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III Seminário de Pesquisa da APA Itupararanga:
Água e Saneamento, desafios à conservação

28 e 29 de Novembro de 2012

Sorocaba – SP
______________________________________________________________________________


      Caracterização da Comunidade Zooplanctônica da Represa de
            Itupararanga com Ênfase na Comunidade de Rotíferos


                                           Verônica Dionísio Bonatto (Estagiária - Bolsista PIBIC)
                                                             Caroline Soeiro Franzoe (Estagiária)
                                         André Cordeiro Alves Dos Santos (Professor Orientador)
                                               Maria do Carmo Calijuri (Coordenadora do Projeto)
                                                                                         UFSCar
                                                                         ve.bonatto@hotmail.com

Resumo

         O reservatório de Itupararanga fica em uma Área de Proteção Ambiental – APA- e está em
uso a quase 100 anos, o que sugere grande biodiversidade. Este reservatório gera energia
elétrica, é manancial de abastecimento, regulariza as vazões na bacia do rio Sorocaba e constitui-
se em área de lazer para as cidades ao redor. Os Rotifera, um dos principais grupos dentre a
comunidade zooplanctônica, desempenham importante papel na transferência de energia e
matéria nas cadeias alimentares. O estudo da sua diversidade e produtividade pode contribuir
para o melhor entendimento do funcionamento dos ecossistemas como um todo e a conservação
da biota aquática. No presente trabalho já foram identificadas 15 espécies, algumas delas podem
estar relacionadas com o grau de eutrofização do reservatório, como o Brachionus havanaensis, o
Trichocerca similis, a Keratela americana, que são típicos de ambientes eutrofizados. Todavia são
ainda necessários outros estudos para relacionar a composição da comunidade com o estado
trófico. O presente estudo apesar de não ser conclusivo permite dar as condições iniciais para
estudos mais aprofundados sobre esta comunidade e o entendimento deste ecossistema dando
subsídios para a conservação deste importante manancial para a região.
1. Introdução

       Os reservatórios são um importante exemplo de ambientes de águas continentais, e
exemplificam a heterogeneidade de ambientes aquáticos, ao longo de seu eixo central, formam
áreas diferentes, devido à ocorrência gradativa de mudanças físicas, químicas e biológicas. Essa
heterogeneidade ocorre devido ao sistema de transição entre rios (apresentando seu percurso
obstruído) e lagos (reserva de água originada da obstrução de percurso dos rios) encontrado em
um reservatório (THORNTON, 1990).

       Este gradiente de mudanças físicas e químicas é acompanhado por mudanças na
composição de espécies e abundância de organismos, principalmente de rotíferos, que
apresentam sua composição e abundância alteradas de acordo com as variações do meio
(COELHO – BOTELHO, 2003).

       O reservatório de Itupararanga está localizado na Área de Proteção Ambiental – APA – e é
responsável por mais da metade do abastecimento público da região do alto Sorocaba, além de
gerar energia elétrica, regularizar as vazões na bacia do rio Sorocaba e constituir-se em área de
lazer para as cidades próximas. A represa de Itupararanga está em uso a quase 100 anos sendo
um dos reservatórios mais antigos do Estado de São Paulo. Segundo Tundisi e Straskraba (1999)
quanto mais antigo um reservatório, maior sua biodiversidade, a não ser que essa seja impedida
pela poluição e contaminação, como: derrames de petróleo, efluentes industriais e chuvas ácidas.

       O zooplâncton de água doce é menos diversificado se comparado à riqueza de espécies
no ambiente marinho (TUNDISI e STRASKRABA, 1999), mas são compostos, principalmente, de
pequenos invertebrados, sendo que dos grupos mais comuns são: Protozoa, Rotífera, Cladóceros
e Copépodos (estes dois últimos microcrustáceos), além de larvas de dípteros (insetos)
(ESTEVES, 1998).

