1. Análise e caracterização geoambiental da bacia hidrográfica do córrego da Onça –
Três Lagoas - MS
Mônica de Lima Gonzaga, José Augusto de Lollo
Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia de Ilha
Solteira (FEIS), Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP)
monicagonzaga@gmail.com
ABSTRACT
The research aims to analyze and characterize the type of soil use and occupation of the
Watershed Stream of Onça pair of related planning geoambiental Data are obtained and
analyzed in order to identify guidelines that will assist the planning of the area since it is
without any kind of monitoring. To support this proposal were systematized and
interpreted the data and the morphometric characteristics of the drainage. For natural
elements identification Três Lagoas topographic maps (SF 22 VBV Film, MI-2593 with
scale of 1:100,000) was used.
The results as: morphometric analysis, transverse and longitudinal profiles enabled us to
more accurately diagnose the type of change and its main causes, can be applied in other
areas with similar characteristics.
key word: Planning, Hidrographic Basin, Morfometric Analysis.
RESUMO
A pesquisa tem por objetivo de analisar e caracterizar a forma de uso e ocupação do
solo da Bacia Hidrográfica do Córrego da Onça par afins de planejamento geoambiental
1
2. Os dados obtidos e analisados têm o intuito de apontar diretrizes que irão auxiliar o
planejamento da área, uma vez que, a mesma encontra-se sem nenhum tipo de
monitoramento. Para subsidiar essa proposta foram sistematizados e interpretados os
dados e as características morfométricas da drenagem. Para a identificação dos
elementos naturais, foi utilizada a carta topográfica de Três Lagoas, Folha SF 22 V-B-
V, MI-2593 com escala de 1:100.000.
Os resultados obtidos como: análise morfométrica, perfis longitudinais e transversais
nos permitiram diagnosticar com mais precisão o tipo de alteração e suas principais
causas, podendo ser aplicada em outras áreas com características semelhantes.
Palavras Chaves: Planejamento, Bacias Hidrográficas, Análise Morfométrica.
INTRODUÇÃO
O município de Três Lagoas é dotado de rede hidrográfica com Bacias
Hidrográficas de grande representatividade econômica e ambiental, como a Bacia do
Rio Paraná, Bacia do Sucuriú, Rio Verde entre outras. Assim, o presente trabalho
propõe analisar o ambiente de forma holística, contemplando todas as interações do
meio físico e biótico, baseando-se na Teoria Geral dos Sistemas.
Foi adotado como objeto de estudo a Bacia Hidrográfica do Córrego da Onça,
propondo-se fazer uma análise integrada dos componentes ambientais existentes e
identificando assim as condições de utilização e ocupação do espaço com base nas
condições naturais e nas leis existentes que tratam dos Recursos Hídricos.
A Bacia do Córrego da Onça, que é objeto de estudo da pesquisa, é uma bacia
bem dividida quanto ao uso e ocupação da terra, sendo que no alto curso, formado pelas
2
3. lagoas urbanas e pelas canalizações dos Córregos da Onça e do Japão, encontramos
basicamente área urbanizada da cidade de Três Lagoas.
O artigo trata de uma proposta metodológica para fins de planejamento
ambiental e tem por objetivo fazer uma analise da dinâmica da paisagem e mostrar
diretrizes para salientar tais problemas existentes pelo uso inadequado dos recursos
naturais da bacia hidrográfica do Córrego da Onça.
A pesquisa tem por objetivo analisar e identificar os elementos existentes na
paisagem e as alterações por eles sofridas fruto da ação humana, apresentando propostas
de mitigação de alguns problemas existes e de planejamento visando futuras
complicações de uso dos recursos existentes sem um prévio planejamento.
A Bacia Hidrográfica do Córrego da Onça está localizada entre coordenadas
geográficas 51°47’ 14’’ W e 51º38’00’’ w e 20º 43’ 25’’ S e 20º 51’01’’ S, no
Município de Três Lagoas – MS (Figura1), tal área é documentada pela Folha SF 22 V-
B-V, MI-2593 e bacia possui uma área de 86 km²
3
5. MATERIAIS E MÉTODOS
O presente trabalho basear-se-á no enfoque sistêmico, como referencial para a
integração dos componentes geoambientais, que formam o conjunto da Bacia
Hidrográfica do Córrego da Onça, considerado como um sistema ambiental, onde a
pesquisa tem o objetivo de aplicabilidade dos conhecimentos a serem estudados,
investigados e analisados com intuito de propostas e mitigação de alguns problemas
existentes na unidade de conservação e/ou entorno pelo uso não planejado dos recursos
existentes na paisagem.
