SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 3
Baixar para ler offline
69ª Reunião Anual da SBPC - 16 a 22 de julho de 2017 - UFMG - Belo Horizonte/MG
1
1.07.05 - Geociências / Geografia Física
CARACTERÍSTICAS E PECULIARIDADES DA PAISAGEM DO SISTEMA CAMPELO/RJ
Leidiana Alonso Alves1
*, José Maria Ribeiro Miro2
, Sandra Baptista da Cunha3
1. Mestranda do PPGG – UFF Niterói/RJ
2. Professor de Geografia do Instituto Federal Fluminense – IFF Campos/RJ
3. Professora do PPGG – UFF Niterói/RJ - Orientadora
Resumo:
A análise integrada de fatores e elementos que
compõem a bacia hidrográfica do Sistema
Campelo é o tema desta pesquisa. Em sua
paisagem destacam-se lagoas, brejos e canais
de drenagem. Com o intuito de melhor
compreender este espaço, o trabalho teve por
objetivo descrever e caracterizar a bacia
quanto aos seus aspectos físicos e
geoambientais. Isto se justifica, visto que há
poucos trabalhos com esta abordagem para o
referido recorte espacial. Para isso, foi
utilizado o método da Analise Ambiental, pois
através dele é possível identificar e classificar
os fenômenos espaciais. Os resultados obtidos
por meio do SRTM revelaram a abrangência
espacial da bacia, mostrou que sua forma
possui tendência a circularidade, o que a
classifica como suscetível aos efeitos de
enchentes e inundações e, que o relevo,
predominante, caracteriza-se como suave
ondulado (Tabuleiros) e aplainado (Planície
Fluviomarinha). Desta forma, conclui-se que a
bacia hidrográfica do Sistema Campelo é um
recorte espacial capaz de integrar distintos
fatores e elementos da sua paisagem.
Palavras-chave: Análise Ambiental, Bacia
hidrográfica, Morfometria.
Apoio financeiro: Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES).
Introdução:
A ideia de sistema quando relacionado
a ambientes naturais pode ser interpretada e
definida como um conjunto de elementos que
se inter-relacionam no espaço geográfico
(CHRISTOFOLETTI, 1980).
Os sistemas geomorfológicos são
controlados por fatores geológicos, climáticos,
hidrológicos, biogeográficos e antrópicos, no
qual a água é um dos elementos que faz
mover matéria e energia entre eles, o que
altera suas estruturas, esculpe as formas de
relevo e estabelece processos e funções
ambientais que podem ser observadas nas
paisagens (op. cit.).
Em ciências ambientais, o conceito de
bacia hidrográfica é utilizado como recorte
espacial para determinar a área física por onde
os materiais se movimentam, desde as linhas
de cumeadas, vertentes, afluentes e rio
principal, até alcançar a foz do sistema. Por
isso é usado para fins de planejamento, gestão
ou pesquisas científicas sobre seus recursos
naturais ou subsistema hídrico (NOVO, 2008).
Cardoso et al. (2006) ressalta que ao
delimitar uma bacia, parâmetros físicos podem
ser utilizados para classificá-la, tendo como
resultado: área, perímetro, coeficiente de
compacidade, fator de forma, índice de
circularidade e densidade de drenagem.
A bacia hidrográfica do Sistema
Campelo delimita um complexo sistema
hidrológico, formado por canais naturais e
artificiais, lagoas e brejos, localizados na
margem esquerda do rio Paraíba do Sul, entre
os municípios de Campos dos Goytacazes
(maior porção) e São Francisco de Itabapoana,
região norte do estado do Rio de Janeiro,
(Figura 1). Ela está situada sobre o relevo dos
Tabuleiros Terciário de Formação Barreiras e
da Planície Quaternária de origem
Fluviomarinha, que conectada por um sistema
de drenagem, regula os processos de cheia e
vazante, influenciados pelo clima Tropical sub
úmido (Aw), que pela classificação de Köppen,
caracteriza-se por apresentar déficit hídrico no
inverno e chuvas concentradas no verão
(ALVES e MIRO, 2016).
Figura 1. Localização da área de estudo
Fonte: Alves e Miro, 2016.
No Sistema Campelo, o uso da terra é
tradicionalmente, agropastoril, no qual se
