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III Seminário de Pesquisa da APA Itupararanga:
Água e Saneamento, desafios à conservação

28 e 29 de Novembro de 2012

Sorocaba - SP
________________________________________________________________________


Análise Geomorfológica dos Sistemas Ambientais na Bacia do Ribeirão
                          Jurupará, Município de Piedade-SP


     Otavio Macário dos Santos Neto - Graduando em Geografia pela UFSCar - campus Sorocaba
                                                                    otavio.geo09@yahoo.com.br
             Emerson Martins Arruda - Prof. Dr. Do curso de Geografia UFSCar - campus Sorocaba
                                                                     emerson_sp@yahoo.com.br
Resumo
A presente pesquisa foi realizada na bacia hidrográfica do Ribeirão Jurupará, tendo como tema
central a análise dos processos morfodinâmicos de esculturação do relevo. Assim, a pesquisa
utiliza-se   da   perspectiva   dos   sistemas   ambientais   CHRISTOFOLETTI   (1980),   análise
morfométrica da rede de drenagem ETCHEBEHERE (2000), CHRISTOFOLETTI (op.cit.), e
distinção dos níveis metodológicos AB´SÁBER (1969), como norteadores metodológicos na
investigação geomorfológica da área, implicando necessariamente no levantamento dos
processos morfodinâmicos que ali atuaram. Os resultados possibilitaram correlações entre
processos morfoclimáticos e morfotectônicos que atuaram na área em diferentes momentos do
tempo geológico, de modo que os aspectos estruturais refletem na morfologia do relevo,
características que dão indícios de sucessivos estágios de modificações determinantes na
composição da atual paisagem.
Palavras – chave: Bacia hidrográfica, morfodinâmica, mapa geomorfológico.



Introdução
O presente trabalho realizou a caracterização geomorfológica da bacia do Ribeirão Jurupará,
visando identificar estágios e processos de evolução de sua paisagem a partir de metodologias
amplamente utilizadas em Geomorfologia fluvial. O desenvolvimento morfodinâmico é
condicionado por distintas escalas temporais, por vezes caracterizadas por oscilações climáticas
ocorridas no passado, sobretudo, durante o período Quaternário. A integração dos conhecimentos
sobre a Geologia e Geomorfologia da área com os processos e indícios de estágios evolutivos
processados sobre a paisagem, tem permitido a interpretação da dinâmica geomorfológica da
área, bem como de sua funcionalidade no contexto regional.
A abordagem geomorfológica da bacia hidrográfica sob a perspectiva sistêmica discutida por
CHRISTOFOLETTI (1980) compreende que cada um dos elementos que a compõe, exerce
influência no sistema como um todo. Estudos de caso, realizados com base na abordagem
geomorfológica de tais unidades espaciais delimitadas naturalmente, fornecerão dados e
conhecimentos indispensáveis ao planejamento do uso do solo e manejo de recursos naturais.
Estas inter-relações entre os elementos de cada bacia são analisadas como particularidades que
interferem em todo seu sistema evolutivo.

O Ribeirão Jurupará está localizado no setor sul-sudeste do Estado de São Paulo, abrangendo
parte do setor norte do município de Piedade. O Ribeirão Jurupará conflui a oeste de sua bacia
com o Rio Pirapora. Sua linha de cumeada a ENE limita-se com a represa de Itupararanga (APA
Lei 10.100/98), que é formada pelas águas do Rio Sorocaba, e encontra-se na Folha Topográfica
SF-23-Y-C-V-1 IBGE (1981), entre as coordenadas 23° 37’ e 23°42’ S, a 47° 21’ e 47° 30’ W.

O presente trabalho constitui uma das pesquisas realizadas junto ao Grupo de Estudos do
Quaternário – UFSCar, com propósito integrar os conhecimentos acerca da Geomorfologia
regional sob correlação entre as atuais características paisagísticas e o resgate paleoambiental da
área, pautado, sobretudo, na concepção de uma ciclicidade nas dinâmicas evolutivas dos
sistemas morfoclimáticos processados sobre o relevo da região. Deste modo, buscou-se ainda
estabelecer uma interface entre a análise espaço-temporal das formas de uso e ocupação do solo
resultantes das diversas atividades antrópicas sobre o relevo e os impactos impostos aos regimes
naturais dos sistemas ambientais pré-existentes.

