Este documento descreve um estudo que utilizou sistemas de informação geográfica e entrevistas com moradores para avaliar a situação das margens do Rio Itajaí-Açu em Gaspar, Santa Catarina entre 2003 e 2015. As análises revelaram expansão superior a 30% de vegetação e construções nas margens. A maioria dos entrevistados prefere continuar ocupando estas áreas apesar dos riscos. Com base nos dados, o estudo propõe a recuperação de uma área degradada nas margens do rio.
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
Artigo bioterra v20_n2_01
1. 1
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228
Volume 20 - Número 2 - 2º Semestre 2020
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA COMO FERRAMENTA DE
PLANEJAMENTO DE PROJETOS DE RECUPERAÇÃO DE MARGENS DE RIOS,
ESTUDO DE CASO GASPAR (SC)
Jefferson Ribeiro1
; Gustavo Antônio Piazza2
RESUMO
As matas ciliares apresentam diversas funções no aspecto ambiental como por exemplo, promover a
estabilidade das margens, proporcionar habitats para espécies endêmicas de animais, dentre outras
funções relevantes para o equilíbrio do meio ambiente. Este trabalho fez uma análise espacial visando
auxiliar na delimitação da área de recuperação das margens do Rio Itajaí-Açu em um trecho no
município de Gaspar em Santa Catarina. O estudo utilizou um Sistema de Informação Geográfica
(SIG) para quantificar áreas vegetadas por meio de imagens de satélite de dois anos distintos, 2003 e
2015 (12 anos). Uma pesquisa de campo foi realizada no sentido de fornecer informações
complementares com moradores de 16 famílias para avaliar a percepção da comunidade residente da
localidade. Com os resultados foi possível observar que entre o período analisado, ocorreram
expansões superiores a 30% nas classes de vegetação e de construções em ambas as margens do rio.
No aspecto da percepção dos entrevistados foi observado que a grande maioria prefere continuar
ocupando estas áreas, mesmo com riscos associados. Por fim, com a junção dos dados espaciais e de
campo foi possível escolher uma área de Gaspar com a maior perspectiva para a aplicação do projeto
de recuperação de área degradada.
Palavras-chave: Áreas de Preservação Permanente, Classificação de Imagens, Questionário
Ambiental.
GEOGRAPHICAL INFORMATION SYSTEMS AS A TOOL FOR PLANNING PROJECTS
FOR RESTORATION OF RIVER MARGINS, CASE STUDY GASPAR (SC)
ABSTRACT
The riparian forests have several functions in the environmental aspect, such as promoting the
stability of the margins, providing habitats for endemic species of animals, among other functions
relevant to the balance of the environment. This work carried out a spatial analysis in order to assist
in the delimitation of the recovery area on the banks of the Itajaí-Açu River in a stretch in the
municipality of Gaspar in Santa Catarina. The study used a Geographic Information System (GIS) to
quantify vegetated areas using satellite images from two different years, 2003 and 2015 (12 years).
A field survey was carried out in order to provide complementary information with residents of 16
families to assess the perception of the local resident community. With the results it was possible to
observe that between the analyzed period, expansions of more than 30% occurred in the classes of
vegetation and constructions on both banks of the river. In terms of the interviewees' perception, it
was observed that the vast majority prefer to continue occupying these areas, even with associated
risks. Finally, with the combination of spatial and field data, it was possible to choose a Gaspar area
with the greatest perspective for the application of the degraded area recovery project.
Keywords: Areas of Permanent Preservation, Image Classification; Environmental Form.
2. 2
INTRODUÇÃO
A região do vale do Itajaí no estado de
Santa Catarina apresenta um histórico nada
favorável de problemas ambientais e sociais. Um
destes problemas está associado ao uso irregular
das zonas de vegetação ciliar para fins de
vivência e uso agrícola. A definição de vegetação
ciliar ou ripária caracteriza a vegetação que
margeia as nascentes e cursos de água
(CHAVES, 2009). De acordo com Andrade,
Sanquetta e Ugaya (2005) a supressão da
vegetação ciliar dos cursos d’água propiciam
impactos ambientais. Para Freitas (2010) esta
vegetação é um componente importante da
paisagem, principalmente no que diz respeito à
conservação. Vale ressaltar que matas ciliares
desempenham diversas funções ambientais
como, garantir a estabilidade das áreas que
margeiam, estabilizar o solo evitando assim o
assoreamento, contribuem para evitar processos
de erosão e o empobrecimento do solo
(CARRENHO; TRUFEM; BONONI, 2001).
No estado de Santa Catarina, zonas de
mata ciliar apresentam um papel fundamental
nos serviços de regulação das margens do Rio
Itajaí-Açu, localizado na região do Vale do Itajaí,
Sul do Brasil. Esta região sofre constantemente
com eventos de cheias e enchentes. Eventos deste
tipo são datados na região desde o início da sua
colonização (1850) (SEVERO et al., 2008). Ou
seja, pode-se dizer que estas áreas de vegetação
ciliar são essenciais no sentido de minimizar os
impactos produzidos por tais eventos.