69ª Reunião Anual da SBPC - 16 a 22 de julho de 2017 - UFMG - Belo Horizonte/MG
2
destacam a monocultura da cana-de-açúcar,
do abacaxi e a criação do gado de corte (op.
cit.). Uma peculiaridade do Sistema é que nele
não há um canal principal com afluentes que
direcione o fluxo hídrico até o seu exutório, e
sim, canais artificiais que drenam as águas
das lagoas localizadas nos tabuleiros e nas
planícies, como a lagoa do Campelo, corpo
hídrico que dá nome ao sistema, e dela para o
canal Engenheiro Antônio Resende, que ao
receber o fluxo das lagoas à montante,
direciona-o para o oceano Atlântico.
Essas características justificam a ideia
da existência da bacia hidrográfica do Sistema
Campelo, onde a água é o elemento que
integra fatores naturais e antrópicos,
fundamentais para entender os sistemas
ambientais. Diante do exposto, o trabalho tem
como objetivo descrever e caracterizar esta
bacia quanto aos seus aspectos físicos e
geoambientais.
Metodologia:
Este estudo foi realizado tomando-se
por base discussões sistêmicas que abordam
as bacias hidrográficas, como proposto por
(CUNHA e FREITAS, 2004).
A pesquisa foi estruturada a partir de
uma revisão bibliográfica em literatura
especializada sobre o tema, deixando evidente
o seu caráter científico. Os dados altimétricos
foram obtidos, gratuitamente, no site do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE, 2011), através do Shuttle Radar
Topography Mission (SRTM), Trabalhos de
Campo e extração de dados utilizando-se o
Software ArcGIS versão 10.2. As correlações
propostas foram pautadas no embasamento
teórico-metodológico da Teoria dos Sistemas
discutida por Christofoletti (1999), no qual os
fatores e os elementos dispostos na paisagem
se integram.
O método aqui empregado foi o da
Análise Ambiental. Por meio dele é possível
identificar e classificar fenômenos espaciais,
atribuindo-lhes localização, extensão,
proximidade, frequência e continuidade nas
paisagens (XAVIER DA SILVA, 1992). Desta
forma, os objetos podem ser logicamente
estudados, distinguindo suas particularidades,
diferenças, semelhanças e afinidades,
permitindo, assim, categorizá-los e analisá-los
de forma minuciosa. Logo, o método aplicado
pode ser entendido como um conjunto de
procedimentos que facilitam integrar dados
ambientais georreferenciados em distintas
escalas de análise.
Para a delimitação automática da bacia
aplicou-se a seguinte rotina no ArcGIS: menu
Terriam Preprocessing, seguidos do DEM
Manipulation, Fill Sinks, Flow Direction, Flow
Accumulation, Stream Definition, Stream
Segmentation, Catchment Grid Delineation,
Catchment Polygon Processing, Drainage Line
Processing, Adjoint Catchment Processing,
Drainage Point Processing, Batch Point
Generation e Batch Watershed Delineation.
Assim, ao término da rotina os divisores de
águas foram definidos.
Posteriormente, utilizou-se parâmetros
morfométricos para caracterizar a bacia, sendo
eles baseados em Cardoso et al. (2006), que
consistiram em: área de contribuição (A),
perímetro (P), largura e comprimento maior,
coeficiente de compacidade (Kc = 0,28 . P /
√𝑨), fator de forma (F = A / L²), índice de
circularidade (Ic = 12,57 * A / P²) e densidade
de drenagem (Dd = Lt / A).
Resultados e Discussão:
A utilização dos dados altimétricos
extraídos do SRTM proporcionou delimitar a
área de contribuição hídrica da bacia do
Sistema Campelo e assim revelar sua
abrangência espacial. Após a rotina aplicada,
a área de estudo apresentou as seguintes
características (Tabela 1):
Variável
analisada
Unidade de
medida
Resultados
Área de
contribuição
km² 756,49
Perímetro km 189,56
Altitude máxima m 161
Altitude mínima m 1
Largura maior km 25,80
Comprimento
maior
km 37,90
Coeficiente de
compacidade
adimensional 1,84
Fator de forma adimensional 0,52
Índice de
circularidade
adimensional 0,29
Densidade de
drenagem
