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J Pediatr (Rio J). 2018;94(4):404---409
www.jped.com.br
ARTIGO ORIGINAL
A higher number of school meals is associated with a
less-processed dietଝ,ଝଝ
Bruna M.A. Bento, Andressa da C. Moreira, Ariene S. do Carmo, Luana C. dos Santos
e Paula M. Horta∗
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Departamento de Nutric¸ão, Belo Horizonte, MG, Brasil
Recebido em 28 de fevereiro de 2017; aceito em 17 de maio de 2017
KEYWORDS
Child;
Food;
School;
Epidemiologic factors
Abstract
Objective: To compare the participation of food groups --- fresh and minimally processed, pro-
cessed, and ultra-processed --- in the diet of students (n = 1357) from Belo Horizonte, MG, Brazil,
in accordance with the number of school meals consumed daily.
Methods: Four groups were defined: children that did not consume school meals and children
that consumed one, two, or three school meals daily. Food groups participation, in g/1000 kcal,
was obtained using two 24-hour recalls. Three linear regression models were analyzed, in
which the consumption of each of the food groups was the dependent variable, the number
of school meals was the independent variable, and sociodemographic data (gender, age, health
vulnerability) and overweight condition were the control variables.
Results: Children that consumed 2 or 3 school meals daily showed, respectively, 7.3% and 10.5%
higher ingestion of fresh and minimally processed food in comparison to children that did not
consume school meals. Moreover, ultra-processed food participation was 18.0% lower among
students that consumed two school meals and 26.0% lower among children that consumed three
meals daily, in comparison to students that did not consume school meals.
Conclusion: The study showed a possible dose-response effect in children’s daily diets with two
or three school meals and highlighted the relevance of the prolonged stay at school for healthy
eating promotion in children.
© 2017 Sociedade Brasileira de Pediatria. Published by Elsevier Editora Ltda. This is an open
access article under the CC BY-NC-ND license (http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/
4.0/).
DOI se refere ao artigo:
https://doi.org/10.1016/j.jped.2017.07.016
ଝ Como citar este artigo: Bento BM, Moreira AC, Carmo AS, Santos LC, Horta PM. A higher number of school meals is associated with a
less-processed diet. J Pediatr (Rio J). 2018;84:404---9.
ଝଝ Trabalho vinculado à Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Enfermagem, Departamento de Nutric¸ão, Belo Horizonte, MG,
Brasil.
∗ Autor para correspondência.
E-mail: paulamhorta@gmail.com (P.M. Horta).
2255-5536/© 2017 Sociedade Brasileira de Pediatria. Publicado por Elsevier Editora Ltda. Este ´e um artigo Open Access sob uma licenc¸a CC
BY-NC-ND (http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Number of school meals and less-processed diet 405
PALAVRAS-CHAVE
Crianc¸a;
Alimentos;
Escola;
Fatores
epidemiológicos
Maior número de refeic¸ões nas escolas está associado a uma alimentac¸ão menos
processada
Resumo
Objetivo: Comparar a participac¸ão dos alimentos in natura e minimamente processados, pro-
cessados e ultraprocessados na alimentac¸ão de 1.357 escolares de Belo Horizonte (MG) de
acordo com o número de refeic¸ões escolares consumidas diariamente.
Métodos: Foram definidos quatro grupos de estudo: crianc¸as que não consumiam a alimentac¸ão
escolar e crianc¸as que consumiam uma, duas ou três refeic¸ões escolares diariamente. A
participac¸ão na dieta dos grupos de alimentos, em g/1.000 kcal, foi obtida a partir de dois
recordatórios alimentares de 24 horas. Foram analisados três modelos de regressão linear, nos
quais o consumo de cada um dos três grupos de alimentos constituiu a variável dependente, o
número de refeic¸ões escolares consumidas diariamente constituiu a variável independente e os
dados sociodemográficos (sexo, idade, índice de vulnerabilidade à saúde) e de excesso de peso
constituíram-se as variáveis de ajuste.
Resultados: Verificou-se que as crianc¸as que consumiam duas e três refeic¸ões escolares
diariamente apresentaram, respectivamente, 7,3% e 10,5% maior ingestão de alimentos in
natura e minimamente processados quando comparadas com as crianc¸as que não consumiam
a alimentac¸ão escolar. Além disso, a participac¸ão de ultraprocessados foi 18,0% menor na
alimentac¸ão das crianc¸as que consumiam duas refeic¸ões escolares e 26,0% menor entre as
que consumiam três refeic¸ões escolares diariamente, em comparac¸ão com aquelas que não
consumiam a alimentac¸ão escolar.
Conclusão: O estudo apontou possível efeito dose-resposta na protec¸ão da alimentac¸ão dos
estudantes a partir do consumo de duas refeic¸ões escolares diárias, destacando a relevância
da permanência da crianc¸a em período integral na escola para a promoc¸ão da alimentac¸ão
saudável.
© 2017 Sociedade Brasileira de Pediatria. Publicado por Elsevier Editora Ltda. Este ´e um artigo
Open Access sob uma licenc¸a CC BY-NC-ND (http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.
0/).
Introduc¸ão
A obesidade é um grave problema de saúde pública
no Brasil e apresenta taxas alarmantes entre crianc¸as e
adolescentes.1,2
Em menos de 30 anos, as prevalências de
obesidade mais do que sextuplicaram entre crianc¸as de
cinco a 10 anos e atingem, atualmente, 16,8% e 11,8% dos
escolares do sexo masculino e feminino, respectivamente.3
Dentre os adolescentes de 12 a 17 anos, a ocorrência de
obesidade é de 8,4%.4
A obesidade é um importante fator de risco para doenc¸as
cardiovasculares, principal causa de mortalidade no país,
e está associada a menor qualidade e expectativa de vida,
além de maiores gastos do setor de saúde.5
Intervir sobre
esse problema é um dos desafios atuais do Ministério da
Saúde brasileiro, que em 2014 lanc¸ou a Estratégia Interse-
torial de Prevenc¸ão e Controle da Obesidade6
e assinou o
Plano de Ac¸ão para a Prevenc¸ão da Obesidade em Crianc¸as
e Adolescentes (2015-2019).7
A publicac¸ão do Guia alimen-
tar para a populac¸ão brasileira nesse mesmo ano também
é resultado de um esforc¸o para incentivar a alimentac¸ão
saudável e controlar a obesidade no país.8
A regra de ouro proposta pelo guia alimentar brasi-
leiro recomenda dar prioridade ao consumo dos alimentos
in natura ou minimamente processados em detrimento
dos produtos ultraprocessados.8
No entanto, em um país
que em 20 anos vivenciou um incremento no consumo de
ultraprocessados de 18,7% para 29,6%, ao passo que a inges-
tão de alimentos in natura e minimamente processados se
reduziu de 44,0% para 38,9%,9
cumprir essa regra é um
grande desafio.
