Este documento discute os riscos e oportunidades das mudanças climáticas para os negócios. Ele explica que as mudanças climáticas são relevantes para as empresas devido aos riscos regulatórios, de reputação e financeiros associados. Além disso, a gestão proativa dos riscos climáticos pode gerar oportunidades de redução de custos. O documento visa informar conselheiros e executivos sobre como incorporar essa questão estratégica em suas decisões de negócios.
Livro tornando-nosso-ambiente-construido-mais-sustentavel-greg-katspdf
Mudanças climáticas o que conselheros precisam saber
1.
Núcleo
de
Sustentabilidade
MUDANÇAS
CLIMÁTICAS
–
O
QUE
CONSELHEIROS
PRECISAM
SABER
Autores:
Ricardo
Muscari
Scacchetti,
Marise
Hosomi,
Heiko
Spitzeck
e
Fernando
Eliezer
Figueiredo
2014
2. Núcleo
de
Sustentabilidade
2
(c)
Publicação
do
Núcleo
de
Sustentabilidade
da
Fundação
Dom
Cabral
2014.
Créditos
Autores:
Ricardo
Muscari
Scacchetti
Marise
Hosomi
Heiko
Spitzeck
Fernando
Eliezer
Figueiredo
Colaboradores:
Mário
Pino,
Beatriz
Luz,
Luiz
Carlos
Xavier
Braskem
Cláudia
Melo
Swiss
Re
Erika
Rangel
Fundamento
Análises
Keyvan
Macedo
Natura
Marcos
Vaz
O.N.E.
Sustentabilidade
Mariana
Malufe
e
Renata
Villegas
Ilha
Pura
Empreendimentos
Imobiliários
Niels
Holthausen
Ernst
Basler
+
Partners
Raphael
Stein
BNDES
Thales
Crivelli
Nunes
Samarco
Henrique
Pereira,
Marcela
Paranhos
Way
Carbon
Marco
Antonio
Fujihara
Key
Associados
Apoio
técnico
3. Núcleo
de
Sustentabilidade
3
Prefácio
Núcleo
de
Sustentabilidade
O
tema
de
mudanças
climáticas
está
cada
vez
mais
maduro
nas
discussões
na
mídia,
e
na
agenda
do
governo
Brasileiro.
Diversos
estudos
nacionais
e
internacionais
relevantes
foram
publicados
sobre
o
tema,
como
o
relatório
Stern
sobre
os
impactos
econômicos
das
mudanças
climáticas1
,
o
Primeiro
Relatório
de
Avaliação
Nacional
do
Painel
Brasileiro
de
Mudanças
Climáticas,
e
grupos
de
discussão
foram
formados,
como
o
“Empresas
Pelo
Clima”,
da
GVCes2
,
o
Fórum
Brasileiro
de
Mudanças
Climáticas3
presidido
pelo
Presidente
da
República,
e
o
Fórum
Clima
do
Instituto
Ethos4
.
Comparando
o
discurso
na
mídia
e
o
trabalho
dos
diversos
fóruns
empresariais
relatando
atividades
de
combate
às
mudanças
climáticas
(por
exemplo,
através
do
CDP
(antigo
Carbon
Disclosure
Project))
no
Brasil5
,
um
leitor
crítico
nota
que
ainda
são
poucas
as
empresas
que
traduzem
o
discurso
em
prática,
de
forma
proativa6
.
Na
interação
com
acionistas,
conselheiros,
presidentes
de
empresas
e
CEOs,
a
equipe
do
Núcleo
de
Sustentabilidade
da
Fundação
Dom
Cabral
notou
que
a
discussão
sobre
as
mudanças
climáticas
ainda
não
entrou
na
agenda
do
conselho
executivo
das
empresas.
A
falta
de
uma
abordagem
estratégica
do
tema,
que
é
sem
dúvida
relevante
para
a
sociedade,
baseia-‐se
no
desafio
de
associar
mudanças
climáticas
com
a
geração
de
valor
econômico
da
empresa.
Este
estudo
tem
como
objetivo
apresentar
os
riscos
e
oportunidades
de
negócio
atrelados
ao
tema
de
mudanças
climáticas,
para
informar
as
decisões
de
conselhos
de
administração.
O
estudo
é
escrito
em
uma
linguagem
de
negócios
direcionada
a
bancos
e
seguradoras
que
têm
o
desafio
de
avaliar
o
desempenho
de
empresas
frente
a
riscos
climáticos
na
hora
de
conceder
créditos
ou
oferecer
seguros.
Almejamos
que
esta
publicação
seja
útil
à
transformação
de
empresas
em
organizações
bem
sucedidas,
capazes
de
administrar
melhor
as
oportunidades
e
riscos
das
mudanças
climáticas.
No
mercado
financeiro
em
particular,
esperamos
que
o
risco
de
inadimplência
diminua
em
carteiras
de
investimentos
contendo
empresas
mais
resilientes
e
que
seguradoras
e
resseguradoras
arquem
com
menores
custos
frente
aos
impactos
das
mudanças
climáticas
em
sua
base
de
clientes
corporativos.
Heiko
Spitzeck
Gerente
do
Núcleo
de
Sustentabilidade
–
Fundação
Dom
Cabral
1
Stern,
N.
(2007):
The
Economics
of
Climate
Change,
Cambridge
University
Press.
2
Veja
http://www.empresaspeloclima.com.br
(acessado
08.02.2014).
3
Veja
http://www.forumclima.org.br
(acessado
08.02.2014).
4
Veja:
http://www3.ethos.org.br/conteudo/projetos/em-‐andamento/forum-‐clima-‐acao-‐empresarial-‐sobre-‐
mudancas-‐climaticas/#.UvehSXlfWyg
(acessado
08.02.2014).
5
Veja
por
exemplo
o
relatório
do
CDP
Brasil
de
2013
–
disponível
em:
http://www.cdpla.net/pdf/CDP_RA_2013_port_final_09_10.pdf
(acessado
08.02.2014).
6
Sobre
empresas
proativas
veja
Araújo,
L.
E
Gava,
R.
(2011):
Empresas
Proativas
–
Como
antecipar
mudanças
no
mercado.
4. Núcleo
de
Sustentabilidade
4
Conteúdo
Sumário
Executivo
................................................................................................................................
5
A
Relevância
de
Mudanças
Climáticas
para
o
Negócio
..........................................................
10
Regulatório
.............................................................................................................................................
15
Reputação
..............................................................................................................................................
18
Redução
de
custos
.................................................................................................................................
21
Gestão
de
riscos
.....................................................................................................................................
24
Novos
mercados
.....................................................................................................................................
27
Acesso
a
capital
......................................................................................................................................
29
Mudanças
climáticas
no
setor
financeiro
..................................................................................
31
Conclusão
e
Road
Map
.....................................................................................................................
34
Referências
..........................................................................................................................................
37
Anexo
I.
Priorização
setorial
..........................................................................................................
39
Anexo
II.
Mudanças
climáticas
......................................................................................................
41
5. Núcleo
de
Sustentabilidade
5
O
aumento
das
temperaturas
pode
provocar
perdas
no
valor
de
R$
7,4
bilhões
na
agricultura
já
em
2020
(2).
Perdas
anuais
com
enchentes
somam
atualmente
cerca
de
R$
1,4
bilhão,
concentrando-‐se
nas
grandes
cidades
do
Sudeste
(21).
Sumário
Executivo
Uma
visão
clara
e
realista
da
relação
das
mudanças
climáticas
com
a
geração
de
valor
econômico
permitirá
aos
conselhos
de
administração
tomar
decisões
mais
assertivas
frente
a
riscos
e
oportunidades
que
o
tema
apresenta
para
as
empresas.
Segundo
Marcos
Vaz
da
O.N.E.
Sustentabilidade:
“organizações
que
explicitam
seus
interesses
financeiros
por
trás
de
iniciativas
de
sustentabilidade
são
vistas
de
forma
mais
credível
e
apresentam
maior
potencial
de
criação
de
reputação”.
Mesmo
no
contexto
brasileiro
atual,
em
que
não
existem
obrigações
legais
de
redução
de
emissões
de
Gases
de
Efeito
Estufa
(GEE),
as
empresas
que
visam
à
geração
de
valor
econômico
no
longo
prazo
são,
em
muitos
casos,
recomendadas
a
considerar
as
mudanças
climáticas
em
sua
tomada
de
decisões,
beneficiando
assim
seus
acionistas
e
a
sociedade.
O
presente
estudo
descreve
a
relação
entre
os
riscos
e
oportunidades
das
mudanças
climáticas
e
a
geração
de
valor
econômico,
tendo
em
vista
o
contexto
atual
do
Brasil.
Estas
informações
são
cruciais
para
aquelas
empresas
que
querem
reduzir
os
riscos
atuais
e
preparar
a
empresa
para
explorar
potenciais
oportunidades
relacionadas
ao
tema.
Ao
entender
a
relação
das
mudanças
climáticas
com
a
geração
de
valor
econômico,
as
empresas
serão
capazes
de
priorizar
suas
iniciativas
de
forma
mais
fundamentada,
e
instituições
financeiras
poderão
integrar
aspectos
de
mudanças
climáticas
na
avaliação
de
empresas
ou
na
criação
de
novos
produtos
financeiros.