Contudo, o constante desmatamento das
florestas ripárias fez com que as áreas que antes
seriam naturalmente cobertas vegetação se
reduzissem de forma agravante em diversas
regiões do planeta (ZELARAYÁN et al., 2015).
Toda esta devastação está intimamente ligada às
ações desenvolvidas pelo ser humano. De acordo
com os autores Petris e Sehnen (2012, p. 37) “a
relação desenvolvimento econômico versus
natureza está ficando cada vez mais “saturada”.
Não existem condições para que a população
continue com este modelo de consumo dos
recursos naturais”. Além disso o crescimento das
cidades nas últimas décadas proporcionou um
aumento exponencial da urbanização,
principalmente nos centros urbanos
consolidados.
Segundo Marandola et al. (2013), com o
crescimento e a expansão urbana, ocorre também
à ocupação de áreas inadequadas. Devido a
benefícios como o acesso à água e ao transporte
de cargas, cidades tendem a se consolidar
próximas de corpos hídricos. Por consequência,
esta ocupação suprime a vegetação para a fixação
estrutural das margens. Além do mais,
historicamente grandes áreas florestais foram
substituídas por culturas agrícolas para a
produção de alimentos (VASCONCELLOS et
al., 2013). Devido à intensidade e extensão das
áreas desmatadas, torna-se urgente a utilização
de medidas para a recuperação e manutenção da
vegetação junto aos corpos de água através de
técnicas apropriadas de revegetação
(LACERDA; FIGUEIREDO, 2009).
Independente da origem, a vegetação que
margeia as nascentes e cursos de água é
fundamental para a preservação ambiental e
manutenção destas fontes hídricas e da
biodiversidade local (CHAVES, 2009). Em
relação aos recursos abióticos, as matas ciliares
possuem importância relevante ao absorverem a
água proveniente do escoamento superficial das
áreas adjacentes (LACERDA; FIGUEIREDO,
2009).
Para os autores Donato et al. (2010),
apesar da influência que desempenham e de
estarem amparadas por leis ambientais
específicas, as matas ciliares continuam sendo
desmatadas em quase todas as regiões do país.
Nos últimos anos, enormes trechos com
vegetação ripária foram perdidos, e por
consequência o efeito desta carência acarretou
em impactos negativos sobre os ecossistemas.
Uma alternativa para restaurar estas vegetações
que sofreram com as ações humanas relaciona-se
com os Planos de Recuperações de áreas
Degradadas (PRAD). Infelizmente existem uma
ausência de dados referentes este tema no Estado
e na região de Gaspar. Por este motivo, o presente
estudo realizou um levantamento quantitativo,
utilizando imagens de satélite para comparar e
avaliar a situação das margens do rio Itajaí-Açu,
entre os anos de 2003 e 2015, em conjunto com
uma pesquisa sobre percepção ambiental
realizada com moradores da região estudada, a
fim de sugerir um plano de recuperação
ambiental para a margem do rio Itajaí-Açu,
tomando como princípio, medidas mitigadoras
3. 3
que possam ser utilizadas na recuperação de
áreas degradadas.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Área de estudo
A localidade estudada compreende uma
área da margem do Rio Itajaí-Açu de 1.600 km²
(8000 cada lado?) localizada próximo do cnetro
urbano da cidade de Gaspar em Santa Catarina.
A cidade está inserida dentro do bioma Mata
Atlântica, mais especificamente pela
fitofisionomia da Floresta Ombrófila Densa
(VIBRANS et al., 2012).
Delimitação do trabalho
O estudo consistiu da análise da ocupação
urbana e da vegetação ciliar nas áreas de margens
do rio por meio de imagens de satélite e de
entrevistas com os moradores da área de estudo.
A entrevista foi realizada por meio de um roteiro
de perguntas, sobre consciência ambiental e
recuperação de áreas degradadas. O estudo
utilizou uma faixa do rio Itajaí-Açu, na região
central da cidade de Gaspar, avançando oito mil
metros em sentido leste, abrangendo ambas as
margens do rio, totalizando uma faixa marginal
de 16 mil metros (Figura 1). Cada margem foi
dividida em oito trechos de um quilometro. A
área total de cada trecho corresponde a 100.000
m2
(Figura 1).
Figura 1 - Mapa delimitando a área estudada com os trechos de coleta de informações.
