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USO DE PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS PARA 
AVALIAR A INFLUÊNCIA DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO SOBRE A 
QUALIDADE AMBIENTAL NO ALTO RIO PARÁ 
Aline da Costa Rodrigues Pereira1; Pedro Henrique Trindade Dias Cabral2; Priscilla Maria 
Magri3; Ana Carolina Trevisani3; Fábio da Cunha Garcia4 & Luiz Gustavo Martins da Silva* 
Resumo – Cursos d’água são considerados como sistemas integradores da paisagem terrestre e, 
portanto, receptores de substâncias resultantes dos processos físico-químicos desses ambientes. Por 
essa razão, toda dinâmica geomorfológica do entorno de uma bacia hidrográfica influencia 
diretamente a qualidade do ambiente aquático. Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar a 
influência do uso e ocupação do solo no alto rio Pará utilizando parâmetros físico-químicos e 
biológicos de qualidade de água. O trecho estudado foi dividido em duas áreas de acordo com as 
características de uso e ocupação do solo observadas, sendo a área A aquela com menor densidade 
de mata ciliar e a área B aquela com maior densidade. Em cada área foram realizadas amostragens 
de água e peixes em três pontos distintos. Os resultados obtidos mostraram que nenhuma diferença 
significativa foi observada para as variáveis físico-químicas ou biológicas entre as áreas. 
Correlações negativas significativas foram registradas entre sólidos em suspensão e turbidez com a 
riqueza e diversidade de peixes. A princípio, a diferente densidade de mata ciliar observada entre as 
áreas não promoveu nenhum tipo de melhoria na qualidade ambiental do trecho estudado. 
Palavras-Chave – Rio Pará, qualidade de água, uso e ocupação. 
USING PHYSICO-CHEMICAL AND BIOLOGICAL PARAMETERS TO 
EVALUATE THE INFLUENCE OF LAND USE ON THE ENVIRONMENTAL 
QUALITY IN THE UPPER PARA RIVER BASIN 
Abstract – River basins are considered systems that integrate the terrestrial landscape and, thus, act 
like receptors of substances resultant of physico-chemical process from these environments. So, the 
geomorphological dynamics surrounding a river basin had a considerable influence over the quality 
of the aquatic environment. Thus, the aim of this work was to evaluate the land use influence on the 
quality of the Upper Para River basin using physico-chemical and biological parameters of water 
quality. The river stretch studied was divided into two areas, considering the land use characteristics 
observed. Area A was represented by poor riparian vegetation coverage, while area B was 
characterized with a better riparian vegetation coverage. In both areas water and fish samples were 
conducted in three different sites. The results showed the no significant difference was observed for 
the physico-chemical and biological variables between the areas. Significant negative correlations 
were registered for suspended solids and turbidity with species richness and diversity. Basically, the 
different density of riparian vegetation observed among areas has not provided any improvement in 
the environmental quality of the upper Pará River basin in the studied stretch. 
Keywords – Pará River, water quality, land use. 
_________________________ 
1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia para o Desenvolvimento Sustentável – PPGTDS. UFSJ. alinecrpereira@yahoo.com.br. 
2 Acadêmico do Curso de Engenharia Química. UFSJ. pedro_eng.quimica@hotmail.com. 
3 Acadêmicas do Curso de Engenharia de Bioprocessos. UFSJ. priscilla.magri@hotmail.com; caroltrevisani.ufsj@gmail.com. 
4 DOC/CCHN/UFES. garciafc2007@gmail.com. 
*Autor Correspondente: PPGTDS/DTECH/UFSJ. luizsilva@ufsj.edu.br 
XX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 1
1) INTRODUÇÃO 
Cursos d'água servem como integradores das características da paisagem terrestre e como 
recipientes dos poluentes da terra e da atmosfera. A qualidade de sua água, por sua vez, resulta de 
fatores geomorfológicos, climáticos, hidrológicos e biológicos, sendo o tipo de uso e o manejo do 
solo determinantes para a qualidade da água em bacias hidrográficas (Chaves et al., 2009). Assim o 
uso e ocupação do solo das bacias refletem na qualidade e quantidade das águas superficiais e 
subterrâneas. 
Dentre as bacias mais impactadas no tocante à qualidade da água estão aquelas que sofrem 
processo de ocupação acelerada (May et al., 1999). Os pesquisadores reconhecem cada vez mais 
que as ações humanas em escala de uso da terra são a principal ameaça à integridade ecológica dos 
ecossistemas fluviais, impactando habitat, qualidade da água e da biota por meio de inúmeras e 
complexas vias (Allan, 2004). 
De acordo com Linhares et al. (2005), a utilização do solo desempenha um importante papel 
no ciclo hidrológico, com a vegetação tendo influência direta no processo de erosão, na qualidade 
da água, na dinâmica de nutrientes, na proteção de mananciais e na produção de água. Dessa forma, 
o conhecimento atualizado das formas de utilização e ocupação do solo, bem como seu uso 
histórico, tem sido um fator imprescindível ao estudo dos processos que se desenvolvem em 
determinada região, tornando-se de fundamental importância, na medida em que os efeitos do seu 
mau uso causam deterioração no meio ambiente. Os processos de erosão intensos, desertificação, 
inundações, assoreamentos de cursos d'água têm sido exemplos cotidianos de mau uso (Louzada, 
2011). 