Justifica-se a escolha do tema deste trabalho a partir da premissa de que a rede de drenagem é
um dos componentes do sistema geomorfológico que melhor reflete efeitos decorrentes de
fenômenos evolutivos ocorridos, sobretudo durante o período Quaternário, e que a atual
configuração da paisagem é considerada herança deste período. Assim, a formulação de que há
processos de modificação da paisagem em pleno andamento, permitiu através da caracterização
geomorfológica do Ribeirão Jurupará, determinar quais os processos predominantes no atual
contexto a partir de diversas correlações entre os elementos e atributos do seu sistema evolutivo.

O levantamento de impactos ambientais causados pela ação antrópica na bacia contribui como
subsídio ao planejamento de ações que minimizem influências negativas do uso do solo sobre o
sistema ambiental da área. Desse modo, conhecer os processos naturais de evolução da
paisagem e aqueles atuais desencadeados pela atividade antrópica, implica na habilidade do
geomorfólogo de perceber, identificar e interpretar alterações (antrópicas ou não) na dinâmica
evolutiva do sistema bacia hidrográfica.

Nota-se que na atualidade, as questões presentes no âmbito do gerenciamento, preservação e
manejo de recursos naturais, bem como do próprio planejamento urbano/ambiental, têm se
utilizado do zoneamento ambiental dos setores como base para a realização das ações.
Caracterização da área de estudos
Tendo como característica principal a sua localização em um setor de transição litológica,
altimétrica e estrutural entre o Planalto Cristalino Atlântico e a Depressão Periférica Paulista, a
bacia do Ribeirão Jurupará encontra-se predominantemente inserida no setor de planalto.
Observa-se assim que a rede fluvial evolui em uma orientação geral de leste para oeste, drenando
e dissecando as escarpas do planalto em direção ao relevo da borda leste da Depressão
Periférica Paulista.
As nascentes mais elevadas, associadas ao contexto cristalino do setor do planalto situam-se a
altitudes em torno de 1000m. Na foz do Ribeirão Jurupará nota-se a variação entre litologias
cristalinas e metassedimentares, relacionadas ao contexto da depressão periférica, inclusive no
que diz respeito às características altimétricas, com altitude de 660m. Entre as características
topográficas da área, notou-se que o relevo se encontra compartimentado em diferentes
patamares, onde o controle morfoestrutural da paisagem resulta em feições que configuram
setores de maior erodibilidade muitas vezes aproveitados pelas redes de drenagem na busca pelo
nível de base.

O mapa hipsométrico elaborado (mapa 01) permite uma visualização preliminar dos lineamentos
de relevo mais marcantes, a exemplo das zonas de cisalhamento transcorrente que atravessam a
área de estudos. Possibilita ainda uma visão da morfologia geral do relevo, bem como a
espacialização dos cursos fluviais principais, e seus respectivos setores de planícies.

Material e Métodos
Optou-se pela utilização da perspectiva dos sistemas ambientais tratada por Christofoletti (1980),
uma vez que a abordagem sistêmica permite a adoção da bacia hidrográfica como unidade
espacial de análise mais apropriada para o estudo, e justifica-se pela interação entre os diferentes
elementos e atributos que em conjunto fazem parte da evolução da paisagem.
A análise espacial da bacia hidrográfica foi realizada junto a mapeamentos elaborados sob
utilização do software ArcGIS 10, a partir de imagens SRTM (Shutle Radar Topographic Mission)
e base de dados CPRM, onde a análise conjunta dos mapas auxiliará no entendimento dos
aspectos morfoestruturais e morfoesculturais da área. Os mapas gerados com o emprego do
software ArcGIS10 são a base topográfica, o mapa hipsométrico, mapa de declividade, mapa
geológico, mapa de lineamentos. O mapa topomorfológico foi elaborado de maneira analógica, a
partir de análise da carta topográfica acima citada. As informações analíticas presentes no mapa
geomorfológico foram sintetizadas a partir da utilização do software ArcGIS10.