Fonte: Base map/Arcmap, adaptado por Autores (2015)
Levantamento do uso do solo na região de
Gaspar
O diagnóstico do uso do solo foi realizado
utilizando o software ArcMap e imagens de
satélite, verificando as características atuais da
mata ciliar do Rio Itajaí-Açu, bem como a
avaliação da ocupação urbana presente nas
margens do rio. Para o levantamento dos
fragmentos da área vegetada e da ocupação
humana foi considerada apenas a extensão do Rio
Itajaí-açu que inicia próxima da região central da
cidade até a polícia rodoviária estadual, trecho
oito. Utilizou-se a legislação que compreende o
Código Florestal, Lei nº 12.651, de 25 de maio
de 2012, em seus artigos 1º, 2º e 3º, que tratam
das florestas e demais formas de vegetação de
preservação permanente (BRASIL, 2012).
Analisando as dimensões do rio Itajaí-açu, que
nestes trechos estudados apresentou largura de
aproximadamente 150 metros, e tomando como
base o novo código florestal, foi determinado
para os trechos estudados em Gaspar a faixa de
Área de Preservação Permanente (APP) de 100
metros de largura.
O uso e a ocupação do solo das imagens
foram classificados manualmente no software
ArcGIS 10.3 por meio da criação de polígonos
sobre a resposta espectral da imagem. Foram
utilizadas duas classes principais: vegetação
nativa (mata ciliar) e construções (mancha
urbana e edificações). Foram analisadas as
imagens de satélite do ano de 2003 e de 2015
obtidas pelo software Google Earth Pro, dos
satélites CNES/Astrium na data de 30/03/2015 e
do Digitalglobe em 17/01/2003. Para analisar a
4. 4
existência de diferenças significativas entre as
expansões da urbanização e da vegetação,
durante a escala temporal de 2013 até 2015,
empregou-se o método estatístico qui-quadrado
de aderência com nível de significância de 0,05.
Entrevista/pesquisa social
O estudo também consistiu em um
levantamento socioeconômico e da percepção
ambiental dos moradores presentes no local. Para
tanto foi elaborado uma entrevista, contendo 15
perguntas objetivas, abordando dados
socioeconômicos e ambientais da localidade
(Quadro 1).
A aplicação da ferramenta de coleta de
informações foi realizada por amostragem em
dois dias consecutivos (sábado e domingo), no
qual foram aplicadas uma entrevista com um
morador de cada trecho delimitados
anteriormente. Ao total foram realizadas 16
entrevistas, sendo estas oito com moradores da
margem direita do rio e outras oito com
moradores da margem esquerda. Ao fim foram
feitas as tabulações dos dados na qual se
comparou se a diferença entre as respostas
obtidas nas diferentes áreas de estudo.
Recuperação da área
Para desenvolver a proposta de
recuperação em um dos trechos do corpo hídrico
estudado, inicialmente, por meio das imagens de
satélite foi avaliado a Área de Mata ciliar Atual
(AMcA) da cidade de Gaspar levando em
consideração os 100 metros de APP
estabelecidos pela largura do rio de acordo com
o código florestal. Buscando estimar a área de
recuperação, utilizou-se a metodologia
empregada no estudo de Ferreira e Dias (2004).
Na qual, multiplica-se o comprimento do trecho
do Rio em estudo, pela largura da área de
preservação permanente, obtendo assim a Área
de Mata ciliar Legal (AMcL). Desta forma a
AMcL = Comprimento do Rio x Largura da
Faixa Legal.
De acordo com Ferreira e Dias (2004), a
área estabelecida ao longo do rio que deve ser
revegetada é denominada como Área de Mata
ciliar a ser Recuperada (AMcR). Para obter o
valor de AMcR utiliza-se a equação AMcR =
AMcL – AMcA. Por meio desta estimativa, foi
possível determinar a área que deverá ser
revegetada, de acordo com as características da
área do terreno, o espaçamento entre as mudas,
além da base de normas presentes na legislação
vigente.
Além das análises das imagens de satélite
foram correlacionados também os dados
coletados em campo para verificar em qual área
seria mais provável a adesão da população por
uma atividade de recuperação da mata ciliar.
Quadro 1 – Modelo de formulário da entrevista.
Perguntas
1 - Local onde nasceu?
2 – Idade?
3 - Quantos anos mora na
cidade?
4 - Quantas pessoas
moram na residência?
5 - Escolaridade do
entrevistado?
6 - Como você acha que
está a qualidade de vida na
localidade onde você
mora?
7 - Você declara
preocupação com o meio
ambiente?
8 - Você acha interessante
a existência de leis para
proteger o meio
ambiente?
9 - Você conhece ou já
ouviu falar em mata
ciliar?
10 - Você se sente mais
seguro com a presença da
mata ciliar?
11 - O local onde você
mora já foi atingido por
enchentes?
12 - Possui medo de
ocupar área próxima aos
rios?
13 - Você sabia que existe
uma distância mínima para
construir próximo as
margens dos rios?