Segundo Barbosa et al. (2000), a saúde de um ecossistema aquático pode ser inferida com 
base na caracterização da sua estrutura (elementos biológicos e sua interação com os parâmetros 
físicos e químicos) e funcionamento (processos fundamentais à manutenção da biodiversidade 
como produção, consumo e decomposição da matéria orgânica). Percebe-se que o entendimento do 
uso e ocupação do solo no entorno de uma bacia hidrográfica é fundamental para se entender a 
dinâmica de manutenção da qualidade do ambiente aquático, sendo que esse parâmetro pode ser 
avaliado utilizando-se variáveis físico-químicas e biológicas. Logo, monitoramentos que buscam a 
integração das informações estruturais do ambiente (variáveis físico-químicas e biológicas) 
permitem avaliações mais robustas acerca da saúde dos ecossistemas aquáticos e, 
consequentemente, um melhor entendimento dos fatores de uso e ocupação que podem contribuir 
para eventual perda de qualidade. 
O objetivo desse trabalho foi utilizar variáveis físico-químicas e biológicas para avaliar a 
qualidade ambiental do alto rio Pará buscando, com isso, identificar possíveis influências do uso e 
ocupação do solo no entorno da área de estudos. 
2) MATERIAL E MÉTODOS 
2.1) Área de Estudo 
O rio Pará é parte integrante da bacia hidrográfica do rio São Francisco, sendo um dos seus 
afluentes diretos. Este nasce nas vertentes das Serras do Galga e da Cebola, no município de 
Desterro de Entre Rios, Minas Gerais, a uma altitude superior a 1.200 metros. O rio percorre uma 
extensão de, aproximadamente, 300 km até desaguar no rio São Francisco, reservatório de Três 
Marias, no limite dos municípios de Pompéu e Martinho Campos. 
XX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 2
Para atingir os objetivos do estudo, seis pontos foram selecionados ao longo do trecho em 
estudo no rio Pará. Os seis pontos analisados foram divididos em duas áreas, A e B. A divisão em 
áreas levou em consideração características ambientais analisadas sob o ponto de vista do uso e 
ocupação do solo, que serão descritas detalhadamente nos resultado. Basicamente, a área A 
apresentou densidade de mata ciliar reduzida ou ausente ao longo do curso do rio, indicando assim 
maior ocupação do solo. A área B foi caracterizada por maior densidade de mata ciliar, no entanto 
apenas em um pequeno trecho e concentrada na margem direita do rio. A Tabela 1 descreve as 
características de cada ponto amostral utilizada, os tipos de petrechos de pesca utilizados e a área 
em que o ponto foi inserido para análise dos dados. 
Tabela 1 – Pontos de coletas, descrição dos pontos, tipos de petreches de pesca utilizados em cada ponto e a área de 
cada um deles. 
Ponto Descrição do Ponto Tipos de Petreches de Pesca Área 
ICQA-02 
Largura: 20 - 30 m; profundidade: 0,4 - 1,5 m. 
Trecho linear com correnteza, apresentando substrato 
arenoso e lamoso. Mata ciliar rala ou ausente, com 
presença de bambu nas margens. 
Captura passiva com utilização de 
rede de espera M3/M10. A 
ICQA-03 
Largura: 20 - 25 m; profundidade: 0,2 - 2,0 m. 
Trecho com água corrente e turva, apresentando 
substrato arenoso e pedregoso. Margens com 
presença de trechos desbarrancados e mata ciliar rala 
ou ausente. 
Captura passiva com utilização de 
rede de espera M3/M10. 
A 
ICQA-04 
Largura: 15 m; profundidade: 0,4 - 1,8 m. Trecho 
com grande velocidade de fluxo d'água, corredeiras e 
água turva, apresentando substrato arenoso, lamoso e 
pedregoso. Margens com pontos desbarrancados com 
presença de mata ciliar e pastagem. 
Captura passiva e ativa com 
utilização de rede de espera M3/M10, 
peneira e tarrafa. B 
ICQA-05 
Largura: 20 - 25 m; profundidade: 0,5 - 1,7 m. 
Trecho com presença de troncos caídos no leito do 
curso d'água, apresentando substrato arenoso e 
bancos de areia em toda a seção. Margens com 
pontos desbarrancados com presença de mata ciliar e 
pastagem. 
Captura passiva com utilização de 
rede de espera M3/M10. 
B 
ICQA-06 
Largura: 20 m; profundidade: 0,5 - 1,4 m. Trecho 
com presença de substrato lamoso e arenoso. 
Margens com pontos desbarrancados com presença 
de mata ciliar, bambu e pastagem. 
Captura passiva com utilização de 
rede de espera M3/M10. B 
ICQA-07 
Largura: 30 m; profundidade: 0,4 - 1,1 m. Trecho 
retilíneo e bastante assoreado, apresentando substrato 
arenoso e lamoso. Margens com pontos 
desbarrancados com presença de mata ciliar rala e 
pastagem. 
Captura passiva e ativa com 
utilização de rede de espera M3/M10 
e peneira. 
A 
2.2) Avaliação do uso e ocupação do solo 
Para a avaliação do uso e ocupação do solo foram utilizadas imagens de agosto de 2007, 
georreferenciadas pelo IBAMA, do CBERS 2B, sensor CCD, sendo as respectivas cenas: 152/123 - 
2007-08-25 e 153//123 - 2007-08-22. As imagens foram tratadas e interpretadas a partir do 
programa ArcView. A atualização dos dados de uso e ocupação do solo obtidos com as imagens foi 
realizada com visitas em campo descrevendo o uso atual e obtendo registros fotográficos. 
XX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 3
2.3) Captura dos peixes 
As campanhas para captura dos peixes foram realizadas em novembro de 2011 e nos meses de 
junho, agosto e outubro de 2012, constituindo assim um ciclo hidrológico praticamente completo. 
Para a amostragem quantitativa dos peixes foram utilizadas redes de emalhar com diferentes 
tamanhos de malha, tendo de 3 a 10 cm (medidas entre nós opostos), 10m de comprimento e 1,5m 
de altura, totalizando um esforço de 15m2 para cada rede. Esse tipo de petrecho foi armado ao 
entardecer e retirado na manhã seguinte, perfazendo cerca de 14 horas de exposição na coluna 
d’água. 