       No geral as comunidades zooplanctônicas se comportam como condutores tróficos na
transferência de energia entre os produtores primários e os consumidores secundários,
participando também na regeneração e transporte de nutrientes (KETCHUM, 1962), na
produtividade secundária, servindo ainda como eficientes indicadores biológicos de qualidade de
água (PEJLER, 1983).

       Entre os organismos que compõe o zooplâncton, os rotíferos, são um grupo muito
importante, pois apresentam grande riqueza de espécies, grande abundância e produtividade
significativas (OLIVEIRA NETO & MORENO, 1999).

       O filo Rotifera (do latim rota, “roda”; fera, “possuir”) inclui mais de 1.800 espécies descritas.
Algumas delas atingem comprimentos de 2-3mm, mas a maioria é menor que um milímetro
(BRUSCA e BRUSCA, 2007).
Mesmo possuindo pequenas dimensões e volume corporal reduzido sendo, portanto,
pouco representativos em termos de biomassa total, os rotíferos, são considerados amplamente
oportunistas, e apresentam taxas elevadas de crescimento populacional, além de tempos de
geração mais curtos, contribuindo grandemente com a produção secundária (EDMONDSON &
WINBERG, 1971).

       A velocidade de reprodução dos rotíferos é muito rápida (geralmente por partenogênese)
(BRUSCA & BRUSCA, 2007), possuem tendência de serem muito sensíveis e apresentam uma
resposta rápida de acordo com as variações ambientais, sendo, abundantemente encontrados em
reservatórios (TUNDISI et al., 1995).

       Este trabalho tem como objetivo inicial a descrição da riqueza da comunidade de rotíferos
no reservatório de Itupararanga, pois além da necessidade de conhecer esta comunidade para
aumentar o entendimento do funcionamento do ecossistema, não há trabalhos publicados sobre
esta comunidade neste ambiente.

                  2. Objetivo

       Levantamento da riqueza de espécies da comunidade de rotíferos no reservatório de
Itupararanga com informações da ecologia das espécies como indicadoras da qualidade
ambiental.

                  3. Metodologia

       O zooplâncton foi coletado em três profundidades (superfície, meio e fundo) por bomba de
sucção. Em cada profundidade foram filtrados 100L de água em rede de plâncton de malha de
68µm. A parte inferior da rede foi mantida embaixo da água, para amortecer o impacto do jato de
água da mangueira e evitar a morte das espécies coletadas. Os organismos foram narcotizados
com água gaseificada e as amostras fixadas com solução formol-sacarose a 4% (SCHADEN,
1985). Foi analisado o volume total das amostras e são considerados constituintes do plâncton
copépodos, cladóceros, larvas de inseto (Caoborus) e rotíferos. Copépodos, cladóceros e larvas
de inseto serão objeto de outros trabalhos.

       Os organismos foram triados em lupa e analisados contados e identificados na câmara
Sedwick – Rafter sob microscópio óptico, conforme descrito APHA (1995).

       Para a identificação das espécies de Rotifera, foram utilizadas algumas das chaves de
identificação e descrições disponíveis na literatura (PENNAK, 1953; NOGRADY et al., 1993;).

                  4. Resultados

       Foram encontradas 15 espécies de rotíferos, como descritas abaixo:

       Phylum: Rotifera
Classe: Digononta

      Ordem: Bdelloidea

Classe: Monogononta

      Ordem: Collothecacea

             Família: Collothecidae

                    Collotheca sp.

