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III Seminário de Pesquisa da APA Itupararanga:
Água e Saneamento, desafios à conservação

28 e 29 de Novembro de 2012

Sorocaba – SP
_______________________________________________________

  Considerações sobre o Papel da Geomorfologia na Identificação de
 Áreas de Fragilidade Ambiental na Bacia do Ribeirão Iperó, Região de
                           Sorocaba, SP

                                         Fernando Neto de Moraes 1; Emerson Martins Arruda 2
                                          nando_moraes@hotmail.com; emersongeo@ufscar.br
             1
              Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da Universidade Federal de São
                                                                  Carlos – Campus Sorocaba;
                     2
                      Prof. Adjunto da Universidade Federal de São Carlos – Campus Sorocaba




Resumo

O trabalho apresenta uma análise sobre impactos ambientais na bacia do Ribeirão Iperó, a partir
do enfoque da Geomorfologia. Tendo em vista o conhecimento obtido através do estudo da
dinâmica da paisagem, correlacionando aspectos endógenos e exógenos em uma morfologia, é
possível verificar como o homem pode influenciar no ciclo natural de desenvolvimento do relevo
de determinada área. O objetivo da pesquisa, portanto, foi analisar a paisagem em uma
perspectiva geomorfológica e correlacionar os dados obtidos com a realidade do local. O uso de
softwares como o ArcGIS 10 foi essencial na pesquisa, ao passo que a representação das feições
de relevo na forma de mapas temáticos são imprescindíveis, e com isso foram gerados diversos
mapeamentos. E com isso, a partir de uma base de dados obtidos em trabalhos de campo e
pesquisas em gabinete, pôde se fazer uma correlação entre a atuação do homem no meio físico e
suas consequências.

Palavras-chave

Geomorfologia; Impactos Ambientais; morfometria; ArcGIS.
1. Introdução
       O trabalho é integrado ao Grupo de Estudos do Quaternário da UFSCar, que tem como
objetivo de pesquisa a região de Sorocaba, enfatizando a gênese das feições da paisagem
regional ao longo do Quaternário, período este tomado por grandes transformações físicas na
paisagem, graças às mudanças climáticas e geológicas ocorridas durante esta faixa de tempo.

       A relevância às bacias hidrográficas como unidade de análise foi essencial no presente
trabalho, pois a bacia do Ribeirão Iperó contém uma estrutura determinante no delineamento do
relevo da região de estudo. Relevo esse que sofre alteração graças aos processos relacionados à
mesma, incluindo a erosão, escoamento e assoreamento, por exemplo, que ao longo de milhares
de anos foram capazes de esculpir a região que envolta a bacia, em conjunto de fatores
tectônicos.

       A bacia hidrográfica do Ribeirão Iperó situa-se nos municípios de Araçoiaba da Serra e
Capela do Alto na região sudeste do estado de São Paulo. A bacia analisada está inserida nas
folhas topográficas de Boituva (SF-23-Y-C-I-4) e Salto do Pirapora (SF-23-Y-C-IV-2) na escala de
1:50.000 publicadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

       Por ter sua área inserida na Depressão Periférica Paulista, a bacia do Ribeirão Iperó
apresenta como altitudes médias as da província geomorfológica citada, entre 500 e 650 metros,
porém com a observação dos mapas temáticos elaborados e das cartas topográficas é possível
encontrar pontos cotados com mais de 700 metros de altitude no setor de cabeceiras, próximos a
rodovia Raposo Tavares (SP-270) e pontos com mais de 800 metros no setor do Maciço de
Ipanema (Mapa 01).


   2. Objetivos
       O objetivo da pesquisa se embasou em gerar uma análise sobre a formação do relevo da
bacia hidrográfica do Ribeirão Iperó, de acordo com uma perspectiva de atuação humana sobre a
paisagem. A partir dos dados obtidos foram gerados documentos cartográficos que possibilitaram
um melhor entendimento da dinâmica morfológica do terreno e realizar considerações sobre a
qualidade ambiental da área.