2.4) Avaliação da qualidade de água 
As coletas de água foram realizadas no mesmo período em que ocorreram as capturas de 
peixes. Foram analisados parâmetros físicos como sólidos suspensos e turbidez e químico, nesse 
caso a condutividade elétrica. Essas variáveis foram escolhidas em razão de refletirem as entradas 
de materiais, particulados e dissolvidos nos corpos d’água podendo interferir na qualidade estética 
desses ambientes. A condutividade elétrica reflete variações nas condições geológicas de uma bacia 
hidrográfica, sendo que esse conjunto de informações justifica seu uso para avaliações de uso e 
ocupação do solo. As coletas e análises das amostras de água foram realizadas por uma empresa 
com acreditação NBR-ISO 17.025. 
2.5) Análise dos dados 
Para análise da estrutura da comunidade ictiíca foi feito o cálculo da Captura por Unidade de 
Esforço em número (CPUEn) para cada ponto de coleta, por período de amostragem. Foram 
calculados também os índices de diversidade (índice de Shannon; H’) e de riqueza (d). 
A CPUE foi obtida através da seguinte relação: 
CPUEn = Captura em número por unidade de esforço; 
Nm = Número total dos peixes capturados na malha m; 
Epm = Esforço de pesca, que representa a área em m2 das redes de malha m; 
m = Tamanho da malha (3, 4, 5, 6, 7, 8 e 10 cm). 
A riqueza foi considerada como o número de espécies capturadas em cada ponto amostral. 
Para o cálculo do índice de diversidade de Shannon foi utilizada a seguinte expressão: 
S = Número total de espécies na amostra; 
i = Espécie 1, 2... na amostra; 
XX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 4
Pi = Proporção de indivíduos da espécie i na amostra. 
Para comparação dos dados físico-químicos e bióticos entre as áreas foram realizadas análises 
estatísticas fazendo uso do software Statistica 8.0 (StatSoft, 2007). Para avaliar a normalidade dos 
dados utilizou-se o teste de Shapiro-Wilk. Em razão da não normalidade apresentada, aplicou-se o 
teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis. A influência entre as variáveis físico-químicas e bióticas 
foi analisada pela Correlação de Spearman. Todos os testes foram realizados com nível de 
significância de 95% (StatSoft, 2007). 
3) RESULTADOS E DISCUSSÃO 
3.1) Descrição do uso e ocupação do solo 
De acordo com a fotointerpretação das imagens (Figuras 1 e 2) observa-se a presença de solos 
argilosos e solos arenosos em toda a região de estudo (imagens mais claras e com coloração roxa). 
Percebe-se a alta intervenção em Áreas de Preservação Permanente – APP com plantações na 
margem do Rio e em áreas mais elevadas. As formas geométricas em ambas as imagens 
representam a presença de culturas que foram identificadas em visitas de campo como sendo na 
maioria milho, cana, tomate e eucalipto. Uma característica predominante em toda área de estudo 
foi a presença de solos expostos, o que foi confirmado em campo como sendo áreas desmatadas 
para pastagem ou mesmo culturas. 
Considerando-se as características das áreas utilizadas no estudo, percebe-se que a Área A 
demonstra, teoricamente, um maior impacto quanto ao uso e ocupação do solo. Foram identificados 
vários focos de solos expostos, áreas de culturas próximas à margem do Rio, estradas, e ausência de 
mata ciliar. Já na Área B foram identificadas áreas de pastagem, plantações de eucaliptos, solos 
expostos em sua margem esquerda. Porém em sua margem direita, os pontos apresentam 
fragmentos relevantes de mata ciliar que garantem uma melhor forma de uso e ocupação do solo. 
Figura 1 – Imagem do uso e ocupação do solo incluindo os pontos amostrais 2, 3 e 4, correspondendo à área A – 2 e 3 e 
B - 4. 
XX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 5
Figura 2 – Imagem do uso e ocupação do solo incluindo os pontos amostrais 5, 6 e 7, correspondendo à área A – 7 e B – 
5 e 6. 
3.2) Comparações das variáveis físico-químicas e bióticas entre as áreas 
As análises das variáveis físico-químicas (condutividade, turbidez e sólidos em suspensão) 
quando comparadas entre as Áreas demonstraram valores ligeiramente maiores para a Área B, 
porém com diferenças não significativas (Kruskal-Wallis; H = 0,003, p = 095; H = 0,65, p = 0,41; H 
= 0,61, p = 0,43). A condutividade na área A apresentou valor da mediana de 9 μS.cm-1 e máximo 
de 37,1 μS.cm-1. Já na área B esse valor foi de 12,5 μS.cm-1, sendo o máximo registrado 35 μS.cm-1 
(Figura 3A). Já a turbidez para a área A apresentou mediana de 34,15 NTU e máximo de 257 NTU, 
ao passo que para a área B os valores foram de 56,3 NTU e 314 NTU, respectivamente (Figura 3B). 
Sólidos em suspensão também foram registrados em maior concentração na área B, sendo a 
mediana de 41 mg.L-1 e o valor registrado de 286 mg.L-1 (Figura 3C). 
A B 
Áreas 
350 
300 
250 
200 
150 
100 
50 
300 
250 
200 
150 
100 
50 
Figura 3 – Comparação das variáveis físico-químicas entre as áreas definidas no estudo. A) Condutividade; B) Turbidez 
e C) Sólidos em suspensão. Área A: maior intensidade de uso e ocupação do solo; Área B: menor intensidade de uso e 
ocupação do solo. 