      Ordem: Conochilidae

             Família: Conochilidae

                    Conochilus unicornis (Rousselet, 1892)

                    Família: Filinidae

                    Filínea opoliensis (Zacarias, 1898)

             Família: Flosculariidae

                    Ptygura libera Myers, 1934

             Família: Hexarthridae

                    Hexarthra intermédia (Weiszniewski, 1929)

             Família: Brachionidea

                    Anuraeopsis navicula

                    Brachionus angularis Gosse, 1851

                    Brachionus havanaensis havanaensis (Rousselet)

                    Kellicottia bostoniensis (Rousselet, 1908)

                    Keratella americana (Carlin, 1943)

                    Keratella cochlearis (Gosse, 1851)



             Família: Synchaetidae

                    Polyarthra aff. vulgaris

                    Ploesoma hudsoni

             Família: Trichocercidae

                    Trichocerca similis (Wierzejski, 1983)
Os Rotíferos possuem uma coroa ciliada e uma faringe modificada (mástax), com um
complexo conjunto de peças rígidas que atuam como uma mandíbula (trophi) (NOGRADY et al.,
1993; OLIVEIRA – NETO & MORENO, 1999). Além disso, sua lórica (cutícula secretada pela
hipoderme sincicial) que pode ser muito fina ou grossa como uma armadura (PENNAK, 1953)
também é muito utilizada para se identificar e caracterizar as espécies com lórica espessa, como
por exemplo, os indivíduos do gênero Brachionus.

         O corpo é alongado ou em forma de saco, às vezes cilíndrico ou vermiforme e ainda são
conhecidas algumas formas esféricas (NOGRADY et al., 1993). Pode ser dividido em uma região
curta (“cabeça”), uma região mais longa chamada de tronco e um pé terminal.

         Quando fixados a identificação de estruturas como a corona ciliada e do pé terminal são
dificultadas devido à contração de seus corpos no momento da fixação, para minimizar essa
contração utilizamos água gaseificada na hora da coleta das amostras.

         Nas análises do presente estudo já foram observados 15 táxons distribuídos em 8 famílias.
A maioria das espécies encontradas é típica de regiões tropicais e neotropicais, exceto a espécie
Kellicottia bostoniensis. Por enquanto a família Brachionidae foi bem representativa, caracterizada
por gêneros típicos como Brachionus e Keratella. Segundo Dumont (1983) os gêneros Brachionus
e Keratella são altamente endêmicos na América do Sul e Austrália. Pesquisas recentes feitas no
Brasil também verificaram esse mesmo padrão (LUCINDA, 2003; NEGREIROS, 2010).

         José De Paggi & Koste (1995) não incluem a Kellicottia bostoniensis entre os rotíferos
neotropicais. No entanto Landa et al. (2002) a encontrou no reservatório de Furnas, afirmando sua
introdução recente no Brasil. Sua presença está relacionada com maiores densidades nas
estações que apresentavam          características de meso a eutotróficas. Negreiros (2010)
posteriormente também encontrou a K. bostonienesis no reservatório de Furnas o que indica uma
população já estabelecida.

         A alta dominância de Conochilus unicornis, por sua vez, pode estar relacionada com baixa
trofia (LUCINDA, 2003). No entanto, como ainda não foram realizadas as análises quantitativas
esta relação ainda não pode ser estabelecida para este reservatório.

         Contudo, as diferenças de tolerância a eutrofização pelas espécies de rotíferos, em
diversos trabalhos ainda é incerto e por vezes contraditório, havendo a necessidade de mais
estudos mais aprofundados, principalmente nos ambientes tropicais (MATSUMURA – TUNDISI et
al., 1990; LUCINDA, 2003, NEGREIROS, 2010).

         De modo geral a composição da comunidade de rotíferos é semelhante a aquelas
observadas recentemente em outros reservatórios tropicais (LUCINDA, 2003; NEGREIROS,
2010).
5. Conclusão

       Foram encontrados no reservatório de Itupararanga 15 táxons de Rotíferos, sendo que
estão distribuídos em 8 famílias. Todos os indivíduos aqui identificados já foram observados em
outros reservatórios brasileiros, como no reservatório de Furnas, MG e em Reservatório da Bacia
do rio Tietê.