km/km² 1,66
Tabela 1. Morfometria do Sistema Campelo
De acordo com os resultados obtidos: o
coeficiente de compacidade, o fator de forma e
o índice de circularidade mostraram que a
bacia analisada, em condições normais de
precipitação, se torna suscetível aos efeitos de
enchentes e inundações nas áreas mais
planas, devido a sua forma aproximar-se a de
um círculo. Com o valor de 1,66 km/km²
conferido à densidade de drenagem, a bacia
pode ser classificada como de drenagem
69ª Reunião Anual da SBPC - 16 a 22 de julho de 2017 - UFMG - Belo Horizonte/MG
3
mediana, conforme classificação proposta por
Carvalho e Silva (2006), que varia de < 0,5 a ≥
3,5 km/km².
Quanto ao relevo que compreende a
área da pesquisa, pode-se inferir que ele
encontra-se distribuído sobre compartimentos
geomorfológicos bem definidos. Como se
observa na Figura 2, a superfície mais rugosa
representa os Tabuleiros de Formação
Barreiras (79%), caracterizados por sua suave
ondulação, que varia entre 8 e 161 metros de
altitude. Já a porção menos rugosa reflete a
Planície Fluviomarinha Quaternária (21%), que
se distingue por apresentar superfícies
aplainadas, com altitudes que variam de 1 a 8
metros. Devido a sua morfologia, o relevo está
direcionado de noroeste para sudeste, o que
condiciona o escoamento superficial do fluxo
hídrico e move matéria e energia dos pontos
elevados para as áreas mais baixas da bacia.
Figura 2. Hipsometria do Sistema Campelo
Fonte: Elaborado pelos autores.
O recorte delimitado contém na
paisagem expressivos corpos hídricos, dentre
os quais, destacam-se 19 lagoas de variados
tamanhos, processos de formação e formas
geométricas, além de 6 canais de drenagem,
de origem natural e artificial, com extensões
que variam entre 0,50 a 21,02 km.
Nas incursões ao campo foi possível
observar que a vegetação natural,
característica das Florestas Estacional
Decidual e Semidecidual e de restinga deram
lugar, principalmente, a monocultura da cana-
de-açúcar e do abacaxi (Figura 3).
Figura 3. Usos da Terra no Sistema Campelo
Fonte: Arquivo dos autores.
Conclusões:
A partir da análise morfométrica
realizada na bacia hidrográfica do Sistema
Campelo foi possível inferir que ela tem
tendência à circularidade e sua densidade de
drenagem é mediana. Além disso, observou-se
que o relevo suave ondulado dos seus
Tabuleiros influencia na dinâmica hídrica
regional, quando direciona matéria e energia
de áreas mais elevadas até a planície, o que
pode causar inundações nestas áreas, antes
das águas alcançarem o oceano. Desta forma,
conclui-se que a bacia é um recorte espacial
capaz de integrar distintos fatores e elementos
da sua paisagem.
Referências bibliográficas
ALVES, L. A.; MIRO, J. M. R. Variação
temporal dos espelhos d’água das lagoas
do Sistema Campelo/RJ. Saarbrücken:
Novas Edições Culturais, 2016.
CARDOSO, C. A.; DIAS, H. C. T.; SOARES,
C. P. B.; MARTINS, S. V. Caracterização
morfométrica da bacia hidrográfica do rio
Debossan, Nova Friburgo, RJ. Revista Árvore,
Viçosa-MG, v.30, n.2, p. 241-248, 2006.
CARVALHO, D. F.; SILVA, L. D. B. Bacia
hidrográfica. In: Hidrologia. Rio de Janeiro:
UFRRJ, 2006.
CHRISTOFOLETTI, A. Modelagem de
sistemas ambientais. São Paulo: Editora
Edgard Blücher, 1999.
______. Geomorfologia. São Paulo: Editora
Edgard Blücher, 1980.
CUNHA, S. B.; FREITAS, M. W. D.
Geossistemas e gestão ambiental na bacia
hidrográfica do rio São João – RJ.
GEOgraphia, v. 6, n. 12, p. 87-110, 2004.
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS
ESPACIAIS. Topodata: Banco de Dados
Geomorfométricos do Brasil, 2011.
NOVO, E. M. L. M. Ambientes Fluviais. In:
FLORENZANO, T. G. Geomorfologia:
conceitos e tecnologias atuais. São Paulo:
Oficina de Textos, 2008.
XAVIER DA SILVA, J. Geoprocessamento e
Análise Ambiental. Revista Brasileira de
Geografia. Rio de Janeiro, v. 54, n. 3. 2 set.
1992.

