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Sumário
Introdução
1. Breve Panorâmica Histórica da Ortografia Portuguesa
• Primeira Etapa: a Revolução Ortográfica Republicana de 1911
• Segunda Etapa: Primeiro Acordo Ortográfico de 1931, entre o Brasil e Portugal
• Terceira Etapa: A Revisão Ortográfica de 1943-1945
• Quarta Etapa: Modificações de 1971, 1973 e 1975
• Quinta Etapa: da Tentativa de Acordo de 1986 ao Novo Acordo Ortográfico de
1990
• Sexta Etapa: O Novo Acordo Ortográfico
2. A Nova Ortografia
• 1. Alfabeto
• 2. Emprego de minúsculas e maiúsculas
• 3. Acentuação gráfica
• 4. As grafias duplas
• 5. Supressão de consoantes mudas ou não articuladas
• 6. a Extinção do Trema
• 7. Hifenação
3. Críticas à Nova Ortografia
Conclusões
Referências Bibliográficas
2
Introdução
Neste diaporama abordaremos a problemática do Novo Acordo
Ortográfico da Língua Portuguesa, na perspetiva da evolução
ortográfica do Português, passando brevemente em revista as
revisões ortográficas, as tentativas de unificação e de
simplificação ortográficas, os acordos e desacordos que, desde a
instauração da República até aos nossos dias, se têm produzido.
Enfim, enunciaremos as principais mudanças ocorridas na nova
ortografia e as críticas que as mesmas têm suscitado.
3
A língua de Camões, a última flor de Lácio,
a doce língua Portuguesa, foi-se
espalhando pelo mundo desde os séculos
XV e XVI, acompanhando o passo da
construção do Império Português, que se
foi progressiva e metodicamente
construindo, dos Açores ao Japão e à
China, pelo meio ficando percorrida toda a
costa africana e achado o Brasil.
4
Podemos definir o século XVI, como o Século de Ouro
Português e, consequentemente, o Século de Ouro da Língua
Portuguesa que, então, com cerca de um milhão de falantes,
foi levada para todos os cantos do mundo pelos navegadores,
guerreiros, mercadores, marinheiros, missionários, etc.,
tornando-se língua franca, ocupando, nessa altura, o lugar que
hoje tem o inglês, o de língua hiper-central, na galáxia das
línguas do mundo. Impunha-se, então, a presença a bordo de
um intérprete de português nos navios espanhóis,
holandeses, franceses, ingleses, italianos, etc.
5
De há cem anos para cá a língua portuguesa passa do oitavo
para o quinto lugar da lista das línguas maternas
mais faladas do mundo, tendo ultrapassado o polaco e
o italiano apenas em 1935.
6
Há hoje cerca de 240 milhões de falantes de português no mundo:
Brasil (190 milhões), Moçambique (20 milhões), Angola (17 milhões),
Portugal (11 milhões), Guiné-Bissau (1,5 milhões), Timor (1 milhão),
Cabo Verde (0,5 milhões), S. Tomé e Príncipe (152 mil).
7
Segundo projeções baseadas na evolução demográfica dos oito
países de língua oficial portuguesa, o número de falantes pode
totalizar 335 milhões em 2050.
Acima do Português, no ranquingue das línguas maternas mais
faladas do mundo encontra-se o mandarim (874 milhões de
falantes), o hindi (366), o espanhol (358) e o inglês (341
milhões).
8
Mas, apesar dos seus cerca de 240 milhões de falantes, o
Português, a terceira língua ocidental com maior número de
locutores, apenas atrás do inglês e do espanhol, é uma língua
quase desconhecida internacionalmente e sem a importância
que devia ter no ensino, nas organizações internacionais, na
cultura, na literatura, no comércio, etc. Deve-se tal situação à
péssima política e prática das gentes que a falam e, como já o
dizia António Ferreira no século XVI:
Floreça, fale, cante, ouça-se e viva
A portuguesa língua, e já, onde for,
Senhora vá de si, soberba e altiva.
Se tèqui esteve baixa e sem louvor,
Culpa é dos que a mal exercitaram,
Esquecimento nosso e desamor. (...)
António Ferreira
1528-1569
Carta a Pêro Andrade Caminha
Todos estos exemplos trouxemos,
pera mostrar claramente que não ha lingoa algua pura,
nem a houve sem ter mistura de outras lingoas.
Duarte Nunes de Leão
(1530?-1608), historiador português, em Origem da Lingoa Portuguesa
10
Com efeito, a questão ortográfica é um dos capítulos mais
atormentados da história linguística portuguesa. Ao contrário
do espanhol, que nos fins do século XV encontrou em Nebrija o
seu codificador tanto da grafia como da gramática (...),
o português manteve até ao princípio do século
em que estamos uma grafia tradicional inspirada
em etimologias um tanto arbitrárias.
Giuseppe Tavani (1987),
citando Edwin B. Williams (1938), From Latin do Portuguese
11
In Dicionário Houaiss (2003). Lisboa: Círculo de Leitores
Ortografia
Palavra de origem grega orto-
(reto, direito, correto, normal)
e -grafia (representação escrita
de uma palavra), é:
o conjunto de regras
estabelecidas pela gramática
normativa que ensina a grafia
correta das palavras.
12
Datada deste porto seguro
davosa jlha da vera cruz
oje sesta feira primeiro de
mayo de 1500…
Até ao século XVI, vigorava uma grafia fonética: a representação
escrita dos sons da fala, não existindo nem norma, nem padrão.
Disso é testemunho, a célebre carta de Pero Vaz de Caminha sobre a
descoberta, achamento ou invenção do Brasil, dirigida ao rei venturoso,
D. Manuel I.
13
Em 1576, Duarte Nunes
de Leão publicou a sua
Orthographia da
Lingoa Portuguesa ,
onde a própria palavra
ortografia aparece
grafada com th e ph)
Mas, com o advento do Renascimento, relega-se, apesar de mais
simples, a ortografia fonética para segundo plano e recua-se no
tempo, retornando-se ao latim que adquirira, então, prestígio.
Queria-se fazer com que a língua portuguesa ganhasse status de
língua de cultura e, assim, se aproximasse do dito padrão clássico,
valorizando-se os grupos ch (com som de k), ph, rh, th.
Por exemplo, a palavra tipografia era grafada typographia e a
ortografia de hoje era então orthographia.
14
Orthographia ou Arte para Escrever Certo na Língua Portuguesa (1633) de Álvaro Ferreira de Vera.
Pseudo-etimológico é o
nome que se dá ao período
entre os séculos XVI e XX,
quando se passa a grafar
algumas palavras com ph, rh, th
e a colocar o elegante y até em
palavras que na sua origem não
o tinham: lírio
-em grego leírion
-em latim lilìum
Passa-se a grafar lyrio, com y,
sem razão plausível. Passam
também a ser valorizadas
formas gráficas restauradas,
com base no latim:
- regno por reino;
- fructo por fruto.
15
Luís António Verney (1713-1792) advogava já
na sua obra de 1746, Verdadeiro Método
de Estudar, a simplificação da nossa língua
e propunha a supressão das letras
dobradas quando não pronunciadas, do
uso do c antes do t, do ch por /k/ e,
sobretudo, a supressão das consoantes
não pronunciadas como o g e o h.
Propostas que só muito depois foram
levadas à prática, com muitas polémicas,
avanços e retrocessos que duram até
hoje.
Gonçalves Viana, na mesma linha, considerava que
o domínio da escrita não deveria ser privilégio de
poucos, mas sim, abranger o maior número possível
de pessoas:
a ortografia etimológica é : uma superstição
herdada, um erro científico, filho de um
pedantismo que (...) assoberbou os deslum-
brados adoradores da antiguidade clássica.
17
A ortografia, no início do século XX, encontrava-se
mergulhada num grande caos, em que cada indivíduo
escrevia do modo que mais lhe agradava, ou seja, cada
um utilizava a sua própria ortografia, como muitos o
querem fazer, de resto, ainda hoje.
18
Em vez de uma reforma radical e definitiva, como fizeram
outras línguas, as doses homeopáticas no português
obrigaram a que de 50 em 50 anos seja feita nova reforma.
Alguns avanços já previstos na proposta de 1907 ainda não
foram postos em prática, como a solução das grafias duplas
x/ch, g/j, etc. Ao contrário do português, línguas como o
italiano, o galego e o catalão já tinham encontrado soluções
para tais casos, que deveriam inspirar as mudanças
necessárias no português. O italiano e o romeno são as
línguas românicas com sistemas ortográficos mais simples e
coerentes. E a grafia do italiano não sofre alterações
significativas desde o século XVI.
Aldo Bizzocchi
19
A ortografia francesa é incomparavelmente mais complicada e
mais defeituosa do que a portuguesa; mas pelo menos está (como
a inglesa e a alemã) frisada com rigor; tem sistema pelo qual
todos se regulam.
A castelhana e a italiana, pelo contrário. - Os idiomas, portanto,
que são mais intimamente aparentados com o português -
possuem há mais de um século ortografias excelentes,
simplificadas racionalmente pelas respetivas Academias.
Carolina Michaëlis
1851- 1925
20
Equiparar a nossa a essas duas, seguindo mutatis
mutandis os mesmos princípios que nelas deram
ótimo resultado, regularizar e simplificar,
baseando-nos na história cientificamente estudada
do vocabulário nacional - eis o que convém fazer.
Carolina Michaëlis
1851- 1925
21
Neste documento
brasileiro de 1854
pode-se constatar,
entre outras coisas,
o uso das consoantes
duplas .
.
22
.
23
1. Breve Panorâmica Histórica da
Ortografia da Língua Portuguesa
•Primeira Etapa - A Revolução Ortográfica Republicana de 1911
•Segunda Etapa - Primeiro Acordo Ortográfico de 1931, entre o
Brasil e Portugal
•Terceira Etapa - A Revisão Ortográfica de 1943-1945
Tentativa de retorno à etimologia por parte de Portugal e a
recusa do Brasil
•Quarta Etapa - Modificações de 1971, 1973, 1975
•Quinta Etapa – Tentativa de O Acordo de 1986 ao Novo Acordo
Ortográfico de 1990
•Sexta Etapa – O Novo Acordo Ortográfico de 1990
24
Como vimos, até ao século XX a escrita da língua portuguesa era de
cariz etimológico ou pseudo-etimológico e a ortografia reinava sem
rei nem roque, em que cada um escrevia como queria.
É a partir de 1885 que a grafia da língua portuguesa começa a
deslocar o eixo da etimologia e, sobretudo, da pseudo-etimologia
para a fonetização, com a publicação de As Bases da Ortografia
Portuguesa e da publicação, em 1904, de Ortografia Nacional.
Simplificação e Uniformização Sistemática das Ortografias
Portuguesas de Gonçalves Viana, filólogo, linguista, foneticista e
lexicógrafo português. Estas duas publicações de Gonçalves Viana
vão, num primeiro momento, motivar, em 1907, a Academia
Brasileira de Letras a simplificar a escrita e, num segundo momento,
servir de base ao trabalho da comissão nomeada pelo governo
republicano para estabelecer uma ortografia simplificada e uniforme .
Primeira Etapa
A Revolução Ortográfica Republicana de 1911:
da Orthographia à Ortografia
25
Em 1911 uma comissão de filólogos reuniu-se em Portugal
para oficializar a nova ortografia.
À Comissão de Reforma Ortográfica, para além do seu mentor
Gonçalves Viana fizeram parte Carolina Michaëlis, Cândido de
Figueiredo, Adolfo Coelho, Leite de Vasconcelos, Gonçalves
Guimarães, Ribeiro de Vasconcelos, Júlio Moreira, José
Joaquim Nunes e Borges Grainha.