Portanto,
este
estudo
é
recomendado
principalmente
a:
− Conselheiros
e
Diretores
de
Empresas
− Gestores
de
Carteiras
de
Investimentos
− Gestores
de
Risco
em
Seguradoras
Mudanças
no
ambiente
de
negócios
Evidências
das
mudanças
no
clima
já
podem
ser
percebidas
principalmente
através
de
eventos
climáticos
extremos.
O
aumento
da
temperatura,
secas
e
enchentes
têm
afetado
a
produtividade
da
indústria
e
destruído
ativos
em
diversas
regiões
do
país.
Além
dos
impactos
diretos
nas
empresas,
as
mudanças
do
clima
terão
impactos
indiretos
através
de
pressões
de
regulamentações,
exigências
de
investidores,
clientes
e
fornecedores.
Neste
contexto,
foram
identificados
6
áreas
de
ação
orientadas
para
a
geração
de
valor,
chamadas
de
“alavancas
de
valor”:
− Regulatória
–
resposta
a
exigências
legais
atuais
e
preparação
para
obrigações
prováveis.
− Reputação
–
manutenção
e
melhoria
da
reputação
da
empresa
perante
clientes,
governo,
investidores
e
a
mídia.
− Gestão
de
riscos
–
identificação,
avaliação
e
gestão
de
riscos
climáticos
físicos.
− Redução
de
custo
–
programas
de
melhoria
de
eficiência
que
reduzem
emissões
de
GEE
e
custos
simultaneamente.
− Novos
mercados
–
desenvolvimento
de
novos
produtos/serviços
que
possibilitem
atingir
novos
mercados.
6. Núcleo
de
Sustentabilidade
6
− Acesso
a
capital
–
financiamento
de
projetos
através
de
linhas
de
crédito
especiais.
Exemplos
de
geração
de
valor
econômico
O
potencial
de
geração
de
valor
econômico
das
alavancas
depende
do
contexto
externo
e
do
setor
de
atuação
da
organização.
Abaixo,
citamos
exemplos
de
pressões
externas
ou
riscos
que
afetaram
empresas
e
ações
que
empresas
tomaram,
capazes
de
transformar
a
situação
em
oportunidades.
Os
exemplos
foram
classificados
conforme
sua
interferência
no
valor
econômico
da
empresa,
isto
é
no
valor
presente
liquido.
RELEVÂNCIA
ALTA
− Risco
–
O
nordeste
brasileiro
enfrentou
em
2013
a
maior
seca
dos
últimos
50
anos.
Em
Pernambuco,
os
prejuízos
na
pecuária
são
estimados
na
ordem
de
R$
1,5
bilhão7
.
No
Ceará,
1.400
municípios
foram
afetados8
.
− Oportunidade
–
Gestão
de
risco:
a
Unilever,
tomando
conhecimento
de
potenciais
riscos
em
sua
cadeia
de
suprimentos,
desenvolveu
um
programa
para
treinar
pequenos
produtores
de
chá
no
Quênia
em
agricultura
sustentável,
aumentando
sua
produtividade
entre
5%
e
15%
(1).
− Oportunidade
-‐
Redução
de
custos:
no
setor
de
transportes,
o
combustível
representa
mais
de
30%
dos
custos
operacionais9
.
Uma
melhoria
de
eficiência
de
10%
poderia
significar
3%
de
redução
de
custo
ou
ainda
12%
de
aumento
de
EBITDA10
.
RELEVÂNCIA
MÉDIA
− Risco
-‐
Mudança
do
comportamento
dos
clientes:
a
Natura
integrou
a
pegada
de
carbono
a
seu
processo
de
tomada
de
decisão
de
compras.
Sendo
assim,
produtos
com
uma
menor
pegada
são
mais
competitivos11
.
− Oportunidade
–
Novos
mercados:
Na
Braskem,
cada
kg
de
plástico
verde
produzido
absorve
2-‐
2,5
kg
de
CO2
da
atmosfera.
A
proposta
do
produto
aumentou
o
preço
do
plástico
significativamente,
porque
agrega
valor
a
clientes
com
preocupações
de
sustentabilidade
(ex.
Natura).
O
produto
de
plástico
verde
provoca
uma
diferenciação
em
um
mercado
tradicionalmente
de
commodities.
RELEVÂNCIA
MODERADA
− Risco
–
Regulatório:
a
Política
Nacional
de
Resíduos
Sólidos
exerceu
pressões
sobre
a
gestão
de
resíduos
sólidos
da
construção
civil,
levando
ao
aumentando
do
custo
de
disposição.
− Oportunidade
–
Redução
de
risco:
Ilha
Pura
Empreendimentos
Imobiliários,
reduziu
R$
500
mil
dos
custos
de
destinação
de
resíduos
com
a
implantação
de
um
programa
de
reaproveitamento
e
reciclagem
de
resíduos.
Além
disso,
esta
iniciativa
reduzirá
emissões
de
GEE
da
obra12
.
7
Veja
http://www.nordeste.cnm.org.br/img/download/estudoCNM/Estudo_Seca_Nordeste_Final.pdf
8
Veja
por
exemplo:
http://globotv.globo.com/tv-‐verdes-‐mares/cetv-‐2a-‐edicao/v/agricultores-‐fecham-‐trecho-‐da-‐br-‐em-‐protesto-‐por-‐acoes-‐
contra-‐a-‐seca/2535934/
(acessado
08.02.2014).
9
EPE,
Plano
Nacional
de
Eficiência
Energética,
2012
10
Assumindo
uma
margem
EBITDA
de
20%.
11
http://revistasustentabilidade.com.br/com-‐novos-‐produtos-‐natura-‐espera-‐reduzir-‐pegada-‐de-‐co2-‐em-‐2013/
12
Dados
concedidos
pela
empresa.
7. Núcleo
de
Sustentabilidade
7
Prioridades
setoriais
para
geração
de
valor
econômico
Dependendo
do
setor
de
atuação,
as
alavancas
apresentam
maior
ou
menor
potencial
de
geração
de
valor
econômico.
Abaixo,
ilustramos
as
alavancas
prioritárias,
seja
por
reduzirem
a
exposição
a
riscos
seja
por
explorarem
oportunidades,
de
acordo
com
a
opinião
dos
especialistas
participantes
da
elaboração
do
estudo.
É
importante
mencionar
que
algumas
alavancas
de
valor,
como
regulatória
e
novos
mercados,
dependem
mais
fortemente
do
contexto
externo,
enquanto
outras,
como
redução
de
custos,
dependem
mais
do
contexto
interno
da
empresa.
Veja
Anexo
I.
Priorização
setorial,
para
maiores
detalhes
sobre
a
avaliação
do
grau
de
relevância
das
alavancas
de
cada
setor.
Potencial
de
geração
de
valor
Setor
Regulató-‐
rio
Reputação
Gestão
de
Risco
Redução
de
custos
Novos
mercados
Acesso
a
capital
01.
Construção
02.
Varejo
03.
Açúcar
e
álcool
04.
Agronegócio
05.
Alimentos
06.
Autopeças
07.
Atacado
08.
Bebidas
e
fumo
09.
Bancos
10.
Cosméticos
11.
Educação
12.
Eletroeletrônicos
13.
Energia
14.
Farmacêutica
15.
Higiene
e
limpeza
16.
Materiais
de
construção
17.
Mecânica
18.
Mineração
19.
Papel
e
celulose
20.
Petróleo
e
gás
21.
Química
e
petroquímica
22.
Saúde
23.
Seguros
24.
Serviços
25.
Siderurgia
e
metalurgia
26.
Tecnologia
–
software
e
serviços
27.
Telecomunicações
28.
Têxtil,
couro
e
vestuário
29.
Transportes
30.
Veículos
8. Núcleo
de
Sustentabilidade
8
Alavancas
de
geração
de
valor
mais
relevantes
para
sua
organização
O
potencial
das
alavancas
deve
ser
refinado
de
acordo
com
as
especificidades
da
empresa.
Elencamos
abaixo
algumas
questões
para
auxiliar
a
identificação
das
alavancas
de
maior
potencial
na
sua
organização.
Para
cada
“sim”
marque
um
ponto
ao
lado.
As
alavancas
que
tiverem
2
ou
mais
pontos
são
relevantes.
Quais
são
as
alavancas
de
valor
mais
relevantes
para
sua
organização?
Alavanca
de
valor
Indicadores
de
relevância
Pontos
Regulatório
− Sua
organização
é
obrigada
a
apresentar
inventário
de
GEE?
(Consulte
notas
de
rodapé
18
e
19
da
página
17)
− Sua
empresa
ou
as
empresas
da
sua
cadeia
de
valor
participa(m)
de
licitações
para
fornecimento
ao
Poder
Público
de
produtos
florestais
ou
utilizadores
de
recursos
naturais
(como
madeira,
papel,
carne
bovina)?
− O
índice
de
emissões
de
GEE
por
receita
é
superior
a
0,25
tCO2e/R$
mil
13
?
Caso
este
valor
seja
superior,
uma
potencial
taxação
do
carbono
poderia
gerar
impactos
representativos
no
resultado
da
empresa.
Reputação
− O
setor
em
que
sua
organização
atua
é
carbono-‐intensivo?
− Investidores
e
clientes
valorizam
o
tema?
Concorrentes
estão
listados
no
ICO2,
ISE
ou
DJSI?
− Os
concorrentes
estão
mais
à
frente
do
que
sua
organização
na
gestão
de
carbono?
Redução
de
custos
− Os
custos
com
energia,
perdas
de
materiais
ou
destinação
de
resíduos
e
tratamento
de
efluentes
representam
mais
de
10%
do
EBITDA
da
organização?
