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1 de 37
PEDRO HENRIQUE SANTOS GASPAR
ESTUDO DOS PROCESSOS FORMATIVOS DO SAMBAQUI DA BAÍA –
PIAUÍ Orientador:
Dr. Flávio Rizzi Calippo
SUMÁRIO
 INTRODUÇÃO 14
 1 A OCUPAÇÃO HUMANA COSTEIRA NO PIAUÍ 18
 1.1 O CONTEXTO ARQUEOLÓGICO 22
 1.2 O CONTEXTO AMBIENTAL 26
 2 PRESSUPOSTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS 34
 2.1 PROCESSOS FORMATIVOS 35
 2.2 MEIOS DE INVESTIGAÇÃO 38
 3 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA 42
 3.1 A PESQUISA ESTRATIGRÁFICA ATRAVÉS DE SONDAGEM 42
 3.2 MONITORAMENTO DOS AGENTES PÓS-DEPOSICIONAIS 49
 3.3 AVALIAÇÃO ESQUEMÁTICA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL NO SÍTIO 55
 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
60
 4.1 ANÁLISE ZOOARQUEOLÓGICA 60
 4.2 ANÁLISES SEDIMENTARES 66
 4.2.1 Resultados para o pH 69
 4.2.2 Resultados para o fósforo 71
 4.3 ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA
74
 4.4 DATAÇÃO POR RADIOCARBONO 78
 4.5 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS 83
 CONCLUSÕES 90
 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
95
 ANEXO A 101
2
1 A OCUPAÇÃO HUMANA
COSTEIRA NO PIAUÍ
 Seriam remanescentes dos primeiros grupos
pescadores-coletores-caçadores que
chegaram ao litoral, os quais, na região sul e
sudeste, teriam dado origem aos sambaquis
mais antigos, cujas idades atingem os 8.000
anos AP?;
 Talvez, estivessem associados ao mesmo
contexto dos sítios cerâmicos (cujas idades
retrocedem até os 6.600 anos AP)
encontrados no litoral do Maranhão
(BANDEIRA, 2008);
 Outra possibilidade seria fazerem parte do
mesmo conjunto de sítios sobre dunas que é
encontrado ao longo do litoral dos estados do
Rio Grande do Norte e Ceará, cuja origem e
cronologia são ainda pouco estudadas.
 a) Nesse contexto pré-colonial, o litoral do
Piauí teria sido apenas uma região de
fronteira entre as ocupações que se
desenvolveram a partir do vale do Amazonas
ou dos povos sambaquieiros das regiões sul
e sudeste?
 b) Ou poderiam ser resultantes de uma
ocupação originada pelos povos vindos do
interior dos estados da região nordeste?
 c) Poderiam esses sítios mais antigos se
encontrar em áreas atualmente submersas?
Podemos pensar ainda na possibilidade da
ocupação do litoral do Piauí ter acontecido
mais tardiamente e os sítios costeiros serem
o resultado dos acampamentos dos índios
Tremembés (BORGES, 2006).
3
f
1.1 O CONTEXTO ARQUEOLÓGICO 4
Fotos: Pedro Gaspar
 Devido à diversidade de vestígios arqueológicos e à
forte dinâmica sedimentar imposta pela formação dos
campos de dunas da região – que também propicia o
constante surgimento de novos sítios e o
recobrimento/retrabalhamento de outros, a única maneira
de conseguirmos estabelecer uma análise e
interpretação precisa da estratificação e da cronologia
dessas ocupações é através da análise dos processos
naturais e culturais responsáveis pela formação do
registro arqueológico que compõe esses sítios.
Abordagem adotada pela pesquisa que aqui se propõe.
1.2 O CONTEXTO AMBIENTAL 5
Figura 1.02- Ortofotocarta do Litoral de Cajueiro da Praia/PI.
Localização do sítio arqueológico Sambaqui da Baía (24M 0240636/9676462 – Datum:
SAD69). Fonte:Landsat, 2009.
 O enfoque ambiental adotado no âmbito
da presente dissertação está relacionado
principalmente aos mecanismos que
influenciaram os processos formativos do
Sambaqui da Baía nos contextos
ambientais antigos e contemporâneos
relativos à evolução da paisagem costeira
formada pela feição praial, manguezal,
dunas estabilizadas e recifes de arenito
onde se localiza o sítio arqueológico, bem
como as modificações da plataforma
continental com associações diretas a
desembocadura do estuário do rio
Timonha/Ubatuba, que faz divisa do
Estado do Piauí com o Ceará.
6Figura 1.03 – Sítio dunas III – Lagoa do
Portinho
Fotos: Pedro Gaspar, 2013.
• Artefatos espalhados na superfície de áreas entre
dunas associadas com a passagem de dunas
parabólicas (Figura 1.03)
•O sítio pode ter sido perturbado por processos de
superfície, enterrado, modificado enquanto
enterrado, exposto novamente à superfície, devido à
deflação (migração do campo de dunas), e depois
enterrado novamente.
•Sob essa perspectiva é que o Sambaqui da Baía
foi escolhido para ser estudado do ponto de vista
dos processos formativos, por acreditarmos que
se um sítio é enterrado em uma duna de areia
com o seu contexto sistêmico intacto, trata-se de
um contexto verdadeiramente único.
7
• Os recifes de arenito exercem o trabalho de
proteger a linha de praia da ação erosiva
costeira, sendo ao mesmo tempo
testemunhos do fluxo e refluxo das marés e,
consequentemente, do nível relativo do mar.
Por isso os recifes de arenito também são
considerados definidores da linha de costa
por influenciar a morfologia das praias de
diversas maneiras protegendo-as contra a
erosão costeira (Figura 1.04)
A. Formação dos beachrocks dentro do corpo
de uma praia;
B. Perda da cobertura de areia do beachrock
e exposição da rocha dura na praia;
C. Exposição das camadas de beachrocks
com o recuo continuado da linha da costa
(Figura 1.05).
Figura 1.04 – Recifes de arenito da Ponta do Socó – Cajueiro da
Praia/PI.
Foto:PedroGaspar,2012.
Figura 1.05 - Estágios de formação de beachrocks.
Fonte:UNESCO,1996.