14 - Se existisse a
oportunidade de trocar a
moradia em que você mora
por outra com as mesmas
características
(proximidade do trabalho,
escola, saúde, comércios
entre outros), contudo em
uma área mais longe da
margem do rio você
aceitaria?
15 - Você acha importante
que o município de Gaspar
fiscalize as construções
realizadas na cidade?
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir da divisão do Rio Itajaí-Açu em
16 unidades espalhadas pelas duas margens
próximas à área central do município, foi
possível identificar que a expansão urbana
aconteceu de maneira intensiva nos últimos 12
anos, sendo que a vegetação original se encontra
fragmentada em remanescentes de vegetação em
diversos estágios sucessionais.
De acordo com os mapas gerados pelo
ArcMap as alterações devido ao crescimento
urbano são perceptíveis na figura 2. Durante o
ano de 2003, a vegetação ciliar presente
representava manchas isoladas. Em termos
numéricos, a área construída apresenta um total
5. 5
de 77.427 m2
na margem esquerda e 128.574 m2
na margem direita (Quadro 2).
O trecho 1 da margem direita,
apresentava a maior área ocupada. Localizado na
Rua. Dr. Nereu Ramos no bairro Coloninha, o
trecho apresentou uma ocupação de 34.464 m2
.
Na análise das manchas de vegetação, houve uma
representatividade de 119.919 m2
na margem
esquerda e 185.138 m2
na margem direita
(Quadro 2). O trecho com maior vegetação foi o
quinto na margem esquerda, onde foram
encontrados 33.376 m2
de fragmentos florestais.
Esta área fica próxima a um dos meandros do rio
e apresenta uma ocupação de menor
concentração.
Diferente disto, nesta mesma margem o
trecho 8 apresentou a menor proporção de
árvores por metro quadrado. Nesta localidade,
existe o predomínio de grandes pastagens e
plantações de arroz (Figura 3). Entretanto
durante os últimos anos, esta área vem sendo
constantemente modificada por meio de
intervenções humanas. Isso gera um problema
social, pois essas áreas, geralmente denominadas
zonas de alagamento, perdem a sua principal
função, que é justamente atuar como uma bacia
de contenção para eventos de cheia. Estas
alterações podem ser evidenciadas nos processos
de terraplanagem observados nas imagens de
satélite do ano de 2015, onde é possível averiguar
um considerável aumento das novas áreas
construídas.
Figura 2 - Mapas da área central de Gaspar/SC representando visualmente as manchas de vegetação e de construções
no ano de 2003 (A) e 2015 (B) nos trechos 1 e 2
Fonte: Autoria própria (2016)
Figura 3 - Trecho 8 da margem esquerda, apresentando pastagem ao lado direito da rua e plantações de arroz ao lado
esquerdo
Fonte: Autoria própria (2016)
6. 6
Quadro 2 - Demonstrativo da ocupação entre os diferentes trechos marginais do rio Itajaí-açu durante o período de 2003
a 2015
Construções
C.E. 2003 C.E. 2015 D. C. D. 2003 C.D. 2015 D.
T.1 21632 27246 26% 34464 38923 13%
T.2 16829 21271 26% 23550 32147 37%
T.3 14840 18855 27% 15088 20092 33%
T.4 10523 13475 28% 15585 18967 22%
T.5 4979 7849 58% 9163 16851 84%
T.6 2097 3412 63% 4874 8927 83%
T.7 2788 3382 21% 25662 33579 31%
T.8 3739 5170 38% 188 11037 5771%
Total 77427 100660 30% 128574 180523 40%
Vegetação
V.E. 2003 V.E 2015 D. V.D. 2003 V.D. 2015 D.
T.1 17568 24282 38% 25748 26310 2%
T.2 09672 18347 90% 26624 32843 23%
T.3 11568 19055 65% 28099 29731 6%
T.4 15257 28247 85% 17579 28628 63%
T.5 33376 48062 44% 27819 31796 14%
T.6 22915 38224 67% 27060 36563 35%
T.7 13566 27848 105% 16618 32287 94%
T.8 11254 16363 45% 15591 24760 59%
Total 119919 220428 84% 185138 242918 31%
Fonte: Autoria própria (2016). Legenda: T. – Trecho. C.E - Construções margem esquerda. C.D - Construções margem
direita. V.E - Vegetação margem esquerda. V.D – Vegetação margem direita D. – Diferença observada durante os
últimos 12 anos. Valores apresentados em m2
É importante destacar que houve aumento
significativo das manchas de vegetação e
construção. Ao aplicar o teste estatístico Qui-
quadrado de aderência ao nível de significância
0,05 observou-se que o total de m2
obtidos entre
os diferentes períodos para cada margem
analisada apresentaram frequências não
uniformes. Desta forma evidenciou-se que existe
diferença estatística nas expansões das manchas
de vegetação e construção durante o período de
12 anos.
