1) O documento discute os green bonds e seu potencial para financiar projetos de energias renováveis no Brasil, contribuindo para o meio ambiente.
2) Apesar de o mercado de green bonds ser ainda incipiente no Brasil, existe interesse de investidores institucionais devido ao potencial do país no setor de energias renováveis.
3) Entre os desafios para o desenvolvimento deste mercado no Brasil estão a competição com títulos públicos, concentração de investidores e a dificuldade de dimensionar as contribuições ambientais e sociais
CAPITAL ASSET PRICING MODEL (CAPM): UM TESTE DO MODELO BÁSICO PARA O MERCADO ...
GREEN BONDS ‐ OPORTUNIDADE PARA O SETOR DE ENERGIAS RENOVÁVEIS NO BRASIL E AS CONTRIBUIÇÕES AO MEIO AMBIENTE
1. 60
REVISTA DE ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE DA GRADUAÇÃO - REMAG
VOL. 2, N. 2, JUL./DEZ. 2015
GREEN
BONDS
-‐
OPORTUNIDADE
PARA
O
SETOR
DE
ENERGIAS
RENOVÁVEIS
NO
BRASIL
E
AS
CONTRIBUIÇÕES
AO
MEIO
AMBIENTE
Andressa
Pereira;
Diego
Torres;
Jamil
Campos;
Leila
Carvalho;
Luise
de
Oliveira;
Thiago
Yajima
Introdução
Energia
é
um
insumo
essencial
no
processo
produtivo
de
qualquer
sistema
econômico
e
um
fator
importante
para
melhorar
a
qualidade
de
vida,
a
segurança
e
a
prosperidade
das
sociedades.
Historicamente
o
crescimento
econômico
tem
se
caracterizado
pelo
uso
mais
intensivo
de
energia.
Os
aspectos
regionais
e
urbanos
contemporâneos,
com
a
concentração
cada
vez
maior
de
pessoas
nas
cidades
e
os
hábitos
de
consumo
de
seus
moradores
demandam
bem
mais
energia,
em
comparação
aos
modos
de
vida
rural
ou
àqueles
intensamente
dependentes
de
serviços
tecnológicos
e
produtos
industrializados.
Mesmo
com
os
eventuais
ganhos
de
produtividade
e
de
eficiência
no
uso
da
energia,
tais
avanços
não
têm
sido
capazes
de
compensar
este
aumento,
levando
a
sociedade
a
uma
crescente
dependência
de
fontes
seguras
de
energia,
que
estão
disponíveis
de
forma
bastante
concentrada
nos
centros
urbanos
e
no
tempo
(com
horários
de
pico
no
consumo
que
exigem
a
sua
estocagem).
No
Brasil,
apesar
de
seu
enorme
potencial
gerador
de
energia,
esta
realidade
se
faz
presente
de
forma
intensa
(FGV
e
FEBRABAN,
2014).
Concomitantemente,
a
produção
de
energia
no
mundo
é
a
principal
responsável
pela
emissão
de
Gases
de
Efeito
Estufa
(GEE),
tendo
como
principal
origem
a
queima
de
combustíveis
fósseis.
Como
forma
de
combater
as
ameaças
das
mudanças
climáticas
associadas
à
crescente
concentração
destes
gases
na
atmosfera
governos,
entidades
supranacionais,
empresas
e
cidadãos
têm
buscado
soluções
que
consigam
mitigar
os
efeitos
oriundos
da
produção
e
uso
de
energia
(FGV
e
FEBRABAN,
2014).
Neste
contexto,
investimentos
em
projetos
e
desenvolvimento
de
novas
tecnologias,
capazes
de
reduzir
os
impactos
da
aquisição
de
energia
de
fontes
existentes
e
também
aprimorar
a
utilização
da
energia
disponível
se
tornam
prioritários.
Medidas
capazes
de
aumentar
a
eficiência
na
produção,
distribuição
e
uso
de
recursos
energéticos
têm
sido
adotadas
em
todo
o
mundo
e
encontram
um
fértil
campo
de
atuação
no
Brasil,
onde
há
oportunidades
no
aperfeiçoamento
da
geração
de
usinas
hidrelétricas
existentes,
redução
do
desperdício
nas
linhas
de
transmissão
e
distribuição
e
ganhos
de
eficiência
em
aplicações
industriais,
comerciais
e
residenciais.
Pesquisas
tecnológicas
voltadas
à
diminuição
de
danos
provenientes
da
queima
de
combustíveis
fósseis
–
como
a
Captura
e
Estocagem
de
CO2
em
formações
geológicas
profundas
ou
a
substituição
da
queima
de
carvão
e
petróleo
pelo
gás
natural
–
também
têm
sido
foco
de
atenção
de
diversas
nações
(FGV
e
FEBRABAN,
2014).
Paralelamente
a
esse
movimento
de
busca
por
ganhos
adicionais
em
fontes
de
energia
já
existentes
e
por
mais
possibilidades
sustentáveis
–
o
mercado
global
vem
passando
por
2. 61
REVISTA DE ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE DA GRADUAÇÃO - REMAG
VOL. 2, N. 2, JUL./DEZ. 2015
transformações.
Conforme
fontes
tradicionais
de
energia
renovável
e
de
baixa
emissão
de
GEE
–
como
hidrelétrica
e
nuclear
–
vêm
encontrando
resistência
para
sua
expansão;
novas
alternativas1
têm
ganhado
competitividade
e
atraído
a
atenção
de
agentes
econômicos.