       Dos táxons encontrados o único que não é considerado tropical ou neotropical foi a
Kellicottia bostoniensis da família Brachionidea. Ela é típica da América do Norte, mas foi
observada no Brasil recentemente e sua distribuição espacial e temporal já foi objeto de estudos
no reservatório de Furnas, o que nos deixa claro sua boa adaptação aos reservatórios brasileiros.

       A comunidade observada é semelhante àquela de outros reservatórios tropicais no Estado
de São Paulo e em outros estados do Brasil. No entanto a relação entre a ocorrência e/ou
dominância de uma espécie ou mais com o nível de eutrofização do reservatório e o papel
bioindicador dos rotíferos só poderão ser observados após a análise quantitativa das amostras.



       6. Referências

BRUSCA, R. C.; BRUSCA, G. J. Invertebrados. 2ed, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.



COELHO – BOTELHO, M. J. Dinâmica da Comunidade Zooplanctônica e sua relação com o
grau de trofia em reservatórios. São Paulo: CETESB, 2003.



ESTEVES, Francisco de Assis, Fundamentos de Limnologia - 2ª ed. Rio de Janeiro. Editora
Interciência, 1998.



EDMONDSON, W.T.; WINBERG, G. G. Methods for processing samples and developing data. In:
EDMONDSON, W.T.; WINBERG, G. G. (eds). A manual on methods for the assement of
secondary productivit in fresh waters.Cap. 2. IBP Handbook no17. Oxford. Blackweel Scientific
Publications, 1971.



JOSÉ DE PAGGI, S.; KOSTE, W. Additions to the checklist of the rotifers of the Superorder
Monogononta recorded from the Neotropics. Internationale Revue de gesamten Hydrobiol.,
v.80, p 133-140, 1995.
KETCHUM, B.H. Regeneretion of nutrients by zooplâncton. Rappt Proces-Verbaux Reunions,
Coseil Perm. Intern. Exploration Mer, 1962.



LANDA, G.G.; BARBOSA, F.A.R.; RIETZLER, A.C.; MAIA – BARBOSA, P.M. Distribuição
espacial e temporal de Kellicottia bostoniensis (Rousselet, 1908) (Rotifera) em um grande
reservatório tropical (reservatório de Furnas), Estado de Minas Gerais, Brasil. Marin., v.24, n.
2, p. 313 – 319, 2002.



LUCINDA, I. Composição de Rotifera em corpos d’água da bacia do Rio Tietê. Dissertação
(Mestrado). Universidade Federal de São Carlos. São Paulo, 2003.



MATSUMURA – TUNDISI, T.; NEUMANN-LEITÃO. S.; AGUENA, L.S.; MIYAHARA, J.
Eutrofização na represa de Barra Bonita: estrutura e organização da comunidade de
Rotifera. Ver.Bras.Biol.= Braz. Jour. Biol., v.50, n. 4, p.923 – 935, 1990.



NOGRADY, T.; WALLACE, R.L.; SNELL, T.W. Rotifera: Biology, ecology and systematic. In:
DUMONT, H.J.F. (Coord.). Guides to the identification of the microinvertebrates of the
continental waters of the word. Netherlands: SPB Academic Publishing, v.1, 1993.



NEGREIROS, N.F. Variação anual da diversidade e produção secundária de Rotifera do
reservatório da UHE de Furnas-MG, Brasil. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de
São Carlos. São Paulo, 2010.



OLIVEIRA NETO; MORENO, L.H.Rotíferos: In: ISMAEL, D. et al (Ed). Biodiversidade do Estado
de São Paulo, Brasil- Invertebrados de água doce. FAPESP, 1999.



PENNAK, R. W., Freshwater invertebrates of the Unites States. New York: The Ronald Press
Company, 1953.



PJELER, B.; BÉRZINS, B. On choice of substrate and habitat in brachionid rotifers.
Hydrobiol., v. 186/187, 1989.
THORNTON, K. W. Perspectives on reservoir limnology. In: THORNTON, K. W.; KIMMEL, B. L. &
PAYNE, F. E. Reservoir Limnology: ecological perspectives. New York: Wiley Interscience
Publication, 1990.



