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ARTIGO ORIGINAL
INADEQUAÇÃO NO CONSUMO ALIMENTAR E FATORES INTERFERENTES NA
INGESTÃO ENERGÉTICA DE IDOSOS MATRICULADOS NO PROGRAMA MUNICIPAL DA
TERCEIRA IDADE DE VIÇOSA (MG)
Wilson César de Abreua
Sylvia do Carmo Castro Franceschinib
Adelson Luiz Araújo Tinocob
Conceição Angelina dos Santos Pereirab
Margarida Maria Santana Silvab
Resumo
O presente estudo teve como objetivo avaliar o consumo alimentar de idosos
matriculados no Programa Municipal da Terceira Idade (PMTI) de Viçosa (MG) e os possíveis
fatores que interferem negativamente sobre o mesmo. Para avaliar o consumo alimentar,
utilizou-se a média obtida a partir da soma do consumo encontrado entre o recordatório de 24
horas e o questionário de freqüência alimentar semi-quantitativo (QFCA-s). Foi aplicado um
questionário para avaliar as variáveis socioeconômicas e de saúde. A ingestão de energia e
proteína ficou abaixo da necessidade estimada para 94,2% e 79,3% dos idosos. Verificou-se
elevada inadequação no consumo de vitaminas (vitamina C, A, B1
, B2
e B6
). O consumo
mediano de cálcio foi cerca de 1/3 do valor recomendado. A prevalência de inadequação de
ferro foi baixa entre os idosos. Os fatores, baixa renda, morar sozinho ou com três gerações,
edentulismo, uso de medicamentos e sedentarismo interferiram negativamente no consumo de
energia (p<0,05). A ingestão de proteínas foi afetada negativamente pelo edentulismo e
sedentarismo. Os resultados mostram uma ingestão alimentar deficiente em vários nutrientes,
sugerindo a necessidade de implementação de ações de assistência social e educacional para
melhorar o quadro nutricional deste grupo.
Palavras-chave: Idoso. Consumo alimentar. Alimentação. Epidemiologia.
a
Mestre em Ciências da Nutrição pelo Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa (UFV-MG).
b
Profs. Drs. Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa (UFV-MG).
Endereço para correspondência: Rua João dos Santos, 230, Nova Brasília, Piumhi, MG. CEP: 37-925-000.
wilsonprofessor@oi.com.br
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FOOD CONSUMPTION INADEQUACY AND INTERFERING FACTORS IN ENERGY INTAKE
OF THE ELDERLY ENROLLED IN THE CITY OF VIÇOSA’S (MG) THIRD AGE PROGRAM
Abstract
The present study was designed to evaluate food consumption of the elderly enrolled
in the City of Viçosa´s (MG) Third Age Program (CTAP) and possible factors negatively interfering
upon it. To evaluate food consumption, means were obtained from the sum of the 24 hour
recording consumption and the semi-quantitative feed frequency questionnaire (SQFFQ). A
questionnaire was applied to evaluate socioeconomic and health variables. Energy and protein
intake remained bellow the requirement estimated for 94.2% and 79.3% of the elderly. An elevated
inadequacy in the consumption of vitamins (vitamin C, A, B1, B2 and B6) was verified. Average
calcium consumption was about 1/3 of the value recommended. The prevalence of iron inadequacy
was low among the elderly. Low income, living alone or within a three generation family, edentulism,
use of medicines and sedentarism were factors negatively interfering in energy consumption
(p<0,05). Protein intake was affected negatively for edentulism and sedentarism. Results show
deficient food intake as to several nutrients, suggesting the need of implementation of social and
educational assistance actions in order to improve this group’s nutritional scenery.
Key words: Elderly. Food consumption. Food. Epidemiology.
INTRODUÇÃO
O envelhecimento é um processo natural, ao qual todo ser vivo está submetido. Este é
marcado por uma redução progressiva dos tecidos ativos, perda da capacidade funcional e alterações
das funções metabólicas, que não necessariamente acarretarão a ocorrência de enfermidades.1
A partir da década de 1960, associado à queda na taxa de fecundidade, teve início o
processo de envelhecimento brasileiro. Segundo o Censo de 2000, realizado pela Fundação
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),2
o Brasil possui 14,5 milhões de idosos
(pessoas com 60 anos ou mais). Considerando as mudanças na capacidade funcional dos tecidos e
maior risco para desenvolvimento de doenças, a alimentação equilibrada torna-se fundamental para
a manutenção e/ou recuperação da saúde deste grupo populacional.
O interesse nas relações entre dieta e doença vem aumentando nas últimas
décadas.3
Investigar os hábitos alimentares e o consumo de nutrientes, bem como a ocorrência e
distribuição de doenças numa população, são passos fundamentais da epidemiologia nutricional na
busca do entendimento das relações existentes entre a alimentação e as doenças. No Brasil, são
poucos os estudos sobre o consumo alimentar, especialmente no grupo dos idosos.
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Entretanto, estudar o consumo alimentar de uma população não é tarefa que se
execute sem esforço. Os fatores sociais, culturais, econômicos e nutricionais que envolvem o
tema, assim como as interações entre eles tornam esta análise bastante complexa.4
Diversos fatores podem afetar o consumo alimentar dos idosos. Os fatores
socioeconômicos, muitas vezes, são mais importantes que os fisiológicos.5
Destacam-se
também os fatores psicossociais, tais como: depressão, isolamento social, pobreza,
desintegração social, dependência para realizar atividades da vida diária e comprometimento
da capacidade cognitiva.6
Já as alterações fisiológicas, como a diminuição do metabolismo
basal, redistribuição da massa adiposa, alterações no funcionamento digestivo, alterações na
percepção sensorial e diminuição da sensibilidade a sede, também podem afetar
negativamente o consumo alimentar.7
O freqüente uso de medicamentos na terceira idade
também deve ser considerado, uma vez que muitos desses alteram a ingestão, digestão,
absorção e utilização dos nutrientes.7,8
O efeito do consumo deficiente ou excessivo de nutrientes está relacionado,
não só ao baixo peso e obesidade, mas também a diversas doenças, especialmente as
crônicas não transmissíveis. Investigar a qualidade da dieta, ou seja, o teor de nutrientes que a
compõem torna-se, então, cada vez mais importante. Atualmente são conhecidas as relações
entre alguns nutrientes e doenças específicas, tais como o consumo de gorduras saturadas e
colesterol e o risco de doenças coronarianas, o consumo adequado de fibras e a redução do
risco de câncer de boca, faringe, colón-reto, bem como a associação existente entre o
consumo de sódio e a pressão arterial.9-13
Frente à mudança demográfica que o Brasil experimenta e à escassez de
informações sobre a situação alimentar dos idosos, é de extrema importância a realização de
investigações que retratem a realidade alimentar da terceira idade. Certamente, este
conhecimento constituirá em material fundamental para a elaboração de estratégias que melhorem
o quadro de saúde dos idosos.