(FGV
e
FEBRABAN,
2014).
Emitidos
pela
primeira
vez
em
2007,
os
Green
Bonds,
desde
então,
têm
se
mostrado
um
importante
veículo
para
que
governos,
instituições
multilaterais
e
empresas
possam
levantar
capital,
junto
a
investidores
institucionais
-‐
como
fundos
de
pensão
–
a
fim
de
investi-‐lo
em
projetos
ambientalmente
sustentáveis
(Fujihara,
2015).
No
Brasil,
o
mercado
de
Green
Bonds
ainda
é
incipiente.
Dentre
os
desafios
para
sua
disseminação
-‐
além
de
fatores
externos
como:
a
falta
de
informações
consolidadas
e
regulamentações
padronizadas
no
mundo
-‐
há
internamente
a
competição
dos
títulos
públicos
federais
e
a
existência
de
um
mercado
de
investidores
concentrado.
Mesmo
assim,
o
país
tem
despertado
o
interesse
de
players
institucionais,
principalmente,
pelo
seu
potencial
no
setor
de
energias
renováveis.
Em
2014,
a
Federação
Brasileira
de
Bancos
(FEBRABAN)
criou
um
comitê
para
identificar
as
potencialidades,
os
desafios
e
as
propostas
para
o
desenvolvimento
deste
mercado
(FEBRABAN,
2015).
Cabe
destacar
também
dentre
as
barreiras,
o
dimensionamento
das
contribuições
ambientais
e
sociais
de
uma
determinada
atividade
econômica.
Especificamente,
o
problema
de
como
valorar
economicamente
os
custos
e
benefícios
sociais
causados
por
um
determinado
investimento,
de
tal
maneira,
que
possa
servir
de
base
para
a
tomada
de
decisão
de
negócios
como
para
o
monitoramento
dos
resultados
e
impactos
das
decisões
de
investimento
(FGV,
2014).
Os
objetivos
deste
texto
são:
1)
demonstrar
o
potencial
de
desenvolvimento
das
emissões
de
Green
Bonds
como
mecanismo
de
captação
de
recursos
direcionados
a
investimentos
no
setor
brasileiro
de
energias
renováveis
e
2)
valorar
economicamente
os
benefícios
ao
bem
estar
social
resultantes
de
projetos
de
geração
de
energia,
com
fontes
renováveis,
financiados
pela
emissão
de
Green
Bonds,
baseando-‐se
nos
método
de
custos
de
reposição
(MCR).
Este
artigo
foi
estruturado
em
seis
seções,
além
desta
Introdução.
A
segunda
trata
do
referencial
teórico
no
qual
se
baseia
o
artigo.
Na
terceira
seção
expõem-‐se
a
metodologia
empregada.
Na
quarta
são
abordadas
as
características
dos
Green
Bonds,
o
mercado
global
desses
títulos,
contemplando
as
suas
características
por
setor
econômico
e
região,
sua
evolução
e
perspectivas;
e
faz-‐se
uma
análise
do
estágio
em
que
se
encontra
o
mercado
brasileiro.
Na
quinta
seção
analisam-‐se
os
investimentos
realizados
em
energias
renováveis,
suas
perspectivas
e
o
potencial
dos
Green
Bonds
para
o
setor.
Na
sexta
seção,
mostra-‐se
a
aplicabilidade
do
método
de
valoração
econômica
escolhido;
e,
por
fim,
a
seção
sétima
trata
das
considerações
finais
sobre
o
tema.
1
Incluem: PCH, biomassa, biocombustível, eólica e solar
3. 62
REVISTA DE ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE DA GRADUAÇÃO - REMAG
VOL. 2, N. 2, JUL./DEZ. 2015
Referencial
Teórico
A
Importância
Da
Energia
Para
O
Desenvolvimento
Econômico
E
Seus
Impactos
Ao
Meio
Ambiente
Por
ocupar
um
papel
central
no
desenvolvimento
humano
a
energia:
[...]
é
um
insumo
crítico
para
o
funcionamento
de
qualquer
sistema
econômico,
e
um
fator
essencial
para
a
promoção
da
qualidade
de
vida,
segurança
e
prosperidade
das
sociedades.
Historicamente,
o
crescimento
econômico
tem
sido
acompanhado
pelo
uso
cada
vez
mais
intensivo
de
energia.
Para
cada
aumento
de
um
ponto
percentual
no
PIB
corresponde
um
aumento
percentual
maior
no
consumo
energético.
(FGV
e
FEBRABAN,
2014,
p.
71).
No
Brasil,
essa
realidade
não
é
diferente.
A
elasticidade-‐renda
do
consumo
de
energia
no
país
entre
2000-‐2014
foi
de
1,33
e
a
projeção
para
o
período
de
2014-‐2024
é
de
1,172
.
Ao
mesmo
tempo,
a
produção
de
energia
global,
é
a
principal
fonte
de
emissão
de
Gases
de
Efeito
Estufa
(GEE).
O
setor
de
energia
é
responsável
por
aproximadamente
40%
das
emissões
de
CO2
na
atmosfera
(The
World
Bank,
2015).
