Latossolos Vermelhos-Amarelos
e Amarelos).
Quanto ao sistema de preparo, este pode ser convencional, reduzido ou plantio
direto, devendo ser feita uma adequada avaliação global do sistema.
A associação de culturas secundárias no sistema de preparo do solo (tais como soja,
amendoim, crotalária) é de fundamental importância no manejo. Além de manter o solo
coberto no período de maior precipitação, reduzindo os perigos de erosão, a cultura
secundária permite atenuação do custo de plantio, como no caso da soja e do amendoim
(redução de até 30%), assim o plantio em épocas inadequadas, como no caso da crotalária
juncea, em solos podzolizados arenosos. Essa leguminosa pode extrair quantidade de
nutrientes comparativamente a outras leguminosas, teores esses que podem ser deduzidos
da necessidade de adubação da cana. Além disso, seu uso pode proporcionar acréscimo de
produtividade à cana-de-açúcar.
O plantio da crotalária é feito em outubro-novembro, após o preparo convencional
do solo, usando 20 a 25 kg/ha de semente. A partir de fevereiro, o manejo dessa leguminosa
consiste em não incorporá-la ao solo, mas sim mantê-la na superfície, usando rolo-faca, em
caso de solo arenoso, ou apenas derrubando-a com o trator, por ocasião da sulcação, em
caso de solo argiloso. Tal procedimento permite que o solo fique coberto por ocasião do
plantio da cana, reduzindo o processo erosivo e de compactação. Além disso, o sistema
radicular pivotante dessa leguminosa age como descompactador do solo. Dentro desse
contexto, tem sido usado, por algumas usinas, o plantio direto da soja na soqueira da cana.
O esquema tem sido o seguinte: liberação da área para reforma; instalação dos sistema
viário e conservacionista; aplicação dos corretivos; erradicação química da soqueira;
plantio de soja na entrelinha da soqueira; colheita da soja; sulcação e plantio da cana. Para o
êxito desse sistema de manejo, é necessário que o solo tenha razoável fertilidade, assim
como níveis não comprometedores de compactação.
Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel
22
Terraço com retenção de água em área recém-plantada
Os tipos de terraços usados, assim como as vantagens e desvantagens são as
seguintes:
● Embutido: são considerados os mais resistentes, em relação à erosão, e muito
usados, também, em áreas de corte mecanizado. Não permite o cruzamento de
máquinas e equipamentos.
● Embutido invertido: usado em área declivosa, entre 8 e 12%, para o caso de corte
mecanizado, ou em maior declividade em corte manual. Tem as seguintes
vantagens: maior captação de água, permite o corte mecanizado em toda a sua área;
facilita o carregamento no corte manual, pois a carregadeira trabalha dentro do canal
do terraço e não nas costas, como no embutido convencional.
● Base larga: usado até a declividade de 6%. Vantagens: permite o corte mecanizado
em toda a sua largura e o cruzamento de máquinas e equipamentos. Desvantagem:
terraço mais fraco que o embutido.
● Canal: usado em solos com deficiência de drenagem. Desvantagem: maior risco de
assoreamento, necessitando de mais manutenção; perigo durante as operações
noturnas, quando pode provocar acidentes.
A sulcação em nível, associada ou não a terraços, tem sido o sistema
conservacionista mais comum usado pela maioria das usinas. A distância vertical (DV)
mais usual entre terraços tem sido de 5 m, havendo casos de distância menor, de 2,5m,
como em certos solos podzolizados arenosos.
Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel
23
Sulcação em plantio intercalar
O tamanho dos talhões é um dos fatores que envolve o sistema conservacionista,
sendo dependente de uma série de parâmetros (entre eles a quantidade de cana a ser cortada
no dia; o tipo de solo; a declividade do terreno). Áreas inclinadas e argilosas apresentam
maior quantidade de carreadores e, com isso, menor tamanho dos talhões. Em áreas de boa
topografia, o tamanho médio dos talhões é de aproximadamente 12 a 15 ha, para solos de
boa fertilidade, e de 15 a 20 ha, para solos de baixa fertilidade. Não são aconselháveis
sulcos muito longos, como de 800 a 900 m, pois podem favorecer a compactação e
dificultar os trabalhos de manutenção de máquinas e equipamentos. O comprimento deve
ficar na faixa de 400 a 500 m, em solos argilosos, e 500 a 600 m, em solos arenosos.
Porém, a sulcação deve ser contínua entre os talhões, para permitir rendimento melhor das
operações mecanizadas.
Para uma grande eficiência no corte mecanizado, o sistema de traçado tem que ser
reto e longo (acima de 800 m). Num sistema como esse, a presença de terraços é um
empecilho, e muitos técnicos tem evitado a sua construção. A sulcação reta, sem nenhum
critério, pode ocasionar sérios riscos de erosão, assim como riscos para a área ambiental.
Dependendo do tipo de solo, a época de plantio é de fundamental importância na
redução do processo erosivo. Assim é que, das épocas tradicionais de plantio, como “cana
de ano” ou “de ano e meio”, surge o plantio de maio a outubro (ou plantio de
outono/inverno) como uma das melhores opções de manejo para solos com problemas de
erosão, entre eles os solos podzolizados e latossolos arenosos, apesar de ser recomendado
Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel
24
para qualquer tipo de solo. Os incovenientes da erosão, encharcamento de sulcos e
assoreamento de plantio deixam de ocorrer.
Em termos estratégicos, plantam-se canas nos solos arenosos até fins de agosto e,
posteriormente, nos argilosos. Quanto às variedades, são sugeridas as precoces no plantio
de maio-junho, as médias até fins de agosto e, finalmente, as tardias.
6. Influência do vento
A ação do vento sobre os canaviais altera as funções fisiológicas das plantas e causa
inclusive danos mecânicos, quando o vento atinge uma determinada intensidade. Tais danos
mecânicos são comparáveis ao efeito de um rolo compressor. Em ambos os casos, ocorre
uma diminuição de produtividade. Outro efeito do vento é a propagação de patógenos,
doenças e sementes de ervas daninhas.
A ação do vento é sempre dupla, provocando danos direta e indiretamente:
Direta: quando a cana-de-açúcar é danificada pelo impacto da força mecânica do
vento, provocando a quebra dos colmos ou a eliminação da soqueira por erradicação.
Indireta: quando os danos provocados pela perda de qualidade intrínseca da cana-
de-açúcar resultam na redução da riqueza da matéria-prima entregue na usina.
Para reduzir a ação do vento, recomenda-se escolher variedades com taxa de
perfilhamento elevada, a fim de aumentar a densidade dos colmos por área, sem contudo
reduzir os espaçamento entre os sulcos.
Aspecto de canavial danificado pelo vento em virtude da baixa tenacidade de
variedade plantada na região compreendida entre Araras e Piracicaba
Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel
25
O vento, por sua ação dissecativa, acentua a evaporação das plantas. Quando essa
ação se intensifica das demais, a planta não consegue compensar as perdas, mesmo
aumentando a circulação de seiva. Esse desequilíbrio provoca a destruição das partes mais
sensíveis. Em geral, são as folhas as primeiras a sofrerem os efeitos, especialmente quando
a temperatura se aproxima de 10o
C.
No inverno, portanto, os ventos frios com pouca umidade são os mais prejudiciais.
Um vento constante de 10 km/h, em uma temperatura ambiente de 4o
C, com duração de
algumas horas durante a madrugada, antes do sol levantar-se, destrói, no caso da cana, a
clorofila das folhas novas logo acima da gema apical. Esses danos são visíveis pela faixa
esbranquiçada que aparece assim que as folhas se libertam da bainha. Temperaturas mais
baixas ainda provocam a queima das folhas e a destruição da gema apical.
A ação dos ventos define-se pela redução na produtividade. As alterações são
observadas em dois níveis:
● Redução do volume na colheita, seja pela quebra e destruição dos colmos acamados,
seja pelo crescimento menor.
● Perda da qualidade dos colmos tombados, pela diminuição do teor de sacarose.
7. Colheita sustentável
A mecanização total ou parcial apresenta-se, atualmente, como única opção para a
colheita da cana, seja do ponto de vista ergonômico ou econômico, ou ainda – e
principalmente – do ponto de vista ambiental, já que apenas o corte mecânico viabiliza a
colheita sem queima prévia, o que, por sua vez, permite o aproveitamento do palhiço.
O bagaço ou palhiço da cana podem ser utilizados também para incrementar a
produção de álcool, por um processo lançado em 2003 pelo Grupo Dedini, de Piracicaba,
denominado de DHR – Dedini Hidrólise Rápida. Diferentemente do processo tradicional de
produção de álcool por meio de fermentação e destilação dos açúcares contidos no caldo da
cana-de-açúcar, esse processo, por atividade química chamada de hidrólise ácida,
transforma o material celulósico do bagaço ou palhiço em açúcares, os quais, fermentados e
destilados, se transformam em álcool. O início de seu desenvolvimento ocorreu na década
de 1980. Foi aprovado e financiado por agências governamentais brasileiras, com recursos
provenientes do Banco Mundial. O processo DHR possui patente mundial.
No atual estádio de desenvolvimento, a produtividade é de 109 litros de álcool
desidratado por tonelada de bagaço in natura, com potencial para atingir 180 litros.
Atualmente, o custo do álcool DHR equivale ao da produção de álcool pelo método
Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel
26
tradicional, com possibilidade futura de se tornar 40% menor que o custo do álcool obtido
do caldo de cana.
Palhiço em soqueira de cana-de-açúcar
Colheita mecanizada
A colheita da cana-de-açúcar processou-se, historicamente, de forma totalmente
manual, desde o corte da base, até o carregamento. Um primeiro passo no sentido da
mecanização foi a introdução de carregamento mecânico dos colmos inteiros. Na década de
1950, surgiu, na Austrália, o princípio mecânico de colheita atualmente utilizado no Brasil,
Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel
27
que combina a operação de colheita com a de carregamento. Trata-se de equipamento que
corta uma linha por vez, utilizando um veículo que trafega paralelamente à colhedora, para
receber a matéria-prima e separar boa parte das folhas e ponteiros, lançando-os ao solo da
área colhida. Os processos convencionais de colheita manual ou mecânica, com queima
prévia, que visam apenas ao aproveitamento dos colmos, são constituídos por uma
sequência de operações simples, que inclui o corte da base, do ponteiro e a picagem ou
empilhamento dos colmos. Em ambos os casos, o aproveitamento do palhiço não faz parte
do processo de colheita. Consequentemente, este é separado dos colmos, mesmo que
parcialmente, e deixado no campo, para posterior recuperação. No caso do corte manual, a
colheita sem queima prévia acarreta restrições ergonômicas e econômicas que inviabilizam
a operação.
Atualmente, essa concepção da colheita está sofrendo modificações, em função de
restrições legais e ambientais ao processo de queima, juntamente com a entrada em foco do
aproveitamento do palhiço, para aplicações não consolidadas ainda comercialmente, tais
como geração de energia e cobertura vegetal para agricultura convencional e orgânica.
Perfila-se dessa forma um novo conceito de cana-de-açúcar, sem queima prévia, que visa ao
aproveitamento integral da planta, envolvendo operações adicionais para a retiradas das
folhas e a disposição adensada de colmos e palhiço para transporte.
Criou-se então, uma forma de mecanização parcial, denominada “auxílio
mecânico”. A unidade consta essencialmente de uma frente de corte com largura de três a
cinco linhas, incluindo um disco flutuante para o corte basal de casa linha; segue um
conjunto de transportadores helicoidais rotativos que conduzem o material até uma célula
de trabalho, com dois operadores por linha, que catam manualmente os colmos, cortam o
ponteiro utilizando um disco cortador disponível para cada linha e encaixam os colmos em
um transportador lateral, que os conduz até um despalhador de rolos. O despalhador retira
as folhas e lança os colmos inteiros até uma carreta de descarga vertical, onde os mesmos
são armazenados ordenadamente, na direção longitudinal de marcha, para manter a
densidade de carga requerida pela operação posterior de transporte. Essa concepção de
lançamento, armazenamento ordenado, descarga vertical e posterior carregamento
convencional mostrou-se tecnicamente viável em diversas frentes de colheita de três usinas.
A frente do equipamento efetua o corte da base e o transporte da massa integral da cana,
sobre um plano inclinado, sem separação entre as linhas.
O equipamento interrompe o corte a intervalos de 8 a 10 minutos (40 a 60 m),
manobra em retrocesso e descarrega montes de aproximadamente 3 toneladas. A velocidade
Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel
28
de deslocamento oscila entre 250 e 500 m/h. A unidade é acionada por um motor de
combustão interna de 36 CV, que servirá de fonte de potência para os circuitos elétricos que
acionarão os dispositivos de corte e limpeza da cana.
Vista lateral do auxílio mecânico
Vista em planta do auxílio mecânico
O corte de base é efetuado pelo princípio de corte inercial (sem contra-faca). As
facas atingem o solo com velocidade de 20-22 m/s, pelo que rapidamente perdem o gume.
O contato das facas com o solo deve ser evitado, para conservar um corte eficiente e, dessa
forma, reduzir as perdas, o teor de terra na matéria-prima e reduzir os danos às soqueiras,
visando a aumentar sua longevidade. Os dois discos do sistema atualmente em uso, definem
um plano de corte de aproximadamente 1,5 m de largura, plano esse que deve descer até a
Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel
29
base da cana, rente ao solo, para evitar perdas (tocos). Nesse processo, os discos cortam o
solo e o conduzem para o interior da máquina, contaminando a matéria-prima e
desgastando o equipamento.
Cortador de disco duplo rígido para dois modos de operação
8. Agroindústria
Ver apresentação no Powerpoint.
9. Pragas e Doenças
Ver apresentação no Powerpoint.
Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel
30
Referências Bibliográficas
Cesnick, Roberto. Melhoramento da cana-de-açúcar. Brasília-DF: Embrapa Informação
Tecnológica, 2004. 307p.
Nussio, Luiz Gustavo. Cana-de-açúcar: cinco séculos fazendo a história agrícola do país.
Visão Agrícola, Piracicaba, ano 1, jan-jun. 2004. 112p.
Sites Consultados
Agrobyte. http://www.agrobyte.com.br
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA
http://www.agricultura.gov.br
Única. http://www.unica.com.br
Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel
31