O objetivo deste estudo foi avaliar o consumo alimentar e os fatores interferentes na
ingestão energética de idosos matriculados no Programa Municipal da Terceira Idade (PMTI) na
cidade de Viçosa, localizada no estado de Minas Gerais.
CASUÍSTICA E MÉTODOS
Trata-se de estudo transversal, no qual foram avaliados a inadequação da ingestão de
nutrientes e os fatores interferentes na ingestão energética de idosos matriculados no Programa
Municipal da Terceira Idade (PMTI) de Viçosa (MG).
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Casuística
A unidade amostral deste estudo foi o idoso, definido pela Organização Mundial de
Saúde (OMS) como indivíduo com idade igual ou superior a 60 anos, matriculado no Programa
Municipal da Terceira Idade (PMTI) de Viçosa-MG. O referido Programa tem como objetivo principal
promover a melhoria da qualidade de vida dos idosos. No PMTI, os idosos participam de atividades
educativas (palestras), físicas, recreação, atendimento médico, odontológico e nutricional. Para todas
as variáveis estudadas obteve-se amostra mínima de 163 idosos, que foi calculada considerando uma
freqüência máxima esperada de idosos igual a 12% e um erro amostral de 5%.14
Participaram deste
estudo 164 idosos matriculados no PMTI de Viçosa (MG), que corresponde a 11,7 % do total de
idosos matriculados no PMTI. Estes foram selecionados aleatoriamente pelo seu número de
matrícula, utilizando-se a tábua de números aleatórios. A coleta de dados foi realizada por um único
entrevistador no Ambulatório de Atendimento Nutricional do Núcleo de Saúde Pública do
Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa.
Métodos
O consumo de macro e micronutrientes dos idosos participantes deste estudo foi
avaliado utilizando-se a média obtida com base em dois tipos de inquéritos dietéticos, ambos
aplicados uma vez em cada participante: o Recordatório de 24 horas e o Questionário de
Freqüência de Consumo Alimentar Semi-quantitativo (QFCA-s). A inadequação da ingestão de
micronutrientes pelos idosos foi calculada com base nas Ingestões Dietéticas de Referência
(Dietary Reference Intakes - DRIs) do Institute of Medicine/Food and Nutrition Board,
considerando a Necessidade Média Estimada (Estimated Average Requirement - EAR) como ponto
de corte, exceto para o cálcio, o qual foi avaliado tendo-se como parâmetro de comparação, a
Ingestão Adequada (Adequate Intakes - AI).15-18
Para o cálculo da inadequação da ingestão de
macronutrientes (carboidratos, lipídeos e proteínas) e energia utilizou-se as recomendações
Institute of Medicine/Food and Nutrition Board.19
Por meio de um questionário foram coletados dados sobre algumas variáveis
socioeconômicas (renda, escolaridade, composição familiar) e de saúde (prática de atividade física,
tabagismo, ingestão de álcool, saúde oral e uso diário de medicamentos) para verificar sua possível
interferência sobre o consumo de energia.
O estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal
de Viçosa (MG) — processo nº 643/02. Os idosos selecionados e que aceitaram participar do
estudo, assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Com relação aos idosos
analfabetos foi exigida a assinatura de um familiar ou responsável.
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Os dados foram analisados utilizando-se os softwares Epi Info versão 6.02 e Sigma Stat
versão 2.0. Para analisar as variáveis categóricas foi aplicado o teste do Qui-quadrado (c2
). Aplicou-se o
teste de aderência de Komolgorov-Smirnov às variáveis contínuas. Para a comparação de dois grupos,
onde a distribuição não foi simétrica, utilizou-se o Teste de Mann-Whitney e para comparar três ou mais
grupos utilizou-se o teste de Kruskal Wallis complementado pelo Procedimento de Comparações
Múltiplas de Dunn’s. O nível de significância adotado foi igual ou inferior a 0,05 ou 5%.
RESULTADOS
Participaram deste estudo 44 homens e 120 mulheres. No PMTI a maioria dos idosos
matriculados (69%) é do sexo feminino. A idade mediana dos idosos foi igual a 68 anos, sendo a
mínima igual a 60 anos e a máxima 90 anos. Apesar do PMTI oferecer atividades físicas orientadas, a
prevalência de sedentarismo foi elevada, sendo significativamente maior entre os homens (49,5%)
em relação às mulheres (54,2%) (p=0,0056). O edentulismo (perda total dos dentes) atingiu 81,7%
dos idosos. O uso diário de medicamentos foi relatado por 81,1% dos idosos, sendo maior entre as
mulheres (88,3%) em relação aos homens (61,4%) (p=0,0003). Os idosos utilizavam em média 2,35
medicamentos/dia (feminino=2,60 e masculino=1,68, p=0,008). Com relação à composição
familiar, 12,3% dos idosos moravam sozinhos, 17,9% com cônjuge, 47,5% com filhos e 22,2% com
filhos e netos. Um percentual de 45,4% dos idosos vivia com uma renda familiar per capita inferior a
um salário mínimo (SM), 40,1% entre um a dois SM e 14,5% acima de 2 SM.
A Tabela 1 mostra a mediana e a freqüência de inadequação do consumo de
micronutrientes. Com exceção do ferro e colesterol, todos os outros micronutrientes apresentaram
elevada prevalência de inadequação entre os idosos. A prevalência de inadequação foi maior entre
homens para vitamina C, vitamina A, vitamina B2. Já as prevalências de inadequação de vitamina
B1, B6 e ferro foram maiores entre as mulheres. No entanto, não houve diferença significativa
entre as proporções de inadequação em relação ao sexo.