2 PRESSUPOSTOS TEÓRICO
METODOLÓGICOS
Pressupostos teóricos:
 Processos de formação do registro arqueológico (SCHIFFER, 1987;STEIN, 2001;
CALIPPO, 2009)
Perspectivas metodológicas:
 Arqueologia Ambiental (BUTZER, 1982; RAPP & HILL, 1998)
 Geoarqueologia (VILLAGRAN, 2010; WATERS, 1992)
 Arqueometria (CAVALCANTE, 2008; LAGE, 2011, EMBRAPA, 2011),
8
2.1 PROCESSOS FORMATIVOS
 1) O primeiro trata dos processos culturais (são os de maior interesse aos arqueólogos)
responsáveis pela formação do registro arqueológico, incluindo a forma como os artefatos são
produzidos, utilizados, mantidos e descartados. Esse tipo de processo envolve as atividades
comportamentais humanas desde a concepção dos artefatos até as atividades desenvolvidas que
resultam na sua deposição no registro arqueológico;
 2) Em segundo lugar os processos culturais que alteram, ou obscurecem, as evidências originais
comportamentais. A análise desses processos inclui as ações de pessoas contemporâneas com a
deposição, bem como as intervenções dos próprios arqueólogos durante sua investigação. Essas
ações podem criar seus próprios padrões, alterá-los um pouco, ou até mesmo eliminá-los;
 3) O terceiro aporte trata dos processos naturais como aqueles acontecimentos não-culturais que
alteram, ocultam ou preservam as evidências comportamentais originais. Estes caem
principalmente na esfera das ciências da terra, e incluem uma ampla gama de ações produzidas
pelo ambiente.
9
2.2 MEIOS DE INVESTIGAÇÃO
 Abertura de sondagem, realização de perfis esquemáticos, poços-testes;
execução de croqui e perfis estratigráficos para a descrição dos atributos
deposicionais.
 A partir dos resultados dos dados quantitativos e qualitativos submetidos a
análises sedimentares e datações radiocarbônicas pretende-se obter
semelhanças e/ou diferenças nas interações entre os processos naturais e
antrópicos que atuaram no depósito.
 O uso de níveis de fósforo no solo, como indicador de atividade humana.
 A determinação do Ph dos sedimentos pode garantir dados sobre a conservação
de vestígios orgânicos (ossos).
 As concentrações dos elementos químicos aqui propostas podem refletir a
contribuição de origem natural, associada à geologia local, bem como a
contribuição antrópica que havia na região por influência humana.
10
3 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA
3.1A PESQUISA ESTRATIGRÁFICA ATRAVÉS DE SONDAGEM
11
Gráfico 3.01 -Frequência geral do material arqueológico resgatado.
Fonte: GASPAR, 2011.
Gráfico 3.02 - Frequência de material arqueológico por níveis antrópicos.
Fonte: GASPAR, 2011.
12
Figura 3.01- Esquema gráfico dos Perfis
estratigráficos do Sambaqui da Baía
Localização do ponto de
amostragem (A), foto dos
perfis amostrados (B),
perfil esquemático com
identificação das fácies
arqueológicas (C). Autor:
Pedro Gaspar, 2011.
Figura 3.02 - Foto da amostra coletada para datação físico-química.
AmostraSB-CP-87(04)-ossodo
plastrãodetartaruga.Foto:Pedro
Gaspar,2014.
propósito obter amostras para o
estabelecimento de uma cronologia mais
concreta, baseada na deposição de artefatos em
estratigrafia e associado a um contexto até então
inédito para os registros arqueológicos no litoral
do Piauí.
Foram selecionados vestígios
arqueofaunísticos das arqueofácies identificadas
para datação por C14(AMS) como podem ser
observados na Figura 3.02.
3.2 MONITORAMENTO DOS
AGENTES PÓS-DEPOSICIONAIS
13
atividades de monitoramento para visualizar os
efeitos dos agentes não culturais encontrados, como
os eventos erosivos causados pela ação das marés,
a ação eólica, e a bioturbação provocada pela
quantidade de raízes (Figura 3.08).
Levando-se em consideração o estado de
exposição do sítio arqueológico, observou-se nos
meses de janeiro a junho (período chuvoso) que o
nível da maré se eleva até a parede do perfil, muitas
vezes inundando e provocando erosão pela força da
corrente marinha (Figura 3.05). Já no período de
estiagem (julho a dezembro) observa-se que o nível
da maré não chega a alcançar o perfil do sítio,
provocando erosão apenas quando ondas mais
fortes chegam a tocar o perfil exposto.
Figura 3.08 – Foto da bioturbação provocada pelas raízes no
Sambaqui da Baía.
Figura 3.05– Foto da maré cheia, no período de março de
2010, avançando sobre o Sambaqui da Baía.
14
Na época chuvosa os ventos tomam a direção das
marés (E-W), quando acontece um avanço na
exposição do perfil arqueológico, já no período de
estiagem a direção dos ventos muda para N-NE
provocando um deslizamento da duna que acaba
recobrindo o perfil e de certa forma protegendo-o
contra o avanço das marés.
Com a exposição das camadas arqueológicas pela
erosão do perfil do sítio ocasionado pelo avanço das
marés e por processos eólicos, o que prevalece
como fatores pós-deposicionais em termos de
bioturbação, refere-se à destruição em alguns pontos
do perfil provocado pela queda de árvores e
arbustos, bem como o deslizamento da duna e/ou
ruptura das continuidades estratigráficas pela
exposição de raízes no perfil (Figuras 3.07 e 3.08).
Figura 3.03 -
Sequência Histórica
do Sambaqui da Baía
- 2008-2013
Fotos: Pedro
Gaspar, Flávio
Calippo.
3.3 AVALIAÇÃO ESQUEMÁTICA DA
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL NO SÍTIO
 O procedimento realizado no sítio diz respeito à execução de um perfil
esquemático de 30 m.
 Foram coletadas amostras sedimentares de cada camada ao longo dessa
parede, com o intuito de serem realizados testes químicos de ph e fosfóro.
 A análise desse procedimento pode suscitar uma compreensão amplificada das
similaridades e diferenças existentes na preservação dos vestígios no sítio
arqueológico, suscitando informações de variabilidade espacial das atividades
comportamentais estabelecidas em um contexto sistêmico a ser mais bem
investigado.
15
16
Figura 3.09– Foto Panorâmica de perfil esquemático de 30 m realizado no Sambaqui da Baía.
Figura 3.10– Posição das colunas de amostragem no Sambaqui da Baía.
Fotos: Flávio Calippo, 2013.
Foto:Pedro Gaspar, 2013.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 ANÁLISE ZOOARQUEOLÓGICA
 O número total de fragmentos (NTF) que foi obtido na quantificação geral (1373
fragmentos) para as classes identificadas (Gráfico 4.01) demonstra um maior número
de partes resgatadas nos níveis arqueológicos (Z=30 cm) de Mamíferos (852), seguido
pelos Peixes (408) e Répteis (132).
 As partes que foram possíveis serem identificadas (NPI) seja pela anatomia ou
taxonomia corresponde a um número bem maior de fragmentos reconhecíveis de
Peixes (386), seguido pelos Répteis (132) e Mamíferos (128). Essa representação
gráfica do Número de partes por espécimes identificados (NISP ou NPI) (Gráfico 4.02)
também expõem os números de taxa identificados em nível de família, dos quais a
maior quantidade identificadora taxonômica foi do peixe Bagre (Aridae) (111), do Tatu
(Dasypodidae) (51), do Elasmobrânquio (Elasmobranchii) (38), e do Cervídeo
(Cervidae) (7).