− A
organização
apresenta
um
consumo
específico
de
material
e
energia
crescente,
ou
no
mesmo
patamar
nos
últimos
3
anos?
− É
possível
alterar
o
processo
ou
substituir
equipamentos
visando
à
melhoria
de
eficiência?
Gestão
de
Risco
− A
organização
possui
ativos
em
áreas
afetadas
anteriormente
por
eventos
climáticos
extremos?
Consulte:
http://s2id.integracao.gov.br/
− A
organização
possui
ativos
a
menos
de
1
metro
acima
de
áreas
alagáveis
ou
do
nível
do
mar?
− Os
principais
recursos
para
a
operação
da
empresa
(humanos
e
cadeia
de
suprimentos)
podem
ser
impactados
por
eventos
climáticos?
Consulte:
http://preview.grid.unep.ch/
− A
organização
possui
atividades
de
agricultura
que
podem
ser
impactadas
pela
mudança
gradual
do
clima?
Consulte:
http://www.agritempo.gov.br/climaeagricultura/
Novos
mercados
− Seus
produtos
podem
ser
configurados
para
apoiar
a
adaptação
às
mudanças
climáticas?
Exemplos:
infraestrutura
de
proteção,
serviços
de
consultoria,
seguros,
entre
outros.
− Seus
clientes
ou
investidores
já
demonstraram
algum
interesse
ou
demanda
específica
relacionada
a
mudanças
climáticas?
Exemplo:
estudo
de
pegada
de
carbono,
estudo
de
riscos
climáticos,
entre
outros.
− Alguns
de
seus
produtos
são
feitos
a
partir
de
base
vegetal
que
captura
CO2?
Ex.
13
Industrias
que
apresentam
um
fator
superior
a
0,25
tCO2e/R$
1.000
de
receita
podem
ser
exposto
ao
risco
de
uma
taxa
mais
significativa
em
termos
económicos.
As
premissas
relevantes
são:
meta
de
25%
de
redução,
preço
da
taxa
R$40
por
t
de
CO2e.
Ex.
o
setor
de
logística
poderia
ter
uma
taxa
equivalente
a
0,3%
da
receita
anual.
9. Núcleo
de
Sustentabilidade
9
móveis
são
capazes
de
sequestrar
o
carbono
contido
na
madeira
ou
siderurgia
alimentada
a
carvão
vegetal
renovável.
− Sua
empresa
exporta
produtos
para
mercados
mais
exigentes
como,
por
ex.,
a
Europa?
Acesso
à
capital
− Existem
investimentos
programados
com
potencial
de
redução
de
GEE?
− O
capital
necessário
para
projetos
de
mitigação/adaptação
é
relevante?
− As
operações
da
empresa
podem
ser
alinhadas
com
a
mitigação
das
mudanças
climáticas?
− O
custo
de
capital
da
empresa
está
acima
da
média
de
mercado?
10. Núcleo
de
Sustentabilidade
10
A
Relevância
de
Mudanças
Climáticas
para
o
Negócio
Evidências
das
mudanças
no
clima
já
podem
ser
percebidas
e
já
estão
afetando
os
negócios
e
a
sociedade.
O
aumento
da
temperatura,
secas
e
enchentes
têm
afetado
a
produtividade
da
agricultura
no
país.
Estima-‐se
que
as
perdas
na
agricultura
devido
às
mudanças
no
clima
somem
R$
7,4
bilhões
já
em
2020
(2).
Eventos
climáticos
extremos
no
Brasil,
como
o
furacão
Catarina
em
2004,
que
causou
prejuízos
na
ordem
de
R$
330
milhões
(3),
e
as
chuvas
intensas
na
costa
Sudeste
em
2010,
que
causaram
prejuízos
de
R$
230
milhões
(4),
tenderão
a
ocorrer
com
maior
frequência
e
intensidade.
Uma
breve
descrição
sobre
mudanças
climáticas
pode
ser
encontrada
no
Anexo
II.
Pesquisas
científicas
do
IPCC
e
Painel
Brasileiro
de
Mudanças
Climáticas
projetam
que
os
impactos
das
mudanças
climáticas
tenderão
a
aumentar,
afetando
diversos
setores
da
economia
e
cidades.
Neste
contexto,
as
empresas
tenderão
a
se
assegurar
contra
riscos
climáticos,
o
que
deslocaria
o
risco
para
as
mãos
das
seguradoras
e
resseguradoras.
Nos
EUA,
onde
produtos
de
seguro
têm
maior
penetração,
o
Furacão
Sandy
gerou
perdas
asseguradas
de
U$
30
bilhões
de
um
total
de
prejuízo
de
U$
65
bilhões
(5).
Isto
significa
que
U$
35
bilhões
foram
riscos
não
assegurados
que
têm
que
ser
pagos
pelas
empresas
e
pessoas
afetadas.
As
perdas
de
U$
30
bilhões
das
seguradoras
vão
provocar
uma
reavaliação
das
metodologias
de
cálculo
de
riscos
e
podem
levar
ao
aumento
do
custo
do
seguro
ou
até
à
rejeição
a
assegurar
algumas
empresas.
Além
dos
impactos
físicos
citados
acima,
as
mudanças
do
clima
terão
impactos
indiretos
através
da
mudança
do
ambiente
regulatório,
relação
com
clientes,
investidores
e
fornecedores.
Por
exemplo:
− Preocupados
com
os
impactos
das
mudanças
climáticas,
clientes
têm
pressionado
as
organizações
para
implantar
ações
de
mitigação,
direcionando
suas
compras
a
produtos
mais
responsáveis.
A
Carbon
Trust
já
certificou
178
organizações
e
28.000
produtos
com
selos
de
pegada
de
carbono
que
informam
os
consumidores
sobre
a
emissão
de
toda
a
cadeia
de
produção
do
produto
(7).
No
primeiro
momento,
isso
gera
uma
boa
reputação
para
empresas
proativas
no
mercado.
No
segundo
momento,
torna-‐se
padrão
e
gera
uma
desvantagem
para
empresas
não
certificadas,
principalmente
se
atenderem
a
mercados
mais
exigentes,
como
a
Europa.
− Investidores
estão
incorporando
a
análise
de
desempenho
socioambiental
ao
processo
de
análise
de
crédito,
visando
reduzir
sua
exposição
a
riscos,
tanto
reputacionais,
como
regulatórios
e
físicos.
Atualmente,
existem
redes
de
instituições
financeiras
trabalhando
neste
tema,
por
exemplo,
o
Principles
of
Responsible
Investment
tem
1245
instituições
financeiras
signatárias.
− O
governo
tem
criado
novas
regulamentações
e
incentivos
a
iniciativas
de
baixo-‐carbono.
O
Fundo
Clima
oferece
financiamento
a
taxas
atraentes
para
projetos
que
reduzam
emissões
de
Segundo
estimativas
da
Swiss
Re,
o
Brasil
sofre
perdas
anuais
da
ordem
de
U$
1,4
bilhão
com
inundações
(21).
Em
2030,
principalmente
devido
ao
aumento
de
ativos
expostos
a
risco,
este
valor
poderá
chegar
a
USD
4,0
bi,
concentrando-‐se
na
região
Sudeste
(21).
Para
se
estimar
o
valor
do
risco
a
que
sua
empresa
está
exposta,
pode-‐se
imaginar
uma
perda
anual
de
R$
237/
R$
1
milhão
do
ativo
imobilizado
em
2012
e
R$
340/
R$
1
milhão
do
ativo
imobilizado
em
203015
.
Desta
forma,
basta
multiplicar
este
fator
pelo
ativo
imobilizado
da
empresa.
11. Núcleo
de
Sustentabilidade
11
gases
de
efeito
estufa.
O
fundo
investiu,
por
exemplo,
em
um
projeto
que
ampliou
a
eficiência
da
produção
de
carvão
vegetal14
.
No
Rio
de
Janeiro,
o
processo
de
licenciamento
ambiental
exige
inventário
de
carbono
para
certos
empreendimentos15
.
− A
cadeia
de
fornecimento
de
matéria-‐prima
e
logística
tem
sido
impactada
pelas
mudanças
climáticas.
O
aumento
das
temperaturas
pode
provocar
perdas
da
ordem
de
R$
7,4
bilhões
já
em
2020
(2).
Custo
externo
do
carbono
A
emissão
de
GEE,
através
das
mudanças
climáticas,
causa
danos
monetários
aos
atores
externos,
aos
agentes
responsáveis
por
sua
emissão,
efeito
chamado
de
“custo
externo”.
Com
o
aumento
da
conscientização
destes
danos
por
entidades
públicas,
consumidores
e
instituições
financeiras,
espera-‐se
que
ocorra
uma
gradativa
internalização
destes
custos
no
balanço
das
empresas.
Segundo
estimativa
do
Governo
dos
EUA
(8),
o
"custo
social
do
carbono",
assumindo
uma
taxa
de
desconto
de
3%
a.a.,
será
de
U$38/tCO2e
em
2015.
Para
estimar
o
custo
externo
causado
diretamente
pela
sua
organização
basta
multiplicar
as
emissões
de
GEE
diretas
de
sua
empresa
por
U$38.
Agora
divida
este
valor
pelo
EBITDA
da
empresa.
Qual
o
%
do
EBITDA
que
pode
estar
exposto
à
internalização
dos
custos
do
GEE?