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Nutrição e adubação do milho
Nutrição e adubação do milhoNutrição e adubação do milho
Nutrição e adubação do milhoGeagra UFG
 
Sistemas de Irrigação no Arroz
Sistemas de Irrigação no ArrozSistemas de Irrigação no Arroz
Sistemas de Irrigação no ArrozGeagra UFG
 
Manejo Integrado de pragas na cultura da bananeira
Manejo Integrado de pragas na cultura da bananeiraManejo Integrado de pragas na cultura da bananeira
Manejo Integrado de pragas na cultura da bananeiraDavid Rodrigues
 
Aula 1 - Cultivo de Arroz.pptx
Aula 1 - Cultivo de Arroz.pptxAula 1 - Cultivo de Arroz.pptx
Aula 1 - Cultivo de Arroz.pptxElisAquino
 
02 A produção e produtividade de cana-de-açúcar no Brasil e no mundo
02 A produção e produtividade de cana-de-açúcar no Brasil e no mundo02 A produção e produtividade de cana-de-açúcar no Brasil e no mundo
02 A produção e produtividade de cana-de-açúcar no Brasil e no mundoClauber Dalmas Rodrigues
 
Cultura da Mandioca
Cultura da MandiocaCultura da Mandioca
Cultura da MandiocaJoão Felix
 
A cultura do Milho
A cultura do MilhoA cultura do Milho
A cultura do MilhoKiller Max
 
cultura do arroz slide simplificado
cultura do arroz slide simplificadocultura do arroz slide simplificado
cultura do arroz slide simplificadoAndre Vinicius
 
Apostila de cana de açucar
Apostila  de cana de açucarApostila  de cana de açucar
Apostila de cana de açucarHeider Franco
 
Introdução à cultura e aspectos econômicos da soja
Introdução à cultura e aspectos econômicos da sojaIntrodução à cultura e aspectos econômicos da soja
Introdução à cultura e aspectos econômicos da sojaGeagra UFG
 
Alface (Lactuca sativa)
Alface (Lactuca sativa)Alface (Lactuca sativa)
Alface (Lactuca sativa)éltoon yagami
 
Introdução à cultura e aspectos econômicos do milho
Introdução à cultura e aspectos econômicos do milhoIntrodução à cultura e aspectos econômicos do milho
Introdução à cultura e aspectos econômicos do milhoGeagra UFG
 

Mais procurados (20)

Nutrição e adubação do milho
Nutrição e adubação do milhoNutrição e adubação do milho
Nutrição e adubação do milho
 
Sistemas de Irrigação no Arroz
Sistemas de Irrigação no ArrozSistemas de Irrigação no Arroz
Sistemas de Irrigação no Arroz
 
Manejo Integrado de pragas na cultura da bananeira
Manejo Integrado de pragas na cultura da bananeiraManejo Integrado de pragas na cultura da bananeira
Manejo Integrado de pragas na cultura da bananeira
 
aulas de friticultura
aulas de friticulturaaulas de friticultura
aulas de friticultura
 
Cultura da Soja
Cultura da SojaCultura da Soja
Cultura da Soja
 
Aula 1 - Cultivo de Arroz.pptx
Aula 1 - Cultivo de Arroz.pptxAula 1 - Cultivo de Arroz.pptx
Aula 1 - Cultivo de Arroz.pptx
 
02 A produção e produtividade de cana-de-açúcar no Brasil e no mundo
02 A produção e produtividade de cana-de-açúcar no Brasil e no mundo02 A produção e produtividade de cana-de-açúcar no Brasil e no mundo
02 A produção e produtividade de cana-de-açúcar no Brasil e no mundo
 
Técnicas de Propagação Vegetativa
Técnicas de Propagação Vegetativa Técnicas de Propagação Vegetativa
Técnicas de Propagação Vegetativa
 
Cultura da Mandioca
Cultura da MandiocaCultura da Mandioca
Cultura da Mandioca
 
Manejo de Irrigação
Manejo de IrrigaçãoManejo de Irrigação
Manejo de Irrigação
 
A cultura do Milho
A cultura do MilhoA cultura do Milho
A cultura do Milho
 
A cultura da banana minicurso
A cultura da banana   minicursoA cultura da banana   minicurso
A cultura da banana minicurso
 
cultura do arroz slide simplificado
cultura do arroz slide simplificadocultura do arroz slide simplificado
cultura do arroz slide simplificado
 
Aula beterraba.pptx
Aula beterraba.pptxAula beterraba.pptx
Aula beterraba.pptx
 
Apostila de cana de açucar
Apostila  de cana de açucarApostila  de cana de açucar
Apostila de cana de açucar
 
Introdução à cultura e aspectos econômicos da soja
Introdução à cultura e aspectos econômicos da sojaIntrodução à cultura e aspectos econômicos da soja
Introdução à cultura e aspectos econômicos da soja
 
Mip- mandioca
Mip- mandiocaMip- mandioca
Mip- mandioca
 
Alface (Lactuca sativa)
Alface (Lactuca sativa)Alface (Lactuca sativa)
Alface (Lactuca sativa)
 
Introdução à cultura e aspectos econômicos do milho
Introdução à cultura e aspectos econômicos do milhoIntrodução à cultura e aspectos econômicos do milho
Introdução à cultura e aspectos econômicos do milho
 
Algodão
AlgodãoAlgodão
Algodão
 

Semelhante a A CULTURA DA CANA DE AÇÚCAR-ANTONIO INACIO FERRAZ

ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA-AGROTÓXICO.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA-AGROTÓXICO.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA-AGROTÓXICO.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA-AGROTÓXICO.ANTONIO INACIO FERRAZ
 
CANA-DE-AÇÚCAR-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICA, AGROPECUÁRIA E S...
CANA-DE-AÇÚCAR-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICA, AGROPECUÁRIA E S...CANA-DE-AÇÚCAR-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICA, AGROPECUÁRIA E S...
CANA-DE-AÇÚCAR-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICA, AGROPECUÁRIA E S...Antonio Inácio Ferraz
 