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Caracteristicas e peculiaridades da paisagem do Sistema Campelo RJ.pdf

Apresentacao_EduardoMarquesGersonSilva
Apresentacao_EduardoMarquesGersonSilvaApresentacao_EduardoMarquesGersonSilva
Apresentacao_EduardoMarquesGersonSilvaequipeagroplus
 
ProjetoUrucuia_W2_EduardoMarques
ProjetoUrucuia_W2_EduardoMarquesProjetoUrucuia_W2_EduardoMarques
ProjetoUrucuia_W2_EduardoMarquesequipeagroplus
 
Apostila bacias hidrograficas
Apostila bacias hidrograficasApostila bacias hidrograficas
Apostila bacias hidrograficasjl1957
 
Transparencia anaise interpretacao_hidrografia
Transparencia anaise interpretacao_hidrografiaTransparencia anaise interpretacao_hidrografia
Transparencia anaise interpretacao_hidrografiaLucia Camargo
 
Barbosa e Espíndola 2006.
Barbosa e Espíndola 2006.Barbosa e Espíndola 2006.
Barbosa e Espíndola 2006.Najla Postaue
 
MAPEAMENTO E MONITORAMENTO DOS MANGUES FLUMINENSES: ENSAIOS COM IMAGENS LANDS...
MAPEAMENTO E MONITORAMENTO DOS MANGUES FLUMINENSES: ENSAIOS COM IMAGENS LANDS...MAPEAMENTO E MONITORAMENTO DOS MANGUES FLUMINENSES: ENSAIOS COM IMAGENS LANDS...
MAPEAMENTO E MONITORAMENTO DOS MANGUES FLUMINENSES: ENSAIOS COM IMAGENS LANDS...GlobalGeo Geotecnologias
 
A dinâmica dos fluxos dos canais artificiais e a qualidade das águas no baixo...
A dinâmica dos fluxos dos canais artificiais e a qualidade das águas no baixo...A dinâmica dos fluxos dos canais artificiais e a qualidade das águas no baixo...
A dinâmica dos fluxos dos canais artificiais e a qualidade das águas no baixo...Leidiana Alves
 
Trabalho pratico 1
Trabalho pratico 1Trabalho pratico 1
Trabalho pratico 1Juma Juma
 
Mapeamento dos Mangues no Litoral Fluminense é realizado com suporte de image...
Mapeamento dos Mangues no Litoral Fluminense é realizado com suporte de image...Mapeamento dos Mangues no Litoral Fluminense é realizado com suporte de image...
Mapeamento dos Mangues no Litoral Fluminense é realizado com suporte de image...GlobalGeo Geotecnologias
 
Indicadores ambientais
Indicadores ambientaisIndicadores ambientais
Indicadores ambientaisgustavohfs
 
67ae73afd18264e6d2b5309439b30b16 8991895803161aa9b67abc4607516ffb
67ae73afd18264e6d2b5309439b30b16 8991895803161aa9b67abc4607516ffb67ae73afd18264e6d2b5309439b30b16 8991895803161aa9b67abc4607516ffb
67ae73afd18264e6d2b5309439b30b16 8991895803161aa9b67abc4607516ffbAdalberto Alves Dasilva
 
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...trabs5009
 
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...trabs1011
 

Semelhante a Caracteristicas e peculiaridades da paisagem do Sistema Campelo RJ.pdf (16)

Apresentacao_EduardoMarquesGersonSilva
Apresentacao_EduardoMarquesGersonSilvaApresentacao_EduardoMarquesGersonSilva
Apresentacao_EduardoMarquesGersonSilva
 
10
1010
10
 
15
1515
15
 
Artigo bioterra v14_n1_02
Artigo bioterra v14_n1_02Artigo bioterra v14_n1_02
Artigo bioterra v14_n1_02
 