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜 𝑑𝑜 𝑐𝑎𝑟𝑏𝑜𝑛𝑜 = 𝑒𝑚𝑖𝑠𝑠õ𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝐺𝐸𝐸 (𝑡𝐶𝑂! 𝑒)×𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝑐𝑎𝑟𝑏𝑜𝑛𝑜 (𝑈$/𝑡𝐶𝑂! 𝑒)
Pode-‐se
aplicar
a
mesma
lógica
para
o
produto
comercializado
por
sua
organização,
neste
caso,
considere
não
apenas
as
emissões
diretas
(ligadas
à
operação),
mas
também
as
indiretas
(ao
longo
da
cadeia
de
valor).
O
relatório
Stern
(6)
também
provê
informações
que
permitem
calcular
o
custo
externo
do
carbono.
Segundo
este
estudo,
o
impacto
econômico
de
mudanças
climáticas,
caso
não
sejamos
capazes
de
limitar
o
aquecimento
global
a
2°C,
pode
representar
uma
perda
de
5%
do
PIB
mundial
a
cada
ano.
O
PIB
brasileiro
em
2013
era
de
aproximadamente
U$
72
trilhões16
,
aplicando
o
dado
mundial
de
perdas
por
mudanças
climáticas
no
Brasil,
o
impacto
econômico
poderia
somar
cerca
de
de
U$
3,6
trilhões
ou
R$
8,6
trilhões
por
ano.
O
relatório
Stern
estima
o
custo
social
do
carbono
em
U$
106/tCO2e
(9).
Pode-‐se
seguir
o
mesmo
procedimento
descrito
acima
para
estimar
o
custo
externo
do
carbono.
Alternativamente,
caso
não
haja
dados
sobre
as
emissões
da
organização,
pode-‐se
estimar
o
custo
externo
calculando-‐se
a
representatividade
da
receita
da
empresa
no
PIB
Brasileiro
e,
posteriormente,
multiplicando
pelo
impacto
econômico
das
mudanças
climáticas
no
Brasil
(U$
3,6
trilhões).
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜 𝑑𝑜 𝑐𝑎𝑟𝑏𝑜𝑛𝑜 =
!"#$%"&'(#)
!"#
×𝑖𝑚𝑝𝑎𝑐𝑡𝑜 𝑒𝑐𝑜𝑛ô𝑚𝑖𝑐𝑜 𝑑𝑎𝑠 𝑚𝑢𝑑𝑎𝑛ç𝑎𝑠 𝑐𝑙𝑖𝑚á𝑡𝑖𝑐𝑎𝑠
Frente
a
estes
dados,
a
reação
das
empresas
pode
ser
classificada
em
três
grupos:
1. Céticos
–
muitos
executivos
nos
dizem
que
ainda
não
está
100%
comprovado
que
as
mudanças
climáticas
são
causadas
pelas
atividades
econômicas.
Este
grupo
corre
o
risco
de
que
as
14
Para
acessar
os
recursos,
a
empresa
precisou
comprovar
que
toda
a
madeira
utilizada
tinha
origem
em
florestas
plantadas.
Veja
http://www.institutocarbonobrasil.org.br/mudancas_climaticas1/noticia=736344.
15
Resolução
INEA/PRES
Nº
64
DE
12/12/2012.
Link:
http://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=248481
Acesso:
15/02/2014.
16
Fonte:
Banco
Mundial
-‐
http://databank.worldbank.org/data/views/variableselection/selectvariables.aspx?source=world-‐development-‐
indicators
12. Núcleo
de
Sustentabilidade
12
mudanças
climáticas
se
manifestem
em
riscos
físicos
e
financeiros
e
a
empresa
pode
ser
atingida
sem
estar
preparada.
2. Moderados
–
este
grupo
de
executivos
aceita
a
tese
de
que
as
mudanças
climáticas
representam
riscos
reais
para
o
negócio
da
empresa.
Eles
começam
a
identificar
as
áreas
de
negócios
mais
afetadas
e
a
medir
indicadores-‐chaves
de
desempenho
(ex.
emissões,
consumo
de
água,
consumo
de
energia)
e
inserem
aspectos
de
mudanças
climáticas
na
gestão
de
riscos
(monitoramento,
engajamento
da
cadeia
de
valor,
redução
e
mitigação
de
riscos,
planos
de
contingência,
planejamento
de
cenários).
3. Pioneiros
–
este
grupo
de
executivos
vai
além
da
gestão
de
risco
e
procura
criar
valor
para
outros
stakeholders,
como
clientes
“sustentáveis”,
investidores
conscientes
e
funcionários
com
valores
socioambientais.
Embora
os
impactos
das
mudanças
já
estejam
ocorrendo,
a
grande
maioria
das
empresas
ainda
não
está
considerando
estes
impactos
nos
seus
negócios.
A
integração
das
mudanças
climáticas
na
estratégia
e
gestão
demanda
um
tempo
considerável,
devido
à
complexidade
do
tema
e
à
necessidade
de
interação
com
diversas
áreas.
Por
exemplo:
leva-‐se
cerca
de
3
anos
para
alcançar
um
bom
nível
de
qualidade
na
contabilização
de
emissões
de
GEE
(inventário),
que
também
envolve
a
cadeia
de
fornecedores.
Além
disso,
tomadas
de
decisão
no
curto-‐prazo
podem
expor
a
empresa
a
riscos
climáticos
no
longo
prazo,
por
exemplo,
em
contratos
de
venda
de
energia
hidroelétrica
de
longo-‐prazo
em
caso
de
secas.
13. Núcleo
de
Sustentabilidade
13
Alavancas
de
valor
das
mudanças
climáticas
O
tema
das
mudanças
climáticas
pode
ser
integrado
na
estratégia
e
sistema
de
gestão
das
empresas,
assim
como
Natura
e
Braskem
fizeram.
Para
isso,
é
preciso
ter
uma
visão
clara
de
como
as
mudanças
afetarão
os
negócios.
Obviamente,
um
business
case
é
um
argumento
mais
forte
para
convencer
conselheiros
e
acionistas
para
atuar
fortemente
no
tema.
Valor
econômico
Pressão
externa
Alavancas
de
valor
! Mudança
de
comportamento
dos
clientes
! Criação
de
reputação
! Exploração
de
novos
mercados
! Impacto
de
eventos
climáticos
no
custo
dos
insumos
! Redução
de
custos
ou
eco-‐
eficiência
! Criação
de
taxas
e
incentivos
atrelados
à
pegada
de
carbono
! Cumprimento
e
engajamento
na
construção
de
regulamentação
! Impacto
de
eventos
climáticos
nos
ativos
da
empresa
! Gestão
de
riscos
! Linhas
de
crédito
especiais
para
mitigação
e
adaptação
climática
! Acesso
a
capital
! Aumento
da
percepção
de
riscos
climáticos
por
investidores
! Manutenção
da
reputação
! Manutenção
de
acesso
a
capital
! Maior
rigidez
na
concessão
de
licenças
de
expansão
! Gestão
de
risco
regulatório
As
alavancas
de
valor
podem
se
relacionar
tanto
a
proteção
de
valor
(gestão
de
riscos
em
sentido
mais
amplo)
como
a
geração
de
valor
(exploração
de
oportunidades)
de
forma
tangível
e
intangível
como
ilustrado
na
figura
abaixo:
14. Núcleo
de
Sustentabilidade
14
Conteúdo
das
seções
seguintes
Nas
seções
seguintes,
são
apresentadas
cada
uma
das
alavancas
de
valor
em
maior
detalhe:
− Regulatório
–
Cumprimento
de
exigências
legais
e
engajamento
na
elaboração
de
regulamentações
setoriais
e
incentivos.
(seção
2.1)
− Reputação
–
Desenvolvimento
de
iniciativas
e
comunicação
do
comprometimento
da
empresa
com
a
mitigação
das
Mudanças
Climáticas.
(seção
2.2)
− Gestão
de
risco
–
Identificação,
avaliação
e
gestão
de
riscos
climáticos
físicos.
(seção
2.3)
− Redução
de
custo
–
Identificação
e
desenvolvimento
de
iniciativas
capazes
de
reduzir
emissões
de
GEE
e
gerar
retornos
financeiros.
(seção
2.4)
− Novos
mercados
–
Criação
de
serviços
e
produtos
que
exploram
novos
mercados
ligados
a
mitigação
e
adaptação
climática.
(seção
2.5)
− Acesso
a
capital
–
Financiamento
de
projetos
de
mitigação
e
adaptação
através
de
linhas
especiais
de
crédito.
(seção
2.6)
As
seções
contarão
com
os
seguintes
aspectos:
− Breve
descrição
da
alavanca
e
sua
relação
com
o
valor
econômico
− Fatos
relevantes,
exemplificando
a
ocorrência
de
fatos
que
justificariam
ações
das
empresas
ou
casos
em
que
foi
gerado
valor
para
as
empresas.
− Boas
práticas,
recomendações
de
especialistas
sobre
formas
de
aplicação
dentro
de
uma
organização.
− Indicadores
de
relevância
da
alavanca
para
sua
organização.
Estes
indicadores
servem
como
termômetro
para
verificar
se
o
tema
é
relevante
para
sua
organização.
15. Núcleo
de
Sustentabilidade
15
− Ferramentas
apresenta
as
ferramentas,
guias
e
relatórios
mais
relevantes
sobre
o
tema.
Regulatório
Existem
incertezas
quanto
ao
rumo
regulatório
sobre
mudanças
climáticas
a
ser
tomado
no
Brasil.