17
18
Gráfico 4.01 -Amostragem geral do NTF por classes identificadas
Fonte: GASPAR, 2011
Gráfico 4.02 -Amostragem geral do NPI por taxa identificados.
Fonte: GASPAR, 2011
19
 Para esse contexto escavado foi identificado à presença de uma maior quantidade de indivíduos
da classe dos Peixes (45),no entanto a família ou espécie não foi considerada. Apesar da amostra
da classe dos mamíferos ser representada por uma maior quantidade de fragmentos, só pudemos
identificar o mínimo de 27 indivíduos para o registro escavado. Outra amostragem que não pode ser
tão precisa em relação à determinação do número de indivíduos foi a da classe dos Répteis (2),
pelo fato da frequência de partes identificáveis serem a mesma.
Gráfico 4.03 - Amostragem geral do NMI por taxa identificados.
Fonte: GASPAR, 2011
4.2 ANÁLISE SEDIMENTARES 20
 A análise do potencial hidrogeniônico (Ph) das camadas expostas no perfil
esquemático de 30m evidenciado no sítio Sambaqui da Baía possibilitou a compreensão
espacial da capacidade de preservação dos vestígios humanos tendo em vista que a
amostragem do contexto material resgatado na Sondagem S01correspondeu a 91% de
vestígios orgânicos (ósseo, malacológico) e a apenas 9% de vestígios inorgânicos
(cerâmica, louça, lítico).
 Foram escolhidos os índices de fósforo (P2O5) na sua forma total, através de análise
química elementar para identificar espacialmente no perfil amostrado, os padrões
inseridos pelo comportamento humano que podem ter modificado a presença deste
elemento químico nos sedimentos após a sua deposição.
 O estabelecimento desses padrões de concentração de elementos químicos no solo
também podem servir como parâmetros para outras análises inter-sítios do litoral do
Piauí, já que a análise das assinaturas antrópicas presentes na estratigrafia do Sambaqui
da Baía pode ser tomada como referência para identificação de outros perfis de solo,
mesmo em registros arqueológicos sobre a superfície.
21RESULTADOS ANÁLISES - EMBRAPA MEIO-NORTE
Projeto - Mapeamento e caracterização dos sítios costeiros do Piauí
SubProjeto: Análises Geoarqueológicas dos sítios do litoral do Piauí
Am. Identificação Profundidade pH
Fósforo
mg/dm³
1 A1 32,6 8,4 66,53
2 A2 49 8,53 34,63
3 A3 72 8,7 28,97
4 A4 88,5 8,55 36,5
5 A5 100 8,65 29,3
6 B1 31,5 8,56 65,53
7 B2 54 8,66 64,8
8 B3 76 8,68 27,84
9 B4 92 8,55 33,77
10 B5 108 8,73 19,51
11 C1 24,5 8,69 60,54
12 C2 40 8,54 352,98
13 C3 55,5 8,6 63,8
14 C4 69 8,55 39,03
15 C5 83 8,54 61,27
16 D1 29 8,75 20,85
17 D2 50 8,62 250,42
18 D3 69 8,56 161,84
19 D4 85,5 9,02 81,25
20 E1 14 8,72 38,1
21 E2 48 8,73 303,7
22 E3 59 8,56 715,95
23 E4 73 8,33 410,26
24 E5 89,5 8,6 94,97
25 E6 101 8,69 72,26
26 F1 41,5 8,77 53,48
27 F2 55,5 8,63 584,08
28 F3 64 8,5 498,17
29 F4 74,5 8,49 49,95
30 F5 89 8,52 24,18
31 F6 102 8,61 17,85
Tabela 4.03– Resultado das análises sedimentares
4.2.1 Resultados para o pH 22
Gráfico 4.04–Resultados de pH das amostras sedimentares
Autor: Pedro Gaspar, 2014.
 A partir das inferências sobre os agentes pós-deposicionais, pode-se avaliar que provavelmente os
efeitos provocados pela drenagem do solo através da absorção de elementos químico provenientes
da água marinha, acabam por preservar um ambiente alcalino e propício a preservação dos vestígios
arqueológicos. Sendo que a bioturbação química provocada pela liberação de ácido húmico ainda não
alterou a basicidade do pH desse registro arqueológico.
4.2.2 Resultados para o Fósforo 23
Gráfico 4.05– Resultados do fósforo para as análises sedimentares
Autor: Pedro Gaspar, 2014.
 Nessa amostragem pode-se perceber que na maioria dos resultados os índices de fósforo não variou acima
de 100 mg/dm³, sendo que para este tipo de análise podemos adotar essa assinatura química como
parâmetro para camadas estéreis, que não foram impactadas pelos vestígios encontrados nesse registro
arqueológico, ou mesmo utilizadas por essa ocupação humana.
•As colunas C, D, E, F que obtiveram os maiores valores entre os níveis de profundidade médios entre 50 e
70 cm, com índices que variaram em média de 200 a 700mg/dm³ de presença de fósforo.
4.3 ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA 24
•Horizonte dunar: 10YR 8/2 Light gray
•Horizonte antrópico: 10 YR 7/3 Dull
Yellow Orange
•Horizonte aluvionar: 5 YR 5/2
Grayish brown
•Horizonte praial: 7.5 YR 6/4 Dull
orange
Figura 4.02–Croqui do perfil esquemático
Autor:PedroGaspar,2014.
Para a descrição das seções no
registro desenhado foi utilizado o
padrão de coloração fornecido pelo
Munsell Color Chart, bem como a
textura foi identificada em campo
como sendo predominante de um
sedimento arenoso.
4.4 DATAÇÃO POR RADIOCARBONO 25
Figura 4.03 –Amostra enviada para datação por
radiocarbono (EMA).
Foto: Beta Analytic, 2014.
Figura 4.04 – Pré-tratamento da amostra para
extração do colágeno para datação.
Foto: Beta Analytic, 2014.
Figura 4.05 – Colágeno extraído para
datação por radiocarbono (EMA).
Foto: Beta Analytic, 2014.
4.4 DATAÇÃO POR RADIOCARBONO 26
O relatório contém o método usado, o tipo de material,
e o pré-tratamento aplicado, e a curva de calibração do
radiocarbono para a idade convencional (Anexo A). A
data reportada com o resultado da amostra corresponde
a 300 anos antes do presente com uma curva de
variação de mais ou menos 30 anos (figura 4.06).
Figura 4.06 –Relatório da análise de datação por radiocarbono.
Fonte: Beta Analytic,
2014.
4.5 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS 27
• Os modelos empíricos que vamos apresentar são resultantes da nossa visão sobre a
história deposicional desse registro arqueológico em uma escala regional, tendo como
base, as características temporais que estão associadas tanto ao comportamento
humano e sua relação com a paisagem durante a formação do sítio, como também as
evidências ambientais que podemos interpretar na contemporaneidade.
