1. VIDA E FINITUDE
Viver é a expressão máxima da
finitude, do diluir-se ao sabor dos
segundos e categorizar o esvaziamento
do ser. E como diria Schopenhauer,
"viver é sofrer”, um padecimento, um
martírio do saber que no hoje somos sim
e no amanhã seremos não.
Mais uma vez, a Filosofia nos faz pensar
através da seguinte expressão: "A morte é uma
quimera: porque enquanto eu existo, ela não
existe; e quando ela existe, eu já não
existo"(Epicuro), especialmente porque não
sabemos lidar com as emoções, sentimentos,
convivências e partilhas que nos enraízam no
agora e não permitem um olhar transcendental,
uma visão metafísica.
2. Apenas “supomos” ou nos iludimos, que ela não nos
acompanha, mas está a todo momento, intrinsecamente, na
nossa realidade humana.
A vida nos aproxima da morte e elas caminham
paralelas nas andanças cronológicas. Há uma tensão
escatológica que nos fez refletir se ganhamos ou perdemos o
sopro, o ânima, que permite o pulsar do coração e o correr da
rubra cor nas nossas veias.
“A raiva do homem dirigida à inescapável finitude
causada pelo tempo reflete-se, como não poderia deixar de
ser, na repulsa da morte, o acaso mais radical". (Nasser)
3. Perda de tempo lutarmos contra o inevitável,
contra aquilo que é natural e faz parte da existência,
queiramos ou não. O que está implícito é o medo da
dor e do desconhecido, fatores que levam ao
desespero e a luta incansável pela vida, seja ela da
forma que for, do respiro que atesta o meu
pertencimento a um clã, a algo ou a alguém.
Isto nos faz lutar e persistir pela
eternidade corpórea, uma briga que
travamos com o nada, com o vazio.
4. A verdadeira construção da vida é saber que somos seres
dotados de uma alma imortal, este sim, é o verdadeiro estado de
eternidade.
"Meditar sobre a morte é meditar sobre a liberdade"
(Montaigne), é meditar sobre a vida, sobre quem nós somos, o
quanto somos finitos e o quão pouco nos permitimos sermos
nós mesmos, na plenitude do ser.
(Sabrina Guedes)