TUNDISI, J.G.; STRASKRABA, M., Theoretical Reservoir Ecology and Its Applications - 1ª ed.
São Carlos, 1999.

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  • 1. III Seminário de Pesquisa da APA Itupararanga: Água e Saneamento, desafios à conservação 28 e 29 de Novembro de 2012 Sorocaba – SP ______________________________________________________________________________ Caracterização da Comunidade Zooplanctônica da Represa de Itupararanga com Ênfase na Comunidade de Rotíferos Verônica Dionísio Bonatto (Estagiária - Bolsista PIBIC) Caroline Soeiro Franzoe (Estagiária) André Cordeiro Alves Dos Santos (Professor Orientador) Maria do Carmo Calijuri (Coordenadora do Projeto) UFSCar ve.bonatto@hotmail.com Resumo O reservatório de Itupararanga fica em uma Área de Proteção Ambiental – APA- e está em uso a quase 100 anos, o que sugere grande biodiversidade. Este reservatório gera energia elétrica, é manancial de abastecimento, regulariza as vazões na bacia do rio Sorocaba e constitui- se em área de lazer para as cidades ao redor. Os Rotifera, um dos principais grupos dentre a comunidade zooplanctônica, desempenham importante papel na transferência de energia e matéria nas cadeias alimentares. O estudo da sua diversidade e produtividade pode contribuir para o melhor entendimento do funcionamento dos ecossistemas como um todo e a conservação da biota aquática. No presente trabalho já foram identificadas 15 espécies, algumas delas podem estar relacionadas com o grau de eutrofização do reservatório, como o Brachionus havanaensis, o Trichocerca similis, a Keratela americana, que são típicos de ambientes eutrofizados. Todavia são ainda necessários outros estudos para relacionar a composição da comunidade com o estado trófico. O presente estudo apesar de não ser conclusivo permite dar as condições iniciais para estudos mais aprofundados sobre esta comunidade e o entendimento deste ecossistema dando subsídios para a conservação deste importante manancial para a região.
  • 2. 1. Introdução Os reservatórios são um importante exemplo de ambientes de águas continentais, e exemplificam a heterogeneidade de ambientes aquáticos, ao longo de seu eixo central, formam áreas diferentes, devido à ocorrência gradativa de mudanças físicas, químicas e biológicas. Essa heterogeneidade ocorre devido ao sistema de transição entre rios (apresentando seu percurso obstruído) e lagos (reserva de água originada da obstrução de percurso dos rios) encontrado em um reservatório (THORNTON, 1990). Este gradiente de mudanças físicas e químicas é acompanhado por mudanças na composição de espécies e abundância de organismos, principalmente de rotíferos, que apresentam sua composição e abundância alteradas de acordo com as variações do meio (COELHO – BOTELHO, 2003). O reservatório de Itupararanga está localizado na Área de Proteção Ambiental – APA – e é responsável por mais da metade do abastecimento público da região do alto Sorocaba, além de gerar energia elétrica, regularizar as vazões na bacia do rio Sorocaba e constituir-se em área de lazer para as cidades próximas. A represa de Itupararanga está em uso a quase 100 anos sendo um dos reservatórios mais antigos do Estado de São Paulo. Segundo Tundisi e Straskraba (1999) quanto mais antigo um reservatório, maior sua biodiversidade, a não ser que essa seja impedida pela poluição e contaminação, como: derrames de petróleo, efluentes industriais e chuvas ácidas. O zooplâncton de água doce é menos diversificado se comparado à riqueza de espécies no ambiente marinho (TUNDISI e STRASKRABA, 