Nematoides são responsaveis por perdas de até 30% dos canaviais
Artigo Adubação do Milho safrinha - Revista A granja
1. ADUBAÇÃO
Cada milho com
o manejo que MERECE
Visto as particularidades das muitas regiões produtoras de milho safrinha
no país, principalmente em relação à disponibilidade de água no solo e
dos métodos de aplicação dos fertilizantes, são distintas as estratégias de
manejo da adubação
Aildson Pereira Duarte, Programa Milho e Sorgo IAC/APTA, Instituto Agronômico, Campinas/SP, aildson@apta.sp.gov.br
O
cultivo do milho na segunda de hectares e a produtividade média O emprego de insumos e práticas
safra sob sequeiro, em suces- dobrou para aproximadamente cinco culturais típicos de sistemas de alta
são de culturas, denominado toneladas por hectare, devido, prin- tecnologia é crescente no milho sa-
milho safrinha, expandiu rapidamen- cipalmente, à consolidação do siste- frinha, embora ainda predomine mé-
te no Brasil nas duas últimas déca- ma plantio direto, à antecipação da dio investimento em tecnologia. A adu-
das. Neste período, a área evoluiu de época de semeadura e ao lançamento bação tem acompanhado esta tendên-
inexpressiva para mais de 7 milhões de híbridos adaptados. cia, mas é necessário melhorá-la para
Fotos: Leandro M. Mittmann
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2. suplantar os níveis atuais de produti- pequenas propriedades, adubação no rando pouco volume de solo, é ne-
vidade na cultura. Neste artigo, se- sulco de semeadura e diversos espa- cessário o fornecimento de N na se-
rão apresentadas as principais pecu- çamentos entre linhas (de 45 a 90 cen- meadura para suprir esta grande de-
liaridades e os pontos que requerem tímetros). Nos chapadões do Centro- manda inicial do nutriente.
maior atenção no manejo da aduba- Oeste e do Mapito as temperaturas O milho safrinha se beneficia do
ção do milho safrinha. são mais elevadas e ocorre deficiên- nitrogênio presente nos restos cultu-
A diversidade de ambientes de pro- cia hídrica no final do desenvolvimen- rais da soja, mas não se conhece bem
dução do milho safrinha, principal- to da cultura (inverno seco), predo- quanto do nutriente fica disponível
mente quanto à disponibilidade de minando grandes propriedades, espa- para este cereal, o que dificulta o cál-
água no solo e dos métodos de apli- çamento reduzido (45 e 50 centíme- culo do crédito de nitrogênio na adu-
cação dos fertilizantes, condicionam tros) e aplicação de todo adubo a lan- bação nitrogenada do milho. Existem
diferentes estratégias de manejo da ço para facilitar a parte operacional. variações na própria eficiência do
adubação ao cereal. As regiões pro- Importância do nitrogênio — O processo simbiótico e na proporção
dutoras de milho safrinha podem ser nitrogênio (N) é o nutriente requeri- de grãos na massa total da parte aé-
divididas nas seguintes: cultivo tra- do e exportado em maior quantidade rea da soja, bem como nas condições
dicional, desde o início da década de pelo milho (figuras 1 e 2). Como para a mineralização da matéria or-
1990 em substituição ao trigo (Para- aproximadamente 1,5% do grão é gânica e liberação do N no solo. Es-
ná, sudoeste de São Paulo e parte do composto por nitrogênio, são expor- tima-se que ficam para o milho em
Mato Grosso do Sul); chapadões do tados 15 quilos de N por tonelada de sucessão cerca de 20 kg de N para
Centro-Oeste (Goiás, Mato Grosso e milho, que corresponde a 75 kg/hec- cada tonelada de soja, ou seja, 60 kg/
Mato Grosso do Sul), ocupando áre- tare de N quando se produz 5 tonela- ha de N quando se produz três tone-
as que ficavam ociosas após a co- das/ha de grãos. A maior parte do ni- ladas/ha de soja, o que não é sufici-
lheita da soja; e a nova fronteira agrí- trogênio (60% a 70%) é acumulada ente para suprir a exportação deste
cola do Mapito (Maranhão, Piauí e na planta antes do florescimento e o nutriente na maioria das lavouras de
Tocantins). potencial produtivo máximo é defini- milho safrinha.