Em ambas as manchas, também é
presumível avaliar uma diminuição na
fragmentação, sendo que os polígonos de mesma
classe durante a evolução temporal foram
agrupados. Em 2015 (Figura 2b) existe uma
consolidação dos usos em comparação como o
ano de 2003 (Figura 2a).
Desta forma, fica evidenciado um
aumento de ambas as classes de uso do solo
(Quadro 2). As construções na margem esquerda
e direita aumentaram de 30 e 40%
respectivamente em relação ao ano de 2003. O
trecho um da margem direita apresenta a maior
ocupação com 38.923 m2
sendo 13% maior do
que em 2003. Todavia nesta mesma margem,
ocorreu um aumento significativo das
construções em áreas mais distante da parte
central do município.
Na evolução da paisagem durante os 12
anos, a área vegetada da margem esquerda
apresentou a maior expansão. A área ocupada foi
de 220.428 m2
, sendo este valor
aproximadamente 28% da área total de 800.000
m2
. O aumento comparado com o ano de 2003 foi
de 84%, evidenciando a modificação no uso do
solo nesta área. A margem direita apresentou um
aumento de 31%.
Apesar do aumento da vegetação em
comparação com o ano de 2003 ainda existem
localidades que sofrem com processos de erosão.
De acordo com relatos de moradores, o trecho 8
da margem direita apresenta frequentemente
pequenos deslizamentos no talude.
Entre os possíveis fatores, pode-se
ressaltar a nula cobertura vegetal bem como a
constante ocorrência de eventos de precipitação
intensa e consequente aumento da velocidade do
7. 7
rio. Por se tratar de uma área com baixa presença
de meandros, a velocidade da água tende a
aumentar, visto que encontra poucos obstáculos
em seu caminho. Fato este que pode ser
visualizado na figura 4.
Figura 4 - Destaque para margem direita no trecho oito
com deslizamento de talude
Fonte: Autoria própria (2016)
Neste estudo, visualmente foi possível
diagnosticar que áreas construídas, tendem a
diminuir por consequência do afastamento em
relação à área central do município. Uma
exceção está no trecho 7 da margem direita, onde
está localizada uma empresa de grande porte. A
dispersão da vegetação, no entanto, não
apresentou padrão espacial. Nota-se que quanto
mais afastada do centro da cidade o tamanho da
ocupação tende em aumentar, mas em outras
áreas longe do centro o valor diminui (Quadro 1).
De acordo com os dados do IBGE (2015)
o município de Gaspar possuía no ano de 2000 a
população de 46.414 habitantes, no ano de 2010
contava com 57.981 habitantes. Estes valores
revelam um aumento de 24,9% da população em
10 anos, que por consequência provocou a
expansão da urbanização em várias áreas do
município, bem como nas margens do rio Itajaí-
Açu.
Na margem direita, foram encontradas as
maiores manchas de urbanização e vegetação. O
motivo pelo qual esta ocupação é mais marcante
na área da margem direita, correlaciona-se com a
colonização do Município. De acordo com
GASPARSC (2015) durante o ano 1870 já havia
sido estabelecido nesta área, alguns lotes
urbanos, sendo esta localidade conhecida
atualmente como o centro do município.
Por sua vez, a margem esquerda teve uma
expressiva redução da vegetação, promovida
pelo uso do solo. Em várias regiões, áreas de
pastagens ocuparam as proximidades da margem
do rio. Para os autores Santos, Souza e Vieira
(2007) a presença destas pastagens promovidas
por ações antrópicas sobre as formações
florestais, pode ter efeitos danosos à
sustentabilidade das margens e das florestas. De
acordo com Campos (1999) isso compromete a
estabilidade da vegetação natural, visto que o
gado provoca a compactação do solo, impedindo
ou dificultando o processo de restabelecimento
da vegetação.
A modificação da paisagem que vem
ocorrendo no Município de Gaspar durante os
anos de 2003 a 2015, pode causar complicações
futuras as cidades vizinhas como Ilhota e Itajaí.
De acordo com Iori et al. (2012) o uso e
explorações das áreas marginais dos rios
proporciona riscos a qualidade dos recursos
hídricos. Ressalta-se que a remoção desta
cobertura ocasiona também processos erosivos,
bem evidenciados no trecho 8 da margem
esquerda. De acordo com Pedron et al. (2004) a
erosão pode ser definida como fenômeno
promovido pela desagregação, transporte e
deposição das partículas de solo pela ação de
agentes deflagradores como a chuva.
Pesquisa de campo/entrevistas
O público entrevistado tinha idade entre
17 a 64 anos. Ao todo, 62% nasceram no
município de Gaspar, 18,7% no município de
Blumenau em Santa Catarina, 12,5% no estado
do Paraná e apenas uma pessoa não era brasileira
apresentando nacionalidade haitiana. Em relação
ao tempo em que moram na cidade 81,25% dos
entrevistados vivem há mais de 20 anos na
localidade. Somente na margem direita, três
pessoas moravam a menos de 20 anos no
município.