A ingestão média de carboidratos foi superior à ingestão dietética de referência (IDR =
130g/dia) para ambos os sexos (Tabela 2). Ao todo 74,4% dos idosos ingeriam mais que 130 gramas de
carboidratos por dia. A ingestão média de proteínas foi baixa. Ao todo 84,1% dos idosos apresentaram
ingestão de proteínas abaixo do recomendado para o sexo masculino (56 g/dia). Já entre as idosas 75%
ingeriam menos proteína que o recomendado (46 g/dia). Considerando a ingestão de proteínas por
quilograma de peso corporal observou-se que 79,3% dos idosos apresentaram ingestão média diária
abaixo do recomendado (0,8 g/kg/peso corporal), sendo a ingestão média do sexo masculino e
feminino igual a 0,61± 0,20 e 0,64 ± 0,24 g/dia, respectivamente (Tabela 2). A presença de
edentulismo e sedentarismo associou-se negativamente com a ingestão de proteínas (p<0,01).
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deSaúdePública
Tabela 1. Inadequação da ingestão de nutrientes de idosos do PMTI, de acordo com o
sexo, Viçosa (MG), 2002
Tabela 2. Ingestão média diária de macronutrientes, de idosos do PMTI, Viçosa-MG, 2002.
De acordo com as IDRs,19
a distribuição percentual aceitável de macronutrientes deve
estar entre 45-65%, 20-35%, 10-35% para carboidratos, lipídeos e proteínas, respectivamente. A
Tabela 2 mostra a distribuição percentual média de macronutrientes para os idosos avaliados. Todos
apresentaram ingestão percentual de macronutrientes dentro das faixas recomendadas.
A ingestão média de fibras totais foi igual a 16,8 ± 5,8 g/dia para o sexo masculino
e 15,5 ± 5,11 g/dia para o sexo feminino. Apenas 9,2% das mulheres atingiram a
recomendação diária de fibras totais (21 g/dia) e todos os homens ficaram abaixo da
recomendação para o sexo masculino (30 g/dia).
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A maioria dos idosos apresentou ingestão energética inadequada. Entre as idosas, 94,2%
ingeriam energia abaixo da EER (valor recomendado) e entre os homens, todos ficaram abaixo da EER.
No PMTI a ingestão energética dos idosos associou-se positivamente com a renda,
sendo que houve diferença significativa entre o quarto quartil e os dois primeiros (Gráfico 1). Entre
os idosos edêntulos, sedentários e que usavam algum medicamento diariamente, a ingestão de
energia foi significantemente menor (Gráfico 2). Os idosos que moravam sozinhos (CF1) ou em
domicílios com três gerações (CF4) apresentaram menor ingestão de energia em relação aos
demais e o grupo de idosos que vivia somente com o(a) parceiro(a) apresentaram maior ingestão
sem diferença significativa (p>0,05).
* Q4> Q1 e Q2 (p<0,05). Kruskal-Wallis complementado por Dunn’s.
Gráfico 1. Mediana de ingestão energética de idosos do PMTI,
de acordo com o quartil de renda, Viçosa (MG), 2002
* p<0,01; **p<0,05; teste de Mann-Whitney.
Legenda: ED=edêntulo, NED= não edêntulo;
UMED= usa medicamento, NUMED= não usa medicamento;
CF1= mora sozinho, CF2= casal, CF3=2 gerações, CF4=3 gerações;
AF= faz atividade física, NAF= não faz atividade física.
Gráfico 2. Mediana de ingestão de energia de idosos do PMTI,
segundo variáveis sociais e de saúde, Viçosa (MG), 2002
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DISCUSSÃO
Várias patologias têm sua origem na deficiência ou excesso de nutrientes.
Portanto a ingestão adequada de nutrientes é fundamental para a manutenção da saúde em
qualquer fase da vida.20
O baixo consumo de vitaminas encontrado é semelhante ao de outros
estudos.20,21
Segundo Jaime e Monteiro22
a ingestão deficiente de vitaminas e minerais,
frequentemente observada neste grupo populacional, é decorrente da baixa ingestão de
hortaliças e frutas, especialmente na forma cru. Entre os idosos do PMTI, a elevada prevalência
de edentulismo pode limitar o consumo de hortaliças e frutas crus, favorecendo a ingestão
inadequada de vitaminas. Existem evidências de que pessoas com perda total dos dentes ou
com próteses mal ajustadas apresentam dificuldades para mastigar e engolir, evitando alimentos
de consistência firme, como carnes ou vegetais e frutas crus.23
Além disso a baixa renda dos
idosos dificulta o acesso a diversos alimentos ricos em vitaminas e minerais. Os poucos estudos
sobre o consumo de vitaminas em idosos, bem como a utilização de diferentes metodologias
dificultam a comparação dos resultados.
A carência de ferro está associada a uma diminuição da imunidade celular e
conseqüente aumento da susceptibilidade a infecções, o que pode causar importante prejuízo
aos idosos.24
A baixa prevelência de inadequação no consumo de ferro observada neste
estudo deve ser analisada com cuidado, uma vez que houve uma importante redução nos
parâmetros de avaliação da adequação da dieta utilizados na última década, passando de
10mg/dia (RDA/89) para 6mg/dia para homens e 5mg/dia para mulheres (EAR/DRI-s, 2002).18
A ingestão média de ferro encontrada entre os idosos do PMTI foi menor a encontrada por
outros autores. Velasquez-Melendez, Martins, Cervato, Fornes e Maucci20
encontraram níveis
de ingestão de ferro igual para ambos os sexos (10,1 mg/dia) e Lasheras, Gonzáles, Garcia,
Patterson e Fernández21
encontraram médias iguais: 11,3 e 9,0 g/dia para homens e mulheres,
respectivamente.
A ingestão deficiente de cálcio durante a vida está associada com aumento do risco
de osteoporose, especialmente em mulheres após a menopausa.25,26
A ingestão de cálcio pelos
idosos do PMTI ficou abaixo do valor recomendado (Tabela 1). Outros estudos também
encontraram ingestão média de cálcio abaixo das recomendações para ambos os sexo.21,27,28
Velasquez-Melendez, Martins, Cervato, Fornes e Maucci 20
também encontraram baixos valores de
ingestão de cálcio, sendo a mediana de ingestão igual a 414 mg/dia para homens e 240mg/dia para
mulheres. Carvalho, Fonseca e Pedrosa29
realizaram um estudo com 95 idosos piauienses no qual
62,5% não sabiam que a falta de cálcio favorecia a ocorrência da osteoporose.
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O consumo elevado de gordura aumenta o risco de doenças cardiovasculares.11
A
ingestão de colesterol e o percentual de lipídeos consumido estava dentro das recomendações.