Em 1915, a Academia Brasileira de Letras resolve harmonizar a
sua ortografia com a portuguesa, seguindo os padrões da
reforma lusitana de 1911.
Em 1919, o Brasil revoga a resolução de 1915, acabando com a
ideia de simplificação, iniciada no projeto de 1907, acabando
com a reforma e regredindo para a etimologia que tanto
combateu antes.
Portugal aplicava a nova ortografia, marcada pela simplificação.
26
Num país atrasadíssimo quanto à instrução e
educação, o que importa é facilitar o ensino da
leitura e escrita; acabar com todas as
complicações desnecessárias; eliminar todos os
artifícios eruditos; abreviar a aprendizagem de
sorte que os professores ganhem tempo para
realmente fertilizarem as almas com noções
sólidas de saber e as boas doutrinas cívicas da
solidariedade social, do pacifismo e do
altruísmo. Por que (será preciso lembrá-lo?) o
ensino elementar da leitura escrita não é fim,
mas apenas meio, indispensável para o
desenvolvimento da faculdade de pensar,
raciocinar, julgar, protestar e emendar o que
encontramos de imperfeito e obnóxio no
nosso caminho: faculdades, sem as quais não
pode haver verdadeira liberdade…
Carolina Michaëlis
1851- 1925
Primeira mulher, em 1911,
convidada para professora da
Faculdade de Letras de Lisboa,
transfere-se para a
Universidade de Coimbra.
27
Com relação à estética e à ética, bastará perguntar, se a
ordem, a disciplina é, ou não, mais bela do que a desordem e
a anarquia?
A coerência preferível à incoerência?
A simplicidade superior a enfeites e arrebiques supérfluos?
É verdade, ou não, que as deficiências gráficas do português
lhe darão ares de inculto; em especial, se o compararmos com
outras línguas?
Carolina Michaëlis
1851- 1925
28
• Supressão de todos os símbolos da etimologia grega: th, ph, ch (= k), rh e y
diphthongo (ditongo)
phosphoro (fósforo)
lyrio (lírio)
orthographia (ortografia)
phleugma (fleuma)
exhausto (exausto)
estylo (estilo)
• Redução das consoantes dobradas, com exceção de rr e ss;
• Eliminação das consoantes nulas, quando não influíssem na pronúncia da
vogal anterior (psalmo – salmo; prompto - pronto);
• Regularização da acentuação gráfica.
Da Orthographia à Ortografia
Placas como estas ficaram para trás, depois da revolução
ortográfica republicana de Gonçalves Viana, de 1911:
31
A CIDADE E AS SERRAS (ed.1901)
Eça Queiroz
O meu amigo Jacintho nasceu n'um palacio,
com cento e nove contos de renda em terras de
semeadura, de vinhedo, de cortiça e d’olival. No
Alemtejo, pela Extremadura, atravez das duas
Beiras, densas sebes ondulando por collina e
valle, muros altos de boa pedra, ribeiras,
estradas, delimitavam os campos d’esta velha
familia agricola que já entulhava grão e
plantava cepa em tempos d'el-rei D. Diniz. A sua
quinta e casa senhorial de Tormes, no Baixo
Douro, cobriam uma serra. Entre o Tua e o
Tinhela, por cinco fartas legoas, todo o torrão
lhe pagava fôro. E cerrados pinheiraes seus
negrejavam desde Arga até ao mar d'Ancora.
Mas palacio onde Jacintho nascêra, e onde
sempre habitára, era em Paris, nos Campos
Elyseos, n.º 202.
32
Esta ortografia utilizada por Eça de Queirós (Queiroz, escrita da
época) em A Cidade e as Serras foi modificada uma década
depois, pela Reforma Ortográfica de 1911, nomeadamente:
• a supressão de todos os símbolos da etimologia grega: th, ph,
ch (= k), rh e y. Jacintho (Jacinto, depois de 1911), e Elyseos
(hoje Elíseos).
• Foram introduzidas inúmeras regras de acentuação gráfica,
nomeadamente nas palavras esdrúxulas: palácio (antes
palacio), família (antes familia), agrícola (antes agricola) e
léguas (antes legoas).
• Foram eliminadas as consoantes dobradas, com exceção de rr
e ss : colina (antes collina), vale (antes valle).
• A regra estabelecida no interior dos vocábulos é a nasalidade
da vogal expressa por m antes de b, p e por n em qualquer
outra situação. Alentejo , hoje e antes de 1911, Alemtejo.
33
Esta ortografia utilizada por Eça de Queirós (Queiroz, escrita da
época) em A Cidade e as Serras foi, igualmente, modificada em
1943, nomeadamente:
• Distinção gráfica entre s de fim de sílaba (inicial ou interior) e
x e z com idêntico valor fónico (Extremadura passa nessa
altura a Estremadura) e também a distinção gráfica entre s
final de palavra e x e z com idêntico valor fónico (Diniz passa
então a Dinis).
• Foi substituído o EZ final pelo ÉS ou ÊS: através (antes
atravez).
• Suprime-se o acento circunflexo diferencial nas letras e e o
da sílaba tónica, com exceção de pôde. Assim fôro passou a
grafar-se foro e nascêra passou a nascera.
• Foram substituídos nos plurais os ES por IS: pinheirais (antes
pinheraes).
34
Esta ortografia utilizada por Eça de Queirós (Queiroz, escrita da
época) em A Cidade e as Serras foi modificada em 1945,
nomeadamente:
• A Base XXXIII do Acordo de 1945 consagra a
inadmissibilidade do uso do apóstrofo em uniões vocabulares
perfeitas ou de uso corrente. Portanto as expressões num
(antes n’um); de Olival (antes d’Olival) deixaram de ser
usadas mais de cinquenta anos depois de Eça as ter escrito.
35
Imaginem esta palavra phase, escripta assim: fase.
Não nos parece uma palavra, parece-nos um esqueleto (...)
Affligimo-nos extraordinariamente, quando pensamos que
haveriamos de ser obrigados a escrever assim!
Alexandre Fontes
In A Questão Orthographica, Lisboa, 1910, p. 9
Reações à ortografia de 1911
1
36
Na palavra lagryma, (...) a forma da y é lacrymal; estabelece
(...) a harmonia entre a sua expressão gráfica ou plástica e a
sua expressão psicológica; substituindo-lhe o y pelo i é
ofender as regras da Estética. Na palavra abysmo, é a forma
do y que lhe dá profundidade, escuridão, mistério...
Escrevê-la com i latino é fechar a boca do abismo, é
transformá-lo numa superfície banal.
Teixeira de Pascoaes
1877-1952
Reações à ortografia de 1911
2
37
Minha patria é a lingua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou
tomassem Portugal, desde que não me incommodassem pessoalmente,
Mas odeio, com odio verdadeiro, com o unico odio que sinto, não quem
escreve mal portuguez, não quem não sabe syntaxe, não quem escreve
em orthographia simplificada, mas a pagina mal escripta, como pessoa
própria, a syntaxe errada, como gente em que se bata, a orthographia
sem ípsilon, como escarro directo que me enoja independentemente de
quem o cuspisse.
Sim, porque a orthographia também é gente. A palavra é completa vista e
ouvida. E a gala da transliteração greco-romana veste-m'a do seu vero
manto régio, pelo qual é senhora e rainha.
Fernando Pessoa
(Bernardo Soares)
Texto publicado originariamente em "Descobrimento", revista de Cultura n.º 3, 1931, pp. 409-410,
transcrito do "Livro do Desassossego", por Bernardo Soares (heterónimo de Fernando Pessoa), numa
recolha de Maria Aliete Galhoz e Teresa Sobral Cunha; ed. de Jacinto do Prado Coelho, Lisboa, Ática,
1982 vol. I, p. 16-17. Respeitou-se a ortografia da época de Fernando Pessoa.
Reações à ortografia de 1911
3
38
Segunda Etapa:
Primeiro Acordo Ortográfico de 1931 entre o
Brasil e Portugal
1924 – A Academia de Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira
de Letras começam a procurar uma grafia comum.
1929 – A Academia Brasileira de Letras altera as regras de escrita
baseada na etimologia e retoma o caminho da simplificação.
1931 – Por iniciativa da Academia Brasileira de Letras e da
Academia das Ciências de Lisboa, foi aprovado o primeiro Acordo
Ortográfico entre Brasil e Portugal, cujo objetivo consistia em
suprimir as diferenças, unificar e simplificar a língua portuguesa,
objetivos de 1911. Tratou-se pois de aplicar nos dois países de
língua portuguesa a ortografia portuguesa de 1911.
39
Ironicamente, acabariam os brasileiros com todas as
oscilações entretanto verificadas, a escrever segundo
orientações etimológicas ou pseudo-etimológicas, até 1930.
40
1934 – A Constituição Brasileira revoga o acordo de 1931 e
retorna ao passado, mais precisamente a 1891: a ortografia
voltará então a ser orthographia.
No Brasil a ortografia retorna ao Hontem recuando meio século, como
se vê nesta reunião de escritores célebres em 1936.
41
Pode, igualmente, constatar-se neste documento o retorno às
consoantes duplas e mudas.
42
E se o Brasil regrediu meio século na sua ortografia não foi tanto
por amor à etimologia da qual, ao fim e ao cabo, nunca foi
adepto, mas pelo surto de nacionalismo ou patriotismo que se
caracterizava, sobretudo, por renegar o país ex-colonizador e,
consequentemente, afirmar a sua língua como independente da
língua portuguesa como o prova o espírito e a letra do decreto
25 de 16 de setembro de 1935, lavrado pela então Prefeitura do
antigo Distrito Federal: os livros didáticos só sejam
adotados no ensino municipal quando
denominarem de Brasileira a língua falada no
Brasil. (In Diário Oficial, 17-09-1935, Atos do Poder Legislativo
da Prefeitura do Distrito Federal).
43
Terceira Etapa
A Revisão Ortográfica de 1945
Tentativa de retorno à etimologia por parte de Portugal e a recusa do Brasil
Depois da deriva nacionalista, o Brasil através da Convenção
Luso-Brasileira de 1943 retoma, uma dúzia de anos mais tarde,
ao acordo de 1931, sendo redigido o Formulário Ortográfico de
1943.
1945 – Um novo Acordo Ortográfico torna-se lei em Portugal, mas não
no Brasil, por não ter sido ratificado pelo Governo; os brasileiros
continuam a regular-se pela ortografia do Vocabulário de 1943.
44
Em 1943, foi adotada a primeira Convenção Ortográfica entre Brasil e
Portugal, ratificada em 1945 tendo as duas academias chegado,
finalmente a acordo, numa reunião em Lisboa. Mas, na sequência
desse encontro surgiu a chamada Convenção Ortográfica Luso-
Brasileira de 1945 e a parte portuguesa tentou convencer a parte
brasileira a adotar os pontos de vista portugueses, nos quais
predominava a perspectiva etimológica. O Brasil não aceitou os
resultados da Convenção, já que tinham suprimido, para maior
facilidade de alfabetização, as chamadas consoantes mudas ou não
articuladas em palavras como "acto", "directo", "óptimo“ e a
convenção obrigava o Brasil a voltar a introduzi-las na escrita. Ora isso
constituía uma violência, que o Brasil não aceitou. Imagine-se como
reagiriam os portugueses se então os obrigassem a reescrever "fructo"
ou "victória", com consoantes que há muito foram suprimidas!