A região de cultivo tradicional é do nos estádios iniciais (figura 3). Quanto e quando aplicar nitro-
de baixa altitude, baixas temperatu- Como o sistema radicular é pouco de- gênio — Em condições tropicais não
ras e risco de geadas, predominando senvolvido em plantas jovens, explo- é possível prever a resposta das cul-
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3. ADUBAÇÃO
turas ao nitrogênio a
partir da análise de Quando se emprega pouco
solo. A recomenda- nitrogênio e a produtividade
ção de adubação é do milho é elevada, pode
haver resposta da soja
feita considerando-se cultivada em sucessão à
o histórico de cultu- adubação nitrogenada
ras na área - que no
caso do milho safri-
nha é quase sempre a soja -, a de-
manda de nutrientes pelas plantas, a
estimada a partir da produtividade e
os resultados de experimentos de res-
posta da cultura aos fertilizantes.
Os primeiros experimentos em
rede sobre adubação do milho safri-
nha foram conduzidos pelo Instituto
Agronômico (IAC), na região paulis-
ta do Médio Paranapanema, no perí-
odo 1993 a 1995. Verificou-se que o
parcelamento do N com 10 kg/ha de
N na semeadura e o restante em co-
bertura, antiga adubação padrão, po- sio no sulco de semeadura (exemplos: com o regime hídrico regional e a pro-
deria ser aumentada para 30 kg/ha na fórmulas NPK 13-13-13, 16-16-16 e dutividade esperada.
semeadura. A aplicação de apenas 30 16-18-14+S), passou a ser ampla- Modos de aplicação — Um dos
kg/ha no sulco de semeadura era su- mente adotado nas regiões tradicio- pontos críticos da adubação de co-
ficiente para produzir de maneira eco- nais de milho safrinha para evitar as bertura é o modo de aplicação e o tipo
nômica até 4 t/ha de milho em grãos. incertezas de haver ou não umidade de fertilizante nitrogenado. Com a
O uso de 30 kg/ha na semeadura, no solo no momento em que deveria adoção do espaçamento reduzido, es-
juntamente com o fósforo e o potás- ser feita a cobertura, o que poderia pecialmente em Goiás e Mato Gros-
levar à deficiência nas so, é frequente a aplicação do nitro-
plantas pelo fato de não gênio a lanço na superfície do solo
Figura 1
fazê-la ou pela sua bai- sob sistema plantio direto. Nestas
xa eficiência. condições, a ureia pode ter grandes
Com o aumento da perdas de N por volatilização e reque-
produtividade e a ampli- rer o aumento da dose ou o uso de
ação da área de cultivo mistura com inibidores químicos
do milho safrinha, im- para minimizar as perdas. Embora a
plantou-se nova rede de ureia seja preferida devido a maior
experimentos em dife- Figura 2
rentes regiões produto-
ras, para atualizar as in-
formações sobre o ma-
nejo da adubação. Veri-
ficou-se, ao aplicar
aproximadamente 27 kg/
ha de N no sulco de se-
meadura, em sucessão a
soja e solos argilosos,
que a frequência de res-
posta ao N em cobertu-
ra é muito baixa até pro-
dutividades de 6 t/ha
(Figura 4). No entanto,
para suplantar este pa-
tamar produtivo é fun-
damental complementar
a adubação de semeadu-
ra com N em cobertura
em doses compatíveis
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4. Adubação de sistema: P, K, S e
Produção de grãos de safrinha à época de aplicação de
micronutrientes — A análise perió-
N. Resultados de 13 ensaios (1993 a 1995). Valores entre
dica do solo é fundamental para a re-
parênteses se referem ao número de ensaios usados para
comendação de N, P, S e micronutri-
calcular a resposta média
entes nos fertilizantes. No planejamen-
to da adubação não se deve conside-
Dose de N N aplicado Rendimento de grãos rar apenas o milho, mas a sucessão
Semeadura Cobertura 1993-94 (8) 1995 (5) de culturas de milho e soja (adubação
— kg/ha de N — — kg/ha (grãos) — de sistema). Os teores de fósforo na
camada 0-20 centímetros do solo de-
30 10 20 3.110 4.470 vem ser médios ou altos para o culti-
30 30 0 3.080(ns) 4.570(ns) vo do milho safrinha. Em solos com
baixo teor de fósforo, o cultivo é qua-
se sempre antieconômico pela neces-
60 10 50 3.130 4.440
sidade de altas doses de fertilizantes
60 30 30 3.120(ns) 4.550(ns) fosfatados. O fósforo deve ser apli-
cado preferencialmente no sulco de
Fonte: Cantarella e Duarte, 1995 semeadura, podendo-se optar pela
aplicação a lanço nos solos de alta fer-
disponibilidade, menor preço e faci- fica longe das raízes do milho e não tilidade para reposição dos nutrientes
lidade de aplicação, o nitrato de amô- é aproveitado imediatamente. Nestas exportados nas colheitas.