Diante
dessa
conjuntura,
o
desenvolvimento
de
tecnologias,
capazes
de
mitigar
os
impactos
da
obtenção
de
energia
de
fontes
existentes
e
também
para
racionalização
do
uso
da
energia
disponível,
tornaram-‐se
alvos
de
investimentos
de
governos,
empresas
e
cidadãos
(FGV
e
FEBRABAN,
2014).
Green
Bonds
Como
agente
importante
no
direcionamento
de
recursos
às
atividades
produtivas,
a
participação
do
mercado
de
capitais
rumo
a
um
desenvolvimento
econômico
sustentável
se
apresenta
como
crucial:
[...]
os
impactos
ambientais
causados
pelos
modelos
de
produção
em
massa
durante
o
século
XX
levou
à
criação
de
instrumentos
financeiros
voltados
para
apoiar
empresas
ou
práticas
de
negócio
ambientalmente
responsáveis
[...]
Entre
os
principais
instrumentos,
encontram-‐se:
a)
os
Green
Bonds,
títulos
de
renda
fixa
emitidos
por
governos,
bancos
ou
organizações
autorizadas
para
incentivar
o
financiamento
de
projetos
ambientalmente
responsáveis
[...]
(Lemme,
2012,
p.
39)
2
EPE, Projeção da demanda de energia elétrica para os próximos 10 anos (2015-2024), 2015, p. 53.
4. 63
REVISTA DE ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE DA GRADUAÇÃO - REMAG
VOL. 2, N. 2, JUL./DEZ. 2015
A
colocação
desses
títulos
“verdes”
tem
como
foco
estimular
de
recursos
voltados
ao
financiamento
de
projetos
ou
compra
de
equipamentos
em
diversas
áreas,
como
para
a
redução
da
emissão
de
GEE,
uso
de
fontes
renováveis
de
energia,
desenvolvimento
de
uma
estrutura
energeticamente
eficiente,
restauração
de
construções
e
descontaminação
de
terrenos
prejudicados
pela
poluição
industrial.
Os
recursos
obtidos
com
a
venda
dos
Green
Bonds
são
destinados
a
empresas
qualificadas
para
o
financiamento
e
garantem
um
custo
de
capital
mais
atrativo
para
os
empresários
(RAND
et
al,
2008).
Salvo
o
rápido
crescimento
do
mercado
mundial
de
Green
Bonds,
diversos
desafios
ainda
se
impõem
para
sua
disseminação
entre
países,
principalmente
os
em
desenvolvimento.
As
indefinições
sobre
quais
requisitos
devem
ser
considerados
para
que
um
projeto
seja
considerado
“green”,
a
falta
de
mecanismos
adequados
ao
monitoramento
dos
resultados
dos
investimentos,
a
carência
de
informações
consolidadas
sobre
emissões
e
a
ausência
de
uma
regulamentação
padronizada;
tudo
isso
deve
ser
tomado
como
importante
para
o
desenvolvimento
desse
mercado
(KPMG,
2015).
Valoração
Econômica
Ambiental
A
importância
dos
recursos
naturais
para
uma
sociedade
tem
diferentes
dimensões:
ecológica,
que
diz
respeito
à
necessidade
de
preservar
ecossistemas
para
que
mantenham
a
oferta
de
seus
serviços;
sociocultural,
relacionada
a
valores;
e
econômica
assentada
no
conceito
de
utilidade
como
medida
de
bem-‐estar.
Contudo,
na
esfera
de
tomadas
de
decisões
de
negócios
e
políticas
públicas,
a
valoração
das
externalidades3
do
capital
natural
é
importante
para
auxiliar
numa
alocação
eficiente
(economicamente
e
socialmente)
de
outros
tipos
de
capital
(financeiro,
humano
e
tecnológico)
entre
as
diversas
atividades
econômicas
(FGV,
2014).
E
conforme
Motta
(1997),
atribuir
um
valor
econômico
de
um
recurso
natural
é
estimar
o
seu
valor
monetário
em
relação
aos
outros
bens
e
serviços
disponíveis
na
economia.
Porém,
como
valorar
economicamente
o
bem
ambiental,
uma
vez
que
se
trata
de
um
bem
com
características
tão
particulares?
A
Economia
Ambiental
desenvolveu
o
conceito
de
Valor
Econômico
dos
Recursos
Ambientais
(VERA),
que
encerra
quatro
formas
de
atribuição
de
valor
(Motta,
1997).
.
Valor
de
Uso
Direto
(VUD):
quando
bens
e
serviços
ambientais
são
apropriados
diretamente
da
exploração
do
recurso
e
consumidos
hoje.
.
Valor
de
Uso
Indireto
(VUI):
quando
bens
e
serviços
ambientais
que
são
gerados
de
funções
ecossistêmicas
são
apropriados
e
consumidos
indiretamente
hoje.
3
Externalidades: ações de um agente que afetam outros agentes. Não sendo o agente responsável; nem
compensado e nem penalizado por isso. Podem ter conseqüências positivas ou negativas.
5. 64
REVISTA DE ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE DA GRADUAÇÃO - REMAG
VOL. 2, N. 2, JUL./DEZ. 2015
.
Valor
de
Opção
(VO):
quando
bens
e
serviços
ambientais
de
usos
diretos
e
indiretos
a
serem
apropriados
e
consumidos
no
futuro.
.