João Malaca Casteleiro
45
Quarta Etapa
Modificações de 1971, 1973, 1975
1971 – São promulgadas alterações no Brasil, reduzindo as divergências
ortográficas com Portugal.
1971 Decreto do governo altera algumas regras da ortografia de 1943:
• abolição do trema nos hiatos átonos: saüdade (=saudade), vaïdade
( = vaidade);
• supressão do acento circunflexo diferencial nas letrase e o da sílaba
tônica das palavras homógrafas, com exceção de pôde em oposição
ap o d e: almôço (=almoço), êle (=ele), enderêço (=endereço), gôsto
(= gosto);
•eliminação dos acentos circunflexos e graves que marcavam a sílaba
subtônica nos vocábulos derivados com o sufixo-mente ou iniciados
por-z- : bebêzinho(= bebezinho), vovôzinho (= vovozinho), sòmente
(= somente), sòzinho (= sozinho), ùltimamente(= ultimamente).
46
1973 – São promulgadas alterações em Portugal, reduzindo as
divergências ortográficas com o Brasil.
1975 – A Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de
Letras elaboram novo projeto de acordo, que não é aprovado
oficialmente.
47
Em maio de 1986, o presidente do Brasil, José Sarney, promove um
encontro dos países de língua oficial portuguesa , no Rio de Janeiro,
para impulsionar um novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
O Acordo Ortográfico de 1986, que resulta deste encontro, é
amplamente discutido e justa e liminarmente contestado pela
comunidade linguística, principalmente pela de Portugal e
consequentemente, rejeitado.
Quinta Etapa
Tentativa de Acordo de 1986
48
Se o acordo Tortográfico de 1986 fosse aprovado o resultado
seria o seguinte:
A adoção exata deste acordo agora batizado é um ato otimo
de coonestação afrolusobrasileira, com a ajuda entreistorica
dos diretores linguisticos sãotomenses e espiritossantenses.
Alguns atores e contraalmirantes malumorados, que não
sabem distinguir uma reta de uma semirreta, dizem que as
bases adotadas são antiistoricas, contraarmonicas e
ultraumanas, ou, pelo menos, extraumanas.
Miguel Esteves Cardoso
in O Acordo Tortográfico (A Causa das Coisas) (1986)
49
Depois do fracasso da proposta de Acordo de 1986, a Academia
das Ciências de Lisboa convoca novo encontro, em 1990.
Reunidos - agora em Lisboa - os representantes das duas
Academias debatem (batem-se por) uma unificação ortográfica,
elaborando a base do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
que está hoje contemplada em lei.
Sexta Etapa
O Novo Acordo Ortográfico da Língua
Portuguesa de 1990
50
O que é o Acordo Ortográfico
da Língua Portuguesa de 1990
O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 é um
documento de cariz internacional, cujo objetivo principal é a
unificação da ortografia do português, que passará a ser
aplicado nos oito países que integram a CPLP: Portugal, Brasil,
Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e
Príncipe e Timor Leste.
51
O Novo Acordo Ortográfico de 1990
Este novo texto, bem menos problemático que o de 1986, teve
dois grandes objetivos:
• Fixar e delimitar as diferenças entre os
falantes da língua portuguesa;
• Criar uma comunidade com uma unidade
linguística expressiva para ampliar o seu
prestígio internacional.
52
MEMBROS DA COMISSÃO DO ACORDO ORTOGRÁFICO DE 1990
Angola: Filipe Silvino de Pina Zau
Brasil: Antônio Houaiss e Nélida Piñon
Cap Verde: Gabriel Moacyr Rodrigues e Manuel Veiga
Galícia (observadores): António Gil Hernández e José Luís Fontenla
Guinée-Bissau: António Soares Lopes Júnior e João Wilson Barbosa
Moçambique: João Pontífex e Maria Eugénia Cruz
Portugal: Américo Dona Costa Ramalho, Aníbal Pinto de Castro, Fernando
Cristóvão, Fernando Roldão Dias Agut, João Malacca Casteleiro, José Tiago
d'Oliveira, Luís Filipe Lindley Cintra, Manuel Jacinto Nunes, Maria Helena
Dóna Rocha Pereira e Vasconcelos Marquis.
São Tomé e Príncipe: Albertino dos Santos Bragança e João Hermínio Pontífex
53
AS DATAS DO NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA
PORTUGUESA DE 1990:
1995– O Acordo Ortográfico de 1990 é apenas ratificado por Portugal, Brasil e
Cabo Verde, embora o texto previsse a sua implementação em toda a Lusofonia
no início de 1994.
1998– Na cidade da Praia é assinado o Protocolo Modificativo do Acordo
Ortográfico da Língua Portuguesa, retirando-se do texto a data de
implementação.
2004 – É aprovado o Segundo Protocolo Modificativo ao Acordo Ortográfico da
Língua Portuguesa que estabelece que basta a ratificação de três membros
para que o Acordo Ortográfico possa entrar em vigor . Timor-Leste passa a
integrar a CPLP.
2006 – Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe ratificam o documento,
possibilitando a entrada em vigor do Acordo Ortográfico de 1990.
2008 – O Acordo Ortográfico de 1990 é aprovado por Cabo Verde, São Tomé e
Príncipe, Brasil e Portugal, sendo esperada a sua implementação no início de
2010.
2010 –Atualmente, já todos os países de língua oficial portuguesa ratificaram
o AO, à exeção de Angola.
54
2. A Nova Ortografia
1. Alfabeto
2. Emprego de Minúsculas e Maiúsculas
3. Acentuação Gráfica
4. As Grafias Duplas
5. Supressão de Consoantes Mudas ou não Articuladas
6. A Extinção do Trema
7. Hifenação
55
56
1. O alfabeto passa de 23 para 26 letras, com a reintrodução de
K, W e Y. Neste ponto nada muda em termos práticos.
2. Emprego de maiúsculas e minúsculas:
nomes dos dias, meses, estações do ano, pontos cardeais e axiónimos :
quarta-feira , junho , primavera, norte, sul, magnífico reitor,
vossa santidade, senhor doutor, senhor professor.
57
Emprego opcional de maiúscula ou minúscula em início de
palavra em:
Bibliónimos (devendo o primeiro elemento ser sempre grafado com
maiúscula):
A Ilustre Casa de Ramires ou A ilustre casa de Ramires
O Ano da Morte de Ricardo Reis ou O ano da morte de Ricardo Reis
Hagiónimos: Santa Bárbara ou santa Bárbara,
Santo António ou santo António
Nomes que designam domínios do saber, cursos e disciplinas:
Linguística ou linguística
Línguas e Literaturas Modernas ou línguas e literaturas modernas
Logradouros públicos, templos e edifícios:
Avenida da Liberdade ou avenida da Liberdade
Palácio da Cultura ou palácio da Cultura
58
3. Acentuação Gráfica
O acento agudo é extinto:
• em ditongos abertos (ei, oi) das paroxítonas:
giboia, ideia, joia, paranoico, heroica, assembleia
• em I e U tónicos, acento na penúltima sílaba, precedidos de
ditongo :
baiuca, feiura
•em formas verbais com acento tónico na raiz, com U tónico
precedido de G ou Q e seguido de E ou I
averigue, enxague, apazigue
59
O acento diferencial deixará de ser usado para
diferenciar
• PÁRA (do verbo parar) de PARA (preposição):
Exemplos: ele para o carro; o pelo do cão; comi uma pera; no
polo Norte.
• o topónimo Coa deixará assim de ter acento.
Não se distinguirá ortograficamente:
Ninguém para o Benfica (ninguém está com o Benfica) de
Ninguém para o Benfica (Ninguém consegue impedir o
Benfica de avançar)
Ele coa o café numa pastelaria do Foz Coa (antes Côa).
60
O acento circunflexo é extinto
• em palavras terminadas em EEM e OO
creem, deem, leem, veem, voo, perdoo
• manteem-se nos plurais dos verbos TER e VIR
têm a solução; vêm de longe
Esta alteração ortográfica diz respeito aos brasileiros que deverão
escrever o seu abençoo e enjoo, sem chapéu.
61
4. As Grafias Duplas
a) Propõe-se a criação de alguns casos de dupla grafia para fazer
diferenciação, como o uso do acento agudo na primeira pessoa do
plural do pretérito perfeito dos verbos da primeira conjugação,
tais como
louvámos em oposição a louvamos
amámos em oposição a amamos
b) A palavra forma [n. (molde)] e fôrma [n. (molde)].
.
62
c) Por divergências de timbre, entre a norma luso-africana e a
norma brasileira, na articulação das esdrúxulas que têm vogais
tónicas <e> e <o>, seguidas das consoantes nasais <m> e <n>,
com as quais não formam sílaba (em Portugal essas vogais são
semiabertas e em grande parte do Brasil são semifechadas), são
legítimas as duas variantes.
Ex.: académico e acadêmico, efémero e efêmero,
sénior e sênior; cómico e cômico, fenómeno e fenômeno,
tónico e tônico, génio e gênio, bónus e bônus; fémur e fêmur,
ténis e tênis; abdómen e abdômen, pónei e pônei,
bebé e bebê, caraté e caratê, croché e crochê, puré e purê,
cocó e cocô, ró e rô, judo e judô, metro e metrô.
63
5. Supressão gráfica de consoantes mudas ou não articuladas
O critério da pronúncia determina a supressão gráfica das
consoantes mudas ou não articuladas, as quais se têm
conservado na ortografia luso-africana, essencialmente por
razões de ordem etimológica.
64
Desaparecem, assim, da língua escrita o “c” e o “p” nas
palavras onde ele não é pronunciado, como em:
ação, adoção, ativar, ator, atual, adjetivo, afeto,
arquitetura, batismo, coleção, contração, correção,
direção, infração, injeção, objeção, proteção, reação,
redação, seleção, coletivo, correto, dialeto, diretor, elétrico,
espetáculo, exatamente, letivo, objeto, teto,
dececionante, excecional, perfecionismo, rececionista, aceção,
adoção, conceção, deceção, interceção, Egito, adotar, ótimo
65
Quando a consoante se articula, mantém-se, como é evidente.
faccioso, ficcional, friccionar, perfeccionismo, convicção, ficção,
sucção. bactéria, compacto, convicto, facto,néctar,
pacto, pictórico, egípcio, núpcias, opcional, corrupção,
erupção, interrupção, opção, adepto, apto, eucalipto,
rapto
66
6. A Extinção do Trema
O Trema é extinto, passando a grafar-se sequestro, tranquilo,
linguiça, aguentar, cinquenta, delinquente, sequência, frequência
sem , que no entanto e compreensivelmente se se deixe de
usar nos nomes próprios (MÜLLER) e derivações (mülleriano).
Como era: agüentar, argüir, bilíngüe, cinqüenta, delinqüente,
eloqüente,ensangüentado, eqüestre, freqüente, lingüeta, lingüiça,
qüinqüênio, sagüi,seqüência, seqüestro, tranqüilo,
Em síntese deixaremos que a linguística possa existir e subsistir
sem o trema.
¨
67
7. Hifenação
Elimina-se o hífen nas formações por prefixação e recomposição (as que
contêm pseudoprefixos de origem grega e latina) em que :
a) o prefixo ou pseudoprefixo termina em vogal e o elemento
imediatamente seguinte começa por <r> <s>, dobrando-se estas
consoantes.
Ex.: antirreligioso, autorrádio, autossuficiente,
autosserviço, antirrugas, biorritmo, contrarreação,
contrarrelógio, eletrossiderurgia, microssistema,
minissaia, semisselvagem, semirreta, ultrassónico,
autorretrato.