A análise morfoestrutural tem se utilizado do estudo da rede de drenagem, além da interpretação
das estruturas analisadas em campo, como falhas e estrias, conforme as técnicas propostas por
Angelier, (1975), (Angelier & Mechler, 1997) e pelo método gráfico de Arthaud (1969).
Figura 01 – Mapa Hipsométrico da bacia do Ribeirão Jurupará-SP.
A caracterização morfométrica da rede de drenagem tem se pautado na elaboração e análise do
perfil longitudinal dos vales, análise da distribuição espacial e dos padrões de drenagem para
identificação anomalias ETCHEBEHERE, et. al. (2004, comprimento e densidade de drenagem.

Resultados e discussão
A análise de lineamentos no contexto regional demonstra que a rede fluvial tem se aproveitado
dos setores de fraqueza estrutural para incidir sobre o relevo, fazendo destacar na paisagem
feições que refletem a influência dos elementos condicionantes na evolução da drenagem.
Diversas inflexões relacionadas ao controle estrutural exercido pelo substrato litológico marcam a
espacialização dos cursos. O ribeirão Tanguá exemplifica o condicionamento da drenagem, de
modo que suas inflexões coincidem com adaptações à orientação dos cisalhamentos de
Taxaquara e Pirapora.
Interflúvios com topos estreitos e alongados foram observados na média e baixa bacia, no entorno
das falhas de Taxaquara e Pirapora, tendendo em ambos os casos a acompanhar a orientação
dos cisalhamentos regionais. As maiores declividades ocorrem em meio a estes principais
sistemas de falhamento, em correlação com aspectos altimétricos, litológicos e com movimentos
tectônicos processados no passado.                Escarpas de falha nestes setores são feições
frequentemente encontradas na paisagem.

De   maneira     geral,   a   distribuição   de    declividades   é   mais   expressiva   nas   litologias
metassedimentares do Grupo São Roque. Esta constatação, em correlação com fatores
altimétricos, tem fornecido parâmetros para a interpretação possíveis eventos que marcaram
estágios da evolução morfodinâmica da bacia do Ribeirão Jurupará. A topografia e as feições
observadas no relevo dão indícios de processos geomorfológicos ocorridos durante a evolução da
bacia, de modo que diferentes níveis topográficos e certas formas podem ser heranças deixadas
na paisagem como resultado destes processos.

Na área estudos as ativações da tectônica transcorrente pretérita, teriam movimentado o bloco
entre as zonas de cisalhamento contextualizadas. Mesmo sob dinâmica transcorrente, teria
acarretado em movimentação vertical deste bloco, causando sua subsidência através de processo
de rifteamento e contribuindo para a formação de diferentes patamares erosivos. No setor da
média bacia pertencente ao Grupo São Roque foram identificadas facetas trapezoidais nas
adjacências do cisalhamento de Taxaquara, indicando a ocorrência pretérita de movimentos de
blocos em dinâmica vertical e horizontal. Tais mudanças de nível de base ocasionaram uma
intensificação dos processos erosivos e maior entalhamento pelas drenagens, atribuindo-lhe as
mais expressivas declividades no contexto da área de estudos.

A correlação dos elementos morfológicos e altimétricos permitiu ainda identificar diferentes
patamares erosivos, a partir da análise topomorfológica e análise da distribuição dos níveis de
planícies fluviais.
O patamar mais elevado remonta condições mais uniformes de um relevo anterior, com cotas
entre os 840 e 1000m de altitude, destacando-se na área setores descontínuos correspondentes a
este patamar, na média bacia, na faixa que vai de noroeste a nordeste, e no setor sudeste da
área. Este conjunto de cotas marca na paisagem os topos relacionados ao patamar identificado,
sendo que suas descontinuidades relacionam-se com os movimentos verticais e laterais de
blocos.

O segundo nível de patamar erosivo corresponde à planície fluvial do ribeirão Tanguá, e à metade
montante do curso do Ribeirão Jurupará. A altitude deste patamar varia de 740m nas planícies a
840m em seus respectivos interflúvios, e teria se desarticulado do patamar sequente por influência
da epirogênese do mesmo.

O terceiro patamar erosivo está relacionado com o nível de base principal no contexto da bacia,
marcado pela amplitude altimétrica entre a planície fluvial jusante do Ribeirão Jurupará e seus
respectivos interflúvios, de 660 a 720m de altitude. A diferença destes níveis de patamares
erosivos pode ser explicada pela própria evolução morfodinâmica do relevo. Cada nível
representa um dos sucessivos estágios de dissecação pela drenagem, em conformidade com os
fatores morfoestruturais e morfoclimáticos da área, ao longo do Quaternário.