•Dessa maneira elaboramos primeiramente um croqui vertical (Figura 4.07) dos
processos ambientais associados a recolocação da linha de costa por influência
estuarina, deflação eólica com o avanço do campo de dunas e exposição dos recifes de
arenito relacionando-os com processos iniciais de formação do início dessa ocupação.
•Pelo exposto são atribuídos aos dados deposicionais as inferências necessárias para
elaboração de um modelo com caráter local para reconstrução das mudanças na
paisagem associadas à presença humana. Para tal propósito, além do entendimento
sobre as modificações ambientais, foram utilizadas imagens de satélites
georreferenciadas que permitem extrapolar os limites geográficos na evolução da
paisagem de acordo com os eventos ambientais suscitados.
28
Autores: Flávio Calippo, Pedro Gaspar, 2014.
Figura 4.07– Croqui vertical dos processos naturais e culturais
29
Autores: Flávio Calippo, Pedro Gaspar, 2014.
Figura 4.08– Croqui horizontal A
30
Autores: Flávio Calippo, Pedro Gaspar, 2014.
Figura 4.09–Croqui horizontal B
31
Autores: Flávio Calippo, Pedro Gaspar, 2014.
Figura 4.10–Croqui horizontal C
32
Autores: Flávio Calippo, Pedro Gaspar, 2014.
Figura 4.11–Croqui horizontal D
33
Autores: Flávio Calippo, Pedro Gaspar, 2014.
Figura 4.12–Croqui horizontal E
CONCLUSÕES 34
•Essa dissertação pretendeu colaborar objetivamente, com uma pesquisa sistemática sobre
os estudos dos processos formativos do Sambaqui da baía, localizado no Município de
Cajueiro da Praia, litoral do Piauí, através de uma compreensão voltada para as relações
espaço-temporais reveladas pelos vestígios arqueológicos, e também sobre os processos
naturais e culturais envolvidos no contexto deposicional desse registro arqueológico.
•Em conjunção, todas as análises propostas forneceram as informações necessárias para
o entendimento dos eventos de deposição naturais ocorridos ao longo do tempo
(deposicionais e pós-deposicionais), e a extensão das atividades culturais desenvolvidas
em um contexto ambiental anterior, cujos processos formativos proporcionaram a
preservação desse registro arqueológico.
•Em suma, a investigação empreendida nos permitiu identificar os processos ambientais de
transporte e modificação dos sedimentos em uma escala local, e interpretar
cronologicamente de forma relativa a ordem dos eventos geomorfológicos, e de forma
absoluta atestar a presença dos vestígios arqueológicos que formaram a estratificação
nesse depósito.
35
•O contexto alcançado para o processo de formação do sambaqui da baía tem como pano
de fundo um ambiente muito diferente do atual. As atividades realizadas nesse sítio dizem
respeito a ocupação de um território que não estava situado na linha de praia, mas sim em
uma área de interseção entre o campo de dunas e o manguezal. As hipóteses levantadas
sobre a evolução dos eventos de modificação ambiental que nos revelaram esse panorama
vão de encontro ao cenário onde estão contextualizados a maior parte dos sítios
conhecidos no litoral do Piauí.
•A cronologia conseguida a partir desse registro nos revelou um cenário de ocupação
histórica indígena que habitou a região da Ponta do Socó e Ponta do Barbasso, na entrada
do Estuário dos rios Timonha e Ubatuba, fronteira geológica entre os estados do Piauí e
Ceará há pelo menos 300 anos A.P., em meados do século XVII, por volta dos anos de
1650.
•Os dados aqui levantados vêm corroborar com a etnohistória indígena da região que
fornecem relatos de cronistas e fontes documentais atestando a presença de índios
tremembés que ocupavam a maior parte dessa costa a partir do delta do rio Parnaíba.
Esses resultados também se somam as pesquisas realizadas em outros sítios localizados
na Lagoa do Portinho, em Parnaíba-PI e sítio Seu Bode, em Luís Correia-PI que compõem
uma cronologia inicial para a presença humana registrada nos sítios costeiros, no período
histórico situado entre 300 e 400 anos A.P.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 36
BETA ANALYTIC OFICIAL SITE. Disponível em: http://www.radiocarbon.com/. Acessado em: 20 de janeiro de 2014.
BUTZER, K. W. Environment and Archaeology: an introduction to Pleistocene geography. Aldine, Chicago: 1964.
BUTZER, K. W. Geo-archaeology in practice. Reviews in Anthropology, v.4, p.125-131, 1977.
BUTZER, K. W. Archaeology as human ecology. Cambridge: Cambridge University Press; 1982.
CALIPPO, Flávia Rizzi. Os sambaquis submersos de Cananéia: um estudo de caso de arqueologia
subaquática.São Paulo. p.135, anexos. Dissertação (Mestrado em Arqueologia). Universidade de São Paulo, 2004.
__________________. SociedadeSambaquieira, Comunidades Marítimas. Revista de Arqueologia Brasileira, 24,
v.1.2011.
CAVALCANTE, Luis Carlos Duarte. Arqueoquímica aplicada ao estudo de pigmentos, depósitos de alteração e
paleossedimentos do Piauí. Dissertação (Mestrado em Química). Teresina, Universidade Federal do Piauí - 2008.
EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos (Rio de Janeiro, RJ).Manual de métodos de análise de solo /
Centro Nacional de Pesquisa de Solos. – 2. ed. rev. atual. – Rio de Janeiro, 1997. 212p. : il. (EMBRAPA-CNPS.
Documentos ; 1)
37LAGE, M. C. S. M; CAVALCANTI, L; SANTOS, J. Estudo Químico de sedimentos arqueológicos do Parque
Nacional da Serra da Capivara, Piauí - Brasil. FUMDHAMentos VI. 2007, p. 106-114.
RAPP, George Jr, HILL, C. L. Geoarchaeology: the earth-science approach to archaeological interpretation.New
Haven (CT): Yale University Press, 1998.
SCHIFFER, M. B. Archaeological context and systemic context. American Antiquity,37 (2), pp. 156-165, 1972.
_______________. Archaeology as behavioral science. American Anthropologist, 77, pp. 836-848, 1975.
_______________. Behavioral Archaeology.New York: Academic Press, 1976, 221p.
SCHIFFER, M. B.Formation Processes of the Archaeological Record.University of New Mexico Press,
Albuquerque, 1987.
STEIN, Julie K. A review of site formation processes and their relevance to Geoarchaeology. In: GOLDBERG, Paul;
HOLLIDAY, Vance T.; FERRING, C. Reid (Org). Earth Sciences and Archaeology. 2001. p. 37-51.
VILLAGRAN, Ximena S. Estratigrafias que falam: Geoarqueologia de um Sambaqui Monumental. São Paulo:
Annablume, 1° ed. 2010.