No ambiente escolar, como forma de promoc¸ão de saúde
e prevenc¸ão da obesidade infantil, prioriza-se a maior oferta
de alimentos in natura e minimamente processados.1,10
O
Programa Nacional de Alimentac¸ão Escolar (PNAE)1,11
e o
Programa Escola Integrada (PEI)12
de Belo Horizonte (MG) são
exemplos de estratégias de prevenc¸ão de obesidade infan-
til no país e em Belo Horizonte, respectivamente. Nesse
segundo programa, crianc¸as e adolescentes de seis a 15 anos
podem permanecer na escola por mais um turno escolar,
passam a ter acesso a três refeic¸ões escolares diárias e a
atividades extracurriculares diversas sobre esportes, lazer,
meio ambiente, cidadania, artes e alimentac¸ão.12
Ainda não se sabe acerca da participac¸ão de alimen-
tos in natura, minimamente processados, processados e
ultraprocessados na alimentac¸ão de crianc¸as que fazem
um maior número de refeic¸ões escolares, em func¸ão da
extensão da permanência na escola. Assim, este estudo
teve como objetivo comparar a participac¸ão dos alimen-
tos in natura e minimamente processados, processados
e ultraprocessados na alimentac¸ão de escolares de Belo
Horizonte que não consomem a alimentac¸ão escolar ou
que consomem uma, duas ou três refeic¸ões escolares
diariamente.
406 Bento BM et al.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal feito com escolares do 4◦
ano da rede municipal de ensino de Belo Horizonte, entre
marc¸o de 2013 e agosto de 2015. Nessa cidade, todas as
escolas municipais são participantes do PEI12
e a adesão das
crianc¸as ao programa é definida pela própria família.
O cálculo amostral definiu a participac¸ão de pelo menos
1.067 crianc¸as considerando 50% de estimativa de proporc¸ão
para determinada característica (valor que fornece o maior
tamanho amostral para populac¸ão finita), fixaram-se o nível
de significância em 5% e o erro amostral em 3%.
A partir desse número, escolas municipais das nove
regionais administrativas de Belo Horizonte foram aleato-
riamente selecionadas para integrar o estudo. O número de
escolas participantes foi definido de acordo com o número
de crianc¸as matriculadas em cada regional administrativa
do município no início de 2013. Nas escolas sorteadas, todas
as turmas de 4◦
ano foram integradas ao estudo e todas
as crianc¸as foram convidadas a participar, exceto as que
apresentavam comprometimento mental que inviabilizasse
o relato da crianc¸a, referido pela coordenac¸ão pedagógica
das escolas.
A partir desses critérios, 1.599 crianc¸as de 26 escolas
foram convidadas a participar do estudo. Dessas, 185 (11,6%)
não estavam presentes no dia da coleta de dados e 53 (3,3%)
apresentaram dificuldade de referir o consumo alimentar
e foram consideradas perda de dados e quatro (0,3%) se
recusaram a participar do estudo. Assim, a amostra final
contemplou 1.357 crianc¸as.
O número de refeic¸ões escolares consumidas diaria-
mente pelos estudantes foi avaliado por meio de entrevista
face a face conduzida por nutricionistas e graduandos em
nutric¸ão devidamente treinados e integrantes da equipe
da pesquisa. As crianc¸as foram perguntadas se consumiam
pelo menos três vezes por semana a alimentac¸ão escolar.
Em caso positivo, elas eram perguntadas quanto ao tipo
de refeic¸ão (café da manhã, almoc¸o e lanche) consumido
diariamente na escola. A partir disso, a amostra foi classi-
ficada em quatro categorias: não consome a alimentac¸ão
escolar, consome uma, duas ou três refeic¸ões escolares
diariamente. Cabe ressaltar que na amostra do estudo
46,3% das crianc¸as estão vinculadas ao PEI e, por isso,
podem fazer as três refeic¸ões escolares que são servidas
diariamente. Aquelas que estudam somente em um turno
podem fazer a refeic¸ão servida no intervalo da aula e o
almoc¸o.
Já a participac¸ão dos grupos de alimentos in natura,
minimamente processados, processados e ultraprocessados
na dieta das crianc¸as foi obtida a partir da análise de dois
dias não consecutivos de recordatório alimentar de 24 horas
(R24), que contemplaram todos os alimentos consumidos
pelas crianc¸as em 24 horas, inclusive aqueles consumidos
na escola. Destaca-se que nas coletas de dados feitas às
segundas-feiras ou após feriados foram coletados dias de
alimentac¸ão referentes ao fim de semana e aos feriados,
respectivamente. Medidas caseiras reais comumente usadas
na alimentac¸ão (exemplos: copos, colheres) foram apresen-
tadas às crianc¸as para favorecer o relato mais preciso das
quantidades de alimentos consumidas. O intervalo máximo
entre os dois R24 foi de sete dias.
As informac¸ões de consumo alimentar referidas em medi-
das caseiras foram transformadas em medidas de peso e
as preparac¸ões de alimentos foram desmembradas em seus
ingredientes básicos, segundo metodologia desenvolvida
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).13
Em seguida, foi avaliada a participac¸ão dos três grupos de
alimentos (in natura e minimamente processados, processa-
dos e ultraprocessados) em gramas/1.000 kcal.
Foram considerados alimentos in natura e minimamente
processados aqueles consumidos em sua forma original, sem
sofrer alterac¸ões para o consumo (como as hortalic¸as e
frutas); já os minimamente processados contemplaram os
alimentos in natura que sofreram pequenas alterac¸ões de
processos industriais (como farinhas, leite pasteurizado e
cortes de carne resfriados). Os processados incluíram os
alimentos in natura que sofreram adic¸ão de óleo/gordura,
sal ou ac¸úcar, como as frutas em calda, legumes em con-
serva e sardinha em conserva. O grupo dos ultraprocessados
considerou os alimentos submetidos a várias etapas de pro-
cessamento industrial e adic¸ão de vários ingredientes, como
conservantes e estabilizantes, além daqueles também usa-
dos em alimentos processados. Fizeram parte desse grupo
biscoitos recheados, sucos artificiais, salgadinhos, refrige-
rantes, entre outros.8,14
As informac¸ões ‘‘número diário de refeic¸ões escola-
res’’ e ‘‘participac¸ão dos grupos de alimentos na dieta
das crianc¸as’’ foram inseridas em três modelos de regres-
são linear. Em cada um deles, o consumo de um grupo de
alimento constituiu a variável dependente e o número de
refeic¸ões escolares constituiu a variável independente (a
categoria ‘‘não consumo da alimentac¸ão escolar’’ foi como
referência na comparac¸ão com as categorias de consumo
de uma, duas e três refeic¸ões diárias). Adicionalmente,
foi feita transformac¸ão logarítmica da variável dependente
(i.e., consumo dos grupos alimentares) em todos os mode-
los, por não se aderir à distribuic¸ão normal, segundo o
teste Shapiro-Wilk. Como a variável dependente estava em
unidades logarítmicas nos modelos, os coeficientes betas
não padronizados (␤) foram interpretados em percentuais,
efetuou-se o seguinte cálculo para os coeficientes positivos
e negativos: exponencial (␤) --- 1 x 100 e 1 --- exponencial (␤)
x 100, respectivamente.