Isto
porque
a
definição
de
um
marco
regulatório
claro
pressupõe
a
seleção
de
um
modelo
de
política
pública,
dentre
os
vários
possíveis
-‐
tal
como
o
estabelecimento
de
metas
de
redução,
instrumentos
fiscais
positivos
ou
negativos,
concessões
de
créditos
e
financiamentos,
cap
and
trade,
pagamentos
por
serviços
ambientais,
entre
outros
-‐
e
a
formalização
de
compromissos
visando
a
implantar
a
política
adotada.
Hoje,
a
base
do
marco
regulatório
é
representada
pela
Política
Nacional17
e
pelas
Políticas
Estaduais
de
Mudanças
Climáticas
de
alguns
estados,
dentre
as
quais
destacam-‐se
as
do
Amazonas18
e
de
São
Paulo19
,
estados
cujas
economias
estão
lastreadas
em
atividades
com
maior
potencial
de
serem
positiva
ou
negativamente
impactadas
por
esforços
de
redução
de
emissão
(gestão
de
florestas
e
indústria/energia/transporte
urbano,
respectivamente).
Com
relação
à
Política
Nacional,
destaca-‐se
o
estabelecimento
do
compromisso
voluntário
de
redução
de
GEE
de
36,1
a
38,9%
das
emissões
nacionais,
projetadas
até
2020.
Com
relação
às
políticas
estaduais,
mais
especificamente
aquelas
do
estado
de
São
Paulo,
destaca-‐se
o
estabelecimento
da
meta
vinculante
de
redução
global
de
20%
das
emissões
de
CO2,
relativas
a
2005,
em
2020.
A
maioria
das
previsões
destas
políticas
tem
um
caráter
programático,
ou
seja,
mais
estabelecem
diretrizes
para
guiar
a
atuação
futura,
do
que
regras,
incentivos
e
penalidades
específicas,
o
que
faz
deste
um
momento
importante
de
engajamento
das
empresas
nas
discussões
promovidas
nos
diversos
fóruns
existentes.
Porém,
há
alguns
aspectos
já
regulamentados,
como:
− a
obrigatoriedade
de
apresentação
de
inventário
de
emissões
de
GEE
por
empresas
atuantes
nos
estados
de
RJ20
e
SP21
de
determinados
setores,
que
vincula,
inclusive,
a
renovação
de
licenças
ambientais,
e
− a
comprovação
de
origem
de
produtos
florestais
(como
madeira)
ou
utilizadores
de
recursos
florestais
(como
carne
bovina)
para
compras
governamentais.
Como
se
pode
notar,
as
metas
de
redução
foram
estabelecidas
de
forma
voluntária
na
esfera
federal
e,
vinculante,
na
estadual.
Este
conflito
de
abordagem
gera
dúvidas
sobre
se
o
Governo
Federal,
visando
à
proteção
ambiental,
poderia
exigir
o
cumprimento
de
tais
metas
ao
Estado
de
SP
ou
se
o
Estado
de
SP
teria
competência
para
estabelecer
obrigações
às
empresas
em
seu
território.
Atualmente,
é
possível
verificar
que
a
meta
federal,
estabelecida
com
base
nas
emissões
projetadas
para
2020,
será
facilmente
atingida
por
meio
da
redução
do
desmatamento
verificada
a
partir
de
2004,
e
também
devido
a
uma
atividade
industrial
mais
lenta
do
que
aquela
assumida
nas
projeções
para
2020.
Neste
sentido,
o
Governo
Federal
poderá
buscar
o
atingimento
do
compromisso
voluntário
diretamente
pelo
Poder
Público,
sem
a
participação
direta
do
setor
privado.
17
Lei
Federal
12.187/2009,
regulamentada
pelo
Decreto
Federal
7.390/2010
18
Lei
Estadual
3.135/2007,
regulamentada
pelo
Decreto
Estadual
26.581/2007
19
Lei
Estadual
13.798/2009,
regulamentada
pelo
Decreto
Estadual
55.947/2010
20
Resolução
INEA/PRES
Nº
64
DE
12/12/2012.
Link:
http://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=248481
Acesso:
15/02/2014.
21
Decisão
de
Diretoria
nº
254/2012/V/I,
de
22-‐8-‐2012.
Link:
http://www.cetesb.sp.gov.br/proclima/inventario-‐de-‐gee-‐
empreendimentos/384-‐inventario-‐de-‐gee-‐empreendimentos
Acesso:
15/02/2014
16. Núcleo
de
Sustentabilidade
16
De
maneira
geral,
pode-‐se
esperar
que
o
marco
regulatório
nacional
não
crie
obrigações
de
redução
ou
imponha
taxas
de
carbono
ao
setor
privado
no
curto
e
médio
prazos,
tendo
em
vista
o
cumprimento
da
meta
federal,
a
elevada
carga
tributária
da
indústria
e
o
grande
número
de
oportunidades
de
abatimento
de
GEE
a
um
custo
negativo
(veja
seção
2.3).
Os
autores
acreditam
que
o
governo
focalizará
o
incentivo
às
reduções
do
setor
privado
através
de
instrumentos
de
crédito
como
o
Fundo
Clima
e
o
Fundo
Amazônia
(veja
detalhes
na
seção
2.6),
porém,
estenderá
suas
iniciativas
de
imposição
de
obrigações,
como,
por
exemplo,
o
monitoramento
através
dos
inventários
de
GEE,
controlando
seu
cumprimento
por
meio
de
instrumentos
já
conhecidos
e
testados,
como
as
licenças
ambientais.
Por
fim,
o
marco
regulatório
nacional
deverá
sofrer
influências
diretas
de
discussões
internacionais
em
andamento,
como
as
que
discutem
a
criação
de
metas
de
redução
nacionais,
a
criação
de
carbon
border
taxes
(cuja
definição
esbarra
no
crivo
de
organismos
como
a
OMC,
em
razão
do
impacto
no
livre
comércio
internacional)
e
a
política
climática
global
pós-‐Kyoto.
Algumas
regulamentações
nacionais
criadas
no
longo
prazo,
porém
com
maior
incerteza
sobre
seu
funcionamento,
são:
− Taxação
de
carbono,
discutida
nos
últimos
anos
em
diversos
países
industrializados
(10).
Estes
projetos
envolviam
indústrias
de
alta
emissão,
como
cimento,
aço,
alumínio,
química
ou
produtores
de
combustíveis
fósseis,
como
no
México.
Caso
fosse
implantada
uma
regulamentação
do
gênero
no
Brasil,
a
taxa
para
se
atingir
uma
meta
de
redução
de
25%
das
emissões
da
indústria,
poderia
alcançar
até
R$
40,00
por
tCO2e
acima
da
meta22
,
afetando
principalmente
companhias
de
aviação
e
logística,
nas
quais
o
combustível
representa
cerca
de
30%
dos
custos
operacionais.
− Soluções
menos
conservadoras,
como
as
baseadas
em
instrumentos
de
mercado
e
pagamento
por
serviços
ambientais
poderiam
ser
reforçadas,
a
depender
do
resultado
de
negociações
internacionais
que
as
testem
e
incentivem.
Fatos
relevantes
− Em
diversos
estados,
as
compras
governamentais
de
produtos
florestais
ou
utilizadores
de
recursos
naturais
(como
madeira,
papel,
carne
bovina)
estão
sujeitas
à
comprovação
de
origem
e
ao
atendimento
de
critérios
ambientais.
É
possível
que
esta
exigência
venha
a
ser
estendida
para
outros
produtos
e
serviços
com
alta
pegada
de
carbono.
− Empresas
de
determinados
setores,
como
aviação
civil,
já
sofrem
na
prática
os
efeitos
da
judicialização
do
assunto.
Trinta
das
maiores
empresas
do
setor,
nacionais
e
estrangeiras,
que
operam
no
aeroporto
de
Guarulhos
tiveram
as
emissões
atmosféricas
de
suas
aeronaves
22
Estimativa
de
acordo
com
curva
de
custo
marginal
de
abatimento
traçada
pelo
IPEA
(13).
Indicadores
de
relevância:
Se
você
responder
“sim”
a
todas
as
questões
abaixo,
vale
a
pena
olhar
mais
detalhadamente
para
a
questão
regulatória.
− Sua
organização
é
obrigada
a
apresentar
inventário
de
GEE?
Consulte
notas
de
rodapé
18
e
19.
− Sua
empresa
ou
as
empresas
da
sua
cadeia
de
valor
participa(m)
de
licitações
para
fornecimento
ao
Poder
Público
de
produtos
florestais
ou
utilizadores
de
recursos
naturais
(como
madeira,
papel,
carne
bovina)?
− O
índice
de
emissões
de
GEE
por
receita
é
superior
a
0,25
tCO2e/R$
mil?
Caso
este
valor
seja
superior,
uma
potencial
taxação
do
carbono
poderia
gerar
impactos
representativos
no
resultado
da
empresa.
17. Núcleo
de
Sustentabilidade
17
investigadas
pelo
Ministério
Público
e
são
hoje
rés
em
Ações
Civis
Públicas
que
visam
à
redução
de
emissões
e/ou
à
compensação
pelos
respectivos
danos
ambientais23
.