   3. Método e Técnicas
       O trabalho se embasou na perspectiva sistêmica, em que se observa o sistema bacia
hidrográfica e os fatores de entrada e saída de energia, no caso, o homem tem o papel
controlador, este que se apropria do relevo e tem a capacidade de moderar ou expandir os
impactos no ciclo natural do relevo. O uso de softwares como o ArcGIS 10 foi essencial na
pesquisa, ao passo que a representação das feições de relevo na forma de mapas temáticos são
imprescindíveis, e com isso foram gerados diversos mapeamentos, dentre eles os mapas:
hipsométrico; declividade; geológico; lineamentos e modelos numéricos do terreno. Tais
mapeamentos foram auxiliados pela observação das cartas topográficas da região em conjunto
com trabalhos de campo.




      Mapa 01: Hipsometria da bacia do Ribeirão Iperó. Elaboração: Moraes, 2012.
4. Resultados e Discussão
       A bacia do Ribeirão Iperó encontra-se entre o par de coordenadas geográficas 23º22’ e
23º43’ Sul, 47º45’ e 47º36’ Oeste, e compreende uma área de 167 km², localizada na região
Sudeste do Estado de São Paulo entre os municípios de Araçoiaba da Serra, setor de cabeceiras
e Capela do Alto, onde conflui com o Rio Sarapuí, afluente direto do Rio Sorocaba, o nível de
base regional.

       Segundo o SIGRH (Sistema de Informações para o Gerenciamento de Recursos Hídricos
do Estado de São Paulo), a bacia do Ribeirão Iperó pertence à Unidade Hidrográfica do Médio
Tietê e Sorocaba, que corresponde a uma área de 12.268 km² com 1.654.736 habitantes, sendo
que grande parte reside na cidade de Sorocaba com 586.625 habitantes, já as cidades de
Araçoiaba da Serra e Capela do Alto (cidades abrangidas pela bacia) somam 48.831 habitantes
segundo o censo IBGE de 2010.

       O município de Araçoiaba da Serra comporta grande parte das nascentes do Ribeirão
Iperó, sendo possível observar o grau de devastação (Foto 01) e a posição do sítio urbano da
cidade em relação às cabeceiras, mas não pode se deixar de levar em conta as zonas de
reflorestamento localizadas próximas áreas urbanas, mas que representam uma pequena parte do
que já se foi degradado.




       Foto 01 – Setor de cabeceiras da bacia sem mata ciliar. Fonte: Moraes 2010.
A região de Capela do Alto apresenta elevado índice de devastação, porém preserva em
maior grau as matas galerias relevantes ao Ribeirão Iperó, principalmente na área relacionada ao
setor de baixa bacia, próximo do Rio Sarapuí.

        Em relação ao processo histórico, dos séculos XVIII e XIX, com a exploração mineral
ocorrida na área de estudos. Esta atividade, bem como a retirada da cobertura vegetal, alterou
significativamente a topografia de alguns setores, aparentemente camuflados pela pedogênese e
retomada da cobertura vegetal. Aos olhos desatentos, a interpretação da paisagem pode ser
equivocada caso esta aglutinação de diferentes temporalidades não seja levada em consideração,
bem como o papel de cada uma na evolução da paisagem local e regional.

        Um procedimento importante para a análise ambiental foi a fotointerpretação de imagens
Landsat disponibilizadas pelo Google Earth. Isto se deve ao fato de que mesmo com idas a campo
existem lugares de difícil acesso por serem em relevo acidentado ou propriedades privadas, e
com isso as imagens de satélite obtidas com o programa facilitam a visualização de problemas
ambientais mais expressivos e que necessitariam de fiscalização mais efetiva.

        A figura 1 ilustra o caso apresentado, sendo possível verificar área com solo exposto,
próximo a represamentos. A falta de práticas de manejo pode desencadear diversos impactos
ambientais, sendo geralmente não são realizados acompanhamentos técnicos na construção de
represas e barragens, alterando o regime hidrológico, intensificando os processos de
voçorocamentos e assoreamento dos cursos fluviais.




Figura 01 – Imagem de satélite evidenciando represamentos próximos a áreas com solo exposto em setor
de alta bacia. Fonte: Google Earth.