XX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 6 
40 
35 
30 
25 
20 
15 
10 
5 
0 
Condutividade 
Mediana 25%-75% Min-Max A 
A B 
Áreas 
0 
Turbidez 
Mediana 25%-75% Min-Max B 
A B 
Áreas 
0 
Sólidos em Suspensão 
Mediana 25%-75% Min-Max 
C
As variáveis para a ictiofauna (CPUEn, riqueza e diversidade) comparadas entre as áreas 
também não mostraram valores com diferenças significativas (Kruskal-Wallis, H = 3,73, p = 0,05; 
H = 1,65, p = 0,19; H = 0,53, p = 0,46, respectivamente). Em geral, a Figura 4 indica que os valores 
das variáveis bióticas também foram ligeiramente superiores para a área B quando comparados com 
a área A . 
A B 
Áreas 
8 
6 
4 
2 
2.00 
1.80 
1.60 
1.40 
1.20 
1.00 
0.80 
0.60 
0.40 
0.20 
Figura 4 – Comparação das variáveis para ictiofauna entre as áreas definidas no estudo. A) CPUEn; B) Riqueza de 
espécies e C) Índice de diversidade de Shannon-Wiener. Área A: maior intensidade de uso e ocupação do solo; Área B: 
menor intensidade de uso e ocupação do solo. 
Percebe-se pelos resultados obtidos que, aparentemente, mesmo tendo sido registrada uma 
maior densidade de vegetação ciliar na área B, os resultados obtidos para as variáveis físico-químicas 
utilizadas demonstraram não existir diferença quando comparados com a área A, onde a 
intensidade de uso seria maior. Isso significa que do ponto de vista de qualidade de água, as duas 
áreas apresentam-se de forma similar. 
Pela mesma forma, a não observação de diferenças significativas para as variáveis biológicas 
entre as áreas demonstra que, aparentemente, as comunidades de peixes se distribuem similarmente 
nesses locais, indicando que a qualidade ambiental não se altera em razão da uma estrutura 
aparentemente melhor do entorno na área B. 
Quando realizadas correlações entre as variáveis físico-químicas e da ictiofauna observou-se 
que turbidez e sólidos em suspensão apresentaram correlação negativa significativa com a riqueza 
de espécies e diversidade ao longo das áreas (r = -0,51; r = -0,63; r = -0,56; r = -0.66, 
respectivamente). Isso indica que o aumento da turbidez e da concentração de sólidos em suspensão 
na água provoca uma diminuição na riqueza de espécies e na diversidade encontrada nas áreas de 
estudo. Considerando que essas variáveis físico-químicas de qualidade de água influenciam-se pelo 
entorno do curso d’água, percebe-se que a estrutura ambiental do rio Pará em seu trecho alto pode 
estar comprometida e que isso tem afetado a distribuição de peixes no local. 
4) CONCLUSÕES 
Em suma, a utilização de parâmetros físico-químicos e biológicos de maneira integrada 
permite uma melhor avaliação da qualidade ambiental de ambientes aquáticos. Percebe-se que o uso 
de variáveis bióticas pode auxiliar na complementação das informações obtidas com variáveis 
físico-químicas, permitindo uma avaliação da qualidade ambiental de um curso d’água. Certamente, 
a obtenção de séries mais extensas de dados em monitoramentos realizados em longo prazo podem 
permitir avaliações mais robustas para a área de estudo. 
XX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 7 
45 
40 
35 
30 
25 
20 
15 
10 
5 
0 
CPUEn 
Mediana 25%-75% Min-Max A 
A B 
Áreas 
0 
Riqueza 
Mediana 25%-75% Min-Max B 
A B 
Áreas 
0.00 
Diversidade 
Mediana 25%-75% Min-Max 
C
5) REFERÊNCIAS 
ALLAN, J. D. (2004). Landscapes and Riverscapes: The Influence of Land Use on Stream 
Ecosystems. Annual Review of Ecology, Evolution, and Systematics, Vol. 35 (2004), pp. 257-284 
BARBOSA, F. A. R.; CALLISTO, M. & GALDEAN, N. (2000). The diversity of benthic 
macroinvertebrates as an indicators of water quality and ecosystem health: a case study for Brazil. 
Aquatic Ecosystem Health & Management (in press). 2000. 
CHAVES, H. M. L.; SANTOS, L. B. (2009). Ocupação do solo, fragmentação da paisagem e 
qualidade da água em uma pequena bacia hidrográfica. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e 
Ambiental. Volume 13, pp.922-930. 
KARR, J. R & CHU, E. W. (2000). Sustaining living rivers. Hydrobiologia 422/423: pp. 1–14. 
JUNGWIRTH, M.; MUHAR, S.; SCHMUTZ, S. (2000) (eds) Assessing the Ecological Integrity of 
Running Waters. Kluwer Academic Publishers. Printed in the Netherlands, pp. 487. 
LINHARES, C. A.; SOARES, J. V.; BATISTA, G. T. (2005). Influência do desmatamento na 
dinâmica da resposta hidrológica na bacia do Ji-Paraná. In Anais do XII Simpósio Brasileiro de 
Sensoriamento Remoto,Goiânia, Brasil, 16-21 abr. 2005, INPE, pp. 3097- 3105. 
LOUZADA, F. L. R. O., PIROVANI, D. B., LOUGON, M. S., SANTOS, A. R. (2009). 
Caracterização do uso e ocupação do solo da bacia hidrográfica do ribeirão Vala do Souza – ES. In 
Anais do IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação, 2009, São José dos Campos - SP. 
UNIVAP, 2009. pp. 1-4. 
MAY, C. W.; HORNER, R. R.; KARR, J.R.; MAR, B. W.; WELCH, E. B. (1999) Effects of 
urbanization on small streams in the Puget Sound ecoregion. Watershed Protection Techniques, 2 
(4), pp. 483-494. 
PINTO, B.C.T.; ARAUJO, F.G.; HUGHES, R.M. (2006). Effects of landscape and riparian 
condition on a fish index of biotic integrity in a large southeastern Brazil river. Hydrobiologia, 556, 
pp. 69-83. 