Boas
práticas
− Mapeamento
das
leis
e
regulamentos
ambientais
aplicáveis
a
emissões
de
GEE
no
seu
setor
e
verificação
de
compliance
pela
empresa
− Manutenção
de
inventário
de
emissão
de
GEE
− Identificação
dos
fóruns
e
grupos
setoriais
afins
e
participação
na
definição
de
propostas
setoriais
que
subsidiarão
a
definição
das
políticas
públicas
de
mudanças
climáticas
pelo
Poder
Público
Ferramentas
− Suporte
a
empresas
para
o
envolvimento
em
políticas
públicas
de
mudanças
do
clima
-‐
Caring
for
Climate
http://www.unglobalcompact.org/docs/issues_doc/Environment/climate/Guide_Responsible_Corporate_
Engagement_Climate_Policy.pdf
− PROCLIMA
(Programa
Estadual
de
Mudanças
Climáticas
de
SP):
http://www.cetesb.sp.gov.br/proclima/sobre-‐o-‐proclima/228-‐home
− Programa
Brasileira
de
GHG
Protocol:
www.ghgprotocolbrasil.com.br
23
Um
exemplo
destas
ações
é
a
Ação
Civil
Pública
nº
0003393-‐64.2012.4.03.6119,
em
trâmite
perante
a
5ª
Vara
Federal
de
Guarulhos,
SP,
proposta
contra
a
Japan
Airlines
International
Company
Ltda.
pelo
Ministério
Público
do
Estado
de
São
Paulo.
18. Núcleo
de
Sustentabilidade
18
Reputação
Intuitivamente,
a
alta
gerência
entende
a
reputação
como
um
valor
da
empresa,
já
que
esta
desempenha
uma
forte
influência
na
decisão
de
consumidores
e
investidores.
Empresas
que
atuam
em
setores
claramente
relacionados
com
mudanças
climáticas
estão
especialmente
expostas
a
riscos
reputacionais
ligados
ao
tema,
contudo
possuem
também
uma
maior
oportunidade
de
criação
de
valor
reputacional.
A
preocupação
de
consumidores
com
o
ambiente
tem
aumentado
gradativamente.
Estudo
realizado
com
mais
de
13.000
consumidores
ao
redor
do
mundo
aponta
que
79%
dos
consumidores
do
Brasil
estão
mais
preocupados
com
o
ambiente
do
que
há
cinco
anos
(11).
Esta
preocupação
torna
a
reputação
das
organizações
mais
vulnerável,
mesmo
que
os
hábitos
de
consumo
ainda
não
se
tenham
alterado.
O
aumento
de
produtos
certificados
é
outro
indicador
da
preocupação
com
o
tema.
Segundo
a
ISEAL
(associação
global
de
certificações
sustentáveis),
anteriormente,
as
lacunas
de
atenção
do
público
atendidas
pelos
sistemas
de
certificação
eram,
sobretudo,
a
questão
do
desmatamento
e
da
legalidade.
Estes
temas
continuam
como
temas
de
destaque,
contudo,
atualmente,
somam-‐se
a
eles,
outros
dois
temas
que
deverão
ganhar
centralidade
de
atenção
nos
sistemas
de
certificação,
são
eles:
clima
e
rastreabilidade
(12).
A
Carbon
Trust
já
certificou
178
organizações
e
28.000
produtos
com
selos
de
pegada
de
carbono
que
informam
os
consumidores
sobre
a
emissão
de
toda
a
cadeia
de
produção
do
produto
(7).
O
número
de
notícias
publicadas
sobre
mudanças
climáticas
envolvendo
empresas
reflete
a
exposição
e
oportunidade
de
gerar
mídia
espontânea
sobre
o
tema.
Após
o
pico
de
notícias
sobre
mudanças
climáticas
durante
a
conferência
de
Copenhagen,
em
2009,
o
número
de
notícias
caiu
até
2012,
porém,em
2013
superou
o
número
de
notícias
de
2009,
provavelmente
em
virtude
da
publicação
do
5º
Relatório
de
Avaliação
do
IPCC,
do
1º
Relatório
de
Avaliação
Nacional
do
Painel
Brasileiro
de
Mudanças
Climáticas
e
do
envolvimento
de
empresas
em
ações
ligadas
a
mudanças
climáticas.
Nos
últimos
anos
o
papel
do
setor
privado
no
combate
às
mudanças
climáticas
tem
sido
ressaltado,
o
que
pode
ser
a
razão
do
salto
de
255
para
cerca
de
1.000
notícias
sobre
mudanças
climáticas
mencionando
empresas.
Embora
a
reputação
se
construa
de
dentro
para
fora
da
organização,
mediante
a
tomada
de
iniciativas
e
a
conscientização
dos
colaboradores,
a
comunicação
correta
das
ações
da
empresa
é
essencial
para
permitir
que
não
se
criem
ideias
errôneas
sobre
a
empresa
e
para
gerar
uma
boa
reputação.
Geralmente,
a
falta
de
experiência
em
comunicar
este
assunto
inibe
as
empresas
de
explorar
esta
alavanca
de
valor
de
forma
mais
efetiva,
desenvolvendo
e
comunicando
ações.
Ações
realizadas
com
o
intuito
específico
de
criar
reputação
podem
ser
monitoradas
através
de
indicadores
como
a
“centimetragem”
que
mede
os
centímetros
quadrados
de
notícias
publicadas.
Este
Figura
1
–
Número
de
notícias
publicadas
no
Brasil
sobre
mudanças
climáticas
mencionando
empresas
ou
não.
Fonte:
pesquisa
autores
19. Núcleo
de
Sustentabilidade
19
Indicadores
de
relevância:
Se
você
responder
“sim”
a
todas
as
questões
abaixo,
vale
a
pena
olhar
mais
criação
e
manutenção
de
reputação.
− O
setor
em
que
sua
organização
atua
é
carbono-‐intensivo?
− Os
investidores
e
os
clientes
valorizam
o
tema?
Os
concorrentes
estão
listados
no
ICO2,
ISE
ou
DJSI?
− Os
concorrentes
estão
mais
à
frente
do
que
sua
organização
na
gestão
de
carbono?
indicador
não
é
ideal,
já
que
o
fato
de
haver
a
publicação
não
significa
que
os
leitores
as
leram,
porém
é
um
indicador
simples
de
medir.
O
CDP
é
uma
ONG
que
disponibiliza
uma
plataforma
para
empresas
reportarem
abertamente
informações
sobre
sua
gestão
interna
de
questões
ligadas
às
mudanças
climáticas.
A
plataforma
pode
servir
como
uma
ferramenta
contra
riscos
reputacionais,
demonstrando
publicamente
as
ações
da
empresa.
Na
última
década
verificou-‐se
um
crescimento
sustentado
do
número
de
signatários,
tanto
empresas
como
investidores
preocupados
com
o
tema.
Fatos
relevantes
− No
segundo
semestre
de
2013,
a
Natura
teve
1.052
reportagens
relacionadas
ao
tema
de
Sustentabilidade,
o
que
corresponde
a
8%
do
total
de
reportagens
relacionadas
à
empresa.
− Estudo
realizado
com
mais
de
13.000
consumidores
ao
redor
do
mundo
aponta
que
79%
dos
consumidores
do
Brasil
estão
mais
preocupados
com
o
ambiente
do
que
há
cinco
anos
(11).
− A
Carbon
Trust
já
certificou
178
organizações
e
28.000
produtos
com
selos
de
pegada
de
carbono
que
informam
os
consumidores
sobre
a
emissão
de
toda
a
cadeia
de
produção
do
produto
(7).
− 73%
dos
55.000
clientes
da
Reputation
Institute
recomendariam
empresas
que
apresentam
bom
desempenho
em
práticas
sustentáveis24
.
Boas
práticas
Para
criar
reputação
através
das
ações
da
empresa
três
iniciativas
precisam
ser
tomadas:
1. Esclarecer
porque
se
está
tomando
iniciativas
neste
âmbito.
Para
isso
nada
melhor
do
que
descrever
os
ganhos
econômicos
que
a
empresa
visa
a
alcançar
com
as
iniciativas.
Empresas
que
tentam
justificar
suas
ações
através
de
explicações
não
financeiras
que
podem
parecer
green-‐
washing
(lavagem
verde).
2. A
empresa
deve
ser
o
benchmark
do
setor
em
mudanças
climáticas.
A
organização
tida
como
líder
tem
o
foco
das
atenções
e
se
torna
top
of
mind.
24
Veja:
http://www.reputationinstitute.com/thought-‐leadership/csr-‐reptrak-‐100
Figura
2
–
Investidores
signatários
do
CDP
e
ativos
ao
longo
do
tempo.
20. Núcleo
de
Sustentabilidade
20
3. Explicitar
para
quem
se
está
criando
valor.
Fazer
a
ligação
entre
o
propósito
da
empresa
e
os
benefícios
gerados
pelo
projeto.
Reavaliar
se
na
estratégia
e
nos
projetos
da
empresa
está
contemplada
a
questão
das
mudanças
climáticas
e
se
em
seus
projetos
é
considerada
esta
questão.
21. Núcleo
de
Sustentabilidade
21
Redução
de
custos
Grande
parte
das
emissões
de
GEE
é
atrelada
ao
consumo
de
energia,
material,
disposição
de
resíduos
e
tratamento
de
efluentes.
A
busca
por
uma
melhor
eficiência
nos
processos
produtivos
proporciona
redução
de
custos,
assim
como
redução
de
emissões
de
GEE.
Curvas
de
custo
de
abatimento
de
emissões
de
GEE
no
Brasil
elaboradas
pelo
Banco
Mundial,
McKinsey
e
IPEA
(13)
indicam
que
uma
parcela
significativa
das
emissões
de
GEE
da
indústria
pode
ser
abatida
a
custos
negativos,
isto
é,
gerando
redução
de
custo
além
do
reembolso
do
investimento.
