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Português – 12º ano



            Felizmente Há Luar de Luís de Sttau Monteiro



                            Linguagem e estilo

Felizmente Há Luar apresenta uma evidente intenção didáctica. Daí que a
linguagem seja simples, para que implique rapidamente o leitor/espectador e
cumpra o fim para o qual foi concebida a obra. Assim, identificamos, nos
monólogos e nos diálogos entre os interlocutores, várias marcas do discurso
oral, o recurso a diferentes registos de língua, o uso de expressões populares e
de expressões bíblicas, de acordo com o estatuto social, com o grau de instrução
e de afectividade entre as personagens, servindo de modo eficaz a
individualização de cada uma.

Diferentes registos de língua conferem verosimilhança à acção:

Registo de língua familiar: “Vai, amor da minha vida...” (p.139)

Registo de língua popular: “Eles vão para casa encher a pança!” (p. 22)

Registo de língua corrente: “É evidente que só um depoimento de qualidade
anula todos os restantes...” (p. 49)

Globalmente, é o registo de língua corrente que predomina em Felizmente Há
Luar. Contudo, algumas personagens individualizam-se pelo recurso ao uso
cuidado, como é o caso de algumas intervenções de Matilde, do Principal
Sousa, de Sousa Falcão e de Beresford.




                                                                              1
Registo de língua cuidado: “Diz o Eclesiastes que, tendo Deus dividido o
género humano em várias nações, a cada uma delas deu um príncipe que a
governasse... “ (p. 36)



Marcas do discurso oral:

Adjectivação irónica: “Soldado distinto, súbdito fiel...” (p. 34)
Diminutivos com valor irónico: “Dê-nos uma esmolinha por alma de quem lá
tem...” (p. 31)
Frases curtas: “A Rita dorme.” (p. 16)
Frases exclamativas: “Vê-se a gente livre dos Franceses, e zás!, cai na mão dos
Ingleses!” (p. 16)
Frases interrogativas: “Em que guerra é que vossemecê andou?” (p. 19)
Interjeições: “Bestas!” “ Idiotas!” (p. 21)
Ironia (recurso preferencial): “Eram quase cinco horas pelo meu relógio de
ouro.” (p. 17)
Onomatopeias: “Catrapum! Catrapum! Catrapum, pum, pum!” (p. 21)
Provérbios e expressões populares: “Nenhum de vocês tem onde cair morto.”
(p. 21); “Diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és...” (p. 39); “Deus escreve
torto por linhas direitas.” (pp. 103-104); “Deus não nos deu nozes e os homens
tiraram-nos os dentes...” (p. 109); “Entre os três o diabo que escolha...” (p. 16);
“Se eu souber fazer render o peixe.” (p. 30); “Há quem diga que a voz do povo é
a voz de Deus...” (p. 35)
Repetições: “Que posso eu fazer? Sim: que posso eu fazer?” (p. 15)
Suspensões frásicas: “O que lhes digo é que se ele não fosse estrangeirado era...
era como os outros... era mais um senhor do Rossio...” (p. 25)

Outros recursos expressivos:

Aliteração: “Calça o sapato e levanta-se.” (p. 26)
Apóstrofe: “E, agora, meus senhores, ao trabalho!” (p. 73)
Comparação: “Como ela chorava, santo Deus! Parecia um animal ferido a ganir
à beira duma estrada...” (p. 82)
Dupla adjectivação: “Sonho com um Portugal próspero e feliz (...).” (p. 69)
Enumeração: “Alguns pegam nos seus objectos pessoais – cestos, mantas esfarrapadas,
uma abóbora, etc. (...).” (p. 18)
Expressões bíblicas: “Ninguém se lembra do nome do tocador de trombeta que fez
abater os muros de Jericó, mas Jericó caiu...” (p. 43)
Hipérbole: “De cada árvore farão uma forca, de cada cave uma prisão...” (p. 68)
Metáfora: “Os degraus da vida são logo esquecidos por quem sobe a escada...” (p. 31)




                                                                                  2
Léxico do domínio político e religioso: “Governadores”; “povo”; “soldado”;
“regência” (p. 71)/”Patriarcal de Lisboa”; “Deus”; “Nossa Senhora”; “paróquias deste
Patriarcado e Igrejas dos Conventos Regulares” (p. 98)
Expressões em latim: “pro Gratiorum Actione”; “Te Deum Laudamus” (p. 98)

A inclusão de frases em latim visa criticar a promiscuidade de Igreja com o poder
instituído, denunciando a sua participação em todo o processo, que envolveu a
denúncia, prisão, incriminação e execução do general Gomes Freire de Andrade, com o
objectivo claro de desmascarar aqueles que, em nome da Igreja, adulteravam os
princípios e valores defendidos pela doutrina cristã.