1999), mas são compostos, principalmente, de pequenos invertebrados, sendo que dos grupos mais comuns são: Protozoa, Rotífera, Cladóceros e Copépodos (estes dois últimos microcrustáceos), além de larvas de dípteros (insetos) (ESTEVES, 1998). No geral as comunidades zooplanctônicas se comportam como condutores tróficos na transferência de energia entre os produtores primários e os consumidores secundários, participando também na regeneração e transporte de nutrientes (KETCHUM, 1962), na produtividade secundária, servindo ainda como eficientes indicadores biológicos de qualidade de água (PEJLER, 1983). Entre os organismos que compõe o zooplâncton, os rotíferos, são um grupo muito importante, pois apresentam grande riqueza de espécies, grande abundância e produtividade significativas (OLIVEIRA NETO & MORENO, 1999). O filo Rotifera (do latim rota, “roda”; fera, “possuir”) inclui mais de 1.800 espécies descritas. Algumas delas atingem comprimentos de 2-3mm, mas a maioria é menor que um milímetro (BRUSCA e BRUSCA, 2007).
  • 3. Mesmo possuindo pequenas dimensões e volume corporal reduzido sendo, portanto, pouco representativos em termos de biomassa total, os rotíferos, são considerados amplamente oportunistas, e apresentam taxas elevadas de crescimento populacional, além de tempos de geração mais curtos, contribuindo grandemente com a produção secundária (EDMONDSON & WINBERG, 1971). A velocidade de reprodução dos rotíferos é muito rápida (geralmente por partenogênese) (BRUSCA & BRUSCA, 2007), possuem tendência de serem muito sensíveis e apresentam uma resposta rápida de acordo com as variações ambientais, sendo, abundantemente encontrados em reservatórios (TUNDISI et al., 1995). Este trabalho tem como objetivo inicial a descrição da riqueza da comunidade de rotíferos no reservatório de Itupararanga, pois além da necessidade de conhecer esta comunidade para aumentar o entendimento do funcionamento do ecossistema, não há trabalhos publicados sobre esta comunidade neste ambiente. 2. Objetivo Levantamento da riqueza de espécies da comunidade de rotíferos no reservatório de Itupararanga com informações da ecologia das espécies como indicadoras da qualidade ambiental. 3. Metodologia O zooplâncton foi coletado em três profundidades (superfície, meio e fundo) por bomba de sucção. Em cada profundidade foram filtrados 100L de água em rede de plâncton de malha de 68µm. A parte inferior da rede foi mantida embaixo da água, para amortecer o impacto do jato de água da mangueira e evitar a morte das espécies coletadas. Os organismos foram narcotizados com água gaseificada e as amostras fixadas com solução formol-sacarose a 4% (SCHADEN, 1985). Foi analisado o volume total das amostras e são considerados constituintes do plâncton copépodos, cladóceros, larvas de inseto (Caoborus) e rotíferos. Copépodos, cladóceros e larvas de inseto serão objeto de outros trabalhos. Os organismos foram triados em lupa e analisados contados e identificados na câmara Sedwick – Rafter sob microscópio óptico, conforme descrito APHA (1995). Para a identificação das espécies de Rotifera, foram utilizadas algumas das chaves de identificação e descrições disponíveis na literatura (PENNAK, 1953; NOGRADY et al., 1993;). 4. Resultados Foram encontradas 15 espécies de rotíferos, como descritas abaixo: Phylum: Rotifera