68
Elimina-se o hífen nas formações por prefixação e recomposição (as que
contêm pseudoprefixos de origem grega e latina) em que:
b) o prefixo ou pseudoprefixo termina em vogal e o elemento
imediatamente seguinte começa por vogal diferente daquela.
Ex.: agroindustrial, antiaéreo, autoaprendizagem,
autoestrada, coautor, codireção,extraescolar,
hidroelétrico, plurianual, etc.
Prefixos sempre seguidos de hífen:
Além, Aquém, Bem, Ex, Grã, Grão, Pós, Pré, Pró, Recém, Sem, Sota/soto,Vice/vizo
- além-mar, além-túmulo;
– aquém-fronteiras, aquém-mar;
– bem-amado, bem-querer (exceções: bendizer, benquerer,
benquisto);
(= anterior) – ex-senador, ex-esposa;
– grã-duquesa, grã-fino; (= grande) – grão-duque, grão -mestre;
-pós-moderno, pós-meridiano, pós-cabralino;
– pré-nupcial, pré-estreia, pré-vestibular;
– pró-britânico, pró-governo;
– recém-chegado, recém-nascido, recém-nomeado;
– sem-número (= inúmeros), sem-terra, sem-teto, sem-vergonha;
– sota-piloto, soto-mestre;
– vice-diretor, vizo-rei.
70
Suprime-se o hífen:
a) nas ligações da preposição de com as formas monossilábicas do
presente do indicativo do verbo haver.
Ex.: hei de, hás de, há de, heis de, hão de.
b) nas locuções de qualquer tipo, à excepção das já consagradas pelo
uso (como é o caso de água-de-colónia, arco-da-velha,
cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará,
à queima-roupa).
Ex.: cão de guarda, fim de semana, sala de jantar, bota
de elástico, cor de laranja , cor de vinho, cor de
café com leite.
71
c) Suprime-se o hífen nas formações com prefixos (ANTE, ANTI, ARQUI,
AUTO, CIRCUM, CO, CONTRA, ENTRE, EXTRA, HIPER, INFRA, INTER,
INTRA, SEMI, SOBRE, SUB, SUPER, SUPRA, ULTRA…) e em formações
com falsos prefixos (AERO, FOTO, MACRO, MAXI, MEGA, MICRO, MINI,
NEO, PROTO, PSEUDO, RETRO, TELE...), exceto quando o segundo
elemento começar por « h » ou por vogal igual à vogal final do prefixo
ou pseudoprefixo.
Ex.: MEGA: megaevento, megaprojeto…
72
Emprega-se o hífen nas formações por prefixação e recomposição em que:
O prefixo ou pseudoprefixo termina em vogal e o elemento imediatamente
a seguir começa por vogal idêntica.
Ex.: anti-ibérico, auto-observação, contra-almirante, infra-axilar,
intra-arterial, micro-ondas, semi-interno, supra-auricular.
Obs.: o prefixo co- ocorre geralmente aglutinado, mesmo quando o
elemento seguinte começa por <o>, à excepção das formações em que o
segundo elemento começa por <h>.
Ex.: coincinerar, coinquilino, coocorrência, coobrigação,
coocupante, copiloto, cooperar, coordenar
Mas : co-herdeiro, co-herdar.
73
Os compostos que designam espécies na área da botânica e da
zoologia, ligados ou não por preposição ou qualquer outro
elemento, escrevem-se sempre com hífen.
Ex.: abóbora-menina, bem-me-quer, bênção-de-deus,
cobra-capelo, erva-do-chá, ervilha-de-cheiro,
fava-de-santo-inácio, formiga-branca.
74
Emprega-se o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se
combinam, formando, não propriamente vocábulos, mas encadeamentos
vocabulares
Ex.: A divisa Liberdade-Igualdade-Fraternidade
A ponte Rio-Niterói
O percurso Lisboa-Coimbra-Porto
assim como nas combinações históricas ou ocasionais de topónimos
Áustria-Hungria
Alsácia-Lorena
Angola-Brasil
Tóquio-Rio de Janeiro
75
Tudo somado, aqui ficam as contas do Acordo:
A adoção da nova ortografia, de acordo com os dados da
Nota Explicativa do Acordo Ortográfico da Língua
Portuguesa de 1990 irá alterar a grafia de cerca de
2600 palavras, 1,42% do total de palavras na
norma euro-afro-asiático-oceanica, quer dizer, em
Portugal, nos países africanos de língua portuguesa,
Timor Leste e na Região Administrativa Especial de
Macau, e em cerca de 0,45% na norma brasileira.
Quer dizer uma palavra em cada 62 em Portugal e
uma em cada 223 no Brasil.
76
- Como explicar o inexplicável caos que se vai
instalar com o Novo Acordo? Pergunta-se.
- Não estará o Novo Acordo Ortográfico a
servir de bode expiatório de todos os
problemas que sempre estiveram presentes na
língua portuguesa? – perguntamos nós.
3. Críticas à Nova Ortografia
77
O que era importante ter resolvido e o acordo deixou
por resolver:
o facto de um único grafema corresponder a vários fonemas
(sons).
O x corresponde a /s/ - máximo, /z/ - exame, /ch/- Xuxa - além
de ks (dois fonemas) - tóxico -, e a um único fonema
corresponderem vários grafemas: o som /s/ pode ser escrito
com c, ç, s, ss, sc, sç, x, xc, z.
78
Um sem número de críticas têm sido colocadas à revisão
ortográfica, recentemente aprovada, a maior parte das quais sem
razão. Umas prendem-se com o sistema linguístico gravemente
afetado com a reforma, outras com a própria necessidade de
reforma e de unificação ortográficas. De uma forma ou de outra
o Novo Acordo Ortográfico tem desempenhado bem o papel de
bode expiatório, pois sobre ele recaem críticas sobre coisas que
vêm muito de trás, fruto, como vimos antes, de um sistema
linguístico que foi sempre imperfeito e eivado de muitas
incoerências.
79
Bode expiatório, igualmente, de embaraços políticos
que, como também vimos, sempre existiram e que se
expressam em frases lapidares de ignorância bairrista:
- É um neo-colonialismo às avessas em que a antiga
colónia se quer impor ao país que deu origem à língua,
descaracterizando-a. Vamos ficar linguisticamente
dependentes da escrita brasileira? Ou ainda melhor : -
Vamos todos ter de falar à brasileira?
80
Porque se escreve cor-de-rosa com hífen e cor de
laranja sem hífen?
81
Portugal:
82
Nenhum sistema gráfico é perfeito -
a escrita é uma tentativa de
representação da fala e, por isso,
ninguém conseguirá escrever
exatamente como fala.
A escrita é, portanto, artificial.
Saber qual letra escolher na hora de
escrever uma palavra é uma tarefa
que exige memorização
(principalmente a visual) e treino.
Que atire a primeira pedra quem
nunca se enganou.
Elis de Almeida Cardoso
Conclusão
83
Que terá esta ortografia, ainda em vigor, de tão
dogmaticamente divino que não pode ser alterada?
Fernando Cristóvão
In Acordo Ortográfico desfaz ambiguidades – Ciberdúvidas, 25 de maio 2008
84
Perante situações adversas continuam atuais estas palavras de 1918:
Pena é que a ortografia nova, que, em rigor, é
velha, não seja compreendida por todos, ou antes,
que se não queira ver a sua justeza, acabando-se
de vez com os desconchavos que ainda perduram,
quase sempre resultantes da ignorância…
J.J. Nunes
85
Se há uma língua que se pode reclamar de etimológica é a
língua de Molière, em que um mesmo som pode ter até
nove formas de escrita diferentes, como é o caso das
palavras homófonas:
au, aux, haut, hauts, os, aulx, oh, eau, eaux
86
Se é verdade que a língua portuguesa é um património,
está bem longe de ser uma arca frigorífica ou, muito
menos, um fóssil.
Francisco Álvaro Gomes
In Pedagogia da Ortografia: missão (im)possível, 1987.
87
Essa república do português não tem uma capital demarcada.
Não está em Lisboa, nem em Coimbra;
não está em Brasília, nem no Rio de Janeiro.
A capital da língua portuguesa está onde estiver o meridiano
da cultura.
Celso Cunha
(1917-1989, professor, filólogo e ensaísta brasileiro)
in Uma Política do Idioma (1964). S. José, Rio, p. 38
88
Quanto à nossa posição sobre o AO, subscrevemos a opinião
do escritor angolano :
Estou um bocado farto do acordo. Eu sou contra este acordo,
mas sou ainda mais contra os que estão contra, que me
parece terem uma reação parecida com a que existiu no
século dezanove, relativamente ao francês. É uma reação
reacionária.
Pepetela
(1941-…)
89
90
Aplicação do Novo Acordo Ortográfico
na Imprensa
Nota da Direcção do Expresso sobre o Acordo Ortográfico
O Expresso apoia e vai adotar o novo Acordo Ortográfico. Do nosso ponto de vista,
as novas normas não afetam - antes contribuem - para a clarificação da língua
portuguesa.
Por outro lado, não consideramos a ideia de que a ortografia afeta a fonética, mas
sim o contrário. O facto de a partir de 1911 a palavra phleugma se passar a
escrever fleugma e, já depois, fleuma não trouxe alterações ao modo como é
pronunciada. Assim como pharmacia ou philosophia.
O facto de a agência Lusa adotar o Acordo, enquanto o Expresso, por razões
técnicas (corretores e programas informáticos de edição) ainda não o fez, leva a
que neste sítio na Internet coexistam as ortografias pré-acordo e pós-acordo.
Pedimos, pois, a compreensão dos nossos leitores.
91
NO ANO DE COMEMORAÇÃO DO CENTENÁRIO DA
REPÚBLICA UMA HOMENAGEM É DEVIDA E MERECIDA A
ESTE HERÓI NACIONAL DA ORTOGRAFIA
Aniceto dos Reis Gonçalves Viana
(Lisboa, 06-01-1840 - Lisboa, 13-09-1914)
Gonçalves Viana, o grande inspirador da revolução ortográfica
da língua portuguesa de 1911, autodidata, o homem do
«ouvido apuradíssimo, que distinguia os sons mais subtis ou
os menos percetíveis» e um dom de memória que lhe
permitia reproduzir facilmente longos trechos literários.
Poliglota invulgar, estudou castelhano, catalão, italiano,
romeno, alemão, holandês, anglo-saxão, dinamarquês, sueco,
islandês antigo; irlandês , galês; russo, búlgaro, húngaro,
finlandês, hebraico, árabe, malaio, japonês, quimbundo, tupi e
ainda vários dialetos. Saliente-se por fim a estima que por ele
tiveram importantes filólogos estrangeiros, como: Jules Cornu,
Henry Sweet, o príncipe Louis Lucien Bonaparte, Fredrik Wulff,
Paul Passy. Colaborou na prestigiada revista Maitre
phonétique.
92
Aperceberam-se de que este texto foi
redigido em conformidade com o Novo
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa?
Como certamente puderam verificar não são
assim tantas as diferenças entre a velha e a
nova ortografias.
93
Portal da Língua Portuguesa
Revista Língua
Celso Cunha in Uma Política do Idioma (1964). S. José, Rio, p. 38
Francisco Álvaro Gomes, In Pedagogia da Ortografia: missão (im)possível, 1987.
O Acordo Tortográfico, por Miguel Esteves Cardoso, 1986
Fernando Cristóvão In Acordo Ortográfico desfaz ambiguidades – Ciberdúvidas,
25 de maio 2008.