Acredita-se que embora a análise da história evolutiva da área não possa ser consistente sem a
consideração de eventos mesozóicos, paleozóicos ou mesmo anteriores, a paisagem do Ribeirão
Jurupará apresenta morfologia resultante de processos predominantemente ocorridos nos últimos
2,5 milhões de anos, correspondentes ao período Quaternário.

Considerações finais
Entre as características da área observou-se na predominância dos processos de dissecação do
relevo, a drenagem atuando em conjunto com aspectos morfotectônicos ou ainda de origem
neotectônica, a partir da interpretação dos estágios morfodinâmicos do relevo. A partir desta
constatação, ficou estabelecido que a predominante dissecação da paisagem acarreta na área
uma dinâmica de exumação de estruturas pretéritas relacionadas às ativações tectônicas
contextualizadas. Assim, o contexto morfoestrutural da área apresenta na paisagem, diversas
respostas aos regimes de transcorrência que influenciaram os processos morfodinâmicos na bacia
do Ribeirão Jurupará.
Buscando a correlação da morfodinâmica da área, entendendo a mesma como a sobreposição de
eventos espaciais e temporais distintos, no âmbito da abordagem sistêmica, considera-se que a
forte dissecação do relevo, contribui na esculturação do mesmo devido aos processos erosivos,
acelerando assim os processos naturais que marcam a evolução da paisagem.

Neste sentido, é possível encontrar na área de estudos diversas formas erosivas desencadeadas
por desmatamento, abertura de estradas, pastagens com pisoteio de gado, práticas inadequadas
de manejo agrícola e expansão dos aglomerados rurais.
Agradecimentos
Dedicados à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo pelo financiamento da
presente pesquisa de iniciação científica. Processo n° 2011/10924-0.



Referências Bibliográficas
AB’SÁBER, A. N. Um conceito de geomorfologia a serviço das pesquisas sobre o quaternário.
Revista Geomorfologia, São Paulo, 1969. 23 p.
AB’SÁBER, A. N. Províncias geológicas e domínios morfoclimáticos no Brasil. Revista
Geomorfologia, São Paulo, 1970. 25 p.

ANGELIER, J. Sur l’analyse de mesures recueillies dans des sites faillés: l’utilité d’une
confrontation entre les méthodes dynamiques et cinématiques. Comptes Rendus de l’Academie de
Science de Paris, v. 281, p. 1805 – 1808, 1975

ANGELIER, J. & MECHLER, P. Sur une méthode graphique de recherche des contraintes
principales également utilisable em tectonique em séismologie: in méthode des dièdres droits.
Bulletin de la Societé Géologique de France, v. 7 , p. 1309 – 1318, 1977.

ARTHAUD, F. Méthode de détermination graphique des directions da raccourcissment,
l’allongement et intermédiare d’une population des failles. Bulletin de la Societé Géologique de
France, v. 11, p. 729 – 737, 1969.

CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia. Ed. Edgard Blucher. Edusp, São Paulo, 1980, 150 p.

ETCHEBEHERE, M. L; SAAD, A. R; FULFARO, V.J; PERINOTTO. A. J. Aplicação do índice
“Relação Declividade Extensão – RDE” na bacia do Rio do Peixe – SP para detecção de
deformações neotectônicas. Geol. USP Sér. Cient., São Paulo, v. 4, n. 2, p. 43-56, out. 2004.

GODOY, A. M; HACKSPACHER, P. C; OLIVEIRA, M. A. F; ARAÚJO, L. M. B. Evolução Geológica
dos Batólitos Granitóides do Sudeste do Estado de São Paulo. Geociências, v.29, n.2,171-185,
São Paulo, 2010.

HACKSPACHER, P. C; GODOY, A. M; OLIVEIRA, M. A. F. Evolução Crustal do Bloco São Roque
na Região Sudeste d Estado de São Paulo. Revista Brasileira de Geociências, 23(3) 260-264, Rio
Claro, setembro de 1993

TRICART, J – Principes et méthodes de la Géomorphologie. Masson et Cie., Éditeurs, Paris,
1965, 496 p.