ROSET, N.; GRENOUILLET, G.; GOFFAUX, D.; PONT, D.; KESTEMONT, P. (2007). A 
review of existing fish assemblage indicators and methodologies. Fisheries Management and 
Ecology, 14, pp. 393-405. 
STATSOFT, Inc. (2007). Statistica. Data Analysis Software System – version 8.0 – 
www.statsoft.com. 
TEJERINA-GARRO, F.L., MALDONADO, M., IBAÑEZ, C., PONT, D., ROSET, N. & 
BERDORFF, T. (2005) . Effects of natural and anthropogenic environmental changes on riverine 
fish assemblages: a framework for ecological assessment of rivers. Braz. Arch. Biol. Technol. 48, 
91-108. 
XX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 8

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  • 1. USO DE PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS E BIOLÓGICOS PARA AVALIAR A INFLUÊNCIA DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO SOBRE A QUALIDADE AMBIENTAL NO ALTO RIO PARÁ Aline da Costa Rodrigues Pereira1; Pedro Henrique Trindade Dias Cabral2; Priscilla Maria Magri3; Ana Carolina Trevisani3; Fábio da Cunha Garcia4 & Luiz Gustavo Martins da Silva* Resumo – Cursos d’água são considerados como sistemas integradores da paisagem terrestre e, portanto, receptores de substâncias resultantes dos processos físico-químicos desses ambientes. Por essa razão, toda dinâmica geomorfológica do entorno de uma bacia hidrográfica influencia diretamente a qualidade do ambiente aquático. Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar a influência do uso e ocupação do solo no alto rio Pará utilizando parâmetros físico-químicos e biológicos de qualidade de água. O trecho estudado foi dividido em duas áreas de acordo com as características de uso e ocupação do solo observadas, sendo a área A aquela com menor densidade de mata ciliar e a área B aquela com maior densidade. Em cada área foram realizadas amostragens de água e peixes em três pontos distintos. Os resultados obtidos mostraram que nenhuma diferença significativa foi observada para as variáveis físico-químicas ou biológicas entre as áreas. Correlações negativas significativas foram registradas entre sólidos em suspensão e turbidez com a riqueza e diversidade de peixes. A princípio, a diferente densidade de mata ciliar observada entre as áreas não promoveu nenhum tipo de melhoria na qualidade ambiental do trecho estudado. Palavras-Chave – Rio Pará, qualidade de água, uso e ocupação. USING PHYSICO-CHEMICAL AND BIOLOGICAL PARAMETERS TO EVALUATE THE INFLUENCE OF LAND USE ON THE ENVIRONMENTAL QUALITY IN THE UPPER PARA RIVER BASIN Abstract – River basins are considered systems that integrate the terrestrial landscape and, thus, act like receptors of substances resultant of physico-chemical process from these environments. So, the geomorphological dynamics surrounding a river basin had a considerable influence over the quality of the aquatic environment. Thus, the aim of this work was to evaluate the land use influence on the quality of the Upper Para River basin using physico-chemical and biological parameters of water quality. The river stretch studied was divided into two areas, considering the land use characteristics observed. Area A was represented by poor riparian vegetation coverage, while area B was characterized with a better riparian vegetation coverage. In both areas water and fish samples were conducted in three different sites. The results showed the no significant difference was observed for the physico-chemical and biological variables between the areas. Significant negative correlations were registered for suspended solids and turbidity with species richness and diversity. Basically, the different density of riparian vegetation observed among areas has not provided any improvement in the environmental quality of the upper Pará River basin in the studied stretch. Keywords – Pará River, water quality, land use. _________________________ 1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia para o Desenvolvimento Sustentável – PPGTDS. UFSJ. alinecrpereira@yahoo.com.br. 2 Acadêmico do Curso de Engenharia Química. UFSJ. pedro_eng.quimica@hotmail.com. 3 Acadêmicas do Curso de Engenharia de Bioprocessos. UFSJ. priscilla.magri@hotmail.com; caroltrevisani.ufsj@gmail.com. 4 DOC/CCHN/UFES. garciafc2007@gmail.com. *Autor Correspondente: PPGTDS/DTECH/UFSJ. luizsilva@ufsj.edu.br XX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 1
  • 2. 1) INTRODUÇÃO Cursos d'água servem como integradores das características da paisagem terrestre e como recipientes dos poluentes da terra e da atmosfera. A qualidade de sua água, por sua vez, resulta de fatores geomorfológicos, climáticos, hidrológicos e biológicos, sendo o tipo de uso e o manejo do solo determinantes para a qualidade da água em bacias hidrográficas (Chaves et al., 2009). Assim o uso e ocupação do solo das bacias refletem na qualidade e quantidade das águas superficiais e subterrâneas. Dentre as bacias mais impactadas no tocante à qualidade da água estão aquelas que sofrem processo de ocupação acelerada (May et al., 1999). Os pesquisadores reconhecem cada vez mais que as ações humanas em escala de uso da terra são a principal ameaça à integridade ecológica dos ecossistemas fluviais, impactando habitat, qualidade da água e da biota por meio de inúmeras e complexas vias (Allan, 2004). De acordo com Linhares et al. (2005), a utilização do solo desempenha um importante papel no ciclo hidrológico, com a vegetação tendo influência direta no processo de erosão, na qualidade da água, na dinâmica de nutrientes, na proteção de mananciais e na produção de água. Dessa forma, o conhecimento atualizado das formas