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- Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho, nasceu em
Recife, Pernambuco em 1886. Morou um tempo no Rio de Janeiro e
depois se mudou para São Paulo em 1904, onde ingressou na
faculdade de arquitetura, mas precisou abandonar, pois contraiu
tuberculose.
- Em 1913 viajou para a Suíça, em busca de cura e ficou mais de um
ano internado. Nesse período, Bandeira conhece o futuro famoso
poeta francês Paul Éluard e este o mantém a par das inovações
artísticas na Europa. Discutem sobre a possibilidade de fazer versos
livres, o que mais tarde, realmente acontece, pois Manuel Bandeira
ficou conhecido como o mestre dos versos livres.
- Ingressou na literatura, em 1917, com o livro "A Cinza Das Horas", de
influência Parnasiana e Simbolista. Em 1919 publicou "Carnaval", que
representou sua entrada no movimento modernista.
- Para a Semana de Arte Moderna enviou o poema "Os Sapos", que
lido por Ronald de Carvalho, tumultuou o Teatro Municipal. Bandeira
vai se encaixando cada vez mais no modernismo com suas obras
posteriores.
- Faleceu em 1968, no Rio de Janeiro, vítima de uma hemorragia
gástrica.
- A força de sua poesia está na
simplicidade da
linguagem, coloquial e
densa, despojada e
plurissignificativa ao mesmo
tempo. Segundo o próprio
poeta, "o grande mistério está
na simplicidade", ou seja, em
exprimir com grande singeleza
conteúdos humanos profundos.
- Alma romântica, remodelada pelo
existencialismo do século XX, sem
sentimentalismos e sem
idealizações, seus temas são a paixão pela
vida, o conformismo com a morte, o amor
e o erotismo, a solidão, a angústia
existencial, a infância, as ações mecânicas
do cotidiano. A própria doença
(tuberculose) o assombrou desde a
adolescência e o fez crer que a qualquer
momento morreria.
- Essa presença da morte, vista de modo melancólico e
resignado, mas nunca trágico ou dramático, faz de sua
poesia um dos mais comoventes testemunhos
da humildade. Por conta disso, ao recriar suas
experiências pessoais, acaba conferindo a elas um valor
universal, em que temas e sentimentos atingem a
todos..
rio...
Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.
Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas..."
Urra o sapo-boi:
- "Meu pai foi rei!"- "Foi!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".
Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- A grande arte é como
Lavor de joalheiro.
Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo".
Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas,
- "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!".
Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Veste a sombra imensa;
Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é
Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio...
1. “Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.”
1. Nos
versos, Bandeira
ironiza o jeito
Parnasiano de
escrever. Sendo que
antes, as únicas rimas
válidas eram aquelas
que rimavam classes
gramaticais
diferentes.
2. “Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.”
2. O autor ressalta a
estética Parnasiana de
forma sarcástica.
3. “Brada em um
assomo
O sapo-tanoeiro:
- A grande arte é como
Lavor de joalheiro.
Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo”.
3. Manuel Bandeira
também faz uma
alusão irônica aos
poemas que
valorizam a
descrição dos
objetos e da
escultura clássica.
4. “ Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio…”
4. Citação de uma
cantiga popular
brasileira.
- Além do conteúdo
temático, o poeta faz
algumas construções
estruturais que dão sentido
ao tema. Uma destas
construções é o uso de
aliterações em “p” e “b” e as
assonâncias em “u” e “a”
que remetem o som do
pulo dos sapos, assim
como, o jogo de palavras
em ” Não foi! – Foi! – Não
foi!” que faz analogia ao
coaxar dos sapos.
- O poeta moderno não utiliza a
forma como meio de compor o
tema, mas também, como forma de
compor a ironia temática presente
no texto. Por exemplo, a composição
de todos os versos com a mesma
métrica (cinco sílabas) faz parte da
proposta parnasiana. No entanto, o
poema é criado em redondilhas
menores, isto é, a forma mais
simples de se compor as sílabas
poéticas, o que para os parnasianos
é inaceitável, já que eles louvavam a
sofisticação e não a simplicidade.
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Manuel bandeira

  • 1.
  • 2.
  • 3. - Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho, nasceu em Recife, Pernambuco em 1886. Morou um tempo no Rio de Janeiro e depois se mudou para São Paulo em 1904, onde ingressou na faculdade de arquitetura, mas precisou abandonar, pois contraiu tuberculose. - Em 1913 viajou para a Suíça, em busca de cura e ficou mais de um ano internado. Nesse período, Bandeira conhece o futuro famoso poeta francês Paul Éluard e este o mantém a par das inovações artísticas na Europa. Discutem sobre a possibilidade de fazer versos livres, o que mais tarde, realmente acontece, pois Manuel Bandeira ficou conhecido como o mestre dos versos livres. - Ingressou na literatura, em 1917, com o livro "A Cinza Das Horas", de influência Parnasiana e Simbolista. Em 1919 publicou "Carnaval", que representou sua entrada no movimento modernista. - Para a Semana de Arte Moderna enviou o poema "Os Sapos", que lido por Ronald de Carvalho, tumultuou o Teatro Municipal. Bandeira vai se encaixando cada vez mais no modernismo com suas obras posteriores. - Faleceu em 1968, no Rio de Janeiro, vítima de uma hemorragia gástrica.