VERSTAPEEN, H.T.; ZUIDAM, R.A. (ITC) – System of Geomorphological Servey. Manuel ITC,
Text Book. Vol 7, Cap. 7, 1975.

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  • 1. III Seminário de Pesquisa da APA Itupararanga: Água e Saneamento, desafios à conservação 28 e 29 de Novembro de 2012 Sorocaba - SP ________________________________________________________________________ Análise Geomorfológica dos Sistemas Ambientais na Bacia do Ribeirão Jurupará, Município de Piedade-SP Otavio Macário dos Santos Neto - Graduando em Geografia pela UFSCar - campus Sorocaba otavio.geo09@yahoo.com.br Emerson Martins Arruda - Prof. Dr. Do curso de Geografia UFSCar - campus Sorocaba emerson_sp@yahoo.com.br Resumo A presente pesquisa foi realizada na bacia hidrográfica do Ribeirão Jurupará, tendo como tema central a análise dos processos morfodinâmicos de esculturação do relevo. Assim, a pesquisa utiliza-se da perspectiva dos sistemas ambientais CHRISTOFOLETTI (1980), análise morfométrica da rede de drenagem ETCHEBEHERE (2000), CHRISTOFOLETTI (op.cit.), e distinção dos níveis metodológicos AB´SÁBER (1969), como norteadores metodológicos na investigação geomorfológica da área, implicando necessariamente no levantamento dos processos morfodinâmicos que ali atuaram. Os resultados possibilitaram correlações entre processos morfoclimáticos e morfotectônicos que atuaram na área em diferentes momentos do tempo geológico, de modo que os aspectos estruturais refletem na morfologia do relevo, características que dão indícios de sucessivos estágios de modificações determinantes na composição da atual paisagem. Palavras – chave: Bacia hidrográfica, morfodinâmica, mapa geomorfológico. Introdução O presente trabalho realizou a caracterização geomorfológica da bacia do Ribeirão Jurupará, visando identificar estágios e processos de evolução de sua paisagem a partir de metodologias amplamente utilizadas em Geomorfologia fluvial. O desenvolvimento morfodinâmico é condicionado por distintas escalas temporais, por vezes caracterizadas por oscilações climáticas ocorridas no passado, sobretudo, durante o período Quaternário. A integração dos conhecimentos sobre a Geologia e Geomorfologia da área com os processos e indícios de estágios evolutivos processados sobre a paisagem, tem permitido a interpretação da dinâmica geomorfológica da área, bem como de sua funcionalidade no contexto regional.
  • 2. A abordagem geomorfológica da bacia hidrográfica sob a perspectiva sistêmica discutida por CHRISTOFOLETTI (1980) compreende que cada um dos elementos que a compõe, exerce influência no sistema como um todo. Estudos de caso, realizados com base na abordagem geomorfológica de tais unidades espaciais delimitadas naturalmente, fornecerão dados e conhecimentos indispensáveis ao planejamento do uso do solo e manejo de recursos naturais. Estas inter-relações entre os elementos de cada bacia são analisadas como particularidades que interferem em todo seu sistema evolutivo. O Ribeirão Jurupará está localizado no setor sul-sudeste do Estado de São Paulo, abrangendo parte do setor norte do município de Piedade. O Ribeirão Jurupará conflui a oeste de sua bacia com o Rio Pirapora. Sua linha de cumeada a ENE limita-se com a represa de Itupararanga (APA Lei 10.100/98), que é formada pelas águas do Rio Sorocaba, e encontra-se na Folha Topográfica SF-23-Y-C-V-1 IBGE (1981), entre as coordenadas 23° 37’ e 23°42’ S, a 47° 21’ e 47° 30’ W. O presente trabalho constitui uma das pesquisas realizadas junto ao Grupo de Estudos do Quaternário – UFSCar, com propósito integrar os conhecimentos acerca da Geomorfologia regional sob correlação entre as atuais características paisagísticas e o resgate paleoambiental da área, pautado, sobretudo, na concepção de uma ciclicidade nas dinâmicas evolutivas dos sistemas morfoclimáticos processados sobre o relevo da região. Deste modo, buscou-se ainda estabelecer uma interface entre a análise espaço-temporal das formas de uso e ocupação do solo resultantes das diversas atividades antrópicas sobre o relevo e os impactos impostos aos regimes naturais dos sistemas ambientais pré-existentes. Justifica-se