ProjetoUrucuia_W2_EduardoMarques
ProjetoUrucuia_W2_EduardoMarquesProjetoUrucuia_W2_EduardoMarques
ProjetoUrucuia_W2_EduardoMarques
 
Apostila bacias hidrograficas
Apostila bacias hidrograficasApostila bacias hidrograficas
Apostila bacias hidrograficas
 
Transparencia anaise interpretacao_hidrografia
Transparencia anaise interpretacao_hidrografiaTransparencia anaise interpretacao_hidrografia
Transparencia anaise interpretacao_hidrografia
 
Barbosa e Espíndola 2006.
Barbosa e Espíndola 2006.Barbosa e Espíndola 2006.
Barbosa e Espíndola 2006.
 
MAPEAMENTO E MONITORAMENTO DOS MANGUES FLUMINENSES: ENSAIOS COM IMAGENS LANDS...
MAPEAMENTO E MONITORAMENTO DOS MANGUES FLUMINENSES: ENSAIOS COM IMAGENS LANDS...MAPEAMENTO E MONITORAMENTO DOS MANGUES FLUMINENSES: ENSAIOS COM IMAGENS LANDS...
MAPEAMENTO E MONITORAMENTO DOS MANGUES FLUMINENSES: ENSAIOS COM IMAGENS LANDS...
 
A dinâmica dos fluxos dos canais artificiais e a qualidade das águas no baixo...
A dinâmica dos fluxos dos canais artificiais e a qualidade das águas no baixo...A dinâmica dos fluxos dos canais artificiais e a qualidade das águas no baixo...
A dinâmica dos fluxos dos canais artificiais e a qualidade das águas no baixo...
 
Trabalho pratico 1
Trabalho pratico 1Trabalho pratico 1
Trabalho pratico 1
 
Mapeamento dos Mangues no Litoral Fluminense é realizado com suporte de image...
Mapeamento dos Mangues no Litoral Fluminense é realizado com suporte de image...Mapeamento dos Mangues no Litoral Fluminense é realizado com suporte de image...
Mapeamento dos Mangues no Litoral Fluminense é realizado com suporte de image...
 
Indicadores ambientais
Indicadores ambientaisIndicadores ambientais
Indicadores ambientais
 
67ae73afd18264e6d2b5309439b30b16 8991895803161aa9b67abc4607516ffb
67ae73afd18264e6d2b5309439b30b16 8991895803161aa9b67abc4607516ffb67ae73afd18264e6d2b5309439b30b16 8991895803161aa9b67abc4607516ffb
67ae73afd18264e6d2b5309439b30b16 8991895803161aa9b67abc4607516ffb
 
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...
 
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...
ETAPA 2 – Cálculo da vazão de projeto da bacia hidrográfica utilizando o méto...
 

Último

CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdf
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdfCD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdf
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdfManuais Formação
 
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxD9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxRonys4
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.silves15
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADOcarolinacespedes23
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasCassio Meira Jr.
 
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalGerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalJacqueline Cerqueira
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfAdrianaCunha84
 
[Bloco 7] Recomposição das Aprendizagens.pptx
[Bloco 7] Recomposição das Aprendizagens.pptx[Bloco 7] Recomposição das Aprendizagens.pptx
[Bloco 7] Recomposição das Aprendizagens.pptxLinoReisLino
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavrasMary Alvarenga
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividadeMary Alvarenga
 
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniModelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniCassio Meira Jr.
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOColégio Santa Teresinha
 
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasPrograma de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasCassio Meira Jr.
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Mary Alvarenga
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumAugusto Costa
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesMary Alvarenga
 
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxMapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxBeatrizLittig1
 
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresLilianPiola
 

Último (20)

CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdf
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdfCD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdf
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdf
 
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxD9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
 
Em tempo de Quaresma .
Em tempo de Quaresma                            .Em tempo de Quaresma                            .
Em tempo de Quaresma .
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
 
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalGerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
 
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
 
[Bloco 7] Recomposição das Aprendizagens.pptx
[Bloco 7] Recomposição das Aprendizagens.pptx[Bloco 7] Recomposição das Aprendizagens.pptx
[Bloco 7] Recomposição das Aprendizagens.pptx
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavras
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
 