Valor
de
Existência
(VE):
que
é
valor
não
associado
ao
uso
atual
ou
futuro
e
que
reflete
questões
morais,
culturais,
éticas
ou
altruísticas
Desse
modo,
uma
expressão
para
VERA
seria:
VERA
=
(VUD
+
VUI
+
VO)
+
VE
(1)
Ainda,
de
acordo
com
Motta
(1997),
com
fundamento
no
VERA,
a
valoração
econômica
dos
bens
ambientais
pode
ser
calculada
por:
(a)
métodos
da
função
de
produção
–
método
da
produtividade
marginal
e
métodos
de
bens
substitutos
(custos
de
reposição,
custos
evitados
e
custos
de
controle);
e
(b)
métodos
da
função
de
demanda
–
métodos
de
bens
complementares
(preços
hedônicos
e
de
custos
de
viagem)
e
método
da
valoração
contingente.
Metodologia
A
metodologia
utilizada
nesse
estudo
baseou-‐se:
primeiramente,
numa
abordagem
de
trabalhos
anteriores
de
diversas
autorias
que
demonstram
como
os
Green
Bonds
podem
contribuir
para
o
desenvolvimento
econômico
sustentável
e
como
o
Brasil,
dado
o
seu
potencial
energético,
pode
atrair
uma
parcela
significativa
destes
recursos
a
projetos
de
energias
renováveis.
Segundo,
como
procedimento
metodológico
para
valorar
monetariamente
bens
e
serviços
ambientais,
utilizou-‐se
do
Método
de
Custos
de
Reposição
(MCR).
O
MCR
baseia-‐se
na
premissa
de
que
os
custos
incorridos
para
a
reposição
ou
recuperação
da
quantidade
ou
qualidade
de
um
bem
ou
serviço
ambiental
é
uma
estimativa
válida
do
valor
dos
seus
benefícios
ao
bem
estar
social4
.
Como
tal
recurso
do
meio
ambiente
não
possui
preço
observável,
para
sua
mensuração
toma-‐se
como
base
o
preço
de
mercado
de
um
bem
ou
serviço
substituto
comercializável.
Dessa
maneira,
considerando
dados
emitidos
pelo
Banco
Mundial
(World
Bank),
procurou-‐se
analisar
os
gastos
que
seriam
impostos
à
sociedade,
caso
a
geração
de
energia
com
fontes
renováveis
de
projetos
financiados
por
Green
Bonds,
fosse
substituída
por
alternativas
fósseis
geradoras
de
externalidades
negativas
–
como
poluição
do
ar,
degradação
do
solo
e
danos
à
saúde
humana.
Para
a
quantificação
dessas
externalidades,
consideraram-‐se
como
parâmetro,
as
emissões
de
GEE;
em
toneladas
de
CO2
equivalente
(tCO2
eq.)5
,
evitadas
pelo
uso
de
4
FGV, 2014, p. 82
5
Dióxido de carbono equivalente é uma unidade métrica que converte o potencial de aquecimento global de
gases que provocam o efeito estufa, em termos equivalentes à tonelada de CO2. A tonelada de emissões de CO2 é
multiplicada pelo potencial de aquecimento de outros gases, como o óxido nitroso, o metano e o ozônio.
6. 65
REVISTA DE ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE DA GRADUAÇÃO - REMAG
VOL. 2, N. 2, JUL./DEZ. 2015
insumos
renováveis.
Na
sua
valoração,
admitiu-‐se
como
preço
de
mercado
o
Custo
Social
do
Carbono
(CSC)6
.
Sendo,
assim:
VEEP
=
GEE
x
CSC
(2)
No
qual:
VEEP:
Valor
Estimado
das
Externalidades
Positivas
ao
ano,
em
US$;
GEE:
Gases
do
Efeito
Estufa
evitados,
em
tCO2
eq.;
CSC:
Custo
Social
do
Carbono
em
US$
/
tCO2
eq.
Breve
Panorama
do
Mercado
de
Green
Bonds
Análise
dos
Aspectos
Relacionados
às
Emissões
de
Green
Bonds
Green
Bonds
são
instrumentos
financeiros
de
renda
fixa
emitidos
por
governos,
instituições
financeiras,
órgão
multilaterais
e
empresas,
com
o
intuito
de
levantar
capital
através
do
mercado
de
capitais.
De
maneira
semelhante
a
outros
títulos,
o
emissor
se
financia
junto
a
investidores,
por
um
determinado
período
de
tempo,
pagando
o
principal
no
vencimento
e
juros
(coupons)
periódicos
(KPMG,
2015).
A
principal
diferença
entre
um
Green
Bond
e
um
Bond
regular
é
que
o
emissor
declara
publicamente
o
objetivo
de
financiar
projetos
que
tragam
benefícios
ao
meio
ambiente,
como
energia
renovável,
transporte
de
baixo
carbono
e
programas
de
reflorestamento.
Esta
declaração
pode
constar
na
descrição
do
Uso
dos
Recursos
do
título.
Outra
forma
de
se
atestar
a
finalidade
da
emissão
é
por
meio
de
pareceres
de
“second
opinion”
elaborados
por
agências
de
rating
e
consultorias
(Pimentel
et
al,
2015).
Nestes
documentos
constam,
entre
outras
informações:
a
definição
clara
das
categorias
de
projetos
elegíveis;
os
parâmetros
específicos
de
sustentabilidade
para
avaliação
dos
projetos;
e
os
mecanismos
de
reporte
e
monitoramento
dos
projetos
e
recursos
levantados
(Sustainalytics,
2015).