a escolha do tema deste trabalho a partir da premissa de que a rede de drenagem é um dos componentes do sistema geomorfológico que melhor reflete efeitos decorrentes de fenômenos evolutivos ocorridos, sobretudo durante o período Quaternário, e que a atual configuração da paisagem é considerada herança deste período. Assim, a formulação de que há processos de modificação da paisagem em pleno andamento, permitiu através da caracterização geomorfológica do Ribeirão Jurupará, determinar quais os processos predominantes no atual contexto a partir de diversas correlações entre os elementos e atributos do seu sistema evolutivo. O levantamento de impactos ambientais causados pela ação antrópica na bacia contribui como subsídio ao planejamento de ações que minimizem influências negativas do uso do solo sobre o sistema ambiental da área. Desse modo, conhecer os processos naturais de evolução da paisagem e aqueles atuais desencadeados pela atividade antrópica, implica na habilidade do geomorfólogo de perceber, identificar e interpretar alterações (antrópicas ou não) na dinâmica evolutiva do sistema bacia hidrográfica. Nota-se que na atualidade, as questões presentes no âmbito do gerenciamento, preservação e manejo de recursos naturais, bem como do próprio planejamento urbano/ambiental, têm se utilizado do zoneamento ambiental dos setores como base para a realização das ações.
  • 3. Caracterização da área de estudos Tendo como característica principal a sua localização em um setor de transição litológica, altimétrica e estrutural entre o Planalto Cristalino Atlântico e a Depressão Periférica Paulista, a bacia do Ribeirão Jurupará encontra-se predominantemente inserida no setor de planalto. Observa-se assim que a rede fluvial evolui em uma orientação geral de leste para oeste, drenando e dissecando as escarpas do planalto em direção ao relevo da borda leste da Depressão Periférica Paulista. As nascentes mais elevadas, associadas ao contexto cristalino do setor do planalto situam-se a altitudes em torno de 1000m. Na foz do Ribeirão Jurupará nota-se a variação entre litologias cristalinas e metassedimentares, relacionadas ao contexto da depressão periférica, inclusive no que diz respeito às características altimétricas, com altitude de 660m. Entre as características topográficas da área, notou-se que o relevo se encontra compartimentado em diferentes patamares, onde o controle morfoestrutural da paisagem resulta em feições que configuram setores de maior erodibilidade muitas vezes aproveitados pelas redes de drenagem na busca pelo nível de base. O mapa hipsométrico elaborado (mapa 01) permite uma visualização preliminar dos lineamentos de relevo mais marcantes, a exemplo das zonas de cisalhamento transcorrente que atravessam a área de estudos. Possibilita ainda uma visão da morfologia geral do relevo, bem como a espacialização dos cursos fluviais principais, e seus respectivos setores de planícies. Material e Métodos Optou-se pela utilização da perspectiva dos sistemas ambientais tratada por Christofoletti (1980), uma vez que a abordagem sistêmica permite a adoção da bacia hidrográfica como unidade espacial de análise mais apropriada para o estudo, e justifica-se pela interação entre os diferentes elementos e atributos que em conjunto fazem parte da evolução da paisagem. A análise espacial da bacia hidrográfica foi realizada junto a mapeamentos elaborados sob utilização do software ArcGIS 10, a partir de imagens SRTM (Shutle Radar Topographic Mission) e base de dados CPRM, onde a análise conjunta dos mapas auxiliará no entendimento dos aspectos morfoestruturais e morfoesculturais da área. Os mapas gerados com o emprego do software ArcGIS10 são a base topográfica, o mapa hipsométrico, mapa de declividade, mapa geológico, mapa de lineamentos. O mapa topomorfológico foi elaborado de maneira analógica, a partir de análise da carta topográfica acima citada. As informações analíticas presentes no mapa geomorfológico foram sintetizadas a partir da utilização do software ArcGIS10. A análise morfoestrutural tem se utilizado do estudo da rede de drenagem, além da interpretação das estruturas analisadas em campo, como falhas e estrias, conforme as técnicas propostas por Angelier, (1975), (Angelier & Mechler, 1997) e pelo método gráfico de Arthaud (1969).