MONOGRAFIA EM CANA-DE-AÇÚCAR-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICA, AG...
MONOGRAFIA EM CANA-DE-AÇÚCAR-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICA, AG...MONOGRAFIA EM CANA-DE-AÇÚCAR-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICA, AG...
MONOGRAFIA EM CANA-DE-AÇÚCAR-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICA, AG...Antonio Inácio Ferraz
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ
 
broca em cana de açúcar-antonio inacio ferraz é técnico em eletronica/agropec...
broca em cana de açúcar-antonio inacio ferraz é técnico em eletronica/agropec...broca em cana de açúcar-antonio inacio ferraz é técnico em eletronica/agropec...
broca em cana de açúcar-antonio inacio ferraz é técnico em eletronica/agropec...Antonio Inácio Ferraz
 
APOSTILA DE CANA-DE-AÇÚCAR-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICAE AGRO...
APOSTILA DE CANA-DE-AÇÚCAR-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICAE AGRO...APOSTILA DE CANA-DE-AÇÚCAR-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICAE AGRO...
APOSTILA DE CANA-DE-AÇÚCAR-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICAE AGRO...Antonio Inácio Ferraz
 
Projeto de adimministração rural
Projeto de adimministração rural Projeto de adimministração rural
Projeto de adimministração rural Anibia Vicente
 
Royal STA - Projetos humanitários - Helio Fausto Narciso
Royal STA - Projetos humanitários - Helio Fausto NarcisoRoyal STA - Projetos humanitários - Helio Fausto Narciso
Royal STA - Projetos humanitários - Helio Fausto NarcisoLeandro Apolinário
 
Sorgo: Comercialização e Logística
Sorgo:  Comercialização e LogísticaSorgo:  Comercialização e Logística
Sorgo: Comercialização e LogísticaGeagra UFG
 
Livro De Receitas Macauba
Livro De Receitas MacaubaLivro De Receitas Macauba
Livro De Receitas MacaubaBombokado Kado
 
Uma palmeira exótica no cenário brasileiro - o coqueiro gigante. Vol.I
Uma palmeira exótica no cenário brasileiro - o coqueiro gigante. Vol.IUma palmeira exótica no cenário brasileiro - o coqueiro gigante. Vol.I
Uma palmeira exótica no cenário brasileiro - o coqueiro gigante. Vol.ILiliam Da Paixão
 
Trabalho Gestão ambiental
Trabalho Gestão ambientalTrabalho Gestão ambiental
Trabalho Gestão ambientalpaulosergiok5
 
De laboratórios do IAC para as mesas
De laboratórios do IAC para as mesasDe laboratórios do IAC para as mesas
De laboratórios do IAC para as mesasAgricultura Sao Paulo
 
Introdução da cultura da oliveira no Brasil
Introdução da cultura da oliveira no BrasilIntrodução da cultura da oliveira no Brasil
Introdução da cultura da oliveira no BrasilAgricultura Sao Paulo
 
Boletim MarkEsalq Ano 2 Nº8/Novembro 2014 - Milho
Boletim MarkEsalq Ano 2 Nº8/Novembro 2014 - MilhoBoletim MarkEsalq Ano 2 Nº8/Novembro 2014 - Milho
Boletim MarkEsalq Ano 2 Nº8/Novembro 2014 - MilhoMarkEsalq
 
manual_de_atividade_apicula-paginas_versao_final_aprovado_pelo_autor.pdf
manual_de_atividade_apicula-paginas_versao_final_aprovado_pelo_autor.pdfmanual_de_atividade_apicula-paginas_versao_final_aprovado_pelo_autor.pdf
manual_de_atividade_apicula-paginas_versao_final_aprovado_pelo_autor.pdfMOEMAKELLYNOGUEIRADE
 
Cartilha SAE 2011
Cartilha SAE 2011Cartilha SAE 2011
Cartilha SAE 2011nucane
 
Cartilha SAE 2011
Cartilha SAE 2011Cartilha SAE 2011
Cartilha SAE 2011nucane
 

Semelhante a A CULTURA DA CANA DE AÇÚCAR-ANTONIO INACIO FERRAZ (20)

ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA-AGROTÓXICO.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA-AGROTÓXICO.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA-AGROTÓXICO.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA-AGROTÓXICO.
 
CANA-DE-AÇÚCAR-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICA, AGROPECUÁRIA E S...
CANA-DE-AÇÚCAR-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICA, AGROPECUÁRIA E S...CANA-DE-AÇÚCAR-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICA, AGROPECUÁRIA E S...
CANA-DE-AÇÚCAR-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICA, AGROPECUÁRIA E S...
 
MONOGRAFIA EM CANA-DE-AÇÚCAR-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICA, AG...
MONOGRAFIA EM CANA-DE-AÇÚCAR-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICA, AG...MONOGRAFIA EM CANA-DE-AÇÚCAR-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICA, AG...
MONOGRAFIA EM CANA-DE-AÇÚCAR-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICA, AG...
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
 
broca em cana de açúcar-antonio inacio ferraz é técnico em eletronica/agropec...
broca em cana de açúcar-antonio inacio ferraz é técnico em eletronica/agropec...broca em cana de açúcar-antonio inacio ferraz é técnico em eletronica/agropec...
broca em cana de açúcar-antonio inacio ferraz é técnico em eletronica/agropec...
 
APOSTILA DE CANA-DE-AÇÚCAR-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICAE AGRO...
APOSTILA DE CANA-DE-AÇÚCAR-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICAE AGRO...APOSTILA DE CANA-DE-AÇÚCAR-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICAE AGRO...
APOSTILA DE CANA-DE-AÇÚCAR-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICAE AGRO...
 
Projeto de adimministração rural
Projeto de adimministração rural Projeto de adimministração rural
Projeto de adimministração rural
 
Royal STA - Projetos humanitários - Helio Fausto Narciso
Royal STA - Projetos humanitários - Helio Fausto NarcisoRoyal STA - Projetos humanitários - Helio Fausto Narciso
Royal STA - Projetos humanitários - Helio Fausto Narciso
 
Sorgo: Comercialização e Logística
Sorgo:  Comercialização e LogísticaSorgo:  Comercialização e Logística
Sorgo: Comercialização e Logística
 
Livro De Receitas Macauba
Livro De Receitas MacaubaLivro De Receitas Macauba
Livro De Receitas Macauba
 
Uma palmeira exótica no cenário brasileiro - o coqueiro gigante. Vol.I
Uma palmeira exótica no cenário brasileiro - o coqueiro gigante. Vol.IUma palmeira exótica no cenário brasileiro - o coqueiro gigante. Vol.I
Uma palmeira exótica no cenário brasileiro - o coqueiro gigante. Vol.I
 
Trabalho Gestão ambiental
Trabalho Gestão ambientalTrabalho Gestão ambiental
Trabalho Gestão ambiental
 
De laboratórios do IAC para as mesas
De laboratórios do IAC para as mesasDe laboratórios do IAC para as mesas
De laboratórios do IAC para as mesas
 
Introdução da cultura da oliveira no Brasil
Introdução da cultura da oliveira no BrasilIntrodução da cultura da oliveira no Brasil
Introdução da cultura da oliveira no Brasil
 
Boletim MarkEsalq Ano 2 Nº8/Novembro 2014 - Milho
Boletim MarkEsalq Ano 2 Nº8/Novembro 2014 - MilhoBoletim MarkEsalq Ano 2 Nº8/Novembro 2014 - Milho
Boletim MarkEsalq Ano 2 Nº8/Novembro 2014 - Milho
 
Resumo arroz
Resumo arrozResumo arroz
Resumo arroz
 
manual_de_atividade_apicula-paginas_versao_final_aprovado_pelo_autor.pdf
manual_de_atividade_apicula-paginas_versao_final_aprovado_pelo_autor.pdfmanual_de_atividade_apicula-paginas_versao_final_aprovado_pelo_autor.pdf
manual_de_atividade_apicula-paginas_versao_final_aprovado_pelo_autor.pdf
 
Cartilha SAE 2011
Cartilha SAE 2011Cartilha SAE 2011
Cartilha SAE 2011
 
Cartilha SAE 2011
Cartilha SAE 2011Cartilha SAE 2011
Cartilha SAE 2011
 
Cultura do coqueiro
Cultura do coqueiroCultura do coqueiro
Cultura do coqueiro
 

Mais de ANTONIO INACIO FERRAZ

ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ
 
AULA 3-ANATOMIA SISTEMA TEGUMENTAR-ANTONIO INACIO FERRAZ
AULA 3-ANATOMIA SISTEMA TEGUMENTAR-ANTONIO INACIO FERRAZAULA 3-ANATOMIA SISTEMA TEGUMENTAR-ANTONIO INACIO FERRAZ
AULA 3-ANATOMIA SISTEMA TEGUMENTAR-ANTONIO INACIO FERRAZANTONIO INACIO FERRAZ
 
AULA 3-ANATOMIA SISTEMA TEGUMENTAR-ANTONIO INACIO FERRAZ
AULA 3-ANATOMIA SISTEMA TEGUMENTAR-ANTONIO INACIO FERRAZAULA 3-ANATOMIA SISTEMA TEGUMENTAR-ANTONIO INACIO FERRAZ
AULA 3-ANATOMIA SISTEMA TEGUMENTAR-ANTONIO INACIO FERRAZANTONIO INACIO FERRAZ
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ
 
AULA 3-ANATOMIA SISTEMA TEGUMENTAR-ANTONIO INACIO FERRAZ
AULA 3-ANATOMIA SISTEMA TEGUMENTAR-ANTONIO INACIO FERRAZAULA 3-ANATOMIA SISTEMA TEGUMENTAR-ANTONIO INACIO FERRAZ
AULA 3-ANATOMIA SISTEMA TEGUMENTAR-ANTONIO INACIO FERRAZANTONIO INACIO FERRAZ
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ
 

Mais de ANTONIO INACIO FERRAZ (20)

ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
 
AULA 3-ANATOMIA SISTEMA TEGUMENTAR-ANTONIO INACIO FERRAZ
AULA 3-ANATOMIA SISTEMA TEGUMENTAR-ANTONIO INACIO FERRAZAULA 3-ANATOMIA SISTEMA TEGUMENTAR-ANTONIO INACIO FERRAZ
AULA 3-ANATOMIA SISTEMA TEGUMENTAR-ANTONIO INACIO FERRAZ
 
AULA 3-ANATOMIA SISTEMA TEGUMENTAR-ANTONIO INACIO FERRAZ
AULA 3-ANATOMIA SISTEMA TEGUMENTAR-ANTONIO INACIO FERRAZAULA 3-ANATOMIA SISTEMA TEGUMENTAR-ANTONIO INACIO FERRAZ
AULA 3-ANATOMIA SISTEMA TEGUMENTAR-ANTONIO INACIO FERRAZ
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
 
AULA 3-ANATOMIA SISTEMA TEGUMENTAR-ANTONIO INACIO FERRAZ
AULA 3-ANATOMIA SISTEMA TEGUMENTAR-ANTONIO INACIO FERRAZAULA 3-ANATOMIA SISTEMA TEGUMENTAR-ANTONIO INACIO FERRAZ
AULA 3-ANATOMIA SISTEMA TEGUMENTAR-ANTONIO INACIO FERRAZ
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
 
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
ANTONIO INACIO FERRAZ-ESTUDANTE DE FARMÁCIA EM CAMPINAS SP.
 