WATERS, M. R.Principles of Geoarchaeology: a North American perspective.Tucson: University of Arizona Press,
1992.

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Apresentação - Dissertação de Mestrado em Antropologia e Arqueologia

  • 1. PEDRO HENRIQUE SANTOS GASPAR ESTUDO DOS PROCESSOS FORMATIVOS DO SAMBAQUI DA BAÍA – PIAUÍ Orientador: Dr. Flávio Rizzi Calippo
  • 2. SUMÁRIO  INTRODUÇÃO 14  1 A OCUPAÇÃO HUMANA COSTEIRA NO PIAUÍ 18  1.1 O CONTEXTO ARQUEOLÓGICO 22  1.2 O CONTEXTO AMBIENTAL 26  2 PRESSUPOSTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS 34  2.1 PROCESSOS FORMATIVOS 35  2.2 MEIOS DE INVESTIGAÇÃO 38  3 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA 42  3.1 A PESQUISA ESTRATIGRÁFICA ATRAVÉS DE SONDAGEM 42  3.2 MONITORAMENTO DOS AGENTES PÓS-DEPOSICIONAIS 49  3.3 AVALIAÇÃO ESQUEMÁTICA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL NO SÍTIO 55  4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 60  4.1 ANÁLISE ZOOARQUEOLÓGICA 60  4.2 ANÁLISES SEDIMENTARES 66  4.2.1 Resultados para o pH 69  4.2.2 Resultados para o fósforo 71  4.3 ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA 74  4.4 DATAÇÃO POR RADIOCARBONO 78  4.5 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS 83  CONCLUSÕES 90  REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 95  ANEXO A 101 2
  • 3. 1 A OCUPAÇÃO HUMANA COSTEIRA NO PIAUÍ  Seriam remanescentes dos primeiros grupos pescadores-coletores-caçadores que chegaram ao litoral, os quais, na região sul e sudeste, teriam dado origem aos sambaquis mais antigos, cujas idades atingem os 8.000 anos AP?;  Talvez, estivessem associados ao mesmo contexto dos sítios cerâmicos (cujas idades retrocedem até os 6.600 anos AP) encontrados no litoral do Maranhão (BANDEIRA, 2008);  Outra possibilidade seria fazerem parte do mesmo conjunto de sítios sobre dunas que é encontrado ao longo do litoral dos estados do Rio Grande do Norte e Ceará, cuja origem e cronologia são ainda pouco estudadas.  a) Nesse contexto pré-colonial, o litoral do Piauí teria sido apenas uma região de fronteira entre as ocupações que se desenvolveram a partir do vale do Amazonas ou dos povos sambaquieiros das regiões sul e sudeste?  b) Ou poderiam ser resultantes de uma ocupação originada pelos povos vindos do interior dos estados da região nordeste?  c) Poderiam esses sítios mais antigos se encontrar em áreas atualmente submersas? Podemos pensar ainda na possibilidade da ocupação do litoral do Piauí ter acontecido mais tardiamente e os sítios costeiros serem o resultado dos acampamentos dos índios Tremembés (BORGES, 2006). 3
  • 4. f 1.1 O CONTEXTO ARQUEOLÓGICO 4 Fotos: Pedro Gaspar  Devido à diversidade de vestígios arqueológicos e à forte dinâmica sedimentar imposta pela formação dos campos de dunas da região – que também propicia o constante surgimento de novos sítios e o recobrimento/retrabalhamento de outros, a única maneira de conseguirmos estabelecer uma análise e interpretação precisa da estratificação e da cronologia dessas ocupações é através da análise dos processos naturais e culturais responsáveis pela formação do registro arqueológico que compõe esses sítios. Abordagem adotada pela pesquisa que aqui se propõe.
  • 5. 1.2 O CONTEXTO AMBIENTAL 5 Figura 1.02- Ortofotocarta do Litoral de Cajueiro da Praia/PI. Localização do sítio arqueológico Sambaqui da Baía (24M 0240636/9676462 – Datum: SAD69). Fonte:Landsat, 2009.  O enfoque ambiental adotado no âmbito da presente dissertação está relacionado principalmente aos mecanismos que influenciaram os processos formativos do Sambaqui da Baía nos contextos ambientais antigos e contemporâneos relativos à evolução da paisagem costeira formada pela feição praial, manguezal, dunas estabilizadas e recifes de arenito onde se localiza o sítio arqueológico, bem como as modificações da plataforma continental com associações diretas a desembocadura do estuário do rio Timonha/Ubatuba, que faz divisa do Estado do Piauí com o Ceará.
  • 6. 6Figura 1.03 – Sítio dunas III – Lagoa do Portinho Fotos: Pedro Gaspar, 2013. • Artefatos espalhados na superfície de áreas entre dunas associadas com a passagem de dunas parabólicas (Figura 1.03) •O sítio pode ter sido perturbado por processos de superfície, enterrado, modificado enquanto enterrado, exposto novamente à superfície, devido à deflação (migração do campo de dunas), e depois enterrado novamente. •Sob essa perspectiva é que o Sambaqui da Baía foi escolhido para ser estudado do ponto de vista dos processos formativos, por acreditarmos que se um sítio é enterrado em uma duna de areia com o seu contexto sistêmico intacto, trata-se de um contexto verdadeiramente único.
  • 7. 7 • Os recifes de arenito exercem o trabalho de proteger a linha de praia da ação erosiva costeira, sendo ao mesmo tempo testemunhos do fluxo e refluxo das marés e, consequentemente, do nível relativo do mar. Por isso os recifes de arenito também são considerados definidores da linha de costa por influenciar a morfologia das praias de diversas maneiras protegendo-as contra a erosão costeira (Figura 1.04) A. Formação dos beachrocks dentro do corpo de uma praia; B. Perda da cobertura de areia do beachrock e exposição da rocha dura na praia; C. Exposição das camadas de beachrocks com o recuo continuado da linha da costa (Figura 1.05). Figura 1.04 – Recifes de arenito da Ponta do Socó – Cajueiro da Praia/PI. Foto:PedroGaspar,2012. Figura 1.05 - Estágios de formação de beachrocks. Fonte:UNESCO,1996.