de utilização e ocupação do solo, bem como seu uso histórico, tem sido um fator imprescindível ao estudo dos processos que se desenvolvem em determinada região, tornando-se de fundamental importância, na medida em que os efeitos do seu mau uso causam deterioração no meio ambiente. Os processos de erosão intensos, desertificação, inundações, assoreamentos de cursos d'água têm sido exemplos cotidianos de mau uso (Louzada, 2011). Segundo Barbosa et al. (2000), a saúde de um ecossistema aquático pode ser inferida com base na caracterização da sua estrutura (elementos biológicos e sua interação com os parâmetros físicos e químicos) e funcionamento (processos fundamentais à manutenção da biodiversidade como produção, consumo e decomposição da matéria orgânica). Percebe-se que o entendimento do uso e ocupação do solo no entorno de uma bacia hidrográfica é fundamental para se entender a dinâmica de manutenção da qualidade do ambiente aquático, sendo que esse parâmetro pode ser avaliado utilizando-se variáveis físico-químicas e biológicas. Logo, monitoramentos que buscam a integração das informações estruturais do ambiente (variáveis físico-químicas e biológicas) permitem avaliações mais robustas acerca da saúde dos ecossistemas aquáticos e, consequentemente, um melhor entendimento dos fatores de uso e ocupação que podem contribuir para eventual perda de qualidade. O objetivo desse trabalho foi utilizar variáveis físico-químicas e biológicas para avaliar a qualidade ambiental do alto rio Pará buscando, com isso, identificar possíveis influências do uso e ocupação do solo no entorno da área de estudos. 2) MATERIAL E MÉTODOS 2.1) Área de Estudo O rio Pará é parte integrante da bacia hidrográfica do rio São Francisco, sendo um dos seus afluentes diretos. Este nasce nas vertentes das Serras do Galga e da Cebola, no município de Desterro de Entre Rios, Minas Gerais, a uma altitude superior a 1.200 metros. O rio percorre uma extensão de, aproximadamente, 300 km até desaguar no rio São Francisco, reservatório de Três Marias, no limite dos municípios de Pompéu e Martinho Campos. XX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 2
  • 3. Para atingir os objetivos do estudo, seis pontos foram selecionados ao longo do trecho em estudo no rio Pará. Os seis pontos analisados foram divididos em duas áreas, A e B. A divisão em áreas levou em consideração características ambientais analisadas sob o ponto de vista do uso e ocupação do solo, que serão descritas detalhadamente nos resultado. Basicamente, a área A apresentou densidade de mata ciliar reduzida ou ausente ao longo do curso do rio, indicando assim maior ocupação do solo. A área B foi caracterizada por maior densidade de mata ciliar, no entanto apenas em um pequeno trecho e concentrada na margem direita do rio. A Tabela 1 descreve as características de cada ponto amostral utilizada, os tipos de petrechos de pesca utilizados e a área em que o ponto foi inserido para análise dos dados. Tabela 1 – Pontos de coletas, descrição dos pontos, tipos de petreches de pesca utilizados em cada ponto e a área de cada um deles. Ponto Descrição do Ponto Tipos de Petreches de Pesca Área ICQA-02 Largura: 20 - 30 m; profundidade: 0,4 - 1,5 m. Trecho linear com correnteza, apresentando substrato arenoso e lamoso. Mata ciliar rala ou ausente, com presença de bambu nas margens. Captura passiva com utilização de rede de espera M3/M10. A ICQA-03 Largura: 20 - 25 m; profundidade: 0,2 - 2,0 m. Trecho com água corrente e turva, apresentando substrato arenoso e pedregoso. Margens com presença de trechos desbarrancados e mata ciliar rala ou ausente. Captura passiva com utilização de rede de espera M3/M10. A ICQA-04 Largura: 15 m; profundidade: 0,4 - 1,8 m. Trecho com grande velocidade de fluxo d'água, corredeiras e água turva, apresentando substrato arenoso, lamoso e pedregoso. Margens com pontos desbarrancados com presença de mata ciliar e pastagem. Captura passiva e ativa com utilização de rede de espera M3/M10, peneira e tarrafa. B ICQA-05 Largura: 20 - 25 m; profundidade: 0,5 - 1,7 m. Trecho com presença de troncos caídos no leito do curso d'água, apresentando substrato arenoso e bancos de areia em toda a seção. Margens com pontos desbarrancados com presença de mata ciliar e pastagem. Captura passiva com utilização de rede de espera M3/M10. B ICQA-06 Largura: 20 m; profundidade: 0,5 - 1,4 m. Trecho com presença de substrato lamoso e arenoso. Margens com pontos desbarrancados com presença de mata ciliar, bambu e pastagem. Captura passiva com utilização de rede de espera M3/M10. B ICQA-07 Largura: 30 m; profundidade: 0,4 - 1,1 m. Trecho retilíneo e bastante assoreado, apresentando substrato arenoso e lamoso. Margens com pontos desbarrancados com presença de mata ciliar rala e pastagem. Captura passiva e ativa com utilização de rede de espera M3/M10 e peneira. A 2.2) Avaliação do uso e ocupação do solo Para a avaliação do uso e ocupação do solo foram utilizadas imagens de agosto de 2007, georreferenciadas pelo IBAMA, do CBERS 2B, sensor CCD, sendo as respectivas cenas: 152/123 - 2007-08-25 e 153//123 - 2007-08-22. As imagens foram tratadas e interpretadas a partir do programa ArcView. A atualização dos dados de uso e ocupação do solo obtidos com as imagens foi realizada com visitas em campo descrevendo o uso atual e obtendo registros fotográficos. XX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 3