nio também tem sido utilizado por não condições, a eficiência do uso do fer- Deve-se evitar o parcelamento da
apresentar perdas de N quando apli- tilizante é reduzida e pode haver defi- adubação com potássio para a cultu-
cado na superfície sem enterrar. ciência nos estádios iniciais. ra do milho safrinha. Geralmente, as
Ao mesmo tempo, cresceu a adu- Quando se emprega pouco N e a quantidades recomendadas nesta épo-
bação exclusiva de nitrogênio, fósfo- produtividade do milho é elevada, ca são menores do que as do milho
ro e potássio na superfície, pois a se- pode haver resposta da soja cultiva- verão, reduzindo os riscos de injúri-
meadura é realizada com máquinas da em sucessão à adubação nitroge- as do sistema radicular devido ao efei-
sem mecanismo de adubação, visan- nada, pois aumenta a exportação dos to salino do potássio e do nitrogênio
do alto rendimento operacional. É pri- nutrientes e a imobilização de N e S aplicados no sulco de semeadura (a
orizada a adubação de cobertura e no solo para a decomposição dos res- soma de N e K 2O não deve ultrapas-
pouco ou nenhum fertilizante nitro- tos culturais do milho (palha com ele- sar 70-80 kg/ha). Como o potássio é
genado é aplicado imediatamente após vadas relações C/N e C/S). Equivo- o nutriente acumulado em maior
a semeadura. Geralmente, a aplica- cadamente, em vez de adubar adequa- quantidade nos estádios iniciais de de-
ção é feita em área total e, como as damente o milho, alguns agricultores senvolvimento das plantas de milho
raízes ainda são pequenas e não ocu- estão utilizando fertilizantes com ni- (figura 1), a sua aplicação a lanço de
pam a área da entrelinha, parte do N trogênio na cultura da soja. maneira isolada ou em fórmulas NPK
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5. ADUBAÇÃO
Figura 3 aplicação do potássio na cultura da Figura 4
soja e reduzir as doses no milho safri-
nha.
No caso do enxofre (S), deve-se
priorizar sua suplementação quando o
teor de S-SO42- for inferior a 5 mg/
dm3. O enxofre pode ser suprido no
milho tanto na adubação de semeadu-
ra como em cobertura do milho, em
doses entre 20 a 40 kg/ha, ou apenas
na soja. Sugere-se amostrar também
a camada subsuperficial (20-40 cm e
40-60 cm), pois as análises realizadas
com amostras de solo da camada de
0-20 cm tendem a subestimar a dis-
ponibilidade de S no solo. É sabido que
o S geralmente não se acumula nas
camadas superficiais de solos que re-
cebem calcário e adubo fosfatado, por
causa da predominância de cargas
negativas devido aos maiores valores
como 20-00-20 deve ser feita o mais de pH e do deslocamento do sulfato entes, o teor adequado no solo não
cedo possível. Como frequentemente dos sítios de adsorção, provocado pelo assegura ausência de deficiência nas
não há umidade adequada no solo para P (ao contrário do S, o P diminui em plantas. Por isso, é fundamental a
que imediatamente parte do potássio profundidade). amostragem periódica de folhas nas
aplicado na superfície movimente e Teores baixos de micronutrientes culturas em sucessão, mesmo na au-
seja absorvido pelas raízes, o efeito no solo indicam a necessidade da sua sência de sintoma(s) visual(ais) de
desta adubação sobre a produtividade inclusão na adubação no solo e/ou via deficiência, visando conhecer o es-
da cultura pode ser pouco expressivo foliar. Porém, em função de inúme- tado nutricional das plantas e plane-
ou nulo. Uma das opções é priorizar a ras interações na absorção dos nutri- jar as próximas adubações.
Cresceu a adubação exclusiva de
nitrogênio, fósforo e potássio na
superfície, pois a semeadura é
realizada com máquinas sem
mecanismo de adubação, visando
ao alto rendimento operacional
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