A CULTURA DA CANA DE AÇÚCAR-ANTONIO INACIO FERRAZ

  • 1. A Cultura da Cana-de-açúcar
  • 2. 1. Importância A agricultura brasileira desempenha um importante papel no desenvolvimento do País, gerando emprego, renda e divisas. Nesse contexto está inserida a cana-de-açúcar, matéria-prima para a fabricação do açúcar e do álcool, além de outros subprodutos, tendo nos colocado como líder mundial do setor. A cana-de-açúcar está ligada diretamente à própria história e desenvolvimento do Brasil. Apesar de, em épocas passadas, os preços internacionais e nacionais terem desestimulado esse setor do agronegócio, e de muitos agricultores terem reduzido o manejo cultural, diminuindo com isso a sua produção, atualmente a taxa interna de retorno tem aumentado significativamente, fazendo com que o setor tenha um novo impulso. Com a crise do petróleo e a emergência de novas fontes de energia, a cana-de- açúcar ganha destaque dada as possibilidades reais do etanol no mercado de energias renováveis. Nesse sentido, a experiência brasileira é emblemática ao implementar, nos anos 80, o Proálcool, um programa pioneiro de produção de álcool carburante voltado para abastecer a frota automotiva nacional, tanto para adição na gasolina quanto para abastecimento de motores exclusivos a álcool. Uma verdadeira revolução na cadeia produtiva da cana-de-açúcar que teve como âncora a sólida base científica construída desde os anos 60 com programas de pesquisa como os da Copersucar e do Planalsucar. Um cenário positivo para o futuro desta cultura é que o mercado internacional se abrirá, tanto para açúcar, como para o álcool; e, no mercado interno, o veículo flexível crescerá em vendas e abrirá espaço de demanda, juntamente com o álcool anidro e outros usos, como matéria-prima para o biodiesel. Enfim, se o século XX foi caracterizado como o reinado do petróleo, o século XXI será, sem dúvida, o reinado da agroenergia renovável, ambientalmente limpa, geradora de empregos permanentes, de renda e de riqueza para o Brasil. Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 2
  • 3. PRODUÇÃO DE CANA - BRASIL (em toneladas) ESTADOS/SAFRA 00/01 01/02 02/03 03/04 04/05 05/06 NORTE-NORDESTE (*) 50.522.960 48.832.459 50.243.383 60.194.968 57.392.755 49.727.458 CENTRO-SUL 207.099.057 244.218.084 270.406.693 299.120.591 328.727.155 336.856.929 BRASIL 257.622.017 293.050.543 320.650.076 359.315.559 386.119.910 386.584.387 BRASIL - VENDAS DE VEÍCULOS - MERCADO INTERNO ANOS DIESEL GASOLINA ÁLCOOL FLEX FUEL TOTAL TOTAL (ALC+FLEX) GERAL 2000 1.188.720 10.292 10.292 1.199.012 2001 1.273.930 18.335 18.335 1.292.265 2002 1.206.664 55.961 55.961 1.262.625 2003 1.108.537 39.707 48.178 87.885 1.196.422 2004 1.077.945 50.949 328.379 379.328 1.457.273 2005(*) 66.368 614.751 27.081 755.810 782.891 1.464.010 2. Histórico As primeiras notícias sobre a cana-de-açúcar encontram-se nas escrituras mitológicas dos hindus, mas também na Bíblia fazem referências sobre a cana, em Isaías, 43:24, e Jeremias, 6:20. Ela, porém, foi considerada como remédio e até como artigo de luxo até o século 18. Nessa época, as caravelas, antes de iniciarem a travessia do Oceano Atlântico, colocavam junto com suas provisões a cana-de-açúcar, que era plantada em algumas covas nas terras abordadas, para servir de suprimentos às expedições posteriores. Sua crescente valorização como adoçante deve-se ao costume antigo de se adoçar chá, café e chocolate com mel. As pesquisas científicas mostraram que tanto o açúcar da cana-de-açúcar como o açúcar da beterraba-açucareira são de valor à conservação da energia vital. Dessas observações, originou-se a crescente aceitação pela sociedade da época, fato que perdura até os dias atuais. As suas qualidades como adoçante são relatadas mesmo antes de Cristo, quando o homem já a conhecia como “algo que produzia mel sem abelhas”. Nessa época, foi constatado também que uma “bebida embriagante” podia ser fabricada a partir do seu caldo. A cana-de-açúcar é uma planta nativa das regiões tropicais, cujo cultivo se estende, atualmente, aos dois hemisférios. A teoria mais aceita de sua origem considera que ela seja nativa das ilhas do Arquipélago da Polinésia, sendo Saccharum robustum uma espécie botânica que se originou no centro de expansão da Nova Guiné. A produção do açúcar, denominada de “sarkara”, existia na Índia desde 3000 a.C. e durante muito tempo o cultivo da cana-de-açúcar foi limitado aos países do Oriente Médio, Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 3
  • 4. no Vale do Rio Eufrates. A partir de 500 a.C., os persas guardavam o segredo da fabricação do açúcar, que era comercializado com os romanos. As conquistas árabes no Ocidente disseminaram o cultivo da cana-de-açúcar nas margens do Mar Mediterrâneo, a partir do século 8. Nas Américas, a cana-de-açúcar foi introduzida na segunda expedição de Cristóvão Colombo, em 1493. A cultura da cana-de-açúcar tem acompanhado, através dos séculos, as nações que foram surgindo, e o seu interesse tem crescido ultimamente, não apenas como adoçante, mas também como carburante. É senso comum que, a partir do século 15, as disputas para a conquista e o domínio de vastas regiões tropicais tiveram como motivo principal a cultura da cana-de-açúcar. No Brasil, as primeiras mudas foram introduzidas em 1502, provenientes da Ilha da Madeira, por Martin Afonso de Sousa. O primeiro engenho fundado no Brasil data de 1532. No início do século 20, uma violenta crise econômica mostrou a necessidade de organizar a experimentação açucareira no Brasil. Esta crise fez com que os pesquisadores canavieiros voltassem à árdua missão de manter os seus canaviais em padrões elevados de produtividade, em toneladas de cana por hectare e nas melhores porcentagens de sacarose. Criaram-se estações experimentais e programas de melhoramento genético onde a resistência a pragas e doenças foi considerada assunto prioritário quando da obtenção de novas variedades. No Estado de São Paulo, a Cooperativa dos Usineiros do Oeste do Estado de São Paulo – Copereste – criou, em 1953, no Município de Dumont, região de Ribeirão Preto, uma estação experimental de pesquisas importantes para aquela região do estado. Em 1968, a Cooperativa Central dos Produtores de Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo – Copersucar – deu início a um importante programa de melhoramento genético, incorporando a Copereste e sua estação experimental. Em 1971, foi criado, pelo Instituto do Açúcar e do Álcool – IAA-, do então Ministério da Indústria e do Comércio, o Plano Nacional de Melhoramento da Cana-de- Açúcar – Planalsucar -, com abrangência nacional. Nessa mesma época, foi instalada a Estação de Floração e Cruzamento de Serra do Ouro, em Murici, AL. Com a extinção do IAA e, consequentemente, a do Planalsucar em 1981, as autoridades brasileiras encerraram o maior programa de melhoramento de cana-de-açúcar do mundo. O acervo técnico dessa organização passou a fazer parte de universidades. Em 1991, o Setor de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná associa- se ao Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de São Carlos para constituírem Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 4
  • 5. a Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento Sucroalcooleiro – Ridesa-, com a finalidade de dar continuidade à pesquisa gerada pelo Planalsucar. Era o fortalecimento do sistema produtivo da cana-de-açúcar que, depois de 10 anos de estabelecido, liberou 4 variedades RB (República Federativa do Brasil). 3. Botânica, Fisiologia, Crescimento e Maturação Atualmente, a maioria dos técnicos aceita a classificação feita por Jeswiet: Divisão: Embryophyta siphonogama Subdivisão: Angiospermae Classe: Monocotyledoneae Ordem: Glumiflorae Família: Gramineae Tribo: Andropogoneae Subtribo: Sacchareae Gênero: Saccharum Espécies: Saccharum barberi: variedades precoces, com teor médio de sacarose e alta porcentagem de fibra. É resistente ao frio e suscetível ao mosaico. É uma espécie originária da Índia e, por esse motivo, as suas variedades são conhecidas como Canas Indianas. A representante típica dessa espécie é a “Chunee”. Saccharum edule Saccharum officinarum: constituída pelas “canas nobres”, apresentam alto teor de açúcar e baixa porcentagem de fibra. Seus colmos são grossos (3,5 cm ou mais de diâmetro) e enquadram-se na categoria de canas tropicais. São exigentes quanto ao clima e solo. Possuem um sistema radicular reduzido e superficial. Suscetíveis ao mosaico e sereh. As principais variedades são: Badila, Black Cheribon, Cristalina, Loethers e Riscada. Saccharum robustum: é uma espécie com representantes muito altos, os seus colmos podem atingir até 10m de altura e são utilizados como cercas vivas. Baixo teor de sacarose e alta porcentagem de fibra. São canas selvagens, que se adaptam às inúmeras condições ambientais, mas suscetíveis ao mosaico. As variedades gigantes da Nova Guiné são suas representantes típicas. Saccharum sinensis: canas chinesas ou japonesas. Vegeta bem em solos pobres e secos. Possui um sistema radicular bem desenvolvido. Seus colmos finos (de 1,8 a 2,2 cm de diâmetro) e compridos (até 5m de altura) com internódios longos e fibrosos. Os internódios são frequentemente alongados e avantajados. Seu biótipo característico é a cana Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 5