  • 4. Classe: Digononta Ordem: Bdelloidea Classe: Monogononta Ordem: Collothecacea Família: Collothecidae Collotheca sp. Ordem: Conochilidae Família: Conochilidae Conochilus unicornis (Rousselet, 1892) Família: Filinidae Filínea opoliensis (Zacarias, 1898) Família: Flosculariidae Ptygura libera Myers, 1934 Família: Hexarthridae Hexarthra intermédia (Weiszniewski, 1929) Família: Brachionidea Anuraeopsis navicula Brachionus angularis Gosse, 1851 Brachionus havanaensis havanaensis (Rousselet) Kellicottia bostoniensis (Rousselet, 1908) Keratella americana (Carlin, 1943) Keratella cochlearis (Gosse, 1851) Família: Synchaetidae Polyarthra aff. vulgaris Ploesoma hudsoni Família: Trichocercidae Trichocerca similis (Wierzejski, 1983)
  • 5. Os Rotíferos possuem uma coroa ciliada e uma faringe modificada (mástax), com um complexo conjunto de peças rígidas que atuam como uma mandíbula (trophi) (NOGRADY et al., 1993; OLIVEIRA – NETO & MORENO, 1999). Além disso, sua lórica (cutícula secretada pela hipoderme sincicial) que pode ser muito fina ou grossa como uma armadura (PENNAK, 1953) também é muito utilizada para se identificar e caracterizar as espécies com lórica espessa, como por exemplo, os indivíduos do gênero Brachionus. O corpo é alongado ou em forma de saco, às vezes cilíndrico ou vermiforme e ainda são conhecidas algumas formas esféricas (NOGRADY et al., 1993). Pode ser dividido em uma região curta (“cabeça”), uma região mais longa chamada de tronco e um pé terminal. Quando fixados a identificação de estruturas como a corona ciliada e do pé terminal são dificultadas devido à contração de seus corpos no momento da fixação, para minimizar essa contração utilizamos água gaseificada na hora da coleta das amostras. Nas análises do presente estudo já foram observados 15 táxons distribuídos em 8 famílias. A maioria das espécies encontradas é típica de regiões tropicais e neotropicais, exceto a espécie Kellicottia bostoniensis. Por enquanto a família Brachionidae foi bem representativa, caracterizada por gêneros típicos como Brachionus e Keratella. Segundo Dumont (1983) os gêneros Brachionus e Keratella são altamente endêmicos na América do Sul e Austrália. Pesquisas recentes feitas no Brasil também verificaram esse mesmo padrão (LUCINDA, 2003; NEGREIROS, 2010). José De Paggi & Koste (1995) não incluem a Kellicottia bostoniensis entre os rotíferos neotropicais. No entanto Landa et al. (2002) a encontrou no reservatório de Furnas, afirmando sua introdução recente no Brasil. Sua presença está relacionada com maiores densidades nas estações que apresentavam características de meso a eutotróficas. Negreiros (2010) posteriormente também encontrou a K. bostonienesis no reservatório de Furnas o que indica uma população já estabelecida. A alta dominância de Conochilus unicornis, por sua vez, pode estar relacionada com baixa trofia (LUCINDA, 2003). No entanto, como ainda não foram realizadas as análises quantitativas esta relação ainda não pode ser estabelecida para este reservatório. Contudo, as diferenças de tolerância a eutrofização pelas espécies de rotíferos, em diversos trabalhos ainda é incerto e por vezes contraditório, havendo a necessidade de mais estudos mais aprofundados, principalmente nos ambientes tropicais (MATSUMURA – TUNDISI et al., 1990; LUCINDA, 2003, NEGREIROS, 2010). De modo geral a composição da comunidade de rotíferos é semelhante a aquelas observadas recentemente em outros reservatórios tropicais (LUCINDA, 2003; NEGREIROS, 2010).