        A imagem acima representa uma área à montante da Bacia do Ribeirão Iperó, próxima a
divisa entre os municípios de Capela do Alto e Araçoiaba da Serra. Tal localidade apresenta uma
grande quantidade de represamentos em pequenos sítios e chácaras, e que muitas vezes não
demonstram infra-estrutura adequada para a construção de aterros.
Outro fator relevante é a presença dos sítios urbanos de Capelo do Alto e Araçoiaba da
Serra no setor de cabeceiras da bacia do Ribeirão Iperó, sendo que as áreas de recarga
hidrológica são fortemente afetadas pela impermeabilização das vertentes, intensificando o
escoamento superficial. Tais alterações implicam no aumento dos processos erosivos e até
contaminação de águas. As figuras 02 e 03 demonstram diferentes momentos da expansão
urbana de Capela do Alto.

       Ambas as imagens representam a mesma área nos anos de 2003 e 2011 respectivamente,
mostrando o avanço da ocupação neste período. Pode se notar a contínua falta de cuidado com
as nascentes do Ribeirão Iperó e a má infra-estrutura do próprio bairro, sem pavimentação e
nenhum controle de escoamento superficial.

       Infelizmente, esta situação não é a única, mas generalizada não apenas no contexto
regional, mas no próprio modelo de expansão urbana ocorrida no país a partir da década de 70.
Processo este que envolveu a aprovação de loteamentos sem o devido planejamento ou até
mesmo licença para tal.




              Figura 02 – Imagem de satélite com área de Capela do Alto em 2003. Fonte: Google Earth.
Figura 03 – Imagem de satélite com área de Capela do Alto em 2011. Fonte: Google Earth.



       As características da área de estudo expostas no decorrer do trabalho permitem que sejam
feitas considerações sobre os impactos gerados. Mendes & Cunha (2005) colocam que “é
necessário analisar o relevo como elemento de suporte para atuação antrópica”, demonstrando o
importante papel do homem em participar ativamente em transformações do sistema bacia
hidrográfica.

       Na bacia do Ribeirão Iperó, os maiores problemas encontrados são os processos erosivos,
assoreamento de rios, desmatamento em áreas de cobertura vegetal natural e ocupações
irregulares.

       Os processos erosivos são geralmente causados pelo manejo inadequado do solo, onde
áreas com interflúvios mamelonizados e dissecados oferecem maior energia para os cursos
fluviais, e com isso, tendem a evadir suas margens com maior intensidade. Portanto quando são
feitas de forma inadequada, curvas de nível em agricultura e pastagens em áreas de vertentes
acentuadas, o escoamento superficial tende a remover o solo formando por ravinamentos e
consequentemente por voçorocamentos. O assoreamento dos rios é intrínseco à erosão, pois com
o maior carreamento de sedimentos trazidos pelo curso fluvial, sua capacidade de transporte é
limitada, modificando o talvegue do mesmo, fazendo com que o fluxo de água ocupe a planície e
terraços com mais frequência, resultando assim em inundações.

       A conscientização sobre a maneira correta de manejo do solo é de extrema importância,
ao passo que o uso correto de curvas de nível em agricultura e locais adequados para pastagens
seriam medidas de melhorias em curto prazo, porém tais soluções são inviáveis financeiramente
para pequenos produtores, estes que recebem pouco incentivo governamental.

       Outra tarefa do poder local seria a melhoria da infra-estrutura de bairros periféricos e
rurais, onde foi observado em campo a falta de equipamento urbano em ruas e estradas vicinais,
como pavimentação em áreas urbanas e canaletas, escadas de dispersão e bacias de captação, a
fim de se controlar o escoamento superficial em estradas vicinais na zona rural.

       De acordo com o Relatório de Situação 2011, do Comitê de Bacia do Sorocaba e Médio
Tietê, as recomendações para melhoria da qualidade ambiental dos municípios de Araçoiaba da
Serra e Capela do Alto contemplam, além do que já foi citado, o investimento na manutenção na
rede de distribuição de água para redução das perdas da rede de drenagem; o incentivo a criação
de associações de bairro, para que a comunidade e o poder público discutam os principais e
problemas para resolvê-los e incentivar o setor industrial a investir em tecnologias e políticas de
redução do uso de recursos naturais no processo de produção.

   5. Conclusões
       Conclui-se deste modo, que a geomorfologia da bacia do Ribeirão Iperó é resultado da
história de exumação dos depósitos sedimentares presentes na Bacia Sedimentar do Paraná e
que hoje se escultura regionalmente através da Depressão Periférica Paulista. Falar sobre a
gênese da área é portanto, discutir a própria evolução deste setor de contato geotectônico e
geomorfológico, tão importante para compreender a paisagem do sudeste brasileiro.