  • 6. “Ubá”, cultivada na China Continental e em Formosa. Não se deve confundir com a cana “Ubá” encontrada no Brasil, também conhecida por cana Flecha, e pertence ao gênero Gynerium. Inflorescência da cana Flecha encontrada no Brasil Saccharum spontaneum: canas selvagens, os colmos são curtos e muito finos (o diâmetro não ultrapassa 1,5 cm). Perfilham abundantemente e contêm um alto teor e fibra. Possuem sistema radicular bem desenvolvido e vegetam bem, mesmo em situações adversas. Não possuem valor industrial. Deve-se ter em mente que as variedades cultivadas comercialmente não são na verdade, variedades botânicas e sim um “Complexo de Saccharum”. Elas são provenientes de um cruzamento inicial e interespecífico entre os gêneros Saccharum, Ripidium e Sclerostachya. A cana-de-açúcar se desenvolve caracteristicamente em forma de touceira. Possui, como a maioria das espécies, uma parte aérea formada por colmos, folhas e inflorescências, e uma outra subterrânea, constituída de raízes e rizomas. As raízes são fasciculadas, podendo atingir até 4 m de profundidade. A maior concentração delas (85%) situa-se nos primeiros 50 cm e, entre os primeiros 20-30 cm, verificam-se 60% das mesmas. Os rizomas possuem nódios, internódios e gemas. Estas são responsáveis pelo aparecimento dos perfilhos, formados na touceira, característica também de outras gramíneas. São os rizomas que irão brotar, após a colheita, dando origem às novas touceiras tanto da soca como da ressoca. O colmo é a parte da planta que fica acima do solo, sustentando as folhas e a panícula. O seu porte apresenta-se como: ereto, semi-ereto ou decumbente, cujo Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 6
  • 7. comportamento pode variar com a idade da planta. O entouceiramento pode-se apresentar como fraco, médio ou forte. O capitel mostra-se ralo, médio ou fechado. O colmo é constituído por nódios e internódios. Rizomas de cana-de-açúcar fornecedores de touceiras em cana soca e ressoca Detalhe do capitel da cana-de-açúcar O nódio é uma região muito importante para a descrição de variedades de cana-de- açúcar. Ele engloba a gema, o anel de crescimento, a cicatriz foliar e a zona radicular. A zona radicular apresenta uma variação muito grande, entre as variedades já descritas. A gema é a porção do colmo de grande utilidade na identificação das variedades. A gema é formada de reentrâncias e de um poro germinativo que, ao germinar, emite um Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 7
  • 8. broto, dando origem a um novo colmo. A gema pode ainda apresentar pêlos e asas. Estas, formadas por prolongamentos ou saliências delgadas estendidas até a metade da gema, são estreitas ou largas e apresentam ou não uma formação de pêlos. Entre a implantação da gema e a cicatriz foliar, há ou não um espaço que, quando se faz presente, se denomina almofada. Algumas formas de nódios encontrados em cana-de-açúcar. Detalhe do nódio e da bainha. Detalhe do nódio apresentando lábio na cicatriz foliar. Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 8
  • 9. Tipos de gemas, algumas delas apresentando asas. O anel de crescimento pode ser estreito (com menos de 3 mm), médio (entre 3 e 4 mm) ou largo (com mais de 4 mm). Situa-se na base do internódio, podendo ser reentrante, plano ou saliente, e a sua cor difere das demais cores das outras partes do colmo. A cicatriz foliar apresenta-se como um anel seco, de tecido marrom, deixado pela base da bainha da folha quando ela, por si mesma, se destaca do colmo. A cicatriz foliar pode-se apresentar como reentrante ou saliente em relação ao colmo e formar um ângulo reto ou oblíquo em relação ao internódio. Apresenta ou não um lábio. Este, assim chamado, é a parte proeminente da saliência da cicatriz foliar. A zona radicular é a região que abriga a gema e os primórdios radiculares. Situa-se entre o anel de crescimento e a cicatriz foliar; mostra-se estreita (com menos de 6 mm), média (entre 6 e 8) e larga (com mais de 8 mm), podendo ser plana, reentrante ou saliente. A sua cor é semelhante à do internódio. Os primórdios radiculares são pequenos poros, geralmente esbranquiçados, tendo ao centro um ponto de coloração castanha ou lilás. Quando a planta germina, eles emergem, crescem e formam o conjunto de raízes. São em número bastante variável e podem estar alinhados ou dispostos irregularmente. O internódio ou entrenó é a parte do colmo situada entre dois nódios, podendo-se apresentar de várias formas. Todas estas formas podem se apresentar de maneira reta, curvada ou em ziguezague com relação ao colmo. O diâmetro pode ser fino (menor que 2 cm), médio (entre 2 e 3 cm) e grosso (com mais de 3 cm), podendo conter ou não: rachaduras, cera e ranhura da gema. Sua polpa exibe as colorações branca, verde creme ou Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 9
  • 10. castanha, e a cor da casca pode variar do amarelo ou vermelho, modificando-se, às vezes, com a exposição ao sol. Nos internódios mais velhos, aparecem, frequentemente, algumas manchas de coloração clara chamadas marcas do tempo. Diferentes tipos de internódios A folha é ligada ao colmo, na região nodal, formando duas fileiras opostas e alternadas ao longo do colmo. A folha é constituída de lâmina foliar, bainha e colar. A borda da lâmina foliar é toda serrilhada, diferindo de aspecto conforme a variedade. Pode se apresentar com os seguintes aspectos: ereta até o topo; dobrada ou curvada próximo ao topo e curvada em sua altura média. O comprimento, a largura e a cor se modificam de acordo com a variedade e com as condições do meio-ambiente. A bainha é a parte compreendida entre a sua ligação com o colmo, na região nodal, com a borda inferior da lâmina. Ela é sempre colorida e pode apresentar-se aderida ou semi-aderida, possuindo ou não cera e pêlos. Estes podem variar em quantidade e arranjos, os quais são designados por números convencionais. O pêlo 57 (joçal) é o mais importante. Na ausência de pêlos, a bainha é chamada glabra e, na presença de grande quantidade de cera, de glauca. A sua cor contrasta com as demais regiões da folha, e a sua borda superior é geralmente seca. A bainha contém um colar representado pela junção da lâmina foliar com a bainha propriamente dita. O colar é uma região importante para sua identificação botânica. É nela que se encontram o dewlap, a lígula e a aurícula, assumindo formas e posições diversas. É nessa região que existe a maior diversificação de pêlos. Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 10
  • 11. O dewlap é também designado por triângulo da junta, triângulo do joelho ou papada. Possui uma dobra que facilita o movimento da folha. A sua cor varia com a idade da planta e a camada de cera, podendo diferir em ambas as faces. A lígula é uma membrana pequena e fina que envolve a parte intermediária do colmo, na base da lâmina, apresentando-se de várias formas. A folha nem sempre possui aurícula. Quando esta se encontra presente, localiza-se nas extremidades superiores da bainha, ocupando um ou ambos os lados da mesma. Apresenta-se em forma de lóbulos mais ou menos triangulares. Denomina-se deltóide, quando pequena, e lanceolada, quando grande. Algumas variedades, no entanto, apresentam uma aurícula na forma unciforme, curvada para dentro ou fora da bainha. Diferente tipos de dewlap encontrados na cana-de-açúcar Forma de lígulas encontradas em cana-de-açúcar Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 11
  • 12. Tipos de aurículas encontradas na cana-de-açúcar A inflorescência da cana-de-açúcar é uma panícula aberta vulgarmente denominada flor, bandeira ou flecha. É formada por eixo principal, a raque, de onde se originam as ramificações secundárias e terciárias, tomando o formato conoidal. Na base destas e no ápice daquelas encontram-se, aos pares, espiguetas, sendo uma séssil e outra pedicelada. Em cada espigueta, encontra-se uma flor que, consequentemente, irá produzir um fruto. A gema apical do colmo transforma-se em gema floral e, esta, em panícula. A flor propriamente dita é hermafrodita, apresentando-se em sua base um ovário em forma ovalada. Em seu interior, encontra-se um único óvulo, ligado à parede do ovário por uma placenta larga, e, em sua extremidade superior, encontra-se dois pistilos encimados por estigmas plumosos de coloração vermelho-arroxeada. Inflorescências da cana-de-açúcar Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 12
  • 13. O órgão masculino é constituído por três estames formados por filamentos adelgados e brancos, que sustentam as anteras de coloração amarela ou roxa, característica própria para cada variedade. São fixadas dorsalmente e divididas em dois lóbulos por uma linha longitudinal. É nas anteras que se encontram os grãos de pólen. Anteras da cana-de-açúcar O fruto é um cariopse de forma elíptica alongada, com dimensões de aproximadamente 1,5 a 0,5 mm, apresentando uma pequena depressão na região do embrião. Os pêlos são de grande importância na identificação de uma variedade, principalmente os que levam o número 57, denominado vulgarmente de joçal, agrupado nas costas da bainha, e o grupo 60, existente não só na bainha como no colar. Assim, eles são encontrados na região nodal, nas gemas, no dewlap, na bainha, etc. Pêlos encontrados em folhas de cana-de-açúcar Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 13
  • 14. Historicamente, as diferentes variedades de cana-de-açúcar, depois de alguns anos de cultivo contínuo, se degeneram, por causas ainda desconhecidas, necessitando ser substituídas por outras. Isso tem acontecido em todos os países produtores. De uma partida de variedades de canas importadas de Barbados e cultivadas no Brasil, em uma coleção de variedades do Planalsucar, são apresentados os dados a seguir. São um exemplo prático de como devem ser descritas botanicamente as variedades comerciais, com suas características mais importantes. B3337: Cor do colmo: exposta, vermelho-escura; não exposta, de vinho para púrpura. Anel de crescimento, verde, e primórdios radiculares, creme. Diâmetro, de grosso para médio. Aurículas, ausentes. Pouca cera. Dewlap, de púrpura para verde-púrpura. Muito pouco joçal. B3439: Cor do colmo: exposta, amarela para castanha; não exposta, amarela, com pouca cera. Diâmetro médio. Uma aurícula pequena e outra ausente. Dewlap verde- púrpura. Joçal médio. Um pouco de pêlo. Colar, aberto. Outras variedades: B37172, B41211, B44341, B45151, B46364. A cana-de-açúcar se propaga comercialmente por via assexuada, por meio da germinação de suas gemas. No Brasil, o segmento do colmo a ser multiplicado vegetativamente recebe denominações regionais. Nas regiões Norte e Nordeste, ele é denominado de rebolo; nas regiões setentrionais de Minas Gerais, ponta; e, na Região Centro-Sul, tolete. O tolete é constituído de um segmento do colmo contendo de 2 a 4 nódios, vulgarmente chamados de gemas. O conjunto “folhas e bainhas”, quando retirado dos colmos, é denominado de palha ou palhiço. Tolete é, portanto, um segmento do colmo resultante do seccionamento, executado manualmente com o facão, ou mecanicamente, com a colheitadeira. Quando feita manualmente, é realizada dentro dos sulcos de plantio, bastante irregular, deixando pontas fora dos sulcos, que normalmente não brotam. As gemas se desenvolvem, para formar um novo colmo, quando não houver mais a influência da ação inibidora de enzimas produzidas pela gema apical. Nas gemas laterais, essas enzimas estão em estado latente, cujo fenômeno é denominado de “predominância apical”. Quando o colmo não é dividido em toletes, há uma propensão para fazer vegetar somente as gemas da base e da ponta do mesmo, provocada pela ação das enzimas. Observa-se, na prática, que as lavouras industriais recebem canas inteiras para o plantio, que são cortadas, irregularmente, dentro do sulco. Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 14