Diaporama - Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990). PNEP – 1.º Ciclo
Sessão Plenária Regional ESEC-UALG 28 de Fevereiro de 2009 Artur Henrique
Ribeiro Gonçalves Maria da Conceição A. O. R. Pessoa de Andrade
Acordo ortográfico: o que muda na língua portuguesa a partir de 2009 in
Abril.com por Rachel Bonino.
Visão: http://aeiou.visao.pt//guia-pratico-para-perceber-o-acordo-
ortografico=f543723
Referências Bibliográficas
Instituto Camões
http://www.moderna.com.br/acordo/guia_acordo.pdf

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A evolução da ortografia portuguesa através das reformas e acordos desde o século XX

  • 1. 1 Sumário Introdução 1. Breve Panorâmica Histórica da Ortografia Portuguesa • Primeira Etapa: a Revolução Ortográfica Republicana de 1911 • Segunda Etapa: Primeiro Acordo Ortográfico de 1931, entre o Brasil e Portugal • Terceira Etapa: A Revisão Ortográfica de 1943-1945 • Quarta Etapa: Modificações de 1971, 1973 e 1975 • Quinta Etapa: da Tentativa de Acordo de 1986 ao Novo Acordo Ortográfico de 1990 • Sexta Etapa: O Novo Acordo Ortográfico 2. A Nova Ortografia • 1. Alfabeto • 2. Emprego de minúsculas e maiúsculas • 3. Acentuação gráfica • 4. As grafias duplas • 5. Supressão de consoantes mudas ou não articuladas • 6. a Extinção do Trema • 7. Hifenação 3. Críticas à Nova Ortografia Conclusões Referências Bibliográficas
  • 2. 2 Introdução Neste diaporama abordaremos a problemática do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, na perspetiva da evolução ortográfica do Português, passando brevemente em revista as revisões ortográficas, as tentativas de unificação e de simplificação ortográficas, os acordos e desacordos que, desde a instauração da República até aos nossos dias, se têm produzido. Enfim, enunciaremos as principais mudanças ocorridas na nova ortografia e as críticas que as mesmas têm suscitado.
  • 3. 3 A língua de Camões, a última flor de Lácio, a doce língua Portuguesa, foi-se espalhando pelo mundo desde os séculos XV e XVI, acompanhando o passo da construção do Império Português, que se foi progressiva e metodicamente construindo, dos Açores ao Japão e à China, pelo meio ficando percorrida toda a costa africana e achado o Brasil.
  • 4. 4 Podemos definir o século XVI, como o Século de Ouro Português e, consequentemente, o Século de Ouro da Língua Portuguesa que, então, com cerca de um milhão de falantes, foi levada para todos os cantos do mundo pelos navegadores, guerreiros, mercadores, marinheiros, missionários, etc., tornando-se língua franca, ocupando, nessa altura, o lugar que hoje tem o inglês, o de língua hiper-central, na galáxia das línguas do mundo. Impunha-se, então, a presença a bordo de um intérprete de português nos navios espanhóis, holandeses, franceses, ingleses, italianos, etc.
  • 5. 5 De há cem anos para cá a língua portuguesa passa do oitavo para o quinto lugar da lista das línguas maternas mais faladas do mundo, tendo ultrapassado o polaco e o italiano apenas em 1935.
  • 6. 6 Há hoje cerca de 240 milhões de falantes de português no mundo: Brasil (190 milhões), Moçambique (20 milhões), Angola (17 milhões), Portugal (11 milhões), Guiné-Bissau (1,5 milhões), Timor (1 milhão), Cabo Verde (0,5 milhões), S. Tomé e Príncipe (152 mil).
  • 7. 7 Segundo projeções baseadas na evolução demográfica dos oito países de língua oficial portuguesa, o número de falantes pode totalizar 335 milhões em 2050. Acima do Português, no ranquingue das línguas maternas mais faladas do mundo encontra-se o mandarim (874 milhões de falantes), o hindi (366), o espanhol (358) e o inglês (341 milhões).
  • 8. 8 Mas, apesar dos seus cerca de 240 milhões de falantes, o Português, a terceira língua ocidental com maior número de locutores, apenas atrás do inglês e do espanhol, é uma língua quase desconhecida internacionalmente e sem a importância que devia ter no ensino, nas organizações internacionais, na cultura, na literatura, no comércio, etc. Deve-se tal situação à péssima política e prática das gentes que a falam e, como já o dizia António Ferreira no século XVI: Floreça, fale, cante, ouça-se e viva A portuguesa língua, e já, onde for, Senhora vá de si, soberba e altiva. Se tèqui esteve baixa e sem louvor, Culpa é dos que a mal exercitaram, Esquecimento nosso e desamor. (...) António Ferreira 1528-1569 Carta a Pêro Andrade Caminha
  • 9. Todos estos exemplos trouxemos, pera mostrar claramente que não ha lingoa algua pura, nem a houve sem ter mistura de outras lingoas. Duarte Nunes de Leão (1530?-1608), historiador português, em Origem da Lingoa Portuguesa
  • 10. 10 Com efeito, a questão ortográfica é um dos capítulos mais atormentados da história linguística portuguesa. Ao contrário do espanhol, que nos fins do século XV encontrou em Nebrija o seu codificador tanto da grafia como da gramática (...), o português manteve até ao princípio do século em que estamos uma grafia tradicional inspirada em etimologias um tanto arbitrárias. Giuseppe Tavani (1987), citando Edwin B. Williams (1938), From Latin do Portuguese
  • 11. 11 In Dicionário Houaiss (2003). Lisboa: Círculo de Leitores Ortografia Palavra de origem grega orto- (reto, direito, correto, normal) e -grafia (representação escrita de uma palavra), é: o conjunto de regras estabelecidas pela gramática normativa que ensina a grafia correta das palavras.
  • 12. 12 Datada deste porto seguro davosa jlha da vera cruz oje sesta feira primeiro de mayo de 1500… Até ao século XVI, vigorava uma grafia fonética: a representação escrita dos sons da fala, não existindo nem norma, nem padrão. Disso é testemunho, a célebre carta de Pero Vaz de Caminha sobre a descoberta, achamento ou invenção do Brasil, dirigida ao rei venturoso, D. Manuel I.
  • 13. 13 Em 1576, Duarte Nunes de Leão publicou a sua Orthographia da Lingoa Portuguesa , onde a própria palavra ortografia aparece grafada com th e ph) Mas, com o advento do Renascimento, relega-se, apesar de mais simples, a ortografia fonética para segundo plano e recua-se no tempo, retornando-se ao latim que adquirira, então, prestígio. Queria-se fazer com que a língua portuguesa ganhasse status de língua de cultura e, assim, se aproximasse do dito padrão clássico, valorizando-se os grupos ch (com som de k), ph, rh, th. Por exemplo, a palavra tipografia era grafada typographia e a ortografia de hoje era então orthographia.
  • 14. 14 Orthographia ou Arte para Escrever Certo na Língua Portuguesa (1633) de Álvaro Ferreira de Vera. Pseudo-etimológico é o nome que se dá ao período entre os séculos XVI e XX, quando se passa a grafar algumas palavras com ph, rh, th e a colocar o elegante y até em palavras que na sua origem não o tinham: lírio -em grego leírion -em latim lilìum Passa-se a grafar lyrio, com y, sem razão plausível. Passam também a ser valorizadas formas gráficas restauradas, com base no latim: - regno por reino; - fructo por fruto.
  • 15. 15 Luís António Verney (1713-1792) advogava já na sua obra de 1746, Verdadeiro Método de Estudar, a simplificação da nossa língua e propunha a supressão das letras dobradas quando não pronunciadas, do uso do c antes do t, do ch por /k/ e, sobretudo, a supressão das consoantes não pronunciadas como o g e o h. Propostas que só muito depois foram levadas à prática, com muitas polémicas, avanços e retrocessos que duram até hoje.
  • 16. Gonçalves Viana, na mesma linha, considerava que o domínio da escrita não deveria ser privilégio de poucos, mas sim, abranger o maior número possível de pessoas: a ortografia etimológica é : uma superstição herdada, um erro científico, filho de um pedantismo que (...) assoberbou os deslum- brados adoradores da antiguidade clássica.
  • 17. 17 A ortografia, no início do século XX, encontrava-se mergulhada num grande caos, em que cada indivíduo escrevia do modo que mais lhe agradava, ou seja, cada um utilizava a sua própria ortografia, como muitos o querem fazer, de resto, ainda hoje.
  • 18. 18 Em vez de uma reforma radical e definitiva, como fizeram outras línguas, as doses homeopáticas no português obrigaram a que de 50 em 50 anos seja feita nova reforma. Alguns avanços já previstos na proposta de 1907 ainda não foram postos em prática, como a solução das grafias duplas x/ch, g/j, etc. Ao contrário do português, línguas como o italiano, o galego e o catalão já tinham encontrado soluções para tais casos, que deveriam inspirar as mudanças necessárias no português. O italiano e o romeno são as línguas românicas com sistemas ortográficos mais simples e coerentes. E a grafia do italiano não sofre alterações significativas desde o século XVI. Aldo Bizzocchi
  • 19. 19 A ortografia francesa é incomparavelmente mais complicada e mais defeituosa do que a portuguesa; mas pelo menos está (como a inglesa e a alemã) frisada com rigor; tem sistema pelo qual todos se regulam. A castelhana e a italiana, pelo contrário. - Os idiomas, portanto, que são mais intimamente aparentados com o português - possuem há mais de um século ortografias excelentes, simplificadas racionalmente pelas respetivas Academias. Carolina Michaëlis 1851- 1925
  • 20. 20 Equiparar a nossa a essas duas, seguindo mutatis mutandis os mesmos princípios que nelas deram ótimo resultado, regularizar e simplificar, baseando-nos na história cientificamente estudada do vocabulário nacional - eis o que convém fazer. Carolina Michaëlis 1851- 1925
  • 21. 21 Neste documento brasileiro de 1854 pode-se constatar, entre outras coisas, o uso das consoantes duplas . .
  • 22. 22 .
  • 23. 23 1. Breve Panorâmica Histórica da Ortografia da Língua Portuguesa •Primeira Etapa - A Revolução Ortográfica Republicana de 1911 •Segunda Etapa - Primeiro Acordo Ortográfico de 1931, entre o Brasil e Portugal •Terceira Etapa - A Revisão Ortográfica de 1943-1945 Tentativa de retorno à etimologia por parte de Portugal e a recusa do Brasil •Quarta Etapa - Modificações de 1971, 1973, 1975 •Quinta Etapa – Tentativa de O Acordo de 1986 ao Novo Acordo Ortográfico de 1990 •Sexta Etapa – O Novo Acordo Ortográfico de 1990
  • 24. 24 Como vimos, até ao século XX a escrita da língua portuguesa era de cariz etimológico ou pseudo-etimológico e a ortografia reinava sem rei nem roque, em que cada um escrevia como queria. É a partir de 1885 que a grafia da língua portuguesa começa a deslocar o eixo da etimologia e, sobretudo, da pseudo-etimologia para a fonetização, com a publicação de As Bases da Ortografia Portuguesa e da publicação, em 1904, de Ortografia Nacional. Simplificação e Uniformização Sistemática das Ortografias Portuguesas de Gonçalves Viana, filólogo, linguista, foneticista e lexicógrafo português. Estas duas publicações de Gonçalves Viana vão, num primeiro momento, motivar, em 1907, a Academia Brasileira de Letras a simplificar a escrita e, num segundo momento, servir de base ao trabalho da comissão nomeada pelo governo republicano para estabelecer uma ortografia simplificada e uniforme . Primeira Etapa A Revolução Ortográfica Republicana de 1911: da Orthographia à Ortografia
  • 25. 25 Em 1911 uma comissão de filólogos reuniu-se em Portugal para oficializar a nova ortografia. À Comissão de Reforma Ortográfica, para além do seu mentor Gonçalves Viana fizeram parte Carolina Michaëlis, Cândido de Figueiredo, Adolfo Coelho, Leite de Vasconcelos, Gonçalves Guimarães, Ribeiro de Vasconcelos, Júlio Moreira, José Joaquim Nunes e Borges Grainha. Em 1915, a Academia Brasileira de Letras resolve harmonizar a sua ortografia com a portuguesa, seguindo os padrões da reforma lusitana de 1911. Em 1919, o Brasil revoga a resolução de 1915, acabando com a ideia de simplificação, iniciada no projeto de 1907, acabando com a reforma e regredindo para a etimologia que tanto combateu antes. Portugal aplicava a nova ortografia, marcada pela simplificação.