       A partir da integração das análises feitas em campo e os mapeamentos elaborados, foi
possível identificar os problemas ambientais mais relevantes e propor medidas mitigadoras dos
impactos com urgência, pois já são notáveis grandes índices de voçorocamento e eutrofização em
diversos setores da bacia. Devem ser implantados programas de conscientização de moradores,
agricultores e empresários em conjunto com um melhor cumprimento da legislação.

       Espera-se assim, que o trabalho contribua tanto no âmbito da pesquisa acadêmica,
enfatizando a construção do conhecimento geomorfológico local, bem como se configure em
instrumento com indicadores ao planejamento ambiental local.

   6. Referências Bibliográficas
AB’SÁBER, A. N. A depressão periférica paulista: um setor das áreas de circundesnundação

pós-cretácica na bacia do Paraná. Geomorfologia, São Paulo, n. 5, p 1-15, 1969.

CHRISTOFOLETTI, A. - Geomorfologia. Editora Edgard Blucher Ltda e EDUSP, São Paulo, 1980,
2.º ed.188 p.

CUNHA, C. M. L.; MENDES, I. A.; SANCHEZ, M. C. A Cartografia do Relevo: Uma Análise
Comparativa de Técnicas para Gestão Ambiental. Revista Brasileira de Geomorfologia, Ano 4, Nº
1 (2003) 01-09.

MENDES I. A. & CUNHA C. L. Proposta de análise integrada dos Elementos Físicos da paisagem:
um abordagem geomorfológica. Estudos Geográficos, Rio Claro, 3:111-120.
SÃO PAULO – COMITE DA BACIA HIDROGRÁFICA SOROCABA MÉDIO-TIETÊ - Relatório de
Situação 2011. Bacia Sorocaba e Médio Tietê. 2011.

SÃO PAULO – SIGRH. Sistema de Informações para Gerenciamento de Recursos Hídricos do
Estado de São Paulo. (2004) Banco de Dados Pluviométricos, Fluviométricos e Pluviográficos do
Estado de São Paulo (atualizados até dezembro/2004). http://www.sigrh.sp.gov.br. Acessado em
25/05/2011.

VITTE, A. C. Breve história da Geomorfologia no Brasil. Anais do II Encontro Nacional de História
do Pensamento Geográfico. Universidade de São Paulo. 2009.

