Este documento discute diferentes versões e interpretações do conto de fadas "Chapeuzinho Vermelho". Abrange perspectivas sobre como o conto pode ser contado e lido de maneiras que consideram diferentes idades e propósitos, ao invés de se focar apenas em assustar crianças. Também reflete sobre como os mesmos elementos do conto, como o lobo, representam medos universais que permanecem relevantes ao longo do tempo.
4. “Um conto de fadas é acima de tudo uma obra de arte.”
Goethe
“Contar um conto de fadas com uma finalidade específica que não seja a
de enriquecer a experiência da criança transforma-o num conto
admonitório, numa fábula, ou em alguma experiência didática que, na
melhor das hipóteses, fala à mente consciente da criança, ao passo que um
dos grandes méritos desta literatura é atingir diretamente o inconsciente
da criança.”
Bruno Bettleheim
5. Chapeuzinho de Perrault (1697)
Parece que muitos adultos acham melhor amedrontar as crianças para que elas se
comportem bem do que aliviar suas ansiedades.
Isso poderia explicar a escolha de Perrault ao terminar sua história com a vitória do lobo.
Assim, é destituída de escape, recuperação e consolo. Não é, para Bettelheim, um conto
de fadas, e sim uma história admonitória (que ensina com delicadeza) que ameaça
deliberadamente a criança com seu final produtor de ansiedade.
6. Chapeuzinho de Perrault
(1697)
O valor dos Contos de Fada para a criança é destruído se alguém detalha os significados.
Perrault faz pior - reelabora-os. Todos os bons Contos de Fada têm significados em
muitos níveis; só a criança pode saber quais significados são importantes para ela no
momento. À medida que cresce, a criança descobre novos aspectos destes Contos bem
conhecidos, e isso lhe dá a convicção de que realmente amadureceu em compreensão,
já que a mesma história agora revela tantas coisas novas para ela.
Bruno Bettelheim
7. Chapeuzinho Vermelho e João e Maria debruçam-se sob
a mesma ameaça: a criança ser devorada
Kveta Pacovska
9. “Podemos dizer que os personagens de contos de fadas são ‘bons
para pensar com’ [e que] o trabalho do conto de fadas é mostrar
que Por que? questões não podem ser respondidas com exceção de
uma única maneira: por contar as histórias. A história não contém a
resposta, é a resposta.”
Brian Wicker
11. Presento una versión sin texto del cuento clásico Caperucita Roja. La ilustración se convierte en la
única herramienta para contar la historia, fomentando la interpretación del lector, ya sea niño o
adulto. El cuento no se agota, cada lectura supone una nueva versión de Caperucita Roja.
Adolfo Serra
14. as infindáveis Chapeuzinho
modos de contar
Adolfo Serra
Kveta Pacovska
Susanne Janssen
Barroux
Benjamin Lacombe
Fabu
Veronika Kopeckova
modos de ler
Diane e Christyan Fox
Marjolaine Leray
Lynn e David Roberts
15. A escolha da versão depende do
que o mediador deseja provocar
com aquela leitura. Hoje, as
imagens costumam ser as
grandes definidoras de
propósitos, uma vez que os textos
podem ser os mesmos, já
conhecidos por longos séculos.
16. a mesma cena com
intencionalidades distintas
Por que ler Chapeuzinho
Vermelho?
17. bastante coloridos mas com tons
distintos… com ou sem maniqueísmo?
Maria Jesus RiveroNIcolas Gouny
18. ChapeuzinhoVermelho
para várias idades
Quando a espreita é mais assustadora que o
lobo, não seria hora de retomar a história
sob outras bases?
Podemos pensar em camadas da história:
1. Chapeuzinho Vermelho e o Lobo Mau
2. Chapeuzinho Vermelho e o Mal
…
20. “O medo não é tão difícil de entender. Nada mudou desde que
Chapeuzinho Vermelho enfrentou o lobo mau. O que nos assusta,
hoje, é exatamente o mesmo tipo de coisa que nos assustou
ontem. É apenas um lobo diferente. O complexo de medo está
enraizado em cada indivíduo.”
Alfred Hitchcock