Informac¸ões sociodemográficas e do estado nutricional
dos estudantes também foram obtidas com o objetivo de
ajustar os modelos de regressão por possíveis confundido-
res. Os dados sexo, idade e enderec¸o foram consultados
no registro escolar dos alunos. A partir do enderec¸o das
crianc¸as foi estimado o risco de vulnerabilidade à saúde
(em médio, baixo, elevado e muito elevado), usou-se o
Índice de Vulnerabilidade à Saúde 2012 (IVS-2012),15
um ins-
trumento que classifica o risco de vulnerabilidade à saúde
da populac¸ão de Belo Horizonte a partir de indicadores
de dimensões sanitárias e socioeconômicas.15
Já o estado
nutricional dos escolares foi avaliado pelo índice de massa
corporal (IMC) por idade, calculado a partir dos dados de
peso e estatura, aferidos por nutricionistas membros da
equipe de pesquisadores do estudo, segundo técnicas des-
critas na literatura.16
Parâmetros pré-estabelecidos pelo
Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) foram
adotados para a definic¸ão de excesso de peso (escore-z
≥ +1) e obesidade (escore-z≥ +2).17
Number of school meals and less-processed diet 407
Nos três modelos de regressão linear, o erro padrão foi
ajustado pelos clusters das instituic¸ões escolares (26 esco-
las), uma vez que é provável que indivíduos que estudem na
mesma escola compartilhem atributos similares em decor-
rência do contexto que lhes é comum. Assim, o ajuste
pelos clusters torna as estimativas de erro padrão e o teste
de hipótese mais adequados. Os resíduos dos modelos de
regressão foram avaliados segundo as suposic¸ões de norma-
lidade, homocedasticidade, linearidade e independência.
Além disso, fez-se a verificac¸ão de multicolinearidade entre
as variáveis incluídas nos modelos. O nível de significância
adotado foi de 5% (p < 0,05).
As análises dos dados foram feitas no software Stata
(Released 2007. SPSS for Windows, versão 12.0. Chi-
cago, EUA). A análise descritiva contemplou o cálculo da
distribuic¸ão de frequências, de medianas e de amplitude
interquartil - AI (percentil 25-percentil 75).
O estudo foi aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Projeto CAAE
00734412.0.0000.5149. Os pais ou os responsáveis legais
pelas crianc¸as assinaram um termo de consentimento livre
e esclarecido que autorizou a participac¸ão dos escolares no
estudo, conforme determina a resoluc¸ão 466/2012 do Con-
selho Nacional de Saúde.
Resultados
A amostra foi composta por 1.357 escolares com mediana de
9,6 (AI: 9,4-10,0) anos. A tabela 1 apresenta a participac¸ão
da amostra segundo o sexo, estado nutricional, risco de
vulnerabilidade à saúde e número de refeic¸ões escolares
consumido diariamente.
A mediana de consumo de alimentos in natura e
minimamente processados foi de 528,2 (AI: 415,2-647,6)
g/1.000 kcal. Processados e ultraprocessados participa-
Tabela 1 Descric¸ão da amostra em estudo (n = 1.357). Belo
Horizonte/MG, 2013-2015
Variável Frequência (%)
Sexo
Masculino 49,3
Feminino 50,7
Classificac¸ão do índice de massa corporal por idade
Baixo peso 1,8
Eutrofia 67,2
Sobrepeso 19,1
Obesidade 11,9
Risco de vulnerabilidade à saúde
Baixo 17,8
Médio 36,6
Elevado 33,9
Muito elevado 11,7
Número de refeic¸ões que faz na escola por dia
Zero 27,2
Uma 32,9
Duas 20,8
Três 19,1
ram da alimentac¸ão das crianc¸as em 51,2 (AI: 26,5-84,7)
g/1.000 kcal e 157,2 (AI: 76,3-257,0) g/1.000 kcal, respecti-
vamente.
As crianc¸as que consumiam duas e três refeic¸ões esco-
lares diariamente apresentaram, respectivamente, 7,3% e
10,5% maior ingestão de alimentos in natura e minima-
mente processados quando comparadas com as crianc¸as que
relataram não consumir refeic¸ão do cardápio escolar. Ade-
mais, a participac¸ão de ultraprocessados na alimentac¸ão das
crianc¸as que fazem duas refeic¸ões escolares por dia foi 18,0%
menor do que as que não consomem a alimentac¸ão escolar.
Entre as que fazem três refeic¸ões escolares, essa reduc¸ão
foi ainda maior: 26,0%. Destaca-se ausência de diferenc¸as
dentre as crianc¸as que fazem somente uma refeic¸ão escolar
por dia (tabela 2).
Discussão
O presente estudo demonstrou que o consumo diário de duas
ou três refeic¸ões escolares está relacionado à menor inges-
tão de produtos ultraprocessados e à maior participac¸ão
de alimentos in natura e minimamente processados na
alimentac¸ão dos estudantes, em comparac¸ão com o não
consumo da alimentac¸ão escolar. Esse efeito protetor não
foi observado na comparac¸ão entre as crianc¸as que conso-
mem apenas uma refeic¸ão escolar por dia. Esses achados
foram identificados independentemente do sexo, idade, vul-
nerabilidade à saúde e estado nutricional das crianc¸as.
Assim, o estudo apontou um possível efeito dose-resposta
na protec¸ão da alimentac¸ão dos estudantes a partir do con-
sumo diário de duas refeic¸ões escolares e assim destacou a
relevância da maior permanência da crianc¸a na escola como
medida de promoc¸ão da alimentac¸ão saudável.
