Nematoides são responsaveis por perdas de até 30% dos canaviais
Introdução da cultura da oliveira no Brasil
1. Introdução da cultura da oliveira no Brasil
Juliana Rolim Salomé TERAMOTO (1)
Edna Ivani BERTONCINI (2)
Angelica Prela PANTANO (3)
RESUMO
A oliveira é uma planta funcional do sistema agrícola de muitos países e adquiriu
uma grande importância sócio-económica ao longo dos séculos. A origem da oliveira
está perdida no tempo, coincidindo e misturando-se com o desenvolvimento das
civilizações do Mediterrâneo. A oliveira chegou ao Brasil há muitos séculos, trazida por
imigrantes europeus. Pelo seu simbolismo, era muito comum encontrá-las próximas a
igrejas e capelas durante o período do Brasil Colônia. Atualmente pode-se notar o
desenvolvimento da cultura em vários estados: Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São
Paulo, Santa Catarina e alguns Estados do Nordeste brasileiro.Apesar de certas regiões
do país possuírem as condições ideais para o desenvolvimento da olivicultura, hoje o
país é dependente da importação para abastecimento interno. Algumas experiências
positivas com a produção do azeite brasileiro podem ser encontradas, mas ainda são
ações isoladas de alguns produtores pioneiros.
Palavras-chave: Produção de oliveira, Brasil, histórico.
(1) Pesquisadora Científica, Instituto Agronômico, Centro de Horticultura, Seção de Plantas Aromáticas e
Medicinais. E-mail: juliana@iac.sp.gov.br
(2) Pesquisadora Científica, Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, Polo Centro Sul.
(3) Pesquisadora Científica, Instituto Agronômico de Campinas, Centro de Climatologia.
2. ABSTRACT
The olive tree is a functional plant of agricultural system in many countries and has
considerable social and economic importance over the centuries. The origin of the olive
tree is lost in time, coinciding and mingling with the development of Mediterranean
civilizations. The olive tree arrived in Brazil for centuries, brought by European immigrants.
At its symbolism, was very common to find them close to churches and chapels throughout
the period of colonial Brazil. Today you may notice the development of culture in various
states: Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Sao Paulo, Santa Catarina and some
northeastern states brasileiro. Although certain regions of the country offers ideal conditions
for the development of olive growing, today the country is dependent on imports to domestic
supply. Some positive experiences with the Brazilian oil production can be found, but are
still isolated actions of a few pioneering farmers.
Key words: Olive production , Brazil, history.
1. Introdução
Historicamente acredita-se que a oliveira seja originária do sul do Cáucaso, das planíci-
es altas do Irã e do litoral mediterrâneo da Síria e Palestina, tendo se expandido posteriormen-
te para o restante do Mediterrâneo. No Egito foi encontrada a mais antiga referência à oliveira
registrada num papiro do século 16 aC. Foi também durante o século 16 aC que os fenícios
começaram a divulgar o azeite de oliva nas Ilhas Gregas, depois introduzi-lo ao continente
grego entre os séculos 14 e 12 aC, onde seu cultivo aumentou e ganhou grande importância
no século 4 aC, quando foi regulamentado o plantio de olivas nestas regiões (Bontempo, 2008).
Gregos e fenícios atravessaram o mar Mediterrâneo com as oliveiras e o azeite de oliva entre
outros produtos, negociando principalmente com países como a Itália, França Espanha e Áfri-
ca. A viagem da oliveira avançou pelo Mediterrâneo Ocidental por mão dos gregos e a disse-
minação atingiu a Península Ibérica, admitindo-se que o plantio assim entrasse em áreas que
viria a ser Portugal, sendo a presença da oliveira atestada pelo ano de 2000 aC. A expansão
ultramarina nos séculos XV e XVI teve, entre outros significados, a abertura a uma vastidão de
mercados em latitudes em que a oliveira não ainda dava, como a Índia e Brasil, razão propicia
para o incremento da extensão da área de cultivo. A oliveira chegou ao Brasil há muitos sécu-
los, trazida por imigrantes europeus. Pelo seu simbolismo, era muito comum encontra-las pró-
ximas a igrejas e capelas durante o período do Brasil Colônia. Quando o país começou a
apresentar uma pequena produção, a família real, com medo de que o produto da colônia
concorresse com o da metrópole portuguesa, ordenou o corte das árvores. Este fato impediu
que a olivicultura tomasse grande impulso, e mais, os negociantes importadores portugueses,
fizeram os brasileiros acreditarem na impossibilidade de ter bons olivais e por muito tempo o
país só conhecia azeites e azeitonas que vinham de Portugal. Assim passamos a desprezar a
cultura por um longo período.