  • 4. 2.3) Captura dos peixes As campanhas para captura dos peixes foram realizadas em novembro de 2011 e nos meses de junho, agosto e outubro de 2012, constituindo assim um ciclo hidrológico praticamente completo. Para a amostragem quantitativa dos peixes foram utilizadas redes de emalhar com diferentes tamanhos de malha, tendo de 3 a 10 cm (medidas entre nós opostos), 10m de comprimento e 1,5m de altura, totalizando um esforço de 15m2 para cada rede. Esse tipo de petrecho foi armado ao entardecer e retirado na manhã seguinte, perfazendo cerca de 14 horas de exposição na coluna d’água. 2.4) Avaliação da qualidade de água As coletas de água foram realizadas no mesmo período em que ocorreram as capturas de peixes. Foram analisados parâmetros físicos como sólidos suspensos e turbidez e químico, nesse caso a condutividade elétrica. Essas variáveis foram escolhidas em razão de refletirem as entradas de materiais, particulados e dissolvidos nos corpos d’água podendo interferir na qualidade estética desses ambientes. A condutividade elétrica reflete variações nas condições geológicas de uma bacia hidrográfica, sendo que esse conjunto de informações justifica seu uso para avaliações de uso e ocupação do solo. As coletas e análises das amostras de água foram realizadas por uma empresa com acreditação NBR-ISO 17.025. 2.5) Análise dos dados Para análise da estrutura da comunidade ictiíca foi feito o cálculo da Captura por Unidade de Esforço em número (CPUEn) para cada ponto de coleta, por período de amostragem. Foram calculados também os índices de diversidade (índice de Shannon; H’) e de riqueza (d). A CPUE foi obtida através da seguinte relação: CPUEn = Captura em número por unidade de esforço; Nm = Número total dos peixes capturados na malha m; Epm = Esforço de pesca, que representa a área em m2 das redes de malha m; m = Tamanho da malha (3, 4, 5, 6, 7, 8 e 10 cm). A riqueza foi considerada como o número de espécies capturadas em cada ponto amostral. Para o cálculo do índice de diversidade de Shannon foi utilizada a seguinte expressão: S = Número total de espécies na amostra; i = Espécie 1, 2... na amostra; XX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 4
  • 5. Pi = Proporção de indivíduos da espécie i na amostra. Para comparação dos dados físico-químicos e bióticos entre as áreas foram realizadas análises estatísticas fazendo uso do software Statistica 8.0 (StatSoft, 2007). Para avaliar a normalidade dos dados utilizou-se o teste de Shapiro-Wilk. Em razão da não normalidade apresentada, aplicou-se o teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis. A influência entre as variáveis físico-químicas e bióticas foi analisada pela Correlação de Spearman. Todos os testes foram realizados com nível de significância de 95% (StatSoft, 2007). 3) RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1) Descrição do uso e ocupação do solo De acordo com a fotointerpretação das imagens (Figuras 1 e 2) observa-se a presença de solos argilosos e solos arenosos em toda a região de estudo (imagens mais claras e com coloração roxa). Percebe-se a alta intervenção em Áreas de Preservação Permanente – APP com plantações na margem do Rio e em áreas mais elevadas. As formas geométricas em ambas as imagens representam a presença de culturas que foram identificadas em visitas de campo como sendo na maioria milho, cana, tomate e eucalipto. Uma característica predominante em toda área de estudo foi a presença de solos expostos, o que foi confirmado em campo como sendo áreas desmatadas para pastagem ou mesmo culturas. Considerando-se as características das áreas utilizadas no estudo, percebe-se que a Área A demonstra, teoricamente, um maior impacto quanto ao uso e ocupação do solo. Foram identificados vários focos de solos expostos, áreas de culturas próximas à margem do Rio, estradas, e ausência de mata ciliar. Já na Área B foram identificadas áreas de pastagem, plantações de eucaliptos, solos expostos em sua margem esquerda. Porém em sua margem direita, os pontos apresentam fragmentos relevantes de mata ciliar que garantem uma melhor forma de uso e ocupação do solo. Figura 1 – Imagem do uso e ocupação do solo incluindo os pontos amostrais 2, 3 e 4, correspondendo à área A – 2 e 3 e B - 4. XX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 5
  • 6. Figura 2 – Imagem do uso e ocupação do solo incluindo os pontos amostrais 5, 6 e 7, correspondendo à área A – 7 e B – 5 e 6. 3.2) Comparações das variáveis físico-químicas e bióticas entre as áreas As análises das variáveis físico-químicas (condutividade, turbidez e sólidos em suspensão) quando comparadas entre as Áreas demonstraram valores ligeiramente maiores para a Área B, porém com diferenças não significativas (Kruskal-Wallis; H = 0,003, p = 095; H = 0,65, p = 0,41; H = 0,61, p = 0,43). A condutividade na área A apresentou valor da mediana de 9 μS.cm-1 e máximo de 37,1 μS.cm-1. Já na área B esse valor foi de 12,5 μS.cm-1, sendo o máximo registrado 35 μS.cm-1 (Figura 3A). Já a turbidez para a área A apresentou mediana de 34,15 NTU e máximo de 257 NTU, ao passo que para a área B os valores foram de 56,3 NTU e 314 NTU, respectivamente (Figura 3B). Sólidos em suspensão também foram registrados em maior concentração na área B, sendo a mediana de 41 mg.L-1 e o valor registrado de 286 mg.L-1 (Figura 3C). A B Áreas 350 300 250 200 150 100 50 300 250 200 150 100 50 Figura 3 – Comparação das variáveis físico-químicas entre as áreas definidas no estudo. A) Condutividade; B) Turbidez e C) Sólidos em suspensão. Área A: maior intensidade de uso e ocupação do solo; Área B: menor intensidade de uso e ocupação do solo. XX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 6 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Condutividade Mediana 25%-75% Min-Max A A B Áreas 0 Turbidez Mediana 25%-75% Min-Max B A B Áreas 0 Sólidos em Suspensão Mediana 25%-75% Min-Max C