A maior participac¸ão dos alimentos in natura e minima-
mente processados na dieta dos escolares que consomem
duas ou três refeic¸ões escolares diárias é um achado de
relevância para a saúde pública. Alimentos naturais de ori-
gem animal são ótimas fontes proteicas, de vitaminas e de
minerais. As frutas e hortalic¸as in natura têm fibras, anti-
oxidantes e baixa densidade calórica, enquanto os cereais
contribuem para o adequado teor de calorias e carboi-
dratos complexos na dieta. Além disso, os alimentos in
natura geram menor impacto ambiental e são produzidos
por agricultores que dependem dessa produc¸ão para a sua
sobrevivência e, por isso, se beneficiam diretamente pelo
maior consumo desses produtos.8
Já o menor consumo de produtos ultraprocessados entre
as crianc¸as que consomem duas ou três refeic¸ões escolares
por dia é um resultado ainda mais relevante, considerando
o impacto numérico dessa reduc¸ão --- 18,0% no caso de
crianc¸as que consomem duas refeic¸ões e 26,0% entre as que
consomem três refeic¸ões escolares diárias. Esses produtos
têm baixa densidade nutricional e são hiperpalatáveis, o
que pode contribuir para deficiências nutricionais, apesar
do consumo em grandes quantidades.14,18
Como consequên-
cia, a ingestão excessiva de produtos ultraprocessados tem
sido associada positivamente com a ocorrência de dislipi-
demia entre crianc¸as,19
com a síndrome metabólica entre
adolescentes20
e com obesidade em todas as idades.21
Outros estudos já apontaram a protec¸ão da alimentac¸ão
escolar para práticas alimentares saudáveis.1,11
Em amostra
408 Bento BM et al.
Tabela 2 Modelos de regressão linear para a predic¸ão do consumo de alimentos in natura e minimamente processados, pro-
cessados e ultraprocessados a partir do número de refeic¸ões escolares consumido na amostra (n = 1.357). Belo Horizonte/MG,
2013-2015
Número de refeic¸ões
consumidas da
alimentac¸ão escolar
In natura e minimamente
processados
Processados Ultraprocessados
␤ (EP) Valor pa
␤ (EP) Valor pa
␤ (EP) Valor pa
0 0 - 0 - 0 -
1 0,037 (0,03) 0,268 -0,024 (0,06) 0,717 -0,107 (0,07) 0,182
2 0,071 (0,03) 0,046 -0,114 (0,07) 0,130 -0,199 (0,08) 0,024
3 0,100 (0,04) 0,019 -0,149 (0,09) 0,130 -0,302 (0,08) 0,002
␤, Coeficiente beta não padronizado; EP, erro padrão.
a Em todos os modelos, houve transformac¸ão logarítmica da variável dependente do consumo alimentar (em g/1.000 kcal). Todos os
modelos foram ajustados pelo Índice de Vulnerabilidade da Saúde 2012, índice de massa corporal por idade, sexo e idade da crianc¸a. O
erro padrão foi ajustado pelos clusters das instituic¸ões escolares (26 escolas).
de crianc¸as de dois a seis anos de Caxias do Sul (RS)
identificou-se maior consumo energético e lipídico nas
refeic¸ões feitas em domicílios em comparac¸ão com as
refeic¸ões escolares.22
Dados da Pesquisa Nacional de Saúde
do Escolar (PeNSE) feita em 2015 evidenciaram menor
consumo de ac¸úcar, bebidas ac¸ucaradas e alimentos pro-
cessados e ultraprocessados entre os alunos das escolas
públicas em comparac¸ão com os das escolas privadas, fato
que pode ser explicado pelo acesso em longo prazo ao
PNAE entre esses estudantes.23
Em amostra de escolares
de seis a 14 anos de Belo Horizonte (MG), participar do
PEI e, assim, fazer mais refeic¸ões escolares foi associado
a maior adequac¸ão de carboidratos e maior consumo de
frutas.24
Apesar dessas evidências pré-existentes, o presente
estudo inovou ao demonstrar que há uma relac¸ão dose-
-resposta entre o número de refeic¸ões escolares e a
participac¸ão de alimentos in natura e minimamente proces-
sados e ultraprocessados na dieta dos escolares a partir do
consumo diário de duas refeic¸ões escolares. Esse resultado
tem grande implicac¸ão para as políticas públicas na área
de saúde infantil, pois sinaliza para a relevância de progra-
mas que preveem a extensão da permanência da crianc¸a
no ambiente escolar e o fornecimento de um maior número
de refeic¸ões diárias, a exemplo do PEI. Nesses programas,
além do fornecimento da alimentac¸ão escolar, os estudan-
tes têm acesso a atividades educativas que contemplam a
alimentac¸ão e nutric¸ão e que podem ter contribuído para os
resultados encontrados.
Além disso, evidenciou-se a relevância de investimentos
no PNAE, com vistas a melhorar ainda mais a sua efetividade,
enquanto programa de promoc¸ão da seguranc¸a alimentar e
nutricional.11,25
Na legislac¸ão atual do programa, os alimen-
tos in natura e minimamente processados são privilegiados,
na medida em que frutas e hortalic¸as devem estar presen-
tes na alimentac¸ão escolar em, no mínimo, três porc¸ões (ou
200 g) por aluno por semana e que 30% de todos os recur-
sos destinados ao PNAE devem ser usados na aquisic¸ão de
produtos da agricultura familiar. Já os produtos ultraproces-
sados, como bebidas com baixo valor nutricional, alimentos
enlatados, embutidos e doces, têm participac¸ão proibida ou
restrita no cardápio escolar.26
O estudo destaca ainda a relevância de se incentivar a
alimentac¸ão saudável no domicílio, uma vez que os acha-
dos apontam que as diferenc¸as verificadas no consumo dos
grupos de alimentos entre as crianc¸as podem ser explicadas
pelo maior consumo da alimentac¸ão escolar. É desafiador
e urgente, portanto, incluir os pais e responsáveis pelas
crianc¸as nas intervenc¸ões em nutric¸ão infantil, com vistas
a melhorar a oferta de alimentos in natura e minimamente
processados e limitar os ultraprocessados também no domi-
cílio das crianc¸as.
Por fim, cabe destacar as limitac¸ões do estudo que se
referem à incapacidade de generalizac¸ão dos resultados
obtidos a toda a populac¸ão de escolares de Belo Horizonte,
há validade externa somente para os escolares do 4◦
ano
de escolas municipais dessa cidade e a possibilidade de
viés devido à aplicac¸ão de R24 entre crianc¸as de nove a
10 anos, considerando o desafio de se obterem dados fide-
dignos de consumo alimentar nessa faixa etária, dadas as
restritas habilidades cognitivas, de memória e de conheci-
mento em nutric¸ão.27
Apesar disso, a literatura evidencia
boa qualidade no relato do consumo alimentar de crianc¸as
dessa idade na comparac¸ão dos resultados obtidos dos méto-
dos de observac¸ão direta e da técnica da água duplamente
marcada.28
Ademais, a avaliac¸ão sociodemográfica das crianc¸as foi
feita a partir do IVS-2012, uma vez que não foi possível
obter informac¸ões de cunho socioeconômico diretamente
pelo relato dos estudantes, e o estudo trabalhou com o
relato dos sujeitos quanto ao número de refeic¸ões escolares
usualmente consumido.
Apesar disso, o estudo contribui para o conhecimento
acerca de ac¸ões e estratégias efetivas para a prática de
uma alimentac¸ão mais saudável e menos processada, o que
é essencial para o enfrentamento das elevadas prevalências
de obesidade entre crianc¸as e adolescentes no Brasil. A con-
tinuidade de investigac¸ões nessa linha de pesquisa poderá
mostrar se estudantes que permanecem por período integral
na escola e fazem todas as refeic¸ões escolares de fato conso-
mem menos alimentos industrializados e apresentam melhor
estado nutricional do que os estudantes que não consomem
a alimentac¸ão escolar ou que permanecem por somente um
turno escolar.
Number of school meals and less-processed diet 409
Financiamento
Fundac¸ão de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais
(Fapemig) e Coordenac¸ão de Aperfeic¸oamento de Pessoal de
Nível Superior (Capes).