  • 8. 2 PRESSUPOSTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS Pressupostos teóricos:  Processos de formação do registro arqueológico (SCHIFFER, 1987;STEIN, 2001; CALIPPO, 2009) Perspectivas metodológicas:  Arqueologia Ambiental (BUTZER, 1982; RAPP & HILL, 1998)  Geoarqueologia (VILLAGRAN, 2010; WATERS, 1992)  Arqueometria (CAVALCANTE, 2008; LAGE, 2011, EMBRAPA, 2011), 8
  • 9. 2.1 PROCESSOS FORMATIVOS  1) O primeiro trata dos processos culturais (são os de maior interesse aos arqueólogos) responsáveis pela formação do registro arqueológico, incluindo a forma como os artefatos são produzidos, utilizados, mantidos e descartados. Esse tipo de processo envolve as atividades comportamentais humanas desde a concepção dos artefatos até as atividades desenvolvidas que resultam na sua deposição no registro arqueológico;  2) Em segundo lugar os processos culturais que alteram, ou obscurecem, as evidências originais comportamentais. A análise desses processos inclui as ações de pessoas contemporâneas com a deposição, bem como as intervenções dos próprios arqueólogos durante sua investigação. Essas ações podem criar seus próprios padrões, alterá-los um pouco, ou até mesmo eliminá-los;  3) O terceiro aporte trata dos processos naturais como aqueles acontecimentos não-culturais que alteram, ocultam ou preservam as evidências comportamentais originais. Estes caem principalmente na esfera das ciências da terra, e incluem uma ampla gama de ações produzidas pelo ambiente. 9
  • 10. 2.2 MEIOS DE INVESTIGAÇÃO  Abertura de sondagem, realização de perfis esquemáticos, poços-testes; execução de croqui e perfis estratigráficos para a descrição dos atributos deposicionais.  A partir dos resultados dos dados quantitativos e qualitativos submetidos a análises sedimentares e datações radiocarbônicas pretende-se obter semelhanças e/ou diferenças nas interações entre os processos naturais e antrópicos que atuaram no depósito.  O uso de níveis de fósforo no solo, como indicador de atividade humana.  A determinação do Ph dos sedimentos pode garantir dados sobre a conservação de vestígios orgânicos (ossos).  As concentrações dos elementos químicos aqui propostas podem refletir a contribuição de origem natural, associada à geologia local, bem como a contribuição antrópica que havia na região por influência humana. 10
  • 11. 3 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA 3.1A PESQUISA ESTRATIGRÁFICA ATRAVÉS DE SONDAGEM 11 Gráfico 3.01 -Frequência geral do material arqueológico resgatado. Fonte: GASPAR, 2011. Gráfico 3.02 - Frequência de material arqueológico por níveis antrópicos. Fonte: GASPAR, 2011.
  • 12. 12 Figura 3.01- Esquema gráfico dos Perfis estratigráficos do Sambaqui da Baía Localização do ponto de amostragem (A), foto dos perfis amostrados (B), perfil esquemático com identificação das fácies arqueológicas (C). Autor: Pedro Gaspar, 2011. Figura 3.02 - Foto da amostra coletada para datação físico-química. AmostraSB-CP-87(04)-ossodo plastrãodetartaruga.Foto:Pedro Gaspar,2014. propósito obter amostras para o estabelecimento de uma cronologia mais concreta, baseada na deposição de artefatos em estratigrafia e associado a um contexto até então inédito para os registros arqueológicos no litoral do Piauí. Foram selecionados vestígios arqueofaunísticos das arqueofácies identificadas para datação por C14(AMS) como podem ser observados na Figura 3.02.
  • 13. 3.2 MONITORAMENTO DOS AGENTES PÓS-DEPOSICIONAIS 13 atividades de monitoramento para visualizar os efeitos dos agentes não culturais encontrados, como os eventos erosivos causados pela ação das marés, a ação eólica, e a bioturbação provocada pela quantidade de raízes (Figura 3.08). Levando-se em consideração o estado de exposição do sítio arqueológico, observou-se nos meses de janeiro a junho (período chuvoso) que o nível da maré se eleva até a parede do perfil, muitas vezes inundando e provocando erosão pela força da corrente marinha (Figura 3.05). Já no período de estiagem (julho a dezembro) observa-se que o nível da maré não chega a alcançar o perfil do sítio, provocando erosão apenas quando ondas mais fortes chegam a tocar o perfil exposto. Figura 3.08 – Foto da bioturbação provocada pelas raízes no Sambaqui da Baía. Figura 3.05– Foto da maré cheia, no período de março de 2010, avançando sobre o Sambaqui da Baía.
  • 14. 14 Na época chuvosa os ventos tomam a direção das marés (E-W), quando acontece um avanço na exposição do perfil arqueológico, já no período de estiagem a direção dos ventos muda para N-NE provocando um deslizamento da duna que acaba recobrindo o perfil e de certa forma protegendo-o contra o avanço das marés. Com a exposição das camadas arqueológicas pela erosão do perfil do sítio ocasionado pelo avanço das marés e por processos eólicos, o que prevalece como fatores pós-deposicionais em termos de bioturbação, refere-se à destruição em alguns pontos do perfil provocado pela queda de árvores e arbustos, bem como o deslizamento da duna e/ou ruptura das continuidades estratigráficas pela exposição de raízes no perfil (Figuras 3.07 e 3.08). Figura 3.03 - Sequência Histórica do Sambaqui da Baía - 2008-2013 Fotos: Pedro Gaspar, Flávio Calippo.
  • 15. 3.3 AVALIAÇÃO ESQUEMÁTICA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL NO SÍTIO  O procedimento realizado no sítio diz respeito à execução de um perfil esquemático de 30 m.  Foram coletadas amostras sedimentares de cada camada ao longo dessa parede, com o intuito de serem realizados testes químicos de ph e fosfóro.  A análise desse procedimento pode suscitar uma compreensão amplificada das similaridades e diferenças existentes na preservação dos vestígios no sítio arqueológico, suscitando informações de variabilidade espacial das atividades comportamentais estabelecidas em um contexto sistêmico a ser mais bem investigado. 15
  • 16. 16 Figura 3.09– Foto Panorâmica de perfil esquemático de 30 m realizado no Sambaqui da Baía. Figura 3.10– Posição das colunas de amostragem no Sambaqui da Baía. Fotos: Flávio Calippo, 2013. Foto:Pedro Gaspar, 2013.