                                                                                  3

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Linguagem em felizmente há luar

  • 1. Português – 12º ano Felizmente Há Luar de Luís de Sttau Monteiro Linguagem e estilo Felizmente Há Luar apresenta uma evidente intenção didáctica. Daí que a linguagem seja simples, para que implique rapidamente o leitor/espectador e cumpra o fim para o qual foi concebida a obra. Assim, identificamos, nos monólogos e nos diálogos entre os interlocutores, várias marcas do discurso oral, o recurso a diferentes registos de língua, o uso de expressões populares e de expressões bíblicas, de acordo com o estatuto social, com o grau de instrução e de afectividade entre as personagens, servindo de modo eficaz a individualização de cada uma. Diferentes registos de língua conferem verosimilhança à acção: Registo de língua familiar: “Vai, amor da minha vida...” (p.139) Registo de língua popular: “Eles vão para casa encher a pança!” (p. 22) Registo de língua corrente: “É evidente que só um depoimento de qualidade anula todos os restantes...” (p. 49) Globalmente, é o registo de língua corrente que predomina em Felizmente Há Luar. Contudo, algumas personagens individualizam-se pelo recurso ao uso cuidado, como é o caso de algumas intervenções de Matilde, do Principal Sousa, de Sousa Falcão e de Beresford. 1
  • 2. Registo de língua cuidado: “Diz o Eclesiastes que, tendo Deus dividido o género humano em várias nações, a cada uma delas deu um príncipe que a governasse... “ (p. 36) Marcas do discurso oral: Adjectivação irónica: “Soldado distinto, súbdito fiel...” (p. 34) Diminutivos com valor irónico: “Dê-nos uma esmolinha por alma de quem lá tem...” (p. 31) Frases curtas: “A Rita dorme.” (p. 16) Frases exclamativas: “Vê-se a gente livre dos Franceses, e zás!, cai na mão dos Ingleses!” (p. 16) Frases interrogativas: “Em que guerra é que vossemecê andou?” (p. 19) Interjeições: “Bestas!” “ Idiotas!” (p. 21) Ironia (recurso preferencial): “Eram quase cinco horas pelo meu relógio de ouro.” (p. 17) Onomatopeias: “Catrapum! Catrapum! Catrapum, pum, pum!” (p. 21) Provérbios e expressões populares: “Nenhum de vocês tem onde cair morto.” (p. 21); “Diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és...” (p. 39); “Deus escreve torto por linhas direitas.” (pp. 103-104); “Deus não nos deu nozes e os homens tiraram-nos os dentes...” (p. 109); “Entre os três o diabo que escolha...” (p. 16); “Se eu souber fazer render o peixe.” (p. 30); “Há quem diga que a voz do povo é a voz de Deus...” (p. 35) Repetições: “Que posso eu fazer? Sim: que posso eu fazer?” (p. 15) Suspensões frásicas: “O que lhes digo é que se ele não fosse estrangeirado era... era como os outros... era mais um senhor do Rossio...” (p. 25) Outros recursos expressivos: Aliteração: “Calça o sapato e levanta-se.” (p. 26) Apóstrofe: “E, agora, meus senhores, ao trabalho!” (p. 73) Comparação: “Como ela chorava, santo Deus! Parecia um animal ferido a ganir à beira duma estrada...” (p. 82) Dupla adjectivação: “Sonho com um Portugal próspero e feliz (...).” (p. 69) Enumeração: “Alguns pegam nos seus objectos pessoais – cestos, mantas esfarrapadas, uma abóbora, etc. (...).” (p. 18) Expressões bíblicas: “Ninguém se lembra do nome do tocador de trombeta que fez abater os muros de Jericó, mas Jericó caiu...” (p. 43) Hipérbole: “De cada árvore farão uma forca, de cada cave uma prisão...” (p. 68) Metáfora: “Os degraus da vida são logo esquecidos por quem sobe a escada...” (p. 31) 2
  • 3. Léxico do domínio político e religioso: “Governadores”; “povo”; “soldado”; “regência” (p. 71)/”Patriarcal de Lisboa”; “Deus”; “Nossa Senhora”; “paróquias deste Patriarcado e Igrejas dos Conventos Regulares” (p. 98) Expressões em latim: “pro Gratiorum Actione”; “Te Deum Laudamus” (p. 98) A inclusão de frases em latim visa criticar a promiscuidade de Igreja com o poder instituído, denunciando a sua participação em todo o processo, que envolveu a denúncia, prisão, incriminação e execução do general Gomes Freire de Andrade, com o objectivo claro de desmascarar aqueles que, em nome da Igreja, adulteravam os princípios e valores defendidos pela doutrina cristã. 3