Conflitos de interesse
Os autores declaram não haver conflitos de interesse.
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Maior número de refeições escolares associado a dieta menos processada

  • 1. J Pediatr (Rio J). 2018;94(4):404---409 www.jped.com.br ARTIGO ORIGINAL A higher number of school meals is associated with a less-processed dietଝ,ଝଝ Bruna M.A. Bento, Andressa da C. Moreira, Ariene S. do Carmo, Luana C. dos Santos e Paula M. Horta∗ Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Departamento de Nutric¸ão, Belo Horizonte, MG, Brasil Recebido em 28 de fevereiro de 2017; aceito em 17 de maio de 2017 KEYWORDS Child; Food; School; Epidemiologic factors Abstract Objective: To compare the participation of food groups --- fresh and minimally processed, pro- cessed, and ultra-processed --- in the diet of students (n = 1357) from Belo Horizonte, MG, Brazil, in accordance with the number of school meals consumed daily. Methods: Four groups were defined: children that did not consume school meals and children that consumed one, two, or three school meals daily. Food groups participation, in g/1000 kcal, was obtained using two 24-hour recalls. Three linear regression models were analyzed, in which the consumption of each of the food groups was the dependent variable, the number of school meals was the independent variable, and sociodemographic data (gender, age, health vulnerability) and overweight condition were the control variables. Results: Children that consumed 2 or 3 school meals daily showed, respectively, 7.3% and 10.5% higher ingestion of fresh and minimally processed food in comparison to children that did not consume school meals. Moreover, ultra-processed food participation was 18.0% lower among students that consumed two school meals and 26.0% lower among children that consumed three meals daily, in comparison to students that did not consume school meals. Conclusion: The study showed a possible dose-response effect in children’s daily diets with two or three school meals and highlighted the relevance of the prolonged stay at school for healthy eating promotion in children. © 2017 Sociedade Brasileira de Pediatria. Published by Elsevier Editora Ltda. This is an open access article under the CC BY-NC-ND license (http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/ 4.0/). DOI se refere ao artigo: https://doi.org/10.1016/j.jped.2017.07.016 ଝ Como citar este artigo: Bento BM, Moreira AC, Carmo AS, Santos LC, Horta PM. A higher number of school meals is associated with a less-processed diet. J Pediatr (Rio J). 2018;84:404---9. ଝଝ Trabalho vinculado à Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Enfermagem, Departamento de Nutric¸ão, Belo Horizonte, MG, Brasil. ∗ Autor para correspondência. E-mail: paulamhorta@gmail.com (P.M. Horta). 2255-5536/© 2017 Sociedade Brasileira de Pediatria. Publicado por Elsevier Editora Ltda. Este ´e um artigo Open Access sob uma licenc¸a CC BY-NC-ND (http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
  • 2. Number of school meals and less-processed diet 405 PALAVRAS-CHAVE Crianc¸a; Alimentos; Escola; Fatores epidemiológicos Maior número de refeic¸ões nas escolas está associado a uma alimentac¸ão menos processada Resumo Objetivo: Comparar a participac¸ão dos alimentos in natura e minimamente processados, pro- cessados e ultraprocessados na alimentac¸ão de 1.357 escolares de Belo Horizonte (MG) de acordo com o número de refeic¸ões escolares consumidas diariamente. Métodos: Foram definidos quatro grupos de estudo: crianc¸as que não consumiam a alimentac¸ão escolar e crianc¸as que consumiam uma, duas ou três refeic¸ões escolares diariamente. A participac¸ão na dieta dos grupos de alimentos, em g/1.000 kcal, foi obtida a partir de dois recordatórios alimentares de 24 horas. Foram analisados três modelos de regressão linear, nos quais o consumo de cada um dos três grupos de alimentos constituiu a variável dependente, o número de refeic¸ões escolares consumidas diariamente constituiu a variável independente e os dados sociodemográficos (sexo, idade, índice de vulnerabilidade à saúde) e de excesso de peso constituíram-se as variáveis de ajuste. Resultados: Verificou-se que as crianc¸as que consumiam duas e três refeic¸ões escolares diariamente apresentaram, respectivamente, 7,3% e 10,5% maior ingestão de alimentos in natura e minimamente processados quando comparadas com as crianc¸as que não consumiam a alimentac¸ão escolar. Além disso, a participac¸ão de ultraprocessados foi 18,0% menor na alimentac¸ão das crianc¸as que consumiam duas refeic¸ões escolares e 26,0% menor entre as que consumiam três refeic¸ões escolares diariamente, em comparac¸ão com aquelas que não consumiam a alimentac¸ão escolar. Conclusão: O estudo apontou possível efeito dose-resposta na protec¸ão da alimentac¸ão dos estudantes a partir do consumo de duas refeic¸ões escolares diárias, destacando a relevância da permanência da crianc¸a em período integral na escola para a promoc¸ão da alimentac¸ão saudável. © 2017 Sociedade Brasileira de Pediatria. Publicado por Elsevier Editora Ltda. Este ´e um artigo Open Access sob uma licenc¸a CC BY-NC-ND (http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4. 0/). Introduc¸ão A obesidade é um grave problema de saúde pública no Brasil e apresenta taxas alarmantes entre crianc¸as e adolescentes.1,2 Em menos de 30 anos, as prevalências de obesidade mais do que sextuplicaram entre crianc¸as de cinco a 10 anos e atingem, atualmente, 16,8% e 11,8% dos escolares do sexo masculino e feminino, respectivamente.3 Dentre os adolescentes de 12 a 17 anos, a ocorrência de obesidade é de 8,4%.4 A obesidade é um importante fator de risco para doenc¸as cardiovasculares, principal causa de mortalidade no país, e está associada a menor qualidade e expectativa de vida, além de maiores gastos do setor de saúde.5 Intervir sobre esse problema é um dos desafios atuais do Ministério da Saúde brasileiro, que em 2014 lanc¸ou a Estratégia Interse- torial de Prevenc¸ão e Controle da Obesidade6 e assinou o Plano de Ac¸ão para a Prevenc¸ão da Obesidade em Crianc¸as e Adolescentes (2015-2019).7 A publicac¸ão do Guia alimen- tar para a populac¸ão brasileira nesse mesmo ano também é resultado de um esforc¸o para incentivar a alimentac¸ão saudável e controlar a obesidade no país.8 A regra de ouro proposta pelo guia alimentar brasi- leiro recomenda dar prioridade ao consumo dos alimentos in natura ou minimamente processados em detrimento dos produtos ultraprocessados.8 No entanto, em um país que em 20 anos vivenciou um incremento no consumo de ultraprocessados de 18,7% para 29,6%, ao passo que a inges- tão de alimentos in natura e minimamente processados se reduziu de 44,0% para 38,9%,9 cumprir essa regra é um grande desafio. No ambiente escolar, como forma de promoc¸ão de saúde e prevenc¸ão da obesidade infantil, prioriza-se a maior oferta de alimentos in natura e minimamente processados.1,10 O Programa Nacional de Alimentac¸ão Escolar (PNAE)1,11 e o Programa Escola Integrada (PEI)12 de Belo Horizonte (MG) são exemplos de estratégias de prevenc¸ão de obesidade infan- til no país e em Belo Horizonte, respectivamente. Nesse segundo programa, crianc¸as e adolescentes de seis a 15 anos podem permanecer na escola por mais um turno escolar, passam a ter acesso a três refeic¸ões escolares diárias e a atividades extracurriculares diversas sobre esportes, lazer, meio ambiente, cidadania, artes e alimentac¸ão.12 Ainda não se sabe acerca da participac¸ão de alimen- tos in natura, minimamente processados, processados e ultraprocessados na alimentac¸ão de crianc¸as que fazem um maior número de refeic¸ões escolares, em func¸ão da extensão da permanência na escola. Assim, este estudo teve como objetivo comparar a participac¸ão dos alimen- tos in natura e minimamente processados, processados e ultraprocessados na alimentac¸ão de escolares de Belo Horizonte que não consomem a alimentac¸ão escolar ou que consomem uma, duas ou três refeic¸ões escolares diariamente.