  • 26. 26 Num país atrasadíssimo quanto à instrução e educação, o que importa é facilitar o ensino da leitura e escrita; acabar com todas as complicações desnecessárias; eliminar todos os artifícios eruditos; abreviar a aprendizagem de sorte que os professores ganhem tempo para realmente fertilizarem as almas com noções sólidas de saber e as boas doutrinas cívicas da solidariedade social, do pacifismo e do altruísmo. Por que (será preciso lembrá-lo?) o ensino elementar da leitura escrita não é fim, mas apenas meio, indispensável para o desenvolvimento da faculdade de pensar, raciocinar, julgar, protestar e emendar o que encontramos de imperfeito e obnóxio no nosso caminho: faculdades, sem as quais não pode haver verdadeira liberdade… Carolina Michaëlis 1851- 1925 Primeira mulher, em 1911, convidada para professora da Faculdade de Letras de Lisboa, transfere-se para a Universidade de Coimbra.
  • 27. 27 Com relação à estética e à ética, bastará perguntar, se a ordem, a disciplina é, ou não, mais bela do que a desordem e a anarquia? A coerência preferível à incoerência? A simplicidade superior a enfeites e arrebiques supérfluos? É verdade, ou não, que as deficiências gráficas do português lhe darão ares de inculto; em especial, se o compararmos com outras línguas? Carolina Michaëlis 1851- 1925
  • 28. 28 • Supressão de todos os símbolos da etimologia grega: th, ph, ch (= k), rh e y diphthongo (ditongo) phosphoro (fósforo) lyrio (lírio) orthographia (ortografia) phleugma (fleuma) exhausto (exausto) estylo (estilo) • Redução das consoantes dobradas, com exceção de rr e ss; • Eliminação das consoantes nulas, quando não influíssem na pronúncia da vogal anterior (psalmo – salmo; prompto - pronto); • Regularização da acentuação gráfica. Da Orthographia à Ortografia
  • 29. Placas como estas ficaram para trás, depois da revolução ortográfica republicana de Gonçalves Viana, de 1911:
  • 30.
  • 31. 31 A CIDADE E AS SERRAS (ed.1901) Eça Queiroz O meu amigo Jacintho nasceu n'um palacio, com cento e nove contos de renda em terras de semeadura, de vinhedo, de cortiça e d’olival. No Alemtejo, pela Extremadura, atravez das duas Beiras, densas sebes ondulando por collina e valle, muros altos de boa pedra, ribeiras, estradas, delimitavam os campos d’esta velha familia agricola que já entulhava grão e plantava cepa em tempos d'el-rei D. Diniz. A sua quinta e casa senhorial de Tormes, no Baixo Douro, cobriam uma serra. Entre o Tua e o Tinhela, por cinco fartas legoas, todo o torrão lhe pagava fôro. E cerrados pinheiraes seus negrejavam desde Arga até ao mar d'Ancora. Mas palacio onde Jacintho nascêra, e onde sempre habitára, era em Paris, nos Campos Elyseos, n.º 202.
  • 32. 32 Esta ortografia utilizada por Eça de Queirós (Queiroz, escrita da época) em A Cidade e as Serras foi modificada uma década depois, pela Reforma Ortográfica de 1911, nomeadamente: • a supressão de todos os símbolos da etimologia grega: th, ph, ch (= k), rh e y. Jacintho (Jacinto, depois de 1911), e Elyseos (hoje Elíseos). • Foram introduzidas inúmeras regras de acentuação gráfica, nomeadamente nas palavras esdrúxulas: palácio (antes palacio), família (antes familia), agrícola (antes agricola) e léguas (antes legoas). • Foram eliminadas as consoantes dobradas, com exceção de rr e ss : colina (antes collina), vale (antes valle). • A regra estabelecida no interior dos vocábulos é a nasalidade da vogal expressa por m antes de b, p e por n em qualquer outra situação. Alentejo , hoje e antes de 1911, Alemtejo.
  • 33. 33 Esta ortografia utilizada por Eça de Queirós (Queiroz, escrita da época) em A Cidade e as Serras foi, igualmente, modificada em 1943, nomeadamente: • Distinção gráfica entre s de fim de sílaba (inicial ou interior) e x e z com idêntico valor fónico (Extremadura passa nessa altura a Estremadura) e também a distinção gráfica entre s final de palavra e x e z com idêntico valor fónico (Diniz passa então a Dinis). • Foi substituído o EZ final pelo ÉS ou ÊS: através (antes atravez). • Suprime-se o acento circunflexo diferencial nas letras e e o da sílaba tónica, com exceção de pôde. Assim fôro passou a grafar-se foro e nascêra passou a nascera. • Foram substituídos nos plurais os ES por IS: pinheirais (antes pinheraes).
  • 34. 34 Esta ortografia utilizada por Eça de Queirós (Queiroz, escrita da época) em A Cidade e as Serras foi modificada em 1945, nomeadamente: • A Base XXXIII do Acordo de 1945 consagra a inadmissibilidade do uso do apóstrofo em uniões vocabulares perfeitas ou de uso corrente. Portanto as expressões num (antes n’um); de Olival (antes d’Olival) deixaram de ser usadas mais de cinquenta anos depois de Eça as ter escrito.
  • 35. 35 Imaginem esta palavra phase, escripta assim: fase. Não nos parece uma palavra, parece-nos um esqueleto (...) Affligimo-nos extraordinariamente, quando pensamos que haveriamos de ser obrigados a escrever assim! Alexandre Fontes In A Questão Orthographica, Lisboa, 1910, p. 9 Reações à ortografia de 1911 1
  • 36. 36 Na palavra lagryma, (...) a forma da y é lacrymal; estabelece (...) a harmonia entre a sua expressão gráfica ou plástica e a sua expressão psicológica; substituindo-lhe o y pelo i é ofender as regras da Estética. Na palavra abysmo, é a forma do y que lhe dá profundidade, escuridão, mistério... Escrevê-la com i latino é fechar a boca do abismo, é transformá-lo numa superfície banal. Teixeira de Pascoaes 1877-1952 Reações à ortografia de 1911 2
  • 37. 37 Minha patria é a lingua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incommodassem pessoalmente, Mas odeio, com odio verdadeiro, com o unico odio que sinto, não quem escreve mal portuguez, não quem não sabe syntaxe, não quem escreve em orthographia simplificada, mas a pagina mal escripta, como pessoa própria, a syntaxe errada, como gente em que se bata, a orthographia sem ípsilon, como escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse. Sim, porque a orthographia também é gente. A palavra é completa vista e ouvida. E a gala da transliteração greco-romana veste-m'a do seu vero manto régio, pelo qual é senhora e rainha. Fernando Pessoa (Bernardo Soares) Texto publicado originariamente em "Descobrimento", revista de Cultura n.º 3, 1931, pp. 409-410, transcrito do "Livro do Desassossego", por Bernardo Soares (heterónimo de Fernando Pessoa), numa recolha de Maria Aliete Galhoz e Teresa Sobral Cunha; ed. de Jacinto do Prado Coelho, Lisboa, Ática, 1982 vol. I, p. 16-17. Respeitou-se a ortografia da época de Fernando Pessoa. Reações à ortografia de 1911 3
  • 38. 38 Segunda Etapa: Primeiro Acordo Ortográfico de 1931 entre o Brasil e Portugal 1924 – A Academia de Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras começam a procurar uma grafia comum. 1929 – A Academia Brasileira de Letras altera as regras de escrita baseada na etimologia e retoma o caminho da simplificação. 1931 – Por iniciativa da Academia Brasileira de Letras e da Academia das Ciências de Lisboa, foi aprovado o primeiro Acordo Ortográfico entre Brasil e Portugal, cujo objetivo consistia em suprimir as diferenças, unificar e simplificar a língua portuguesa, objetivos de 1911. Tratou-se pois de aplicar nos dois países de língua portuguesa a ortografia portuguesa de 1911.
  • 39. 39 Ironicamente, acabariam os brasileiros com todas as oscilações entretanto verificadas, a escrever segundo orientações etimológicas ou pseudo-etimológicas, até 1930.
  • 40. 40 1934 – A Constituição Brasileira revoga o acordo de 1931 e retorna ao passado, mais precisamente a 1891: a ortografia voltará então a ser orthographia. No Brasil a ortografia retorna ao Hontem recuando meio século, como se vê nesta reunião de escritores célebres em 1936.
  • 41. 41 Pode, igualmente, constatar-se neste documento o retorno às consoantes duplas e mudas.
  • 42. 42 E se o Brasil regrediu meio século na sua ortografia não foi tanto por amor à etimologia da qual, ao fim e ao cabo, nunca foi adepto, mas pelo surto de nacionalismo ou patriotismo que se caracterizava, sobretudo, por renegar o país ex-colonizador e, consequentemente, afirmar a sua língua como independente da língua portuguesa como o prova o espírito e a letra do decreto 25 de 16 de setembro de 1935, lavrado pela então Prefeitura do antigo Distrito Federal: os livros didáticos só sejam adotados no ensino municipal quando denominarem de Brasileira a língua falada no Brasil. (In Diário Oficial, 17-09-1935, Atos do Poder Legislativo da Prefeitura do Distrito Federal).
  • 43. 43 Terceira Etapa A Revisão Ortográfica de 1945 Tentativa de retorno à etimologia por parte de Portugal e a recusa do Brasil Depois da deriva nacionalista, o Brasil através da Convenção Luso-Brasileira de 1943 retoma, uma dúzia de anos mais tarde, ao acordo de 1931, sendo redigido o Formulário Ortográfico de 1943. 1945 – Um novo Acordo Ortográfico torna-se lei em Portugal, mas não no Brasil, por não ter sido ratificado pelo Governo; os brasileiros continuam a regular-se pela ortografia do Vocabulário de 1943.