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniModelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
 
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasPrograma de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
 
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxMapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
 
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
 

Caracteristicas e peculiaridades da paisagem do Sistema Campelo RJ.pdf

  • 1. 69ª Reunião Anual da SBPC - 16 a 22 de julho de 2017 - UFMG - Belo Horizonte/MG 1 1.07.05 - Geociências / Geografia Física CARACTERÍSTICAS E PECULIARIDADES DA PAISAGEM DO SISTEMA CAMPELO/RJ Leidiana Alonso Alves1 *, José Maria Ribeiro Miro2 , Sandra Baptista da Cunha3 1. Mestranda do PPGG – UFF Niterói/RJ 2. Professor de Geografia do Instituto Federal Fluminense – IFF Campos/RJ 3. Professora do PPGG – UFF Niterói/RJ - Orientadora Resumo: A análise integrada de fatores e elementos que compõem a bacia hidrográfica do Sistema Campelo é o tema desta pesquisa. Em sua paisagem destacam-se lagoas, brejos e canais de drenagem. Com o intuito de melhor compreender este espaço, o trabalho teve por objetivo descrever e caracterizar a bacia quanto aos seus aspectos físicos e geoambientais. Isto se justifica, visto que há poucos trabalhos com esta abordagem para o referido recorte espacial. Para isso, foi utilizado o método da Analise Ambiental, pois através dele é possível identificar e classificar os fenômenos espaciais. Os resultados obtidos por meio do SRTM revelaram a abrangência espacial da bacia, mostrou que sua forma possui tendência a circularidade, o que a classifica como suscetível aos efeitos de enchentes e inundações e, que o relevo, predominante, caracteriza-se como suave ondulado (Tabuleiros) e aplainado (Planície Fluviomarinha). Desta forma, conclui-se que a bacia hidrográfica do Sistema Campelo é um recorte espacial capaz de integrar distintos fatores e elementos da sua paisagem. Palavras-chave: Análise Ambiental, Bacia hidrográfica, Morfometria. Apoio financeiro: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Introdução: A ideia de sistema quando relacionado a ambientes naturais pode ser interpretada e definida como um conjunto de elementos que se inter-relacionam no espaço geográfico (CHRISTOFOLETTI, 1980). Os sistemas geomorfológicos são controlados por fatores geológicos, climáticos, hidrológicos, biogeográficos e antrópicos, no qual a água é um dos elementos que faz mover matéria e energia entre eles, o que altera suas estruturas, esculpe as formas de relevo e estabelece processos e funções ambientais que podem ser observadas nas paisagens (op. cit.). Em ciências ambientais, o conceito de bacia hidrográfica é utilizado como recorte espacial para determinar a área física por onde os materiais se movimentam, desde as linhas de cumeadas, vertentes, afluentes e rio principal, até alcançar a foz do sistema. Por isso é usado para fins de planejamento, gestão ou pesquisas científicas sobre seus recursos naturais ou subsistema hídrico (NOVO, 2008). Cardoso et al. (2006) ressalta que ao delimitar uma bacia, parâmetros físicos podem ser utilizados para classificá-la, tendo como resultado: área, perímetro, coeficiente de compacidade, fator de forma, índice de circularidade e densidade de drenagem. A bacia hidrográfica do Sistema Campelo delimita um complexo sistema hidrológico, formado por canais naturais e artificiais, lagoas e brejos, localizados na margem esquerda do rio Paraíba do Sul, entre os municípios de Campos dos Goytacazes (maior porção) e São Francisco de Itabapoana, região norte do estado do Rio de Janeiro, (Figura 1). Ela está situada sobre o relevo dos Tabuleiros Terciário de Formação Barreiras e da Planície Quaternária de origem Fluviomarinha, que conectada por um sistema de drenagem, regula os processos de cheia e vazante, influenciados pelo clima Tropical sub úmido (Aw), que pela classificação de Köppen, caracteriza-se por apresentar déficit hídrico no inverno e chuvas concentradas no verão (ALVES e MIRO, 2016). Figura 1. Localização da área de estudo Fonte: Alves e Miro, 2016. No Sistema Campelo, o uso da terra é tradicionalmente, agropastoril, no qual se