  • 15. Tolete Os colmos, ainda em crescimento, já possuem gemas, folhas e primórdios radiculares em estado latente que não se desenvolvem em consequência da dominância apical. Em síntese, a propagação vegetativa da cana-de-açúcar consiste no desenvolvimento dos diferentes órgãos que compõem a sua região nodal. A gemas formará a parte aérea da nova planta e os primórdios radiculares darão origem às suas raízes. A brotação se comporta de maneira diversa para cada variedade. Em algumas, a parte aérea se desenvolve antes da subterrânea; em outras, dá-se o inverso. Há casos, porem, em que o desenvolvimento da parte aérea ocorre simultaneamente com o da subterrânea. As gemas mais próximas da ponta do colmo germinam mais facilmente do que as demais, em decorrência da dominância apical. Por essa razão é que se recomenda cruzar os ápices com as bases dos colmos, vulgarmente denominado cruzamento pé com a ponta, tomando-se o cuidado de proporcionar uma população de 15 a 18 gemas por metro de sulco. A gemas necessita de quantidades consideráveis de energia e sais minerais para se transformar em uma nova planta. Nesse período, não devem faltar nutrientes, pois o perfilhamento da touceira depende de uma boa germinação. Nos toletes, também pelo princípio da dominância apical, as gemas mais novas germinam antes que as mais velhas. Plantas que sofreram geadas não seguem esta regra. Os colmos geados apresentam brotações completamente anormais. A germinação pode ser influenciada por fatores intrínsecos (variedade, idade e sanidade das mudas) e externos (pragas e doenças, temperatura, umidade do solo). Uma variedade pode ou não germinar melhor do que a outra. Não só a variedade mas também o número de gemas por tolete contribuem para a variabilidade de Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 15
  • 16. comportamento no processo reprodutivo da cana. Os toletes com três gemas apresentam melhor índice de brotação. As gemas do terço inferior do colmo de algumas variedades têm dificuldade para brotar. Brotação irregular do colmo em virtude da ação da geada Os colmos velhos, com idade superior a 12 meses, são desaconselhados para a propagação da cana. Eles possuem menor quantidade de glicose e de sais minerais do que os mais jovens. É fácil reconhecer um plantio com mudas de mais de um ano de idade, pois falta vigor de brotação, e as folhas, aparentemente, se apresentam mais estreitas e curtas do que em plantações executadas com mudas mais jovens. Essa diferença poderá ser corrigida por meio de uma adubação nitrogenada complementada por algumas irrigações. A idade das mudas mais recomendada para isso situa-se entre 6 e 8 meses. Um material isento de pragas e doenças germinará melhor do que os danificados por elas. Colmos provenientes de uma área bem adubada e sem ter sofrido seca ou geada irão germinar melhor do que outros que sofreram situações adversas. Na prática, verifica-se um colmo sadio apertando-se algumas gemas com o dedo. A facilidade de penetração da unha na gema, no sentido vertical do colmo, é uma característica de boa qualidade física das mudas. A temperatura ideal para a germinação da cana-de-açúcar situa-se em torno de 27o C. Suas raízes se desenvolvem com menor quantidade de calor do que a parte aérea. Em temperaturas de solo inferiores a 12o C porém, o crescimento do sistema radicular é muito reduzido, enquanto, para o desenvolvimento aéreo, a temperatura deverá ser acima de 15o C. Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 16
  • 17. Temperaturas de solo acima de 35o C inibem a brotação das gemas em colmos com idade superior a 18 meses. A umidade também exerce influência no processo germinativo. A umidade ideal para a brotação situa-se na faixa de 15% a 25%, e os solos bem arejados a facilitam. Sementes de cana-de-açúcar em processo de germinação Após a germinação, as gemas do tolete iniciam o crescimento, dando origem aos colmos. As gemas do rizoma que estiverem no solo, por sua vez, também germinarão, constituindo os colmos do perfilhamento. Este precede o crescimento e é o responsável pelo fechamento da cultura, diretamente influenciado pelo espaçamento entre as linhas de plantio, a densidade populacional da área plantada e a luminosidade. Uma adubação adequada, aliada a uma temperatura e umidade ideais, favorece o perfilhamento que, quando aparece tardiamente, prejudica a qualidade do caldo na sua industrialização, pela diversidade de maturação da população. Após perfilhar, a planta cresce. Esse crescimento engloba três processos: divisão, diferenciação e alongamento celular. Quando a planta cresce, além de aumentar o seu comprimento, aumenta também o seu diâmetro e, consequentemente, o seu peso. Proporcionalmente, aumenta também a sua matéria seca. O crescimento da parte aérea engloba o crescimento do caule e das folhas. O crescimento máximo acontece na panícula, decrescendo, em intensidade, das partes superiores para as inferiores. As folhas mais velhas, ao secarem podem ou não destacarem- Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 17
  • 18. se da bainha. Uma folha tem durabilidade média de 60 a 90 dias. O tempo decorrido entre o aparecimento de duas folhas subsequentes é de 5 a 8 dias. Folhas não caducas constituem um fator muito importante no mecanismo de armazenamento do açúcar pela planta, que é utilizado na formação da celulose e nos processos de respiração e maturação da mesma. O açúcar, por sua vez, sofre na planta uma translocação das folhas para o colmo, acumulando- se neste, que é o fornecedor da matéria-prima a ser industrializada. O colmo, em condições normais, tem um longo período de crescimento não constante. Na cultura de 18 meses, por exemplo, possui duas épocas de crescimento intenso: uma, no período chuvoso, e outra, logo após o frio. Se no período de crescimento houver condições adversas, surgirão ao longo do colmo internódios curtos denominados carretel. O sistema radicular apresenta três tipos de raízes, as absorventes e superficiais, as profundas e entrelaçadas em feixe e as grossas e suculentas, que são intermediárias às anteriores. O sistema radicular da soca e ressoca é mais superficial do que o da cana-planta, e 60% de suas raízes encontram-se a uma profundidade de 30 cm. A maturação da cana-de-açúcar é considerada completa no momento em que a planta apresente o maior rendimento industrial. A maioria das variedades comerciais existentes na Região Centro-Sul do Brasil tende a alcançar o ponto máximo de maturação de 2 a 3 meses após o início das safras. A fim de antecipar essa maturação, emprega-se uma pulverização com amadurecedores químicos que, aplicados por via foliar, aumentam o teor de sacarose na cana, possibilitando uma colheita mais lucrativa. O campo estará apto a ser cortado quando o teor de açúcar apresenta uma leitura média de 18o Brix. Quanto a composição da cana-de-açúcar, esta apresenta 74,50% de água, 10% de fibra, 12,50% de sacarose e 3% de outros elementos. 4. Necessidades hídricas, Adubação e Calagem A cultura da cana necessita de grandes quantidades de água para suprir as suas necessidades hídricas, uma vez que somente 30% do seu peso é representado pela matéria seca e 70%, pela água. Sua capacidade em absorver água pelas folhas é maior do que em qualquer outra gramínea, no entanto, são as raízes, através dos seus pêlos absorventes, as responsáveis pela maior quantidade de absorção de água. A translocação de água através do colmo pode ser observada colocando-se alguns colmos cortados em um balde com água. Em um breve espaço de tempo, o volume de água Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 18