Referente à quantidade de residentes nas
moradias analisadas, 68,7% apresentava de três a
cinco moradores, 18,75% das residências
acomodavam até duas pessoas e 12,5%
continham de seis a oito moradores.
Observa-se que a escolaridade analisada
dos entrevistados foi diversa. O destaque foi para
o ensino fundamental (completo e incompleto),
que totalizou praticamente 50% de todas as
pessoas entrevistadas (Figura 5). Somente ao
haitiano não foi possível identificar o grau de
instrução pois não corresponde aos mesmos
níveis de ensino brasileiros.
8. 8
No aspecto qualidade de vida, 68% dos
entrevistados disseram que a qualidade no bairro
em que moram é consideravelmente boa, 18,75%
comentaram que está em nível excelente e apenas
12,5% acham regular.
Ao adentrar no quadro ambiental, no qual
foram propostas perguntas relacionadas ao rio
Itajaí-Açu, praticamente todos os entrevistados
(81,25%), afirmaram possuir preocupação com o
meio ambiente. Muitos usaram como exemplo o
plantio de espécies vegetais nas margens do rio,
bem como a preocupação com a reciclagem de
resíduos. Este resultado pode ser um dos fatores
que influenciou sobre o aumento das áreas
vegetadas no período analisado.
O aumento da vegetação nos fragmentos
pode estar relacionado com a conscientização
ambiental dos entrevistados. Após o evento
climático de 2008 que atingiu o município de
Gaspar, os deslizamentos das margens do rio
tornaram-se fatores frequentes e preocupantes
tendo em vista a população que ocupa essas
áreas.
Todos os entrevistados consideraram
importante a existência de leis de proteção do
meio ambiente. Este resultado desperta atenção,
tendo em vista que nem todos declararam possuir
preocupação com o meio ambiente. Neste ponto,
muitos participantes citaram de forma indireta o
código florestal, Lei nº 12.651. Porém, apesar de
acharem relevante a existência das leis, muitos
não concordam com a delimitação das áreas de
preservação permanente (APP) em áreas de
margens de rios. Na maioria dos casos, foi
relatado que a distância estabelecida de 100
metros é desnecessária e/ou abusiva.
A entrevista mostrou que metade dos
entrevistados desconhecia a expressão mata
ciliar. Daqueles que já tinham ouvido falar, a
maioria não sabia ao certo do que se tratava. A
margem esquerda apresentou a maior quantidade
de pessoas que conheciam o termo, sendo que de
oito entrevistados, cinco já tinham ouvido falar.
Sobre o quesito segurança proporcionada
pela vegetação, 50% acredita estar mais seguro
com a presença da mata ciliar, 43,7% não
souberam responder e apenas um entrevistado
não se achava protegido com a presença da
vegetação. Este resultado demonstra a falta de
conhecimento das pessoas que habitam estas
áreas em relação a função das APPs.
Outro ponto de destaque esteve no
questionamento sobre as enchentes/cheias. A
metade dos entrevistados disse que sua
residência não tinha sido atingida por enchentes
nos últimos anos. Contudo 37,5% afirmaram que
já foram atingidos, em especial pelos eventos de
cheia ocorridos em 1983 e 1984. Duas pessoas
não souberam responder.
Mais da metade da população
entrevistada (63%) disse não possuir medo de
ocupar áreas próximas aos rios. Sobre a distância
mínima para construir próximo aos corpos
hídricos, 87,5% dos entrevistados disseram que
sabiam da existência desta informação.
Entretanto, esta pergunta demostrou a existência
de dúvidas sobre a faixa a ser preservada
delimitada por lei e como ela poderia ser
ocupada, caso esta seja uma área consolidada.
Houve comentários sobre 30 metros, outros 100
metros, porém muitos não tinham certeza de qual
faixa não podia ser ocupada. Apenas 12,5%
desconheciam a existência de uma distância
mínima para realizar construções.
Sobre a possibilidade de o entrevistado
trocar a moradia, na qual reside, por outra com as
mesmas características, assim como as mesmas
estruturas presentes no bairro, contudo
relativamente mais distante do rio. Esse
questionamento demostrou que as pessoas
preferem continuar morando no local atual.
De fato, 62,5% dos entrevistados não
trocaria de moradia, 18,7% afirmaram que
trocariam, 12,5% responderam que talvez
poderiam pensar na possibilidade e apenas uma
pessoa não soube responder. As pessoas que
escolheram a possibilidade de talvez trocarem,
enfatizaram que fariam em prol da preservação.