  • 44. 44 Em 1943, foi adotada a primeira Convenção Ortográfica entre Brasil e Portugal, ratificada em 1945 tendo as duas academias chegado, finalmente a acordo, numa reunião em Lisboa. Mas, na sequência desse encontro surgiu a chamada Convenção Ortográfica Luso- Brasileira de 1945 e a parte portuguesa tentou convencer a parte brasileira a adotar os pontos de vista portugueses, nos quais predominava a perspectiva etimológica. O Brasil não aceitou os resultados da Convenção, já que tinham suprimido, para maior facilidade de alfabetização, as chamadas consoantes mudas ou não articuladas em palavras como "acto", "directo", "óptimo“ e a convenção obrigava o Brasil a voltar a introduzi-las na escrita. Ora isso constituía uma violência, que o Brasil não aceitou. Imagine-se como reagiriam os portugueses se então os obrigassem a reescrever "fructo" ou "victória", com consoantes que há muito foram suprimidas! João Malaca Casteleiro
  • 45. 45 Quarta Etapa Modificações de 1971, 1973, 1975 1971 – São promulgadas alterações no Brasil, reduzindo as divergências ortográficas com Portugal. 1971 Decreto do governo altera algumas regras da ortografia de 1943: • abolição do trema nos hiatos átonos: saüdade (=saudade), vaïdade ( = vaidade); • supressão do acento circunflexo diferencial nas letrase e o da sílaba tônica das palavras homógrafas, com exceção de pôde em oposição ap o d e: almôço (=almoço), êle (=ele), enderêço (=endereço), gôsto (= gosto); •eliminação dos acentos circunflexos e graves que marcavam a sílaba subtônica nos vocábulos derivados com o sufixo-mente ou iniciados por-z- : bebêzinho(= bebezinho), vovôzinho (= vovozinho), sòmente (= somente), sòzinho (= sozinho), ùltimamente(= ultimamente).
  • 46. 46 1973 – São promulgadas alterações em Portugal, reduzindo as divergências ortográficas com o Brasil. 1975 – A Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras elaboram novo projeto de acordo, que não é aprovado oficialmente.
  • 47. 47 Em maio de 1986, o presidente do Brasil, José Sarney, promove um encontro dos países de língua oficial portuguesa , no Rio de Janeiro, para impulsionar um novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. O Acordo Ortográfico de 1986, que resulta deste encontro, é amplamente discutido e justa e liminarmente contestado pela comunidade linguística, principalmente pela de Portugal e consequentemente, rejeitado. Quinta Etapa Tentativa de Acordo de 1986
  • 48. 48 Se o acordo Tortográfico de 1986 fosse aprovado o resultado seria o seguinte: A adoção exata deste acordo agora batizado é um ato otimo de coonestação afrolusobrasileira, com a ajuda entreistorica dos diretores linguisticos sãotomenses e espiritossantenses. Alguns atores e contraalmirantes malumorados, que não sabem distinguir uma reta de uma semirreta, dizem que as bases adotadas são antiistoricas, contraarmonicas e ultraumanas, ou, pelo menos, extraumanas. Miguel Esteves Cardoso in O Acordo Tortográfico (A Causa das Coisas) (1986)
  • 49. 49 Depois do fracasso da proposta de Acordo de 1986, a Academia das Ciências de Lisboa convoca novo encontro, em 1990. Reunidos - agora em Lisboa - os representantes das duas Academias debatem (batem-se por) uma unificação ortográfica, elaborando a base do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa que está hoje contemplada em lei. Sexta Etapa O Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990
  • 50. 50 O que é o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 é um documento de cariz internacional, cujo objetivo principal é a unificação da ortografia do português, que passará a ser aplicado nos oito países que integram a CPLP: Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.
  • 51. 51 O Novo Acordo Ortográfico de 1990 Este novo texto, bem menos problemático que o de 1986, teve dois grandes objetivos: • Fixar e delimitar as diferenças entre os falantes da língua portuguesa; • Criar uma comunidade com uma unidade linguística expressiva para ampliar o seu prestígio internacional.
  • 52. 52 MEMBROS DA COMISSÃO DO ACORDO ORTOGRÁFICO DE 1990 Angola: Filipe Silvino de Pina Zau Brasil: Antônio Houaiss e Nélida Piñon Cap Verde: Gabriel Moacyr Rodrigues e Manuel Veiga Galícia (observadores): António Gil Hernández e José Luís Fontenla Guinée-Bissau: António Soares Lopes Júnior e João Wilson Barbosa Moçambique: João Pontífex e Maria Eugénia Cruz Portugal: Américo Dona Costa Ramalho, Aníbal Pinto de Castro, Fernando Cristóvão, Fernando Roldão Dias Agut, João Malacca Casteleiro, José Tiago d'Oliveira, Luís Filipe Lindley Cintra, Manuel Jacinto Nunes, Maria Helena Dóna Rocha Pereira e Vasconcelos Marquis. São Tomé e Príncipe: Albertino dos Santos Bragança e João Hermínio Pontífex
  • 53. 53 AS DATAS DO NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA DE 1990: 1995– O Acordo Ortográfico de 1990 é apenas ratificado por Portugal, Brasil e Cabo Verde, embora o texto previsse a sua implementação em toda a Lusofonia no início de 1994. 1998– Na cidade da Praia é assinado o Protocolo Modificativo do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, retirando-se do texto a data de implementação. 2004 – É aprovado o Segundo Protocolo Modificativo ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa que estabelece que basta a ratificação de três membros para que o Acordo Ortográfico possa entrar em vigor . Timor-Leste passa a integrar a CPLP. 2006 – Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe ratificam o documento, possibilitando a entrada em vigor do Acordo Ortográfico de 1990. 2008 – O Acordo Ortográfico de 1990 é aprovado por Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Brasil e Portugal, sendo esperada a sua implementação no início de 2010. 2010 –Atualmente, já todos os países de língua oficial portuguesa ratificaram o AO, à exeção de Angola.
  • 54. 54 2. A Nova Ortografia 1. Alfabeto 2. Emprego de Minúsculas e Maiúsculas 3. Acentuação Gráfica 4. As Grafias Duplas 5. Supressão de Consoantes Mudas ou não Articuladas 6. A Extinção do Trema 7. Hifenação
  • 55. 55
  • 56. 56 1. O alfabeto passa de 23 para 26 letras, com a reintrodução de K, W e Y. Neste ponto nada muda em termos práticos. 2. Emprego de maiúsculas e minúsculas: nomes dos dias, meses, estações do ano, pontos cardeais e axiónimos : quarta-feira , junho , primavera, norte, sul, magnífico reitor, vossa santidade, senhor doutor, senhor professor.
  • 57. 57 Emprego opcional de maiúscula ou minúscula em início de palavra em: Bibliónimos (devendo o primeiro elemento ser sempre grafado com maiúscula): A Ilustre Casa de Ramires ou A ilustre casa de Ramires O Ano da Morte de Ricardo Reis ou O ano da morte de Ricardo Reis Hagiónimos: Santa Bárbara ou santa Bárbara, Santo António ou santo António Nomes que designam domínios do saber, cursos e disciplinas: Linguística ou linguística Línguas e Literaturas Modernas ou línguas e literaturas modernas Logradouros públicos, templos e edifícios: Avenida da Liberdade ou avenida da Liberdade Palácio da Cultura ou palácio da Cultura
  • 58. 58 3. Acentuação Gráfica O acento agudo é extinto: • em ditongos abertos (ei, oi) das paroxítonas: giboia, ideia, joia, paranoico, heroica, assembleia • em I e U tónicos, acento na penúltima sílaba, precedidos de ditongo : baiuca, feiura •em formas verbais com acento tónico na raiz, com U tónico precedido de G ou Q e seguido de E ou I averigue, enxague, apazigue
  • 59. 59 O acento diferencial deixará de ser usado para diferenciar • PÁRA (do verbo parar) de PARA (preposição): Exemplos: ele para o carro; o pelo do cão; comi uma pera; no polo Norte. • o topónimo Coa deixará assim de ter acento. Não se distinguirá ortograficamente: Ninguém para o Benfica (ninguém está com o Benfica) de Ninguém para o Benfica (Ninguém consegue impedir o Benfica de avançar) Ele coa o café numa pastelaria do Foz Coa (antes Côa).
  • 60. 60 O acento circunflexo é extinto • em palavras terminadas em EEM e OO creem, deem, leem, veem, voo, perdoo • manteem-se nos plurais dos verbos TER e VIR têm a solução; vêm de longe Esta alteração ortográfica diz respeito aos brasileiros que deverão escrever o seu abençoo e enjoo, sem chapéu.
  • 61. 61 4. As Grafias Duplas a) Propõe-se a criação de alguns casos de dupla grafia para fazer diferenciação, como o uso do acento agudo na primeira pessoa do plural do pretérito perfeito dos verbos da primeira conjugação, tais como louvámos em oposição a louvamos amámos em oposição a amamos b) A palavra forma [n. (molde)] e fôrma [n. (molde)]. .
  • 62. 62 c) Por divergências de timbre, entre a norma luso-africana e a norma brasileira, na articulação das esdrúxulas que têm vogais tónicas <e> e <o>, seguidas das consoantes nasais <m> e <n>, com as quais não formam sílaba (em Portugal essas vogais são semiabertas e em grande parte do Brasil são semifechadas), são legítimas as duas variantes. Ex.: académico e acadêmico, efémero e efêmero, sénior e sênior; cómico e cômico, fenómeno e fenômeno, tónico e tônico, génio e gênio, bónus e bônus; fémur e fêmur, ténis e tênis; abdómen e abdômen, pónei e pônei, bebé e bebê, caraté e caratê, croché e crochê, puré e purê, cocó e cocô, ró e rô, judo e judô, metro e metrô.
  • 63. 63 5. Supressão gráfica de consoantes mudas ou não articuladas O critério da pronúncia determina a supressão gráfica das consoantes mudas ou não articuladas, as quais se têm conservado na ortografia luso-africana, essencialmente por razões de ordem etimológica.
  • 64. 64 Desaparecem, assim, da língua escrita o “c” e o “p” nas palavras onde ele não é pronunciado, como em: ação, adoção, ativar, ator, atual, adjetivo, afeto, arquitetura, batismo, coleção, contração, correção, direção, infração, injeção, objeção, proteção, reação, redação, seleção, coletivo, correto, dialeto, diretor, elétrico, espetáculo, exatamente, letivo, objeto, teto, dececionante, excecional, perfecionismo, rececionista, aceção, adoção, conceção, deceção, interceção, Egito, adotar, ótimo
  • 65. 65 Quando a consoante se articula, mantém-se, como é evidente. faccioso, ficcional, friccionar, perfeccionismo, convicção, ficção, sucção. bactéria, compacto, convicto, facto,néctar, pacto, pictórico, egípcio, núpcias, opcional, corrupção, erupção, interrupção, opção, adepto, apto, eucalipto, rapto
  • 66. 66 6. A Extinção do Trema O Trema é extinto, passando a grafar-se sequestro, tranquilo, linguiça, aguentar, cinquenta, delinquente, sequência, frequência sem , que no entanto e compreensivelmente se se deixe de usar nos nomes próprios (MÜLLER) e derivações (mülleriano). Como era: agüentar, argüir, bilíngüe, cinqüenta, delinqüente, eloqüente,ensangüentado, eqüestre, freqüente, lingüeta, lingüiça, qüinqüênio, sagüi,seqüência, seqüestro, tranqüilo, Em síntese deixaremos que a linguística possa existir e subsistir sem o trema. ¨
  • 67. 67 7. Hifenação Elimina-se o hífen nas formações por prefixação e recomposição (as que contêm pseudoprefixos de origem grega e latina) em que : a) o prefixo ou pseudoprefixo termina em vogal e o elemento imediatamente seguinte começa por <r> <s>, dobrando-se estas consoantes. Ex.: antirreligioso, autorrádio, autossuficiente, autosserviço, antirrugas, biorritmo, contrarreação, contrarrelógio, eletrossiderurgia, microssistema, minissaia, semisselvagem, semirreta, ultrassónico, autorretrato.
  • 68. 68 Elimina-se o hífen nas formações por prefixação e recomposição (as que contêm pseudoprefixos de origem grega e latina) em que: b) o prefixo ou pseudoprefixo termina em vogal e o elemento imediatamente seguinte começa por vogal diferente daquela. Ex.: agroindustrial, antiaéreo, autoaprendizagem, autoestrada, coautor, codireção,extraescolar, hidroelétrico, plurianual, etc.