  • 7. As variáveis para a ictiofauna (CPUEn, riqueza e diversidade) comparadas entre as áreas também não mostraram valores com diferenças significativas (Kruskal-Wallis, H = 3,73, p = 0,05; H = 1,65, p = 0,19; H = 0,53, p = 0,46, respectivamente). Em geral, a Figura 4 indica que os valores das variáveis bióticas também foram ligeiramente superiores para a área B quando comparados com a área A . A B Áreas 8 6 4 2 2.00 1.80 1.60 1.40 1.20 1.00 0.80 0.60 0.40 0.20 Figura 4 – Comparação das variáveis para ictiofauna entre as áreas definidas no estudo. A) CPUEn; B) Riqueza de espécies e C) Índice de diversidade de Shannon-Wiener. Área A: maior intensidade de uso e ocupação do solo; Área B: menor intensidade de uso e ocupação do solo. Percebe-se pelos resultados obtidos que, aparentemente, mesmo tendo sido registrada uma maior densidade de vegetação ciliar na área B, os resultados obtidos para as variáveis físico-químicas utilizadas demonstraram não existir diferença quando comparados com a área A, onde a intensidade de uso seria maior. Isso significa que do ponto de vista de qualidade de água, as duas áreas apresentam-se de forma similar. Pela mesma forma, a não observação de diferenças significativas para as variáveis biológicas entre as áreas demonstra que, aparentemente, as comunidades de peixes se distribuem similarmente nesses locais, indicando que a qualidade ambiental não se altera em razão da uma estrutura aparentemente melhor do entorno na área B. Quando realizadas correlações entre as variáveis físico-químicas e da ictiofauna observou-se que turbidez e sólidos em suspensão apresentaram correlação negativa significativa com a riqueza de espécies e diversidade ao longo das áreas (r = -0,51; r = -0,63; r = -0,56; r = -0.66, respectivamente). Isso indica que o aumento da turbidez e da concentração de sólidos em suspensão na água provoca uma diminuição na riqueza de espécies e na diversidade encontrada nas áreas de estudo. Considerando que essas variáveis físico-químicas de qualidade de água influenciam-se pelo entorno do curso d’água, percebe-se que a estrutura ambiental do rio Pará em seu trecho alto pode estar comprometida e que isso tem afetado a distribuição de peixes no local. 4) CONCLUSÕES Em suma, a utilização de parâmetros físico-químicos e biológicos de maneira integrada permite uma melhor avaliação da qualidade ambiental de ambientes aquáticos. Percebe-se que o uso de variáveis bióticas pode auxiliar na complementação das informações obtidas com variáveis físico-químicas, permitindo uma avaliação da qualidade ambiental de um curso d’água. Certamente, a obtenção de séries mais extensas de dados em monitoramentos realizados em longo prazo podem permitir avaliações mais robustas para a área de estudo. XX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 7 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 CPUEn Mediana 25%-75% Min-Max A A B Áreas 0 Riqueza Mediana 25%-75% Min-Max B A B Áreas 0.00 Diversidade Mediana 25%-75% Min-Max C
  • 8. 5) REFERÊNCIAS ALLAN, J. D. (2004). Landscapes and Riverscapes: The Influence of Land Use on Stream Ecosystems. Annual Review of Ecology, Evolution, and Systematics, Vol. 35 (2004), pp. 257-284 BARBOSA, F. A. R.; CALLISTO, M. & GALDEAN, N. (2000). The diversity of benthic macroinvertebrates as an indicators of water quality and ecosystem health: a case study for Brazil. Aquatic Ecosystem Health & Management (in press). 2000. CHAVES, H. M. L.; SANTOS, L. B. (2009). Ocupação do solo, fragmentação da paisagem e qualidade da água em uma pequena bacia hidrográfica. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental. Volume 13, pp.922-930. KARR, J. R & CHU, E. W. (2000). Sustaining living rivers. Hydrobiologia 422/423: pp. 1–14. JUNGWIRTH, M.; MUHAR, S.; SCHMUTZ, S. (2000) (eds) Assessing the Ecological Integrity of Running Waters. Kluwer Academic Publishers. Printed in the Netherlands, pp. 487. LINHARES, C. A.; SOARES, J. V.; BATISTA, G. T. (2005). Influência do desmatamento na dinâmica da resposta hidrológica na bacia do Ji-Paraná. In Anais do XII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto,Goiânia, Brasil, 16-21 abr. 2005, INPE, pp. 3097- 3105. LOUZADA, F. L. R. O., PIROVANI, D. B., LOUGON, M. S., SANTOS, A. R. (2009). Caracterização do uso e ocupação do solo da bacia hidrográfica do ribeirão Vala do Souza – ES. In Anais do IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação, 2009, São José dos Campos - SP. UNIVAP, 2009. pp. 1-4. MAY, C. W.; HORNER, R. R.; KARR, J.R.; MAR, B. W.; WELCH, E. B. (1999) Effects of urbanization on small streams in the Puget Sound ecoregion. Watershed Protection Techniques, 2 (4), pp. 483-494. PINTO, B.C.T.; ARAUJO, F.G.; HUGHES, R.M. (2006). Effects of landscape and riparian condition on a fish index of biotic integrity in a large southeastern Brazil river. Hydrobiologia, 556, pp. 69-83. ROSET, N.; GRENOUILLET, G.; GOFFAUX, D.; PONT, D.; KESTEMONT, P. (2007). A review of existing fish assemblage indicators and methodologies. Fisheries Management and Ecology, 14, pp. 393-405. STATSOFT, Inc. (2007). Statistica. Data Analysis Software System – version 8.0 – www.statsoft.com. TEJERINA-GARRO, F.L., MALDONADO, M., IBAÑEZ, C., PONT, D., ROSET, N. & BERDORFF, T. (2005) . Effects of natural and anthropogenic environmental changes on riverine fish assemblages: a framework for ecological assessment of rivers. Braz. Arch. Biol. Technol. 48, 91-108. XX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 8