  • 17. 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 ANÁLISE ZOOARQUEOLÓGICA  O número total de fragmentos (NTF) que foi obtido na quantificação geral (1373 fragmentos) para as classes identificadas (Gráfico 4.01) demonstra um maior número de partes resgatadas nos níveis arqueológicos (Z=30 cm) de Mamíferos (852), seguido pelos Peixes (408) e Répteis (132).  As partes que foram possíveis serem identificadas (NPI) seja pela anatomia ou taxonomia corresponde a um número bem maior de fragmentos reconhecíveis de Peixes (386), seguido pelos Répteis (132) e Mamíferos (128). Essa representação gráfica do Número de partes por espécimes identificados (NISP ou NPI) (Gráfico 4.02) também expõem os números de taxa identificados em nível de família, dos quais a maior quantidade identificadora taxonômica foi do peixe Bagre (Aridae) (111), do Tatu (Dasypodidae) (51), do Elasmobrânquio (Elasmobranchii) (38), e do Cervídeo (Cervidae) (7). 17
  • 18. 18 Gráfico 4.01 -Amostragem geral do NTF por classes identificadas Fonte: GASPAR, 2011 Gráfico 4.02 -Amostragem geral do NPI por taxa identificados. Fonte: GASPAR, 2011
  • 19. 19  Para esse contexto escavado foi identificado à presença de uma maior quantidade de indivíduos da classe dos Peixes (45),no entanto a família ou espécie não foi considerada. Apesar da amostra da classe dos mamíferos ser representada por uma maior quantidade de fragmentos, só pudemos identificar o mínimo de 27 indivíduos para o registro escavado. Outra amostragem que não pode ser tão precisa em relação à determinação do número de indivíduos foi a da classe dos Répteis (2), pelo fato da frequência de partes identificáveis serem a mesma. Gráfico 4.03 - Amostragem geral do NMI por taxa identificados. Fonte: GASPAR, 2011
  • 20. 4.2 ANÁLISE SEDIMENTARES 20  A análise do potencial hidrogeniônico (Ph) das camadas expostas no perfil esquemático de 30m evidenciado no sítio Sambaqui da Baía possibilitou a compreensão espacial da capacidade de preservação dos vestígios humanos tendo em vista que a amostragem do contexto material resgatado na Sondagem S01correspondeu a 91% de vestígios orgânicos (ósseo, malacológico) e a apenas 9% de vestígios inorgânicos (cerâmica, louça, lítico).  Foram escolhidos os índices de fósforo (P2O5) na sua forma total, através de análise química elementar para identificar espacialmente no perfil amostrado, os padrões inseridos pelo comportamento humano que podem ter modificado a presença deste elemento químico nos sedimentos após a sua deposição.  O estabelecimento desses padrões de concentração de elementos químicos no solo também podem servir como parâmetros para outras análises inter-sítios do litoral do Piauí, já que a análise das assinaturas antrópicas presentes na estratigrafia do Sambaqui da Baía pode ser tomada como referência para identificação de outros perfis de solo, mesmo em registros arqueológicos sobre a superfície.
  • 21. 21RESULTADOS ANÁLISES - EMBRAPA MEIO-NORTE Projeto - Mapeamento e caracterização dos sítios costeiros do Piauí SubProjeto: Análises Geoarqueológicas dos sítios do litoral do Piauí Am. Identificação Profundidade pH Fósforo mg/dm³ 1 A1 32,6 8,4 66,53 2 A2 49 8,53 34,63 3 A3 72 8,7 28,97 4 A4 88,5 8,55 36,5 5 A5 100 8,65 29,3 6 B1 31,5 8,56 65,53 7 B2 54 8,66 64,8 8 B3 76 8,68 27,84 9 B4 92 8,55 33,77 10 B5 108 8,73 19,51 11 C1 24,5 8,69 60,54 12 C2 40 8,54 352,98 13 C3 55,5 8,6 63,8 14 C4 69 8,55 39,03 15 C5 83 8,54 61,27 16 D1 29 8,75 20,85 17 D2 50 8,62 250,42 18 D3 69 8,56 161,84 19 D4 85,5 9,02 81,25 20 E1 14 8,72 38,1 21 E2 48 8,73 303,7 22 E3 59 8,56 715,95 23 E4 73 8,33 410,26 24 E5 89,5 8,6 94,97 25 E6 101 8,69 72,26 26 F1 41,5 8,77 53,48 27 F2 55,5 8,63 584,08 28 F3 64 8,5 498,17 29 F4 74,5 8,49 49,95 30 F5 89 8,52 24,18 31 F6 102 8,61 17,85 Tabela 4.03– Resultado das análises sedimentares
  • 22. 4.2.1 Resultados para o pH 22 Gráfico 4.04–Resultados de pH das amostras sedimentares Autor: Pedro Gaspar, 2014.  A partir das inferências sobre os agentes pós-deposicionais, pode-se avaliar que provavelmente os efeitos provocados pela drenagem do solo através da absorção de elementos químico provenientes da água marinha, acabam por preservar um ambiente alcalino e propício a preservação dos vestígios arqueológicos. Sendo que a bioturbação química provocada pela liberação de ácido húmico ainda não alterou a basicidade do pH desse registro arqueológico.
  • 23. 4.2.2 Resultados para o Fósforo 23 Gráfico 4.05– Resultados do fósforo para as análises sedimentares Autor: Pedro Gaspar, 2014.  Nessa amostragem pode-se perceber que na maioria dos resultados os índices de fósforo não variou acima de 100 mg/dm³, sendo que para este tipo de análise podemos adotar essa assinatura química como parâmetro para camadas estéreis, que não foram impactadas pelos vestígios encontrados nesse registro arqueológico, ou mesmo utilizadas por essa ocupação humana. •As colunas C, D, E, F que obtiveram os maiores valores entre os níveis de profundidade médios entre 50 e 70 cm, com índices que variaram em média de 200 a 700mg/dm³ de presença de fósforo.
  • 24. 4.3 ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA 24 •Horizonte dunar: 10YR 8/2 Light gray •Horizonte antrópico: 10 YR 7/3 Dull Yellow Orange •Horizonte aluvionar: 5 YR 5/2 Grayish brown •Horizonte praial: 7.5 YR 6/4 Dull orange Figura 4.02–Croqui do perfil esquemático Autor:PedroGaspar,2014. Para a descrição das seções no registro desenhado foi utilizado o padrão de coloração fornecido pelo Munsell Color Chart, bem como a textura foi identificada em campo como sendo predominante de um sedimento arenoso.
  • 25. 4.4 DATAÇÃO POR RADIOCARBONO 25 Figura 4.03 –Amostra enviada para datação por radiocarbono (EMA). Foto: Beta Analytic, 2014. Figura 4.04 – Pré-tratamento da amostra para extração do colágeno para datação. Foto: Beta Analytic, 2014. Figura 4.05 – Colágeno extraído para datação por radiocarbono (EMA). Foto: Beta Analytic, 2014.
  • 26. 4.4 DATAÇÃO POR RADIOCARBONO 26 O relatório contém o método usado, o tipo de material, e o pré-tratamento aplicado, e a curva de calibração do radiocarbono para a idade convencional (Anexo A). A data reportada com o resultado da amostra corresponde a 300 anos antes do presente com uma curva de variação de mais ou menos 30 anos (figura 4.06). Figura 4.06 –Relatório da análise de datação por radiocarbono. Fonte: Beta Analytic, 2014.