Quanto
aos
procedimentos
e
padrões
a
serem
adotados
por
emissores,
os
mais
utilizados
no
mercado
de
Green
Bonds,
são
os
que
figuram
no
Green
Bond
Principles
e
Climate
Bonds
Standard,
elaborados
pela
International
Capital
Market
Association
(ICMA)
e
Climate
Bonds
Initiative,
respectivamente7
.
6
Custo Social do Carbono (CSC): parâmetro do custo estimado de possíveis impactos que a adição de uma
tonelada de CO2 na atmosfera pode acarretar sobre a produtividade agrícola; na saúde humana; bem como danos
a propriedades públicas e privadas decorrentes dos riscos associados às mudanças climáticas - como enchentes.
7
Fonte: KPMG, 2015, p. 05.
7. 66
REVISTA DE ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE DA GRADUAÇÃO - REMAG
VOL. 2, N. 2, JUL./DEZ. 2015
Dentre
os
prováveis
benefícios
aos
emissores
estão:
diversificação
dos
investidores,
possível
spread
reduzido,
elevada
demanda
no
mercado
internacional
e
ganhos
de
imagem
e
reputação.
Aos
investidores,
fora
aumentarem
a
diversificação
em
seus
portfólios,
agregam,
além
dos
retornos
financeiros,
os
ganhos
sociais,
ambientais
e
de
governança.
E
para
a
sociedade
e
o
meio
ambiente,
os
Green
Bonds
ao
realocarem
recursos
à
economia
“verde”,
contribuem
para
o
desenvolvimento
sustentável
(KPMG,
2015).
Figura
1
–
Exemplo
de
estrutura
de
operação
com
Green
Bonds.
Fonte: Adaptado De Rand Et Al (2008).
O
Mercado
Global
De
Green
Bonds
A
despeito
de
ser
relativamente
novo
-‐
a
primeira
emissão
ocorreu
em
2007
–
o
mercado
global
de
Green
Bonds
tem
crescido
rapidamente.
Em
2014
foram
emitidos
aproximadamente
US$
36,6
bilhões
de
títulos;
mais
do
que
triplo
das
emissões
de
2013,
que
foram
da
ordem
de
US$
11
bilhões.
A
expectativa
para
2015
é
de
que
sejam
lançados
por
volta
de
US$
70
bilhões
(Climate
Bonds
Initiative
and
HSBC,
2015,
p.
8).
Gráfico
1
–
Emissões
anuais
de
Green
Bonds
em
bilhões
de
US$.
GOVERNO FUNDO
EMPRESA
BOND HOLDERS
Bem a m b ien ta l
e so cia l
Green Bo nd
Em préstim o Am o rtiza çã o
Prin cip a l +
J u ro s
Ga ra n tia e
fisca liza çã o
8. 67
REVISTA DE ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE DA GRADUAÇÃO - REMAG
VOL. 2, N. 2, JUL./DEZ. 2015
Fonte: Climate Bonds Initiative, 2015. Elaboração própria.
É
estimado
que
quase
metade
dos
recursos
captados
pelo
International
Bank
Reconstruction
and
Development
(IBRD);
ligado
ao
Banco
Mundial,
sejam
alocados
aos
setores
de
energia
renovável
e
eficiência
energética,
principalmente
da
Ásia
(44%).
Gráfico
2
–
Destino
dos
recursos
captados
pelo
IBRD
via
Green
Bonds.
Fonte: FEBRABAN, 2015, P. 07.
O
Mercado
Brasileiro
de
Green
Bonds
0,8 0,4 0,9
3,9 1,2 3,1
11,0
36,6
70,0
9. 68
REVISTA DE ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE DA GRADUAÇÃO - REMAG
VOL. 2, N. 2, JUL./DEZ. 2015
Em
maio
de
2015,
a
BRF,
uma
das
maiores
companhias
no
ramo
de
processamento
de
alimentos,
se
reuniu
com
investidores
da
Europa
(com
o
objetivo
de
prospecção
e
captação)
e
apresentou
uma
proposta
para
a
primeira
emissão
de
títulos
“verdes”
8
.
No
mês
seguinte,
a
empresa
vendeu
no
mercado
europeu,
500
milhões
de
euros
em
Green
Bonds
com
vencimento
em
sete
anos
e
cupom
de
2,75%
a.a,
sendo
então
a
primeira
empresa
latino-‐americana
a
emitir
esse
tipo
de
dívida
para
financiar
projetos
ambientalmente
sustentáveis.
A
BRF
divulgou
um
comunicado
ao
mercado,
informando
onde
será
investido
o
montante
e
indicando
de
qual
forma
pretende
utilizar
os
recursos
obtidos
com
a
operação9
.
Desta
forma:
[...]
financiar
projetos
sustentáveis
nas
áreas
de
eficiência
energética,
redução
da
emissão
de
gases
de
efeito
estufa,
energia
renovável,
gestão
de
uso
da
água,
gestão
de
resíduos,
uso
de
embalagens
sustentáveis
e
eficientes,
gestão
sustentável
de
áreas
florestais
e
redução
do
uso
de
matéria-‐prima,
bem
como
no
pagamento
de
taxas
relacionadas
à
emissão
das
Notes
10
.
(BRF
Global,
2015).
Mesmo
com
essa
primeira
oferta
e
dado
o
potencial
do
Brasil
para
investimentos
em
projetos
“verdes”,
esse
mercado
ainda
não
foi
dinamizado.