Caso a prefeitura tivesse interesse de indenizar
para revitalizar as margens do rio. Na questão das
pessoas que não trocariam, foram enfatizados
principalmente o afeto pelo local em especial por
já estarem muito bem familiarizados as estruturas
do bairro.
Por fim, o último questionamento foi
referente a fiscalização realizada pela prefeitura.
Entre os entrevistados, 81,25% acham
importante a fiscalização realizada pelo órgão
público, 12,5% acham que a prefeitura não
deveria fiscalizar e 6,25% acreditam que talvez
deveria ser fiscalizado dependendo da situação
na qual se encontra o terreno.
9. 9
Proposta de recuperação
Com base nas informações da análise das
imagens de satélite e dos dados da pesquisa em
campo com a população residente das margens
do rio Itajaí-Açú, estipulou-se uma faixa do
trecho 8 da margem direita do rio Itajaí, como
local para delimitar um escopo inicial de um
projeto de recuperação de área degradada
(PRAD).
Além das características das manchas, o
que mais propiciou o uso desta área foi o fato da
principal rodovia que interliga os municípios de
Gaspar e Ilhota, não cruzar a Área de Preservação
Permanente (APP) estabelecida pelo código
florestal previsto na Lei 12.651, de 25 de maio de
2012.
Além deste fator, a escolha do respectivo
trecho foi atrelada as análises quantitativas, que
corroboraram que o trecho 8 é a área com menor
quantidade de vegetação da margem direita
(Figura 6).
Existe também o diferencial desta área na
questão da urbanização. Grande parte da mancha
de construção faz parte das dependências de uma
empresa multinacional de alimentos, estando
restritas a uma localidade em específico. Além
disso, no quesito das habitações residenciais
foram observadas que a maioria estão situadas
fora da área de APP. Conforme observado na
pesquisa em campo a população tem dificuldade
em desapropriar a área em que mora, mesmo que
lhe fosse disponibilizado em troca outra
localidade com as mesmas características, exceto
pela proximidade com o rio. Portanto recuperar
uma área com menos incidência de moradias é
um ponto relevante.
Para o trecho selecionado, foi avaliada a
possibilidade de recuperar 60.000 m2
de
vegetação legal, ocupada praticamente por
gramíneas (Figura 6) Contudo esta localidade
possui também um remanescente de 6.564 m2
de
vegetação arbórea. Utilizando a formula AMcR
= AMcL – AMcA, obtêm-se a área de vegetação
a ser recuperadas de 53.436 m2
.
De acordo com a Instrução Normativa n°
5, de 08 de setembro de 2009, são estabelecidos
no mínimo, 500 indivíduos por hectare de, pelo
menos, 15 espécies perenes nativas da
fitofisionomia local (BRASIL, 2009).
Segundo Chabaribery et al. (2008 p. 7)
“A recente conscientização para a recuperação de
áreas degradadas mostra como é grande o
desconhecimento sobre a prática de conservação
de florestas nativas”. As formas atuais de
recuperação de matas ciliares ou de galeria têm
se concentrado na escolha das espécies nativas de
acordo com seu estágio sucessional, de
crescimento e sobrevivência em condições de
campo (LACERDA; FIGUEIREDO, 2009).
Figura 6 - A- Área escolhida para realizar o PRAD. B -
Em verde claro área a ser recuperada
Fontes: A – Google maps. B- Autoria própria (2016).
Gris, Temponi e Marcon (2012)
salientam a importância da utilização de espécies
nativas, sendo que na maioria das vezes, não se
conhecem as espécies indicadas para
reflorestamentos locais, justamente por estas
áreas serem pouco conhecidas floristicamente. O
conhecimento referente às espécies das matas
ciliares é importante quando se almeja obter a
restauração dessas áreas e a preservação das
espécies que ocorrem no local (CARVALHO et
al., 2009).
Buscando o adensamento e
enriquecimento de espécies, sugere-se como base
para este PRAD o Projeto Tecnologias Sociais
para Gestão da Água (TSGA) - Fase II,
desenvolvido por Belli Filho et al. (2014). Neste
projeto são apresentadas as características locais
de cada ambiente presente no estado de Santa
Catarina, entre elas o destaque para algumas
10. 10
espécies importantes da Floresta Ombrófila
Densa, as quais podem ser selecionadas para a
recuperação da presente margem da cidade de
Gaspar.
Para recuperar a área, seguindo as
diretrizes do guia prático para elaboração de
projeto de recuperação desenvolvido pelo
Instituto Brasileiro de Administração Municipal
(IBAM), a primeira atividade a ser desenvolvida,
visa efetuar o devido isolamento da localidade
por meio de pequenas cercas de arame, com a
finalidade de reduzir os impactos causados pelos
animais (SARTORI, 2015). Outro aspecto
importante, mencionado no guia, diz a respeito
da remoção ativa das gramíneas. Neste estudo
devido à quantidade de hectares a ser recuperada,
o ideal seria remover o substrato em um raio de
40 cm ao redor da muda.