  • 69. Prefixos sempre seguidos de hífen: Além, Aquém, Bem, Ex, Grã, Grão, Pós, Pré, Pró, Recém, Sem, Sota/soto,Vice/vizo - além-mar, além-túmulo; – aquém-fronteiras, aquém-mar; – bem-amado, bem-querer (exceções: bendizer, benquerer, benquisto); (= anterior) – ex-senador, ex-esposa; – grã-duquesa, grã-fino; (= grande) – grão-duque, grão -mestre; -pós-moderno, pós-meridiano, pós-cabralino; – pré-nupcial, pré-estreia, pré-vestibular; – pró-britânico, pró-governo; – recém-chegado, recém-nascido, recém-nomeado; – sem-número (= inúmeros), sem-terra, sem-teto, sem-vergonha; – sota-piloto, soto-mestre; – vice-diretor, vizo-rei.
  • 70. 70 Suprime-se o hífen: a) nas ligações da preposição de com as formas monossilábicas do presente do indicativo do verbo haver. Ex.: hei de, hás de, há de, heis de, hão de. b) nas locuções de qualquer tipo, à excepção das já consagradas pelo uso (como é o caso de água-de-colónia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa). Ex.: cão de guarda, fim de semana, sala de jantar, bota de elástico, cor de laranja , cor de vinho, cor de café com leite.
  • 71. 71 c) Suprime-se o hífen nas formações com prefixos (ANTE, ANTI, ARQUI, AUTO, CIRCUM, CO, CONTRA, ENTRE, EXTRA, HIPER, INFRA, INTER, INTRA, SEMI, SOBRE, SUB, SUPER, SUPRA, ULTRA…) e em formações com falsos prefixos (AERO, FOTO, MACRO, MAXI, MEGA, MICRO, MINI, NEO, PROTO, PSEUDO, RETRO, TELE...), exceto quando o segundo elemento começar por « h » ou por vogal igual à vogal final do prefixo ou pseudoprefixo. Ex.: MEGA: megaevento, megaprojeto…
  • 72. 72 Emprega-se o hífen nas formações por prefixação e recomposição em que: O prefixo ou pseudoprefixo termina em vogal e o elemento imediatamente a seguir começa por vogal idêntica. Ex.: anti-ibérico, auto-observação, contra-almirante, infra-axilar, intra-arterial, micro-ondas, semi-interno, supra-auricular. Obs.: o prefixo co- ocorre geralmente aglutinado, mesmo quando o elemento seguinte começa por <o>, à excepção das formações em que o segundo elemento começa por <h>. Ex.: coincinerar, coinquilino, coocorrência, coobrigação, coocupante, copiloto, cooperar, coordenar Mas : co-herdeiro, co-herdar.
  • 73. 73 Os compostos que designam espécies na área da botânica e da zoologia, ligados ou não por preposição ou qualquer outro elemento, escrevem-se sempre com hífen. Ex.: abóbora-menina, bem-me-quer, bênção-de-deus, cobra-capelo, erva-do-chá, ervilha-de-cheiro, fava-de-santo-inácio, formiga-branca.
  • 74. 74 Emprega-se o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando, não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares Ex.: A divisa Liberdade-Igualdade-Fraternidade A ponte Rio-Niterói O percurso Lisboa-Coimbra-Porto assim como nas combinações históricas ou ocasionais de topónimos Áustria-Hungria Alsácia-Lorena Angola-Brasil Tóquio-Rio de Janeiro
  • 75. 75 Tudo somado, aqui ficam as contas do Acordo: A adoção da nova ortografia, de acordo com os dados da Nota Explicativa do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 irá alterar a grafia de cerca de 2600 palavras, 1,42% do total de palavras na norma euro-afro-asiático-oceanica, quer dizer, em Portugal, nos países africanos de língua portuguesa, Timor Leste e na Região Administrativa Especial de Macau, e em cerca de 0,45% na norma brasileira. Quer dizer uma palavra em cada 62 em Portugal e uma em cada 223 no Brasil.
  • 76. 76 - Como explicar o inexplicável caos que se vai instalar com o Novo Acordo? Pergunta-se. - Não estará o Novo Acordo Ortográfico a servir de bode expiatório de todos os problemas que sempre estiveram presentes na língua portuguesa? – perguntamos nós. 3. Críticas à Nova Ortografia
  • 77. 77 O que era importante ter resolvido e o acordo deixou por resolver: o facto de um único grafema corresponder a vários fonemas (sons). O x corresponde a /s/ - máximo, /z/ - exame, /ch/- Xuxa - além de ks (dois fonemas) - tóxico -, e a um único fonema corresponderem vários grafemas: o som /s/ pode ser escrito com c, ç, s, ss, sc, sç, x, xc, z.
  • 78. 78 Um sem número de críticas têm sido colocadas à revisão ortográfica, recentemente aprovada, a maior parte das quais sem razão. Umas prendem-se com o sistema linguístico gravemente afetado com a reforma, outras com a própria necessidade de reforma e de unificação ortográficas. De uma forma ou de outra o Novo Acordo Ortográfico tem desempenhado bem o papel de bode expiatório, pois sobre ele recaem críticas sobre coisas que vêm muito de trás, fruto, como vimos antes, de um sistema linguístico que foi sempre imperfeito e eivado de muitas incoerências.
  • 79. 79 Bode expiatório, igualmente, de embaraços políticos que, como também vimos, sempre existiram e que se expressam em frases lapidares de ignorância bairrista: - É um neo-colonialismo às avessas em que a antiga colónia se quer impor ao país que deu origem à língua, descaracterizando-a. Vamos ficar linguisticamente dependentes da escrita brasileira? Ou ainda melhor : - Vamos todos ter de falar à brasileira?
  • 80. 80 Porque se escreve cor-de-rosa com hífen e cor de laranja sem hífen?
  • 82. 82 Nenhum sistema gráfico é perfeito - a escrita é uma tentativa de representação da fala e, por isso, ninguém conseguirá escrever exatamente como fala. A escrita é, portanto, artificial. Saber qual letra escolher na hora de escrever uma palavra é uma tarefa que exige memorização (principalmente a visual) e treino. Que atire a primeira pedra quem nunca se enganou. Elis de Almeida Cardoso Conclusão
  • 83. 83 Que terá esta ortografia, ainda em vigor, de tão dogmaticamente divino que não pode ser alterada? Fernando Cristóvão In Acordo Ortográfico desfaz ambiguidades – Ciberdúvidas, 25 de maio 2008
  • 84. 84 Perante situações adversas continuam atuais estas palavras de 1918: Pena é que a ortografia nova, que, em rigor, é velha, não seja compreendida por todos, ou antes, que se não queira ver a sua justeza, acabando-se de vez com os desconchavos que ainda perduram, quase sempre resultantes da ignorância… J.J. Nunes
  • 85. 85 Se há uma língua que se pode reclamar de etimológica é a língua de Molière, em que um mesmo som pode ter até nove formas de escrita diferentes, como é o caso das palavras homófonas: au, aux, haut, hauts, os, aulx, oh, eau, eaux
  • 86. 86 Se é verdade que a língua portuguesa é um património, está bem longe de ser uma arca frigorífica ou, muito menos, um fóssil. Francisco Álvaro Gomes In Pedagogia da Ortografia: missão (im)possível, 1987.
  • 87. 87 Essa república do português não tem uma capital demarcada. Não está em Lisboa, nem em Coimbra; não está em Brasília, nem no Rio de Janeiro. A capital da língua portuguesa está onde estiver o meridiano da cultura. Celso Cunha (1917-1989, professor, filólogo e ensaísta brasileiro) in Uma Política do Idioma (1964). S. José, Rio, p. 38
  • 88. 88 Quanto à nossa posição sobre o AO, subscrevemos a opinião do escritor angolano : Estou um bocado farto do acordo. Eu sou contra este acordo, mas sou ainda mais contra os que estão contra, que me parece terem uma reação parecida com a que existiu no século dezanove, relativamente ao francês. É uma reação reacionária. Pepetela (1941-…)
  • 89. 89
  • 90. 90 Aplicação do Novo Acordo Ortográfico na Imprensa Nota da Direcção do Expresso sobre o Acordo Ortográfico O Expresso apoia e vai adotar o novo Acordo Ortográfico. Do nosso ponto de vista, as novas normas não afetam - antes contribuem - para a clarificação da língua portuguesa. Por outro lado, não consideramos a ideia de que a ortografia afeta a fonética, mas sim o contrário. O facto de a partir de 1911 a palavra phleugma se passar a escrever fleugma e, já depois, fleuma não trouxe alterações ao modo como é pronunciada. Assim como pharmacia ou philosophia. O facto de a agência Lusa adotar o Acordo, enquanto o Expresso, por razões técnicas (corretores e programas informáticos de edição) ainda não o fez, leva a que neste sítio na Internet coexistam as ortografias pré-acordo e pós-acordo. Pedimos, pois, a compreensão dos nossos leitores.
  • 91. 91 NO ANO DE COMEMORAÇÃO DO CENTENÁRIO DA REPÚBLICA UMA HOMENAGEM É DEVIDA E MERECIDA A ESTE HERÓI NACIONAL DA ORTOGRAFIA Aniceto dos Reis Gonçalves Viana (Lisboa, 06-01-1840 - Lisboa, 13-09-1914) Gonçalves Viana, o grande inspirador da revolução ortográfica da língua portuguesa de 1911, autodidata, o homem do «ouvido apuradíssimo, que distinguia os sons mais subtis ou os menos percetíveis» e um dom de memória que lhe permitia reproduzir facilmente longos trechos literários. Poliglota invulgar, estudou castelhano, catalão, italiano, romeno, alemão, holandês, anglo-saxão, dinamarquês, sueco, islandês antigo; irlandês , galês; russo, búlgaro, húngaro, finlandês, hebraico, árabe, malaio, japonês, quimbundo, tupi e ainda vários dialetos. Saliente-se por fim a estima que por ele tiveram importantes filólogos estrangeiros, como: Jules Cornu, Henry Sweet, o príncipe Louis Lucien Bonaparte, Fredrik Wulff, Paul Passy. Colaborou na prestigiada revista Maitre phonétique.
  • 92. 92 Aperceberam-se de que este texto foi redigido em conformidade com o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa? Como certamente puderam verificar não são assim tantas as diferenças entre a velha e a nova ortografias.
  • 93. 93 Portal da Língua Portuguesa Revista Língua Celso Cunha in Uma Política do Idioma (1964). S. José, Rio, p. 38 Francisco Álvaro Gomes, In Pedagogia da Ortografia: missão (im)possível, 1987. O Acordo Tortográfico, por Miguel Esteves Cardoso, 1986 Fernando Cristóvão In Acordo Ortográfico desfaz ambiguidades – Ciberdúvidas, 25 de maio 2008. Diaporama - Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990). PNEP – 1.º Ciclo Sessão Plenária Regional ESEC-UALG 28 de Fevereiro de 2009 Artur Henrique Ribeiro Gonçalves Maria da Conceição A. O. R. Pessoa de Andrade Acordo ortográfico: o que muda na língua portuguesa a partir de 2009 in Abril.com por Rachel Bonino. Visão: http://aeiou.visao.pt//guia-pratico-para-perceber-o-acordo- ortografico=f543723 Referências Bibliográficas Instituto Camões http://www.moderna.com.br/acordo/guia_acordo.pdf