  • 2. 69ª Reunião Anual da SBPC - 16 a 22 de julho de 2017 - UFMG - Belo Horizonte/MG 2 destacam a monocultura da cana-de-açúcar, do abacaxi e a criação do gado de corte (op. cit.). Uma peculiaridade do Sistema é que nele não há um canal principal com afluentes que direcione o fluxo hídrico até o seu exutório, e sim, canais artificiais que drenam as águas das lagoas localizadas nos tabuleiros e nas planícies, como a lagoa do Campelo, corpo hídrico que dá nome ao sistema, e dela para o canal Engenheiro Antônio Resende, que ao receber o fluxo das lagoas à montante, direciona-o para o oceano Atlântico. Essas características justificam a ideia da existência da bacia hidrográfica do Sistema Campelo, onde a água é o elemento que integra fatores naturais e antrópicos, fundamentais para entender os sistemas ambientais. Diante do exposto, o trabalho tem como objetivo descrever e caracterizar esta bacia quanto aos seus aspectos físicos e geoambientais. Metodologia: Este estudo foi realizado tomando-se por base discussões sistêmicas que abordam as bacias hidrográficas, como proposto por (CUNHA e FREITAS, 2004). A pesquisa foi estruturada a partir de uma revisão bibliográfica em literatura especializada sobre o tema, deixando evidente o seu caráter científico. Os dados altimétricos foram obtidos, gratuitamente, no site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE, 2011), através do Shuttle Radar Topography Mission (SRTM), Trabalhos de Campo e extração de dados utilizando-se o Software ArcGIS versão 10.2. As correlações propostas foram pautadas no embasamento teórico-metodológico da Teoria dos Sistemas discutida por Christofoletti (1999), no qual os fatores e os elementos dispostos na paisagem se integram. O método aqui empregado foi o da Análise Ambiental. Por meio dele é possível identificar e classificar fenômenos espaciais, atribuindo-lhes localização, extensão, proximidade, frequência e continuidade nas paisagens (XAVIER DA SILVA, 1992). Desta forma, os objetos podem ser logicamente estudados, distinguindo suas particularidades, diferenças, semelhanças e afinidades, permitindo, assim, categorizá-los e analisá-los de forma minuciosa. Logo, o método aplicado pode ser entendido como um conjunto de procedimentos que facilitam integrar dados ambientais georreferenciados em distintas escalas de análise. Para a delimitação automática da bacia aplicou-se a seguinte rotina no ArcGIS: menu Terriam Preprocessing, seguidos do DEM Manipulation, Fill Sinks, Flow Direction, Flow Accumulation, Stream Definition, Stream Segmentation, Catchment Grid Delineation, Catchment Polygon Processing, Drainage Line Processing, Adjoint Catchment Processing, Drainage Point Processing, Batch Point Generation e Batch Watershed Delineation. Assim, ao término da rotina os divisores de águas foram definidos. Posteriormente, utilizou-se parâmetros morfométricos para caracterizar a bacia, sendo eles baseados em Cardoso et al. (2006), que consistiram em: área de contribuição (A), perímetro (P), largura e comprimento maior, coeficiente de compacidade (Kc = 0,28 . P / √𝑨), fator de forma (F = A / L²), índice de circularidade (Ic = 12,57 * A / P²) e densidade de drenagem (Dd = Lt / A). Resultados e Discussão: A utilização dos dados altimétricos extraídos do SRTM proporcionou delimitar a área de contribuição hídrica da bacia do Sistema Campelo e assim revelar sua abrangência espacial. Após a rotina aplicada, a área de estudo apresentou as seguintes características (Tabela 1): Variável analisada Unidade de medida Resultados Área de contribuição km² 756,49 Perímetro km 189,56 Altitude máxima m 161 Altitude mínima m 1 Largura maior km 25,80 Comprimento maior km 37,90 