Mostram-‐se
como
desafios:
i)
a
competição
dos
títulos
públicos,
que
oferecem
altos
retornos
e
menor
risco;
ii)
a
baixa
liquidez
do
mercado
secundário
de
títulos
privados;
iii)
mercado
de
investidores
concentrado;
iv)
processo
de
colocação
de
Green
Bonds
mais
longo
que
o
tradicional
devido
à
“second
opnion”;
e
v)
baixo
nível
de
conhecimento
dos
investidores
nacionais
sobre
o
produto
(FEBRABAN,
2015).
Todavia,
apesar
das
barreiras,
já
surge
entre
as
empresas
brasileiras
o
interesse
na
emissão
dos
Green
Bonds.
Especialistas
acreditam
que
para
os
próximos
anos,
a
demanda
por
esse
tipo
de
título
crescerá
bastante,
tanto
para
emissores
que
buscam
fontes
de
financiamento
alternativas
para
seus
projetos,
como
para
investidores
que
queiram
fomentar
iniciativas
sustentáveis11
.
8
Fonte: Exame, 2015.
9
Fonte: BRF Global, 2015.
10
As Notes cumprem com o Green Bond Principles, editados pela Associação Internacional de Mercado de
Capitais (International Capital Market Association - ICMA).
11
Fonte: Samora, 2015.
10. 69
REVISTA DE ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE DA GRADUAÇÃO - REMAG
VOL. 2, N. 2, JUL./DEZ. 2015
O
Potencial
dos
Green
Bonds
para
as
Energias
Renováveis
no
Brasil
O
investimento
mundial
em
energias
renováveis
em
2014
foi
da
ordem
de
US$
214
bilhões12
,
que
regionalmente
se
distribuíram
conforme
indicado
no
gráfico
a
seguir.
Gráfico
3
–
Investimentos
em
energias
renováveis
por
região
em
bilhões
de
US$
(2013).
Fonte: FGV e FEBRABAN, 2014. Elaboração própria.
Desse
total,
o
investimento
brasileiro
de
US$
3
bilhões13
representa
somente
1,4%.
Comparado
aos
2,9%
da
Índia
e
aos
26%
da
China,
os
dois
outros
grandes
países
emergentes
retratados
no
gráfico;
se
mostra
ainda
mais
desproporcional.
A
relevância
das
energias
renováveis
como
tecnologia
emergente
e
a
mudança
que
possivelmente
trará
no
cenário
energético
mundial,
faz
com
que
a
baixa
prioridade
que
o
Brasil
dá
ao
tema,
tanto
em
termos
absolutos
com
se
comparado
a
outros
países
emergentes,
mereça
atenção.
12
Não incluem grandes centrais hidrelétricas (porte acima de 50 MW) e fontes nucleares. FGV e FEBRABAN,
2014, p. 75.
13
FGV e FEBRABAN, 2014, p. 75.
56,3
48,4
35,8
43,3
12,4
9,0
6,1
3,1
CHINA
EUROPA
ESTADOS UNIDOS
SUL DA ÁSIA E OCEANIA (SEM
CHINA E ÍNDIA)
AMÉRICA (SEM EUA E BRASIL)
ORIENTE MÉDIO E ÁFRICA
11. 70
REVISTA DE ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE DA GRADUAÇÃO - REMAG
VOL. 2, N. 2, JUL./DEZ. 2015
Tabela
1
–
Investimento
do
Brasil
em
energias
renováveis,
por
tecnologia
e
financiamento
em
bilhões
de
US$
(2013).
Asset
Finance
Mercados
Públicos
VC/PE
Total
Eólica
2,1
0,2
0,04
2,34
Biocombustível14
0,5
-‐
-‐
0,5
Biomassa
-‐
-‐
0,1
0,1
Pequenas
hidrelétricas15
0,03
-‐
-‐
0,03
Solar
0,01
-‐
-‐
0,01
Total
2,64
0,2
0,14
2,98
Fonte: FGV e FEBRABAN, 2014. Elaboração própria.
A
preocupação
é
reforçada
quando
se
analisa
a
tabela
acima.
Nota-‐se
que
89%
dos
investimentos
se
dão
na
modalidade
asset
finance,
que
corresponde
ao
investimento
em
unidades
de
geração
de
energia,
com
uso
de
recursos
próprios
de
empreendedores,
investidores
diretos
e
empréstimos.
Os
valores
investidos
por
meio
do
mercado
de
capitais
e
fundos
de
capital
de
risco
(VE/PE)
ficam
reduzidos
à
ordem
de
US$
140
milhões16
.
Outro
documento
que
permite
avaliar
o
volume
de
investimentos
no
setor
é
o
Plano
Decenal
de
Expansão
de
Energia
(PDE)
elaborado
pela
Empresa
de
Pesquisa
Energética
(EPE),
do
Ministério
de
Mina
e
Energia
(MME).
Na
edição
mais
recente
disponível:
PDE
2014-‐2023,
a
expansão
em
geração
de
energias
renováveis
exigirá
investimentos
da
magnitude
de
R$
202
bilhões
nesse
período17
,
sendo
que
R$
86
bilhões
através
de
grandes
hidrelétricas
e
R$
116
bilhões
por
PCH,
biomassa,
eólica
e
solar.