Como a metodologia sistêmica consiste em analisar o ambiente de forma
holística considerando os níveis de análises como sendo o morfológico (forma),
encadeante (níveis), processo-resposta e controle, a parte operacional deste trabalho
procurou levantar dados que pudessem auxiliar a construção de algumas das etapas
específicas no sentido de construir bases sustentáveis para atingir o objetivo maior.
Diante desse pressuposto foram realizadas as seguintes etapas na construção da
metodologia que serviu de análise para as considerações e propostas apresentadas neste
trabalho científico.
Levantamento de dados primários
Na primeira fase, foram realizadas leituras bibliográficas com vistas a dar embasamento
teórico para pesquisa.
A segunda fase constituiu em levantamentos de dados através de:
- Caracterização do ambiente através da análise morfométrica da Bacia Hidrográfica do
Córrego da Onça, e caracterização quanto à estrutura geomorfológica da área
Na terceira fase, foram realizadas análises de dados coletados através de textos, anexos,
tabelas, gráficos, fotografias e mapas.
5
6. Na quarta fase foram organizados os dados referentes à estrutura hidrográfica da Bacia
Levantamento de dados secundários
2.2.1 Trabalho de campo para leitura do ambiente através do processo fotográfico
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Quanto à estrutura sistêmica das características geomorfológicas do Córrego da
Onça
Considerando as bacias hidrográficas como uma unidade de investigação mais
antiga no campo da ciência Geográfica como é discutido por Cunha et al. (2003) sendo
composta por uma rede de drenagem de um rio principal com seus afluentes, sendo
composta por subsistema (micro-bacia) e com diferentes ecossistemas (várzea, terra
firme). Assim se vê a necessidade de um estudo de planejamento de gestão de recursos
hídricos voltados para um desenvolvimento econômico e social em harmonia com a
natureza sem que haja degradação com a mesma. Assim sendo, a preocupação de se
estudar uma dada bacia e elaborar propostas para melhor atender o desenvolvimento
harmônico, sendo este muito difícil, mas com propósitos de mitigar alguns impactos
causados pela ação antrópica.
Para Tucci (2000) ele trata a Bacia Hidrográfica com um sistema e no qual
ressalta o seguinte:
A bacia hidrográfica pode ser considerada um sistema físico
onde a entrada é o volume de água precipitado e a saída é o
volume de água escoado pelo enxutório, considerando-se como
perdas intermediárias os volumes evaporados e transpirados e
também infiltrados profundamente. (TUCCI, 2000, p.41)
6
7. Em Relação à Característica da Drenagem
Analisando a hidrografia da região estudada foram caracterizadas e identificadas
as seguintes informações do Córrego da Onça.
Forma: O tempo de concentração é o que define a forma superficial de uma
Bacia Hidrográfica, medido desde o começo da precipitação até quanto tempo leva para
uma gota d’água de precipitação chegue a distancia entre o ponto mais alto até o seu
enxutório. Fator forma é a relação entre a longitura média e o comprimento axial da
bacia. O comprimento da bacia corresponde: extensão dos cursos d’água mais longo,
desde a desembocadura até a cabeceira mais distante. Para se achar a forma da bacia
realiza-se uma conta: K= A/L² ; onde obteve- se o valor: de K = 86/121=; K=0,71,
assim, identifica-se que um fator baixo é menos sujeito as enchentes.
Tipo: Considera-se o tipo de drenagem córrego da Onça como sendo meandrante
que são canais sinuosos, constituindo um padrão característico de rios com gradientes
moderadamente baixos.
Padrão de Drenagem: Em função do escoamento, classifica-se o padrão de
drenagem como sendo “endorréica”, pois se dirige para uma depressão (Rio Paraná).
Em Relação ao Sistema de Classificação dos Rios
Classificação Genética: Para os autores Guerra et al.(1998) utiliza a
classificação da bacia estuda como sendo “rio inseqüênte”, pois percorre a morfologia
do terreno e em direção variada, sem nenhum controle geológico aparente devido sua
topografia plana em rochas homogêneas.