Entretanto não foi investigado neste estudo a composição de lipídeos ingeridos. Entre os idosos, o
controle da ingestão de lipídios, especialmente de origem animal, deve ser incentivado, pois este
grupo etário apresenta uma alta prevalência de doenças cardiovasculares, sendo estas a maior
causa de mortalidade entre eles.
Segundo Ferriolli, Moriguti, Paiva, Miranda, Tannus e Rigo et al.,6
a alta prevalência
de baixo peso entre idosos eleva as necessidades de ingestão de proteínas. Por outro lado,
doenças crônicas que diminuem a capacidade funcional do rim e do fígado reduzem as
necessidades de proteínas. Dessa forma, a ingestão protéica de idosos é assunto controverso. A
baixa ingestão média de proteínas observada no PMTI foi diferente de outros estudos que
encontraram médias de ingestão diária entre 60 e 70 g/dia.21,28
A ingestão inadequada de fibras encontrada no PMTI pode estar associada ao
edentulismo que dificulta a mastigação de vegetais crus. Mattos e Martins30
evidenciaram consumo
médio de 24 g/dia de fibras em indivíduos com idade entre 20 e 88 anos. Lasheras, Gonzáles,
Garcia, Patterson e Fernández21
encontraram um consumo médio de de 14,04 e 13,7 g/dia para
homens e mulheres, respectivamente. Outros autores encontraram uma média igual 4,1 g/dia.28
A perda dos dentes pode comprometer a ingestão alimentar, uma vez que a
capacidade mastigatória diminui, mesmo com o uso de próteses. Além disso, o uso de próteses
mal ajustadas tornam a alimentação uma atividade desconfortável, aumentando o risco de baixo
peso entre idosos.23,31,32
A prevalência do uso de medicamentos entre os idosos do PMTI foi um pouco
superior a encontrada por Loiola Filho, Uchoa e Lima-Costa33
em idosos da região metropolitana de
Belo horizonte (72,1%). Segundo Campos, Monteiro e Ornelas7
o uso frequente de
medicamentos pode prejudicar os processos de digestão, absorção e utilização dos nutrientes.
Além disso, alguns efeitos adversos dos medicamentos (anorexia, náuseas, diminuição do paladar)
também contribuem negativamente para o consumo alimentar.1,8
A maioria dos idosos do PMTI moravam em domicílios multigeracionais. O baixo
consumo de energia observado entre os idosos que moravam sozinhos (CF1) e em domicílios com
três gerações (CF4) pode ser decorrente da solidão, pobreza e descuido.34
As medianas de renda
per capita dos grupos CF1, CF2 e CF3 foram significantemente maiores que a do grupo CF4
(p<0,01). Estes resultados sugerem que esse arranjo familiar, no qual os idosos moram com filhos
e netos, pode estar associado às condições econômicas da família.34,35
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CONCLUSÃO
Os resultados mostram uma situação alimentar preocupante, uma vez que, quase
todos os idosos apresentaram baixa ingestão energética e alta prevalência de inadequação no
consumo de proteínas, vitaminas e minerais.
Os fatores que interferiram negativamente na ingestão de energia foram: a baixa
renda, morar sozinho ou com três gerações, edentulismo, uso de medicamentos e o sedentarismo.
Diante dos resultados encontrados faz-se necessária a intensificação das medidas de
educação nutricional para a melhoria do consumo alimentar dos idosos, bem como a implantação
de políticas de saúde especiais para este grupo populacional. Deve-se lembrar que a terceira idade
é o grupo etário mais atingido pelas doenças crônicas não transmissíveis, que muitas vezes
apresentam importante relação com a ingestão alimentar.
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por idosos. R. Saúde Publ. 2001;35(4):349-355.
32. Lamy M; Mojon, PH; Kalykakis G; Legrand R; Butz-Jorgense NE. Oral status
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1999;27:443-448.
v.32, n.2, p.190-202
maio/ago. 2008
202
33. Loyola Filho AI; Uchoa E; Lima-Costa MF. Estudo epidemiológico de base
populacional sobre uso de medicamentos entre idosos na Região
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2006;22 (12):2657-2667.
34. Garrido R, Menezes PR. O Brasil está envelhecendo: boas e más notícias
por uma perspectiva epidemiológica. R. Bras. Psiq. 2002;24(Supl):3-6.
35. Ramos LR, Rosa TEC, Oliveira ZM, Santos FRG. Perfil do idoso em área
metropolitana na Região Sudeste do Brasil: resultado de inquérito domiciliar.
R. Saúde Públ. 1993;27(2):87-94.
Recebido em 11.12.2007 e aprovado em 4.7.2008.