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3. 2. Material e Métodos
Para o levantamento histórico da introdução da cultura no Brasil foram consultadas
literaturas da área, bases de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, foram
realizadas visitas técnicas à Portugal (Casa do Azeite), à Itália (ASSAM- Agência para Seviços
no Setor Agroalimentar de Marche) e à algumas regiões do Brasil (São Bento do Sapucaí,
Santa Maria da Fé).
3. Resultados e Discussão
Apesar da descrença no cultivo da oliveira no período colonial, novo crescimento da
cultura só foi percebido após 1945, com o aumento das imigrações européias após a 2.ª
Guerra Mundial. Foi mais ou menos nessa época que as primeiras oliveiras apareceram no
Sul de Minas Gerais, pela iniciativa de pequenos produtores da região. O Eng.agronomo Del
Mazo, entre as décadas 50 e 60 (Gomes, 1979) percorreu o Brasil a procura de oliveiras e
encontrou-as em vários estados entre eles São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do
Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Maranhão (Gomes, 1979). Felizmente a
situação mudou no país e tivemos alguns pioneiros que contribuíram para o desenvolvimento
da cultura. Atualmente em Minas Gerais com auxílio das pesquisas da EPAMIG – Empresa de
Pesquisa e Agropecuária de Minas Gerais há produção de azeitonas e azeite de oliva no
estado. O cultivo está sendo conduzido em 400 ha, com 200.000 plantas cultivadas em 50
municípios em 70 propriedades rurais. Em 2008, a EPAMIG registrou 33 cultivares junto ao
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, pedindo em 2009 o pedido de
proteção a quatro delas junto ao Serviço Nacional de Proteção de Cultivares. Para certificar o
banco de germoplasma, está realizando o mapeamento genético de 60 cultivares na Unidade
de Biologia Molecular de Caldas Novas (Vieira Neto, 2010). Em Santa Catarina os estudos
com oliveiras estão sendo conduzidos pela Epagri - Empresa de Pesquisa Agropecuária e
Extensão Rural de Santa Catarina. No estado do Rio Grande do Sul, em 2005, a Embrapa
Clima Temperado aprovou o projeto de pesquisa e desenvolvimento denominado: Introdução
e desempenho agronômico de cultivares de oliveira no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina,
que implantou 25 unidades experimentais de observação no estado. A área paulista de plantio
de oliveiras esta sob a influência da EPAMIG e sob a coordenação da CATI de São Bento de
Sapucaí abrange mais de 15 municípios. No ano de 2009, a APTA-Agência Paulista de
Tecnologia dos Agronegócios, orgão de pesquisa da Secretaria da Agricultura e Abastecimento
do Estado de São Paulo, em função de inúmeras consultas recebidas de novos olivicultores e
investidores no setor, solicitou levantamento de demanda de pesquisa para o setor. Neste
mesmo ano, uma equipe formada por pesquisadores de diversos centros da Instituição
elaboraram um projeto denominado Oliva SP para estudo de todas as etapas da cadeia
produtiva da cultura.
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4. 4. Conclusões
Apesar de certas regiões do país possuírem as condições ideais para o desenvolvimento
da olivicultura, hoje o país é dependente da importação para abastecimento interno.
Referências
BONTEMPO, M. Azeite de oliva: sabor, estética e saúde. Editora Alaúde, 2008, 148p.
GOMES, P. A olivicultura no Brasil. Edições melhoramentos, 1979, 208p.
VIERA NETO, J. OLIVICULTURA: Situação e Resultados de Pesquisas em Minas Gerais. In:
1º Simpósio Mineiro de Olivicultura, Itajubá, MG, 2010, CD-ROM.
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