Para a recuperação desta área, visa-se
utilizar a técnica “talhão facilitador”. De acordo
com Ferretti (2002) este método é sugerido para
áreas que estão ocupadas há mais de 10 anos com
atividades agropecuárias, encontrando-se muito
degradadas e distantes de fragmentos florestais
originais.
Seguindo as diretrizes do guia prático
para elaboração de projeto de recuperação do
IBAM, sugere-se realizar a abertura de covas,
com as dimensões de 30 centímetros de largura,
comprimento e profundidade (SARTORI, 2015).
De acordo com Attanasio (2008) para recuperar
áreas de grandes clareiras é indicado realizar o
plantio das mudas em espaçamento de 3 x 2 m.
Desta forma, sugere-se plantar as mudas
de acordo com o modelo concebido por Ferretti
(2002), espécies alternadas dentro da linha.
Portanto, deve-se plantar as espécies que
possuem crescimento rápido (pioneiras e
secundárias iniciais), bem como espécies de
crescimento lento (secundárias tardias/clímax).
As espécies serão alternadas na linha de plantio,
invertendo-se a sua ordem na linha seguinte. O
plantio seguirá o modelo de acordo com a figura
7.
Para este espaçamento, serão plantadas
por hectare 1.666 mudas. Buscando revegetar a
área total, estimasse utilizar 9.000 mudas. Como
espécies pioneiras, secundárias iniciais e
secundárias tardia/Clímax.
Seguindo os moldes do guia para
elaboração de projeto de recuperação, após o
plantio deverá ser realizado a etapa de
coroamento, constituindo em retirar as plantas
daninhas que vierem a se estabelecer próximo
das mudas ao longo do tempo, podendo este ser
de 6 meses ou 1 ano (SARTORI, 2015). Deve-
se realizar também o monitoramento constante
para obter a melhor eficiência na recuperação do
ambiente.
Figura 7 – Modelo de espécies alternadas dentro da linha
Fonte: Ferretti (2002) adaptado por Autor (2015).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho, evidenciou-se que o
trecho do Rio Itajaí-Açu no município de Gaspar
em Santa Catarina vem apresentando um
aumento da vegetação no período de 2003 a
2015. Todavia as áreas construídas seguem
ritmos similares. Em 12 anos as construções
aumentaram mais de 30%, tendo em vista a taxa
de crescimento da população que em 10 anos
chegou a 24,9%.
Apesar do aumento considerável da
vegetação nas margens do rio Itajaí-Açu, nem
todas as manchas possam ser consideradas
11. 11
exclusivas de fragmentos ciliares, tendo em vista
que as imagens de satélite não oportunizam a
identificação em nível de espécie, sendo
necessário nestes casos inventários de campo.
Este aumento dos fragmentos florestais, do ponto
de vista ambiental é melhor do que a presença
exclusiva de pastagens nas margens do
município.
Em relação à percepção da população
local, existe de fato consentimento sobre as
questões ambientais, entretanto para muitos
moradores, ocupar as margens do rio ainda não é
um problema. Para sanar esta problemática,
devem-se realizar campanhas de conscientização
com a população, buscando informar a
importância da mata ciliar como também
enfatizar porque se deve preservar as áreas no
entorno dos rios. Com isso a paisagem de entorno
das casas poderia se tornar mais harmoniosas, em
especial atrelar uso de espécies nativas de forma
paisagística ou como forma de obtenção de
alimentos.
O estudo também identificou que a
melhor área para ser recuperada, condiz com uma
faixa do trecho 8, localizado na margem direita
do rio, próximo a uma empresa de grande porte.
Esta área apresentou características favoráveis
para ser recuperada, tendo em vista que existem
poucos impedimentos para a execução de um
PRAD.
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______________________________________
1- Jefferson Ribeiro
Biólogo, doutorando do Programa de Pós-
graduação em Engenharia Ambiental (PPGEA)
da Universidade Regional de Blumenau (FURB)
- Rua Antônio da Veiga, 140 - Itoupava Seca,
Blumenau - SC, 89030-903, Tel.: (+55 47 98872-
4634 ) - jeff.r.bio@gmail.com
2- Gustavo Antônio Piazza
Engenheiro Ambiental pela Universidade de
Vale do Itajaí (UNIVALI) e Doutor em
Engenharia Ambiental pela Universidade
Regional de Blumenau (FURB). Pesquisador da
FAPESC na Secretaria de Estado do
Desenvolvimento Econômico Sustentável de
Santa Catarina - Edifício Office Park - Rodovia
SC 401, KM 5, 4756 - 2 - Saco Grande 2,
Florianópolis - SC, 88032-005, Tel.: (+55 47
99947-2527) - gustavoapiazza@gmail.com