  • 3. 406 Bento BM et al. Metodologia Trata-se de um estudo transversal feito com escolares do 4◦ ano da rede municipal de ensino de Belo Horizonte, entre marc¸o de 2013 e agosto de 2015. Nessa cidade, todas as escolas municipais são participantes do PEI12 e a adesão das crianc¸as ao programa é definida pela própria família. O cálculo amostral definiu a participac¸ão de pelo menos 1.067 crianc¸as considerando 50% de estimativa de proporc¸ão para determinada característica (valor que fornece o maior tamanho amostral para populac¸ão finita), fixaram-se o nível de significância em 5% e o erro amostral em 3%. A partir desse número, escolas municipais das nove regionais administrativas de Belo Horizonte foram aleato- riamente selecionadas para integrar o estudo. O número de escolas participantes foi definido de acordo com o número de crianc¸as matriculadas em cada regional administrativa do município no início de 2013. Nas escolas sorteadas, todas as turmas de 4◦ ano foram integradas ao estudo e todas as crianc¸as foram convidadas a participar, exceto as que apresentavam comprometimento mental que inviabilizasse o relato da crianc¸a, referido pela coordenac¸ão pedagógica das escolas. A partir desses critérios, 1.599 crianc¸as de 26 escolas foram convidadas a participar do estudo. Dessas, 185 (11,6%) não estavam presentes no dia da coleta de dados e 53 (3,3%) apresentaram dificuldade de referir o consumo alimentar e foram consideradas perda de dados e quatro (0,3%) se recusaram a participar do estudo. Assim, a amostra final contemplou 1.357 crianc¸as. O número de refeic¸ões escolares consumidas diaria- mente pelos estudantes foi avaliado por meio de entrevista face a face conduzida por nutricionistas e graduandos em nutric¸ão devidamente treinados e integrantes da equipe da pesquisa. As crianc¸as foram perguntadas se consumiam pelo menos três vezes por semana a alimentac¸ão escolar. Em caso positivo, elas eram perguntadas quanto ao tipo de refeic¸ão (café da manhã, almoc¸o e lanche) consumido diariamente na escola. A partir disso, a amostra foi classi- ficada em quatro categorias: não consome a alimentac¸ão escolar, consome uma, duas ou três refeic¸ões escolares diariamente. Cabe ressaltar que na amostra do estudo 46,3% das crianc¸as estão vinculadas ao PEI e, por isso, podem fazer as três refeic¸ões escolares que são servidas diariamente. Aquelas que estudam somente em um turno podem fazer a refeic¸ão servida no intervalo da aula e o almoc¸o. Já a participac¸ão dos grupos de alimentos in natura, minimamente processados, processados e ultraprocessados na dieta das crianc¸as foi obtida a partir da análise de dois dias não consecutivos de recordatório alimentar de 24 horas (R24), que contemplaram todos os alimentos consumidos pelas crianc¸as em 24 horas, inclusive aqueles consumidos na escola. Destaca-se que nas coletas de dados feitas às segundas-feiras ou após feriados foram coletados dias de alimentac¸ão referentes ao fim de semana e aos feriados, respectivamente. Medidas caseiras reais comumente usadas na alimentac¸ão (exemplos: copos, colheres) foram apresen- tadas às crianc¸as para favorecer o relato mais preciso das quantidades de alimentos consumidas. O intervalo máximo entre os dois R24 foi de sete dias. As informac¸ões de consumo alimentar referidas em medi- das caseiras foram transformadas em medidas de peso e as preparac¸ões de alimentos foram desmembradas em seus ingredientes básicos, segundo metodologia desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).13 Em seguida, foi avaliada a participac¸ão dos três grupos de alimentos (in natura e minimamente processados, processa- dos e ultraprocessados) em gramas/1.000 kcal. Foram considerados alimentos in natura e minimamente processados aqueles consumidos em sua forma original, sem sofrer alterac¸ões para o consumo (como as hortalic¸as e frutas); já os minimamente processados contemplaram os alimentos in natura que sofreram pequenas alterac¸ões de processos industriais (como farinhas, leite pasteurizado e cortes de carne resfriados). Os processados incluíram os alimentos in natura que sofreram adic¸ão de óleo/gordura, sal ou ac¸úcar, como as frutas em calda, legumes em con- serva e sardinha em conserva. O grupo dos ultraprocessados considerou os alimentos submetidos a várias etapas de pro- cessamento industrial e adic¸ão de vários ingredientes, como conservantes e estabilizantes, além daqueles também usa- dos em alimentos processados. Fizeram parte desse grupo biscoitos recheados, sucos artificiais, salgadinhos, refrige- rantes, entre outros.8,14 As informac¸ões ‘‘número diário de refeic¸ões escola- res’’ e ‘‘participac¸ão dos grupos de alimentos na dieta das crianc¸as’’ foram inseridas em três modelos de regres- são linear. Em cada um deles, o consumo de um grupo de alimento constituiu a variável dependente e o número de refeic¸ões escolares constituiu a variável independente (a categoria ‘‘não consumo da alimentac¸ão escolar’’ foi como referência na comparac¸ão com as categorias de consumo de uma, duas e três refeic¸ões diárias). Adicionalmente, foi feita transformac¸ão logarítmica da variável dependente (i.e., consumo dos grupos alimentares) em todos os mode- los, por não se aderir à distribuic¸ão normal, segundo o teste Shapiro-Wilk. Como a variável dependente estava em unidades logarítmicas nos modelos, os coeficientes betas não padronizados (␤) foram interpretados em percentuais, efetuou-se o seguinte cálculo para os coeficientes positivos e negativos: exponencial (␤) --- 1 x 100 e 1 --- exponencial (␤) x 100, respectivamente. Informac¸ões sociodemográficas e do estado nutricional dos estudantes também foram obtidas com o objetivo de ajustar os modelos de regressão por possíveis confundido- res. Os dados sexo, idade e enderec¸o foram consultados no registro escolar dos alunos. A partir do enderec¸o das crianc¸as foi estimado o risco de vulnerabilidade à saúde (em médio, baixo, elevado e muito elevado), usou-se o Índice de Vulnerabilidade à Saúde 2012 (IVS-2012),15 um ins- trumento que classifica o risco de vulnerabilidade à saúde da populac¸ão de Belo Horizonte a partir de indicadores de dimensões sanitárias e socioeconômicas.15 Já o estado nutricional dos escolares foi avaliado pelo índice de massa corporal (IMC) por idade, calculado a partir dos dados de peso e estatura, aferidos por nutricionistas membros da equipe de pesquisadores do estudo, segundo técnicas des- critas na literatura.16 Parâmetros pré-estabelecidos pelo Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) foram adotados para a definic¸ão de excesso de peso (escore-z ≥ +1) e obesidade (escore-z≥ +2).17