Classificação Geométrica: Segundo Oliveira et al.(1998) a área estudada possui
uma rede de “drenagem dentrítica” ou arborescente onde ocorre tipicamente sobre
rochas de resistência uniforme ou em rochas estratificadas horizontalmente. Os rios que
7
8. constituem este padrão de drenagem confluem um ângulo relativamente agudo, ou que
permite identificar o sentido geral da drenagem, pela observação do prolongamento da
confluência.
Em relação à Hierarquia da Rede Fluvial
Segundo Horton, uma linha de água que não tenha tributários é considerada de
2ª ordem. Quando duas linhas de 1ª ordem se juntam passa a formar-se um rio de 2ª
ordem. Dois rios de ordem n dão lugar a um rio de ordem n+1.
Assim, constatou-se que o Córrego da Onça é de 2ª ordem segundo a
classificação de Horton (Figura2).
Figura2, Classificação Fluvial - Horton
Hipsometria
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9. A curva hipsométrica é a representação gráfica do relevo de uma bacia,
representa o estudo da variação da elevação dos vários terrenos da bacia com referência
ao nível médio do mar. Esta variação é representada por meio de um gráfico que mostra
a percentagem da área de drenagem que existe acima ou abaixo das várias elevações.
Segundo Oliveira et al. (1998), as formas da superfície da Terra (saliência e
reentrâncias) referem-se ao relevo. O talvegue é denominação de uma linha no fundo de
um vale por onde as águas escoam e onde se alojam os canais fluviais; o interflúvio é o
espaço entre dois talvegues que é constituído por duas encostas ou vertentes; Vertentes
ou Encostas são superfícies inclinadas.
O perfil longitudinal (Figura3), (relação entre a altimetria e o comprimento entre
a nascente a foz do perfil longitudinal) do córrego da Onça. O comprimento do curso
principal da área é de 11 km.
Perfil Longitudinal
400
350
300
Altimetrias (m)
250
200
150
100
50
0
1 2 3 4 5 6 7
Comprimento Longitudinal (km)
Figura 3. Perfil Longitudinal
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10. O perfil transversal (figura 4)traçado na região da foz do Córrego da Onça,
Neste perfil a altimetria variou de 260 à 360m, apresentando uma amplitude de 100m.
Tal perfil traçado transversal é considerado como morro suavemente ondulado
Perfil Transversal (Foz)
350
300
Altimetrias (m)
250
200
Série2
150
100
50
0
1 2 3 4 5
Distância do corte transversal
(km)
Figura 4. Perfil Transversal (Foz)
O perfil transversal na nascente do Córrego não variou neste perfil, devido a
pouca variação de altimetria (figura 5)
Perfil Transversal (Nascente)
350
300
Altimetrias (m)
250
200
Série2
150
100
50
0
1 2 3 4 5 6 7
Comprimento do corte transversal
(km)
Figura 5. Perfil Transversal (Nascente)
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11. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O município de Três Lagoas é marcado por um subsistema de inúmeras micro-
bacias em torno do rio Paraná. A forma de uso e ocupação do solo no município é dada
por atividades pecuárias, mas vale ressaltar que, esta forma de ocupar o espaço está
sendo mudado em Três Lagoas substancialmente.
Há uma forte presença de assoreamento ocorrido com o decorrer do tempo
devido algumas atividades realizadas pelo homem e principalmente pelo pisoteio do
gato, assim há uma grande variação de pressão nas paredes do canal e posteriormente a
fragmentação de algumas rochas existentes no local.
É notável a mudança estrutural desde a nascente que fica na área urbana até a
foz, na área urbana onde o rio “secou” e na área rural acabou-se que desenvolvendo
pequenas nascentes no decorrer do seu percurso.
Assim sendo, fica nítida os problemas de falta de planejamento do córrego da
Onça e que está em constante degradação e que urgem medidas para mitigação do
problema existente
Proposta de recuperação: algumas formas de conter a contínua erosão do
córrego da onça naquele local ao qual nos dirigimos para estudos, é cercando o
barranco, pois, isso evita o pisoteio do gado e conseqüentemente o desmoronamento e
deslizamento de terra; reflorestamento com espécies pioneiras nativas de preferência
vegetação com raízes que fixam bem o solo; inserir uma vegetação ciliar no córrego,
isso conteria o assoreamento e amenizaria a questão da poluição da água, pois, reteria
parte desse material provenientes das redes de esgotos.
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12. O córrego da Onça por ser uma bacia urbana e estar em estado crítico urge
medidas para recuperação através de um planejamento ambiental e posteriormente
monitoramento da área para equilíbrio entre sociedade x natureza.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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