Esta
afirmação
pode
parecer
contraditória,
porém
a
PROCEL
Indústria
analisou
217
projetos
de
eficiência
energética
da
indústria,
concluindo
que
poderia
haver
uma
redução
de
25,7%
do
consumo
global
de
energia
da
indústria
brasileira,
trazendo
benefícios
econômicos
(14)
e
reduções
de
GEE.
Tipicamente,
aumentar
a
eficiência
energética
é
mais
interessante
economicamente
do
que
consumir
mais
energia.
A
redução
do
consumo
de
material
também
pode
reduzir
as
emissões
de
GEE.
Os
materiais
possuem
emissões
de
GEE
embutidas,
isto
é,
emitidas
na
queima
de
combustíveis
e
emissões
de
processo
ao
longo
da
produção
e
transporte
do
produto.
As
emissões
atreladas
ao
consumo
de
materiais
são
principalmente
relevantes
em
setores
que
congregam
materiais
de
diversas
indústrias,
como
construção
civil,
onde
cerca
de
60%
de
suas
emissões
estão
relacionadas
ao
consumo
do
cimento
e
aço.
Ao
contrário
de
países
mais
industrializados,
o
Brasil
demonstra
uma
tendência
de
aumento
do
consumo
relativo
de
material
e
energia
(Figura
3).
Porém,
nos
últimos
anos,
tem-‐se
notado
um
aumento
nos
preços
de
commodities,
energia
e
de
disposição
de
resíduos,
impulsionado
pela
Política
Nacional
de
Resíduos
Sólidos,
que
deve
funcionar
como
incentivo
à
transição
para
uma
economia
mais
eficiente.
Durante
a
segunda
crise
do
petróleo,
entre
1979-‐86,
houve
um
aumento
significativo
nos
preços
de
combustíveis
derivados
do
petróleo,
o
que
levou
os
EUA
a
procurarem
novas
fontes
de
energia
e
melhorar
sua
eficiência
energética.
Como
resultado,
em
1986,
os
EUA
tinham
uma
emissão
de
GEE
um
terço
menor
que
em
1973,
sua
dependência
do
petróleo
era
10%
menor
e
seu
consumo
de
energia
6%
inferior,
ao
mesmo
tempo
em
que
seu
PIB
cresceu
19%
(15).
No
caso
do
Brasil,
a
crise
do
petróleo
impulsionou
o
desenvolvimento
da
indústria
do
etanol,
hoje
uma
base
para
novos
modelos
de
negócio
como,
por
exemplo,
o
plástico
verde
da
Braskem.
Figura
3
–
Consumo
relativo
de
material
e
energia
no
Brasil
e
OECD
–
Consumo
Doméstico
de
Materiais
por
PIB
em
U$/PPP
2005
e
Toneladas
Equivalentes
de
Petróleo
por
PIB
em
U$/PPP
2005.
Fonte:
Estimativas
do
autor
com
dados
da
OECD,
IEA
e
(47).
22. Núcleo
de
Sustentabilidade
22
Indicadores
de
relevância:
Se
você
responder
“sim”
a
todas
as
questões
abaixo,
vale
a
pena
olhar
mais
detalhadamente
para
a
redução
de
custos.
− Os
custos
com
energia,
perdas
de
materiais
ou
destinação
de
resíduos
e
tratamento
de
efluentes
representam
mais
de
10%
do
EBITDA
da
organização?
− A
organização
apresenta
um
consumo
específico
de
material
e
energia
crescente
ou
no
mesmo
patamar
há
mais
de
3
anos?
− É
possível
alterar
o
processo
ou
substituir
equipamentos
visando
a
melhoria
de
eficiência?
Existem
algumas
abordagens
para
se
atingir
uma
melhor
“ecoeficiência25
”,
entre
elas:
reduzir
a
intensidade
do
consumo
de
material
e
energia,
reduzir
o
uso
de
substâncias
tóxicas,
reciclar,
investir
em
renováveis
e
desmaterializar
produtos,
isto
é,
prover
serviços
que
substituam
materiais.
Para
isso
deve-‐
se
trabalhar
em
4
áreas:
otimização
de
processos,
valorização
de
subprodutos,
redesenho
de
produtos
e
repensamento
de
mercados
(16).
Uma
metodologia
recomendada
é
a
Análise
de
Ciclo
de
Vida
para
identificar
em
que
parte
da
cadeia
de
valor
situam-‐se
os
impactos
mais
significativos.
Ex.:
a
Natura
descobriu
que
as
emissões
na
logística
são
mais
relevantes
que
na
parte
da
operação.
Fatos
relevantes
− 216
empresas
que
reportaram
iniciativas
de
redução
de
GEE
no
CDP
alcançaram
um
ROI
médio
de
33%,
equivalente
a
um
período
de
retorno
de
3
anos.
(17)
− 25,7%
do
consumo
global
de
energia
da
indústria
brasileira
poderia
ser
reduzido
trazendo
benefícios
econômicos
(14).
− A
Ilha
Pura
Empreendimentos
Imobiliários,
reduziu
R$
500
mil
de
custos
de
destinação
de
resíduos
com
a
implantação
de
um
programa
de
reaproveitamento
e
reciclagem
de
resíduos.
Além
disso,
esta
iniciativa
poderá
reduzir
cerca
de
4%
das
emissões
de
GEE
totais
da
obra26
.
Boas
práticas
i. Definição
de
indicadores
e
metas
− Definição
de
indicadores
de
consumo
relativo
de
material
e
energia.
Por
exemplo:
!"#"$%& !"#$%$
!"#!!
;
ou
!"!"#$% !"#$%$
!" !"#$%&"&' !"#$%&'("$
.
− Levantamento
de
dados
e
cálculo
dos
indicadores
históricos;
− Definição
de
metas
de
acordo
com
o
histórico
da
empresa
e
o
desempenho
de
benchmarks;
ii. Definição
de
iniciativas
e
implantação
− Identificação
dos
pontos
críticos,
isto
é,
pontos
de
maior
consumo
ou
perda
ao
longo
do
ciclo
de
vida
dos
principais
produtos
da
empresa.
25
Termo
criado
pelo
WBCSD,
que
significa
entregar
bens
e
serviços
que
satisfaçam
as
necessidades
humanas
a
um
preço
competitivo,
enquanto
os
impactos
ecológicos
são
progressivamente
reduzidos
até
um
nível
de
acordo
com
a
capacidade
de
suporte
da
Terra.
26
Dados
concedidos
em
entrevista
com
o
responsável
por
sustentabilidade
da
empresa.
Figura
4
–
Número
de
iniciativas
de
redução
de
GEE
com
diferentes
períodos
de
retorno.
Fonte:
CDP
Brasil
23. Núcleo
de
Sustentabilidade
23
− Levantamento
de
possíveis
iniciativas
para
redução
de
materiais,
energia,
resíduos
ou
efluentes
líquidos.
− Priorização
das
iniciativas
de
acordo
com
potencial
de
redução
de
custos,
reduções
de
GEE,
investimento
necessário
e
facilidade
de
implantação.
− Criação
de
incentivos
internos,
seleção
de
parceiros/desenvolvedores
e
estruturação
do
projeto.
Algumas
organizações
estão
precificando
as
emissões
como
incentivo
a
investimentos
em
eficiência
e
redução
de
emissões.
Estruturas
de
financiamento
Project
Finance
podem
reduzir
o
desembolso
necessário
e
dividir
riscos.
− A
Samarco
deu
relevância
organizacional
ao
tema
criando
o
departamento
de
Ecoeficiência
dentro
da
Diretoria
de
Tecnologia,
em
2011.
iii. Monitoramento
e
melhorias
− Os
indicadores
devem
ser
monitorados
periodicamente
podendo
ser
divulgados
através
do
relatório
de
sustentabilidade
da
empresa.
Ferramentas
− WBCSD,
eco-‐efficiency
tool
box:
http://www.wbcsd.org/publications-‐and-‐tools/tools.aspx
− Dados
para
benchmarking-‐
Registro
público
de
emissões:
http://www.registropublicodeemissoes.com.br/
24. Núcleo
de
Sustentabilidade
24
Gestão
de
riscos
Os
negócios
apresentam
uma
forte
relação
com
as
condições
climáticas.
O
desempenho
econômico,
ambiental
e
social
de
negócios
como
energia
renovável,
água,
agricultura,
saúde,
turismo
e
florestal
depende
de
aspectos
como
insolação,
vento,
precipitação
e
temperatura
e
da
resiliência27
contra
eventos
climáticos
extremos
como
secas,
tempestades,
ondas
de
calor,
ondas
de
frio
e
subida
do
nível
do
mar,
que
podem
causar
a
destruição
de
ativos,
interrupção
de
sistemas
de
transporte
e
inviabilização
de
cultivos.
O
risco
climático
para
uma
empresa
depende
das
mudanças
climáticas
globais
e
outros
aspectos
como
urbanização
que,
por
sua
vez,
cria
exposição
e
vulnerabilidade.
A
severidade
dos
impactos
causados
por
eventos
climáticos
depende
fortemente
da
vulnerabilidade
e
da
exposição
aos
eventos,
os
quais
podem
mudar
de
acordo
com
o
local
e
o
tempo
(18).
Eventos
climáticos
extremos
tenderão
a
ocorrer
com
maior
frequência
e
intensidade
no
futuro
(19).