  • 4. Number of school meals and less-processed diet 407 Nos três modelos de regressão linear, o erro padrão foi ajustado pelos clusters das instituic¸ões escolares (26 esco- las), uma vez que é provável que indivíduos que estudem na mesma escola compartilhem atributos similares em decor- rência do contexto que lhes é comum. Assim, o ajuste pelos clusters torna as estimativas de erro padrão e o teste de hipótese mais adequados. Os resíduos dos modelos de regressão foram avaliados segundo as suposic¸ões de norma- lidade, homocedasticidade, linearidade e independência. Além disso, fez-se a verificac¸ão de multicolinearidade entre as variáveis incluídas nos modelos. O nível de significância adotado foi de 5% (p < 0,05). As análises dos dados foram feitas no software Stata (Released 2007. SPSS for Windows, versão 12.0. Chi- cago, EUA). A análise descritiva contemplou o cálculo da distribuic¸ão de frequências, de medianas e de amplitude interquartil - AI (percentil 25-percentil 75). O estudo foi aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Projeto CAAE 00734412.0.0000.5149. Os pais ou os responsáveis legais pelas crianc¸as assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido que autorizou a participac¸ão dos escolares no estudo, conforme determina a resoluc¸ão 466/2012 do Con- selho Nacional de Saúde. Resultados A amostra foi composta por 1.357 escolares com mediana de 9,6 (AI: 9,4-10,0) anos. A tabela 1 apresenta a participac¸ão da amostra segundo o sexo, estado nutricional, risco de vulnerabilidade à saúde e número de refeic¸ões escolares consumido diariamente. A mediana de consumo de alimentos in natura e minimamente processados foi de 528,2 (AI: 415,2-647,6) g/1.000 kcal. Processados e ultraprocessados participa- Tabela 1 Descric¸ão da amostra em estudo (n = 1.357). Belo Horizonte/MG, 2013-2015 Variável Frequência (%) Sexo Masculino 49,3 Feminino 50,7 Classificac¸ão do índice de massa corporal por idade Baixo peso 1,8 Eutrofia 67,2 Sobrepeso 19,1 Obesidade 11,9 Risco de vulnerabilidade à saúde Baixo 17,8 Médio 36,6 Elevado 33,9 Muito elevado 11,7 Número de refeic¸ões que faz na escola por dia Zero 27,2 Uma 32,9 Duas 20,8 Três 19,1 ram da alimentac¸ão das crianc¸as em 51,2 (AI: 26,5-84,7) g/1.000 kcal e 157,2 (AI: 76,3-257,0) g/1.000 kcal, respecti- vamente. As crianc¸as que consumiam duas e três refeic¸ões esco- lares diariamente apresentaram, respectivamente, 7,3% e 10,5% maior ingestão de alimentos in natura e minima- mente processados quando comparadas com as crianc¸as que relataram não consumir refeic¸ão do cardápio escolar. Ade- mais, a participac¸ão de ultraprocessados na alimentac¸ão das crianc¸as que fazem duas refeic¸ões escolares por dia foi 18,0% menor do que as que não consomem a alimentac¸ão escolar. Entre as que fazem três refeic¸ões escolares, essa reduc¸ão foi ainda maior: 26,0%. Destaca-se ausência de diferenc¸as dentre as crianc¸as que fazem somente uma refeic¸ão escolar por dia (tabela 2). Discussão O presente estudo demonstrou que o consumo diário de duas ou três refeic¸ões escolares está relacionado à menor inges- tão de produtos ultraprocessados e à maior participac¸ão de alimentos in natura e minimamente processados na alimentac¸ão dos estudantes, em comparac¸ão com o não consumo da alimentac¸ão escolar. Esse efeito protetor não foi observado na comparac¸ão entre as crianc¸as que conso- mem apenas uma refeic¸ão escolar por dia. Esses achados foram identificados independentemente do sexo, idade, vul- nerabilidade à saúde e estado nutricional das crianc¸as. Assim, o estudo apontou um possível efeito dose-resposta na protec¸ão da alimentac¸ão dos estudantes a partir do con- sumo diário de duas refeic¸ões escolares e assim destacou a relevância da maior permanência da crianc¸a na escola como medida de promoc¸ão da alimentac¸ão saudável. A maior participac¸ão dos alimentos in natura e minima- mente processados na dieta dos escolares que consomem duas ou três refeic¸ões escolares diárias é um achado de relevância para a saúde pública. Alimentos naturais de ori- gem animal são ótimas fontes proteicas, de vitaminas e de minerais. As frutas e hortalic¸as in natura têm fibras, anti- oxidantes e baixa densidade calórica, enquanto os cereais contribuem para o adequado teor de calorias e carboi- dratos complexos na dieta. Além disso, os alimentos in natura geram menor impacto ambiental e são produzidos por agricultores que dependem dessa produc¸ão para a sua sobrevivência e, por isso, se beneficiam diretamente pelo maior consumo desses produtos.8 Já o menor consumo de produtos ultraprocessados entre as crianc¸as que consomem duas ou três refeic¸ões escolares por dia é um resultado ainda mais relevante, considerando o impacto numérico dessa reduc¸ão --- 18,0% no caso de crianc¸as que consomem duas refeic¸ões e 26,0% entre as que consomem três refeic¸ões escolares diárias. Esses produtos têm baixa densidade nutricional e são hiperpalatáveis, o que pode contribuir para deficiências nutricionais, apesar do consumo em grandes quantidades.14,18 Como consequên- cia, a ingestão excessiva de produtos ultraprocessados tem sido associada positivamente com a ocorrência de dislipi- demia entre crianc¸as,19 com a síndrome metabólica entre adolescentes20 e com obesidade em todas as idades.21 Outros estudos já apontaram a protec¸ão da alimentac¸ão escolar para práticas alimentares saudáveis.1,11 Em amostra