  • 6. 5. Conclusão Foram encontrados no reservatório de Itupararanga 15 táxons de Rotíferos, sendo que estão distribuídos em 8 famílias. Todos os indivíduos aqui identificados já foram observados em outros reservatórios brasileiros, como no reservatório de Furnas, MG e em Reservatório da Bacia do rio Tietê. Dos táxons encontrados o único que não é considerado tropical ou neotropical foi a Kellicottia bostoniensis da família Brachionidea. Ela é típica da América do Norte, mas foi observada no Brasil recentemente e sua distribuição espacial e temporal já foi objeto de estudos no reservatório de Furnas, o que nos deixa claro sua boa adaptação aos reservatórios brasileiros. A comunidade observada é semelhante àquela de outros reservatórios tropicais no Estado de São Paulo e em outros estados do Brasil. No entanto a relação entre a ocorrência e/ou dominância de uma espécie ou mais com o nível de eutrofização do reservatório e o papel bioindicador dos rotíferos só poderão ser observados após a análise quantitativa das amostras. 6. Referências BRUSCA, R. C.; BRUSCA, G. J. Invertebrados. 2ed, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. COELHO – BOTELHO, M. J. Dinâmica da Comunidade Zooplanctônica e sua relação com o grau de trofia em reservatórios. São Paulo: CETESB, 2003. ESTEVES, Francisco de Assis, Fundamentos de Limnologia - 2ª ed. Rio de Janeiro. Editora Interciência, 1998. EDMONDSON, W.T.; WINBERG, G. G. Methods for processing samples and developing data. In: EDMONDSON, W.T.; WINBERG, G. G. (eds). A manual on methods for the assement of secondary productivit in fresh waters.Cap. 2. IBP Handbook no17. Oxford. Blackweel Scientific Publications, 1971. JOSÉ DE PAGGI, S.; KOSTE, W. Additions to the checklist of the rotifers of the Superorder Monogononta recorded from the Neotropics. Internationale Revue de gesamten Hydrobiol., v.80, p 133-140, 1995.
  • 7. KETCHUM, B.H. Regeneretion of nutrients by zooplâncton. Rappt Proces-Verbaux Reunions, Coseil Perm. Intern. Exploration Mer, 1962. LANDA, G.G.; BARBOSA, F.A.R.; RIETZLER, A.C.; MAIA – BARBOSA, P.M. Distribuição espacial e temporal de Kellicottia bostoniensis (Rousselet, 1908) (Rotifera) em um grande reservatório tropical (reservatório de Furnas), Estado de Minas Gerais, Brasil. Marin., v.24, n. 2, p. 313 – 319, 2002. LUCINDA, I. Composição de Rotifera em corpos d’água da bacia do Rio Tietê. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de São Carlos. São Paulo, 2003. MATSUMURA – TUNDISI, T.; NEUMANN-LEITÃO. S.; AGUENA, L.S.; MIYAHARA, J. Eutrofização na represa de Barra Bonita: estrutura e organização da comunidade de Rotifera. Ver.Bras.Biol.= Braz. Jour. Biol., v.50, n. 4, p.923 – 935, 1990. NOGRADY, T.; WALLACE, R.L.; SNELL, T.W. Rotifera: Biology, ecology and systematic. In: DUMONT, H.J.F. (Coord.). Guides to the identification of the microinvertebrates of the continental waters of the word. Netherlands: SPB Academic Publishing, v.1, 1993. NEGREIROS, N.F. Variação anual da diversidade e produção secundária de Rotifera do reservatório da UHE de Furnas-MG, Brasil. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de São Carlos. São Paulo, 2010. OLIVEIRA NETO; MORENO, L.H.Rotíferos: In: ISMAEL, D. et al (Ed). Biodiversidade do Estado de São Paulo, Brasil- Invertebrados de água doce. FAPESP, 1999. PENNAK, R. W., Freshwater invertebrates of the Unites States. New York: The Ronald Press Company, 1953. PJELER, B.; BÉRZINS, B. On choice of substrate and habitat in brachionid rotifers. Hydrobiol., v. 186/187, 1989.
  • 8. THORNTON, K. W. Perspectives on reservoir limnology. In: THORNTON, K. W.; KIMMEL, B. L. & PAYNE, F. E. Reservoir Limnology: ecological perspectives. New York: Wiley Interscience Publication, 1990. TUNDISI, J.G.; STRASKRABA, M., Theoretical Reservoir Ecology and Its Applications - 1ª ed. São Carlos, 1999.