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  • 1. III Seminário de Pesquisa da APA Itupararanga: Água e Saneamento, desafios à conservação 28 e 29 de Novembro de 2012 Sorocaba – SP _______________________________________________________ Considerações sobre o Papel da Geomorfologia na Identificação de Áreas de Fragilidade Ambiental na Bacia do Ribeirão Iperó, Região de Sorocaba, SP Fernando Neto de Moraes 1; Emerson Martins Arruda 2 nando_moraes@hotmail.com; emersongeo@ufscar.br 1 Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da Universidade Federal de São Carlos – Campus Sorocaba; 2 Prof. Adjunto da Universidade Federal de São Carlos – Campus Sorocaba Resumo O trabalho apresenta uma análise sobre impactos ambientais na bacia do Ribeirão Iperó, a partir do enfoque da Geomorfologia. Tendo em vista o conhecimento obtido através do estudo da dinâmica da paisagem, correlacionando aspectos endógenos e exógenos em uma morfologia, é possível verificar como o homem pode influenciar no ciclo natural de desenvolvimento do relevo de determinada área. O objetivo da pesquisa, portanto, foi analisar a paisagem em uma perspectiva geomorfológica e correlacionar os dados obtidos com a realidade do local. O uso de softwares como o ArcGIS 10 foi essencial na pesquisa, ao passo que a representação das feições de relevo na forma de mapas temáticos são imprescindíveis, e com isso foram gerados diversos mapeamentos. E com isso, a partir de uma base de dados obtidos em trabalhos de campo e pesquisas em gabinete, pôde se fazer uma correlação entre a atuação do homem no meio físico e suas consequências. Palavras-chave Geomorfologia; Impactos Ambientais; morfometria; ArcGIS.
  • 2. 1. Introdução O trabalho é integrado ao Grupo de Estudos do Quaternário da UFSCar, que tem como objetivo de pesquisa a região de Sorocaba, enfatizando a gênese das feições da paisagem regional ao longo do Quaternário, período este tomado por grandes transformações físicas na paisagem, graças às mudanças climáticas e geológicas ocorridas durante esta faixa de tempo. A relevância às bacias hidrográficas como unidade de análise foi essencial no presente trabalho, pois a bacia do Ribeirão Iperó contém uma estrutura determinante no delineamento do relevo da região de estudo. Relevo esse que sofre alteração graças aos processos relacionados à mesma, incluindo a erosão, escoamento e assoreamento, por exemplo, que ao longo de milhares de anos foram capazes de esculpir a região que envolta a bacia, em conjunto de fatores tectônicos. A bacia hidrográfica do Ribeirão Iperó situa-se nos municípios de Araçoiaba da Serra e Capela do Alto na região sudeste do estado de São Paulo. A bacia analisada está inserida nas folhas topográficas de Boituva (SF-23-Y-C-I-4) e Salto do Pirapora (SF-23-Y-C-IV-2) na escala de 1:50.000 publicadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Por ter sua área inserida na Depressão Periférica Paulista, a bacia do Ribeirão Iperó apresenta como altitudes médias as da província geomorfológica citada, entre 500 e 650 metros, porém com a observação dos mapas temáticos elaborados e das cartas topográficas é possível encontrar pontos cotados com mais de 700 metros de altitude no setor de cabeceiras, próximos a rodovia Raposo Tavares (SP-270) e pontos com mais de 800 metros no setor do Maciço de Ipanema (Mapa 01). 2. Objetivos O objetivo da pesquisa se embasou em gerar uma análise sobre a formação do relevo da bacia hidrográfica do Ribeirão Iperó, de acordo com uma perspectiva de atuação humana sobre a paisagem. A partir dos dados obtidos foram gerados documentos cartográficos que possibilitaram um melhor entendimento da dinâmica morfológica do terreno e realizar considerações sobre a qualidade ambiental da área. 3. Método e Técnicas O trabalho se embasou na perspectiva sistêmica, em que se observa o sistema bacia hidrográfica e os fatores de entrada e saída de energia, no caso, o homem tem o papel controlador, este que se apropria do relevo e tem a capacidade de moderar ou expandir os impactos no ciclo natural do relevo. O uso de softwares como o ArcGIS 10 foi essencial na pesquisa, ao passo que a representação das feições de relevo na forma de mapas temáticos são imprescindíveis, e com isso foram gerados diversos mapeamentos, dentre eles os mapas:
  • 3. hipsométrico; declividade; geológico; lineamentos e modelos numéricos do terreno. Tais mapeamentos foram auxiliados pela observação das cartas topográficas da região em conjunto com trabalhos de campo. Mapa 01: Hipsometria da bacia do Ribeirão Iperó. Elaboração: Moraes, 2012.