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Fatores que afetam a ingestão de nutrientes em idosos

  • 1. 190 ARTIGO ORIGINAL INADEQUAÇÃO NO CONSUMO ALIMENTAR E FATORES INTERFERENTES NA INGESTÃO ENERGÉTICA DE IDOSOS MATRICULADOS NO PROGRAMA MUNICIPAL DA TERCEIRA IDADE DE VIÇOSA (MG) Wilson César de Abreua Sylvia do Carmo Castro Franceschinib Adelson Luiz Araújo Tinocob Conceição Angelina dos Santos Pereirab Margarida Maria Santana Silvab Resumo O presente estudo teve como objetivo avaliar o consumo alimentar de idosos matriculados no Programa Municipal da Terceira Idade (PMTI) de Viçosa (MG) e os possíveis fatores que interferem negativamente sobre o mesmo. Para avaliar o consumo alimentar, utilizou-se a média obtida a partir da soma do consumo encontrado entre o recordatório de 24 horas e o questionário de freqüência alimentar semi-quantitativo (QFCA-s). Foi aplicado um questionário para avaliar as variáveis socioeconômicas e de saúde. A ingestão de energia e proteína ficou abaixo da necessidade estimada para 94,2% e 79,3% dos idosos. Verificou-se elevada inadequação no consumo de vitaminas (vitamina C, A, B1 , B2 e B6 ). O consumo mediano de cálcio foi cerca de 1/3 do valor recomendado. A prevalência de inadequação de ferro foi baixa entre os idosos. Os fatores, baixa renda, morar sozinho ou com três gerações, edentulismo, uso de medicamentos e sedentarismo interferiram negativamente no consumo de energia (p<0,05). A ingestão de proteínas foi afetada negativamente pelo edentulismo e sedentarismo. Os resultados mostram uma ingestão alimentar deficiente em vários nutrientes, sugerindo a necessidade de implementação de ações de assistência social e educacional para melhorar o quadro nutricional deste grupo. Palavras-chave: Idoso. Consumo alimentar. Alimentação. Epidemiologia. a Mestre em Ciências da Nutrição pelo Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa (UFV-MG). b Profs. Drs. Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa (UFV-MG). Endereço para correspondência: Rua João dos Santos, 230, Nova Brasília, Piumhi, MG. CEP: 37-925-000. wilsonprofessor@oi.com.br
  • 2. 191191191191191 RevistaBaiana deSaúdePública FOOD CONSUMPTION INADEQUACY AND INTERFERING FACTORS IN ENERGY INTAKE OF THE ELDERLY ENROLLED IN THE CITY OF VIÇOSA’S (MG) THIRD AGE PROGRAM Abstract The present study was designed to evaluate food consumption of the elderly enrolled in the City of Viçosa´s (MG) Third Age Program (CTAP) and possible factors negatively interfering upon it. To evaluate food consumption, means were obtained from the sum of the 24 hour recording consumption and the semi-quantitative feed frequency questionnaire (SQFFQ). A questionnaire was applied to evaluate socioeconomic and health variables. Energy and protein intake remained bellow the requirement estimated for 94.2% and 79.3% of the elderly. An elevated inadequacy in the consumption of vitamins (vitamin C, A, B1, B2 and B6) was verified. Average calcium consumption was about 1/3 of the value recommended. The prevalence of iron inadequacy was low among the elderly. Low income, living alone or within a three generation family, edentulism, use of medicines and sedentarism were factors negatively interfering in energy consumption (p<0,05). Protein intake was affected negatively for edentulism and sedentarism. Results show deficient food intake as to several nutrients, suggesting the need of implementation of social and educational assistance actions in order to improve this group’s nutritional scenery. Key words: Elderly. Food consumption. Food. Epidemiology. INTRODUÇÃO O envelhecimento é um processo natural, ao qual todo ser vivo está submetido. Este é marcado por uma redução progressiva dos tecidos ativos, perda da capacidade funcional e alterações das funções metabólicas, que não necessariamente acarretarão a ocorrência de enfermidades.1 A partir da década de 1960, associado à queda na taxa de fecundidade, teve início o processo de envelhecimento brasileiro. Segundo o Censo de 2000, realizado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),2 o Brasil possui 14,5 milhões de idosos (pessoas com 60 anos ou mais). Considerando as mudanças na capacidade funcional dos tecidos e maior risco para desenvolvimento de doenças, a alimentação equilibrada torna-se fundamental para a manutenção e/ou recuperação da saúde deste grupo populacional. O interesse nas relações entre dieta e doença vem aumentando nas últimas décadas.3 Investigar os hábitos alimentares e o consumo de nutrientes, bem como a ocorrência e distribuição de doenças numa população, são passos fundamentais da epidemiologia nutricional na busca do entendimento das relações existentes entre a alimentação e as doenças. No Brasil, são poucos os estudos sobre o consumo alimentar, especialmente no grupo dos idosos. v.32, n.2, p.190-202 maio/ago. 2008
  • 3. 192 Entretanto, estudar o consumo alimentar de uma população não é tarefa que se execute sem esforço. Os fatores sociais, culturais, econômicos e nutricionais que envolvem o tema, assim como as interações entre eles tornam esta análise bastante complexa.4 Diversos fatores podem afetar o consumo alimentar dos idosos. Os fatores socioeconômicos, muitas vezes, são mais importantes que os fisiológicos.5 Destacam-se também os fatores psicossociais, tais como: depressão, isolamento social, pobreza, desintegração social, dependência para realizar atividades da vida diária e comprometimento da capacidade cognitiva.6 Já as alterações fisiológicas, como a diminuição do metabolismo basal, redistribuição da massa adiposa, alterações no funcionamento digestivo, alterações na percepção sensorial e diminuição da sensibilidade a sede, também podem afetar negativamente o consumo alimentar.7 O freqüente uso de medicamentos na terceira idade também deve ser considerado, uma vez que muitos desses alteram a ingestão, digestão, absorção e utilização dos nutrientes.7,8 O efeito do consumo deficiente ou excessivo de nutrientes está relacionado, não só ao baixo peso e obesidade, mas também a diversas doenças, especialmente as crônicas não transmissíveis. Investigar a qualidade da dieta, ou seja, o teor de nutrientes que a compõem torna-se, então, cada vez mais importante. Atualmente são conhecidas as relações entre alguns nutrientes e doenças específicas, tais como o consumo de gorduras saturadas e colesterol e o risco de doenças coronarianas, o consumo adequado de fibras e a redução do risco de câncer de boca, faringe, colón-reto, bem como a associação existente entre o consumo de sódio e a pressão arterial.9-13 Frente à mudança demográfica que o Brasil experimenta e à escassez de informações sobre a situação alimentar dos idosos, é de extrema importância a realização de investigações que retratem a realidade alimentar da terceira idade. Certamente, este conhecimento constituirá em material fundamental para a elaboração de estratégias que melhorem o quadro de saúde dos idosos. O objetivo deste estudo foi avaliar o consumo alimentar e os fatores interferentes na ingestão energética de idosos matriculados no Programa Municipal da Terceira Idade (PMTI) na cidade de Viçosa, localizada no estado de Minas Gerais. CASUÍSTICA E MÉTODOS Trata-se de estudo transversal, no qual foram avaliados a inadequação da ingestão de nutrientes e os fatores interferentes na ingestão energética de idosos matriculados no Programa Municipal da Terceira Idade (PMTI) de Viçosa (MG).