  • 27. 4.5 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS 27 • Os modelos empíricos que vamos apresentar são resultantes da nossa visão sobre a história deposicional desse registro arqueológico em uma escala regional, tendo como base, as características temporais que estão associadas tanto ao comportamento humano e sua relação com a paisagem durante a formação do sítio, como também as evidências ambientais que podemos interpretar na contemporaneidade. •Dessa maneira elaboramos primeiramente um croqui vertical (Figura 4.07) dos processos ambientais associados a recolocação da linha de costa por influência estuarina, deflação eólica com o avanço do campo de dunas e exposição dos recifes de arenito relacionando-os com processos iniciais de formação do início dessa ocupação. •Pelo exposto são atribuídos aos dados deposicionais as inferências necessárias para elaboração de um modelo com caráter local para reconstrução das mudanças na paisagem associadas à presença humana. Para tal propósito, além do entendimento sobre as modificações ambientais, foram utilizadas imagens de satélites georreferenciadas que permitem extrapolar os limites geográficos na evolução da paisagem de acordo com os eventos ambientais suscitados.
  • 28. 28 Autores: Flávio Calippo, Pedro Gaspar, 2014. Figura 4.07– Croqui vertical dos processos naturais e culturais
  • 29. 29 Autores: Flávio Calippo, Pedro Gaspar, 2014. Figura 4.08– Croqui horizontal A
  • 30. 30 Autores: Flávio Calippo, Pedro Gaspar, 2014. Figura 4.09–Croqui horizontal B
  • 31. 31 Autores: Flávio Calippo, Pedro Gaspar, 2014. Figura 4.10–Croqui horizontal C
  • 32. 32 Autores: Flávio Calippo, Pedro Gaspar, 2014. Figura 4.11–Croqui horizontal D
  • 33. 33 Autores: Flávio Calippo, Pedro Gaspar, 2014. Figura 4.12–Croqui horizontal E
  • 34. CONCLUSÕES 34 •Essa dissertação pretendeu colaborar objetivamente, com uma pesquisa sistemática sobre os estudos dos processos formativos do Sambaqui da baía, localizado no Município de Cajueiro da Praia, litoral do Piauí, através de uma compreensão voltada para as relações espaço-temporais reveladas pelos vestígios arqueológicos, e também sobre os processos naturais e culturais envolvidos no contexto deposicional desse registro arqueológico. •Em conjunção, todas as análises propostas forneceram as informações necessárias para o entendimento dos eventos de deposição naturais ocorridos ao longo do tempo (deposicionais e pós-deposicionais), e a extensão das atividades culturais desenvolvidas em um contexto ambiental anterior, cujos processos formativos proporcionaram a preservação desse registro arqueológico. •Em suma, a investigação empreendida nos permitiu identificar os processos ambientais de transporte e modificação dos sedimentos em uma escala local, e interpretar cronologicamente de forma relativa a ordem dos eventos geomorfológicos, e de forma absoluta atestar a presença dos vestígios arqueológicos que formaram a estratificação nesse depósito.
  • 35. 35 •O contexto alcançado para o processo de formação do sambaqui da baía tem como pano de fundo um ambiente muito diferente do atual. As atividades realizadas nesse sítio dizem respeito a ocupação de um território que não estava situado na linha de praia, mas sim em uma área de interseção entre o campo de dunas e o manguezal. As hipóteses levantadas sobre a evolução dos eventos de modificação ambiental que nos revelaram esse panorama vão de encontro ao cenário onde estão contextualizados a maior parte dos sítios conhecidos no litoral do Piauí. •A cronologia conseguida a partir desse registro nos revelou um cenário de ocupação histórica indígena que habitou a região da Ponta do Socó e Ponta do Barbasso, na entrada do Estuário dos rios Timonha e Ubatuba, fronteira geológica entre os estados do Piauí e Ceará há pelo menos 300 anos A.P., em meados do século XVII, por volta dos anos de 1650. •Os dados aqui levantados vêm corroborar com a etnohistória indígena da região que fornecem relatos de cronistas e fontes documentais atestando a presença de índios tremembés que ocupavam a maior parte dessa costa a partir do delta do rio Parnaíba. Esses resultados também se somam as pesquisas realizadas em outros sítios localizados na Lagoa do Portinho, em Parnaíba-PI e sítio Seu Bode, em Luís Correia-PI que compõem uma cronologia inicial para a presença humana registrada nos sítios costeiros, no período histórico situado entre 300 e 400 anos A.P.
  • 36. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 36 BETA ANALYTIC OFICIAL SITE. Disponível em: http://www.radiocarbon.com/. Acessado em: 20 de janeiro de 2014. BUTZER, K. W. Environment and Archaeology: an introduction to Pleistocene geography. Aldine, Chicago: 1964. BUTZER, K. W. Geo-archaeology in practice. Reviews in Anthropology, v.4, p.125-131, 1977. BUTZER, K. W. Archaeology as human ecology. Cambridge: Cambridge University Press; 1982. CALIPPO, Flávia Rizzi. Os sambaquis submersos de Cananéia: um estudo de caso de arqueologia subaquática.São Paulo. p.135, anexos. Dissertação (Mestrado em Arqueologia). Universidade de São Paulo, 2004. __________________. SociedadeSambaquieira, Comunidades Marítimas. Revista de Arqueologia Brasileira, 24, v.1.2011. CAVALCANTE, Luis Carlos Duarte. Arqueoquímica aplicada ao estudo de pigmentos, depósitos de alteração e paleossedimentos do Piauí. Dissertação (Mestrado em Química). Teresina, Universidade Federal do Piauí - 2008. EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos (Rio de Janeiro, RJ).Manual de métodos de análise de solo / Centro Nacional de Pesquisa de Solos. – 2. ed. rev. atual. – Rio de Janeiro, 1997. 212p. : il. (EMBRAPA-CNPS. Documentos ; 1)
  • 37. 37LAGE, M. C. S. M; CAVALCANTI, L; SANTOS, J. Estudo Químico de sedimentos arqueológicos do Parque Nacional da Serra da Capivara, Piauí - Brasil. FUMDHAMentos VI. 2007, p. 106-114. RAPP, George Jr, HILL, C. L. Geoarchaeology: the earth-science approach to archaeological interpretation.New Haven (CT): Yale University Press, 1998. SCHIFFER, M. B. Archaeological context and systemic context. American Antiquity,37 (2), pp. 156-165, 1972. _______________. Archaeology as behavioral science. American Anthropologist, 77, pp. 836-848, 1975. _______________. Behavioral Archaeology.New York: Academic Press, 1976, 221p. SCHIFFER, M. B.Formation Processes of the Archaeological Record.University of New Mexico Press, Albuquerque, 1987. STEIN, Julie K. A review of site formation processes and their relevance to Geoarchaeology. In: GOLDBERG, Paul; HOLLIDAY, Vance T.; FERRING, C. Reid (Org). Earth Sciences and Archaeology. 2001. p. 37-51. VILLAGRAN, Ximena S. Estratigrafias que falam: Geoarqueologia de um Sambaqui Monumental. São Paulo: Annablume, 1° ed. 2010. WATERS, M. R.Principles of Geoarchaeology: a North American perspective.Tucson: University of Arizona Press, 1992.