Coeficiente de compacidade adimensional 1,84 Fator de forma adimensional 0,52 Índice de circularidade adimensional 0,29 Densidade de drenagem km/km² 1,66 Tabela 1. Morfometria do Sistema Campelo De acordo com os resultados obtidos: o coeficiente de compacidade, o fator de forma e o índice de circularidade mostraram que a bacia analisada, em condições normais de precipitação, se torna suscetível aos efeitos de enchentes e inundações nas áreas mais planas, devido a sua forma aproximar-se a de um círculo. Com o valor de 1,66 km/km² conferido à densidade de drenagem, a bacia pode ser classificada como de drenagem
  • 3. 69ª Reunião Anual da SBPC - 16 a 22 de julho de 2017 - UFMG - Belo Horizonte/MG 3 mediana, conforme classificação proposta por Carvalho e Silva (2006), que varia de < 0,5 a ≥ 3,5 km/km². Quanto ao relevo que compreende a área da pesquisa, pode-se inferir que ele encontra-se distribuído sobre compartimentos geomorfológicos bem definidos. Como se observa na Figura 2, a superfície mais rugosa representa os Tabuleiros de Formação Barreiras (79%), caracterizados por sua suave ondulação, que varia entre 8 e 161 metros de altitude. Já a porção menos rugosa reflete a Planície Fluviomarinha Quaternária (21%), que se distingue por apresentar superfícies aplainadas, com altitudes que variam de 1 a 8 metros. Devido a sua morfologia, o relevo está direcionado de noroeste para sudeste, o que condiciona o escoamento superficial do fluxo hídrico e move matéria e energia dos pontos elevados para as áreas mais baixas da bacia. Figura 2. Hipsometria do Sistema Campelo Fonte: Elaborado pelos autores. O recorte delimitado contém na paisagem expressivos corpos hídricos, dentre os quais, destacam-se 19 lagoas de variados tamanhos, processos de formação e formas geométricas, além de 6 canais de drenagem, de origem natural e artificial, com extensões que variam entre 0,50 a 21,02 km. Nas incursões ao campo foi possível observar que a vegetação natural, característica das Florestas Estacional Decidual e Semidecidual e de restinga deram lugar, principalmente, a monocultura da cana- de-açúcar e do abacaxi (Figura 3). Figura 3. Usos da Terra no Sistema Campelo Fonte: Arquivo dos autores. Conclusões: A partir da análise morfométrica realizada na bacia hidrográfica do Sistema Campelo foi possível inferir que ela tem tendência à circularidade e sua densidade de drenagem é mediana. Além disso, observou-se que o relevo suave ondulado dos seus Tabuleiros influencia na dinâmica hídrica regional, quando direciona matéria e energia de áreas mais elevadas até a planície, o que pode causar inundações nestas áreas, antes das águas alcançarem o oceano. Desta forma, conclui-se que a bacia é um recorte espacial capaz de integrar distintos fatores e elementos da sua paisagem. Referências bibliográficas ALVES, L. A.; MIRO, J. M. R. Variação temporal dos espelhos d’água das lagoas do Sistema Campelo/RJ. Saarbrücken: Novas Edições Culturais, 2016. CARDOSO, C. A.; DIAS, H. C. T.; SOARES, C. P. B.; MARTINS, S. V. Caracterização morfométrica da bacia hidrográfica do rio Debossan, Nova Friburgo, RJ. Revista Árvore, Viçosa-MG, v.30, n.2, p. 241-248, 2006. CARVALHO, D. F.; SILVA, L. D. B. Bacia hidrográfica. In: Hidrologia. Rio de Janeiro: UFRRJ, 2006. CHRISTOFOLETTI, A. Modelagem de sistemas ambientais. São Paulo: Editora Edgard Blücher, 1999. ______. Geomorfologia. São Paulo: Editora Edgard Blücher, 1980. CUNHA, S. B.; FREITAS, M. W. D. Geossistemas e gestão ambiental na bacia hidrográfica do rio São João – RJ. GEOgraphia, v. 6, n. 12, p. 87-110, 2004. INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS. Topodata: Banco de Dados Geomorfométricos do Brasil, 2011. NOVO, E. M. L. M. Ambientes Fluviais. In: FLORENZANO, T. G. Geomorfologia: conceitos e tecnologias atuais. São Paulo: Oficina de Textos, 2008. XAVIER DA SILVA, J. Geoprocessamento e Análise Ambiental. Revista Brasileira de Geografia. Rio de Janeiro, v. 54, n. 3. 2 set. 1992.