  • 4. Figura 01 – Mapa Hipsométrico da bacia do Ribeirão Jurupará-SP.
  • 5. A caracterização morfométrica da rede de drenagem tem se pautado na elaboração e análise do perfil longitudinal dos vales, análise da distribuição espacial e dos padrões de drenagem para identificação anomalias ETCHEBEHERE, et. al. (2004, comprimento e densidade de drenagem. Resultados e discussão A análise de lineamentos no contexto regional demonstra que a rede fluvial tem se aproveitado dos setores de fraqueza estrutural para incidir sobre o relevo, fazendo destacar na paisagem feições que refletem a influência dos elementos condicionantes na evolução da drenagem. Diversas inflexões relacionadas ao controle estrutural exercido pelo substrato litológico marcam a espacialização dos cursos. O ribeirão Tanguá exemplifica o condicionamento da drenagem, de modo que suas inflexões coincidem com adaptações à orientação dos cisalhamentos de Taxaquara e Pirapora. Interflúvios com topos estreitos e alongados foram observados na média e baixa bacia, no entorno das falhas de Taxaquara e Pirapora, tendendo em ambos os casos a acompanhar a orientação dos cisalhamentos regionais. As maiores declividades ocorrem em meio a estes principais sistemas de falhamento, em correlação com aspectos altimétricos, litológicos e com movimentos tectônicos processados no passado. Escarpas de falha nestes setores são feições frequentemente encontradas na paisagem. De maneira geral, a distribuição de declividades é mais expressiva nas litologias metassedimentares do Grupo São Roque. Esta constatação, em correlação com fatores altimétricos, tem fornecido parâmetros para a interpretação possíveis eventos que marcaram estágios da evolução morfodinâmica da bacia do Ribeirão Jurupará. A topografia e as feições observadas no relevo dão indícios de processos geomorfológicos ocorridos durante a evolução da bacia, de modo que diferentes níveis topográficos e certas formas podem ser heranças deixadas na paisagem como resultado destes processos. Na área estudos as ativações da tectônica transcorrente pretérita, teriam movimentado o bloco entre as zonas de cisalhamento contextualizadas. Mesmo sob dinâmica transcorrente, teria acarretado em movimentação vertical deste bloco, causando sua subsidência através de processo de rifteamento e contribuindo para a formação de diferentes patamares erosivos. No setor da média bacia pertencente ao Grupo São Roque foram identificadas facetas trapezoidais nas adjacências do cisalhamento de Taxaquara, indicando a ocorrência pretérita de movimentos de blocos em dinâmica vertical e horizontal. Tais mudanças de nível de base ocasionaram uma intensificação dos processos erosivos e maior entalhamento pelas drenagens, atribuindo-lhe as mais expressivas declividades no contexto da área de estudos. A correlação dos elementos morfológicos e altimétricos permitiu ainda identificar diferentes patamares erosivos, a partir da análise topomorfológica e análise da distribuição dos níveis de planícies fluviais.
  • 6. O patamar mais elevado remonta condições mais uniformes de um relevo anterior, com cotas entre os 840 e 1000m de altitude, destacando-se na área setores descontínuos correspondentes a este patamar, na média bacia, na faixa que vai de noroeste a nordeste, e no setor sudeste da área. Este conjunto de cotas marca na paisagem os topos relacionados ao patamar identificado, sendo que suas descontinuidades relacionam-se com os movimentos verticais e laterais de blocos. O segundo nível de patamar erosivo corresponde à planície fluvial do ribeirão Tanguá, e à metade montante do curso do Ribeirão Jurupará. A altitude deste patamar varia de 740m nas planícies a 840m em seus respectivos interflúvios, e teria se desarticulado do patamar sequente por influência da epirogênese do mesmo. O terceiro patamar erosivo está relacionado com o nível de base principal no contexto da bacia, marcado pela amplitude altimétrica entre a planície fluvial jusante