  • 4. 4. Resultados e Discussão A bacia do Ribeirão Iperó encontra-se entre o par de coordenadas geográficas 23º22’ e 23º43’ Sul, 47º45’ e 47º36’ Oeste, e compreende uma área de 167 km², localizada na região Sudeste do Estado de São Paulo entre os municípios de Araçoiaba da Serra, setor de cabeceiras e Capela do Alto, onde conflui com o Rio Sarapuí, afluente direto do Rio Sorocaba, o nível de base regional. Segundo o SIGRH (Sistema de Informações para o Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo), a bacia do Ribeirão Iperó pertence à Unidade Hidrográfica do Médio Tietê e Sorocaba, que corresponde a uma área de 12.268 km² com 1.654.736 habitantes, sendo que grande parte reside na cidade de Sorocaba com 586.625 habitantes, já as cidades de Araçoiaba da Serra e Capela do Alto (cidades abrangidas pela bacia) somam 48.831 habitantes segundo o censo IBGE de 2010. O município de Araçoiaba da Serra comporta grande parte das nascentes do Ribeirão Iperó, sendo possível observar o grau de devastação (Foto 01) e a posição do sítio urbano da cidade em relação às cabeceiras, mas não pode se deixar de levar em conta as zonas de reflorestamento localizadas próximas áreas urbanas, mas que representam uma pequena parte do que já se foi degradado. Foto 01 – Setor de cabeceiras da bacia sem mata ciliar. Fonte: Moraes 2010.
  • 5. A região de Capela do Alto apresenta elevado índice de devastação, porém preserva em maior grau as matas galerias relevantes ao Ribeirão Iperó, principalmente na área relacionada ao setor de baixa bacia, próximo do Rio Sarapuí. Em relação ao processo histórico, dos séculos XVIII e XIX, com a exploração mineral ocorrida na área de estudos. Esta atividade, bem como a retirada da cobertura vegetal, alterou significativamente a topografia de alguns setores, aparentemente camuflados pela pedogênese e retomada da cobertura vegetal. Aos olhos desatentos, a interpretação da paisagem pode ser equivocada caso esta aglutinação de diferentes temporalidades não seja levada em consideração, bem como o papel de cada uma na evolução da paisagem local e regional. Um procedimento importante para a análise ambiental foi a fotointerpretação de imagens Landsat disponibilizadas pelo Google Earth. Isto se deve ao fato de que mesmo com idas a campo existem lugares de difícil acesso por serem em relevo acidentado ou propriedades privadas, e com isso as imagens de satélite obtidas com o programa facilitam a visualização de problemas ambientais mais expressivos e que necessitariam de fiscalização mais efetiva. A figura 1 ilustra o caso apresentado, sendo possível verificar área com solo exposto, próximo a represamentos. A falta de práticas de manejo pode desencadear diversos impactos ambientais, sendo geralmente não são realizados acompanhamentos técnicos na construção de represas e barragens, alterando o regime hidrológico, intensificando os processos de voçorocamentos e assoreamento dos cursos fluviais. Figura 01 – Imagem de satélite evidenciando represamentos próximos a áreas com solo exposto em setor de alta bacia. Fonte: Google Earth. A imagem acima representa uma área à montante da Bacia do Ribeirão Iperó, próxima a divisa entre os municípios de Capela do Alto e Araçoiaba da Serra. Tal localidade apresenta uma grande quantidade de represamentos em pequenos sítios e chácaras, e que muitas vezes não demonstram infra-estrutura adequada para a construção de aterros.
  • 6. Outro fator relevante é a presença dos sítios urbanos de Capelo do Alto e Araçoiaba da Serra no setor de cabeceiras da bacia do Ribeirão Iperó, sendo que as áreas de recarga hidrológica são fortemente afetadas pela impermeabilização das vertentes, intensificando o escoamento superficial. Tais alterações implicam no aumento dos processos erosivos e até contaminação de águas. As figuras 02 e 03 demonstram diferentes momentos da expansão urbana de Capela do Alto. Ambas as imagens representam a mesma área nos anos de 2003 e 2011 respectivamente, mostrando o avanço da ocupação neste período. Pode se notar a contínua falta de cuidado com as nascentes do Ribeirão Iperó e a má infra-estrutura do próprio bairro, sem pavimentação e nenhum controle de escoamento superficial. Infelizmente, esta situação não é a única, mas generalizada não apenas no contexto regional, mas no próprio modelo de expansão urbana ocorrida no país a partir da década de 70. Processo este que envolveu a aprovação de loteamentos sem o devido planejamento ou até mesmo licença para tal. Figura 02 – Imagem de satélite com área de Capela do Alto em 2003. Fonte: Google Earth.