  • 19. diminuirá, mostrando uma rápida translocação de água por eles. Uma outra observação pode ser feita no campo, com as partes dos colmos que sobram das touceiras após o corte. Verifica-se, na incisão do mesmo, uma exsudação intensa, indicando a presença de uma pressão vertical, enviando seiva, do sistema radicular para as partes mais altas da planta. A cana, além de absorver água, também a exsuda através da cutícula e dos estômatos. A exsudação mais intensa, em toda a planta, verifica-se no terço superior das folhas. A perda por transpiração é muito pouca, sendo da ordem de 1%. A variedade, por si mesma, influencia o mecanismo de absorção e exsudação da água pela planta. Assim, as variedades de folhas estreitas, por terem menor superfície foliar, transpiram menor quantidade de água do que as variedades de folhas largas. A idade da planta também influi no processo de transpiração, uma vez que plantas mais jovens têm uma área foliar menor do que as plantas adultas. Certas variedades enrolam as folhas, quando o calor é mais intenso, como uma autodefesa da planta contra o excesso de evapotranspiração. Uma planta sadia apresenta um bom aspecto foliar, com cerca de 12 folhas por colmo e este com diâmetro médio para uma variedade comercial; possui ainda um porte ereto e um sistema radicular capaz de sustentá-la, evitando, com isso, o acamamento. A variedade apresentará, certamente, todas estas características, se for alimentada adequadamente. As plantas de aspecto raquítico e com internódios curtos, provavelmente, podem estar sofrendo de deficiências minerais. Poderão também estar sendo atacadas por predadores do solo ou, mesmo, intoxicadas por produtos químicos. A cultura da cana-de-açúcar é grande extratora de nutrientes do solo. Para formação de 1 t de colmo, a literatura tem indicado variações de 0,9 a 1,32kg de nitrogênio; 0,20 a 0,69 kg de P2O5; 1,2 a 1,8 kg de K2O; 0,70 a 0,95 a CaO; 0,56 a 0,86 de MgO e 0,30 a 0,36 de S. A quantidade de nutrientes a ser suprida pela cultura pode ser dada pela expressão: “quantidade de nutrientes = (necessidade da planta – reserva do solo).f”. O fator f, de aproveitamento do fertilizante pelas raízes da planta, visa corrigir as possíveis perdas sofridas nos processos que ocorrem entre a aplicação do fertilizante e a absorção, entre elas a perda por erosão, volatilização (no caso da uréia e aquamônea), lixiviação (para nitrato e potássio), fixação (para fosfato), queima da palhada (volatilização do N e SO2). Em função dessas perdas, pode-se estimar a percentagem média de aproveitamento dos nutrientes, a saber 30 a 40% para o fósforo e 70% para o potássio. Em relação ao nitrogênio, sua ação no solo é muito influenciada pela matéria orgânica e, sendo assim, o aproveitamento é extremamente variável. No caso da cana-soca, o aproveitamento está na faixa de 25 a 30% e, na cana-planta, o valor é mais baixo. Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 19
  • 20. Os trabalhos da Copersucar tem indicado na média, 30 a 40 kg/ha de N. A aplicação seria feita somente no fundo do sulco. Não há nenhuma contra-indicação quanto ao uso das diversas formas de N, no caso uréia, nitrato de amônia e sulfato de amônio. Para o a adubação fosfatada, considerando uma aplicação no sulco de plantio de 150 kg de P2O5 em solo argiloso, com baixo teor de fósforo; uma fixação pelo solo de 30%; uma extração de 0,43 kg de P2O5/t de massa verde e uma produtividade no ciclo de 400t. A quantidade de P2O5 necessária pela cultura no ciclo é 172 kg e a quantidade existente no solo (deduzida a quantidade fixada) é 105 kg. Nesse exemplo há um déficit de 67 kg de P2O5, que deveria ser reposto nas socas mais velhas, pelo menos para suprir a cultura. Como a maioria dos solos brasileiros cultivados com a cana apresenta baixa quantidade de potássio não trocável, o equilíbrio Knão trocável e Ktrocável não é importante. Sendo assim, o Ktrocável seria a única reserva disponível que controla o K em solução. Devido a essa característica, o teor de Ktrocável no solo é um parâmetro seguro na recomendação da quantidade desse elemento nas adubações, usando as curvas de calibração. Além do N-P-K, o cálcio também é um elemento necessário à boa nutrição da cultura. A cultura deve receber 400 kg/ha/ano de cálcio, que pode ser suprido por meio de calcário ou gesso. Uma das limitações dos solos na região tropical úmida é a baixa fertilidade em profundidade, e isso se reflete no menor volume explorado pelo sistema radicular e, em consequência, na menor produtividade. Em cana-de-açúcar, a profundidade do sistema radicular no Brasil atinge os 60 cm, contra 160 cm em outros países. Portanto, um dos objetivos no manejo da fertilidade desses solos é favorecer o maior volume de exploração radicular. Em trabalho feito no Brasil Central, observou-se que, após a calagem, houve redistribuição de cálcio até 100 cm de profundidade. A partir da década de 1990, principalmente nos Estados Unidos, foi desenvolvida a aplicação pontual de fertilizantes, com objetivo de racionalizar o uso de insumos e corretivos, assim como reduzir o impacto ambiental. Tal tecnologia tem sido desenvolvida com maior rapidez em culturas anuais, inclusive no Brasil, porém em cana-de-açúcar tem- se encontrado uma série de limitações ao seu emprego. A principal limitação ao emprego desse sistema em cana, além do maior custo, tem sido o desenvolvimento de equipamentos para a obtenção do mapa de produtividade. Posteriormente, com o mapa obtido, há dificuldades ou impossibilidade de se avaliar, com a Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 20
  • 21. rapidez necessária, os fatores limitantes que estão induzindo a variabilidade na produtividade. Além disso, e supondo que haja essa avaliação, é dúvida se haveria tempo suficiente para, através das práticas agrícolas, atenuar tais limitações. Em termos de evolução, é viável nesta cultura o desenvolvimento de aplicação pontual de corretivos e fertilizantes, que é o segmento mais fácil de ser resolvido. 5. Preparo do solo e plantio Sulcação e adubação de plantio Plantio e distribuição de mudas no sulco; Usina da Barra, Barra Bonita, SP; 2001. Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 21
  • 22. Para que haja a conservação do solo na cultura da cana-de-açúcar, diversos fatores devem ser devidamente analisados, antes de sua implantação, entre eles, o tipo de solo, o tipo de corte (se mecânico ou manual); a época de plantio e de colheita; o sistema de preparo; o tipo de traçado (se em nível ou reto); a cobertura do solo com outras culturas ou com palha, e o tamanho dos talhões. Os principais tipos de solos cultivados na região Centro-Sul são os Latossolos, Terra Roxa Estruturada (Nitossolo Vermelho férrico), Podzólicos Vermelho-Escuros (Nitossolo Vermelho), Solos com gradiente textural, Arenosos profundos, Argilosos de drenagem lenta (Vertissolos) e Solos da região nordestina (Latossolos Vermelhos-Amarelos e Amarelos). Quanto ao sistema de preparo, este pode ser convencional, reduzido ou plantio direto, devendo ser feita uma adequada avaliação global do sistema. A associação de culturas secundárias no sistema de preparo do solo (tais como soja, amendoim, crotalária) é de fundamental importância no manejo. Além de manter o solo coberto no período de maior precipitação, reduzindo os perigos de erosão, a cultura secundária permite atenuação do custo de plantio, como no caso da soja e do amendoim (redução de até 30%), assim o plantio em épocas inadequadas, como no caso da crotalária juncea, em solos podzolizados arenosos. Essa leguminosa pode extrair quantidade de nutrientes comparativamente a outras leguminosas, teores esses que podem ser deduzidos da necessidade de adubação da cana. Além disso, seu uso pode proporcionar acréscimo de produtividade à cana-de-açúcar. O plantio da crotalária é feito em outubro-novembro, após o preparo convencional do solo, usando 20 a 25 kg/ha de semente. A partir de fevereiro, o manejo dessa leguminosa consiste em não incorporá-la ao solo, mas sim mantê-la na superfície, usando rolo-faca, em caso de solo arenoso, ou apenas derrubando-a com o trator, por ocasião da sulcação, em caso de solo argiloso. Tal procedimento permite que o solo fique coberto por ocasião do plantio da cana, reduzindo o processo erosivo e de compactação. Além disso, o sistema radicular pivotante dessa leguminosa age como descompactador do solo. Dentro desse contexto, tem sido usado, por algumas usinas, o plantio direto da soja na soqueira da cana. O esquema tem sido o seguinte: liberação da área para reforma; instalação dos sistema viário e conservacionista; aplicação dos corretivos; erradicação química da soqueira; plantio de soja na entrelinha da soqueira; colheita da soja; sulcação e plantio da cana. Para o êxito desse sistema de manejo, é necessário que o solo tenha razoável fertilidade, assim como níveis não comprometedores de compactação. Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 22
  • 23. Terraço com retenção de água em área recém-plantada Os tipos de terraços usados, assim como as vantagens e desvantagens são as seguintes: ● Embutido: são considerados os mais resistentes, em relação à erosão, e muito usados, também, em áreas de corte mecanizado. Não permite o cruzamento de máquinas e equipamentos. ● Embutido invertido: usado em área declivosa, entre 8 e 12%, para o caso de corte mecanizado, ou em maior declividade em corte manual. Tem as seguintes vantagens: maior captação de água, permite o corte mecanizado em toda a sua área; facilita o carregamento no corte manual, pois a carregadeira trabalha dentro do canal do terraço e não nas costas, como no embutido convencional. ● Base larga: usado até a declividade de 6%. Vantagens: permite o corte mecanizado em toda a sua largura e o cruzamento de máquinas e equipamentos. Desvantagem: terraço mais fraco que o embutido. ● Canal: usado em solos com deficiência de drenagem. Desvantagem: maior risco de assoreamento, necessitando de mais manutenção; perigo durante as operações noturnas, quando pode provocar acidentes. A sulcação em nível, associada ou não a terraços, tem sido o sistema conservacionista mais comum usado pela maioria das usinas. A distância vertical (DV) mais usual entre terraços tem sido de 5 m, havendo casos de distância menor, de 2,5m, como em certos solos podzolizados arenosos. Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 23
  • 24. Sulcação em plantio intercalar O tamanho dos talhões é um dos fatores que envolve o sistema conservacionista, sendo dependente de uma série de parâmetros (entre eles a quantidade de cana a ser cortada no dia; o tipo de solo; a declividade do terreno). Áreas inclinadas e argilosas apresentam maior quantidade de carreadores e, com isso, menor tamanho dos talhões. Em áreas de boa topografia, o tamanho médio dos talhões é de aproximadamente 12 a 15 ha, para solos de boa fertilidade, e de 15 a 20 ha, para solos de baixa fertilidade. Não são aconselháveis sulcos muito longos, como de 800 a 900 m, pois podem favorecer a compactação e dificultar os trabalhos de manutenção de máquinas e equipamentos. O comprimento deve ficar na faixa de 400 a 500 m, em solos argilosos, e 500 a 600 m, em solos arenosos. Porém, a sulcação deve ser contínua entre os talhões, para permitir rendimento melhor das operações mecanizadas. Para uma grande eficiência no corte mecanizado, o sistema de traçado tem que ser reto e longo (acima de 800 m). Num sistema como esse, a presença de terraços é um empecilho, e muitos técnicos tem evitado a sua construção. A sulcação reta, sem nenhum critério, pode ocasionar sérios riscos de erosão, assim como riscos para a área ambiental. Dependendo do tipo de solo, a época de plantio é de fundamental importância na redução do processo erosivo. Assim é que, das épocas tradicionais de plantio, como “cana de ano” ou “de ano e meio”, surge o plantio de maio a outubro (ou plantio de outono/inverno) como uma das melhores opções de manejo para solos com problemas de erosão, entre eles os solos podzolizados e latossolos arenosos, apesar de ser recomendado Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 24