do Ribeirão Jurupará e seus respectivos interflúvios, de 660 a 720m de altitude. A diferença destes níveis de patamares erosivos pode ser explicada pela própria evolução morfodinâmica do relevo. Cada nível representa um dos sucessivos estágios de dissecação pela drenagem, em conformidade com os fatores morfoestruturais e morfoclimáticos da área, ao longo do Quaternário. Acredita-se que embora a análise da história evolutiva da área não possa ser consistente sem a consideração de eventos mesozóicos, paleozóicos ou mesmo anteriores, a paisagem do Ribeirão Jurupará apresenta morfologia resultante de processos predominantemente ocorridos nos últimos 2,5 milhões de anos, correspondentes ao período Quaternário. Considerações finais Entre as características da área observou-se na predominância dos processos de dissecação do relevo, a drenagem atuando em conjunto com aspectos morfotectônicos ou ainda de origem neotectônica, a partir da interpretação dos estágios morfodinâmicos do relevo. A partir desta constatação, ficou estabelecido que a predominante dissecação da paisagem acarreta na área uma dinâmica de exumação de estruturas pretéritas relacionadas às ativações tectônicas contextualizadas. Assim, o contexto morfoestrutural da área apresenta na paisagem, diversas respostas aos regimes de transcorrência que influenciaram os processos morfodinâmicos na bacia do Ribeirão Jurupará. Buscando a correlação da morfodinâmica da área, entendendo a mesma como a sobreposição de eventos espaciais e temporais distintos, no âmbito da abordagem sistêmica, considera-se que a forte dissecação do relevo, contribui na esculturação do mesmo devido aos processos erosivos, acelerando assim os processos naturais que marcam a evolução da paisagem. Neste sentido, é possível encontrar na área de estudos diversas formas erosivas desencadeadas por desmatamento, abertura de estradas, pastagens com pisoteio de gado, práticas inadequadas de manejo agrícola e expansão dos aglomerados rurais.
  • 7. Agradecimentos Dedicados à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo pelo financiamento da presente pesquisa de iniciação científica. Processo n° 2011/10924-0. Referências Bibliográficas AB’SÁBER, A. N. Um conceito de geomorfologia a serviço das pesquisas sobre o quaternário. Revista Geomorfologia, São Paulo, 1969. 23 p. AB’SÁBER, A. N. Províncias geológicas e domínios morfoclimáticos no Brasil. Revista Geomorfologia, São Paulo, 1970. 25 p. ANGELIER, J. Sur l’analyse de mesures recueillies dans des sites faillés: l’utilité d’une confrontation entre les méthodes dynamiques et cinématiques. Comptes Rendus de l’Academie de Science de Paris, v. 281, p. 1805 – 1808, 1975 ANGELIER, J. & MECHLER, P. Sur une méthode graphique de recherche des contraintes principales également utilisable em tectonique em séismologie: in méthode des dièdres droits. Bulletin de la Societé Géologique de France, v. 7 , p. 1309 – 1318, 1977. ARTHAUD, F. Méthode de détermination graphique des directions da raccourcissment, l’allongement et intermédiare d’une population des failles. Bulletin de la Societé Géologique de France, v. 11, p. 729 – 737, 1969. CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia. Ed. Edgard Blucher. Edusp, São Paulo, 1980, 150 p. ETCHEBEHERE, M. L; SAAD, A. R; FULFARO, V.J; PERINOTTO. A. J. Aplicação do índice “Relação Declividade Extensão – RDE” na bacia do Rio do Peixe – SP para detecção de deformações neotectônicas. Geol. USP Sér. Cient., São Paulo, v. 4, n. 2, p. 43-56, out. 2004. GODOY, A. M; HACKSPACHER, P. C; OLIVEIRA, M. A. F; ARAÚJO, L. M. B. Evolução Geológica dos Batólitos Granitóides do Sudeste do Estado de São Paulo. Geociências, v.29, n.2,171-185, São Paulo, 2010. HACKSPACHER, P. C; GODOY, A. M; OLIVEIRA, M. A. F. Evolução Crustal do Bloco São Roque na Região Sudeste d Estado de São Paulo. Revista Brasileira de Geociências, 23(3) 260-264, Rio Claro, setembro de 1993 TRICART, J – Principes et méthodes de la Géomorphologie. Masson et Cie., Éditeurs, Paris, 1965, 496 p. VERSTAPEEN, H.T.; ZUIDAM, R.A. (ITC) – System of Geomorphological Servey. Manuel ITC, Text Book. Vol 7, Cap. 7, 1975.