  • 7. Figura 03 – Imagem de satélite com área de Capela do Alto em 2011. Fonte: Google Earth. As características da área de estudo expostas no decorrer do trabalho permitem que sejam feitas considerações sobre os impactos gerados. Mendes & Cunha (2005) colocam que “é necessário analisar o relevo como elemento de suporte para atuação antrópica”, demonstrando o importante papel do homem em participar ativamente em transformações do sistema bacia hidrográfica. Na bacia do Ribeirão Iperó, os maiores problemas encontrados são os processos erosivos, assoreamento de rios, desmatamento em áreas de cobertura vegetal natural e ocupações irregulares. Os processos erosivos são geralmente causados pelo manejo inadequado do solo, onde áreas com interflúvios mamelonizados e dissecados oferecem maior energia para os cursos fluviais, e com isso, tendem a evadir suas margens com maior intensidade. Portanto quando são feitas de forma inadequada, curvas de nível em agricultura e pastagens em áreas de vertentes acentuadas, o escoamento superficial tende a remover o solo formando por ravinamentos e consequentemente por voçorocamentos. O assoreamento dos rios é intrínseco à erosão, pois com o maior carreamento de sedimentos trazidos pelo curso fluvial, sua capacidade de transporte é limitada, modificando o talvegue do mesmo, fazendo com que o fluxo de água ocupe a planície e terraços com mais frequência, resultando assim em inundações. A conscientização sobre a maneira correta de manejo do solo é de extrema importância, ao passo que o uso correto de curvas de nível em agricultura e locais adequados para pastagens seriam medidas de melhorias em curto prazo, porém tais soluções são inviáveis financeiramente para pequenos produtores, estes que recebem pouco incentivo governamental. Outra tarefa do poder local seria a melhoria da infra-estrutura de bairros periféricos e rurais, onde foi observado em campo a falta de equipamento urbano em ruas e estradas vicinais,
  • 8. como pavimentação em áreas urbanas e canaletas, escadas de dispersão e bacias de captação, a fim de se controlar o escoamento superficial em estradas vicinais na zona rural. De acordo com o Relatório de Situação 2011, do Comitê de Bacia do Sorocaba e Médio Tietê, as recomendações para melhoria da qualidade ambiental dos municípios de Araçoiaba da Serra e Capela do Alto contemplam, além do que já foi citado, o investimento na manutenção na rede de distribuição de água para redução das perdas da rede de drenagem; o incentivo a criação de associações de bairro, para que a comunidade e o poder público discutam os principais e problemas para resolvê-los e incentivar o setor industrial a investir em tecnologias e políticas de redução do uso de recursos naturais no processo de produção. 5. Conclusões Conclui-se deste modo, que a geomorfologia da bacia do Ribeirão Iperó é resultado da história de exumação dos depósitos sedimentares presentes na Bacia Sedimentar do Paraná e que hoje se escultura regionalmente através da Depressão Periférica Paulista. Falar sobre a gênese da área é portanto, discutir a própria evolução deste setor de contato geotectônico e geomorfológico, tão importante para compreender a paisagem do sudeste brasileiro. A partir da integração das análises feitas em campo e os mapeamentos elaborados, foi possível identificar os problemas ambientais mais relevantes e propor medidas mitigadoras dos impactos com urgência, pois já são notáveis grandes índices de voçorocamento e eutrofização em diversos setores da bacia. Devem ser implantados programas de conscientização de moradores, agricultores e empresários em conjunto com um melhor cumprimento da legislação. Espera-se assim, que o trabalho contribua tanto no âmbito da pesquisa acadêmica, enfatizando a construção do conhecimento geomorfológico local, bem como se configure em instrumento com indicadores ao planejamento ambiental local. 6. Referências Bibliográficas AB’SÁBER, A. N. A depressão periférica paulista: um setor das áreas de circundesnundação pós-cretácica na bacia do Paraná. Geomorfologia, São Paulo, n. 5, p 1-15, 1969. CHRISTOFOLETTI, A. - Geomorfologia. Editora Edgard Blucher Ltda e EDUSP, São Paulo, 1980, 2.º ed.188 p. CUNHA, C. M. L.; MENDES, I. A.; SANCHEZ, M. C. A Cartografia do Relevo: Uma Análise Comparativa de Técnicas para Gestão Ambiental. Revista Brasileira de Geomorfologia, Ano 4, Nº 1 (2003) 01-09. MENDES I. A. & CUNHA C. L. Proposta de análise integrada dos Elementos Físicos da paisagem: um abordagem geomorfológica. Estudos Geográficos, Rio Claro, 3:111-120.
  • 9. SÃO PAULO – COMITE DA BACIA HIDROGRÁFICA SOROCABA MÉDIO-TIETÊ - Relatório de Situação 2011. Bacia Sorocaba e Médio Tietê. 2011. SÃO PAULO – SIGRH. Sistema de Informações para Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo. (2004) Banco de Dados Pluviométricos, Fluviométricos e Pluviográficos do Estado de São Paulo (atualizados até dezembro/2004). http://www.sigrh.sp.gov.br. Acessado em 25/05/2011. VITTE, A. C. Breve história da Geomorfologia no Brasil. Anais do II Encontro Nacional de História do Pensamento Geográfico. Universidade de São Paulo. 2009.