  • 5. 408 Bento BM et al. Tabela 2 Modelos de regressão linear para a predic¸ão do consumo de alimentos in natura e minimamente processados, pro- cessados e ultraprocessados a partir do número de refeic¸ões escolares consumido na amostra (n = 1.357). Belo Horizonte/MG, 2013-2015 Número de refeic¸ões consumidas da alimentac¸ão escolar In natura e minimamente processados Processados Ultraprocessados ␤ (EP) Valor pa ␤ (EP) Valor pa ␤ (EP) Valor pa 0 0 - 0 - 0 - 1 0,037 (0,03) 0,268 -0,024 (0,06) 0,717 -0,107 (0,07) 0,182 2 0,071 (0,03) 0,046 -0,114 (0,07) 0,130 -0,199 (0,08) 0,024 3 0,100 (0,04) 0,019 -0,149 (0,09) 0,130 -0,302 (0,08) 0,002 ␤, Coeficiente beta não padronizado; EP, erro padrão. a Em todos os modelos, houve transformac¸ão logarítmica da variável dependente do consumo alimentar (em g/1.000 kcal). Todos os modelos foram ajustados pelo Índice de Vulnerabilidade da Saúde 2012, índice de massa corporal por idade, sexo e idade da crianc¸a. O erro padrão foi ajustado pelos clusters das instituic¸ões escolares (26 escolas). de crianc¸as de dois a seis anos de Caxias do Sul (RS) identificou-se maior consumo energético e lipídico nas refeic¸ões feitas em domicílios em comparac¸ão com as refeic¸ões escolares.22 Dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) feita em 2015 evidenciaram menor consumo de ac¸úcar, bebidas ac¸ucaradas e alimentos pro- cessados e ultraprocessados entre os alunos das escolas públicas em comparac¸ão com os das escolas privadas, fato que pode ser explicado pelo acesso em longo prazo ao PNAE entre esses estudantes.23 Em amostra de escolares de seis a 14 anos de Belo Horizonte (MG), participar do PEI e, assim, fazer mais refeic¸ões escolares foi associado a maior adequac¸ão de carboidratos e maior consumo de frutas.24 Apesar dessas evidências pré-existentes, o presente estudo inovou ao demonstrar que há uma relac¸ão dose- -resposta entre o número de refeic¸ões escolares e a participac¸ão de alimentos in natura e minimamente proces- sados e ultraprocessados na dieta dos escolares a partir do consumo diário de duas refeic¸ões escolares. Esse resultado tem grande implicac¸ão para as políticas públicas na área de saúde infantil, pois sinaliza para a relevância de progra- mas que preveem a extensão da permanência da crianc¸a no ambiente escolar e o fornecimento de um maior número de refeic¸ões diárias, a exemplo do PEI. Nesses programas, além do fornecimento da alimentac¸ão escolar, os estudan- tes têm acesso a atividades educativas que contemplam a alimentac¸ão e nutric¸ão e que podem ter contribuído para os resultados encontrados. Além disso, evidenciou-se a relevância de investimentos no PNAE, com vistas a melhorar ainda mais a sua efetividade, enquanto programa de promoc¸ão da seguranc¸a alimentar e nutricional.11,25 Na legislac¸ão atual do programa, os alimen- tos in natura e minimamente processados são privilegiados, na medida em que frutas e hortalic¸as devem estar presen- tes na alimentac¸ão escolar em, no mínimo, três porc¸ões (ou 200 g) por aluno por semana e que 30% de todos os recur- sos destinados ao PNAE devem ser usados na aquisic¸ão de produtos da agricultura familiar. Já os produtos ultraproces- sados, como bebidas com baixo valor nutricional, alimentos enlatados, embutidos e doces, têm participac¸ão proibida ou restrita no cardápio escolar.26 O estudo destaca ainda a relevância de se incentivar a alimentac¸ão saudável no domicílio, uma vez que os acha- dos apontam que as diferenc¸as verificadas no consumo dos grupos de alimentos entre as crianc¸as podem ser explicadas pelo maior consumo da alimentac¸ão escolar. É desafiador e urgente, portanto, incluir os pais e responsáveis pelas crianc¸as nas intervenc¸ões em nutric¸ão infantil, com vistas a melhorar a oferta de alimentos in natura e minimamente processados e limitar os ultraprocessados também no domi- cílio das crianc¸as. Por fim, cabe destacar as limitac¸ões do estudo que se referem à incapacidade de generalizac¸ão dos resultados obtidos a toda a populac¸ão de escolares de Belo Horizonte, há validade externa somente para os escolares do 4◦ ano de escolas municipais dessa cidade e a possibilidade de viés devido à aplicac¸ão de R24 entre crianc¸as de nove a 10 anos, considerando o desafio de se obterem dados fide- dignos de consumo alimentar nessa faixa etária, dadas as restritas habilidades cognitivas, de memória e de conheci- mento em nutric¸ão.27 Apesar disso, a literatura evidencia boa qualidade no relato do consumo alimentar de crianc¸as dessa idade na comparac¸ão dos resultados obtidos dos méto- dos de observac¸ão direta e da técnica da água duplamente marcada.28 Ademais, a avaliac¸ão sociodemográfica das crianc¸as foi feita a partir do IVS-2012, uma vez que não foi possível obter informac¸ões de cunho socioeconômico diretamente pelo relato dos estudantes, e o estudo trabalhou com o relato dos sujeitos quanto ao número de refeic¸ões escolares usualmente consumido. Apesar disso, o estudo contribui para o conhecimento acerca de ac¸ões e estratégias efetivas para a prática de uma alimentac¸ão mais saudável e menos processada, o que é essencial para o enfrentamento das elevadas prevalências de obesidade entre crianc¸as e adolescentes no Brasil. A con- tinuidade de investigac¸ões nessa linha de pesquisa poderá mostrar se estudantes que permanecem por período integral na escola e fazem todas as refeic¸ões escolares de fato conso- mem menos alimentos industrializados e apresentam melhor estado nutricional do que os estudantes que não consomem a alimentac¸ão escolar ou que permanecem por somente um turno escolar.
  • 6. Number of school meals and less-processed diet 409 Financiamento Fundac¸ão de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e Coordenac¸ão de Aperfeic¸oamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Conflitos de interesse Os autores declaram não haver conflitos de interesse. Referências 1. Silva AC, Bortolini GA, Jaime PC. Brazil’s national programs targeting childhood obesity prevention. Int J Obes Suppl. 2013;3:S9---11. 2. Niehues JR, Gonzales AI, Lemos RR, Bezerra PP, Haas P. Pre- valence of overweight and obesity in children and adolescents from the age range of 2---19 years old in Brazil. Int J Pediatr. 2014;2014:583207. 3. Brasil. Ministério do Planejamento, Orc¸amento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de Orc¸amentos Familiares 2008---2009: antropometria e estado nutricional de crianc¸as, adolescentes e adultos no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2010. 4. Bloch KV, Klein CH, Szklo M, Kuschnir MC, Abreu GA, Baru- faldi LA, et al. 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