  • 4. 193193193193193 RevistaBaiana deSaúdePública Casuística A unidade amostral deste estudo foi o idoso, definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como indivíduo com idade igual ou superior a 60 anos, matriculado no Programa Municipal da Terceira Idade (PMTI) de Viçosa-MG. O referido Programa tem como objetivo principal promover a melhoria da qualidade de vida dos idosos. No PMTI, os idosos participam de atividades educativas (palestras), físicas, recreação, atendimento médico, odontológico e nutricional. Para todas as variáveis estudadas obteve-se amostra mínima de 163 idosos, que foi calculada considerando uma freqüência máxima esperada de idosos igual a 12% e um erro amostral de 5%.14 Participaram deste estudo 164 idosos matriculados no PMTI de Viçosa (MG), que corresponde a 11,7 % do total de idosos matriculados no PMTI. Estes foram selecionados aleatoriamente pelo seu número de matrícula, utilizando-se a tábua de números aleatórios. A coleta de dados foi realizada por um único entrevistador no Ambulatório de Atendimento Nutricional do Núcleo de Saúde Pública do Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa. Métodos O consumo de macro e micronutrientes dos idosos participantes deste estudo foi avaliado utilizando-se a média obtida com base em dois tipos de inquéritos dietéticos, ambos aplicados uma vez em cada participante: o Recordatório de 24 horas e o Questionário de Freqüência de Consumo Alimentar Semi-quantitativo (QFCA-s). A inadequação da ingestão de micronutrientes pelos idosos foi calculada com base nas Ingestões Dietéticas de Referência (Dietary Reference Intakes - DRIs) do Institute of Medicine/Food and Nutrition Board, considerando a Necessidade Média Estimada (Estimated Average Requirement - EAR) como ponto de corte, exceto para o cálcio, o qual foi avaliado tendo-se como parâmetro de comparação, a Ingestão Adequada (Adequate Intakes - AI).15-18 Para o cálculo da inadequação da ingestão de macronutrientes (carboidratos, lipídeos e proteínas) e energia utilizou-se as recomendações Institute of Medicine/Food and Nutrition Board.19 Por meio de um questionário foram coletados dados sobre algumas variáveis socioeconômicas (renda, escolaridade, composição familiar) e de saúde (prática de atividade física, tabagismo, ingestão de álcool, saúde oral e uso diário de medicamentos) para verificar sua possível interferência sobre o consumo de energia. O estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de Viçosa (MG) — processo nº 643/02. Os idosos selecionados e que aceitaram participar do estudo, assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Com relação aos idosos analfabetos foi exigida a assinatura de um familiar ou responsável. v.32, n.2, p.190-202 maio/ago. 2008
  • 5. 194 Os dados foram analisados utilizando-se os softwares Epi Info versão 6.02 e Sigma Stat versão 2.0. Para analisar as variáveis categóricas foi aplicado o teste do Qui-quadrado (c2 ). Aplicou-se o teste de aderência de Komolgorov-Smirnov às variáveis contínuas. Para a comparação de dois grupos, onde a distribuição não foi simétrica, utilizou-se o Teste de Mann-Whitney e para comparar três ou mais grupos utilizou-se o teste de Kruskal Wallis complementado pelo Procedimento de Comparações Múltiplas de Dunn’s. O nível de significância adotado foi igual ou inferior a 0,05 ou 5%. RESULTADOS Participaram deste estudo 44 homens e 120 mulheres. No PMTI a maioria dos idosos matriculados (69%) é do sexo feminino. A idade mediana dos idosos foi igual a 68 anos, sendo a mínima igual a 60 anos e a máxima 90 anos. Apesar do PMTI oferecer atividades físicas orientadas, a prevalência de sedentarismo foi elevada, sendo significativamente maior entre os homens (49,5%) em relação às mulheres (54,2%) (p=0,0056). O edentulismo (perda total dos dentes) atingiu 81,7% dos idosos. O uso diário de medicamentos foi relatado por 81,1% dos idosos, sendo maior entre as mulheres (88,3%) em relação aos homens (61,4%) (p=0,0003). Os idosos utilizavam em média 2,35 medicamentos/dia (feminino=2,60 e masculino=1,68, p=0,008). Com relação à composição familiar, 12,3% dos idosos moravam sozinhos, 17,9% com cônjuge, 47,5% com filhos e 22,2% com filhos e netos. Um percentual de 45,4% dos idosos vivia com uma renda familiar per capita inferior a um salário mínimo (SM), 40,1% entre um a dois SM e 14,5% acima de 2 SM. A Tabela 1 mostra a mediana e a freqüência de inadequação do consumo de micronutrientes. Com exceção do ferro e colesterol, todos os outros micronutrientes apresentaram elevada prevalência de inadequação entre os idosos. A prevalência de inadequação foi maior entre homens para vitamina C, vitamina A, vitamina B2. Já as prevalências de inadequação de vitamina B1, B6 e ferro foram maiores entre as mulheres. No entanto, não houve diferença significativa entre as proporções de inadequação em relação ao sexo. A ingestão média de carboidratos foi superior à ingestão dietética de referência (IDR = 130g/dia) para ambos os sexos (Tabela 2). Ao todo 74,4% dos idosos ingeriam mais que 130 gramas de carboidratos por dia. A ingestão média de proteínas foi baixa. Ao todo 84,1% dos idosos apresentaram ingestão de proteínas abaixo do recomendado para o sexo masculino (56 g/dia). Já entre as idosas 75% ingeriam menos proteína que o recomendado (46 g/dia). Considerando a ingestão de proteínas por quilograma de peso corporal observou-se que 79,3% dos idosos apresentaram ingestão média diária abaixo do recomendado (0,8 g/kg/peso corporal), sendo a ingestão média do sexo masculino e feminino igual a 0,61± 0,20 e 0,64 ± 0,24 g/dia, respectivamente (Tabela 2). A presença de edentulismo e sedentarismo associou-se negativamente com a ingestão de proteínas (p<0,01).