Bancos
de
dados
do
histórico
dos
desastres
brasileiros
associados
a
fenômenos
naturais
indicam
que
as
estiagens,
secas,
inundações
bruscas
e
alagamentos
são
as
tipologias
mais
recorrentes
no
Brasil
(20).
Segundo
estimativas
da
Swiss
Re,
o
Brasil
sofre
perdas
anuais
na
ordem
de
U$
1,4
bilhões
com
inundações.
Em
2030,
principalmente
devido
ao
aumento
de
ativos
expostos
a
risco,
este
valor
poderá
chegar
a
U$
4,0
bilhões,
com
maior
concentração
na
região
Sudeste
(21).
Veja
Figura
6
Estudos
de
casos
realizados
em
diversos
países
(22)
apontam
que
grande
parte
das
perdas
causadas
por
eventos
climáticos
já
ocorre
hoje
com
o
clima
atual,
porém
não
são
identificadas
como
“impactos
climáticos”.
Os
estudos
demonstram
ainda
que
uma
parte
relevante
do
risco
climático
pode
ser
mitigada
por
meio
de
medidas
de
custo-‐benefício
interessantes,
isto
é,
com
benefícios
(de
redução
de
risco
ou
custos)
maiores
que
os
investimentos
e
custos
necessários
(22).
Para
isso
é
necessário,
primeiramente,
identificar
as
perdas
atuais
relacionadas
a
impactos
climáticos.
27
Resiliência
é
a
capacidade
de
uma
organização
antecipar,
absorver
e
se
recompor
dos
impactos
de
possíveis
eventos
climáticos
em
um
tempo
adequado
e
de
forma
a
assegurar
a
preservação
ou
restauração
de
suas
funções
(18).
Figura
6
–
Perdas
anuais
esperadas
com
inundações
no
Brasil.
Fonte:
SwissRe
Flood
risk
in
Brazil,
2013.
Figura
5
–
Áreas
de
perigo
de
alagamento
e
desmoronamento.
Fonte:
Global
Risk
Data
Platform.
25. Núcleo
de
Sustentabilidade
25
Indicadores
de
relevância:
Se
você
responder
“sim”
a
uma
das
questões
abaixo,
vale
a
pena
olhar
mais
detalhadamente
para
a
gestão
de
riscos
climáticos
físicos.
− A
organização
possui
ativos
em
áreas
afetadas
anteriormente
por
eventos
climáticos
extremos?
Consulte:
http://s2id.integracao.gov.br/
− A
organização
possui
ativos
a
menos
de
1
metro
acima
de
áreas
alagáveis
ou
do
máximo
nível
do
mar?
− Os
principais
recursos
para
a
operação
da
empresa
(humanos
e
cadeia
de
suprimentos)
podem
ser
impactados
por
eventos
climáticos?
Consulte:
http://preview.grid.unep.ch/
− A
organização
possui
atividades
de
agricultura
que
podem
ser
impactadas
pela
mudança
gradual
do
clima?
Consulte:
http://www.agritempo.gov.br/climaeagricultura/
*edifícios,
locais
de
produção,
plantações,
etc.
devem
ser
tomados
em
consideração.
Levando
em
consideração
a
tendência
de
crescimento
da
penetração
de
seguros
relacionados
a
catástrofes
naturais
no
Brasil,
conclui-‐se
que
a
realização
de
medidas
de
adaptação
com
custo-‐benefício
interessantes
pode
significar
uma
redução
de
riscos
e
custo
de
seguro
no
futuro.
Fatos
relevantes
− O
aumento
das
temperaturas
pode
provocar
perdas
no
valor
de
R$
7,4
bilhões
na
agricultura
já
em
2020
(2).
− Furacão
Catarina
causou
prejuízos
na
ordem
de
R$
330
milhões28
em
2004
(3).
− Chuvas
intensas
no
Rio
de
Janeiro
causaram
prejuízos
de
R$
230
milhões
em
2010
(4).
− Com
chuvas
no
sudeste,
a
Vale
deixou
de
faturar
U$
300
milhões
em
2012.
(23)
− Cadeia
de
fornecimento:
Toyota
perdeu
U$1.2
bilhão
em
receitas
(150.000
automóveis)
com
o
tsunami
de
2011
no
Japão
devido
à
interrupção
de
sua
cadeia
de
fornecimento
(24).
Boas
práticas
A
gestão
de
riscos
climáticos
deve
ser
integrada
ao
processo
de
gestão
de
riscos
da
empresa
e
pode
dar-‐se
em
3
fases:
(i)
Conscientização
do
risco;
(ii)
Avaliação
do
risco
e
(iii)
Gestão
do
risco.
i. Conscientização
do
risco:
entendimento
da
relevância
de
potenciais
impactos
das
mudanças
climáticas
nos
negócios.
− Identificação
da
exposição
das
operações
aos
principais
perigos,
como
secas,
inundações,
desmoronamentos,
ventos
ou
nível
do
mar.
Veja
box
“Indicadores
de
relevância”.
− Geralmente
os
impactos
afetam
diferentes
setores
da
empresa,
portanto,
envolver
e
sensibilizar
as
áreas
e
fornecedores
da
organização
potencialmente
afetados
é
essencial.
O
treinamento
pode
abordar,
por
exemplo,
ações
em
casos
de
desastres
e
comportamentos
de
mitigação.
Esta
iniciativa
pode
integrar
o
departamento
de
sustentabilidade
da
empresa.
− A
Entergy
Corporation,
após
sofrer
os
impactos
do
furacão
Katrina
em
2005,
decidiu
aprimorar
sua
resiliência
com
o
programa
“Operation
storm
ready”,
que
envolve
treinamentos,
monitoramento
das
variações
climáticas,
comunicação
com
clientes
para
o
reestabelecimento
rápido
e
seguro
da
distribuição
de
energia,
reduzindo
perdas
de
receita
(25).
ii. Avaliação
do
risco:
avaliação
das
potenciais
perdas
trazidas
por
riscos
climáticos.
28
Valores
corrigidos
pelo
IGP-‐M.
26. Núcleo
de
Sustentabilidade
26
− Avaliação
dos
riscos
através
de
3
aspectos:
perigos
-‐
frequência
e
severidade
dos
perigos;
valor
-‐
ativos
e
receita
expostos;
vulnerabilidade
-‐
percentual
do
valor
danificado
por
eventos
de
diferentes
níveis
de
severidade
(22).
− A
avaliação
dos
perigos
pode
usar
diferentes
cenários
climáticos
futuros,
por
exemplo,
clima
atual,
clima
com
mudança
moderada
e
clima
com
mudança
intensa.
− A
quantificação
pode
requerer
o
envolvimento
em
grupos
de
diálogo
internacionais
ou
nacionais
e
parcerias
com
especialistas.
− O
Carrefour
mantém
atualizado
um
detalhado
mapeamento
de
riscos
das
áreas
de
risco
nos
países
onde
opera
(26).
iii. Gestão
do
risco:
definição
e
implantação
de
ações
para
mitigar
riscos.
− Levantamento
de
possíveis
medidas
de
mitigação
de
risco,
envolvendo:
infraestrutura,
medidas
que
requeiram
a
construção
de
novos
ativos,
como
ampliação
de
praias
para
proteção
contra
ondas;
tecnológica,
como
adoção
de
timers
para
irrigação
mais
eficiente,
evitando
perdas
e
consequentemente
falta
de
água;
comportamental,
como
treinamentos
em
evacuação
de
emergência.
− Priorização
das
medidas
considerando
seu
custo-‐benefício,
facilidade
e
tempo
de
implantação.
O
custo-‐benefício
é
calculado
pelo
valor
presente
líquido
dos
fluxos
de
caixa
dos
benefícios
(perdas
evitadas
e
receitas
adicionais)
e
custos
de
cada
medida
ao
longo
do
tempo.
Medidas
de
prevenção
de
investimentos
futuros
e
que
geram
benefícios
nas
condições
climáticas
atuais
devem
ser
priorizadas.
− Instrumentos
de
transferência
de
risco,
como
seguros,
podem
reduzir
significativamente
o
custo
de
prevenção
e
mitigação
de
riscos
raros
e
severos.
− A
Unilever,
tomando
conhecimento
de
potenciais
riscos
em
sua
cadeia
de
suprimentos,
desenvolveu
um
programa
para
treinar
pequenos
produtores
de
chá
no
Quênia
em
agricultura
sustentável,
aumentando
sua
produtividade
em
5%
a
15%
(1).
Ferramentas
Dados
de
históricos
e
riscos
de
eventos
climáticos:
− Sistema
Integrado
de
Informações
sobre
Desastres:
http://s2id.integracao.gov.br/
− UNEP,
Global
Risk
Data
Platform:
http://preview.grid.unep.ch/
− Swiss
Re,
Sigma
Explorer:
http://www.sigma-‐explorer.com/index.html
Principais
guias
e
relatórios
− Economics
of
Climate
Adaptation,
Shaping
climate
resilient
development:
descrição
de
como
chegar
a
um
portfolio
de
iniciativas
de
mitigação
de
riscos
climáticos
com
um
custo-‐benefício
eficiente.
− OECD,
approaches
to
managing
climate
risks:
exemplos
de
sistemas
de
gestão
de
riscos
de
empresas
e
recomendação
de
abordagem.
− IFC,
Climate
Risks
and
Business:
descreve
um
modelo
prático
para
avaliar
riscos
climáticos.