  • 4.
  • 5. - A força de sua poesia está na simplicidade da linguagem, coloquial e densa, despojada e plurissignificativa ao mesmo tempo. Segundo o próprio poeta, "o grande mistério está na simplicidade", ou seja, em exprimir com grande singeleza conteúdos humanos profundos. - Alma romântica, remodelada pelo existencialismo do século XX, sem sentimentalismos e sem idealizações, seus temas são a paixão pela vida, o conformismo com a morte, o amor e o erotismo, a solidão, a angústia existencial, a infância, as ações mecânicas do cotidiano. A própria doença (tuberculose) o assombrou desde a adolescência e o fez crer que a qualquer momento morreria. - Essa presença da morte, vista de modo melancólico e resignado, mas nunca trágico ou dramático, faz de sua poesia um dos mais comoventes testemunhos da humildade. Por conta disso, ao recriar suas experiências pessoais, acaba conferindo a elas um valor universal, em que temas e sentimentos atingem a todos..
  • 6.
  • 7. rio... Enfunando os papos, Saem da penumbra, Aos pulos, os sapos. A luz os deslumbra. Em ronco que aterra, Berra o sapo-boi: - "Meu pai foi à guerra!" - "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!". O sapo-tanoeiro, Parnasiano aguado, Diz: - "Meu cancioneiro É bem martelado. Vede como primo Em comer os hiatos! Que arte! E nunca rimo Os termos cognatos. O meu verso é bom Frumento sem joio. Faço rimas com Consoantes de apoio. Vai por cinquenta anos Que lhes dei a norma: Reduzi sem danos A fôrmas a forma. Clame a saparia Em críticas céticas: Não há mais poesia, Mas há artes poéticas..." Urra o sapo-boi: - "Meu pai foi rei!"- "Foi!" - "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!". Brada em um assomo O sapo-tanoeiro: - A grande arte é como Lavor de joalheiro. Ou bem de estatuário. Tudo quanto é belo, Tudo quanto é vário, Canta no martelo". Outros, sapos-pipas (Um mal em si cabe), Falam pelas tripas, - "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!". Longe dessa grita, Lá onde mais densa A noite infinita Veste a sombra imensa; Lá, fugido ao mundo, Sem glória, sem fé, No perau profundo E solitário, é Que soluças tu, Transido de frio, Sapo-cururu Da beira do rio...
  • 8.
  • 9. 1. “Vede como primo Em comer os hiatos! Que arte! E nunca rimo Os termos cognatos.” 1. Nos versos, Bandeira ironiza o jeito Parnasiano de escrever. Sendo que antes, as únicas rimas válidas eram aquelas que rimavam classes gramaticais diferentes. 2. “Vai por cinquenta anos Que lhes dei a norma: Reduzi sem danos A fôrmas a forma.” 2. O autor ressalta a estética Parnasiana de forma sarcástica. 3. “Brada em um assomo O sapo-tanoeiro: - A grande arte é como Lavor de joalheiro. Ou bem de estatuário. Tudo quanto é belo, Tudo quanto é vário, Canta no martelo”. 3. Manuel Bandeira também faz uma alusão irônica aos poemas que valorizam a descrição dos objetos e da escultura clássica. 4. “ Que soluças tu, Transido de frio, Sapo-cururu Da beira do rio…” 4. Citação de uma cantiga popular brasileira.
  • 10. - Além do conteúdo temático, o poeta faz algumas construções estruturais que dão sentido ao tema. Uma destas construções é o uso de aliterações em “p” e “b” e as assonâncias em “u” e “a” que remetem o som do pulo dos sapos, assim como, o jogo de palavras em ” Não foi! – Foi! – Não foi!” que faz analogia ao coaxar dos sapos. - O poeta moderno não utiliza a forma como meio de compor o tema, mas também, como forma de compor a ironia temática presente no texto. Por exemplo, a composição de todos os versos com a mesma métrica (cinco sílabas) faz parte da proposta parnasiana. No entanto, o poema é criado em redondilhas menores, isto é, a forma mais simples de se compor as sílabas poéticas, o que para os parnasianos é inaceitável, já que eles louvavam a sofisticação e não a simplicidade.