  • 6. 195195195195195 RevistaBaiana deSaúdePública Tabela 1. Inadequação da ingestão de nutrientes de idosos do PMTI, de acordo com o sexo, Viçosa (MG), 2002 Tabela 2. Ingestão média diária de macronutrientes, de idosos do PMTI, Viçosa-MG, 2002. De acordo com as IDRs,19 a distribuição percentual aceitável de macronutrientes deve estar entre 45-65%, 20-35%, 10-35% para carboidratos, lipídeos e proteínas, respectivamente. A Tabela 2 mostra a distribuição percentual média de macronutrientes para os idosos avaliados. Todos apresentaram ingestão percentual de macronutrientes dentro das faixas recomendadas. A ingestão média de fibras totais foi igual a 16,8 ± 5,8 g/dia para o sexo masculino e 15,5 ± 5,11 g/dia para o sexo feminino. Apenas 9,2% das mulheres atingiram a recomendação diária de fibras totais (21 g/dia) e todos os homens ficaram abaixo da recomendação para o sexo masculino (30 g/dia). v.32, n.2, p.190-202 maio/ago. 2008
  • 7. 196 A maioria dos idosos apresentou ingestão energética inadequada. Entre as idosas, 94,2% ingeriam energia abaixo da EER (valor recomendado) e entre os homens, todos ficaram abaixo da EER. No PMTI a ingestão energética dos idosos associou-se positivamente com a renda, sendo que houve diferença significativa entre o quarto quartil e os dois primeiros (Gráfico 1). Entre os idosos edêntulos, sedentários e que usavam algum medicamento diariamente, a ingestão de energia foi significantemente menor (Gráfico 2). Os idosos que moravam sozinhos (CF1) ou em domicílios com três gerações (CF4) apresentaram menor ingestão de energia em relação aos demais e o grupo de idosos que vivia somente com o(a) parceiro(a) apresentaram maior ingestão sem diferença significativa (p>0,05). * Q4> Q1 e Q2 (p<0,05). Kruskal-Wallis complementado por Dunn’s. Gráfico 1. Mediana de ingestão energética de idosos do PMTI, de acordo com o quartil de renda, Viçosa (MG), 2002 * p<0,01; **p<0,05; teste de Mann-Whitney. Legenda: ED=edêntulo, NED= não edêntulo; UMED= usa medicamento, NUMED= não usa medicamento; CF1= mora sozinho, CF2= casal, CF3=2 gerações, CF4=3 gerações; AF= faz atividade física, NAF= não faz atividade física. Gráfico 2. Mediana de ingestão de energia de idosos do PMTI, segundo variáveis sociais e de saúde, Viçosa (MG), 2002
  • 8. 197197197197197 RevistaBaiana deSaúdePública DISCUSSÃO Várias patologias têm sua origem na deficiência ou excesso de nutrientes. Portanto a ingestão adequada de nutrientes é fundamental para a manutenção da saúde em qualquer fase da vida.20 O baixo consumo de vitaminas encontrado é semelhante ao de outros estudos.20,21 Segundo Jaime e Monteiro22 a ingestão deficiente de vitaminas e minerais, frequentemente observada neste grupo populacional, é decorrente da baixa ingestão de hortaliças e frutas, especialmente na forma cru. Entre os idosos do PMTI, a elevada prevalência de edentulismo pode limitar o consumo de hortaliças e frutas crus, favorecendo a ingestão inadequada de vitaminas. Existem evidências de que pessoas com perda total dos dentes ou com próteses mal ajustadas apresentam dificuldades para mastigar e engolir, evitando alimentos de consistência firme, como carnes ou vegetais e frutas crus.23 Além disso a baixa renda dos idosos dificulta o acesso a diversos alimentos ricos em vitaminas e minerais. Os poucos estudos sobre o consumo de vitaminas em idosos, bem como a utilização de diferentes metodologias dificultam a comparação dos resultados. A carência de ferro está associada a uma diminuição da imunidade celular e conseqüente aumento da susceptibilidade a infecções, o que pode causar importante prejuízo aos idosos.24 A baixa prevelência de inadequação no consumo de ferro observada neste estudo deve ser analisada com cuidado, uma vez que houve uma importante redução nos parâmetros de avaliação da adequação da dieta utilizados na última década, passando de 10mg/dia (RDA/89) para 6mg/dia para homens e 5mg/dia para mulheres (EAR/DRI-s, 2002).18 A ingestão média de ferro encontrada entre os idosos do PMTI foi menor a encontrada por outros autores. Velasquez-Melendez, Martins, Cervato, Fornes e Maucci20 encontraram níveis de ingestão de ferro igual para ambos os sexos (10,1 mg/dia) e Lasheras, Gonzáles, Garcia, Patterson e Fernández21 encontraram médias iguais: 11,3 e 9,0 g/dia para homens e mulheres, respectivamente. A ingestão deficiente de cálcio durante a vida está associada com aumento do risco de osteoporose, especialmente em mulheres após a menopausa.25,26 A ingestão de cálcio pelos idosos do PMTI ficou abaixo do valor recomendado (Tabela 1). Outros estudos também encontraram ingestão média de cálcio abaixo das recomendações para ambos os sexo.21,27,28 Velasquez-Melendez, Martins, Cervato, Fornes e Maucci 20 também encontraram baixos valores de ingestão de cálcio, sendo a mediana de ingestão igual a 414 mg/dia para homens e 240mg/dia para mulheres. Carvalho, Fonseca e Pedrosa29 realizaram um estudo com 95 idosos piauienses no qual 62,5% não sabiam que a falta de cálcio favorecia a ocorrência da osteoporose. v.32, n.2, p.190-202 maio/ago. 2008
  • 9. 198 O consumo elevado de gordura aumenta o risco de doenças cardiovasculares.11 A ingestão de colesterol e o percentual de lipídeos consumido estava dentro das recomendações. Entretanto não foi investigado neste estudo a composição de lipídeos ingeridos. Entre os idosos, o controle da ingestão de lipídios, especialmente de origem animal, deve ser incentivado, pois este grupo etário apresenta uma alta prevalência de doenças cardiovasculares, sendo estas a maior causa de mortalidade entre eles. Segundo Ferriolli, Moriguti, Paiva, Miranda, Tannus e Rigo et al.,6 a alta prevalência de baixo peso entre idosos eleva as necessidades de ingestão de proteínas. Por outro lado, doenças crônicas que diminuem a capacidade funcional do rim e do fígado reduzem as necessidades de proteínas. Dessa forma, a ingestão protéica de idosos é assunto controverso. A baixa ingestão média de proteínas observada no PMTI foi diferente de outros estudos que encontraram médias de ingestão diária entre 60 e 70 g/dia.21,28 A ingestão inadequada de fibras encontrada no PMTI pode