  • 25. para qualquer tipo de solo. Os incovenientes da erosão, encharcamento de sulcos e assoreamento de plantio deixam de ocorrer. Em termos estratégicos, plantam-se canas nos solos arenosos até fins de agosto e, posteriormente, nos argilosos. Quanto às variedades, são sugeridas as precoces no plantio de maio-junho, as médias até fins de agosto e, finalmente, as tardias. 6. Influência do vento A ação do vento sobre os canaviais altera as funções fisiológicas das plantas e causa inclusive danos mecânicos, quando o vento atinge uma determinada intensidade. Tais danos mecânicos são comparáveis ao efeito de um rolo compressor. Em ambos os casos, ocorre uma diminuição de produtividade. Outro efeito do vento é a propagação de patógenos, doenças e sementes de ervas daninhas. A ação do vento é sempre dupla, provocando danos direta e indiretamente: Direta: quando a cana-de-açúcar é danificada pelo impacto da força mecânica do vento, provocando a quebra dos colmos ou a eliminação da soqueira por erradicação. Indireta: quando os danos provocados pela perda de qualidade intrínseca da cana- de-açúcar resultam na redução da riqueza da matéria-prima entregue na usina. Para reduzir a ação do vento, recomenda-se escolher variedades com taxa de perfilhamento elevada, a fim de aumentar a densidade dos colmos por área, sem contudo reduzir os espaçamento entre os sulcos. Aspecto de canavial danificado pelo vento em virtude da baixa tenacidade de variedade plantada na região compreendida entre Araras e Piracicaba Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 25
  • 26. O vento, por sua ação dissecativa, acentua a evaporação das plantas. Quando essa ação se intensifica das demais, a planta não consegue compensar as perdas, mesmo aumentando a circulação de seiva. Esse desequilíbrio provoca a destruição das partes mais sensíveis. Em geral, são as folhas as primeiras a sofrerem os efeitos, especialmente quando a temperatura se aproxima de 10o C. No inverno, portanto, os ventos frios com pouca umidade são os mais prejudiciais. Um vento constante de 10 km/h, em uma temperatura ambiente de 4o C, com duração de algumas horas durante a madrugada, antes do sol levantar-se, destrói, no caso da cana, a clorofila das folhas novas logo acima da gema apical. Esses danos são visíveis pela faixa esbranquiçada que aparece assim que as folhas se libertam da bainha. Temperaturas mais baixas ainda provocam a queima das folhas e a destruição da gema apical. A ação dos ventos define-se pela redução na produtividade. As alterações são observadas em dois níveis: ● Redução do volume na colheita, seja pela quebra e destruição dos colmos acamados, seja pelo crescimento menor. ● Perda da qualidade dos colmos tombados, pela diminuição do teor de sacarose. 7. Colheita sustentável A mecanização total ou parcial apresenta-se, atualmente, como única opção para a colheita da cana, seja do ponto de vista ergonômico ou econômico, ou ainda – e principalmente – do ponto de vista ambiental, já que apenas o corte mecânico viabiliza a colheita sem queima prévia, o que, por sua vez, permite o aproveitamento do palhiço. O bagaço ou palhiço da cana podem ser utilizados também para incrementar a produção de álcool, por um processo lançado em 2003 pelo Grupo Dedini, de Piracicaba, denominado de DHR – Dedini Hidrólise Rápida. Diferentemente do processo tradicional de produção de álcool por meio de fermentação e destilação dos açúcares contidos no caldo da cana-de-açúcar, esse processo, por atividade química chamada de hidrólise ácida, transforma o material celulósico do bagaço ou palhiço em açúcares, os quais, fermentados e destilados, se transformam em álcool. O início de seu desenvolvimento ocorreu na década de 1980. Foi aprovado e financiado por agências governamentais brasileiras, com recursos provenientes do Banco Mundial. O processo DHR possui patente mundial. No atual estádio de desenvolvimento, a produtividade é de 109 litros de álcool desidratado por tonelada de bagaço in natura, com potencial para atingir 180 litros. Atualmente, o custo do álcool DHR equivale ao da produção de álcool pelo método Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 26
  • 27. tradicional, com possibilidade futura de se tornar 40% menor que o custo do álcool obtido do caldo de cana. Palhiço em soqueira de cana-de-açúcar Colheita mecanizada A colheita da cana-de-açúcar processou-se, historicamente, de forma totalmente manual, desde o corte da base, até o carregamento. Um primeiro passo no sentido da mecanização foi a introdução de carregamento mecânico dos colmos inteiros. Na década de 1950, surgiu, na Austrália, o princípio mecânico de colheita atualmente utilizado no Brasil, Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 27
  • 28. que combina a operação de colheita com a de carregamento. Trata-se de equipamento que corta uma linha por vez, utilizando um veículo que trafega paralelamente à colhedora, para receber a matéria-prima e separar boa parte das folhas e ponteiros, lançando-os ao solo da área colhida. Os processos convencionais de colheita manual ou mecânica, com queima prévia, que visam apenas ao aproveitamento dos colmos, são constituídos por uma sequência de operações simples, que inclui o corte da base, do ponteiro e a picagem ou empilhamento dos colmos. Em ambos os casos, o aproveitamento do palhiço não faz parte do processo de colheita. Consequentemente, este é separado dos colmos, mesmo que parcialmente, e deixado no campo, para posterior recuperação. No caso do corte manual, a colheita sem queima prévia acarreta restrições ergonômicas e econômicas que inviabilizam a operação. Atualmente, essa concepção da colheita está sofrendo modificações, em função de restrições legais e ambientais ao processo de queima, juntamente com a entrada em foco do aproveitamento do palhiço, para aplicações não consolidadas ainda comercialmente, tais como geração de energia e cobertura vegetal para agricultura convencional e orgânica. Perfila-se dessa forma um novo conceito de cana-de-açúcar, sem queima prévia, que visa ao aproveitamento integral da planta, envolvendo operações adicionais para a retiradas das folhas e a disposição adensada de colmos e palhiço para transporte. Criou-se então, uma forma de mecanização parcial, denominada “auxílio mecânico”. A unidade consta essencialmente de uma frente de corte com largura de três a cinco linhas, incluindo um disco flutuante para o corte basal de casa linha; segue um conjunto de transportadores helicoidais rotativos que conduzem o material até uma célula de trabalho, com dois operadores por linha, que catam manualmente os colmos, cortam o ponteiro utilizando um disco cortador disponível para cada linha e encaixam os colmos em um transportador lateral, que os conduz até um despalhador de rolos. O despalhador retira as folhas e lança os colmos inteiros até uma carreta de descarga vertical, onde os mesmos são armazenados ordenadamente, na direção longitudinal de marcha, para manter a densidade de carga requerida pela operação posterior de transporte. Essa concepção de lançamento, armazenamento ordenado, descarga vertical e posterior carregamento convencional mostrou-se tecnicamente viável em diversas frentes de colheita de três usinas. A frente do equipamento efetua o corte da base e o transporte da massa integral da cana, sobre um plano inclinado, sem separação entre as linhas. O equipamento interrompe o corte a intervalos de 8 a 10 minutos (40 a 60 m), manobra em retrocesso e descarrega montes de aproximadamente 3 toneladas. A velocidade Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 28
  • 29. de deslocamento oscila entre 250 e 500 m/h. A unidade é acionada por um motor de combustão interna de 36 CV, que servirá de fonte de potência para os circuitos elétricos que acionarão os dispositivos de corte e limpeza da cana. Vista lateral do auxílio mecânico Vista em planta do auxílio mecânico O corte de base é efetuado pelo princípio de corte inercial (sem contra-faca). As facas atingem o solo com velocidade de 20-22 m/s, pelo que rapidamente perdem o gume. O contato das facas com o solo deve ser evitado, para conservar um corte eficiente e, dessa forma, reduzir as perdas, o teor de terra na matéria-prima e reduzir os danos às soqueiras, visando a aumentar sua longevidade. Os dois discos do sistema atualmente em uso, definem um plano de corte de aproximadamente 1,5 m de largura, plano esse que deve descer até a Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 29
  • 30. base da cana, rente ao solo, para evitar perdas (tocos). Nesse processo, os discos cortam o solo e o conduzem para o interior da máquina, contaminando a matéria-prima e desgastando o equipamento. Cortador de disco duplo rígido para dois modos de operação 8. Agroindústria Ver apresentação no Powerpoint. 9. Pragas e Doenças Ver apresentação no Powerpoint. Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 30
  • 31. Referências Bibliográficas Cesnick, Roberto. Melhoramento da cana-de-açúcar. Brasília-DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2004. 307p. Nussio, Luiz Gustavo. Cana-de-açúcar: cinco séculos fazendo a história agrícola do país. Visão Agrícola, Piracicaba, ano 1, jan-jun. 2004. 112p. Sites Consultados Agrobyte. http://www.agrobyte.com.br Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA http://www.agricultura.gov.br Única. http://www.unica.com.br Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel 31