14
Capacidade de pelo menos 1 milhão de litros por ano.
15
Porte entre 1 MW e 50 MW.
16
FGV e FEBRABAN, 2014, p. 76.
17
EPE, Plano Decenal de Expansão de Energia 2023, p. 112.
12. 71
REVISTA DE ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE DA GRADUAÇÃO - REMAG
VOL. 2, N. 2, JUL./DEZ. 2015
Tabela
2
–
Estimativa
de
investimentos
em
geração
de
energia
no
Brasil:
2014
–
2023
(em
bilhões
de
R$).
Tipos
de
fontes
Usina
contratadas
e
autorizadas
Usinas
planejadas
Total
Valor
Valor
Valor
Hidro
29,0
56,6
85,6
PCH18
+
Biomassa
+
Eólica
+
Solar
46,3
70,0
116,3
Termelétrica
5,2
16,0
21,2
-‐
Nuclear
2,6
-‐
2,6
-‐
Gás
natural
2,3
16,0
18,3
-‐
Carvão
-‐
-‐
-‐
-‐
Óleo
combustível
e
Diesel
0,3
-‐
0,3
Total
80,5
142,6
223,1
Fonte: EPE, Plano Decenal de Expansão de Energia 2023 (2014), p. 112.
Dados
os
baixos
volumes
de
investimentos
do
setor
privado,
atualmente
vigentes,
em
energias
renováveis
e
a
elevada
necessidade
de
investimentos
no
setor,
ao
longo
dos
próximos
anos;
surge
a
demanda
por
novas
fontes
de
funding.
Por
conseguinte,
os
Green
Bonds,
como
instrumentos
financeiros
voltados
diretamente
a
projetos
sustentáveis
e
com
elevada
demanda
internacional,
apresentam-‐se
como
uma
proeminente
opção.
Até
porque,
num
contexto
mundial
em
que
o
desenvolvimento
sustentável
se
torna
estratégico
e
o
uso
de
energias
renováveis
prioritário,
o
Brasil
caminha
no
sentido
oposto,
no
que
tange
à
composição
de
sua
matriz
energética.
Recentemente,
a
descoberta
e
início
da
exploração
das
reservas
de
petróleo
do
pré-‐sal;
a
intensificação
no
uso
de
termoelétricas;
os
incentivos
ao
maior
uso
da
gasolina
pela
frota
automotiva;
e
a
estimativa
para
2020,
em
que
dos
169
milhões
de
tep19
adicionais,
103
milhões
(61%)
sejam
supridos
por
combustíveis
fósseis
18
Empreendimentos hidrelétricos com potência superior a 1.000 kW e igual ou inferior a 30.000 kW e com área
total de reservatório igual ou inferior a 3,0 km².
19
Unidade de energia que é utilizada na comparação do poder calorífero de diferentes formas de energia com o
petróleo. Uma tep corresponde à energia que se pode obter a partir de uma tonelada de petróleo padrão.
13. 72
REVISTA DE ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE DA GRADUAÇÃO - REMAG
VOL. 2, N. 2, JUL./DEZ. 2015
(petróleo
e
derivados,
carvão
mineral
e
derivados,
lenha
e
carvão
vegetal
e
gás
natural);
tudo
isso
contribui
para
um
presente
e
futuro
preocupantes.
Gráfico
4
–
Matriz
Energética
Brasileira
por
fonte
primária
–
2010
e
2020
(em
%).
Fonte: Tolmasquim, 2012, p. 250.
Valoração
Econômica
dos
Impactos
de
Projetos
Financiados
por
Green
Bonds
De
acordo
com
a
metodologia
descrita
anteriormente,
a
partir
de
dados
referentes
aos
projetos
listados
abaixo,
cujos
financiamentos
foram
obtidos
com
emissões
de
Green
Bonds
pelo
International
Bank
for
Reconstruction
and
Development
(IBRD);
instituição
ligada
ao
World
Bank,
quantificou-‐se
as
emissões
anuais
de
GEE
evitadas
em
8.456.190
tCO2
eq.
Tabela
3
–
Emissões
anuais
de
GEE
evitadas,
em
tCO2
eq.
(2015).
Nome
do
projeto
Emissões
anuais
de
GEE
evitadas
(em
tCO2
eq.)
China
-‐
Beijing
Rooftop
Solar
Photovoltaic
Scale-‐Up
(Sunshine
Schools)
89.590
China
-‐
Green
Energy
Schemes
for
Low-‐
carbon
City
in
Shanghai
165.000
China
-‐
Jiangxi
Shihutang
Navigation
&
Hydropower
450.000
India
-‐
Rampur
Hydropower
Project
1.407.700
Indonesia
-‐
Indonesia
Geothermal
Energy
1.100.000
Mexico
-‐
Integrated
Energy
Services
241.000
14. 73
REVISTA DE ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE DA GRADUAÇÃO - REMAG
VOL. 2, N. 2, JUL./DEZ. 2015
Mexico
-‐
Sustainable
Rural
Development
283.900
Morocco
–
Noor
Ouarzazate
Concentrated
Solar
Power
522.000
Turkey
-‐
Private
Sector
Renewable
Energy
and
Energy
Efficiency
Project
3.507.000
Turkey
-‐
Renewable
Energy
Integration
690.000
Total
8.456.190
Fonte: The World Bank Green Bond – Impact Report (2015). Elaboração própria.