estar associada ao edentulismo que dificulta a mastigação de vegetais crus. Mattos e Martins30 evidenciaram consumo médio de 24 g/dia de fibras em indivíduos com idade entre 20 e 88 anos. Lasheras, Gonzáles, Garcia, Patterson e Fernández21 encontraram um consumo médio de de 14,04 e 13,7 g/dia para homens e mulheres, respectivamente. Outros autores encontraram uma média igual 4,1 g/dia.28 A perda dos dentes pode comprometer a ingestão alimentar, uma vez que a capacidade mastigatória diminui, mesmo com o uso de próteses. Além disso, o uso de próteses mal ajustadas tornam a alimentação uma atividade desconfortável, aumentando o risco de baixo peso entre idosos.23,31,32 A prevalência do uso de medicamentos entre os idosos do PMTI foi um pouco superior a encontrada por Loiola Filho, Uchoa e Lima-Costa33 em idosos da região metropolitana de Belo horizonte (72,1%). Segundo Campos, Monteiro e Ornelas7 o uso frequente de medicamentos pode prejudicar os processos de digestão, absorção e utilização dos nutrientes. Além disso, alguns efeitos adversos dos medicamentos (anorexia, náuseas, diminuição do paladar) também contribuem negativamente para o consumo alimentar.1,8 A maioria dos idosos do PMTI moravam em domicílios multigeracionais. O baixo consumo de energia observado entre os idosos que moravam sozinhos (CF1) e em domicílios com três gerações (CF4) pode ser decorrente da solidão, pobreza e descuido.34 As medianas de renda per capita dos grupos CF1, CF2 e CF3 foram significantemente maiores que a do grupo CF4 (p<0,01). Estes resultados sugerem que esse arranjo familiar, no qual os idosos moram com filhos e netos, pode estar associado às condições econômicas da família.34,35
  • 10. 199199199199199 RevistaBaiana deSaúdePública CONCLUSÃO Os resultados mostram uma situação alimentar preocupante, uma vez que, quase todos os idosos apresentaram baixa ingestão energética e alta prevalência de inadequação no consumo de proteínas, vitaminas e minerais. Os fatores que interferiram negativamente na ingestão de energia foram: a baixa renda, morar sozinho ou com três gerações, edentulismo, uso de medicamentos e o sedentarismo. Diante dos resultados encontrados faz-se necessária a intensificação das medidas de educação nutricional para a melhoria do consumo alimentar dos idosos, bem como a implantação de políticas de saúde especiais para este grupo populacional. Deve-se lembrar que a terceira idade é o grupo etário mais atingido pelas doenças crônicas não transmissíveis, que muitas vezes apresentam importante relação com a ingestão alimentar. REFERÊNCIAS 1. Najas MS, Andrezza S, Souza ALM, Sachs A, Guedes ACB, Sampaio LR, et al. Padrão alimentar de diferentes estratos socioeconômicos residentes em localidade urbana da região sudeste, Brasil. R. Saúde Públ. 1994;28(3):187-91. 2. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas – IBGE. Resultados preliminares do censo 2000. Extraído de [http://www.ibge.gov.br], acesso em [30 de julho de 2003]. 3. Cintra IP, Von der Heyde MED, Schmitz BAS, Franceschini SCC, Taddei JAAC, Sigulem DA. Métodos de inquéritos dietéticos. Cad. Nutrição 1997;13:11-23. 4. Barreto SAJ, Cyrillo DC. Análise da composição dos gastos com alimentação no município de São Paulo (Brasil) na década de 1990. R. Saúde Públ. 2001;35(1):52-9. 5. Mathey MFAM, Zandstra EH, Graaf C, Staveren WAV. Social and physiological factors affecting food intake in elderly subjects:an experimental comparative study. Food Quality and Preference 2000;11:397-403. 6. Ferriolli E, Moriguti JC, Paiva CE, Miranda SC, Tannus AES, Rigo R, et al. Aspectos do metabolismo energético e protéico em idosos. R. Soc. Bras. Alim. Nutr. 2000;19/20:19-30. 7. Campos MTFS, Monteiro JBR, Ornelas APRC. Fatores que afetam o consumo alimentar e a nutrição do idoso. R. Nutr. 2000;13(3):157-65. 8. Pongpaew P, Tungtrongchitr R, Phonrat B, Vudhivai N, Jintaridhi P, Vorasanta S, et al. Activity, dietary intake, and antropometry of an informal social group of thai elderly in Bangkok. Arch. Geront. Geriatr. 2000; 30:245-60. v.32, n.2, p.190-202 maio/ago. 2008
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  • 12. 201201201201201 RevistaBaiana deSaúdePública 20. Velasquez-Melendez G, Martins IS, Cervato AN, Fornes NS, Maucci MFN. Consumo alimentar de vitaminas e minerais em adultos residentes em área metropolitana de São Paulo, Brasil. R. Saúde Públ. 1997;31(2):157-62. 21. Lasheras C, Gonzáles C, Garcia A, Patterson AM, Fernández S. Dietary Intake and biochemical indicators of nutritional status in an elderly. Nutr. Research 1999;19(9):1299-312. 22. Jaime PC, Monteiro CA. Fruit and vegetable intake by Brazilian adults, 2003. Cad. Saúde Públ. 2005;21 (supl):S19-S24. 23. Castro AGP, Amâncio OMS. Nutrição e fisiologia dos dentes. R. Soc. bras. Nutr. Alim. 2000;19/20:87-104. 24. Szarfarc SC, Stefanini MLR, Lerner BR. Anemia nutricional no Brasil. Cad. Nutr. 1995;9:5-24. 25. Haines CJ, Chung TKH, Leung PC, Hsu SYC, Leung DHY. Calcium supplementation and bone mineral density in postmenopausal women using estrogen replacement therapy. Bone 1995;16(5):529-31. 26. Deal CL. Osteoporosis: Prevention, Diagnosis, and Management. American Journal of Medicine 1997;102,supl.,35-39. 27. Anderson JJB, Sjoberg HE. Dietary calcium and bone health in the elderly: uncertainties about recommendations. Nutr. Research 2001;21:263-8. 28. Huang YC, Wong Y, Wueng SL, Cheng CH, Su KH. Nutrient intakes and iron status of elderly men and women. Nutr. Research 2001;21:967-81. 29. Carvalho CMRG; Fonseca CCC; Pedrosa JI. Educação para a saúde em osteoporose com idosos de um programa universitário: repercussões. Cad. Saúde Públ. 2004; 20 (3):719-726. 30. Mattos LL; Martins IS. Consumo de fibras alimentares em população adulta. R. Saúde Públ. 2000;34 (1):50-55. 31. Silva SRC, Fernandes RAC. Autopercepção das condições de saúde bucal por idosos. R. Saúde Publ. 2001;35(4):349-355. 32. Lamy M; Mojon, PH; Kalykakis G; Legrand R; Butz-Jorgense NE. Oral status and nutrition in the instituonalized elderly. Journal of Dentistry 1999;27:443-448. v.32, n.2, p.190-202 maio/ago. 2008
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