Como
parâmetro
do
custo
estimado
dos
prováveis
impactos
nocivos
da
adição
de
uma
unidade
de
dióxido
de
carbono
na
atmosfera;
adotou-‐se
para
2015,
o
CSC
no
valor
de
US$
40,00
por
tCO2
eq.;
calculado
pelo
governo
norte-‐americano.
Tabela
4
–
Custo
Social
do
Carbono
de
2015-‐2050
(em
US$
de
2014
por
tCO2
eq.).
Taxa
de
Desconto
Ano
5%
Média
3%
Média
2.5%
Média
3%
95º
percentil
2015
$12
$40
$62
$120
2020
$13
$47
$69
$140
2025
$16
$51
$76
$150
2030
$18
$56
$81
$170
2035
$20
$61
$87
$190
2040
$23
$67
$93
$200
2045
$26
$71
$99
$220
2050
$29
$77
$110
$240
Fonte: EPA, 2015.
Substituindo-‐se
os
números
na
fórmula
do
Valor
Estimado
das
Externalidades
Positivas,
obtém-‐se
que:
VEEP
=
GEE
x
CSC
=
8.456.190
tCO2
eq.
x
US$
40,00
=
US$
338.247.600,00
(3)
tCO2
eq.
15. 74
REVISTA DE ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE DA GRADUAÇÃO - REMAG
VOL. 2, N. 2, JUL./DEZ. 2015
Por
conseguinte,
com
base
no
Método
de
Custos
de
Reposição
(MCR),
estimou-‐se
em
US$
338.247.600,00
ao
ano,
os
gastos
para
compensar
as
externalidades
negativas
sobre
o
bem
estar
social,
caso
as
alternativas
renováveis
dos
projetos
citados
fossem
substituídas
pelas
fósseis.
Considerações
Finais
Os
Green
Bonds
surgem
como
uma
inovação
nos
métodos
de
investimentos,
isto
porque,
tornam
possível
a
relação
positiva
entre
a
dinamização
da
atividade
econômica
e
a
sustentabilidade.
Ora,
se
por
um
lado
a
energia
dinamiza
a
economia
por
sua
utilização
essencial
na
produção,
por
outro,
o
setor
energético
é
um
dos
principais
emissores
de
gases
do
efeito
estufa.
Com
os
Green
Bonds
emerge
um
leque
de
oportunidades
para
se
investir
em
projetos
socialmente
e
ambientalmente
responsáveis,
como
energia
limpa;
trazendo
benefícios
mútuos
entre
o
bem-‐estar
da
sociedade
e
as
atividades
das
empresas.
Gráfico
5
-‐
Proporção
de
emissões
de
CO2
no
Brasil
por
setor
(em
%).
Fonte: SEEG, 2015. Elaboração própria.
O
Brasil
tem
amplo
território,
o
que
lhe
proporciona
grandes
recursos
para
a
geração
de
energias
renováveis.
Esta
vantagem
o
coloca
como
destaque
entre
os
investidores.
O
sucesso
da
emissão
de
Green
Bonds
pela
BRF
é
um
exemplo
disso.
Por
se
apresentarem
como
uma
nova
alternativa
àqueles
investidores
focados,
não
somente
em
desempenho
econômico,
mas
também
nos
indicadores
de
governança
e
sustentabilidade
de
seus
portfólios;
ao
trazerem
ganhos
de
imagem
e
de
reputação
aos
emissores;
e
os
recursos
serem
direcionados
diretamente
aos
empreendimentos
“verdes”;
existe
uma
expectativa
de
aumento
das
emissões
nos
próximos
anos.
Esta
tendência
é
corroborada
no
gráfico
1
(Emissões
anuais
de
Green
Bonds
em
bilhões
de
US$,
p.
11),
em
16. 75
REVISTA DE ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE DA GRADUAÇÃO - REMAG
VOL. 2, N. 2, JUL./DEZ. 2015
que
se
observa
de
2007
a
2014,
uma
taxa
de
crescimento
acumulada
de
4.475%.
Os
motivos
acima
explicitados,
aliados
ao
método
de
valoração
desenvolvido,
reforçam
a
importância
econômica
e
ambiental
dos
Green
Bonds.
Tanto
que
organizações
conceituadas
como
KPMG,
Santander20
e
Banco
Mundial,
além
de
apoiarem
suas
emissões,
têm
atuado
para
o
desenvolvimento
do
mercado
desses
títulos.
Deste
modo,
observa-‐se
que
para
um
avanço
rumo
ao
desenvolvimento
sustentável,
o
mercado
financeiro
não
pode
ser
visto
de
maneira
separada
da
economia
real.
Ambos
devem
caminhar
juntos.
Os
Green
Bonds
como
títulos
“verdes”,
apresentam-‐se
como
opção
interessante
ao
alavancar
os
investimentos
para
atividades
econômicas
responsáveis.
Já
a
esfera
da
produção
de
bens
e
serviços
sustentáveis
pode
proporcionar
alternativas
de
investimento
de
longo
prazo
mais
diversificadas
aos
investidores.
Finalmente,
não
devemos
ignorar
o
fato
de
que
a
Economia
Ambiental
é
capaz
de
auxiliar
nas
tomadas
de
decisões
dos
agentes
econômicos,
ao
desenvolver
ferramentas
para
mensuração
dos
impactos
ambientais
e
sociais
das
atividades
econômicas.
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